Este documento apresenta seis artigos acadêmicos sobre temas relacionados à história da América, natureza e literatura. Os artigos abordam tópicos como a percepção da natureza por imigrantes italianos no Paraná, o eugenismo em Monteiro Lobato, história e sexualidade, um terremoto no Peru em 1746, a agricultura inca e as culturas inca e hispânica na obra de Garcilaso de la Vega.
Aula sobre o livro "O Espetáculo das raças" de Lilia Schwarcz que versa sobre a história das instituições científicas brasileiras e a formação da intelectualidade nacional
Aula sobre o livro "O Espetáculo das raças" de Lilia Schwarcz que versa sobre a história das instituições científicas brasileiras e a formação da intelectualidade nacional
A partir de meados do século XX, a Antropologia concentrou seu interesse nas populações marginalizadas das sociedades nacionais. No Brasil não foi diferente: a Antropologia construiu um acervo de conhecimento sobre populações indígenas, negras, camponesas, entre outras.
Ao contrário das antropologias norte-americana, inglesa e francesa, a antropologia brasileira preocupou-se basicamente em estudar o próprio país. Apenas muito recentemente os antropólogos brasileiros começaram a estudar a diferença em contextos fora do Brasil. Durante praticamente todo o século XX, o principal interesse foi explicar o Brasil, observando as populações marginalizadas do país e também as populações urbanas de classe média e as elites. Este capítulo começa com um breve histórico da Antropologia no Brasil para depois destacar os principais focos e temas da produção antropológica nacional.
A partir de meados do século XX, a Antropologia concentrou seu interesse nas populações marginalizadas das sociedades nacionais. No Brasil não foi diferente: a Antropologia construiu um acervo de conhecimento sobre populações indígenas, negras, camponesas, entre outras.
Ao contrário das antropologias norte-americana, inglesa e francesa, a antropologia brasileira preocupou-se basicamente em estudar o próprio país. Apenas muito recentemente os antropólogos brasileiros começaram a estudar a diferença em contextos fora do Brasil. Durante praticamente todo o século XX, o principal interesse foi explicar o Brasil, observando as populações marginalizadas do país e também as populações urbanas de classe média e as elites. Este capítulo começa com um breve histórico da Antropologia no Brasil para depois destacar os principais focos e temas da produção antropológica nacional.
Neste capítulo apresentamos as atuais tendências da Antropologia mundial. A tarefa é difícil, pois a Antropologia é hoje muito diversificada, e os lugares de produção do pensamento antropológico se multiplicaram.
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Atividade - Letra da música "Tem Que Sorrir" - Jorge e MateusMary Alvarenga
A música 'Tem Que Sorrir', da dupla sertaneja Jorge & Mateus, é um apelo à reflexão sobre a simplicidade e a importância dos sentimentos positivos na vida. A letra transmite uma mensagem de superação, esperança e otimismo. Ela destaca a importância de enfrentar as adversidades da vida com um sorriso no rosto, mesmo quando a jornada é difícil.
1. SUMÁRIO
Apresentação 13
1 A percepção da natureza na Colônia
Santa Bárbara – PR, (1927)
(Giovana Gonçalves da Maia Krul e 19
Michel Kobelinski)
2 “O choque das raças ou o Presidente
Negro”: uma leitura do eugenismo em
Monteiro Lobato (1926) 39
(Valéria Becher)
3 Notas sobre a história e a sexualidade:
reflexões sobre os usos corporais 59
(Lidiana Larissa Lenchiscki)
4 Diário de um cataclismo: Llano y Zapata
e o terremoto no Peru (1746) 71
(Simoniely Kovalczuk)
5 A agricultura dos comedores de
tubérculos ou os papamikuc na
narrativa garcilaciana (1609) 87
(Suelen Brexi Fila)
6 As culturas inca e hispânica na escrita
mestiça de Garcilaso de la Vega (1609-
1617) 109
(Adelir de Farias Batista e Michel
Kobelinski)
[11]
3. Apresentação
Este livro é fruto do diálogo e da reflexão conjunta
sobre a história. É o momento em que saímos do ambiente de
isolamento da pesquisa e adentramos ao locus solidário da
divulgação dos resultados obtidos. A exposição das ideias que
dão forma ao presente volume são frutos de esforços plurais,
de escolhas pessoais e de interesses variados pela História.
Mas não é só isto. A disseminação desse saber parte da
necessidade de fugir da força de gravidade da produção
restrita ao meio acadêmico, das ideias que se aprisionam pela
segurança do “anonimato” ou pelo comodismo.
A ideia de uma sequência de livros com este mesmo
propósito (coletânea) visa dar vazão às nossas produções, as
quais se vinculam ao colegiado de história da Universidade
Estadual do Paraná - UNESPAR, campus de União da Vitória.
Nosso desejo é incentivar a produção intelectual desses novos
historiadores e estabelecer contatos com leitores e professores
de outros níveis de ensino. A natureza desta dinâmica
demonstra o interesse em produzir e disseminar
conhecimento, diminuindo a distância entre a pesquisa, o
aprendizado e a formação curricular.
Em relação aos temas elegidos neste volume é
importante ressaltar pelo menos dois aspectos que julgamos
imprescindíveis. A primeira constatação é a de que a discussão
do lugar da natureza e dos problemas ambientais na sociedade
e na historiografia é inevitável. O apelo a este tipo de história
já aparecia entre historiadores ingleses e franceses nas
décadas de 1970 e 1980. Refletir as relações entre os seres
humanos e o meio natural não significa uma intromissão
[13]
4. indesejada em outras áreas de conhecimento como, por
exemplo, a biologia, geografia ou geologia, etc. E se a relação
entre o homem e a natureza é histórica, devemos analisar o
lugar do homem na natureza e o lugar da natureza na
sociedade. Nos últimos anos a chamada história ambiental tem
chamado a atenção dos historiadores, muito embora o avanço
nessa direção exija esforços transdisciplinares. Os simpósios
internacionais em História ambiental realizados pela
Universidade Federal de Santa Catarina, em 2010-2012
(KOBELINSKI, 2010), com trabalhos sobre clima, agricultura,
pecuária, flora e fauna, comunidades tradicionais, recursos
energéticos, discursos, ideias e percepções sobre o meio
ambiente se tornaram referência no Brasil e no exterior.
Em segundo lugar, sabemos que as pesquisas em
História da América são pouco desenvolvidas no Brasil. Como
ressaltou Arias Neto (2004, p. 7): “[...] ao contrário dos Estados
Unidos e do México, onde o continente é profundamente
investigado, permanece-se aqui de frente para a Europa e de
costas para as Américas”. Mas, longe do que poderíamos
pensar, não se trata apenas de uma visão eurocêntrica. Hoje
vários pesquisadores latino-americanos integram centros de
investigação na Europa, a exemplo do VI Congresso do CEISAL,
realizado na França, em 2010 (KOBELINSKI, 2010). E de fato,
esta situação não é nova. O diálogo intercontinental ou mesmo
a polêmica entre o Novo e o Velho Mundo já aparecia, desde o
século XIX, com Andrés Belo e Domingos Faustino Sarmiento.
Estes autores criticavam a maneira como os europeus
descreviam a América (PRATT, 1991, p. 8-9).
Depois destas palavras introdutórias é preciso falar
dos textos que compõem este livro. As perspectivas teóricas e
temáticas são distintas, embora que, em termos documentais,
compartilhem o interesse pela literatura, pela historiografia e
pelas crônicas coloniais. Em termos teóricos o leitor
encontrará situações exploratórias em torno das relações entre
História e natureza, história e sexualidade, história e literatura
e, história da América. Dois textos são inéditos. Os demais,
apesar de já terem aparecido, sofreram alguma modificação.
[14]
5. No texto “A percepção da natureza na Colônia Santa
Bárbara-PR, (1927)” Giovana Gonçalves da Maia Krul e Michel
Kobelinski refletem como os imigrantes italianos apreenderam
a natureza e a sociedade no Sul do Paraná nos anos 1920.
Em seguida, Valéria Becher em “O choque das raças ou
o Presidente Negro”: uma leitura do eugenismo em Monteiro
Lobato (1926)” trabalhou a interface história e literatura. A
pesquisadora buscou no texto literário de Monteiro Lobato as
raízes da eugenia, isto é, a “ciência que estuda a reprodução e o
melhoramento dos seres humanos”; além disso, verificou como
Monteiro Lobato trabalhou este conceito em sua obra.
Em “Notas sobre a história e a sexualidade: reflexões
sobre os usos corporais” Lidiana Larissa Lenchiscki reflete os
significados e a construção histórica da sexualidade no
Ocidente. O estudo considera não só as questões ligadas à
corporeidade, mas também os referenciais que abordam as
vivências e o cotidiano da sexualidade em diferentes épocas e
espaços. O objetivo do trabalho é propiciar subsídios
historiográficos que permitam refletir a sexualidade como
fator primordial da existência humana.
O texto de Simoniely Kovalczuk “Diário de um
cataclismo: Llano y Zapata e o terremoto no Peru (1746) tem
como objetivo estudar os desdobramentos sociais, econômicos
e psíquicos do terremoto, seguido de um maremoto, que
atingiu a região de Lima e Callao, em 1746. A análise da “carta
ou Diário que escreve D. Joseph Eusébio de Llano Y Zapata [...]”
enviado a seu amigo Ignácio de Chirovara Y Daza, cônego da
Igreja de Quito”, revela o modo como a sociedade limenha
lidou com os fenômenos naturais.
Suelen Brexi Fila analisa a agricultura dos povos incas
através da crônica colonial de Garcilaso de la Vega, intulada
“Comentarios Reales”. O texto “A agricultura dos comedores
de tubérculos ou os papamikuc na narrativa garcilaciana
(1609)” procura delinear um panorama das atividades agrárias
e sua relação com um sistema social altamente hierarquizado
que envolvia questões de ordem prática, ideológica, econômica,
mítica e astronômica, o ayllu andino.
[15]
6. Adelir de Farias Batista e Michel Kobelinski finalizam a
obra com o texto “As culturas inca e hispânica na escrita
mestiça de Garcilaso de la Vega (1609-1617)”. A investigação
dessa personagem histórica permitiu refletir sobre a escrita
ambígua a partir do trânsito entre as culturas hispânica e
incaica.
A exposição das ideias evidenciadas nestes textos
mostra a maturidade e o traquejo dos autores em assuntos que
aguçam nossa curiosidade. Apesar disso, reconhecemos a
limitação dos trabalhos, pois são esforços significativos em
direção ao aperfeiçoamento pessoal e coletivo. Temos
consciência do que fizemos, da mesma maneira que temos
consciência da percepção do leitor sobre a organização de
nosso trabalho. Assim, concordamos com a ideia de
mutabilidade dos sentimentos e das necessidades humanas em
Voltaire (2007). O aperfeiçoamento humano se vincula aos
interesses e às paixões. Isto quer dizer que as paixões surgem
das necessidades humanas e o conhecimento leva ao progresso
das paixões. Aqui, essa necessidade de aperfeiçoamento na
pesquisa tem como fundamento a educação dos sujeitos. Não
no de governantes, como no tempo de Voltaire, mas de todos
aqueles que se interessam em fazer avançar o conhecimento
historiográfico. É com vistas a esse ambiente de equidade que
combatemos a intransigência intelectual, a ociosidade e a falta
de estímulo à publicação de produções acadêmicas.
Michel Kobelinski e Lidiana Larissa Lenchiscki
(organizadores)
[16]
7. Bibliografia
1. ARIAS NETO, Jose Miguel (org). Textos didaticos: historia
da America. Curitiba: Aos Quatro Ventos, 2004.
2. KOBELINSKI, Michel. O inventario das curiosidades
botanicas da Nouvelle France de Pierre-François-Xavier de
Charlevoix. In: Simposio Internacional de Historia
Ambiental e Migraçoes, Florianopolis, UFSC, 2010, v. 1, p.
1142-1462.
3. _______. La negation et la exhaltation des “sertanistas” de
Sao Paulo dans les discours des peres Pierre-François-
Xavier de Charlevoix, D. Jose Vaissete Gaspar da Madre de
Deus (1756-1774). In: Congresso do CEISAL:
Independencias, Dependencias e Interdependencias,
Toulouse, Universite le Mirail II, 30 jun-3 julh., 2010.
4. VOLTAIRE, Filosofia da historia. Sao Paulo: Martins
Fontes, 2007.
5. PRATT, Mary Louise. Humboldt e a reinvençao da America.
Estudos Historicos, Rio de Janeiro, vol. 3, n. 8, 1991, p.
151-165.
[17]