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Mandato Cultural
Deus colocou o homem em um relacionamento singular com o cosmos,
através do mandato cultural. Esse era um relacionamento de
governador sobre o domínio cósmico. O homem deveria exercitar suas
prerrogativas reais fazendo o seguinte:
· Governando · Desenvolvendo · Mantendo
O governo do homem sobre o cosmos envolve trabalho. Por causa
disso, ele acentua também dois aspectos importantes sobre o trabalho:
· Privilégio real: O homem tem privilégio porque ele pode usufruir das
fontes naturais do reino cósmico para o seu sustento. Como vimos,
Gênesis 1.29 diz que Deus providenciou para o homem o sustento
necessário para o mantimento da sua vida.
· Responsabilidade real: O homem é responsável pelo cosmos. Já foi
ressaltado acima que o homem deveria fazer isso governando,
desenvolvendo e mantendo o reino cósmico. Esses três aspectos devem
caminhar sempre juntos na visão bíblica sobre o trabalho. O homem
não deveria usar excessivamente do reino cósmico, a ponto de destruí-
lo. Antes, ele deveria usá-lo com responsabilidade, de modo que o seu
trabalho glorificasse a Deus. O homem não deveria também deixar as
fontes naturais do reino cósmico intactas; ele deveria usá-las e
desenvolvê-las para a glória de Deus. Esse princípio não é estranho às
Escrituras. Mateus relata no capítulo vinte e cinco do seu livro a
parábola dos talentos. É muito importante notar que o servo bom e fiel
é aquele que desenvolveu o que havia recebido do seu senhor (cf.
v.20,21,22,23). Ao passo que o servo mau é aquele que não
desenvolveu o que havia recebido do seu senhor (cf. v.26).
Dois aspectos importantes no mandamento do trabalho. Eles são:
· O trabalho não é indefinido: Isto é, são seis dias de trabalho de acordo
com o modelo da criação. Robertson cita Murray sobre esse ponto; um
comentário que não pode deixar de ser transcrito aqui. Murray diz:
A ênfase colocada sobre os seis dias da semana deve ser devidamente apreciada.
A ordenança divina não é simplesmente referente ao trabalho; é trabalho com
certa constância. Há, na verdade, descanso do trabalho, o descanso de um dia
inteiro em cada sete. Provê-se a subsistência do ciclo de descanso, mas há
também o ciclo do trabalho. E o ciclo do trabalho é tão irreversível quanto o
ciclo do descanso. A lei de Deus não pode ser impunemente violada. Podemos
estar perfeitamente certos de que muitos dos nossos males físicos e econômicos
procedem da falta de observância do dia semanal de descanso. Mas podemos
também estar perfeitamente certos de que muitos dos nossos males econômicos
resultam da nossa falha em reconhecer a santidade dos seis dias de trabalho. O
trabalho não é apenas um dever; é também uma bênção. E, de igual maneira,
seis de trabalho são tanto um dever quanto uma bênção.[28]
O que deve ser ressaltado aqui é que Deus estabeleceu um padrão de
trabalho e de descanso: seis para um. O mais importante é que Deus
abençoa a obediência constante desse padrão.
· O trabalho é o principal meio pelo qual é assegurado o desfrute da
criação por parte do homem.[29]
Outra observação importante sobre o trabalho é que esse mandato do
trabalho é mantido no Novo Testamento. Em 2 Tessalonicenses 3.10-12
lê-se:
Porque, quando ainda convosco, vos ordenamos isto: Se alguém não
quer trabalhar, também não coma. Pois, de fato, estamos informados
de que entre vós há pessoas que andam desordenadamente, não
trabalhando; antes se intrometem na vida alheia. A elas, porém,
determinamos e exortamos, no Senhor Jesus Cristo, que, trabalhando
tranqüilamente, comam o seu próprio pão.
O mandato cultural, portanto, estende-se a todas as áreas da vida:
política, tecnologia, artes, ciência, ensino, prestação de serviços e etc.
Ele deve ser cumprido dentro do padrão estabelecido por Deus na
criação.
adentremos ao questionamento aduzido pelos críticos do
Neocalvinismo contra as doutrinas supracitadas. A crítica baseia-se, de
modo geral, que a introdução destes conceitos leva a igreja ao
mundanismo. A idéia é que ao aceitarmos que os ímpios podem
realizar coisas boas e que os cristãos devem atuar na transformação das
estruturas sociais, estaremos negando a antítese existente entre os
filhos de Deus e os filhos da perdição, negando a doutrina da
depravação total e levando a igreja a um ativismo social, tirando o foco
do evangelismo e do segundo advento de Cristo.
Desculpe-me a expressão, mas estes argumentos são uma
completa tolice. Primeiro, a doutrina da Graça Comum, tão evidente
nas Institutas de Calvino, mesmo que não rotulada com este nome, não
nega a antítese, já que apenas reconhece que toda verdade procede de
Deus. A negação desta doutrina nos leva a muitos problemas, já que
grandes feitos produzidos por ímpios como a cura de doenças, técnicas
avançadas de agricultura, grandes obras literárias e etc, deverão ser,
inevitavelmente, atribuídos à pecaminosidade humana ou ao diabo, o
que é ridículo. Calvino nos adverte em suas Institutas que ao não
reconhecermos a verdade aonde quer que ela esteja estaremos
correndo o risco de sermos insultuosos para com o Espírito Santo de
Deus. Segundo, dizer que a Graça Comum é contrária a doutrina da
Depravação Total é na verdade assinar um atestado de superficialidade
com relação às doutrinas Reformadas! A Depravação Total não afirma
que tudo que é produzido pelo ímpio é necessariamente mau e que o
ser humano é absolutamente depravado, mas que o pecado afetou
todas as áreas da existência humana, tornando o ser humano cego para
a realidade de Deus, já que após a queda morremos espiritualmente. O
ímpio, pela graça de Deus, pode produzir coisas boas, mesmo que por
motivações equivocadas e não reconhecendo que seus talentos provêm
de Deus. Em terceiro lugar, o Mandato Cultural não leva ao
mundanismo, ao contrário, leva a “desmundanização” do mundo,
perdoem-me o neologismo. Este mandato não tem como objetivo
transformar o mundo para acelerar a volta de Cristo, como asseveram
alguns, já que este foi proferido bem antes do primeiro avento. O fulcro
do Mandato Cultural é a reconciliação de todas as esferas da vida,
possibilitada pela obra vicária de Cristo, com a vontade original de
Deus para a sua criação. Logo, a busca do cumprimento deste mandato
não leva a um ativismo mundano da igreja, mas sim a verdadeira
missão da fé cristã, que é a glória de Deus! Esta missão envolve todas
as esferas da vida humana, inclusive o evangelismo. Devemos salientar
que a busca por transformação não nos leva a crença de conseguirmos
um mundo perfeito aqui e agora, já que esta perfeição só será
alcançada na segunda vinda de Cristo. Entretanto, sabemos que o
Reino de Deus já é chegado e nós cristãos somos seus cidadãos e
embaixadores, logo não podemos nos conformar com as injustiças
deste mundo, mas atuarmos, como base em Cristo, para que todas as
coisas glorifiquem a Deus. Não podemos fechar os olhos para todo o
mal existente e apenas esperarmos o segundo advento. Isto é uma
crueldade, já que as necessidades e os problemas são prementes.
Logo, estas doutrinas, ao contrário do que seus críticos
afirmam, não levam ao mundanismo, mas o evita, já que temos uma
compreensão de mundo integral, fundada no logos que é Jesus Cristo.

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Mandato cultural

  • 1. Mandato Cultural Deus colocou o homem em um relacionamento singular com o cosmos, através do mandato cultural. Esse era um relacionamento de governador sobre o domínio cósmico. O homem deveria exercitar suas prerrogativas reais fazendo o seguinte: · Governando · Desenvolvendo · Mantendo O governo do homem sobre o cosmos envolve trabalho. Por causa disso, ele acentua também dois aspectos importantes sobre o trabalho: · Privilégio real: O homem tem privilégio porque ele pode usufruir das fontes naturais do reino cósmico para o seu sustento. Como vimos, Gênesis 1.29 diz que Deus providenciou para o homem o sustento necessário para o mantimento da sua vida. · Responsabilidade real: O homem é responsável pelo cosmos. Já foi ressaltado acima que o homem deveria fazer isso governando, desenvolvendo e mantendo o reino cósmico. Esses três aspectos devem caminhar sempre juntos na visão bíblica sobre o trabalho. O homem não deveria usar excessivamente do reino cósmico, a ponto de destruí- lo. Antes, ele deveria usá-lo com responsabilidade, de modo que o seu trabalho glorificasse a Deus. O homem não deveria também deixar as fontes naturais do reino cósmico intactas; ele deveria usá-las e desenvolvê-las para a glória de Deus. Esse princípio não é estranho às Escrituras. Mateus relata no capítulo vinte e cinco do seu livro a parábola dos talentos. É muito importante notar que o servo bom e fiel é aquele que desenvolveu o que havia recebido do seu senhor (cf. v.20,21,22,23). Ao passo que o servo mau é aquele que não desenvolveu o que havia recebido do seu senhor (cf. v.26). Dois aspectos importantes no mandamento do trabalho. Eles são: · O trabalho não é indefinido: Isto é, são seis dias de trabalho de acordo com o modelo da criação. Robertson cita Murray sobre esse ponto; um comentário que não pode deixar de ser transcrito aqui. Murray diz: A ênfase colocada sobre os seis dias da semana deve ser devidamente apreciada. A ordenança divina não é simplesmente referente ao trabalho; é trabalho com certa constância. Há, na verdade, descanso do trabalho, o descanso de um dia inteiro em cada sete. Provê-se a subsistência do ciclo de descanso, mas há também o ciclo do trabalho. E o ciclo do trabalho é tão irreversível quanto o
  • 2. ciclo do descanso. A lei de Deus não pode ser impunemente violada. Podemos estar perfeitamente certos de que muitos dos nossos males físicos e econômicos procedem da falta de observância do dia semanal de descanso. Mas podemos também estar perfeitamente certos de que muitos dos nossos males econômicos resultam da nossa falha em reconhecer a santidade dos seis dias de trabalho. O trabalho não é apenas um dever; é também uma bênção. E, de igual maneira, seis de trabalho são tanto um dever quanto uma bênção.[28] O que deve ser ressaltado aqui é que Deus estabeleceu um padrão de trabalho e de descanso: seis para um. O mais importante é que Deus abençoa a obediência constante desse padrão. · O trabalho é o principal meio pelo qual é assegurado o desfrute da criação por parte do homem.[29] Outra observação importante sobre o trabalho é que esse mandato do trabalho é mantido no Novo Testamento. Em 2 Tessalonicenses 3.10-12 lê-se: Porque, quando ainda convosco, vos ordenamos isto: Se alguém não quer trabalhar, também não coma. Pois, de fato, estamos informados de que entre vós há pessoas que andam desordenadamente, não trabalhando; antes se intrometem na vida alheia. A elas, porém, determinamos e exortamos, no Senhor Jesus Cristo, que, trabalhando tranqüilamente, comam o seu próprio pão. O mandato cultural, portanto, estende-se a todas as áreas da vida: política, tecnologia, artes, ciência, ensino, prestação de serviços e etc. Ele deve ser cumprido dentro do padrão estabelecido por Deus na criação. adentremos ao questionamento aduzido pelos críticos do Neocalvinismo contra as doutrinas supracitadas. A crítica baseia-se, de modo geral, que a introdução destes conceitos leva a igreja ao mundanismo. A idéia é que ao aceitarmos que os ímpios podem realizar coisas boas e que os cristãos devem atuar na transformação das estruturas sociais, estaremos negando a antítese existente entre os filhos de Deus e os filhos da perdição, negando a doutrina da depravação total e levando a igreja a um ativismo social, tirando o foco do evangelismo e do segundo advento de Cristo. Desculpe-me a expressão, mas estes argumentos são uma completa tolice. Primeiro, a doutrina da Graça Comum, tão evidente
  • 3. nas Institutas de Calvino, mesmo que não rotulada com este nome, não nega a antítese, já que apenas reconhece que toda verdade procede de Deus. A negação desta doutrina nos leva a muitos problemas, já que grandes feitos produzidos por ímpios como a cura de doenças, técnicas avançadas de agricultura, grandes obras literárias e etc, deverão ser, inevitavelmente, atribuídos à pecaminosidade humana ou ao diabo, o que é ridículo. Calvino nos adverte em suas Institutas que ao não reconhecermos a verdade aonde quer que ela esteja estaremos correndo o risco de sermos insultuosos para com o Espírito Santo de Deus. Segundo, dizer que a Graça Comum é contrária a doutrina da Depravação Total é na verdade assinar um atestado de superficialidade com relação às doutrinas Reformadas! A Depravação Total não afirma que tudo que é produzido pelo ímpio é necessariamente mau e que o ser humano é absolutamente depravado, mas que o pecado afetou todas as áreas da existência humana, tornando o ser humano cego para a realidade de Deus, já que após a queda morremos espiritualmente. O ímpio, pela graça de Deus, pode produzir coisas boas, mesmo que por motivações equivocadas e não reconhecendo que seus talentos provêm de Deus. Em terceiro lugar, o Mandato Cultural não leva ao mundanismo, ao contrário, leva a “desmundanização” do mundo, perdoem-me o neologismo. Este mandato não tem como objetivo transformar o mundo para acelerar a volta de Cristo, como asseveram alguns, já que este foi proferido bem antes do primeiro avento. O fulcro do Mandato Cultural é a reconciliação de todas as esferas da vida, possibilitada pela obra vicária de Cristo, com a vontade original de Deus para a sua criação. Logo, a busca do cumprimento deste mandato não leva a um ativismo mundano da igreja, mas sim a verdadeira missão da fé cristã, que é a glória de Deus! Esta missão envolve todas as esferas da vida humana, inclusive o evangelismo. Devemos salientar que a busca por transformação não nos leva a crença de conseguirmos um mundo perfeito aqui e agora, já que esta perfeição só será alcançada na segunda vinda de Cristo. Entretanto, sabemos que o Reino de Deus já é chegado e nós cristãos somos seus cidadãos e embaixadores, logo não podemos nos conformar com as injustiças deste mundo, mas atuarmos, como base em Cristo, para que todas as coisas glorifiquem a Deus. Não podemos fechar os olhos para todo o mal existente e apenas esperarmos o segundo advento. Isto é uma crueldade, já que as necessidades e os problemas são prementes. Logo, estas doutrinas, ao contrário do que seus críticos afirmam, não levam ao mundanismo, mas o evita, já que temos uma compreensão de mundo integral, fundada no logos que é Jesus Cristo.