"A Guerra Fria fornece um arcabouço onde cada uma das superpotências pode usar a força e a violência para controlar seus próprios domínios contra os que buscam um grau de independência no interior dos blocos - apelando à ameaça da superpotência inimiga, para mobilizar sua própria população e a de seus aliados.“ Noam Chomsky
REVOLUÇÃO CHINESA (1949) “ O poder nasce do cano de um fuzil” Mao Tse-tung
GUERRA DA CORÉIA (1950-1953) Com a capitulação do Japão, em 1945, ficou estabelecido que as tropas japonesas que ocupavam a península coreana se renderiam aos soviéticos ao Norte do paralelo 38 e aos estadunidenses ao Sul desse marco. O acordo visava facilitar o trabalho dos dois exércitos aliados. Porém, com o início da Guerra Fria, acabou fixando a linha demarcatória entre duas zonas de ocupação. A unificação do país, proposta pela ONU, não se realizou. Quando em 1949, as tropas de ocupação soviéticas e norte-americanas deixaram a região, a população coreana já estava dividida em dois países.
Em junho de 1950, os norte-coreanos invadiram a Coréia do Sul, pretendendo unificar todo o país. Procurando manter sua autoridade na região, a resposta norte-americana foi rápida. O presidente Trumam ordenou o envio de tropas para socorrer o exército sul-coreano. Endossando a ajuda norte-americana, o Conselho de Segurança da ONU aprovou o envio de uma força militar internacional para socorrer a Coréia do Sul. Atendendo a orientação das Nações Unidas, quinze países enviaram tropas para lutar na Coréia, a maior parte delas formada por aliados da OTAN. Na época, os representantes soviéticos, que tinham direito de veto, boicotavam as reuniões do Conselho de Segurança, em função da negativa do ONU em reconhecer a República Popular da China como membro. A ofensiva norte-coreana foi detida depois de intensos combates. O poderio bélico norte-americano reverteu a situação, com as tropas comunistas sendo empurradas para dentro do seu território. Porém, quando as tropas norte-americanas aproximaram-se da fronteira da Manchúria, Mao Tsé-tung, temendo um ataque a China, ordenou que meio milhão de soldados chineses socorressem a Coréia do Norte. Os reforços, apesar de serem tropas regulares, eram chamados de "Voluntários do Povo Chinês". A intervenção da China aumentou ainda mais as tensões. O temor da eclosão da Terceira Guerra Mundial ficou mais forte.
O ANTICOMUNISMO NOS ESTADOS UNIDOS No início da década de 1950, um vagalhão nacionalista e reacionário espraiou-se pelo país, qualquer idéia progressista passou a ser tachada de comunista e, portanto, de contrária aos verdadeiros ideais estadunidenses. A vitória da Revolução Chinesa liderada por Mao Tsé-tung, a explosão da primeira bomba atômica soviética e o início da Guerra da Coréia, acirraram a intolerância. As liberdades civis nos Estados Unidos sofreram novos e devastadores ataques. President Truman signs the National Security Act Amendment of 1949 with guests in the Oval Office.
AMÉRICA LATINA: A MARGINALIZAÇÃO RELATIVA Nos primeiros anos da Guerra Fria, as ações da diplomacia norte-americana não estavam voltadas preferencialmente para a América Latina. A prioridade era salvar o mundo para a democracia. O anticomunismo militante dava a tônica nas relações entre os países do bloco Ocidental. A preocupação maior estava voltada para a Europa e para os países asiáticos. A situação só mudou com a vitória da revolução liderada por Fidel Castro e a aproximação do Cuba em direção ao bloco socialista. A definição da Europa como principal cenário da Guerra Fria afetou os investimentos e créditos para a América Latina. Para Truman, a região sofrera menos com a guerra, dela, até se beneficiando com o aumento das exportações de matérias primas. Além do que, a recuperação econômica da Europa traria efeitos positivos para a economia latino-americana. Em conseqüência disso, no início da década de 1950, não havia nenhum programa de ajuda dos Estados Unidos para a América Latina, exceto um modesto plano de assistência técnica (o “Ponto Quatro’). Enquanto, no período de 1945-1950, a Europa Ocidental recebeu 19 bilhões de dólares, foram repassados à América Latina apenas 400 milhões (menos de 2% da ajuda total norte-americana).
AMÉRICA LATINA: A MARGINALIZAÇÃO RELATIVA A opção prioritária pela Europa não significou que o Departamento de Estado norte-americano não se preocupasse com os destinos dos países da América Latina. Para as autoridades em Washington, era importante manter o controle na região. A credibilidade e o poderio dos Estados Unidos não poderiam ser desafiados numa região reconhecidamente vista como sua área de influência, isso abalaria seriamente o seu prestígio de superpotência. Afinal, se os norte-americanos não eram capazes de se defender em seu próprio continente como poderiam prevalecer em outros lugares. No pan-americanismo do pós-guerra, no qual a hegemonia norte-americana era incontestável, a ideologia política e os aspectos estratégicos tornaram-se questões preponderantes. A política externa dos Estados Unidos foi pautada pela preocupação em impedir a ascensão e consolidação de governos nacionalistas na região. O objetivo era ampliar sua hegemonia e assegurar um clima de estabilidade e segurança para os investimentos privados.
Com o início da Guerra Fria, as denúncias dos “horrores soviéticos”, que haviam sido sensivelmente atenuadas durante os anos finais da Segunda Guerra, retornaram com impacto ainda maior. O delicado consenso obtido na luta contra o nazismo durou pouquíssimo tempo. Logo revelou seu caráter ilusório. Os governos do mundo ocidental voltaram, com todo o vigor, a apresentar o comunismo como uma ameaça aos valores estabelecidos. Nessa época, não se pode esquecer, a presidência da República do Brasil era ocupada por um resoluto anticomunista, o general Eurico Gaspar Dutra.
Os ventos iniciais da Guerra Fria provocavam marolas na política interna brasileira. Em agosto de 1946, o Rio Janeiro recebeu a visita do general Eisenhower - chefe militar das forças aliadas durante a Segunda Guerra e, mais tarde, presidente dos Estados Unidos. Como sinal emblemático do servilismo de alguns setores da política brasileira, Otávio Mangabeira, líder da UDN e ex-chanceler, beijou publicamente a mão do general americano. O gesto provocou ríspidos protestos dos agrupamentos nacionalistas e de esquerda.
Somos contra o COMUNISMO, porque lutamos pela liberdade. Sentimos repulsa pelo COMUNISMO, porque somos brasileiros e sempre estivemos a serviço do Brasil. Detestamos o regime de Moscou, porque não temos a alma de escravo. Condenamos o bolchevismo, por abominarmos seus métodos e sua mística, demolidora e humilhante. Batemo-nos pela DEMOCRACIA, síntese de emancipação política e independência de pensamento e de vontade, porque só compreendemos a vida e o objetivo de viver num clima de plenas franquias, com o mais amplo direito de querer, de sentir, de pensar e de agir. Somos contra a escravidão imposta pelo totalitarismo, venha da esquerda, ou se origine da direita. Proscrevemos o Estado capitalista, porque somos pela distribuição das riquezas – produto do trabalho organizado, - entre os próprios trabalhadores que as produziram. Não admitimos a existência do “homem providencial”, como não aceitamos fetiches embasbacados ingênuos e exercendo fascínio sobre ignorantes de todos os matizes. Não podem brasileiros de boa vontade ou mediana cultura tolerar, ao menos, o que se não enquadre nos postulados da crença pura, da fé verdadeira, ou dentro nos sentimentos que se distanciam da moral cristã ou da razão que se ausenta quando fixada em nome de uma escravidão espiritual – a mais abominável das escravidões, – que atenta contra Deus e procura destruir a Humanidade. Eis o que somos e como pensamos . [1] [1] Pedro Luís. Agonia do Comunismo: greves, lágrimas, miséria e sangue . São Paulo - Rio de Janeiro . Empresa Gráfica da Revista dos Tribunais, 1946, p. 199.
Os anticomunistas enfatizavam a defesa da ordem, da tradição e da integração nacional. O nacionalismo de viés conservador reforçou a visão maniqueísta que opõe “nós/brasileiros” a “comunistas/pessoas ao soldo de Moscou”. A nação e a unidade nacional deveriam se sobrepor a qualquer argumento que pregasse a desunião. Os valores nacionais não poderiam jamais ser suplantados por uma ordem internacional. Os comunistas eram acusados de instigar a divisão e a destruição do “corpo nacional”, já que enfatizavam as lutas opondo grupos sociais. Além disso, eram denunciados como agentes da União Soviética, o que significava que eram traidores do Brasil. Para os preocupados anticomunistas, era necessário restabelecer a verdade, já que os comunistas mentiam. Em pouco tempo, proliferaram grupos dispostos a barrar o avanço dos perigosos discípulos brasileiros de Stalin. Com esse objetivo, editaram uma grande gama de material impresso (panfletos, cartazes, livros, revistas etc.).
Quando Stalin e Truman começaram a disparar ofensas e ameaças mútuas, a propaganda anticomunista já tinha estabelecido uma forte tradição no Brasil. Ela já podia ser encontrada logo após a divulgação das primeiras notícias sobre a Revolução Russa de 1917, embora, naquele momento, não tenha provocado maiores inquietações. Na República Velha foram os grupos anarquistas os responsáveis pelas maiores mobilizações do movimento operário. Os discípulos brasileiros de Lênin só começaram a ganhar maior visibilidade na década de 1930, quando participaram da criação da Aliança Nacional Libertadora (ANL) e, principalmente, com a entrada de Prestes em suas fileiras. A expansão do PCB e o crescimento da participação popular promovido pelos aliancistas assustaram as elites. O comunismo tornou-se de fato um inimigo a ser combatido com vigor. Foi inegavelmente com o Levante de novembro de 1935 que o anticomunismo entrou de vez no rol de preocupações das elites. Os tiros disparados nos quartéis ecoaram fortemente nos ouvidos dos grupos privilegiados. A comoção cresceu á medida que os jornais passaram a comentar sobre a descoberta pela polícia da presença de agentes estrangeiros do Comintern na frustrada rebelião.
As tensões originadas pela Guerra Fria influenciaram os debates políticos nacionais. A conjuntura mundial de polarização ideológica reforçou o anticomunismo latente de boa parte das elites brasileiras. As campanhas contra o “perigo vermelho” voltaram com toda a força. Como afirmou Rodrigo Patto Sá Motta: “O anticomunismo brasileiro foi bastante marcado por influências internacionais, tanto no que respeita as representações quanto às ações. Mas isso não impediu que existisse dinâmica própria e elaborações originais no campo das representações. Na realidade, o anticomunismo no Brasil resultou da interação de fatores endógenos e exógenos, e os elementos dessa combinação variaram dependendo da conjuntura histórica”. [ 1 ] Rodrigo Patto Sá Motta. Em guarda contra o perigo vermelho: o anticomunismo no Brasil (1917-1964). São Paulo, Perspectiva - FAPESP, 2002, p. 4.
CONFERÊNCIA INTERAMERICANA PARA A MANUTENÇÃO DA PAZ - 1947 A crescente influência dos Estados Unidos nos negócios da América Latina consolidou-se com a realização da Conferência Interamericana para a Manutenção da Paz e da Segurança no Continente, realizada em Petrópolis, entre 15 de agosto e 17 de setembro de 1947. As reuniões contaram com a presença de representantes de todos os países do continente, destacando-se o comparecimento do presidente norte-americano, Harry Truman. Durante a conferência, foi assinado o Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR) , que pode ser considerado o primeiro pacto militar da Guerra Fria. De acordo com o TIAR, todos os países do continente concordaram que “um ataque armado por parte de qualquer Estado, contra um Estado Americano, será considerado um ataque contra todos os Estados Americanos.” . Na prática, como havia uma enorme diferença de poder bélico entre as nações signatárias, o TIAR assegurava a hegemonia militar norte-americana no continente. No contexto da Guerra Fria, o possível Estado agressor era obviamente a União Soviética.
TIAR - Rio pact members in dark blue, nations that left in cyan
A criação da Organização dos Estados Americanos (OEA) , em 1948, está inserida em uma concepção geral da diplomacia norte-americana que buscava a formação de várias redes de alianças. O principal objetivo era garantir a segurança coletiva do continente, entendida como ameaça de agressão ou infiltração comunista. A fundação da OEA era mais um elemento no processo de aglutinação das Américas sob a hegemonia norte-americana
MORTE DE STALIN E A BOMBA DE HIDROGÊNIO A morte de Stalin, em 1953, modificou as concepções soviéticas nas relações internacionais. Embora os padrões de disputa ainda tenham persistido, assim como a acelerada corrida armamentista, os sucessores de “Guia Genial dos Povos” buscaram relaxar as tensões entre as superpotências, dando ênfase à coexistência pacífica entre capitalismo e socialismo. Mas, acima de tudo, foi a capacidade de ambos os lados em construírem artefatos termonucleares, muito mais poderosos que as bombas atômicas que destruíram Hiroshima e Nagasaki, que obrigou os líderes soviéticos e estadunidenses a compreenderem o quão terrível seria uma guerra nuclear.
1956 - Húngaros reunidos em torno da cabeça do Monumento de Stálin derrubado em Budapeste
Un grupo de residentes en Uruguay esgrimiendo carteles contra la Unión Soviética en 1956, después de que las tropas del Pacto de Varsovia comandadas por los soviéticos ingresaron con tanques en Budapest para terminar con los intentos húngaros de liberarse del dominio de la URSS.
Reader’s Digest não pode ser considerada uma mera revista de entretenimento. Ela foi, desde a sua origem, pensada como divulgadora de um ideal de mundo e valores: os da classe média branca norte-americana. Nas suas páginas era propagado o modo de vida cristã, anglo-saxão e capitalista. As narrativas legitimavam a poder instituído e as divisões estabelecidas na sociedade. Eram enaltecidos os empreendedores e todos aqueles que com seu esforço pessoal e conduta moral conseguiram prosperar. As matérias reforçavam uma visão de mundo que pregava a o american way of life como paradigma universal. “Seleções posicionava e legitimava os Estados Unidos como poder central, de onde tudo deveria partir e ser organizado.” . Mary Anne Junqueira. Ao Sul do Rio Grande – imaginado a América Latina em Seleções: oeste, wilderness e fronteira (1942-1970). Bragança Paulista, EDUSF, 2000. p. 196.
O caso mais clamoroso de intervenção norte-americana da década de 1950 ocorreu na Guatemala. Esse pequeno país da América Central passou, a partir de 1944, quando foi derrubada uma longa ditadura, por uma década de políticas reformistas. Inicialmente, com Juan José Arévalo durante o seu mandato de seis anos e, depois, com Jacobo Arbenz , eleito num processo democrático em novembro de 1950. Ambos procuraram modernizar o Estado e promover melhorias nas condições de vida da população. As mudanças sociais, educacionais, trabalhistas e econômicas assustaram os funcionários da embaixada dos Estados Unidos, que começaram a enviar relatórios cada vez mais alarmistas para Washington afirmando que os dirigentes guatemaltecos estavam promovendo a luta de classes e favorecendo a infiltração comunista no país. O que não era verdade. As reformas de fato ameaçavam alguns privilégios, mas estavam longe de serem comunistas e era impossível apresentar qualquer prova da ligação entre o governo da Guatemala e Moscou. Além do temor da suposta infiltração comunista, havia a presença de uma poderosa
Além do temor da suposta infiltração comunista, havia a presença de uma poderosa corporação norte-americana na Guatemala que passou a ter os seus interesses ameaçados. A United Fruit Company (ou Mamita Yunai, como era chamada pelos guatemaltecos) era a maior proprietária de terra e a maior empregadora do país, com cerca de 15.000 pessoas trabalhando para ela. A segunda maior empregadora era uma subsidiária sua, a International Railways of Central America, que tinha 5.000 funcionários e detinha o controle sobre praticamente toda a rede ferroviária. A corporação sediada em Boston sentiu-se prejudicada quando foram criados os primeiros sindicatos na Guatemala e promulgado um novo Código Trabalhista. No início de 1953, os executivos norte-americanos da United Fruit ficaram ainda mais furiosos. O governo da Guatemala aprovou uma legislação estabelecendo a reforma agrária e promoveu a expropriação de cerca de 40% das terras da companhia. Descontente com a indenização, calculada sobre os impostos que pagava, a companhia acionou seus poderosos lobistas em Washington. Uma vigorosa campanha contra o governo da Guatemala ganhou as páginas dos jornais norte-americanos. No Congresso, parlamentares pediam providências para isolar o “foco de infecção vermelha na América Central”. Em 17 de junho de 1954, tropas lideradas pelo coronel Carlos Castillo Armas, procedendo de Honduras e apoiadas pelos Estados Unidos, invadiram a Guatemala. Dez dias depois, Arbenz, alegando querer evitar derramamento de sangue, renunciou e seguiu para o exílio. Os militares golpistas promoveram um simulacro de eleições (todos os partidos foram proibidos de participar, soldados ocuparam os locais de votação e o sufrágio não era secreto). A apuração obviamente deu a vitória para Castillo Armas. Jacobo Arbenz
A incorporação de Cuba ao bloco socialista provocou mudanças na política norte-americana em relação à América Latina. Era necessário evitar, a qualquer custo, que outros países da região seguissem o caminho trilhado por Havana. Era a chamada teoria do efeito dominó. As autoridades na Casa Branca temiam que a emergência de um país socialista numa região pudesse contaminar os vizinhos. Esse mesmo argumento foi utilizado para justificar o aumento da presença militar norte-americana em um pequeno país do sudeste asiático. Em pouco tempo, as tropas ianques estavam mergulhadas na guerra do Vietnã. TEORIA DO EFEITO DOMINÓ
El presidente John F. Kennedy junto a la Primera Dama Jackie Kennedy en La Morita, Barinas, durante la primera visita oficial de un presidente de los Estados Unidos a Venezuela (Dic, 1961). En la ocasión Kennedy y Rómulo Betancourt firmaron el acuerdo de " Alianza para el Progreso ”.
ALIANÇA PARA O PROGRESSO Portanto, eu conclamo todos os povos do hemisfério a juntar-se em uma nova Aliança para o Progresso – Alianza para o Progreso - um vasto esforço cooperativo, sem paralelo em sua magnitude e nobreza de propósitos, para satisfazer as necessidades básicas dos povos americanos por casa, trabalho e terra, saúde e escolas – techo, trabajo y tierra, salud y escuela... Eu proponho que a República Americana dê início a um plano de 10 anos para as Américas, um plano para transformar os anos 60 na década do desenvolvimento. No dia 13 de março de 1961 , o Corpo Diplomático Latino-Americano, juntamente com líderes do Congresso e a alta burocracia do Departamento de Estado, foram convidados para o já esperado lançamento oficial da Aliança para o Progresso. Kennedy evitou falar de comunismo, preferindo reportar-se às ações de Castro e dos soviéticos, vistas como parte de uma agressão imperialista que era, não somente um perigo militar, como também, uma ameaça às identidades nacionais de todos os países do hemisfério, a qual ele opunha uma “revolução pacífica”, na qual norte e sul estivessem unidos por um único processo de transformação econômica, social e política. A ALIANÇA PARA O PROGRESSO E AS RELAÇÕES BRASIL-ESTADOS UNIDOS / RICARDO ALAGGIO RIBEIRO / Tese UNICAMP-IFCH - 2006
ALIANÇA PARA O PROGRESSO El grupo de la OEA para la Alianza para el Progreso, con el presidente Kennedy, al centro, en la Casa Blanca, el 15 de febrero de 1962
Placa conmemorativa de construcción de gimnasio, en Frutillar, Chile aportado por la "alianza para el progreso" para ayudar en el terremoto de Chile en 1960
As décadas de 1960 e 1970, na América Latina, foram marcadas pelo crescente confronto entre setores nacionalistas e progressistas, por um lado, e, por outro, forças conservadores e vinculadas aos interesses político-militares norte-americanos. A vitória nesse embate quase sempre ficou para os setores conservadores. Além de Cuba, as raras exceções, e mesmo assim não duradouras, foram a do Chile durante o governo socialista do presidente Allende e a experiência popular do governo sandinista na Nicarágua após a derrota de Somoza. Em vários países, em particular no Cone Sul, a derrota dos projetos reformistas-nacionalistas gerou a instalação de uma série de brutais ditaduras militares. Os golpistas foram sempre apoiados pelo Departamento de Estado norte-americano, fiel à política de contenção de insurreições por qualquer meio. Os manuais do Pentágono para treinamento de militares latino-americanos aconselhavam como método eficaz para conseguir informações de insurgentes a utilização de tortura, execuções e extorsão. Eles, como bons alunos, aplicaram e aprimoraram as lições recebidas. Além do Brasil (1964-1985), regimes ditatoriais foram implantadas na Argentina (1966-1972 e 1976-1983), Chile (1973-1989) e Uruguai (1976-1984).