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“Em casa de ferreiro, espeto de pau”: o ensino de Análise
Experimental do Comportamento
Márcio Borges Moreira
1 2
Instituto de Educação Superior de Brasília (IESB)
1
2
SQN 407, Bl.E,Apto.101, AsaNorte, Brasília. Cep: 70855-050 -Tel.61 274-7066; 61 9961-8540 -e-mail:borgesmoreira@yahoo.com
Agradeço ao professor Dr. João Cláudio Todorov ( ) pelo apoio e incentivo na busca e implementação de
tecnologias de ensino consistentes com princípios analítico-comportamentais e ao professor Dr. Cristiano Coelho pela cuidadosa
revisão deste trabalho, bem como pelas valiosas sugestões. Agradeço também ao Instituto de Educação Superior de Brasília (IESB) pela
oportunidade concedida de implantação do PSI nas disciplinas de Processos Básicos de Aprendizagem e História da Psicologia do curso
dePsicologia.
Universidade Católica de Goiás
Resumo
Abstract
Professores que (por exemplo, professores de Análise Experimental do
Comportamento - AEC) deveriam ser os mais efetivos profissionais no campo da educação. Isto
não parece ser verdadeiro. Para que isto se torne uma realidade, o Ensino deve ser visto de uma
forma científica. Devemos buscar práticas de ensino que permitam a todos os professores ensinar
bem e a todo aluno aprender tão eficientemente quantos seus repertórios permitirem. A AEC,
disciplina que se dedica grandemente à compreensão e ensino de processos de aprendizagem,
deve ser ensinada em concordância com seus pressupostos e teorias. Desde 1964, contamos com
uma metodologia de ensino que reflete, na prática, essas teorias: o PSI (
). O presente trabalho discute o PSI, visando chamar a atenção dos analistas do
comportamento para esta eficiente metodologia de ensino, condizente com os princípios analítico-
comportamentaisqueensinamos.
Palavras-chave: Ensino, Análise Experimental do Comportamento, Sistema Personalizado de
Instrução(PSI)
Professors who (Experimental Analysis of Behavior - EAB - professors, for
instance) should be the most effective professionals in the field of education. This does not seem to
be true. To become so, Teaching should be faced in a scientific way. We should look for teaching
practices that allow all professors to teach well and all students to learn as efficiently as their
repertoires permit. EAB, a discipline that is highly dedicated to the comprehension and the
teaching of learning processes, must follow its theories and procedures when the issue is the
practice of teaching. Since 1964, we have a teaching methodology that reflects, in the practice, these
theories: PSI ( ). The present paper discuss the PSI, trying to call
behavior analysts' attention to this efficient teaching methodology, in agreement with the
behavior-analytic principlesweteach.
Keywords:Teaching,Experimental AnalysisofBehavior,PersonalizedSystemofInstruction.
ensinam como ensinar
Personalized System of
Instruction
teach how to teach
Personalized System of Instruction
ISSN 1517-5545
2004, Vol. VI, nº 1, 073-080
Revista Brasileira de
Terapia Comportamental
e Cognitiva
073
Declarative and Procedural Knowledge: teaching
of Experimental Analysis of Behavior
Márcio Borges Moreira
Rev. Bras. de Ter. Comp. Cogn. 2004, Vol. VI, nº 1, 073-080074
As disciplinas que abordam conteúdos
específicos da Análise Experimental do
Comportamento (AEC) deveriam ser dis-
ciplinas de excelência no ensino, visto que boa
parte do conteúdo destas disciplinas versa
sobre . Isto não parece
ser uma realidade. O índice de aprendizagem
dos alunos nestas disciplinas não vai além
daqueles observados em quaisquer outras
disciplinas. Discute-se em sala de aula sobre
reforço positivo e controle aversivo, imedia-
ticidade do reforço e os efeitos dessas
operações sobre o comportamento e,
conseqüentemente, sobre a aprendizagem do
indivíduo. Aponta-se o que é “certo” e o que é
“errado” no processo de aprendizagem e
como otimizar a aquisição de novos
comportamentos. A prática dos professores
de AEC parece, no entanto, distanciar-se da
teoria.
Para Skinner (1974), conhecer é uma
probabilidade de o indivíduo agir de modo
produtivo no mundo. Conhecer, portanto,
não é uma posse, é comportar-se. É comum a
divisão do conhecimento e em dois tipos
(Baum, 1999; Catania, 1999): (ou
saber operacional) e (saber
declarativo). refere-se ao
comportamento verbal sob controle de
estímulos que produz conseqüências refor-
çadoras. refere-se ao compor-
tamento operante não-verbal que produz
conseqüências reforçadoras. Entender assim o
conhecimento coloca o professor de AEC em
uma situação delicada. Em geral, professores
de AEC sabem muito princípios básicos
da Análise do Comportamento e como
utilizar estes princípios; no entanto não os
utilizam como deveriam ( ).
Comportam-se, portanto, de modo produtivo
quando se trata do , mas o
mesmonãoseaplicaao .
Skinner (1972), ao falar sobre o manejo de
contingências em sala de aula, assim inicia o
seutexto:
“Por que estudantes vão à escola? Por
que eles se comportam em sala de
aula? Por que eles estudam e apren-
dem e se lembram? Essas são pergun-
tas importantes, mas raramente são
perguntadas possivelmente porque
não estamos orgulhosos das
respostas.”(p.225).
Como apontado pelo próprio Skinner (1972),
nos esquivamos, em geral, dessas perguntas
por um motivo muito simples: as respostas a
elas nos são aversivas. A maior parte das
contingências que controlam os compor-
tamentos dos alunos são aversivas. O aluno
vai à aula e estuda para esquivar-se de
algumas conseqüências, não por reforço
positivo. Professores de AEC utilizam muito
mais contingências punitivas e reforçamento
negativo do que reforçamento positivo para
conduzir suas aulas ao longo dos semestres.
As conseqüências desse comportamento - dos
professores - são óbvias. Devemos ressaltar
que os uso de contingências aversivas em sala
de aula não é exclusividade dos professores de
AEC, bem como a análise da ocorrência de tais
contingências deve levar em conta aspectos
mais amplos, relacionados às próprias
instituições de ensino e o contexto atual e
histórico em que se inserem. Os comentários
feitos neste texto têm como foco o ensino de
AEC; no entanto, podem (ou devem) ser
estendidosaoEnsinodeumaformageral.
Todos conhecemos ou já ouvimos falar de
algum professor que ministra aulas
espetaculares, divertidas, interessantes e que
prendem a atenção dos alunos (controle do
comportamento por reforço positivo). Profes-
sores assim são raros. Quem, por exemplo, já
teve a oportunidade de assistir a uma aula ou
palestra do professor César Ades pôde notar o
controle que ele exerce sobre sua audiência
sem lançar mão de contingências aversivas
processos de aprendizagem
saber como
saber sobre
sobre
sobre
saber como
saber declarativo
saber operacional
Saber(ouconhecer)écomportar-se
Omito do“Bom Professor”
Saber sobre
Saber como
Rev. Bras. de Ter. Comp. Cogn. 2004, Vol. VI, nº 1, 073-080 075
Ensino de Análise Experimental do Comportamento
(cito o professor César como um exemplo
pessoal, podendo o leitor sentir-se à vontade
para substituir seu nome, neste exemplo, por
outro que lhe venha à lembrança nesse
momento). O sorriso constante, as modula-
ções vocais, os recursos de multimídia e a
habilidade de tornar interessante o assunto,
entre outros, são comportamentos deste
excelente professor que provavelmente
levaram anos para serem modelados em
circunstâncias que não se repetem para a
maioria dos professores, sejam eles iniciantes
ou experientes. Pessoas como professor César
Ades nos inspiram e, sobretudo, nos levam -
ou deveriam levar - a reflexões sobre nossa
atuaçãocomoprofessores.
Quando me lembro das empolgantes pales-
tras do professor César, de que tive o prazer de
participar, lembro-me também das minhas
“chatíssimas” aulas sobre metodologia
científica e filosofia behaviorista como
professor de alunos dos primeiros períodos
do curso de Psicologia. Lembro-me de que se
não controlasse a freqüência dos alunos em
sala de aula, não teria muita audiência.
Lembro-me de que se não estabelecesse
contingências aversivas, os alunos não
estudariam. E, por fim, vem o pensamento
mais terrível de todos: “provavelmente jamais
serei um professor carismático que seja capaz
de ministrar aulas empolgantes sobre
assuntos tão chatos”. Creio que este não seja
um “problema” só meu. O que fazer então?
Continuar repetindo os erros de nossos
professores (ou da maioria deles)? Fazer isto é
bastante cômodo,é o que geralmente fazemos,
mas não é o correto. Skinner (1972), ao falar
sobre tecnologia do ensino, fez uma
interessante consideraçãosobreesteassunto:
“O Mito ou Falácia do Bom Professor
é a crença de que o que um bom
professor pode fazer, qualquer
professor pode fazer. (...). A Falácia
complementar do Bom Estudante é a
crença de que aquilo que um bom
estudante pode aprender, qualquer
estudante pode aprender. (...)
. Nós não podemos
melhorar significativamente a Edu-
cação encontrando melhores profes-
sores e melhores alunos. Nós pre-
cisamos encontrar práticas que
permitam a todos os professores
ensinar bem e a todos alunos
aprender tão eficientemente quantos
seus talentos permitirem” (p. 210,
grifoadicionado).
Não colocar em prática aquilo que ensinamos
tem consequências não muito agradáveis.
Como apontam Machado & Silva (1998, p.
216), “a grandeza da disciplina é ofuscada
pelo modo como freqüentemente a
ensinamos”.
Em 1963, o professor Fred Keller apresentou-
nos uma maneira de ensinar coerente com os
princípios analítico-comportamentais que
tanto conhecemos. Esse método ficou
conhecido como
(PSI; Keller, 1968; Todorov, 1996).
No início da década de 60, Fred Keller, Gil
Sherman, Rodolpho Azzi, Carolina
Martuscelli Bori (Keller, 1968; Sidman, 1996;
Todorov, 1996), desenvolveram e implan-
taram o PSI em um curso introdutório de AEC
enquanto planejavam o Departamento de
Psicologia na Universidade de Brasília. O PSI -
ou Plano de Keller como também ficou
conhecido - produziu resultados extraor-
dinários (Fox, no prelo; Todorov, 1996, 2003),
tornando-se bastante popular na década de
70. Em 1979, havia cerca de 5 mil cursos
conhecidos baseados no PSI, um periódico
específico para o assunto (
) e, de 1973 a 1979,
manteve-se em funcionamento o
na GeorgetownNós
estamos procurando por bons
professores ou por bons alunos ou
por ambos, mas não por práticas que
foram analisadas e podem ser
comunicadas
A prática deve refletir a teoria: O Plano de
Keller
Personalized System of
Instruction
Journal of
Personalized Instruction
Center for
Personalized Instruction
Márcio Borges Moreira
Rev. Bras. de Ter. Comp. Cogn. 2004, Vol. VI, nº 1, 073-080076
University (Fox, noprelo).
Após a desativação do Centro de Instrução
Personalizada de Georgetown, verificou-se
um decréscimo dramático - não se sabe
exatamente quanto tempo após - no número
de cursos baseados no PSI, bem como do
número de publicações sobre o programa, que
chegou próximo a 3 mil publicações em 1979
(Fox, no prelo). Várias foram as razões para o
declínio do PSI, mas provavelmente a mais
significativa delas foi a quantidade de esforço
inicial necessário para se construir um curso
de acordo com o método. A preparação do
material (resumos, manuais, listas de
exercícios, decisões sobre o tamanho e a
qualidade dos conteúdos, etc.) requer uma
grande quantidade de trabalho e dedicação.
Além disso, algumas características do PSI,
como mudar o papel do professor de
para e permitir variação
no progresso acadêmico em função do ritmo
do aluno e não do calendário escolar podem
ter gerado alguma resistência, por parte dos
professores e educadores em geral, no
momento de optarem ou não pela
implantação do PSI. Mas, nas palavras de Fox
(no prelo), “a despeito de que fatores tenham
contribuído para o declínio do PSI, inefi-
ciência em melhorar a aprendizagem e o
desempenhodosalunosnãofoiumdeles”.
Embora possamos encontrar uma série de
“pequenas adaptações” ao PSI nas suas
inúmeras aplicações, podemos ressaltar sua
diferença em relação ao ensino tradicional em
cinco características principais (Fox, no prelo;
Keller, 1968):
No PSI, aulas expositivas e demonstrações
têm papel motivacional, em vez de fonte de
informações críticas para o transcorrer da
disciplina. Cada aluno recebe seu próprio
material (manuais, resumos, texto, listas de
exercícios, etc.), e é instruído sobre como
conduzir seus estudos, não havendo neces-
sidade de aulas para
. É comum, no PSI, que o aluno
participe de uma aula somente após dominar
o conteúdo que será tratado naquela aula. Esta
característica, em revisões mais recentes do
método ( Fox, no prelo; Koen, 2002), tem
sido apontada como secundária (considere as
palavras de Skinner sobre o mito do Bom
Professor).
O conteúdo da disciplina é cuidadosamente
dividido em pequenas unidades. O aluno só
avança de uma unidade para outra após
demonstrar domínio da unidade anterior. As
formas de avaliação da aprendizagem de cada
unidade (seqüencial de cada conteúdo)
podem assumir formas diversas como, por
exemplo, perguntas de múltipla escolha,
questões de completar, respostas dissertativas
curtas e testes orais. Esta característica incide
diretamente em um problema muito comum
nos cursos em geral: o programa da disciplina
deve ser cumprido, passa-se de um capítulo
ou conteúdo para outro independentemente
de o aluno ter dominado o conteúdo do
capítulo anterior. Como os conteúdos geral-
mente apresentados em uma disciplina são
dependentes do conteúdo anterior, passar
para um novo conteúdo sem que ocorra a
aprendizagem do anterior somente complica
o processo. Se o aluno, por exemplo, não
domina o conceito de reforço, terá ainda mais
problemas em compreender esquemas de
reforçamento.
O conteúdo que o aluno deve aprender, bem
como as instruções de como fazê-lo são
passadas a ele em forma de textos e manuais,
que podem ser acessados pelo aluno nos
momentos em que lhe for mais conveniente.
Com o avanço da tecnologia, especialmente a
e meios de comunicação multimídia
( , salas de bate-papo, ,
Blackboard Learning System ©, WebCT ©,
performance gerência
transmissão do conhe-
cimento
e.g.
Internet
webcams e-mail
Aulas e demonstrações como veículo de
motivação
Domínioseqüencialdeconteúdo
Ênfasenapalavra escrita
Rev. Bras. de Ter. Comp. Cogn. 2004, Vol. VI, nº 1, 073-080 077
Ensino de Análise Experimental do Comportamento
computer-aid tutorials web-based teaching
computer-aid
personalized system of instruction
e.g.
feedback
o
Journal of
Applied Behavior Analysis
, ,
educação à distância e
- CAPSI, entre
outros) após a concepção do PSI, o tipo de
material que é passado ao aluno ganhou
qualidade e forma impensáveis talvez não
por todos, pois toda época tem seus
visionários - nas décadas de 60 e 70 (Fox, no
prelo; Koen, 2002; Martin, Pear & Martin 2002;
Pear&Crone-Todd,1999).
Cada aluno pode conduzir o curso em seu
próprio ritmo. Como a programação do curso
não é baseada num calendário acadêmico, e
cada aluno recebe seu próprio material, ele
pode conduzir seus estudos indepen-
dentemente do ritmo de seus colegas. Se um
aluno não atinge os critérios necessários para
passar para uma nova unidade, ele pode
revisar o conteúdo e tentar novamente. Isto
não impede outros alunos que atingiram o
critério de aprendizagem de uma unidade, de
avançar em seu curso. Contudo, alguns
artigos ( Fox, no prelo; Koen, 2001),
apontam que esta característica do curso deve
ter uma atenção especial, no sentido de
especificar contingências para reduzir a
procrastinação dos alunos no decorrer do
curso.
Esta parece ser uma característica essencial do
PSI. Durante o curso, sempre que o aluno
necessitar, ele pode contar com a ajuda de um
monitor (geralmente um outro aluno que
finalizou o mesmo curso). O monitor, além de
prover imediato para os alunos,
sobretudo nos momentos de avaliação das
unidades, fomenta os aspectos sociais do
processoensino-aprendizagem.
As características do PSI acima apresentadas
são as mesmas apresentadas por Keller (1968)
naquele que ficou conhecido como artigo
seminal sobre o PSI: “Good-bye teacher...”,
publicado no número inaugural do
. Muitas outras
características do PSI têm sido apresentadas e
discutidas (Fox, no prelo; Crone-Todd & Pear,
2001; Koen, 2001; Pear & Crone-Todd, 1999).
Dentre elas, a flexibilidade do método é uma
das mais atraentes, por possibilitar o uso de
uma diversidade de recursos educacionais,
tradicionais ou não, para compor um curso no
formato do PSI. O uso de programas
computacionais (Pear & Crone-Todd, 1999;
Martin, Pear & Martin, 2002) e instrução
programada (Geis, Stebbins & Lundin, 1975;
Holland & Skinner, 1961), por exemplo,
ampliam os horizontes do método, além de
facilitar sua implementação, já que recursos
tradicionalmente usados podem ser facil-
mente adaptados e inseridos em um plano de
cursobaseadonoPSI.
Outra vantagem do PSI em relação a outras
tecnologias de ensino é a extensa evidência
empírica sobre sua aplicação e resultados, o
que não é comum na maioria dos movimentos
em educação como, por exemplo, o Cons-
trutivismo, que arrebanhou uma miríade de
seguidores recentemente (Fox, no prelo).
Conforme ele mesmo assinala, a maior parte
dos trabalhos publicados sobre o PSI mostra
que os alunos, em relação aos métodos
tradicionais, aprendem mais, lembram por
mais tempo e gostam mais da experiência
acadêmica proporcionada pelo PSI do que a
tradicional. Além disso, podemos encontrar
referências sobre o PSI em virtualmente todas
as áreas do saber (engenharia, filosofia,
biologia, psicologia, física, etc.), assim como
nos mais diversos ambientes educacionais e
populações de estudantes (universidades,
escolas de segundo grau, indivíduos com
déficitnodesenvolvimento,crianças,etc.).
Billy Koen (2002) utilizou o PSI em um curso
de Engenharia para ensinar a calouros
habilidades em computação necessárias no
decorrer do curso. No primeiro semestre em
Ritmopróprio
O papeldomonitor
AlgumasConsiderações
Márcio Borges Moreira
Rev. Bras. de Ter. Comp. Cogn. 2004, Vol. VI, nº 1, 073-080078
que a disciplina foi oferecida, participaram
cinco alunos. Três deles terminaram o curso
com 100% de aproveitamento e os dois
restantes atingiram mesmo desempenho no
semestre seguinte. No segundo semestre em
que o curso foi oferecido, participaram 15
alunos, dos quais 13 terminaram o curso
dentro do semestre com 100% de aprovei-
tamento, um atingiu o mesmo critério
estendendo-se pelo período de férias e um
abandonou a universidade. No terceiro
semestre, participaram do curso 60 alunos
sendo que 80% deles finalizou o curso com
100% de aproveitamento dentro do semestre.
No quarto semestre, oferecido para 15 alunos,
o professor começou o curso dentro do
e o finalizou do Japão via (dados deste
semestre ainda estão em análise). Uma revisão
comparativa entre 400 artigos sobre PSI e
cursos em formato tradicional pode ser vista
em Kulik (1976), a qual mostrou que em 398
trabalhos, o índice de aprendizagem bem
como opinião dos alunos sobre a metodologia
foramfavoráveisaoPSI.
O papel do professor em curso baseado no PSI
diferencia-se do papel deste no ensino
tradicional. Sua função principal deixa de ser
a de transmitir o conhecimento e passa a
conter um aspecto de acompanhamento,
aprimoramento, treinamento e gerência. O
professor deve acompanhar de perto o
desenvolvimento de cada aluno, bem como
fazer revisões constantes do material
utilizado no curso (textos, resumos, testes,
etc.) promovendo o aprimoramento constante
do curso que está sob sua responsabilidade.
Deve também treinar e supervisionar o
trabalho do monitores e/ou assistentes. Os
alunos estarão constantemente em contato
com os monitores e ocasionalmente com o
professor, ou assistente deste, podendo ser
este contato presencial ou virtual (e-mail,
salas de bate-papo, vídeos, etc.), quando o uso
da Internet for feito. Pode-se programar para o
curso, grupos de estudos entre os alunos, bem
como estabelecer contingências para que
alguns alunos, com melhor desempenho no
curso, disponibilizem horários para ajudar
seuscolegascomoconteúdocorrente.
No capítulo 2 de
(1953), Skinner faz uma distinção
entre o conhecimento científico e outras
formas de conhecimento como a Arte e a
Filosofia. Ao discutir essas formas de
conhecimento, observa que um cientista hoje
tem muito mais domínio sobre a natureza do
que um cientista há 400 anos. Um artista hoje
não é, no entanto, necessariamente mais
eficiente que um artista (um pintor, por
exemplo) 400 atrás. Ser um bom professor
parece ainda ser uma arte. Skinner (1991)
afirma que “os educadores voltaram sua
atenção para a descoberta e a criatividade,
num esforço de interessar seus estudantes,
mas boas contingências de reforço fazem isso
de uma forma muito mais aproveitável” (p.
142). Para que tais contingências possam ser
estabelecidas, é necessário que olhemos para a
educação de uma forma científica, buscando
relações funcionais que explicitem práticas de
ensino efetivas e, até o ponto em que for
possível, “importar” dos laboratórios, o rigor
experimental que se confunde com a própria
história da AEC. Devemos deixar um pouco
de lado o Mito do Bom Professor e o Mito do
Bom Aluno e procurar por práticas de ensino
que possam ser compreendidas e ensinadas.
Felizmente, não precisamos procurar muito.
Graças o professor Fred Keller e seus
colaboradores, temos, hoje, à nossa dis-
posição, dentre outras, uma dessas práticas de
ensino (PSI), que se mostrou, e se mostra ainda
efetiva e consistente com os princípios
comportamentais que ensinamos em sala de
aula. Utilizar o PSI e outras metodologias de
ensino oriundas da AEC, torna possível o
estabelecimento de contingências que
produzam reforçadores mais efetivos para os
comportamentos que os alunos devem
aprender.
Se, por um lado, o uso cotidiano do termo
campus
Internet
Ciência e Comportamento
Humano
Conclusão
Rev. Bras. de Ter. Comp. Cogn. 2004, Vol. VI, nº 1, 073-080 079
Ensino de Análise Experimental do Comportamento
controle
saber operacional
confunde-se muitas vezes com
aversão, sabemos que controle do compor-
tamento estende-se para muito além disso, e é
isso o que ensinamos. Ao emitir compor-
tamentos que promovam reforço imediato,
que estabeleçam reforço diferencial de
aproximações sucessivas do comportamento
(que aumentam o contato do aluno com o
sucesso), que respeitem o repertório de
entrada e o ritmo de cada aluno e que o
reforcem positivamente, o professor estará
contribuindo para que aquele fique sob o
controle dos estímulos que de fato devem
controlar o seu comportamento, tornando o
processo de aprendizagem mais efetivo, isto é,
mais rápido e com efeitos mais duradouros, e
menos aversivo: “não aprendemos fazendo
(...) aprendemos quando o que fazemos tem
conseqüências reforçadoras. Ensinar é
arranjar tais conseqüências” (Skinner, 1991, p.
136).
Retomar o uso do PSI é, portanto, demonstrar
, é comportar-se de forma
produtiva no mundo, ensinando, e enfraque-
cendo o ditado popular que diz: “na prática a
teoria é outra”, ou que “em casa de ferreiro, o
espetoédepau”.
Referências
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organizadaporM.T.A.Silva.PortoAlegre: Artmed.(trabalho originalmente publicado1994).
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Compreendendo o behaviorismo: ciência, comportamento e cultura
Aprendizagem: comportamento, linguagem e cognição
Behavior Analyst
Today.3
Evidence-based educational methods:
Advances fromthe behavioralsciences
Condicionamento reflexo e operante
The analysis of behavior: A program for self-instruction
Journal ofApplied BehaviorAnalysis, 1
Contingencies of Reinforcement to Maintain Student Progress Throughout a Web-
Based PSI Course
Web-based implementation of the Personalized System of Instruction (PSI) in a
mechanical engineering required freshman computer course.
Personalized instruction in
higher education: Proceedings of the second national conference.
Journal ofthe ExperimentalAnalysis ofBehavior,70
Journal OfApplied BehaviorAnalysis, 35
http://www.eecs.kumamoto-
u.ac.jp/ITHET01/proc/037.pdf
http://www.asme.org/education/enged/awards/cia01/utexas.pdf
Márcio Borges Moreira
Rev. Bras. de Ter. Comp. Cogn. 2004, Vol. VI, nº 1, 073-080080
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ComportamentoHumano ,341-343.
Journal of
Applied BehaviorAnalysis, 32,
Journal ofApplied BehaviorAnalysis, 35
Journal of the Experimental Analysis of Behavior, 66
CumulativeRecord
Aboutbehaviorism
Science andhuman behavior
Questões recentes na análise comportamental
Journal of the Experimental Analysis of
Behavior,66
.Journal ofthe ExperimentalAnalysis ofBehavior,80
.
Recebido em: 29/04/04
Primeira decisão editorial em: 04/06/04
Versão final em: 08/06/04
Aceito em: 14/06/04

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  • 1. “Em casa de ferreiro, espeto de pau”: o ensino de Análise Experimental do Comportamento Márcio Borges Moreira 1 2 Instituto de Educação Superior de Brasília (IESB) 1 2 SQN 407, Bl.E,Apto.101, AsaNorte, Brasília. Cep: 70855-050 -Tel.61 274-7066; 61 9961-8540 -e-mail:borgesmoreira@yahoo.com Agradeço ao professor Dr. João Cláudio Todorov ( ) pelo apoio e incentivo na busca e implementação de tecnologias de ensino consistentes com princípios analítico-comportamentais e ao professor Dr. Cristiano Coelho pela cuidadosa revisão deste trabalho, bem como pelas valiosas sugestões. Agradeço também ao Instituto de Educação Superior de Brasília (IESB) pela oportunidade concedida de implantação do PSI nas disciplinas de Processos Básicos de Aprendizagem e História da Psicologia do curso dePsicologia. Universidade Católica de Goiás Resumo Abstract Professores que (por exemplo, professores de Análise Experimental do Comportamento - AEC) deveriam ser os mais efetivos profissionais no campo da educação. Isto não parece ser verdadeiro. Para que isto se torne uma realidade, o Ensino deve ser visto de uma forma científica. Devemos buscar práticas de ensino que permitam a todos os professores ensinar bem e a todo aluno aprender tão eficientemente quantos seus repertórios permitirem. A AEC, disciplina que se dedica grandemente à compreensão e ensino de processos de aprendizagem, deve ser ensinada em concordância com seus pressupostos e teorias. Desde 1964, contamos com uma metodologia de ensino que reflete, na prática, essas teorias: o PSI ( ). O presente trabalho discute o PSI, visando chamar a atenção dos analistas do comportamento para esta eficiente metodologia de ensino, condizente com os princípios analítico- comportamentaisqueensinamos. Palavras-chave: Ensino, Análise Experimental do Comportamento, Sistema Personalizado de Instrução(PSI) Professors who (Experimental Analysis of Behavior - EAB - professors, for instance) should be the most effective professionals in the field of education. This does not seem to be true. To become so, Teaching should be faced in a scientific way. We should look for teaching practices that allow all professors to teach well and all students to learn as efficiently as their repertoires permit. EAB, a discipline that is highly dedicated to the comprehension and the teaching of learning processes, must follow its theories and procedures when the issue is the practice of teaching. Since 1964, we have a teaching methodology that reflects, in the practice, these theories: PSI ( ). The present paper discuss the PSI, trying to call behavior analysts' attention to this efficient teaching methodology, in agreement with the behavior-analytic principlesweteach. Keywords:Teaching,Experimental AnalysisofBehavior,PersonalizedSystemofInstruction. ensinam como ensinar Personalized System of Instruction teach how to teach Personalized System of Instruction ISSN 1517-5545 2004, Vol. VI, nº 1, 073-080 Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva 073 Declarative and Procedural Knowledge: teaching of Experimental Analysis of Behavior
  • 2. Márcio Borges Moreira Rev. Bras. de Ter. Comp. Cogn. 2004, Vol. VI, nº 1, 073-080074 As disciplinas que abordam conteúdos específicos da Análise Experimental do Comportamento (AEC) deveriam ser dis- ciplinas de excelência no ensino, visto que boa parte do conteúdo destas disciplinas versa sobre . Isto não parece ser uma realidade. O índice de aprendizagem dos alunos nestas disciplinas não vai além daqueles observados em quaisquer outras disciplinas. Discute-se em sala de aula sobre reforço positivo e controle aversivo, imedia- ticidade do reforço e os efeitos dessas operações sobre o comportamento e, conseqüentemente, sobre a aprendizagem do indivíduo. Aponta-se o que é “certo” e o que é “errado” no processo de aprendizagem e como otimizar a aquisição de novos comportamentos. A prática dos professores de AEC parece, no entanto, distanciar-se da teoria. Para Skinner (1974), conhecer é uma probabilidade de o indivíduo agir de modo produtivo no mundo. Conhecer, portanto, não é uma posse, é comportar-se. É comum a divisão do conhecimento e em dois tipos (Baum, 1999; Catania, 1999): (ou saber operacional) e (saber declarativo). refere-se ao comportamento verbal sob controle de estímulos que produz conseqüências refor- çadoras. refere-se ao compor- tamento operante não-verbal que produz conseqüências reforçadoras. Entender assim o conhecimento coloca o professor de AEC em uma situação delicada. Em geral, professores de AEC sabem muito princípios básicos da Análise do Comportamento e como utilizar estes princípios; no entanto não os utilizam como deveriam ( ). Comportam-se, portanto, de modo produtivo quando se trata do , mas o mesmonãoseaplicaao . Skinner (1972), ao falar sobre o manejo de contingências em sala de aula, assim inicia o seutexto: “Por que estudantes vão à escola? Por que eles se comportam em sala de aula? Por que eles estudam e apren- dem e se lembram? Essas são pergun- tas importantes, mas raramente são perguntadas possivelmente porque não estamos orgulhosos das respostas.”(p.225). Como apontado pelo próprio Skinner (1972), nos esquivamos, em geral, dessas perguntas por um motivo muito simples: as respostas a elas nos são aversivas. A maior parte das contingências que controlam os compor- tamentos dos alunos são aversivas. O aluno vai à aula e estuda para esquivar-se de algumas conseqüências, não por reforço positivo. Professores de AEC utilizam muito mais contingências punitivas e reforçamento negativo do que reforçamento positivo para conduzir suas aulas ao longo dos semestres. As conseqüências desse comportamento - dos professores - são óbvias. Devemos ressaltar que os uso de contingências aversivas em sala de aula não é exclusividade dos professores de AEC, bem como a análise da ocorrência de tais contingências deve levar em conta aspectos mais amplos, relacionados às próprias instituições de ensino e o contexto atual e histórico em que se inserem. Os comentários feitos neste texto têm como foco o ensino de AEC; no entanto, podem (ou devem) ser estendidosaoEnsinodeumaformageral. Todos conhecemos ou já ouvimos falar de algum professor que ministra aulas espetaculares, divertidas, interessantes e que prendem a atenção dos alunos (controle do comportamento por reforço positivo). Profes- sores assim são raros. Quem, por exemplo, já teve a oportunidade de assistir a uma aula ou palestra do professor César Ades pôde notar o controle que ele exerce sobre sua audiência sem lançar mão de contingências aversivas processos de aprendizagem saber como saber sobre sobre sobre saber como saber declarativo saber operacional Saber(ouconhecer)écomportar-se Omito do“Bom Professor” Saber sobre Saber como
  • 3. Rev. Bras. de Ter. Comp. Cogn. 2004, Vol. VI, nº 1, 073-080 075 Ensino de Análise Experimental do Comportamento (cito o professor César como um exemplo pessoal, podendo o leitor sentir-se à vontade para substituir seu nome, neste exemplo, por outro que lhe venha à lembrança nesse momento). O sorriso constante, as modula- ções vocais, os recursos de multimídia e a habilidade de tornar interessante o assunto, entre outros, são comportamentos deste excelente professor que provavelmente levaram anos para serem modelados em circunstâncias que não se repetem para a maioria dos professores, sejam eles iniciantes ou experientes. Pessoas como professor César Ades nos inspiram e, sobretudo, nos levam - ou deveriam levar - a reflexões sobre nossa atuaçãocomoprofessores. Quando me lembro das empolgantes pales- tras do professor César, de que tive o prazer de participar, lembro-me também das minhas “chatíssimas” aulas sobre metodologia científica e filosofia behaviorista como professor de alunos dos primeiros períodos do curso de Psicologia. Lembro-me de que se não controlasse a freqüência dos alunos em sala de aula, não teria muita audiência. Lembro-me de que se não estabelecesse contingências aversivas, os alunos não estudariam. E, por fim, vem o pensamento mais terrível de todos: “provavelmente jamais serei um professor carismático que seja capaz de ministrar aulas empolgantes sobre assuntos tão chatos”. Creio que este não seja um “problema” só meu. O que fazer então? Continuar repetindo os erros de nossos professores (ou da maioria deles)? Fazer isto é bastante cômodo,é o que geralmente fazemos, mas não é o correto. Skinner (1972), ao falar sobre tecnologia do ensino, fez uma interessante consideraçãosobreesteassunto: “O Mito ou Falácia do Bom Professor é a crença de que o que um bom professor pode fazer, qualquer professor pode fazer. (...). A Falácia complementar do Bom Estudante é a crença de que aquilo que um bom estudante pode aprender, qualquer estudante pode aprender. (...) . Nós não podemos melhorar significativamente a Edu- cação encontrando melhores profes- sores e melhores alunos. Nós pre- cisamos encontrar práticas que permitam a todos os professores ensinar bem e a todos alunos aprender tão eficientemente quantos seus talentos permitirem” (p. 210, grifoadicionado). Não colocar em prática aquilo que ensinamos tem consequências não muito agradáveis. Como apontam Machado & Silva (1998, p. 216), “a grandeza da disciplina é ofuscada pelo modo como freqüentemente a ensinamos”. Em 1963, o professor Fred Keller apresentou- nos uma maneira de ensinar coerente com os princípios analítico-comportamentais que tanto conhecemos. Esse método ficou conhecido como (PSI; Keller, 1968; Todorov, 1996). No início da década de 60, Fred Keller, Gil Sherman, Rodolpho Azzi, Carolina Martuscelli Bori (Keller, 1968; Sidman, 1996; Todorov, 1996), desenvolveram e implan- taram o PSI em um curso introdutório de AEC enquanto planejavam o Departamento de Psicologia na Universidade de Brasília. O PSI - ou Plano de Keller como também ficou conhecido - produziu resultados extraor- dinários (Fox, no prelo; Todorov, 1996, 2003), tornando-se bastante popular na década de 70. Em 1979, havia cerca de 5 mil cursos conhecidos baseados no PSI, um periódico específico para o assunto ( ) e, de 1973 a 1979, manteve-se em funcionamento o na GeorgetownNós estamos procurando por bons professores ou por bons alunos ou por ambos, mas não por práticas que foram analisadas e podem ser comunicadas A prática deve refletir a teoria: O Plano de Keller Personalized System of Instruction Journal of Personalized Instruction Center for Personalized Instruction
  • 4. Márcio Borges Moreira Rev. Bras. de Ter. Comp. Cogn. 2004, Vol. VI, nº 1, 073-080076 University (Fox, noprelo). Após a desativação do Centro de Instrução Personalizada de Georgetown, verificou-se um decréscimo dramático - não se sabe exatamente quanto tempo após - no número de cursos baseados no PSI, bem como do número de publicações sobre o programa, que chegou próximo a 3 mil publicações em 1979 (Fox, no prelo). Várias foram as razões para o declínio do PSI, mas provavelmente a mais significativa delas foi a quantidade de esforço inicial necessário para se construir um curso de acordo com o método. A preparação do material (resumos, manuais, listas de exercícios, decisões sobre o tamanho e a qualidade dos conteúdos, etc.) requer uma grande quantidade de trabalho e dedicação. Além disso, algumas características do PSI, como mudar o papel do professor de para e permitir variação no progresso acadêmico em função do ritmo do aluno e não do calendário escolar podem ter gerado alguma resistência, por parte dos professores e educadores em geral, no momento de optarem ou não pela implantação do PSI. Mas, nas palavras de Fox (no prelo), “a despeito de que fatores tenham contribuído para o declínio do PSI, inefi- ciência em melhorar a aprendizagem e o desempenhodosalunosnãofoiumdeles”. Embora possamos encontrar uma série de “pequenas adaptações” ao PSI nas suas inúmeras aplicações, podemos ressaltar sua diferença em relação ao ensino tradicional em cinco características principais (Fox, no prelo; Keller, 1968): No PSI, aulas expositivas e demonstrações têm papel motivacional, em vez de fonte de informações críticas para o transcorrer da disciplina. Cada aluno recebe seu próprio material (manuais, resumos, texto, listas de exercícios, etc.), e é instruído sobre como conduzir seus estudos, não havendo neces- sidade de aulas para . É comum, no PSI, que o aluno participe de uma aula somente após dominar o conteúdo que será tratado naquela aula. Esta característica, em revisões mais recentes do método ( Fox, no prelo; Koen, 2002), tem sido apontada como secundária (considere as palavras de Skinner sobre o mito do Bom Professor). O conteúdo da disciplina é cuidadosamente dividido em pequenas unidades. O aluno só avança de uma unidade para outra após demonstrar domínio da unidade anterior. As formas de avaliação da aprendizagem de cada unidade (seqüencial de cada conteúdo) podem assumir formas diversas como, por exemplo, perguntas de múltipla escolha, questões de completar, respostas dissertativas curtas e testes orais. Esta característica incide diretamente em um problema muito comum nos cursos em geral: o programa da disciplina deve ser cumprido, passa-se de um capítulo ou conteúdo para outro independentemente de o aluno ter dominado o conteúdo do capítulo anterior. Como os conteúdos geral- mente apresentados em uma disciplina são dependentes do conteúdo anterior, passar para um novo conteúdo sem que ocorra a aprendizagem do anterior somente complica o processo. Se o aluno, por exemplo, não domina o conceito de reforço, terá ainda mais problemas em compreender esquemas de reforçamento. O conteúdo que o aluno deve aprender, bem como as instruções de como fazê-lo são passadas a ele em forma de textos e manuais, que podem ser acessados pelo aluno nos momentos em que lhe for mais conveniente. Com o avanço da tecnologia, especialmente a e meios de comunicação multimídia ( , salas de bate-papo, , Blackboard Learning System ©, WebCT ©, performance gerência transmissão do conhe- cimento e.g. Internet webcams e-mail Aulas e demonstrações como veículo de motivação Domínioseqüencialdeconteúdo Ênfasenapalavra escrita
  • 5. Rev. Bras. de Ter. Comp. Cogn. 2004, Vol. VI, nº 1, 073-080 077 Ensino de Análise Experimental do Comportamento computer-aid tutorials web-based teaching computer-aid personalized system of instruction e.g. feedback o Journal of Applied Behavior Analysis , , educação à distância e - CAPSI, entre outros) após a concepção do PSI, o tipo de material que é passado ao aluno ganhou qualidade e forma impensáveis talvez não por todos, pois toda época tem seus visionários - nas décadas de 60 e 70 (Fox, no prelo; Koen, 2002; Martin, Pear & Martin 2002; Pear&Crone-Todd,1999). Cada aluno pode conduzir o curso em seu próprio ritmo. Como a programação do curso não é baseada num calendário acadêmico, e cada aluno recebe seu próprio material, ele pode conduzir seus estudos indepen- dentemente do ritmo de seus colegas. Se um aluno não atinge os critérios necessários para passar para uma nova unidade, ele pode revisar o conteúdo e tentar novamente. Isto não impede outros alunos que atingiram o critério de aprendizagem de uma unidade, de avançar em seu curso. Contudo, alguns artigos ( Fox, no prelo; Koen, 2001), apontam que esta característica do curso deve ter uma atenção especial, no sentido de especificar contingências para reduzir a procrastinação dos alunos no decorrer do curso. Esta parece ser uma característica essencial do PSI. Durante o curso, sempre que o aluno necessitar, ele pode contar com a ajuda de um monitor (geralmente um outro aluno que finalizou o mesmo curso). O monitor, além de prover imediato para os alunos, sobretudo nos momentos de avaliação das unidades, fomenta os aspectos sociais do processoensino-aprendizagem. As características do PSI acima apresentadas são as mesmas apresentadas por Keller (1968) naquele que ficou conhecido como artigo seminal sobre o PSI: “Good-bye teacher...”, publicado no número inaugural do . Muitas outras características do PSI têm sido apresentadas e discutidas (Fox, no prelo; Crone-Todd & Pear, 2001; Koen, 2001; Pear & Crone-Todd, 1999). Dentre elas, a flexibilidade do método é uma das mais atraentes, por possibilitar o uso de uma diversidade de recursos educacionais, tradicionais ou não, para compor um curso no formato do PSI. O uso de programas computacionais (Pear & Crone-Todd, 1999; Martin, Pear & Martin, 2002) e instrução programada (Geis, Stebbins & Lundin, 1975; Holland & Skinner, 1961), por exemplo, ampliam os horizontes do método, além de facilitar sua implementação, já que recursos tradicionalmente usados podem ser facil- mente adaptados e inseridos em um plano de cursobaseadonoPSI. Outra vantagem do PSI em relação a outras tecnologias de ensino é a extensa evidência empírica sobre sua aplicação e resultados, o que não é comum na maioria dos movimentos em educação como, por exemplo, o Cons- trutivismo, que arrebanhou uma miríade de seguidores recentemente (Fox, no prelo). Conforme ele mesmo assinala, a maior parte dos trabalhos publicados sobre o PSI mostra que os alunos, em relação aos métodos tradicionais, aprendem mais, lembram por mais tempo e gostam mais da experiência acadêmica proporcionada pelo PSI do que a tradicional. Além disso, podemos encontrar referências sobre o PSI em virtualmente todas as áreas do saber (engenharia, filosofia, biologia, psicologia, física, etc.), assim como nos mais diversos ambientes educacionais e populações de estudantes (universidades, escolas de segundo grau, indivíduos com déficitnodesenvolvimento,crianças,etc.). Billy Koen (2002) utilizou o PSI em um curso de Engenharia para ensinar a calouros habilidades em computação necessárias no decorrer do curso. No primeiro semestre em Ritmopróprio O papeldomonitor AlgumasConsiderações
  • 6. Márcio Borges Moreira Rev. Bras. de Ter. Comp. Cogn. 2004, Vol. VI, nº 1, 073-080078 que a disciplina foi oferecida, participaram cinco alunos. Três deles terminaram o curso com 100% de aproveitamento e os dois restantes atingiram mesmo desempenho no semestre seguinte. No segundo semestre em que o curso foi oferecido, participaram 15 alunos, dos quais 13 terminaram o curso dentro do semestre com 100% de aprovei- tamento, um atingiu o mesmo critério estendendo-se pelo período de férias e um abandonou a universidade. No terceiro semestre, participaram do curso 60 alunos sendo que 80% deles finalizou o curso com 100% de aproveitamento dentro do semestre. No quarto semestre, oferecido para 15 alunos, o professor começou o curso dentro do e o finalizou do Japão via (dados deste semestre ainda estão em análise). Uma revisão comparativa entre 400 artigos sobre PSI e cursos em formato tradicional pode ser vista em Kulik (1976), a qual mostrou que em 398 trabalhos, o índice de aprendizagem bem como opinião dos alunos sobre a metodologia foramfavoráveisaoPSI. O papel do professor em curso baseado no PSI diferencia-se do papel deste no ensino tradicional. Sua função principal deixa de ser a de transmitir o conhecimento e passa a conter um aspecto de acompanhamento, aprimoramento, treinamento e gerência. O professor deve acompanhar de perto o desenvolvimento de cada aluno, bem como fazer revisões constantes do material utilizado no curso (textos, resumos, testes, etc.) promovendo o aprimoramento constante do curso que está sob sua responsabilidade. Deve também treinar e supervisionar o trabalho do monitores e/ou assistentes. Os alunos estarão constantemente em contato com os monitores e ocasionalmente com o professor, ou assistente deste, podendo ser este contato presencial ou virtual (e-mail, salas de bate-papo, vídeos, etc.), quando o uso da Internet for feito. Pode-se programar para o curso, grupos de estudos entre os alunos, bem como estabelecer contingências para que alguns alunos, com melhor desempenho no curso, disponibilizem horários para ajudar seuscolegascomoconteúdocorrente. No capítulo 2 de (1953), Skinner faz uma distinção entre o conhecimento científico e outras formas de conhecimento como a Arte e a Filosofia. Ao discutir essas formas de conhecimento, observa que um cientista hoje tem muito mais domínio sobre a natureza do que um cientista há 400 anos. Um artista hoje não é, no entanto, necessariamente mais eficiente que um artista (um pintor, por exemplo) 400 atrás. Ser um bom professor parece ainda ser uma arte. Skinner (1991) afirma que “os educadores voltaram sua atenção para a descoberta e a criatividade, num esforço de interessar seus estudantes, mas boas contingências de reforço fazem isso de uma forma muito mais aproveitável” (p. 142). Para que tais contingências possam ser estabelecidas, é necessário que olhemos para a educação de uma forma científica, buscando relações funcionais que explicitem práticas de ensino efetivas e, até o ponto em que for possível, “importar” dos laboratórios, o rigor experimental que se confunde com a própria história da AEC. Devemos deixar um pouco de lado o Mito do Bom Professor e o Mito do Bom Aluno e procurar por práticas de ensino que possam ser compreendidas e ensinadas. Felizmente, não precisamos procurar muito. Graças o professor Fred Keller e seus colaboradores, temos, hoje, à nossa dis- posição, dentre outras, uma dessas práticas de ensino (PSI), que se mostrou, e se mostra ainda efetiva e consistente com os princípios comportamentais que ensinamos em sala de aula. Utilizar o PSI e outras metodologias de ensino oriundas da AEC, torna possível o estabelecimento de contingências que produzam reforçadores mais efetivos para os comportamentos que os alunos devem aprender. Se, por um lado, o uso cotidiano do termo campus Internet Ciência e Comportamento Humano Conclusão
  • 7. Rev. Bras. de Ter. Comp. Cogn. 2004, Vol. VI, nº 1, 073-080 079 Ensino de Análise Experimental do Comportamento controle saber operacional confunde-se muitas vezes com aversão, sabemos que controle do compor- tamento estende-se para muito além disso, e é isso o que ensinamos. Ao emitir compor- tamentos que promovam reforço imediato, que estabeleçam reforço diferencial de aproximações sucessivas do comportamento (que aumentam o contato do aluno com o sucesso), que respeitem o repertório de entrada e o ritmo de cada aluno e que o reforcem positivamente, o professor estará contribuindo para que aquele fique sob o controle dos estímulos que de fato devem controlar o seu comportamento, tornando o processo de aprendizagem mais efetivo, isto é, mais rápido e com efeitos mais duradouros, e menos aversivo: “não aprendemos fazendo (...) aprendemos quando o que fazemos tem conseqüências reforçadoras. Ensinar é arranjar tais conseqüências” (Skinner, 1991, p. 136). Retomar o uso do PSI é, portanto, demonstrar , é comportar-se de forma produtiva no mundo, ensinando, e enfraque- cendo o ditado popular que diz: “na prática a teoria é outra”, ou que “em casa de ferreiro, o espetoédepau”. Referências Baum W. M. (1999). . Tradução organizadaporM.T.A.Silva.PortoAlegre: Artmed.(trabalho originalmente publicado1994). Catania, A. C. (1999). . Tradução de D. G. Souza. PortoAlegre: ArtesMédicas.(trabalho originalmente publicadoem1992). Crone-Todd, D. E., & Pear, J. J. (2001). Application of Bloom's taxonomy to PSI. ,204-210. Fox, E. J. (in press). The personalized system of instruction: A flexible and effective approach to mastery learning. In D. J. Moran & R. W. Malott (Eds.). .NewYork: AcademicPress. Geis, G. L., Stebbins, W. C. & Lundin, R. W. (1975). . Tradução de O. Ligeza-Stamirowski & S. Omote. São Paulo: EPU. (trabalho originalmente publicado em 1965). Holland, J. G., & Skinner, B. F. (1961). . New York: Mc-Graw-Hill. Keller, F. S.(1968).“Good-bye teacher. . .” ,79-89. Koen, B. V. (2001). . [On line] Disponível em: .Recuperadoem07deMaiode2004. Koen, B. V. (2002). [On line] Disponível em: American S o c i e t y o f M e c h a n i c a l E n g i n e e r s W e b ; . Recuperado em 20 de Maiode2004. Kulik, J. A. (1976). PSI: A formative evaluation. In B. A. Green, Jr., (Ed.), Washington, DC: Center for PersonalizedInstruction. Machado, A. & Silva, F. J. (1998). Greatness and misery in the teaching of the psychology of learning. ,215-234. Martin T. L. , Pear, J. J. & Martin, G. L. (2002). A Computer-Aided Personalized System Of InstructionCourse. ,427430. Compreendendo o behaviorismo: ciência, comportamento e cultura Aprendizagem: comportamento, linguagem e cognição Behavior Analyst Today.3 Evidence-based educational methods: Advances fromthe behavioralsciences Condicionamento reflexo e operante The analysis of behavior: A program for self-instruction Journal ofApplied BehaviorAnalysis, 1 Contingencies of Reinforcement to Maintain Student Progress Throughout a Web- Based PSI Course Web-based implementation of the Personalized System of Instruction (PSI) in a mechanical engineering required freshman computer course. Personalized instruction in higher education: Proceedings of the second national conference. Journal ofthe ExperimentalAnalysis ofBehavior,70 Journal OfApplied BehaviorAnalysis, 35 http://www.eecs.kumamoto- u.ac.jp/ITHET01/proc/037.pdf http://www.asme.org/education/enged/awards/cia01/utexas.pdf
  • 8. Márcio Borges Moreira Rev. Bras. de Ter. Comp. Cogn. 2004, Vol. VI, nº 1, 073-080080 Pear, J. J. & Crone-Todd, D. E. (1999). Personalized system of instruction in cyberspace. 205-209. Martin, T. L., Pear, J. J. & Martin, G. L. (2002). Feedback and its effectiveness in a computer-aided personalizedsystemofinstructioncourse. ,427-430. Sidman, M. (1996). Fred s. Keller: Rememberings. , 1-6. Skinner, B.F. (1972). (3ªed.) NewYork: Appleton-Century-Crofts. Skinner, B.F. (1974). .NewYork: Vintage. Skinner, B.F. (1953). .NewYork: McMillan. Skinner, B. F. (1991). . Tradução de A. L. Neri. São Paulo: Papirus.(trabalho originalmente publicadoem1989). Todorov, J. C. (1996). Goodbye teacher, good old friend. ,7-9. Todorov, J. C. (2003). Science and human behavior translated into portuguese: Ciência e ComportamentoHumano ,341-343. Journal of Applied BehaviorAnalysis, 32, Journal ofApplied BehaviorAnalysis, 35 Journal of the Experimental Analysis of Behavior, 66 CumulativeRecord Aboutbehaviorism Science andhuman behavior Questões recentes na análise comportamental Journal of the Experimental Analysis of Behavior,66 .Journal ofthe ExperimentalAnalysis ofBehavior,80 . Recebido em: 29/04/04 Primeira decisão editorial em: 04/06/04 Versão final em: 08/06/04 Aceito em: 14/06/04