Este documento resume três relatórios antropológicos sobre comunidades quilombolas no interior de Pernambuco, Brasil. Utilizou fotografia para documentar aspectos visuais e servir de referência para o empoderamento das comunidades sobre sua história. As comunidades de Massapã, Buenos Aires e Santana enfrentam problemas como casas destruídas e abandono, e as fotos buscam dar visibilidade às suas situações e culturas.
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
Memória Foto etnográfica de três Relatórios Antropológicos com Comunidades Quilombolas no sertão do Estado de Pernambuco, Brasil.
1. Memória Foto etnográfica de três Relatórios Antropológicos com Comunidades Quilombolas
no sertão do Estado de Pernambuco, Brasil.
Geraldo Barboza de Oliveira Junior
Entrada da comunidade Massapê com casas destruídas. Massapê community entrance with destroyed houses..
2. • Memória Foto etnográfica de três Relatórios Antropológicos com Comunidades Quilombolas no sertão
do Estado de Pernambuco, Brasil.
• SINOPSE
• Este ensaio objetiva mostrar, resumidamente, aspectos gerais de três comunidades negras rurais (remanescentes de quilombos),
nas quais foram realizados Relatórios Antropológicos para identificação e delimitação territorial. Na construção destes relatórios foi
utilizada, enquanto técnica de pesquisa, a fotografia. “A proposta aqui é do emprego da antropologia visual enquanto um recurso
narrativo autônomo na função de convergir significações e informações a respeito de uma dada situação social”. (Achutti,
1997:13). As comunidades mostradas aqui estão localizadas na região do semiárido do Estado de Pernambuco, Brasil.
• No Brasil, os relatórios antropológicos (também denominados de laudos ou perícias) têm sido demandados por grupos indígenas e
remanescentes quilombolas através de processos administrativos ou judiciais.
• Neste sentido, os conceitos e concepções sobre territórios remanescentes de quilombos devem ser desvinculado da ideia de
quilombo como local de “negros escravos fugidos”. A referência teórica para a construção de uma identidade quilombola na
contemporaneidade está pautada em critérios de autoatribuição, subsidiados pela Convenção 169 da Organização Internacional
do Trabalho (OIT). Os relatórios antropológicos, diferente de uma proposta jurídico-administrativa que objetiva afirmar ou negar a
identidade de um grupo, busca pela compreensão de quais são os elementos e mecanismos, acionados na construção e
assunção de uma identidade como a de “remanescente de quilombos” (Cantarelli,2008).
3. Assim, o hiato entre o campo jurídico e o campo antropológico fica menor. As contribuições mútuas são o que caracterizam o laudo
em seu fim último: a definição de um território para um grupo baseado na sua identidade construída sobre suas categorias de
apropriação de um espaço de sociabilidade e produção com base em uma identidade étnica. “E neste sentido tudo se amplia: o
diálogo não é apenas com o jurídico, mas abrange a sociedade e várias áreas de conhecimento, discursos, atores e interesses, por vezes
antagônicos. (LEITE, 2000: 67).
Em relação à utilização da fotografia como recurso “auxiliar” na pesquisa, salientamos sua importância além do aspecto, meramente,
ilustrativo, pois é sabido que. Neste trabalho, entendemos a fotografia ou fotoetnografia como elemento necessário à composição do
Relatório Antropológico.
É esta a percepção que norteou estes relatórios e aqui apresentamos uma síntese textual e de imagens que, neste contexto, sirvam
para dar visibilidade a estas comunidades quilombolas. O Estado de Pernambuco congrega mais de 100 comunidades Quilombolas em
todo o estado, de acordo com a Comissão Estadual das Comunidades Quilombolas de Pernambuco. Atualmente, estão certificadas
pela Fundação Cultural Palmares 1228 comunidades em todo país, segundo critério de auto reconhecimento, sendo 83 de
Pernambuco – 2 na região metropolitana, 2 na zona da mata, 33 no agreste e 46 no sertão.
As três comunidades aqui apresentadas estão localizadas no sertão, são Massapê (no município de Carnaubeira da Penha), Buenos
Aires (no município de Mirandiba) e Santana (no município de Salgueiro).
4. Memory Ethnographic photo of three Anthropological Reports with Quilombola Communities in the interior of Pernambuco State,
Brazil.
SYNOPSIS
This essay aims to show, briefly, general aspects of three rural black communities (remnants of quilombos), in which Anthropological
Reports were made for identification and territorial delimitation. In the construction of these reports, as a research technique,
photography was used. "The proposal here is the use of visual anthropology as an autonomous narrative resource in the function of
converging meanings and information about a given social situation." (Achutti, 1997: 13). The communities shown here are located in the
semiarid region of the state of Pernambuco, Brazil.
In Brazil, anthropological reports (also called reports or expert reports) have been demanded by indigenous groups and quilombola
remnants through administrative or judicial proceedings.
In this sense, the concepts and conceptions about quilombo remnant territories must be detached from the idea of quilombo as the site of
“black runaway slaves”. The theoretical reference for the construction of a quilombola identity in contemporary times is based on self-
attribution criteria, supported by Convention 169 of the International Labor Organization (ILO). The anthropological reports, unlike a legal-
administrative proposal that aims to affirm or deny the identity of a group, seeks to understand what are the elements and mechanisms,
triggered in the construction and assumption of an identity such as the “remnant of quilombos” ( Cantarelli, 2008).
5. Thus, the gap between the legal field and the anthropological field gets smaller. Mutual contributions are what characterize the report in
its ultimate end: the definition of a territory for a group based on its identity built on its categories of appropriation of a space of sociability
and production based on an ethnic identity. “And in this sense everything expands: the dialogue is not only with the legal, but
encompasses society and various areas of knowledge, discourses, actors and sometimes antagonistic interests. (MILK, 2000: 67).
Regarding the use of photography as an “auxiliary” resource in research, we emphasize its importance beyond the merely illustrative
aspect, as it is known that. In this paper, we understand photography or photoetnography as a necessary element for the composition of
the Anthropological Report.This is the perception that guided these reports and here we present a textual and image synthesis that, in this
context, serves to give visibility to these quilombola communities. The State of Pernambuco brings together more than 100 Quilombola
communities across the state, according to the Pernambuco Quilombola Communities State Commission. Currently, 1228 communities are
certified by the Palmares Cultural Foundation across the country, according to self-recognition criteria, 83 from Pernambuco - 2 in the
metropolitan region, 2 in the forest zone, 33 in the wild and 46 in the backlands.The three communities presented here are located in the
backlands, Massapê (in the municipality of Carnaubeira da Penha), Buenos Aires (in the municipality of Mirandiba) and Santana (in the
municipality of Salgueiro).
6. Foto etnográfica de memoria de tres informes antropológicos con comunidades quilombolas en el interior del estado de Pernambuco,
Brasil.
SINOPSISEste ensayo tiene como objetivo mostrar, brevemente, aspectos generales de tres comunidades negras rurales (restos de
quilombos), en las cuales se hicieron informes antropológicos para identificación y delimitación territorial. En la construcción de estos
informes, como técnica de investigación, se utilizó la fotografía. "La propuesta aquí es el uso de la antropología visual como un recurso
narrativo autónomo en función de significados convergentes e información sobre una situación social dada". (Achutti, 1997: 13). Las
comunidades que se muestran aquí están ubicadas en la región semiárida del estado de Pernambuco, Brasil.En Brasil, los grupos indígenas
y los restos de quilombola han exigido informes antropológicos (también llamados informes o informes de expertos) a través de
procedimientos administrativos o judiciales.En este sentido, los conceptos y concepciones sobre los territorios remanentes de quilombo
deben separarse de la idea de quilombo como el sitio de "esclavos fugitivos negros". La referencia teórica para la construcción de una
identidad quilombola en los tiempos contemporáneos se basa en criterios de autoatribución, respaldados por el Convenio 169 de la
Organización Internacional del Trabajo (OIT). Los informes antropológicos, a diferencia de una propuesta legal-administrativa que apunta a
afirmar o negar la identidad de un grupo, busca comprender cuáles son los elementos y mecanismos, desencadenados en la construcción y
asunción de una identidad como el "remanente de quilombos" ( Cantarelli, 2008).
7. Por lo tanto, la brecha entre el campo legal y el campo antropológico se reduce. Las contribuciones mutuas son las que caracterizan el
informe en su extremo final: la definición de un territorio para un grupo basada en su identidad basada en sus categorías de apropiación de
un espacio de sociabilidad y producción basado en una identidad étnica. “Y en este sentido, todo se expande: el diálogo no solo es legal,
sino que abarca la sociedad y diversas áreas del conocimiento, discursos, actores y, a veces, intereses antagónicos. (LECHE, 2000: 67).Con
respecto al uso de la fotografía como un recurso "auxiliar" en la investigación, enfatizamos su importancia más allá del aspecto meramente
ilustrativo, como se sabe. En este artículo, entendemos la fotografía o la fotoenografía como un elemento necesario para la composición del
Informe Antropológico.Esta es la percepción que guió estos informes y aquí presentamos una síntesis de texto e imagen que, en este
contexto, sirve para dar visibilidad a estas comunidades de quilombolas. El Estado de Pernambuco reúne a más de 100 comunidades
quilombolas en todo el estado, según la Comisión Estatal de Comunidades Quilombola de Pernambuco. Actualmente hay 1228
comunidades certificadas por la Fundación Cultural Palmares en todo el país, de acuerdo con criterios de auto reconocimiento, 83 de
Pernambuco: 2 en la región metropolitana, 2 en la zona forestal, 33 en la naturaleza y 46 en el interior.Las tres comunidades presentadas
aquí están ubicadas en el interior, Massapê (en el municipio de Carnaubeira da Penha), Buenos Aires (en el municipio de Mirandiba) y
Santana (en el municipio de Salgueiro).
8. As fotos aqui mostradas têm dupla função: expor aspectos visuais do trabalho de campo e, principalmente, servir de referência para o
empoderamento destas comunidades sobre sua História.
Durante todo o tempo do trabalho de campo havia a preocupação com um retorno social da pesquisa e dos Relatórios Antropológicos elaborados.
Inicialmente, houve um retorno às comunidades para apresentação destes. Mas, sempre manifestei uma preocupação com uma forma de
proporcionar maior visibilidade aos trabalhos realizados e, ao mesmo tempo fornecer um material de fácil leitura por todos.
Este artigo busca suprir esta demanda de caráter ético, do profissional da Antropologia e, também, de caráter moral, do homem que conheceu e fez
amigos entre as comunidades pesquisadas.
A todos o meu muito obrigado!
Palavras-Chave: Antropologia, Fotografia, Comunidades Quilombolas.
Keywords: Anthropology, Photography, Quilombola Communities.
Palabras clave: antropología, fotografía, comunidades quilombolas.
9. MASSAPÊ
A comunidade de Massapê está localizada entre o riacho Grande, a Serra do Arapuá, a Terra dos indígenas Pankará e as
Terras de Manoel Neto. A área que abriga as casas e as vilas tem cerca de 236 hectares. Entretanto, a comunidade possui
ainda terras que estão situadas na área anterior ao Riacho Grande até o topo da Serra do Arapuá.
A chegada na comunidade é um choque e evoca uma lembrança de cidade fantasma, uma sensação de abandono e
desolação no cenário de uma vila inteira de casas destruídas, uma escola em péssimo estado, paredes com pintura em atraso,
esquadrias caindo, teto precisando de reparos, a presença de “barbeiros” (inseto vetor do Tripanossoma Crusy), um cemitério
abandonado, uma igreja parecendo não ser um local de cerimônias. No entendimento dos moradores, a história de Massapê
teima em se firmar a partir da tragédia que culminou com uma diáspora dos moradores locais para Floresta e o não
estabelecimento sequer de um processo jurídico sobre as mortes dos moradores locais. Reconstruir a História de Massapê
passa, inevitavelmente, pela persistência da memória de seus moradores em trazer à tona um assunto não resolvido. Ninguém
foi penalizado judicialmente. Tudo ficou apenas na memória.
10. Cruzeiro poupado na entrada da comunidade Massapê. Cruise saved at the entrance of the massapê community.
11. Estátua de Padre Cícero poupada na entrada da Comunidade Massapê. Statue of Priest Cícero spared at the entrance of the Massapê
community.
12. Detalhe de Casa e comércio destruídos. Detail of house and commerce destroyed.
13. Casa de morador longe da destruição. Resident’s home away from destruiction.
20. BUENOS AIRES
O território quilombola de Buenos Aires, em Custódia-PE, distante da sede do município 14 quilômetros é constituído por 08 sítios
interligados. A saber, são elas: Catolé, Berruga ou Verruga, Saco, Queimada Nova, Lamarão, Caldeirão, Santana e Boa Viagem onde
habitam aproximadamente 255 famílias. Os limites atuais do território incluem as terras circundadas pelas comunidades de Cachoeira da
Onça, Barra de São Jorge, São José e pela Serra do Urubu.
A comunidade de remanescentes de quilombos de Buenos Aires está localizada a uma distância de 14 quilômetros da sede do município de
Custódia. Lá habitam cerca de 250 famílias. O que mais caracteriza a comunidade é a heterogeneidade étnico-racial: convivem brancos,
negros e mestiços. O discurso dos moradores é que todos se misturaram ao longo de uma convivência que conta mais de seis gerações.
As fotos a seguir mostram pessoas e aspectos relacionados ao seu cotidiano de trabalho.
21. Dona Conceição, parteira de Buenos Aires. Dona Conceição, midwife from Buenos Aires and married.
26. Jovem estudante e liderança quilombola. Young student and quilombola leadership.
27. Mulher quilombola responsável pela agricultura na comunidade. Quilombola woman, responsible for agriculture in the community
28. Santana
O território quilombola de Santana, em Salgueiro-PE, distante da sede do município 22 quilômetros é constituído por 05 sítios interligados.
A saber, são eles: Santana, Jurema, Olaria, Recanto e Livramento. No território habitam aproximadamente 66 famílias. Os limites atuais do
território incluem as terras localizadas entre Umãs, Sítios Novos, Boqueirão, Pau Ferro e Várzea do Ramo.
A comunidade apresenta um nível de vida elevado se atentarmos às condições das moradias, a produtividade das roças, o nível de
escolaridade que não é baixo, e, o meio ambiente que se mantém preservado. Por outro lado, o que aparece também, é a presença de muito
lixo doméstico e animais criados soltos.
A economia do território de Santana está sustentada, em grande parte, nas atividades agropecuárias. Em termos específicos, planta-se feijão,
milho, cebola, em maior parte, em áreas de baixios, e, criam-se caprinos e suínos em campo aberto. O plantio ocorre nas roças familiares.
Estas, em geral, estão localizadas em áreas de terra fértil e de proximidade com água.
A memória local é a memória dos mais velhos. Esses contam insistentemente sobre fronteiras, antepassados e, principalmente, de como se
vivia antigamente.
41. Ficha Técnica
AUTOR: Geraldo Barboza de Oliveira Junior, Antropólogo, Diretor Técnico na Antropos Consultoria Socioambiental e Integrante do
IDEA-RN, Instituto de Desenvolvimento, Planejamento e Educação Ambiental do Rio Grande do Norte.
Fotografia: Geraldo Barboza de Oliveira Junior
Direção: Geraldo Barboza de Oliveira Junior
AUTHOR: Geraldo Barboza de Oliveira Junior, Anthropologist, Technical Director at Antropos Socio-Environmental Consulting and
Member of IDEA-RN, Institute of Development, Planning and Environmental Education of Rio Grande do Norte.
Photograph: Geraldo Barboza de Oliveira Junior
Direction: Geraldo Barboza de Oliveira Junior
Agradecimentos: As famílias das comunidades quilombolas de Massapê, Buenos Aires e Santana.
Acknowledgments: The families of the quilombola communities of Massapê, Buenos Aires and Santana.