O documento discute os principais conceitos e ideias do Iluminismo, incluindo: 1) a crença na razão como meio de entender o mundo e progredir a humanidade; 2) a secularização da sociedade e cultura com foco na imanência em vez da transcendência; 3) os valores humanistas de civilidade, progresso e cosmopolitismo defendidos pelos iluministas.
2. Significados
• Os termos iluminismo, luzes, esclarecimento, tiveram
diversos significados nos variados países da Europa, no século
XVIII.
• O denominador comum era a consciência, para seus
participantes, de que não se tratava de um acontecimento,
nem apenas de um movimento intelectual, mas sim de um
processo que estava apenas começando, o processo de
esclarecimento do homem.
• Alcançava-se um ponto de auto-consciência no processo
progressivo que ocorria desde o Renascimento, onde um
número cada vez maior de homens passaram a “pensar por si
mesmos”.
4. Iluminismo, temporalidades
• Genericamente, o apogeu do Iluminismo
acompanha a publicação e a repercussão da
Enciclopédia. Ou seja, inicia na década de
1740 e vai até a década de 1780.
• Suas raízes mais concretas podem ser
buscadas diretamente na Revolução Científica
do século XVII
5. A geografia do Iluminismo
• A Europa das Luzes. Comunidade de letrados,
atravessando particularismos regionais.
• Ideologia da unidade da Europa das Luzes.
• Sua auto-imagem define o que é o mundo
esclarecido, racional, avançado. Em
contraposição a ele, se cria a visão de mundos
tradicionais, atrasados ou exóticos.
6. Bases sociais das Luzes
• O debate em torno do caráter burguês do iluminismo: ideias e
suas bases sociais;
• A questão da posição social agentes sociais do iluminismo:
eram todos “homens de letras”: membros de profissões
liberais (médicos, advogados, professores), oficiais ou
funcionários civis do Estado Absolutista, alguns clérigos,
artistas e alguns diletantes (nobres ou comerciantes). Assim,
eram, majoritariamente, mas não apenas, membros da
“média” burguesia, ainda que houvesse pessoas de outros
estratos sociais.
• Questões sobre o significado político da ideologia iluminista e
sua ligação com a burguesia.
8. Secularização
• Busca da verdade na imanência da natureza,
que pode ser compreendida pela razão, e não
na transcendência, acessível pela revelação.
• Dá-se em vários campos, na política,
economia, administração, cultura, práticas
sociais.
9. Secularização e crença em Deus
• A secularização assume, na França, um radical anti-
clericalismo, mas nem sempre foi assim em outras partes da
Europa.
• Na maioria dos casos, mesmo na França, não se desenvolve
uma total antítese com relação à existência de Deus. Mas se
considera que a razão é dada por Deus e que é através dela
que se deve analisar o mundo e descobrir suas leis.
• Existe a defesa do LIVRE-PENSAMENTO. A crítica racional
deve ser o único critério válido.
• Muitas vezes, esse pensamento desembocou no deísmo.
Raramente houve franco ateísmo.
10. A RAZÃO ILUMINISTA
• Crítica Racionalista: Ver pp. 36 e 37 F.Falcon
• Através da razão e da livre crítica racionalista a TODOS os
campos, o homem pode conhecer a verdade e atingir a
liberdade.
• E isso, em tese, se aplica indistintamente a TODOS os
homens, já que são todos IGUAIS, pois possuem razão.
Universalismo das Luzes.
• Caráter universal e imutável da natureza humana racional.
• Busca de fundir o racionalismo e o empirismo
11. OTIMISMO RACIONALISTA
• A auto-consciência iluminista: visão peculiar da história da humanidade.
Aquele era o tempo e eles os sujeito da eliminação das trevas da
ignorância, pelo princípio da razão.
• Paradigma físico-matemático: tal como demonstraram Newton e outros,
a natureza é regida por leis que são identificáveis através da razão, pelo
modelo físico-matemático. Assim, como o homem é provido de razão, ele
pode conhecer essas leis e atuar de acordo com elas. Assim, encontrará a
verdade e procederá corretamente. E não apenas a natureza, mas a
sociedade, a cultura e o próprio homem também são regidos por leis
racionais, o que abre seu estudo à razão e, depois, ao modelo das ciências
da natureza.
12. Atitudes associadas à concepção
racionalista
• Elitismo e moralismo: criação de
uma ética e uma sociabilidade
próprias, baseada no cultivo da
razão e no desprezo por quem
não procede dessa forma.
• Neo-classicismo no campo da
estética. Ponderação, geometria,
equilíbrio, razão.
• Ceticismo religioso e/ou deísmo.
• Cosmopolitismo: os
particularismos são ilusões.
13. Homem e natureza no iluminismo
• Visões divergentes a partir da crença na inteligibilidade
racional do humano
• De um lado, a aproximação dos homens em relação à
natureza. Resulta em uma história natural do homem e em
uma filosofia da natureza.
• De outro lado, uma visão de distância entre o homem e a
natureza, pondo relevo no domínio do homem sobre a
natureza. Acentua a visão de uma filosofia da história calcada
no progresso, na civilização e a criação de uma filosofia da
cultura.
14. Temas e valores do iluminismo
• Humanidade
• Civilização: como realidade e como ideal. Progresso, educação, civilidade,
política, polidez, policiamento, civilização. Igualdade e diferenças das
civilizações.
• Progresso: caminho humano da barbárie à civilidade, da ignorância às
luzes, filosofia da história, germe da noção de evolução. Compatível com a
distinção entre homem/cultura e natureza. Rousseau e Hume são vozes
dissonantes nesse contexto. No final do período, a crença no progresso
levará à percepção do caráter mutável do humano, entrando em
contradição com os princípio da imutabilidade da natureza humana.
• Pragmatismo: busca de ação no mundo.
• Pedagogia e iluminismo: Helvetius e Rousseau. Educação e construção da
cidadania.
15. HUMANITARISMO
• Otimismo jurídico: crença na capacidade das leis racionais transformarem
para melhor a sociedade, assegurando a virtude e a felicidade dos
homens. Proposta de reforma dos códigos, dos processos, dos tribunais,
das prisões.
• Filantropia: amor a tudo que é humano. Empatia com os homens que
sofrem e padecem de necessidades. Atitudes desinteressadas, para ajudá-
los (beneficência). Difere da caridade cristã porque se baseia na igualdade
racional do homem e no senso de necessidade de desenvolvimento
coletivo da humanidade. E não tem como objetivo a salvação da alma.
• Cosmopolitismo: reunindo os cidadãos-patriotas, racionais e livres, de
todas as nações.
16. ENCICLOPÉDIA
• Auto-consciência dos progressos
da razão e formulação de um
instrumento racional para
dinamizar ainda mais a expansão
das Luzes.
• Fazer o balanço dos
conhecimentos já existentes e ser
um novo ponto de partida.
• V. pp. 80 a 83 do livro de F.Falcon