1) O documento discute a história e teologia da liturgia cristã, especificamente no que diz respeito à compreensão do sacerdócio de Cristo.
2) Apresenta como a visão da liturgia evoluiu de uma perspectiva mais hierárquica para uma que enfatiza a participação de todo o povo de Deus, em linha com o concílio vaticano II.
3) Conclui que revisitar constantemente a história e teologia da liturgia pode ajudar a compreender e celebrar melhor o sacerdócio de Cristo
A importância da história e da teologia para compreender e celebrar o sacerdócio de Cristo
1. UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA
FACULDADE DE TEOLOGIA
MESTRADO INTEGRADO EM TEOLOGIA (1.º grau canónico)
JOÃO MIGUEL PEREIRA
IVº ANO
Trabalhos de avaliação contínua
Trabalho realizado no âmbito de Liturgia Cristã, Fundamentos.
sob orientação de:
Prof. Doutor Joaquim Félix
Braga
2018
2. 1
1 - Comecemos por fazer uma breve resenha etimológico-histórica:
Quando falamos em “celebrar o sacerdócio de Cristo” o pensamento vincula-se ao conceito
“liturgia”. Mas, falamos de quê? «“Liturgia” (grego: λητουργια − λειτουργια) é uma palavra composta
pela raiz ληιτ (de ληος−λαος = povo), que significa genericamente “público – pertencente ao povo” e
εργον (εργαζοµαι = agir, operar) no sentido de “ação – obra”. O termo assim composto significa
diretamente: “obra-ação para o povo”; mas põe também em relevo – seja como significado secundário
– o valor “público” da ação, pela qual a palavra pode traduzir-se também por “ação-obra pública”»1
.
Após o termo “liturgia” ter começado a ser utilizado no contexto latino, oficialmente no
pontificado de Gregório XVI, substituindo os temos «officia divina, opus divinum, sacri ou ecclesiae
ritu», seguiram-se tempos em que este foi muitas vezes compreendido atendendo apenas em linha ao
aspeto exterior dos ritos e das rubricas liturgias: era a soma das normas com as quais a autoridade da
Igreja regulava a celebração do culto com os delegados designados para a realizarem. Acentuou-se
assim uma visão da liturgia a partir do seu aspeto exterior e estático, com uma entronização da
componente puramente jurídica.
Havia de chegar o usualmente conhecido “Movimento litúrgico”, 1909, - um dos movimentos
impulsionadores do Concílio Vaticano II - que conduziu energias para dar à liturgia um alicerce mais
teológico, atribuindo-lhe um valor formativo para a vida espiritual dos cristãos2
. «Uma definição
brevíssima, mas muito completa, foi aquela que nos foi fornecida e explicada por L. Beauduin (1873-
1960): “a liturgia é o culto da Igreja”»3
. «A força inovadora desta simples definição está na palavra
“Igreja”, que especifica num sentido formalmente cristão o “culto”. Este, de facto, assume da “Igreja”
o próprio carácter público e “comunitário”, não no sentido de semelhança a qualquer outro,
proveniente de qualquer “sociedade” que o estabelece mediante uma lei, mas no sentido de que a
“Igreja”, sendo no mundo a continuação de Cristo, exerce um culto tal como Cristo prestou ao Pai na
sua vida terrena. O culto da Igreja é, portanto, um culto cristão no sentido eminente, porque é
continuação do de Cristo; é, pois, culto comunitário e público porque nele se exprime a própria
natureza da Igreja, que é comunidade visivelmente reunida à volta de Cristo»4
.
A liturgia é, de forma sucinta, a continuação/actuação pela Igreja - corpo místico de Jesus
Cristo, cuja cabeça é o próprio Cristo nela presente e co-agente - do culto perfeito que Cristo prestou
“em plenitude” (SC 5), na sua humanidade, ao Pai. Cristo é o verdadeiro e definitivo protagonista
daquele “sacerdócio” perfeito, isto é, interior e espiritual, que Deus prescrevia para Israel (cf. Ex 19, 5-
1
Bernardino Costa o.s,b., Fundamentos da Liturgia Cristã, citando: «Liturgia» do Dicionário de Liturgia: S. Marsili, «Liturgia», in Dicionário de Liturgia,
ed. D. Sartore - A. M. Triacca, Paulinas, S. Paulo 1992, 638-651.
2
Cf. Joaquim Félix, Liturgia Fundamentos, 29.
3
Bernardino Costa o.s,b., Fundamentos da Liturgia Cristã, 3.
4
Ibidem.
Em que é que a história e a teologia podem contribuir para compreender e celebrar melhor o
sacerdócio de Cristo?
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3. 2
6). «Deste mesmo culto, o cristão é, pela sua participação e assimilação a Cristo, o continuador na
liturgia, na qual o rito é símbolo da acção pelo qual Deus opera a transformação do homem em Cristo.
É, de facto, em virtude desta transformação que o homem será para Deus o que Cristo era para o Pai: o
filho que honra e glorifica, por obediência, com a sua própria existência o Pai»5
.
2 – Vamos ao núcleo da questão:
Ainda que tenhamos falado anteriormente da definição apresentada por Lambert Beauduin (“a
liturgia é o culto da Igreja”) importa não esquecer que naquele contexto a conceção de Igreja estava
ainda (ou agora – contornos do concílio de Trento e cismas do ocidente) associada a uma perspetiva
acentuadamente hierárquica da Igreja. Isto evidencia-se quando na encíclica Mediator Dei se fala que
«a Liturgia é antes de mais uma coisa da Igreja hierárquica» e «o seu exercício pertence, de modo
primordial, aos sacerdotes»6
. Não ignorando o sacerdócio comum dos fiéis, pois nela se afirma que
«participam do sacerdócio de Cristo enquanto membros de Cristo Sacerdote», dá-lhe um valor passivo.
A participação dos fiéis não seria necessária para dar à missa o seu carácter público e comunitário
sendo que a sua “presença” contribuiria para «alimentar a piedade dos fiéis e a sua união com Cristo
estimulando-lhes os sentimentos e as disposições interiores de assimilação ao sumo sacerdote do Novo
Testamento» (Pio XII).
Para chegar à já referida visão da liturgia como «uma ação sagrada através da qual, mediante
um rito, na Igreja e mediante a Igreja, Cristo continua a sua obra sacerdotal, isto é a santificação dos
homens e a glorificação de Deus»7
, conscientes que a Igreja, como corpo místico de Cristo, não é
apenas a hierárquica mas sim “Igreja-povo de Deus na sua totalidade”, foi preciso fazer-se um longo
caminho que se espelhou finalmente, ainda que de forma ténue, na constituição Sacrosanctum
Concílium 14: o povo cristão, «enquanto sacerdócio régio tem o dever e o direito, em virtude do
Batismo, de participar na Liturgia». Toma-se finalmente a consciência de que «o povo cristão é dotado
de verdadeira dignidade sacerdotal, fruto de verdadeira vocação e eleição sacerdotal» e ainda de que o
único mediador entre Deus e os homens é Cristo sendo que «no ministro agem, prospectivamente,
Cristo e a Igreja. Por outras palavras: na liturgia, quando o ministro age, por exemplo, como
presidente, ele não é “mediador” da própria Igreja, mas na sua oração, reza a Igreja (ex. Oração
eucarística: apesar de ser ele a recitar, é sempre a Igreja que recita)»8
.
Assim, uma visão que reduza a liturgia ao exercício de culto dos ministros sagrados, fechando-
se à compreensão apenas destes por vias de uma língua ignorada pelo povo, ou de formas rituais
exuberantes, cheias do supérfluo e afastadas do pensamento e da cultura, ignora toda uma evolução
histórico-teológica, retrocedendo a um dualismo cultual coetâneo do Antigo Testamento (Levítico) e
5
Ibidem. 4.
6
O Codex Iuris Canonici da época (1917) tinha já especificado no cânon 1256, definindo a liturgia como «culto público», porque é culto que é prestado a
Deus «em nome da Igreja» por pessoas legitimamente delegadas pela mesma Igreja e segundo as orientações por ela institucionalizadas. In: Ibidem, 9.
7
Ibidem, 6.
8
Ibidem, 11-12.
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4. 3
que o Novo Testamento não conhece nem admite9
. É preciso fazer um retorno histórico às
comunidades cristãs primitivas por via dos escritos dos Atos dos Apóstolos e da Patrística para
compreender a estrutura e composição da liturgia e o verdadeiro sentido do sacerdócio de Cristo, de
como Ele mesmo reconheceu a vida cultual judaica, praticou-a e, progressivamente, foi-se dela
afastando10
. «A Igreja apostólica, proclamando o acontecimento salvífico “Cristo Jesus”, criou formas
novas; seguiu os ensinamentos do Senhor, apoiando-se, neste processo, em formas próprias da vida
religiosa quotidiana, da qual provinham os primeiros discípulos e na qual continuaram a viver durante
muito tempo. As formas novas parecem ser:
- o batismo em nome de Jesus: um banho com a invocação do nome de Cristo Jesus, enviado pelo Pai
para comunicar o Espírito; - A fração do pão ou ceia do Senhor, memorial da sua morte; - A oração
sob várias formas; - A imposição das mãos para conferir o Espírito, juntamente com o poder de
presidir à comunidade eclesial.
Tudo isto num clima de simplicidade extraordinária, de vitalidade espontânea, de alegria, ainda que se
continuasse a seguir, explicitamente ou implicitamente, formas religiosas judaicas daquele tempo. De
que formas se tratava? Parece que se deve excluir o culto do templo, pelo menos no que concerne aos
sacrifícios; mas certamente continuava-se a praticar o ofício de oração11
e de leitura da sinagoga, os
usos de oração da vida quotidiana familiar dos judeus, principalmente aqueles relativos às refeições,
tanto quotidianos como semanais (do sábado)»12
.
3 – Em jeito de conclusão, uma síntese pessoal:
Parece-me que um revisitar constante, quer sobre o aspeto teológico quer sobre o aspeto
histórico, da “Pedra Angular” onde se assentam todas as pedras vivas do templo “Igreja - Corpo de
Cristo” só pode contribuir para uma melhor compreensão purificação/aperfeiçoamento da «acção
sagrada através da qual, mediante um rito, na Igreja e mediante a Igreja, Cristo continua a sua obra
sacerdotal». O que melhor poderá haver para um espírito confuso do que tornar ao alicerce seguro da
sua existência? Mas há que perseverar na esperança, confiantes que o Espírito Santo prometido há-de
iluminar sempre a Igreja até que Cristo venha de novo e, como Esposo, receba pela mão a sua esposa
amada. Ficar agarrados, petrificados e estagnados numa época histórica não é solução. Nega-la como
se ela nunca tivesse existido ou demoniza-la sem investigar as razões que tiveram na sua génese, não
me parece igualmente justo. Julgo que há que considerar o exemplo o escultor que pegando na matéria
prima que recebe do ambiente a sujeita a um processo de ablação; retirar de cada época o que
realmente é essencial, fazendo-se uma séria circunspecção teológica, histórica e pastoral (cf. SC 23)
buscando a harmonia da simplicidade, sobriedade, brevidade e praticidade (cf. SC 34).
9
Cf. Ibidem, 14.
10
Ibidem, 16.
11
Act 3,1: Pedro e João rezam ao princípio da tarde (“hora nona”), no templo, e ao meio dia em casa (“hora sexta”). Daqui se conclui que a comunidade
guardava - tal como os grupos judaicos mais devotos - as horas de oração além das propriamente oficiais e comuns da manhã e da tarde. In: Bernardino
Costa o.s.b., Fundamentos da Liturgia Cristã, 19.
12
Ibidem, 16-17.
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5. 4
De Gregório VII, passando por Trento até às origens do Vaticano II
Tema polémico, que recentemente tem levantado grandes discussões - com alguns a quererem-
se libertar de todo e qualquer conservadorismo litúrgico (fazendo-se valer até de músicas dos “Chutos
e pontapés” durante as celebrações litúrgicas) ao passo que outros restauram excentricidades
supérfluas e desenquadradas da cultura atual (“rendinhas, trapinhos e capas magnas”) - é este que
abarca o conteúdo do Concílio de Trento (e o que o antecede) até às transformações promovidas pelo
Concílio Vaticano II. Parece-me útil, de forma a esclarecer-me a mim mesmo, aprofundar este
contexto. Se é do senso comum que fundamentalismos ou subjetivismos radicais são sempre oriundos
de grande confusão e desagradáveis combates, também o é de que quando não se conhecem
minimamente as duas faces da moeda sujeitamo-nos a tender ora para um lado ora para outro.
Procurando encontrar “pé-seguro” para cimentar a minha formação, proponho-me a trabalhar os temas
14 a 16.
Tema 14 – De Gregório VII até ao Concílio de Trento (1073-1545)
Após o ano 1000, sobretudo durante os séc. XII e XIII, operam-se transformações que face à
reforma litúrgica operada por Cluny (que se torna modelo para toda a Igreja graças a figuras como:
Odo, Odilão, Hugo (924-1109)) e que aumenta a duração e a solenidade da liturgia e a sumptuosidade
das igrejas, encontram como contraponto um movimento de retorno13
que quer simplificar, abreviar,
regressar à pobreza e simplicidade das primeiras origens. Há igualmente um retorno aos clássicos
antigos e às ciências (Direito romano; Aristóteles). Surgem os descobrimentos geográficos portugueses
e espanhóis, desenvolve-se a grande escolástica (Alberto Magno, Boaventura, Tomás de Aquino),
constroem-se as abadias e catedrais góticas. Todo este edifício medieval começa a desmoronar-se com
o início da primeira década do séc. XIV, altura em que começa um longo período de guerras, desastres,
calamidades, e pestes (“peste negra”). Estava prestes a estalar a reforma protestante com os seus
fundamentos em Lutero (e este por sua vez em John Wycliffe e Jan Hus).
a) A renovação do Papado e a unificação da liturgia ocidental:
Após a grande crise litúrgica atingida em Roma no séc. X, Gregório VII (1073-1085), vendo na
liturgia uma forma de convergência e renovação da vida eclesiástica e de afirmação da autoridade
papal «protesta contra a destruição da antiga liturgia romana, mas com o intuito de a restaurar, não
conhecendo a real situação histórica, instaura e consolida a liturgia “romano-franco-germânica”»14
.
Sob pretexto de garantir a verdade e impelir tributo das igrejas ocidentais à igreja “mãe” impõe a todas
13
Romualdo com os Camaldolos (1012); João Gualberto com Valombrosa (1030), Bruno com a Cartuxa (1084). E mais acentuadamente com Norberto e
os premonstratenses (1134), Bernardo com os Cistersienses (1153). Sobre isto ver mais em: Bernardino Costa o.s.b., Fundamentos da Liturgia Cristã, 75-
76.
14
Ibidem, 76.
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6. 5
elas o uso da liturgia de Roma. Como consequência, suprimiu a liturgia visigótica em Espanha
(“liturgia hispânica”).
Para a rápida unificação da liturgia no ocidente contribuíram: a Ordem Franciscana, que tendo-
se espalhado rapidamente no ocidente havia adotado o missal e breviário secundum usum romanae
curiae; Guilherme Durando (bispo de Mende, França) que compôs um Pontifical em que aos usos
romanos acrescenta outros próprios da cultura franco-germânica e que rapidamente se difundiu; a
invenção da Imprensa (1436-1440).
b) Pregação e liturgia:
Nos primeiros séculos a pregação homilética fazia parte do ofício dos bispos e em algumas
regiões também dos presbíteros, pelo menos ao domingo e dias festivos. Desde o princípio da idade
média a pregação entra em declínio. Mas, nas últimas décadas do séc. XII, diversos movimentos como
os de Pedro Valdo e pouco mais tarde as ordens mendicantes trazem um novo florescimento da
homilia e da pregação ao povo. Esta última, realiza-se fora da missa, desvinculação esta refletida no
afastamento do púlpito do presbitério para a nave das igrejas, debaixo de um tom altamente retórico.
Após o período alto da escolástica do séc. XIII, a decadência da Teologia coincide com a decadência
da pregação: os sermões são cada vez mais floridos e rebuscados, desconexos da Sagrada Escritura e
dos dias litúrgicos e assemelham-se a tratados teológicos.
c) Nova piedade eucarística:
Até finais do séc. XII foi-se introduzindo uma atitude de afastamento da eucaristia: o povo
deixava de receber a comunhão para apenas «admirar, contemplar, adorar de longe o augusto
sacramento». Esse afastamento notório desde o séc. V tem por génese a luta contra o Arianismo, a
invasão das apologias15
dentro da missa e, mais lamentavelmente16
, a ideia da eucaristia como «“mesa
terrível” e “mysterium tremendum”». Em 506 o concílio de Adge determina receber a comunhão no
mínimo três vezes ao ano; em 1215 o IV concílio de Latão reduz para apenas uma vez (pela Páscoa).
Ao mesmo tempo que diminui a prática da comunhão (e igualmente do papel ativo dos fieis na
missa17
), cresce o desejo de contemplar e adorar o Santíssimo Sacramento: a conceção da missa como
bona gratia e epifania de Deus, alimentada por explicações alegóricas, adquire um extraordinário
relevo quando, nos finais do séc. XII, se introduz a elevação das espécies eucarísticas. Esta ostentação
das espécies consagradas levam alguns a equipara-la à comunhão, a repeti-la (no final do Cânon e
depois do Agnus Dei), pronunciam-se orações e cânticos nesses momentos. Introduzem-se ainda novas
15
«Orações nas quais ele, em privado, acusa os seus pecados, pedindo a Deus perdão por si, para ser digno de celebrar os sacros mistérios. É um
fenómeno que vai crescendo sem limites», In: Ibidem, 77.
16
Papa Francisco em entrevista à TV2000: «A Eucaristia não é um prêmio para os bons, mas remédio para os fracos».
17
«No início da Idade Média (VI-VII séc.) a participação [dos fiéis] era ainda viva: aclamações, respostas; canto das partes convenientes, como Kyrie,
Sanctus; oferta dos dons para a eucaristia; gestos corporais: de pé, inclinados; genuflexão apenas em algumas ocasiões, por exemplo, quando o diácono
convidava: flectamus genua, com a tendência para permanecer durante toda a oração, nos dias feriais. O estar sentado é menos conhecido».
«Originariamente cada “ator” da celebração eucarística (e do Ofício) tinha o seu livro com a parte que lhe competia; esta praxe era expressão do carácter
comunitário da celebração. Com o tempo, porém, a participação ativa diminui; nas igrejas menores os fiéis são incapazes de ler e cantar, e faltam
ministros capazes de exercer estes ofícios. Acaba-se assim por confiar tudo ao sacerdote, acentuando cada vez mais o seu papel: ele é a partir de agora o
único “ator”, enquanto os fiéis assistiam passivamente», In: Bernardino Costa o.s.b., Fundamentos da Liturgia Cristã, 77-78.
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7. 6
expressões de reverência como o toque de sinos e campainhas, acendimento de uma vela, inclinações
do sacerdote ao Corpo de Cristo, costume de juntar os dedos que tocaram a Hóstia, etc. O auge destas
expressões é atingido no séc. XIII com a aplicação do cerimonial da Corte na reverência ao Santíssimo
(genuflexão do sacerdote antes e depois de tocar as espécies sagradas; luz e incenso para o Santíssimo;
trono e baldaquino; umbela; pálio; etc.).
Nesta atmosfera, Urbano IV cria a festa do Corpus Christi (no ano de 1264). Na segunda
metade do séc. XIV, principalmente na Alemanha e Inglaterra, o Santíssimo era levado em procissão
pelas cidades em acontecimentos mais relevantes.
d) Espiritualidade: «Christus secundum carnem», Maria e os Santos:
O gótico não é apenas um estilo arquitetónico, é todo um estilo de vida. Verifica-se uma nova
sensibilidade marcadamente intimista, subjetivista, com uma tendência a ver e experimentar de modo
sensível, a um enamoramento pelo concreto e realista. Este estilo de vida manifesta-se na piedade para
com Jesus, Maria e os Santos.
- Cristo: Torna-se necessário realçar a dimensão humana de Jesus (refletida em Francisco de
Assis com o primeiro presépio) para reaproximar os fiéis que se haviam afastado com a defesa da sua
divindade na luta anti-arianismo. Enquanto o primeiro milénio havia realçado a Páscoa, o segundo
destaca o Natal («Christus secundum carnem»).
- Maria: Aleada à celebração do Natal está o crescimento da devoção a Maria. Verificamos isto
na devoção de Bernardo de Claraval, nas antífonas do Avé Maria e Salvé Regina (compostas no séc.
XII), aumento das festas marianas (Apresentação de Nossa Senhora; Visitação a Isabel), etc.
- Santos: O Santoral está em crescimento desde o séc. XII. As basílicas expõem uma tábua com
as relíquias e indulgencias que elas concedem. Os grémios constroem igrejas ou altares dentro das já
existentes em honra aos seus patronos. Dá-se um “processo de especialização” em que a cada santo é
atribuída uma missão concreta.
e) A liturgia no “Outono da Idade Média”:
Havia um excesso de missas de preceito, causa de imoralidades. Difundiu-se uma mentalidade
sobre os «frutos da missa» através das quais se pensava alcançar de forma infalível a salvação.
Multiplicaram-se de forma anormal as missas (privadas)18
e o número de padres «altaristas» que
praticamente viviam dos estipêndios. A teologia escolástica não conseguiu introduzir clareza na práxis
eucarística nem corrigir os abundantes desvios. Surge no séc. XV um intenso movimento espiritual –
devotio moderna – caracterizado pelo radicalismo psicológico, pela desconfiança dos gestos brilhantes
e heroicos. Tomás de Kempis (supõe-se) escreve a «Imitação de Cristo».
18
«Num primeiro tempo, a Igreja reúne-se para celebrar a memória do Senhor, ao domingo, mediante a eucaristia. Esta prática primitiva transforma-se nas
diversas modalidades de celebrar as Missarum Sollemnia em Roma (séc. V-VII), pelo bispo com toda a comunidade, ou do presbítero com os fiéis do seu
“título”, ou então por um sacerdote com o seu pequeno grupo. / Mas eis que, agora, se introduz uma outra forma, totalmente diferente: a missa
verdadeiramente privada, isto é, celebrada unicamente pelo sacerdote sem comunidade participante, com um único (muitas vez sozinho) ministrante,
simplesmente para oferecer o sacrifício, considerado no seu valor intrínseco, para satisfazer a intenção privada de um fiel, ou mesmo por devoção». In:
Ibidem, 80.
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8. 7
Tema 15 – De Trento ao movimento litúrgico (1545-1909)
É neste contexto do “Outono da Idade Média” que se dá a Reforma Protestante. Trata-se de um
acontecimento social muito complexo, com fatores espirituais, económicos e de influências/interesses
políticos. No intuito de fazer face a esta nociva adversidade, a Igreja Católica vê-se obrigada a realizar
o já há muito esperado Concílio. Trento procura responder à necessidade de uma reforma interna da
Igreja e contra-argumentar a doutrina protestante salvaguardando questões dogmáticas. O tema da
liturgia e sacramentos encontra também um espaço relevante neste Concílio.
A reforma:
Lutero nos seus primeiros escritos espelhava uma mentalidade bastante moderada em linha com
a Tradição, uma marcada preocupação pastoral face aos abusos cometidos pela Igreja (p/ex. questão do
“comércio” de indulgências [Leão X – reconstrução de S. Pedro]) Após excomunhão (bula Exsurge
Domine [1520]) radicaliza o seu pensamento (De captivitate babylonica)19
.
Karlstadt e Zwinglio prosseguem sendo os primeiros a introduzir a “ceia evangélica” e a proibir
a adoração do Santíssimo Sacramento. Há a desvalorização da ordenação sacerdotal (substituída por
uma instituição), retiram-se as imagens de santos, substitui-se o latim pelo vernáculo, retiram-se os
altares laterais, abole-se parte do cânon, a comunhão é dada nas duas espécies, questiona-se o modo de
presença de Cristo no pão e no vinho (consubstanciação), etc. Em 1525 Lutero celebra pela primeira
vez em alemão. Acima de tudo valoriza-se o aspeto pedagógico e exortativo da celebração, por isso se
valoriza a língua vernácula.
O Concílio de Trento é quase que uma resposta Católica às provocações dos reformadores. Ele
estuda os sacramentos, a presença de Cristo na Eucaristia e o carácter sacrificial da mesma, fazem-se
reparos (avareza, irreverência e superstição) a abusos que se tinham introduzido na missa (p/ex.
orações de preparação das oferendas; prósulas marianas no interior do Glória), trata-se a questão dos
estipêndios da missa, das várias celebrações no mesmo dia, substituição da missa dominical por missas
votivas ou de defuntos, lugar para a celebração, a limpeza dos objetos litúrgicos, a necessidade de
todos os textos cantados ou recitados serem inteligíveis pelos ouvintes, etc. Quanto à língua, na XXII
sessão, percebeu-se a necessidade da explicação dos ritos na língua vulgar, mas teólogos e apologistas
do latim argumentaram a favor da sua permanência com base em argumentos dogmáticos. O Concílio
ficou marcado pelo desejo de voltar às fontes antigas e de unificar o missal para todas as igrejas (bula
Quo primum tempore). Sixto V, em 1588, cria a Sagrada Congregação dos Ritos. «O Concílio fez o
que era possível naquele tempo, estabelecendo as linhas essenciais da reforma que foi seguida pelos
Papas: continuar a forma medieval (romana-franco-germânica), mas purgada»20
.
19
«Lutero luta, sobretudo, contra a praxe litúrgica do seu tempo: as missas em honra dos santos, pelos defuntos, sem comunhão dos fiéis; combate o aspeto
sacrificial, o primado da obra do homem, que ele vê concretizada na celebração frequente de tantas missas. Nos primeiros anos não queria mudar muito.
Aliás protestou violentamente contra as inovações de Karlstadt (Natal de 1521 em Wittenberg); isto é, contra o uso da língua alemã, a comunhão das duas
espécies, a omissão do Cânone, a destruição das imagens.». In: Bernardino Costa o.s.b., Fundamentos da Liturgia Cristã, 80.
20
Ibidem, 85.
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9. 8
O Barroco:
O Barroco (séc. XVII) é uma magnífica expressão da “contra-reforma”: Excentricidade
(mármore, ouro e tecidos pintados), festividade (comemora-se o triunfo sobre o protestantismo, grande
e esmiuçada produção musical, bandeiras, capas, salvas, coroas, títulos da corte aplicados a bispos e
sacerdotes), movimento (quer na arte [pintura que busca o infinito], quer nas expressões publicas de fé
[procissões]), exaltação da Eucaristia21
(40 horas de adoração) e dos Santos (desenvolvimento da
piedade mariana), espetáculo (a liturgia converte-se num espetáculo que se vê e se ouve mas que
poucos participam ativamente e compreendem). Se por um lado a liturgia romana se purifica, pelo
outro petrifica-se e mascara-se diante de um povo que não entende os seus rituais codificados.
O Iluminismo:
O Iluminismo (séc. XVIII) torna-se um ápice do antropocentrismo, do desmoronar do antigo
edifício autoritário e hierárquico que regia a sociedade, dos valores europeu comuns que agora são
postos em causa pela cultura antirreligiosa/anticlerical e pelo espírito que desvincula a política da
religião (recusa dos dogmas, da moral, do direito divino/revelado).
Ao nível da liturgia, começa a surgir um descontentamento que deseja uma maior participação
comunitária, maior simplicidade (evitando no culto os elementos supérfluos), a compreensão pelos
fiéis do que acontece na liturgia em ordem a uma maior edificação destes (própria do Iluminismo onde
a Liturgia não era considerada como a ação salvífica de Cristo na qual participa toda a comunidade,
mas com uma função educativa do povo, um meio para promover o progresso moral do indivíduo22
).
Em França multiplicam-se anarquicamente as liturgias locais sem qualquer consentimento da Santa Sé.
O Sínodo de Pistoia (1786) vê condenadas propostas como: - um só altar em cada Templo; -
participação dos fiéis; - abolição dos estipêndios da missa; - redução das procissões; - música simples,
grave e adaptada ao sentido das palavras; - ornamentação que não ofenda nem distraia o espírito; -
reforma do breviário e do missal; - redução do número de festas. A maioria destas questões ressurge no
Vaticano II mas são adiadas por mais de um século e meio.
As carências e os excessos do Iluminismo levam (no séc. XIX) a reafirmar o respeito pela
hierarquia católica, o princípio da revelação, do dogma e da tradição (p/ex. nas orações latinas, canto
gregoriano e no rubríssimo). O culto continua a ser uma realidade inatingível e misteriosa na qual o
povo é mero espectador. Neste contexto emerge a figura de D. Póspero Guéranger (1805-1875) que
defende um retorno a liturgia romana pura (luta contra o galicanismo) mas também que o culto deveria
permanecer para o povo sempre encoberto por um véu. Nesta atmosfera de tradição e romantismo23
cria-se a ideia de uma língua intemporal e a-histórica. Contra tudo isto irá lutar o movimento litúrgico
nos inícios do séc. XX.
21
«A comunhão não era mais que um empenho moral-ascético. O fervor eucarístico era, infelizmente, apenas devocional». In: Ibidem, 88.
22
«Nem tudo era falso naquele período: as principais tendências da época estavam corretas; muitas delas encontram hoje a sua realização mais autêntica e
verdadeira. Mas no contexto de então, até o que se encontrava de verdadeiro e válido estava impregnado pelo “veneno” do racionalismo exagerado,
individualista, e pelas tendências, pelo menos parcialmente, heréticas». In: Ibidem.
23
Abrange um conjunto diversificado de neos oriundos de consciências nostálgicas que desejam retomar ao barroco e à Idade Média.
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Tema 16 – O movimento litúrgico
Retorno da Liturgia com Próspero Guéranger:
«A sociedade política e religiosa do tempo sofria dum mal-estar de difícil diagnóstico. A
Revolução francesa vinha simplesmente agravar os erros precedentes. Na verdade, o mal era muito
mais remoto, pois tinha a sua origem no protestantismo e na constelação dos seus rebentos –
jansenismo, galicanismo, quietismo, febronianismo, josefismo e, finalmente, o modernismo –, os quais
tinham escravizado o homem a partir de um erro filosófico-teológico: a não gratuidade da graça, a
inutilidade das obras e a falibilidade do Sumo Pontífice, favorecendo as mais diversas formas de
individualismo e devocionismo.
Foi contra esta situação que Guéranger, principal responsável pelo recomeço litúrgico em
França, se insurgiu, despertando a consciência católica para o sentido do divino, atraindo a sua atenção
para a prática do dogma»24
. Próspero Guéranger interessou-se pela agitada questão da unidade dos
católicos franceses, à qual quis dedicar toda a sua atividade. «O seu ponto de partida foi a restauração
da vida beneditina, no mosteiro de Solesmes, desde 1833, do qual se tornou o primeiro abade em
1837»25
.
Ele defendeu que a liturgia é a oração por excelência do Espírito na Igreja, é a voz do Corpo de
Cristo, da esposa orante do Espírito. Nela há uma presença privilegiada da graça, nela se encontra a
expressão mais genuína da Igreja e da sua tradição e a sua chave de inteligência é a leitura cristã do
Antigo Testamento e do Novo Testamento apoiada no Antigo26
. Essa sua defesa feroz da catolicidade e
tradição da Igreja levou-o a considerar o latim como parte da tradição e “língua sagrada”. Não
obstante, publicou L’Année Liturgique, uma verdadeira “biblioteca” de espiritualidade, patenteando de
festa em festa o mistério de Cristo, fornecendo aos cristãos elementos substanciais a partir da própria
oração da Igreja. Com esta obra, contribuiu para uma consciente participação do povo nas celebrações
litúrgicas27
.
Lamberto Beauduin (1873-1960), também ele monge beneditino, continuou o trabalho de
Guéranger. Promoveu a participação dos batizados na liturgia e o Congresso das Obras católicas,
realizado em Malines, Bélgica, em 1909. Desse congresso salientamos a difusão do missal traduzido
como livro do cristão, a transformação da piedade em mais liturgia (pela participação na missa
paroquial, vésperas, bênçãos da mesa, etc.), a promoção do canto gregoriano (conforme orientações de
Pio X28
) e a organização de retiros anuais para os responsáveis da pastoral litúrgica.
24
In: Bernardino Costa o.s.b., Fundamentos da Liturgia Cristã, 93
25
Ibidem.
26
«A originalidade de Guéranger, que viria a marcar o Movimento litúrgico, foi, segundo E. Cattaneo, o “amor à Sagrada Escritura, o sentido da sua
interpretação tradicional segundo a teologia dos Padres, o conceito profundo do valor da tradição e da sua continuidade indefetível, a fidelidade absoluta
ao magistério ordinário da Igreja”. Ancorado no princípio de que a unidade da Igreja exige a uniformidade litúrgica para os cristãos ligados a Roma,
Guéranger defendia energicamente o retorno ao que ele acreditava ser a antiguidade cristã». In: Ibidem, 94
27
Cf. Ibidem, 95.
28
«No seu “motu proprio”, Tra le Sollecitudini90, de 22 de Novembro de 1903, sobre a música e o canto na Igreja, encontra-se pela primeira vez o tema
da “participação activa” dos fiéis na celebração. Neste “motu proprio”, que viria a ter ressonâncias consideráveis, explicava: “Sendo nosso desejo que o
verdadeiro espírito cristão refloresça a qualquer preço e se mantenha em todos os fiéis, é necessário prover acima de tudo à santidade e dignidade do
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Utilizou como meios de difusão a revista Questions Liturgiques (1910) e as Semanas de
Liturgia destinadas ao clero e publicadas em Cours et Conférences des semaines liturgiques. Em
contrapartida, a difusão das ideias do movimento Litúrgico foi paralisada durante as duas grandes
guerras. Na divulgação para a Igreja universal contribuíram: - Na Bélgica as abadias de Mont César e
de Saints André; - Na França o Centro de Pastoral Litúrgica de Paris; - Na área germânica a abadia de
Maria Laach, o Instituto de liturgia de Tréveris, etc.; - Em Portugal sobretudo D. António Coelho e
Pereira dos Reis; - Em toda a Igreja os Congressos Internacionais de Liturgia.
Crises no crescimento:
Entre os anos 1913-1914 surgiu uma forte discussão entre Festugière (OSB) e Navatel (SJ)
sobre a problemática de liturgia e espiritualidade. Depois da I Guerra Mundial a polémica suavisou-se,
mas volta a agudizar-se, em 1929, até à publicação da encíclica Mediator Dei (1947).
Para Navatel a liturgia é o rosto cerimonial e decorativo da missa, dos sacramentos e
sacramentais. Nessa medida, deve ocupar um segundo ou terceiro lugar entre as atividades espirituais e
ascéticas.
Para Festugière o culto da Igreja é a oração do Cristo total, e por sua vez, a presença
privilegiada do mistério salvífico de Deus em Cristo. Desde este ponto de vista, ela deve ocupar um
posto fundamental na espiritualidade.
Esta segunda posição foi adotada pelo Vaticano II ao defender a participação ativa e consciente
dos fiéis na liturgia. Nota-se uma exaltação protagonizada pelo movimento litúrgico do sentido
fortemente eclesial-comunitário e dos valores objetivos do culto cristão, em contraposição ao sentido
individualista e subjetivo da espiritualidade pós-tridentina. Essa exaltação produziu também exageros:
a passagem frequente ao comunitarismo ou panliturgismo.
Conseguiram-se assim as bases que Pio XII começa a implementar e que o Vaticano II irá
desenvolver:
1. A teologia da liturgia como culto público integral do corpo místico de Cristo e da presença
privilegiada da mediação sacerdotal de Cristo Cabeça;
2. Dimensão interior profunda, ao nível da espiritualidade litúrgica;
3. Equilíbrio teológico, não oportunista, entre:
- panliturgismo e desvalorização do culto; - piedade objetiva e subjetiva; - comunitarismo e
individualismo; - celebração e culto da eucaristia; - progresso e conservadorismo.
templo, no qual os fiéis se reúnem para haurir o mesmo espírito da sua primeira e indispensável fonte, que é a participação activa nos sacrossantos
mistérios e na oração pública e solene da Igreja”». In: Bernardino Costa o.s.b., Fundamentos da Liturgia Cristã, 98.
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