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Análise da sequência XVII
Pedro_Bessa_12ºVC
Português
Breve Síntese
• Baltasar e Blimunda instalam-se na casa da família de Baltasar e faz-se sentir o luto
de toda a família perante a morte de Marta Maria;
• Baltasar procura trabalho, com a ajuda de Álvaro Diogo, havendo a hipótese de ele
trabalhar nas obras do convento;
• Baltasar é aceite e é referido “(…) trinta e nove anos, embora com alguns cabelos
brancos (…)”, sendo possível a localização no tempo;
• Chegam a Mafra notícias de um terramoto em Lisboa referência histórica
• Regresso de Baltasar ao Monte Junto, onde se encontra a passarola, para protegê-la.
• Visita de Scarlatti ao convento e encontro com Blimunda, sendo esta informada de
que Bartolomeu de Gusmão morreu em Toledo, no dia do terramoto.
Domenico Scarlatti
• Nasceu- 26/10/1685
Faleceu- 23/07/1757
• Compositor italiano;
• Artista estrangeiro contratado por D. João V para iniciar
a Infanta Maria Bárbara na arte musical;
• Personagem secundária e plana;
• Scarlatti é um cúmplice silencioso do projecto da passarola;
• O poder curativo da sua música liberta Blimunda da sua estranha doença;
– “Durante uma semana (…) o músico foi tocar duas, três horas, até que Blimunda teve
forcas para levantar-se, sentava-se ao pé do cravo, pálida ainda , rodeada de música
como se mergulhasse num profundo mar (…) Depois, a saúde voltou depressa”
• É, ainda, Scarlatti que dá a noticia da morte do Padre Bartolomeu a Baltasar e
Blimunda;
– “Saiu o músico a visitar o convento e viu Blimunda, disfarçou um, o outro disfarçou, que
em Mafra não haveria morador que não estranhasse, e (…) fizesse logo seus juízos muito
duvidosos”
Linguagem e estilo
Uma das características mais notórias da escrita de José Saramago é o uso
peculiar de pontuação.
• Principais marcas:
– a ausência de pontuação convencional, sendo a vírgula o sinal de pontuação de maior
relevância, marcando as intervenções das personagens, o ritmo e as pausas;
– o uso subversivo da maiúscula no interior da frase;
– o tom simultaneamente cómico, trágico e épico;
– o discurso reflexivo também construído pelo emprego de aforismos, provérbios e
ditados populares.
• “Em que posso então eu trabalhar, irmão, (?) isto perguntou Baltasar a Álvaro Diogo,
seu cunhado […] Há aqui mais quem esteja dormindo […] só tem doze anos […]
este é o filho que ficou, chega à noite morto de dar serventia, andaime acima,
andaime abaixo, acaba de cear e adormece logo, Querendo, há trabalho para toda a
gente,(-) disse Álvaro Diogo, podes ir de servente ou fazer carretos com os carros de
mão, o teu gancho é quanto basta para amparares o varal”
Cap. XVII
• “Lembras-te da primeira vez que dormiste comigo, teres dito que te olhei por dentro,
(?) Lembro-me, Não sabias o que estavas a dizer, nem soubeste o que estavas a ouvir
quando eu te disse que nunca te olharia por dentro. […] Eu posso olhar por dentro
das pessoas”
Cap. VIII
• Cada frase, ou discurso, ou o período, cria-se dentro de mim mais como uma fala do
que como uma escrita. A possibilidade da espontaneidade, a possibilidade do discurso
em linha recta, enfim, a direito, é muito maior do que se eu me colocasse na posição de
quem escreve. No fundo, ao escrever estou colocado na posição de quem fala.”
José Saramago, in Conversas, Mário Ventura, Publ. Dom Quixote, 1986

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  • 1. Análise da sequência XVII Pedro_Bessa_12ºVC Português
  • 2. Breve Síntese • Baltasar e Blimunda instalam-se na casa da família de Baltasar e faz-se sentir o luto de toda a família perante a morte de Marta Maria; • Baltasar procura trabalho, com a ajuda de Álvaro Diogo, havendo a hipótese de ele trabalhar nas obras do convento; • Baltasar é aceite e é referido “(…) trinta e nove anos, embora com alguns cabelos brancos (…)”, sendo possível a localização no tempo;
  • 3. • Chegam a Mafra notícias de um terramoto em Lisboa referência histórica • Regresso de Baltasar ao Monte Junto, onde se encontra a passarola, para protegê-la. • Visita de Scarlatti ao convento e encontro com Blimunda, sendo esta informada de que Bartolomeu de Gusmão morreu em Toledo, no dia do terramoto.
  • 4. Domenico Scarlatti • Nasceu- 26/10/1685 Faleceu- 23/07/1757 • Compositor italiano; • Artista estrangeiro contratado por D. João V para iniciar a Infanta Maria Bárbara na arte musical; • Personagem secundária e plana; • Scarlatti é um cúmplice silencioso do projecto da passarola;
  • 5. • O poder curativo da sua música liberta Blimunda da sua estranha doença; – “Durante uma semana (…) o músico foi tocar duas, três horas, até que Blimunda teve forcas para levantar-se, sentava-se ao pé do cravo, pálida ainda , rodeada de música como se mergulhasse num profundo mar (…) Depois, a saúde voltou depressa” • É, ainda, Scarlatti que dá a noticia da morte do Padre Bartolomeu a Baltasar e Blimunda; – “Saiu o músico a visitar o convento e viu Blimunda, disfarçou um, o outro disfarçou, que em Mafra não haveria morador que não estranhasse, e (…) fizesse logo seus juízos muito duvidosos”
  • 6. Linguagem e estilo Uma das características mais notórias da escrita de José Saramago é o uso peculiar de pontuação. • Principais marcas: – a ausência de pontuação convencional, sendo a vírgula o sinal de pontuação de maior relevância, marcando as intervenções das personagens, o ritmo e as pausas; – o uso subversivo da maiúscula no interior da frase; – o tom simultaneamente cómico, trágico e épico; – o discurso reflexivo também construído pelo emprego de aforismos, provérbios e ditados populares.
  • 7. • “Em que posso então eu trabalhar, irmão, (?) isto perguntou Baltasar a Álvaro Diogo, seu cunhado […] Há aqui mais quem esteja dormindo […] só tem doze anos […] este é o filho que ficou, chega à noite morto de dar serventia, andaime acima, andaime abaixo, acaba de cear e adormece logo, Querendo, há trabalho para toda a gente,(-) disse Álvaro Diogo, podes ir de servente ou fazer carretos com os carros de mão, o teu gancho é quanto basta para amparares o varal” Cap. XVII • “Lembras-te da primeira vez que dormiste comigo, teres dito que te olhei por dentro, (?) Lembro-me, Não sabias o que estavas a dizer, nem soubeste o que estavas a ouvir quando eu te disse que nunca te olharia por dentro. […] Eu posso olhar por dentro das pessoas” Cap. VIII
  • 8. • Cada frase, ou discurso, ou o período, cria-se dentro de mim mais como uma fala do que como uma escrita. A possibilidade da espontaneidade, a possibilidade do discurso em linha recta, enfim, a direito, é muito maior do que se eu me colocasse na posição de quem escreve. No fundo, ao escrever estou colocado na posição de quem fala.” José Saramago, in Conversas, Mário Ventura, Publ. Dom Quixote, 1986