Resgate histórico-teórico sobre as tecnologias de realidade virtual, aumentada, sobre o pensamento computacional e o que motivou o surgimento dessas tecnologias. A importância para a comunicação.
1. Sobre os limites entre realidade virtual e aumentada
Introdução a
realidade misturada
Fabio Palamedi
2. O que significa cada termo?
❖ Realidade virtual e realidade aumentada são por muitas
vezes tratadas pela mesma definição;
❖ Realidade aumentada por vezes é tratada por realidade
virtual de forma genérica;
❖ Quais as características que delimitam o espectro de
uma realidade virtual para uma realidade aumentada?
❖ Profusão de termos como hyper-reality, mixed reality,
expanded reality entre outras ajudam a aumentar a
confusão sobre as aplicações sobre cada um
3. Metodologia de pesquisa
❖ Resgate histórico-bibliográfico sobre:
❖ a necessidade de aumentar / criar uma realidade
❖ as possibilidades comunicacionais em ambientes
sintéticos
❖ o contexto que delimita o surgimento de tais
abordagens;
❖ momento tecnológico de surgimento
4. Não tão recente assim…
❖ Tecnologia a frente do seu
tempo? (Isaacson, 2014, p.47)
❖ Hardware não estava pronto?
(Bush, 1945, p.101)
❖ Ambientes sintéticos e
realidades tecnológicamente
alternativas não são novidades
(Negroponte, 2006, p.116-117)
Fonte: http://www.telepresenceoptions.com/images/sensorama.jpg
5. Ambiguidade de VR/AR
❖ Mesmo objetivo e
aplicabilidade tecnológica:
projeção de informações em
display
❖ As duas tecnologias podem
conceitualmente incorporar
elementos da outra no projeto
❖ A idéia de Realidade misturada
é vulgarmente usada como
justaposição das duas
propostas
Fonte: http://www.telepresenceoptions.com/images/sensorama.jpg
7. A expansão da natureza
❖ O homem primitivo buscava descrever, retratar o que
percebida do mundo da sua própria forma;
❖ Ao descrever e representar aquilo que contemplava, o
homem acaba por modificar seu ambiente natural e
criar para si, um ambiente expandido; (Gama,1986, p.30;
Morais, 1940, p.101)
❖ As intervenções na própria natureza modificam não só a
própria natureza, como modifica a percepção que o
homem tem de si (Squirra, 2013, p.86)
8. A expansão da natureza
❖ A transformação da realidade natural do homem para
sua própria versão da natureza passa a ser peça
fundamental e estruturante de forma continua e cíclica
(Castells, 2007, p.43)
❖ A introdução de novos elementos alteram e criam novas
dinâmicas comunicacionais, sociais, políticas e
econômicas (Mcluhan, 1980, p.57)
9. Do material ao bit/dados
❖ Avanços tecnológicos + plasticidade em se reinventar (Castells, 2007, p.51) a
informação deixa de estar no objeto para ser modificável.
11. 1940
2016
o computador pode livrar o homem do
trabalho. Como?
Máquinas que pudessem aprender
sozinhas e reproduzir a cognição
humana (Marvin Minks e John
McCarthy)
Cibernética, relação homem-máquina
(Bush, Licklider, Wierner, Engelbart,
Sutherland)
Inteligência artificial, Machine learning,
Sensores, Robótica, etc
Máquina/computador como prótese,
extensão / expansão humana
13. Bush (1940)
2016
O advogado terá ao seu alcance as
opiniões e sentenças de toda a sua
carreira, assim como a de seus amigos e
especialistas no assunto [...] assim, a
ciência pode concretizar os meios em
que o homem produz, armazena e
consulta um acervo da raça humana.
“ (BUSH, 1945, p.107
Wierner (1948) - Cybernetics: Or Control and Communication in the Animal an
the machine
Licklider (1960) - Simbióse Homem-máquina
Engelbart (1962) - Augmenting Human Intellect + Augmented research Center
Sutherland (1968) - Augmented reality, VR, Sword of Damocles
15. Sir Charles Wheatstone - estereoscópio
1960
1851
1900
1885 - Irmãos Lumiere e sua clássica exibição do trem
1928 - Edwin A. Link - o primeiro simulador
David Brewster - Caleidoscópio
17. Como o contexto histórico
influenciou no contexto científico?
18. Os conceitos irão variar sutilmente, dependendo do recorte do autor (Kipper e Rampolla,
2013 - Realidade Aumentada, um guia para as emergentes tecnologias de Realidade
Aumentada)
Realidade Aumentada (AR) é uma variação de um Ambiente Virtual
(VE), ou Realidade Virtual (VR) e é assim mais conhecida. Tecnologias
de Realidade Virtual procuram imergir completamente um usuário em
um ambiente sintético e enquanto imerso, o usuário não pode ver o mundo
real ao seu redor. Em contraste, Realidade Aumentada recupera
informação gerada por computador, que podem ser imagens, texto,
áudio, vídeo, ser touch ou provocar sensações hápticas e sobrepor em
uma camada visual o ambiente real em tempo real. A Realidade
Aumentada pode tecnicamente ser utilizada para aprimorar os cinco
sentidos, mas seu uso mais comum nos dias atuais é apenas visual.
Diferente da Realidade Virtual, a Realidade Aumentada permite que o
usuário possa ver o mundo ao seu redor, com objetos virtuais sobre o que
ele vê, criando uma sensação de composição com a realidade. Dessa forma,
a Realidade Aumentada mais suplementa do que substitui
19. Os conceitos irão variar sutilmente, dependendo do recorte do
autor (Jerald, 2016 - The VR Book)
Um ambiente artificial que é experimentado através
dos estímulos sensoriais (como sons e sinais)
fornecidos por um computador e no qual as ações
(do usuário) são parcialmente determinantes no
ambiente.
20. Os conceitos irão variar sutilmente, dependendo do recorte do autor (Craig,
2013 - entendendo a realidade Aumentada, Conceitos e Aplicações)
[...] realidade aumentada um meio, em oposição a
uma tecnologia. Por meio, eu entendo que é
responsável por mediar ideias entre homens e
computadores, homens e homens, e computadores e
homens
21. Os conceitos irão variar sutilmente, dependendo do recorte do
autor (Dertouzos, 1997)
A realidade expandida pressupõe a sobreposição de
imagens virtuais em imagens reais, como no caso do
neurocirurgião. Basta por exemplo, usar o óculo e ver uma
imagem interna da máquina de lavar. Quando se olha para o
interior da máquina real, o sistema sabe para onde a pessoa
está olhando, graças aos sensores de movimento da cabeça,
e por comparar a imagem gerada com a lavadora
propriamente dita. Caso queira fazer um conserto, a tela
mostrará onde posicionar a chave de fenda e a chave de
boca, e quando esta deve ser girada. Basta obedecer, para
resolver magicamente o problema
22. Sobreposição vs exclusão
Nota-se, portanto, que em alguns casos os conceitos se complementam, outros, se
sobrepõem, e outros, se excluem. A definição usada por Kipper e Rompolla é mais abrangente
e embarca em uma mesma definição, tanto da ideia de Realidade Virtual quanto de Realidade
Aumentada, que vai de encontro com o conceito de Craig que, ao adotar a realidade
aumentada como meio, se afasta das definições (e consequentemente diferenças entre
hardware e software) e se aproximada da ideia de extrapolação. Apesar de Jerald também ter
uma percepção sobre extrapolamento, sua visão se volta completamente a realidade virtual,
embarcando em si a realidade aumentada como subproduto da tecnologia. Já Dertouzos, usa o
termo Realidade Expandida para se referir a Realidade Aumentada por entender que a
aplicação tecnológica de informações sobre o ambiente real se dá de forma bem similar que
Sutherland apontou, dedicando pouca atenção para a realidade virtual.
23. Continuum realidade-virtualidade (Milgram e Kishino 1994)
Realidade Misturada é a abstração das ideias da extrapolação do ser
humano em qualquer nível. Dessa forma, assume-se que não há de fato uma
distinção conceitual entre Realidade Virtual e Realidade Aumentada,
ambas são a mesma coisa: realidade misturada,
25. Continuum realidade-virtualidade (Milgram e Kishino 1994)
Além de introduzir o conceito de Realidade Misturada, Milgram e Kishino ainda fazem
a distinção entre ambiente real, ambientes sintéticos (virtual) além da característica da
interação (visualização através de) ou imersão (por meio de). Quanto mais uma
solução se aproxima da realidade e mais tangível é, maior o nível de realismo (realidade
aumentada). Quanto mais abstrato e próximo de ambientes sintéticos, gerados inteiramente
por computador, maior é o nível de virtualidade. Entendendo as definições do dicionário
Webster (1989), virtualidade como “ser em essência ou efeito, mas não em fato” e
realidade como “o estado ou a qualidade de ser”, o problema do oximoro realidade-virtual,
resta apenas no uso vulgar para descrever um dispositivo projetado para ambientes
virtuais.
26. Realidade misturada, comunicação expandida
• Através de um recorte histórico-teórico, os conceitos como a tecnologia para
expandir a realidade do homem (apesar de serem oriundas de diversas práticas
cientificas) sempre objetivaram a comunicação e a interação, tanto do homem com a
máquina, quanto a partir da máquina para o homem.
• Produtos da realidade misturada oferecem desafios semanticamente
comunicacionais, sendo a comunicação o componente fundamental no processo que
irá derivar a interação do usuário com o ambiente (Jerald, 2016, p.10; Craig, 2013, p.2)
• Dialogicidade homem-máquina configura-se como um puro processo de
comunicação (Squirra, 2013, p.86)
28. Argumento central - realidade misturada
❖ A realidade misturada e o espectro continuum realidade
virtualidade dão conta de sustentar teoricamente as
aplicações sob uma perspectiva de comunicação expandida;
❖ Os estudos da realidade misturada pelo recorte da
Comunicação são totalmente pertinentes e pouco explorados;
❖ A visão do que é comunicação pelo olhar das Engenharias
(sistemas, Software, Computação) vão de encontro com o que
a cibernética entende como comunicação, portanto, tão
válidos quanto;
29. Algumas indagações que surgiram nesta reflexão
❖ A comunicação pode ser expandida em toda a sua
amplitude? Ou apenas no lado do homem e da sua
cognição?
❖ Sendo apenas colado do homem, uma comunicação
expandida seria o aumento de informações que
combatem a entropia ou uma tratava mais eficaz da
degeneração da informação?
30. Referências
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Majer. São Paulo: Paz e Terra. V.1, 2007.
CERF, V.G Augmented Reality. Communictions of ACM, Washington, v.57, n.8, p.6.8, 2014
DERTOUZOS, M. L. O que será: como o novo mundo da informação transformará nossas vidas. São Paulo: Companhia das Letras,
1997
________ A revolução Inacabada. São Paulo: Futura, 2002
GAMA, Ruy. A tecnologia e o trabalho na história. São Paulo: Nobel: Editora da Universidade de São Paulo, 1986.
GLEICK, J. A informação – Uma história, uma teoria, uma enxurrada. São Paulo: Companhia das Letras, 2013
GREGORY, R. L. Eye and Brain: The Psycology of Seeing. 5.Edição. Princeton University Press, Princeton.
ISAACSON, W. Os inovadores: Uma biografia da revolução digital. Tradução de Berilo Vargas, Luciano Vieira Machado e Pedro
Maria Soares. 1.edição, São Paulo. Companhia das Letras, 2014.
JERALD, J. The VR Book: Human-Centered Design for Virtual Reality, Washington, ACM & Morgan & Claypool Publishers, 2014
LOPES, P; ION, A; KOVACS, R. Using your own muscles: realistic physical experiences in VR in XRDS Cross Roads, v.22. n.1, p.
30-35; 2015
KIPPER, G; RAMPOLLA, J. Augmented Reality: An Emerging Technologies Guide to AR Syngress Publishing, 2010.
31. Referências
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MILGRAM, P.; KISHINO, F. A taxonomy of Mixed Reality Visual Displays. IEICE TRANS. INF & SYST, Vol. E77, n.12, p. 1321–1329, 2012.
MURRAY, J. H. Hamlet no Holodeck: o futuro das narrativas no ciberespaço. São Paulo: Itaú Cultural, Unesp 2003.
NEGROPONTE, N. A vida digital. São Paulo: Companhia das letras, 1995.
PLASENCIA D. M. One step beyond Virtual Reality:Connectong past and future developments in XRDS Cross Roads, v.22. n.1, p.36-37; 2015
PINTO, A. V. O conceito de Tecnologia. Rio de Janeiro; Editora Contraponto, 2005.
SUTHERLAND, Ivan. Augumented Reality: The ultimate display. Out. 1965. Disponivel em: <https://www.wired.com/2009/09/augmented-
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SUTHERLAND, Ivan. A Head-Mounted Three Dimensional Display. In Proceedings of the 1968 Fall Joint Computer Conference AFIPS (Vol.
33, parte 1, p. 757-764). Washington. Thompson Books
SQUIRRA, S. A Icomunicação: da metacomunicação à Ciberlogia .In: Revista IberoAmericana de Ciências de la Comunicación. N.2, p.86-97,
2013
___________. Como as invisíveis tecnologias permeiam a existência e a produção. In: A comunicação de Mercado em redes virtuais. Chapecó:
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___________. A Comunicação em displays híbridos, nas redes e em mídias nas nuvens. In: Revista Comunicação & Inovação. Programa de Pós-
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___________. Engenharia das Comunicações – uma proposta para pesquisas colaborativas e transversais. In: Ciberlegenda. Rio de Janeiro, v.1, p.
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