O artigo discute a história da saúde mental no Brasil, marcada por isolamento e tratamentos degradantes em hospitais psiquiátricos como o de Barbacena. Destaca a importância da psiquiatra Nise da Silveira que implementou terapias ocupacionais e arteterapia, bem como dos CAPS que oferecem atendimento multidisciplinar e digno às pessoas em sofrimento mental. Defender os CAPS e a luta antimanicomial é essencial para salvar vidas, especialmente no contexto da pandemia.

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Bem-vindas/vindos/vindes a mais uma
edição do nosso jornal! Chegou a
primavera, com suas flores, cores e
aromas que preenchem nossos dias com
beleza. Não é a estação mais bonita? E
também de temperaturas mais
agradáveis, que nos convidam para
sentir a brisa no rosto e encontrar os
amigos (com máscara, álcool em gel e
distanciamento, hein?).
Mas, quando a mente está nublada, é
difícil ficar esperançoso, mesmo num dia
de céu límpido e ensolarado. Mesmo
diante de um jardim florido. E a tristeza
tem sido cada vez mais comum, em um
país em que falta emprego, comida na
mesa, sensatez aos governantes, em que
a gente tem lutado para sobreviver, em
que milhares de vidas foram levadas pelo
coronavírus. Como sorrir num cenário
desses?
De algum jeito, esperançar é preciso.
Encontrar um sentido para seguir em
frente. Mas há momentos em que não
parece haver rumo possível, quase todo
mundo já sentiu essa pressão. Nessas
horas, é que faz diferença poder dividir a
dor com alguém. Mesmo que essa pessoa
não possa fazer nada de concreto. Ouvir
e acolher pode salvar uma vida.
EDITORIAL
Se você está um pouquinho melhor,
nesses tempos sombrios, seja esse
ouvido amigo para alguém. A campanha
do Setembro Amarelo também é sobre
isso. Sobre exercitarmos nossa empatia
e solidariedade. Claro que a pessoa em
sofrimento mental precisa de
tratamento especializado, mas o apoio
de quem está por perto também faz
muita diferença.
Já se você está sentindo dificuldade de
lidar com as emoções, não tenha receio
de buscar ajuda. Sofrer não é fraqueza.
Pelo contrário. Geralmente, quem
desmorona é do tipo mais forte, que
quer abraçar e proteger o mundo. E
chorar também não é vergonha, mas se
mostrar humano.
É o segundo Setembro Amarelo em que
não podemos abraçar apertado e dizer
“vai passar, tudo vai ficar bem”. Tem sido
difícil viver sem tocar uns aos outros,
que saudade de um abraço! Mas ainda
podemos, e devemos, dizer: “tudo vai
ficar bem, você não está só”.
Boa leitura!
(E se precisar de um ouvido amigo, pode
mandar uma mensagem na nossa
página!)
Rosemar Silva -Edição
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Jeane Bordignon
voos.e.palavras
jornalmenteativa

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Hoje, resolvi tirar uma folga do
trabalho, ficar em casa, organizar as
prateleiras, os armários, as gavetas,
os livros. Olhar o álbum de fotografia
da família, matar a saudade, resolvi
enfeitar o lar, colocar alguns quadros
na parede, plantar novas mudas,
pintar os vasos, e, na varanda,
colocar uma rede.
Lembrei-me do tempo em que as
crianças brincavam no pátio, pulavam
corda, amarelinha, brincavam de
ciranda, corriam, riam e se divertiam
muito.
Quanta felicidade, não havia maldade,
havia pureza. Os vizinhos se reuniam e
compartilhavam os alimentos que
tinham: bolo de milho, pão caseiro,
doce de abóbora, bolinhos fritos
adocicados com canela e açúcar.
Chá, café e fatias de cuca.
Todos iam cear na mesma mesa.
Éramos felizes, sabíamos que
estávamos plantando a semente do
amanhã, propagando a paz e a
felicidade. E, assim, íamos
sobrevivendo, cada um escrevendo a
sua história. Já é setembro e o tempo
passa tão depressa.
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FELICIDADE
Simone Mello -Poetisa

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É dar aos seus atos um colorido
pessoal.
Não se compra,
se desenvolve com os conselhos da
prudência e da paciência.
Varia em graus de força e fragilidade
nas diferentes áreas da vida, na
existência.
Se fortalece no tempo
e nos exercícios do viver com
persistência.
Coragem é um curso indispensável no
currículo da vida.
Desperta, em nós,
a consciência sobre tudo o que se
pensa e faz.
Ela é capaz de se fazer ouvir.
Se a estrada estiver errada,
usando a inteligência da vontade.
Faz correções, e indica a rota mais
acertada.
É assertiva, afirmativa e previdente.
Cuidadosa e esperançosa.
Orientados por ela,
vamos vivendo com alegria renovada
o percurso desta jornada
M E N T E A T I V A
CORAGEM
Mariana Delphino -Artista Visual

5. SETEMBRO:
Dia 01 - Educador Físico
Dia 03 - Biólogo
Dia 05 - Dia da Amazônia,
Dia Internacional da Mulher
Indígena
Dia 07 - Independência do Brasil
Dia 08 - Dia do Fisioterapeuta
Dia 21 - Equinócio da Primavera
Mês Amarelo - Campanha
contra o suicídio.
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ARTE E REFLEXÃO

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A vida nos coloca limites
diariamente. A energia interna
diante dos limites faz com que o
corpo perca força, parecendo
encolher. Surge, então, o
sentimento de impotência. Exemplo:
Diante do desmatamento da
Amazônia surge a impotência, mas
o que posso fazer? Cultivar plantas
ao meu redor e usar a água como
um recurso finito e precioso para
todos. Em quais instâncias é
possível intervir, e como? Sozinho
ou em coletivo?
Então, convido a cada um a pensar
o que o deixa impotente. Pertence
a você a solução? Como podes
contribuir? Ah, está fora do seu
alcance, seja por questão
hierárquica, ou seja, porque a
questão diz respeito à vida de
outra pessoa. Sugiro que solte o
controle.
Quando uma pessoa decide
interromper a própria vida,
estamos diante de uma questão de
saúde pública, existe um
sofrimento invisível aos familiares
e colegas, ou pior, quando as
famílias buscam tratamento e não
encontram vaga nos serviços
públicos de saúde. É muito mais que
impotência, é desolador.
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IMPOTÊNCIA OU NECESSIDADE DE
CONTROLE
Márcia Tavares de Mattos
Psicóloga Clínica &
Consteladora Familiar
Tomar o suicídio como um sintoma
presente na sociedade e no mundo,
não diminui a dor dos que ficaram
em cada núcleo familiar. Escrevo
com amor e respeito às famílias.
A todos chamo atenção para os
sentidos: tens olhado para quem
anda sumido? Que os olhares
possam se encontrar e sair das
telas. Tens escutado o silêncio de
alguém querido? Chama para um
bolinho uma conversa regada a
lembranças. O encontro é uma
forma de prevenção. Escuta teu
coração.
O suicídio não é um fenômeno recente, mas os
números têm impactado tão fortemente os
órgãos internacionais de saúde que não há
dúvidas: estamos diante de um grave
problema de saúde pública. No Brasil, cerca
de 12 mil pessoas tiram a própria vida por
ano, quase 6% da população. No mundo, são
cerca de 800 mil de suicídios anuais. O Brasil
só perde para os EUA. (Fonte:
http://www.saude.ba.gov.br)

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voos.e.palavras
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Tente distinguir
o pânico, do simples medo…
Tente perceber
se a palavra dura é instinto de defesa
de quem se sente um animal acuado,
ou se é realmente grosseria…
Tente entender
que, às vezes, um simples ato requer
muito mais esforço do que parece,
muito mais esforço pro outro do que
pra você…
Tente, pelo menos tente compreender
que nem sempre levantar da cama é
algo banal
que sair pra rua nem sempre é algo
corriqueiro…
Tente pensar, ao menos uma vez,
que possa haver muito mais, além da
superfície que você enxerga.
Tente, antes de sentenciar sobre o
ego do outro
perceber as próprias grades que te
cercam…
Tente, antes de falar sobre ego,
entender um pouco o doloroso
processo de quem busca auto-estima,
e o quanto você machuca com as
frases que aprendeu a repetir.
Busque aprender a diferenciar
ansiedade
e ego.
REFLEXÃO PARA SETEMBRO AMARELO
Busque enxergar:
a crise não é a pessoa.
Guarde como um mantra:
a crise não é pessoa.
Lembre-se sempre:
a crise não é pessoa.
Tente fazer esses exercícios
e pode ser que comece a perceber
que você também tem crises.
Você também é uma pessoa,
e nenhuma pessoa está livre.
Não há semideuses aqui!
Mas,
a crise não é a pessoa.
Isso é a chave.

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s u z a n a p i r e s f o t o g r a f i a
M E N T E A T I V A
SUZANA PIRES
Repórter fotográfica.
Grande parte do meu trabalho foi registrar os movimentos sociais, onde ajudei a criar
veículos de comunicação em momentos de ebulição da política brasileira, sindical,
comunitária e feminista, nas décadas passadas.
No universo das artes tenho participado como documentarista.
Participei de exposições individuais e coletivas e documentando trabalhos de outros
artistas.
Atualmente meu trabalho está voltado para a documentação das consequências das
mudanças climáticas. Na forma documental, jornalística e arte.
@pixel.ladies
Artigo para o Brasil de Fato:https://www.brasildefators.com.br/2021/09/22/uma-
exposicao-da-terra-museu-baldio
APRESENTAÇÃO DAS COLUNISTAS

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Ju Lopse -lopselazuli
A história da saúde mental no Brasil é
marcada por isolamento e acesso
precário. Isso passava por excluir os
considerados marginais. O Hospital
Psiquiátrico de Barbacena (MG), entre o
início do século XX e meados dos anos
1980, foi marcado por abandono e
tratamentos degradantes. O episódio,
conhecido como “holocausto brasileiro”,
descrito no livro de mesmo nome, de
Daniela Arbex (2013) e nos filmes “Em
nome da Razão - O Holocausto
Brasileiro”, também de Arbex e Armando
Mendz, e “Em nome da razão” (1979), de
Helvecio Ratton. O cartaz do filme
mostra a alienação a que os pacientes
estavam submetidos. Sem atividades
terapêuticas, com medicações e
tratamentos arcaicos, o humano se
perdia, animalesco e isolado de si.
Pensar que isso ocorreu no mesmo país
em que uma psiquiatra, interlocutora do
psicanalista Carl Jung, desenvolveu
atividades terapêuticas, rejeitando,
entre outros tratamentos invasivos, o
eletrochoque, comum e inquestionável, à
época. Dra Nise da Silveira, foi a única
mulher de sua turma, em 1931, na Bahia,
foi presa política, no governo Vargas, e
atuou no Centro Psiquiátrico Nacional
Pedro II, no Rio de Janeiro, primeiro
hospital da área no Brasil.
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SONHO MEU,
COM A TUA LIBERDADE
Foi a Dra Nise que implementou
atividades de terapia ocupacional, com,
entre outras, Arteterapia e
Musicoterapia. Em 1955, Ruth Loureiro
foi admitida como técnica em
Musicoterapia no hospital. E, a cantora e
compositora Dona Ivone Lara,
enfermeira e assistente social, também
atuou na equipe da Dra Nise.
“Sonho meu, com a sua liberdade”, como
cantava Dona Ivone, e há liberdade e
tratamento digno nos CAPS (Centros de
Atendimento Psicossociais), que atendem
pessoas, de qualquer idade, em
sofrimento ou transtorno mental
(incluindo dependência química), com
atendimento multidisciplinar. As terapias
integrativas, dentre as quais a
Musicoterapia, são essenciais, pois
possibilitam a auto expressão, trazendo
o sujeito para protagonismo, longe da
alienação e próximo da liberdade.
Essa perspectiva é uma conquista
recente, consolidada pelo SUS e
ameaçada pelos cortes de verbas
públicas e pela ideologia do atual
governo. Em meio à pandemia, o
atendimento dos CAPS ganhou ainda
mais relevância. Em setembro amarelo,
defender o CAPS e a luta
antimanicomial, salva vidas. É um sonho
nosso e com nossa liberdade.
Se tiver necessidade em atendimento
psicossocial,procure um CAPS:
https://www.gov.br/saude/pt-br/acesso-a-
informacao/acoes-e-programas/centro-de-
atencao-psicossocial-caps