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Livro:Maria Moisés.
Autor:Camilo Castelo Branco.
Tipo de leitura:Leitura acessível apesar de usar
palavras antigas, que hoje não existem ou são
escritas de maneira diferente.
Razão que levou à escolha de obra:Esta
novela sentimental destacou-se por apresentar
duas partes essenciais destintas.

Relação da história com a capa e
com a contra capa:Na minha opinião a capa e a
contra capa não são adequadas, visto que não se
relacionam em nada com a história.

A obra: Singulariza-se por dosear a
mundividência romântica com uma atenção a
elementos realistas. Digamos, portanto, que se
trata de uma novela passional (sobretudo na 1ª Parte), equilibrada por um realismo temperado.
Dividindo a novela em duas partes, o autor, de modo bem vincado apresenta dois percursos
existenciais bem diferentes, mas nem por isso menos complementares: primeiro, o narrador
camiliano apresenta-nos a história de Josefa da Lage onde a novela abre com uma sequência de
verdadeiro clímax dramático; depois, com a trágica morte desta, narra-nos a vida de sua filha,
Maria Moisés.

Personagens:
João da Lage, homem embrutecido pelo trabalho e pelo álcool.
Maria da Lage, uma mulher completamente desvairada.
AntónioQueirós, teimoso, apaixonado e determinado.
Josefa da Lage, medrosa e solitária.
Maria Moisés, solidária e lutadora.
Francisco Bragadas, bondoso.
João Correia Botelho, rígido e preocupado.

A obra divide-se em duas partes essenciais:
1ª Parte da narrativa
Assistimos ao trágico desfecho dos amores contrariados dum jovem cadete de cavalaria (António de Queirós), filho
dum orgulhoso fidalgo de Cimo de Vila, por uma simples "rapariga de baixa condição", da aldeia de Santo Aleixo. É
uma paixão súbita, que começa a desenvolver-se num cenário campestre e idílico, a paisagem verde e arborizada da
Ínsua madurece em alguns poucos meses do Verão e Outono de 1812, levando os amantes a enfrentar os obstáculos
que, entretanto, se interpõem à sua paixão, personificados no orgulho desdenhoso do pai de António, Cristóvão de
Queirós e Meneses. Neste contexto de oposição ao amor dos dois jovens, a cena em que o austero pai procura
contrariar os desígnios do coração, impondo outra escolha para um casamento mais conveniente com a condição
social do jovem morgado. Repare-se na típica reação de António, própria dos inflamados amantes camilianos –
ousando enfrentar e desafiar a autoridade paterna, em nome da religião do Amor que abraçou de alma e coração.
Influente, o pai não olha a meios para executar os seus desígnios.

Sintetizemos as quatro grandes sequências narrativas da 1ª Parte, deste modo:
Morte de Josefa da Lage: ao entardecer do fatídico dia 27 de Agosto de 1813, o pequeno Zé da Mónica vai à
procura dumacabra perdida de João da Lage. Pelo caminho, encontra a velha Brites do Eirô e Luís Moleiro. Com a
ajuda deste, prossegue em busca da cabra, mas os berros da cabra perdida parecem confundir-se com os
gemidos de uma mulher. Encontram-se com Francisco Bragadas, o pescador que lhes diz não haver peixe,
porque é "má noite". Finalmente, sem achar a cabra, deparam-se com Josefa, desesperada e moribunda.
Momentos depois, está morta nos braços de Luís, e é rodeada por várias pessoas da aldeia de Santo Aleixo,
incluindo o pai (João da Lage), homem embrutecido pelo trabalho e pelo álcool, e a mãe (Maria da Lage), uma
mulher completamente desvairada com o sucedido. Pode-se, assim, dizer que a novela abre com uma sequência
de verdadeiro clímax dramático
Enterro de Josefa: no dia seguinte, a 28 de Agosto de 1813. Comentários do minorista da Póvoa (Bento
Fernandes), que veio assistir aos responsos pela falecida, e do escrivão do juiz de paz (Maurício), que também
viera dar os pêsames à família enlutada. Falam da hipótese de suicídio de Josefa, com uma diferença: o primeiro,
mostra-se mais reservado e respeitoso, movido por um sentimento de caridade cristã; enquanto o segundo se
revela mais irónico e malicioso.
Amores de Josefa: só então um narrador
contando os eventos que precederam a misteriosa morte de Josefa – o "amor selvagem" de António e Josefa no
bosque da Ínsua, pelos meses de Verão e Outono de 1812. Segue-se a promessa de casamento por parte do
jovem Antoninho, que depara com a autoritária oposição do pai, Cristóvão de Queirós, cioso da sua posição
social. Pela Páscoa de 1813, Josefa descobre que está grávida, esperando ansiosamente que o amante cumpra o
prometido. Entretanto, Josefa encobre a sua gravidez com uma falsa doença, permanecendo na cama. O pai de
António impõe-lhe uma noiva fidalga da sua escolha, mas António mostra-se determinado a só "casar com uma
rapariga de baixa condição". Perante a teimosia do filho, proibi-o de assinar o nome de Queirós de Meneses, não
hesitando em mandar prendê-lo no Limoeiro (Lisboa).
Fuga e perdição de Josefa: por intermédio de um amigo e da sua astuta caseira (Rosária Tocha), António manda
recado a Josefa, para fugir de casa dos seus pais e se encontrar com ele, quando viesse de Lisboa. Só quando
Josefa se prepara ansiosamente para fugir, é que a mãe, a rigorosa Maria da Lage, se apercebe da sua gravidez,
explodindo de raiva chamando-lhe "mulher perdida" e rogando-lhe pragas. Profundamente emocionada com a
fuga, Josefa dá à luz prematuramente, quando contava apenas oito meses. Ao entardecer, sai alvoroçada em
direção ao rio Tâmega, conforme o indicado. Porém, surge um imprevisto: chorando com dores, torvada,
desfalecida e com vertigens, tem dificuldade em atravessar as poldras do rio e, num dos lanços, eis que o berço
de vime onde levava o filho recém-nascido lhe cai na forte corrente do rio. Tenta alcançá-lo, mas não consegue.
Desesperadamente, lança-se ao rio, mas a luz das estrelas não lhe dá a claridade suficiente para avistar o berço.
Dirige-se, então, para a margem, pensando avistar o berço, mas, agonizante, só consegue agarrar-se ao ramo de
um salgueiro. É aqui que o moleiro a encontra, já quase sem vida.

A 2ª Parte da novelacomeça exatamente no ponto em que termina a história da 1ª Parte. É constituída pela
história da filha enjeitada, a criança encontrada no rio pelo pescador Francisco Bragadas. Baptizada com o nome
de Maria Moisés, é criada na quinta de Santa Eulália.
Recolhida pelo caseiro da quinta de santa Eulália, a jovem Maria Moisés é adoptada pelos fidalgos de Santa
Eulália e educada sob a orientação do bondoso Cónego João Correia Botelho, acabando por herdar a quinta de
Santa Eulália. Aos 18 anos, manifesta a vocação da sua vida: "criar meninos enjeitados!", isto é, dedicar-se a uma
vida de amor caridoso pelos mais pobres e abandonados, como ela o fora. Paulatinamente, lá vão chegando as
crianças, que ela alimenta e educa com desvelos maternais e uma generosidade quase sem limites, "porque o
prazer de dar é muito maior que o de receber"
Por fim, passados quase quarenta anos, e como uma manifestação da Providência divina (que aqui agracia, e não
castiga), surge a cena do encontro entre pai e filha ou reconhecimento
Achamento e criação de Maria Moisés: o pescador Francisco Bragadas encontra uma criança abandona junto ao
rio Tâmega, salva milagrosamente num berço de vime, e adopta-a como filha, a juntar aos onze que já tem. Dada
a fama do aposentado dr. Teotónio de Valadares, as duas manas solteironas (D. Maria Tibúrcia e D. Maria Filipa)
ainda colocam a hipótese de se tratar de mais um dos seus filhos ilegítimos. A criança é, depois, baptizada com o
nome de Maria Moisés, a 28 de Agosto de 1813, precisamente o dia em que sua mãe Josefa também era
enterrada em Santo Aleixo. O nome é escolhido pela família fidalga da quinta de Santa Eulália , que trata
carinhosamente a pequena enjeitada. O cónego bracarense João Correia Botelho assume a orientação educativa
da jovem Maria Moisés, enviando-a, aos 15 anos, para o Convento das Teresinhas, em Braga.
Vida virtuosa da santa Moisés: regressada do Convento, três anos depois, a jovem Maria Moisés confessa ao
Cónego Correia Botelho a sua opção de vida: a sua vocação era criar enjeitados como ela, isto é, exercer a
caridade na figura das crianças pobres e desamparadas, consequência da "dissolução dos costumes"
. A sua vida virtuosa é sustentada pela herança legada pela sua madrinha, da quinta de Santa Eulália, bem como
pelos generosos apoios do bondoso Cónego bracarense, falecido em 1836. Um dos mais elucidativos exemplos
da vida caritativa de Maria Moisés, foi o modo discreto mas decidido como resolveu ocultar a gravidez da sua
"irmã", a filha do próprio Francisco Bragadas, cujo noivo falece inesperadamente. Entretanto, a fama da santa
Moisés estende-se rapidamente pelas terras em redor.
Regresso de pai e reconhecimento: em 1850, ao fim de 37 anos de forçado e doloroso auto-exílio, o velho
António de Queirós regressa do Brasil, reformado na patente de general. Passeando pela aldeia, conversa com
duas pessoas que o ajudam a "reviver o passado", que ele magoadamente, nunca esquecera, mas sobretudo a
encontrar a sua filha: o reitor de São Salvador, o Padre Bento Fernandes, o então minorista da Póvoa que
assistira aos responsos por alma de Josefa; e Fernando Gonçalves Penha, amigo da juventude. Inteirado das
dificuldades económicas por que passava Maria Moisés, dirige-se à quinta de Santa Eulália com o propósito de a
comprar. Nesta altura, aparece-lhe Maria Moisés rodeada de 13 crianças desamparadas. Dá-se, então, a previsível
e emocionada cena do reconhecimento entre pai e filha, classificada pelo narrador como um "sublime lance". O
mesmo narrador encerra a história com uma invocação ao amigo e poeta romântico Tomás Ribeiro, e uma
violenta invetiva satírica que tem como alvo a nova escola realista e a sua doentia predileção pelas cores fortes e
pela podridão social.

Por tudo isto, creio que, diante da bipartição expressa pelo autor e sobretudo perante o significado das
sequências narrativas que as compõem, sobressai a necessidade de aprofundar a ideia da distinção
narrativa e temática entre a 1ª e a 2ª Partes da novela, de modo a visualizar melhor um dos temas mais
englobantes da mundividência camiliana, o perene conflito entre o Mal e o Bem:
1ª PARTE:

2ª PARTE:
HISTÓRIA PASSIONAL

HISTÓRIA "HAGIOGRÁFICA"

(de PERDIÇÃO)

(de SALVAÇÃO)

Amor-paixão

Caridade cristã

de Josefa da Lage, a amante

de Maria Moisés, solteira e casta enjeitada

apaixonada
Vida atribulada de uma jovem mulher perdida. É a história exemplar
de um verdadeiro amor de perdição.

Vida virtuosa da santa Moisés e a sua caridade pelos
pobres. É a história modelar de um amor de salvação.

Esta mulher que se deixa atrair pela paixão e pelo prazer, é
qualificada pela mentalidade popular
como: perdida, desonrada, manchada,amaldiçoada.

Esta mulher que dedica a sua vida ao amor pelos
desprotegidos merece os qualificativos de: anjo, mãe
dos pobres, santa Moisés, mulher bendita..

"Por tudo isto parece-nos lícito afirmar que o genial autor de Maria Moisés aproveitou daqui e dali muitos
elementos e personagens verdadeiros, misturou-os e plasmou-os com a sua extraordinária capacidade de
efabulação e a grandiosa veia lírica do seu estro, produzindo deste modo uma das mais formosas, admiráveis e
perfeitas novelas portuguesas. Tal foi, quanto a nós, a génese de Maria Moisés"

• Espaço: 1ª Parte: freguesia de Santo Aleixo de além-Tâmega, com a particularização de vários lugares
ou propriedades, como: Ínsua, Cangosta do Estêvão, Várzea das Poldras, Agra da Cruz, bravio do
Pimenta, campo da Lagoa, quinta do Enxertado, Granja, Cimo de Vila, Cavês, encruzilhada do Mato, etc.
• 2ª Parte: freguesia de São Salvador de aquém-Tâmega (freguesia sede do conselho), mencionando
também lugares como: Quinta de Santa Eulália, Quinta do Enxertado, casa da Temporã, etc. (além dos
vários lugares referidos na 1ª Parte).
• Tempo: dissolução dos costumes
os eventos constitutivos da narrativa e nas falas das personagens, ainda estão presentes dois
acontecimentos ou momentos políticos que marcaram a sociedade portuguesa dessas épocas:

Opinião do leitor:Acho que a obra em si é muita cansativa, torna-se aborrecida. Tive a necessidade de fazer
pausas na leitura para me conseguir concentrar o que não é habitual, contudo tem uma história linda e uma
ótima lição de vida para todos nós mas não aconselho a sua leitura.

Moral da história:Eu acho que a obra se liga bastante ao velho ditado «Quem sai aos seus não
degenera»

O que se aprende com a leitura da obra:Que a vida é injusta e que nos surpreende da pior forma
quando menos esperamos.
Maria moises de Camilo Castelo Branco

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Maria moises de Camilo Castelo Branco

  • 1. Livro:Maria Moisés. Autor:Camilo Castelo Branco. Tipo de leitura:Leitura acessível apesar de usar palavras antigas, que hoje não existem ou são escritas de maneira diferente. Razão que levou à escolha de obra:Esta novela sentimental destacou-se por apresentar duas partes essenciais destintas. Relação da história com a capa e com a contra capa:Na minha opinião a capa e a contra capa não são adequadas, visto que não se relacionam em nada com a história. A obra: Singulariza-se por dosear a mundividência romântica com uma atenção a elementos realistas. Digamos, portanto, que se trata de uma novela passional (sobretudo na 1ª Parte), equilibrada por um realismo temperado. Dividindo a novela em duas partes, o autor, de modo bem vincado apresenta dois percursos existenciais bem diferentes, mas nem por isso menos complementares: primeiro, o narrador camiliano apresenta-nos a história de Josefa da Lage onde a novela abre com uma sequência de verdadeiro clímax dramático; depois, com a trágica morte desta, narra-nos a vida de sua filha, Maria Moisés. Personagens: João da Lage, homem embrutecido pelo trabalho e pelo álcool. Maria da Lage, uma mulher completamente desvairada. AntónioQueirós, teimoso, apaixonado e determinado. Josefa da Lage, medrosa e solitária. Maria Moisés, solidária e lutadora. Francisco Bragadas, bondoso. João Correia Botelho, rígido e preocupado. A obra divide-se em duas partes essenciais: 1ª Parte da narrativa
  • 2. Assistimos ao trágico desfecho dos amores contrariados dum jovem cadete de cavalaria (António de Queirós), filho dum orgulhoso fidalgo de Cimo de Vila, por uma simples "rapariga de baixa condição", da aldeia de Santo Aleixo. É uma paixão súbita, que começa a desenvolver-se num cenário campestre e idílico, a paisagem verde e arborizada da Ínsua madurece em alguns poucos meses do Verão e Outono de 1812, levando os amantes a enfrentar os obstáculos que, entretanto, se interpõem à sua paixão, personificados no orgulho desdenhoso do pai de António, Cristóvão de Queirós e Meneses. Neste contexto de oposição ao amor dos dois jovens, a cena em que o austero pai procura contrariar os desígnios do coração, impondo outra escolha para um casamento mais conveniente com a condição social do jovem morgado. Repare-se na típica reação de António, própria dos inflamados amantes camilianos – ousando enfrentar e desafiar a autoridade paterna, em nome da religião do Amor que abraçou de alma e coração. Influente, o pai não olha a meios para executar os seus desígnios. Sintetizemos as quatro grandes sequências narrativas da 1ª Parte, deste modo: Morte de Josefa da Lage: ao entardecer do fatídico dia 27 de Agosto de 1813, o pequeno Zé da Mónica vai à procura dumacabra perdida de João da Lage. Pelo caminho, encontra a velha Brites do Eirô e Luís Moleiro. Com a ajuda deste, prossegue em busca da cabra, mas os berros da cabra perdida parecem confundir-se com os gemidos de uma mulher. Encontram-se com Francisco Bragadas, o pescador que lhes diz não haver peixe, porque é "má noite". Finalmente, sem achar a cabra, deparam-se com Josefa, desesperada e moribunda. Momentos depois, está morta nos braços de Luís, e é rodeada por várias pessoas da aldeia de Santo Aleixo, incluindo o pai (João da Lage), homem embrutecido pelo trabalho e pelo álcool, e a mãe (Maria da Lage), uma mulher completamente desvairada com o sucedido. Pode-se, assim, dizer que a novela abre com uma sequência de verdadeiro clímax dramático Enterro de Josefa: no dia seguinte, a 28 de Agosto de 1813. Comentários do minorista da Póvoa (Bento Fernandes), que veio assistir aos responsos pela falecida, e do escrivão do juiz de paz (Maurício), que também viera dar os pêsames à família enlutada. Falam da hipótese de suicídio de Josefa, com uma diferença: o primeiro, mostra-se mais reservado e respeitoso, movido por um sentimento de caridade cristã; enquanto o segundo se revela mais irónico e malicioso. Amores de Josefa: só então um narrador contando os eventos que precederam a misteriosa morte de Josefa – o "amor selvagem" de António e Josefa no bosque da Ínsua, pelos meses de Verão e Outono de 1812. Segue-se a promessa de casamento por parte do jovem Antoninho, que depara com a autoritária oposição do pai, Cristóvão de Queirós, cioso da sua posição social. Pela Páscoa de 1813, Josefa descobre que está grávida, esperando ansiosamente que o amante cumpra o prometido. Entretanto, Josefa encobre a sua gravidez com uma falsa doença, permanecendo na cama. O pai de António impõe-lhe uma noiva fidalga da sua escolha, mas António mostra-se determinado a só "casar com uma rapariga de baixa condição". Perante a teimosia do filho, proibi-o de assinar o nome de Queirós de Meneses, não hesitando em mandar prendê-lo no Limoeiro (Lisboa). Fuga e perdição de Josefa: por intermédio de um amigo e da sua astuta caseira (Rosária Tocha), António manda recado a Josefa, para fugir de casa dos seus pais e se encontrar com ele, quando viesse de Lisboa. Só quando Josefa se prepara ansiosamente para fugir, é que a mãe, a rigorosa Maria da Lage, se apercebe da sua gravidez, explodindo de raiva chamando-lhe "mulher perdida" e rogando-lhe pragas. Profundamente emocionada com a fuga, Josefa dá à luz prematuramente, quando contava apenas oito meses. Ao entardecer, sai alvoroçada em direção ao rio Tâmega, conforme o indicado. Porém, surge um imprevisto: chorando com dores, torvada, desfalecida e com vertigens, tem dificuldade em atravessar as poldras do rio e, num dos lanços, eis que o berço de vime onde levava o filho recém-nascido lhe cai na forte corrente do rio. Tenta alcançá-lo, mas não consegue. Desesperadamente, lança-se ao rio, mas a luz das estrelas não lhe dá a claridade suficiente para avistar o berço. Dirige-se, então, para a margem, pensando avistar o berço, mas, agonizante, só consegue agarrar-se ao ramo de um salgueiro. É aqui que o moleiro a encontra, já quase sem vida. A 2ª Parte da novelacomeça exatamente no ponto em que termina a história da 1ª Parte. É constituída pela
  • 3. história da filha enjeitada, a criança encontrada no rio pelo pescador Francisco Bragadas. Baptizada com o nome de Maria Moisés, é criada na quinta de Santa Eulália. Recolhida pelo caseiro da quinta de santa Eulália, a jovem Maria Moisés é adoptada pelos fidalgos de Santa Eulália e educada sob a orientação do bondoso Cónego João Correia Botelho, acabando por herdar a quinta de Santa Eulália. Aos 18 anos, manifesta a vocação da sua vida: "criar meninos enjeitados!", isto é, dedicar-se a uma vida de amor caridoso pelos mais pobres e abandonados, como ela o fora. Paulatinamente, lá vão chegando as crianças, que ela alimenta e educa com desvelos maternais e uma generosidade quase sem limites, "porque o prazer de dar é muito maior que o de receber" Por fim, passados quase quarenta anos, e como uma manifestação da Providência divina (que aqui agracia, e não castiga), surge a cena do encontro entre pai e filha ou reconhecimento Achamento e criação de Maria Moisés: o pescador Francisco Bragadas encontra uma criança abandona junto ao rio Tâmega, salva milagrosamente num berço de vime, e adopta-a como filha, a juntar aos onze que já tem. Dada a fama do aposentado dr. Teotónio de Valadares, as duas manas solteironas (D. Maria Tibúrcia e D. Maria Filipa) ainda colocam a hipótese de se tratar de mais um dos seus filhos ilegítimos. A criança é, depois, baptizada com o nome de Maria Moisés, a 28 de Agosto de 1813, precisamente o dia em que sua mãe Josefa também era enterrada em Santo Aleixo. O nome é escolhido pela família fidalga da quinta de Santa Eulália , que trata carinhosamente a pequena enjeitada. O cónego bracarense João Correia Botelho assume a orientação educativa da jovem Maria Moisés, enviando-a, aos 15 anos, para o Convento das Teresinhas, em Braga. Vida virtuosa da santa Moisés: regressada do Convento, três anos depois, a jovem Maria Moisés confessa ao Cónego Correia Botelho a sua opção de vida: a sua vocação era criar enjeitados como ela, isto é, exercer a caridade na figura das crianças pobres e desamparadas, consequência da "dissolução dos costumes" . A sua vida virtuosa é sustentada pela herança legada pela sua madrinha, da quinta de Santa Eulália, bem como pelos generosos apoios do bondoso Cónego bracarense, falecido em 1836. Um dos mais elucidativos exemplos da vida caritativa de Maria Moisés, foi o modo discreto mas decidido como resolveu ocultar a gravidez da sua "irmã", a filha do próprio Francisco Bragadas, cujo noivo falece inesperadamente. Entretanto, a fama da santa Moisés estende-se rapidamente pelas terras em redor. Regresso de pai e reconhecimento: em 1850, ao fim de 37 anos de forçado e doloroso auto-exílio, o velho António de Queirós regressa do Brasil, reformado na patente de general. Passeando pela aldeia, conversa com duas pessoas que o ajudam a "reviver o passado", que ele magoadamente, nunca esquecera, mas sobretudo a encontrar a sua filha: o reitor de São Salvador, o Padre Bento Fernandes, o então minorista da Póvoa que assistira aos responsos por alma de Josefa; e Fernando Gonçalves Penha, amigo da juventude. Inteirado das dificuldades económicas por que passava Maria Moisés, dirige-se à quinta de Santa Eulália com o propósito de a comprar. Nesta altura, aparece-lhe Maria Moisés rodeada de 13 crianças desamparadas. Dá-se, então, a previsível e emocionada cena do reconhecimento entre pai e filha, classificada pelo narrador como um "sublime lance". O mesmo narrador encerra a história com uma invocação ao amigo e poeta romântico Tomás Ribeiro, e uma violenta invetiva satírica que tem como alvo a nova escola realista e a sua doentia predileção pelas cores fortes e pela podridão social. Por tudo isto, creio que, diante da bipartição expressa pelo autor e sobretudo perante o significado das sequências narrativas que as compõem, sobressai a necessidade de aprofundar a ideia da distinção
  • 4. narrativa e temática entre a 1ª e a 2ª Partes da novela, de modo a visualizar melhor um dos temas mais englobantes da mundividência camiliana, o perene conflito entre o Mal e o Bem: 1ª PARTE: 2ª PARTE: HISTÓRIA PASSIONAL HISTÓRIA "HAGIOGRÁFICA" (de PERDIÇÃO) (de SALVAÇÃO) Amor-paixão Caridade cristã de Josefa da Lage, a amante de Maria Moisés, solteira e casta enjeitada apaixonada Vida atribulada de uma jovem mulher perdida. É a história exemplar de um verdadeiro amor de perdição. Vida virtuosa da santa Moisés e a sua caridade pelos pobres. É a história modelar de um amor de salvação. Esta mulher que se deixa atrair pela paixão e pelo prazer, é qualificada pela mentalidade popular como: perdida, desonrada, manchada,amaldiçoada. Esta mulher que dedica a sua vida ao amor pelos desprotegidos merece os qualificativos de: anjo, mãe dos pobres, santa Moisés, mulher bendita.. "Por tudo isto parece-nos lícito afirmar que o genial autor de Maria Moisés aproveitou daqui e dali muitos elementos e personagens verdadeiros, misturou-os e plasmou-os com a sua extraordinária capacidade de efabulação e a grandiosa veia lírica do seu estro, produzindo deste modo uma das mais formosas, admiráveis e perfeitas novelas portuguesas. Tal foi, quanto a nós, a génese de Maria Moisés" • Espaço: 1ª Parte: freguesia de Santo Aleixo de além-Tâmega, com a particularização de vários lugares ou propriedades, como: Ínsua, Cangosta do Estêvão, Várzea das Poldras, Agra da Cruz, bravio do Pimenta, campo da Lagoa, quinta do Enxertado, Granja, Cimo de Vila, Cavês, encruzilhada do Mato, etc. • 2ª Parte: freguesia de São Salvador de aquém-Tâmega (freguesia sede do conselho), mencionando também lugares como: Quinta de Santa Eulália, Quinta do Enxertado, casa da Temporã, etc. (além dos vários lugares referidos na 1ª Parte). • Tempo: dissolução dos costumes os eventos constitutivos da narrativa e nas falas das personagens, ainda estão presentes dois acontecimentos ou momentos políticos que marcaram a sociedade portuguesa dessas épocas: Opinião do leitor:Acho que a obra em si é muita cansativa, torna-se aborrecida. Tive a necessidade de fazer pausas na leitura para me conseguir concentrar o que não é habitual, contudo tem uma história linda e uma ótima lição de vida para todos nós mas não aconselho a sua leitura. Moral da história:Eu acho que a obra se liga bastante ao velho ditado «Quem sai aos seus não degenera» O que se aprende com a leitura da obra:Que a vida é injusta e que nos surpreende da pior forma quando menos esperamos.