1. Aquecimento global e sua
relação com as doenças
infecciosas no Brasil
Christovam Barcellos
Departamento de Informações em Saúde
Fundação Oswaldo Cruz
INPE e SVS/MS
2. Conceitos chave
• Calor
Propriedade física – energia
Sensação - subjetividade
• Aquecimento
Processo - tendência, direcionalidade
• Temperatura
Indicador - variabilidade
11. IPCC, Climate Change Report 2007
Até o fim deste século, a temperatura da Terra pode subir de
1,8ºC até 4ºC. Na pior das previsões, essa alta pode chegar a
6,4°C
O nível dos oceanos vai aumentar de 18 a 59 centímetros até
2.100, o que significa que 200 milhões de pessoas terão de
abandonar suas casas.
As chuvas devem aumentar cerca de 20%.
O gelo do Pólo Norte pode ser completamente derretido no
verão, por volta de 2100.
O aquecimento do planeta se deve, com 90% de probabilidade,
às emissões de dióxido de carbono e outros gases que causam
o efeito estufa, provocadas pela mão do homem.
O aquecimento da Terra não será homogêneo e será mais
sentido nos continentes do que no oceano. O hemisfério norte
será mais afetado do que o sul
IPCC, 2007
12. 0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005
trabalhos publicados
citações
Criação do IPCC
BROECKER WS (1975) CLIMATIC CHANGE - ARE
WE ON BRINK OF A PRONOUNCED GLOBAL
WARMING? SCIENCE 189 (4201): 460-463.
Relatório IPCC 2007
Evolução de publicações sobre aquecimento
global em revistas científicas
16. Fluxos de energia
Alta temperatura
Baixa pressão
Baixa temperatura
Alta pressão
Precipitação
Variação = fluxo
17. Efeitos do aquecimento e desmatamento
sobre o ciclo hidrológico
Aumento da evaporação, precipitação e escoamento superficial
Diminuição da infiltração e transpiração
Aumento da variabilidade dos rios (enchentes e secas)
21. Queimadas e poluição atmosférica
Paulo Artaxo, LBA
Corrida ao PSM por doenças respiratórias
Médica plantonista do pronto-atendimento disse que mais da
metade das consultas diárias tem sido em decorrência de
males relacionados ao clima. Diário de Cuiabá, set/2007
28. De Paula, 2005. Leptospirose Humana: uma análise climato-geográfica de
sua manifestação no Brasil, Paraná e Curitiba
Leptospirose em Curitiba
Associação com:
• Pobreza
• Sub-habitação
• Alagamentos
30. ( )
SAUDE
SANEA
EDUCA
RENDA
DEMOG I
I
I
I
I
IVS +
+
+
+
=
5
1
onde:
IDEMOG: Índice para Demografia
IRENDA: Índice para Renda
IEDUCA: Índice para Educação
ISANEA: Índice para Saneamento
ISAUDE: Índice para Saúde
O IVS é a média aritmética simples dos 5 índices por dimensão
Com base nos critérios adotados, valores baixos de IVS estão
associados a baixa vulnerabilidade.
Cálculo do Índice de
Vulnerabilidade Social
Confalonieri, 2007
32. Variabilidade
• Temperatura (proteção)
• Economia (agricultura, indústrias)
• Suprimento de alimentos e água (serviços)
• Migração (controle de fronteiras)
• Doenças (vigilância epidemiológica)
45. Taxa de mortalidade por diarréias em crianças em municípios segundo
a cobertura da rede de abastecimento de água e a existência de
tratamento de água no município
Fonte de dados: SIM/MS, PNSB/IBGE e Censo 2000/IBGE
0
2
4
6
8
10
menos de 40 40 a 80 mais de 80
com trat
sem trat
46. Taxa de mortalidade por diarréias em crianças em municípios
segundo a cobertura da rede de abastecimento de água e a
existência de banheiro nos domicílios
0
5
10
15
20
menos de 20% 20 a 40% 40 a 60% 60 a 80% mais de 80%
Cobertura da rede de água
Taxa
mortalidade
por
diarréias mais de 50%com banheiro
mais de 50%sem banheiro
Fonte de dados: SIM/MS e Censo 2000/IBGE
47. Incidência de leptospirose no Rio de Janeiro
após as enchentes de 1996
Cerca de 1500 casos no município do Rio de Janeiro
48. DT_ATEN INICIAIS BAIRRO ENDERECO PONTO DE REFERÊNCIA
18/03/96 AJO 148 TRAV. 8 C/05 ANTARES
28/02/96 AJR 148 TRAVESSA CAMERA 26 TRES PONTES
15/03/96 DRL 148 R. DEJI LAUDRA 175
11/03/96 IDO 148 RUA NOVA JESUS S/N.
07/03/96 IMO 148 R. NOVA JESSY S/N ASSOCIACAO DE MORADORES
01/03/96 JVS 148 ESTR. SANTA EUGENIA, 552
11/03/96 LRA 148 R. MONTE NOPOLIS QD. 90 LT.5
08/03/96 LSS 148 R. IBIRACEMA 13 VENDA DE VARENDA
08/03/96 LSS 148 R. IBIRAREMA 13 VENDA DE VARANDA
11/03/96 PPO 148 RUA DA PAZ, 64
13/03/96 VLS 148 ESTR. SAO GOMARIO R. G 34
07/03/96 ACC 149 R. M. C/09 CONJ. MUCIMO DA SILVA
01/03/96 AFR 149 RUA UM N.71 C.2
05/03/96 ALS 149 R. AURISTELA 15 CASA 59
Base de dados
de notificação de
leptospirose
(SES-RJ)
Base de dados
do censo 1991
(IBGE)
Coleta de dados
Georreferenciamento
Sobreposição
Integração
49. Identificação de áreas de risco
0 2.5 5
km
Flood risk area
Buffers around risk area
more than 5000 m
1000 to 5000 m
500 to 1000 m
250 to 500 m
Waste accumulation site
Leptospirosis case residence
Barcellos e Sabroza, 2002
50. Metodologia
Marcação de setores censitários em torno de locais de residência
de casos de leptospirose.
SC “positivo”: dentro da área de influência de casos
SC “negativo”: fora da área de influência de casos
51. Alagamento 2,33 (1,34 – 4,04)
Lixo 2,34 (1,27 – 4,27)
Alagamento e lixo 2,88 (1,26 – 6,33)
Risco relativo dos setores censitários (a 250 m
dos casos)
Chance do setor censitário estar próximo a um caso de leptospirose
em função da sua inserção em áreas de risco.
Característica RR
52. Risco relativo dos setores censitários em
função da distância a áreas de acúmulo de lixo
56. Lições da enchente
A variabilidade é inerente dos sistemas
complexos
Os sistemas técnicos são cada vez mais
abrangentes e vulneráveis
A vulnerabilidade é maior entre pobres (e
excluídos desses sistemas)
Os incluídos não estão fora de risco, ao contrário,
sua capacidade de resposta (imunológica e
social) é mais baixa
57. Mecanismos de impacto do aquecimento
global sobre a saúde humana
Emissão de
gases do
efeito estufa
Mudanças
climáticas
•Temperatura
•Precipitação
•Umidade
•Ventos
Processos naturais
•Sol
•Vulcões
•Órbita
Eventos extremos
•Ondas de calor
•Inundações
•Secas
•Ciclones
•Queimadas
Mudanças ecossistemas
•Perda biodiversidade
•Invasões de espécies
•Alterações de ciclos
geoquímicos
Aumento do n. mar
•Salinização
•Erosão da costa
•Surges
Degradação ambiental
•Contaminação
•Pesca
•Agricultura
•Perdas de produção
agrícola
•Acidentes e desastres
Contaminação de água
e alimentos por
microorganismos
Mudança da distribuição
de vetores, hospedeiros
e patógenos
Insegurança alimentar
Desabrigados e
refugiados
Mortes por estresse
térmico
Mortes e agravos por
desastres
Aumento da inc.
doenças veicul. Hídrica
Emergência de
doenças infec.
Espalhamento
doenças transm.
vetores
Fome, desnutrição e
doenças associadas
Adaptado de McMichael et al., 2006
Ambiente Sociedade Saúde
Intervenções Intervenções
Intervenções
58. Causas da emergência e re-
emergência de doenças infecciosas
Uma combinação entre desigualdades sociais com
Desconhecimento sobre agentes infecciosos,
Mudanças populacionais e de comportamento,
Desenvolvimento tecnológico,
Desenvolvimento econômico e mudanças do uso da
terra,
Comércio e viagens internacionais,
Adaptação dos agentes infecciosos,
Enfraquecimento das atividades de saúde pública.
Barreto, M.L. 2003. “Science, policy, politics, a complex and unequal world
and the emerging of a new infectious disease.” Journal of Epidemiology and
Community Health, 57(9):644–645.
59. • Casos suspeitos ou confirmados de algumas doenças de
notificação compulsória,
• Agravos inusitados(doença desconhecida ou mudanças na
epidemiologia de doenças conhecidas),
• Epizootias de importância epidemiológica
Centro de Informações Estratégicas
em Vigilância em Saúde - CIEVS