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HIPERSENSIBILIDADE DENTINÁRIA
DEFINIÇÃO: Resposta exacerbada a um estímulo sensorial (tátil, térmico ou
químico) que normalmente não causaria sensibilidade em um dente sadio.

NOMENCLATURA: A hipersensibilidade dentinária pode ser encontrada na
literatura com outros termos que definem, na verdade, o mesmo tipo de alteração:
Sensibilidade dental ou dentinária;
Hipersensibilidade dental ou dentinária;
Hipersensibilidade dentinária cervical;
Alodontia (Curro 1990);
Dentinalgia (Burman 1985).

EPIDEMIOLOGIA
Segundo Kanapka (1990) a hipersensibilidade dentinária afeta cerca de 40
milhões de adultos nos Estados Unidos. Gillam et al. (1994) foi mais longe; segundo o
autor, a hipersensibilidade dentinária é uma condição clínica dolorosa que acomete
35% da população mundial. Em 2002, Gillam constatou por meio de questionário
destinado a cirurgiões dentistas do Reino Unido, que 1 em cada 4 pacientes
demonstrava hipersensibilidade dentinária (83,4%).
Segundo Jolán Bánóczy (Dentin hipersensitivity - World Dental Congress –
Viena – 2002), embora a hipersensibilidade dentinária possa afetar até um entre três
adultos, poucos são os que se consultam com dentistas. Por outro lado, a maior
queixa dos pacientes que procuraram orientação é que não recebiam orientação e
tratamento dos dentistas.

EXPOSIÇÃO CERVICAL – Consideração anatômica
O esmalte dental é a estrutura mais mineralizada do corpo humano. Esta estrutura é
praticamente impermeável e recobre a dentina coronária, mostrando-se contínuo
desde o limite amelo-dentinário. O cemento recobre a dentina radicular, e modifica
sua espessura dependendo da localização: próximo à junção esmalte-cemento é mais
2
delgado (20 a 50um) e torna-se mais espesso a medida que se aproxima do ápice da
raiz (150 a 200 um).
A relação entre o cemento e o esmalte na região cervical é variável:

1- Em 30% dos casos o cemento encontra-se com a extremidade cervical do esmalte
numa linha aguda;
2- Muito raramente o esmalte pode sobrepor-se ao cemento;
3- Em 60% o cemento recobre a extremidade cervical do esmalte.
4- Em 10% dos casos não existe a junção esmalte-cemento e uma zona de dentina
radicular

encontra-se

exposta. Ocorrendo

a

exposição

da dentina,

muito

provavelmente ocorrerá a hipersensibilidade dentinária e, assim, necessitará de
tratamento e acompanhamento profissional.
Quando ocorre a doença periodontal causada por acúmulo de placa bacteriana e
tártaro, a hipersensibilidade dentinária geralmente aumenta em função da
reabsorção óssea, perda de tecido cementário e da maior exposição e instrumentação
dentinária.

Dr. Diego Barreto

Dr. Diego Barreto
3
“É importante destacar que o grau de hipersensibilidade dentinária pode
variar, dependendo da causa da dor, de paciente para paciente, de dente para dente
no mesmo paciente e até em áreas diferentes de dentina exposta no mesmo dente”
(Pereira et al, 1995).
MECANISMOS DA SENSIBILIDADE DENTINÁRIA
-

Teoria

da

inervação

da

dentina

ou

da

modulação

(substâncias

neurotransmissoras): Os primeiros pesquisadores acreditavam que a sensibilidade da
dentina era devido à presença de nervos nesse tecido. Com o uso de microscopia
óptica e com o uso de coloração com metais pesados tentaram demonstrar a presença
de nervos na dentina. Verificaram, com o decorrer do tempo, que isso constituía um
defeito de técnica e não a presença de nervo.
Outro argumento contra a inervação da dentina foi demonstrado por alguns
autores que falharam em tentar causar dor na dentina com auxílio de substâncias que
causam despolarização das células nervosas (acetilcolina) aplicadas à dentina recémcortada. Anderson & Brännström (1962) destacaram que a sensibilidade da dentina
não é destruída por nitrato de prata, ou pela aplicação direta de um analgésico local;
ou seja, a sensibilidade dolorosa da dentina é independente de suas células vivas.

- Teoria da transdução odontoblástica (sinapses): Os defensores desta teoria
argumentavam que os odontoblastos faziam sinapse com os nervos, mas na realidade
nunca se observou esse fato e as terminações dos odontoblastos não apresentam
vesículas sinápticas.
Estudos com microscópio eletrônico de varredura demonstraram que metade
ou dois terços dos canalículos dentinários apresentam-se sem odontoblastos. O
odontoblasto estende apenas um terço do comprimento dos canalículos e o resto é
preenchido com fluido semelhante ao líqüido intersticial. Este fato faz com que fique
impossível estimular diretamente um odontoblasto em determinadas áreas da
dentina e, muito menos, um nervo.
4
- Teoria da vibração (estímulos ampliados e transmitidos): Segundo esta
teoria, os estímulos seriam capazes de provocar vibrações nos odontoblastos
localizados na periferia da polpa e, dessa forma, estimular as fibras nervosas até a
ocorrência da dor. Não se pode descartar totalmente esta teoria, entretanto, sabe-se
que túbulos dentinários sem prolongamentos dos odontoblastos, apenas com fluido
dentinário, transmitem a mensagem de dor, não dependendo da vibração.

Portanto, se nem todos os túbulos dentinários apresentam prolongamentos
dos odontoblastos; se nem todos os prolongamentos dos odontoblastos chegam ao
limite amelo-dentinário; e, se não há sinapse entre os odontoblastos e o plexo
nervoso, como explicar a sensibilidade dentinária?
- Teoria Hidrodinâmica de Brännström: Relaciona a dor à movimentação de fluidos
no interior dos túbulos, para fora e para dentro, estimulando por diferença de
pressão as terminações nervosas. Corresponde à teoria mais aceita para explicar o
fenômeno da sensibilidade dentinária.


Preparo cavitário - estímulo positivo que
pode provocar a dor, dependendo da
intensidade, do estado de vitalidade
pulpar e do limiar de dor.



Jato de ar – estímulo negativo em que o
fluido tenta sair, causando a dor.



Açúcar – estímulo iônico negativo (atrai
água).



Condensação do amálgama – estímulo
positivo (pressão).

A sensibilidade dentinária é dependente da estimulação de receptores
aferentes localizados na polpa, as fibras mecano-receptoras mielínicas do grupo Adelta. Assim, ela é sempre percebida como dor aguda ou primária e bem localizada.
Cabe destacar também, que o primeiro relato encontrado na literatura a respeito dos
movimentos dos fluidos no interior dos túbulos dentinários data de 1900
5
(“Sensibilidade da dentina” - Movimento dos fluidos dentro dos túbulos dentinários.
GYSI, A. An attempt to explain the sensitiveness of dentin. Br J Dent Sci, 43: 865-8,
1900).

CAUSAS DA HIPERSENSIBILIDADE DENTINÁRIA


Exposição de dentina;



Túbulos abertos: ...”os dentes com hipersensibilidade apresentam na superfície

dentinária, até 8 vezes mais o número de túbulos abertos, e o diâmetro desses
túbulos é o dobro dos encontrados em uma dentina normal”... (Martin Addy, 2002);


Exposição radicular fisiológica (envelhecimento);



Exposição radicular patológica:
o

Escovação dental;

o

Má posição dental;

o

Trauma oclusal;

o

Doenças e tratamento periodontal;



Abrasão;



Erosão;



Abfração;



Associação de fatores:
Estudos in vitro, in situ e epidemiológicos evidenciam que a ingestão ácida

freqüente é fator dominante na prevalência da erosão dental (Nunn, 2000; Zero &
Lussi, 2000);
No ponto mais comum de ocorrência da hipersensibilidade dentinária, região
vestíbulo-cervical, há evidências que sugerem que a erosão ácida tem o potencial de
iniciar novas lesões (Addy, 2002);
Estudos também comprovam que, em alguns indivíduos consumidores de cerca
de 1 litro de refrigerante por dia, a remoção de esmalte na região vestíbulo-cervical
pode ser praticamente total em alguns anos (Hughes et al, 1999; Hooper et al., 2003);
A perda de esmalte nesses casos já fragilizados é ainda mais acelerada pela
escovação dental regular.
6
ABFRAÇÃO – Lesões cervicais não cariosas
Definição: Perda fisiológica de tecido duro em
decorrência de forças biomecânicas que causam flexão
dental e conseqüente fadiga do esmalte e dentina em
local distante do ponto da carga oclusal (Grippo, J.O.
Abfraction: a new classification of hard tissues lesions
of teeth. J Esthet Dent, Ontario, v.3, n.1, p.14-19,
jan/feb. 1991).
Ab – distante, separação
fratio – quebra, rompimento

“Nenhum tipo de abrasão por escovação, nem mesmo erosão por ácidos pode
produzir lesão semelhante” (Bishop et al, 1997).
O conhecimento deste fenômeno tem apenas uma década, até então as lesões
deste tipo que surgiam na região cervical eram confundidas com lesões de erosão ou
abrasão.

INCIDÊNCIA
98% na face vestibular
68.8% em premolares
12% em molares
11.6% em caninos
7,4% em incisivos
(Azevedo, 1994)

CÁRIE
Cuidado: A sensibilidade dentinária nem sempre está associada a uma lesão
não cariosa. As lesões de cárie agudas são de evolução rápida e muito sensíveis,
podendo confundir o diagnóstico de hipersensibilidade dentinária.
7
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DA HIPERSENSIBILIDADE DENTINÁRIA



Dor aguda e curta;



Dor provocada por estímulo térmico, químico, tátil ou volátil;



Dor que geralmente desaparece com a remoção do estímulo;



Período de remissão espontânea;

DIAGNÓSTICO


Na ausência de outra patologia local, o desaparecimento da dor ocorre
imediatamente após a remoção do estímulo;



Radiograficamente não apresenta evidência de patologia periapical;



Síndrome do dente Gretado;



Pulpite reversível.
MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO



História da dor (cronologia, natureza, localização, irradiação e fatores de
exacerbação e redução);



Percussão



Palpação



Inspeção do dente



Teste térmico (elétrico)



Rx

PREVENÇÃO DA HIPERSENSIBILIDADE DENTINÁRIA - PROFISSIONAIS


Evitar instrumentar em excesso as superfícies radiculares;



Evitar polir em excesso as raízes expostas;



Cuidado com o acabamento de restaurações cervicais;



Evitar violar o espaço biológico – Prótese;



Clareamento – indicação e uso de dessensibilizantes;



Restaurações supragengivais;



Proservação.
8
PREVENÇÃO DA HIPERSENSIBILIDADE DENTINÁRIA - PACIENTES


Correta técnica de higiene oral;



Evitar hábitos parafuncionais;



Pouca quantidade de creme dental;



Escovação suave e com cerdas macias;



Evitar a escovação imediata após alimentos ácidos;



Não palitar os dentes;



Procurar um dentista com freqüência;

TRATAMENTO – REQUISITOS DO AGENTE DESSENSIBILIZANTE


Não irritante a polpa;



Fácil aplicação;



Bem tolerado pelo paciente;



Custo acessível;



Efeito imediato e duradouro;



Não promover manchamento do dente.

TRATAMENTO


Remoção das causas



Anti-inflamatório



Efeito oclusivo dos canalículos dentinários
o Precipitação de proteínas (podem exercer efeito duplo)


Nitrato de prata – “coagula” prolongamentos de Tomes



Formalina 40% - irritante á polpa, não mancha



Cloreto de zinco 40% - aplicação por fricção

o Deposição de partículas


Bruxismo



hidróxido de cálcio



compostos fluoretados



Flúor



Sais de estrôncio (Cloretos e Acetatos)
9


Oxalato de potássio e Oxalato de ferro – esfregar:



Por terem grande afinidade com os íons cálcio e fosfato presente
no líquido dos túbulos dentinários, reagem e formam cristais
insolúveis que se depositam na abertura dos túbulos expostos,
obliterando-os e bloqueando o fluxo osmótico. Isto impede que
os estímulos externos atuem sobre os sensores nervosos,
evitando a dor.

o Aplicação de película impermeabilizadora - Vedamento tubular:
Adesivos com condicionamento ácido ou autocondicionantes.
o Procedimentos restauradores – Vedamento marginal.
o Aplicação de laser.


Cirúrgico – Co2



Terapêutico – diodo (635nm a 850nm)

- He-Ne (632,8 nm)
- ArGaAl ( 780 nm e 830 nm)


Despolarização das terminações nervosas - age diretamente nas fibras A-Delta
o Sais de Potássio – Cloretos, Citratos e Nitratos

Nitratos de potássio – A recomendação para o uso de moldeiras é o uso de 5% de
nitrato de potássio e flúor, sem lauril sulfato de sódio (formação de espuma)
Câmara Técnica de Cosméticos –CATEC: Parecer Técnico nº 4, de 6/7/2005
Nitrato de potássio – 5,0%
Citrato de potássio – 5,5%
Cloreto de potássio – 3,7%
CLAREAMENTO DENTAL – CUIDADOS:


Avaliar se há sensibilidade prévia;



Avaliar a intensidade;



Escolher a técnica de clareamento mais adequada;



Utilizar dessensibilizantes antes e após o procedimento;



Acompanhamento profissional.

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Hipersensibilidade dentinaria pdf (1)

  • 1. 1 HIPERSENSIBILIDADE DENTINÁRIA DEFINIÇÃO: Resposta exacerbada a um estímulo sensorial (tátil, térmico ou químico) que normalmente não causaria sensibilidade em um dente sadio. NOMENCLATURA: A hipersensibilidade dentinária pode ser encontrada na literatura com outros termos que definem, na verdade, o mesmo tipo de alteração: Sensibilidade dental ou dentinária; Hipersensibilidade dental ou dentinária; Hipersensibilidade dentinária cervical; Alodontia (Curro 1990); Dentinalgia (Burman 1985). EPIDEMIOLOGIA Segundo Kanapka (1990) a hipersensibilidade dentinária afeta cerca de 40 milhões de adultos nos Estados Unidos. Gillam et al. (1994) foi mais longe; segundo o autor, a hipersensibilidade dentinária é uma condição clínica dolorosa que acomete 35% da população mundial. Em 2002, Gillam constatou por meio de questionário destinado a cirurgiões dentistas do Reino Unido, que 1 em cada 4 pacientes demonstrava hipersensibilidade dentinária (83,4%). Segundo Jolán Bánóczy (Dentin hipersensitivity - World Dental Congress – Viena – 2002), embora a hipersensibilidade dentinária possa afetar até um entre três adultos, poucos são os que se consultam com dentistas. Por outro lado, a maior queixa dos pacientes que procuraram orientação é que não recebiam orientação e tratamento dos dentistas. EXPOSIÇÃO CERVICAL – Consideração anatômica O esmalte dental é a estrutura mais mineralizada do corpo humano. Esta estrutura é praticamente impermeável e recobre a dentina coronária, mostrando-se contínuo desde o limite amelo-dentinário. O cemento recobre a dentina radicular, e modifica sua espessura dependendo da localização: próximo à junção esmalte-cemento é mais
  • 2. 2 delgado (20 a 50um) e torna-se mais espesso a medida que se aproxima do ápice da raiz (150 a 200 um). A relação entre o cemento e o esmalte na região cervical é variável: 1- Em 30% dos casos o cemento encontra-se com a extremidade cervical do esmalte numa linha aguda; 2- Muito raramente o esmalte pode sobrepor-se ao cemento; 3- Em 60% o cemento recobre a extremidade cervical do esmalte. 4- Em 10% dos casos não existe a junção esmalte-cemento e uma zona de dentina radicular encontra-se exposta. Ocorrendo a exposição da dentina, muito provavelmente ocorrerá a hipersensibilidade dentinária e, assim, necessitará de tratamento e acompanhamento profissional. Quando ocorre a doença periodontal causada por acúmulo de placa bacteriana e tártaro, a hipersensibilidade dentinária geralmente aumenta em função da reabsorção óssea, perda de tecido cementário e da maior exposição e instrumentação dentinária. Dr. Diego Barreto Dr. Diego Barreto
  • 3. 3 “É importante destacar que o grau de hipersensibilidade dentinária pode variar, dependendo da causa da dor, de paciente para paciente, de dente para dente no mesmo paciente e até em áreas diferentes de dentina exposta no mesmo dente” (Pereira et al, 1995). MECANISMOS DA SENSIBILIDADE DENTINÁRIA - Teoria da inervação da dentina ou da modulação (substâncias neurotransmissoras): Os primeiros pesquisadores acreditavam que a sensibilidade da dentina era devido à presença de nervos nesse tecido. Com o uso de microscopia óptica e com o uso de coloração com metais pesados tentaram demonstrar a presença de nervos na dentina. Verificaram, com o decorrer do tempo, que isso constituía um defeito de técnica e não a presença de nervo. Outro argumento contra a inervação da dentina foi demonstrado por alguns autores que falharam em tentar causar dor na dentina com auxílio de substâncias que causam despolarização das células nervosas (acetilcolina) aplicadas à dentina recémcortada. Anderson & Brännström (1962) destacaram que a sensibilidade da dentina não é destruída por nitrato de prata, ou pela aplicação direta de um analgésico local; ou seja, a sensibilidade dolorosa da dentina é independente de suas células vivas. - Teoria da transdução odontoblástica (sinapses): Os defensores desta teoria argumentavam que os odontoblastos faziam sinapse com os nervos, mas na realidade nunca se observou esse fato e as terminações dos odontoblastos não apresentam vesículas sinápticas. Estudos com microscópio eletrônico de varredura demonstraram que metade ou dois terços dos canalículos dentinários apresentam-se sem odontoblastos. O odontoblasto estende apenas um terço do comprimento dos canalículos e o resto é preenchido com fluido semelhante ao líqüido intersticial. Este fato faz com que fique impossível estimular diretamente um odontoblasto em determinadas áreas da dentina e, muito menos, um nervo.
  • 4. 4 - Teoria da vibração (estímulos ampliados e transmitidos): Segundo esta teoria, os estímulos seriam capazes de provocar vibrações nos odontoblastos localizados na periferia da polpa e, dessa forma, estimular as fibras nervosas até a ocorrência da dor. Não se pode descartar totalmente esta teoria, entretanto, sabe-se que túbulos dentinários sem prolongamentos dos odontoblastos, apenas com fluido dentinário, transmitem a mensagem de dor, não dependendo da vibração. Portanto, se nem todos os túbulos dentinários apresentam prolongamentos dos odontoblastos; se nem todos os prolongamentos dos odontoblastos chegam ao limite amelo-dentinário; e, se não há sinapse entre os odontoblastos e o plexo nervoso, como explicar a sensibilidade dentinária? - Teoria Hidrodinâmica de Brännström: Relaciona a dor à movimentação de fluidos no interior dos túbulos, para fora e para dentro, estimulando por diferença de pressão as terminações nervosas. Corresponde à teoria mais aceita para explicar o fenômeno da sensibilidade dentinária.  Preparo cavitário - estímulo positivo que pode provocar a dor, dependendo da intensidade, do estado de vitalidade pulpar e do limiar de dor.  Jato de ar – estímulo negativo em que o fluido tenta sair, causando a dor.  Açúcar – estímulo iônico negativo (atrai água).  Condensação do amálgama – estímulo positivo (pressão). A sensibilidade dentinária é dependente da estimulação de receptores aferentes localizados na polpa, as fibras mecano-receptoras mielínicas do grupo Adelta. Assim, ela é sempre percebida como dor aguda ou primária e bem localizada. Cabe destacar também, que o primeiro relato encontrado na literatura a respeito dos movimentos dos fluidos no interior dos túbulos dentinários data de 1900
  • 5. 5 (“Sensibilidade da dentina” - Movimento dos fluidos dentro dos túbulos dentinários. GYSI, A. An attempt to explain the sensitiveness of dentin. Br J Dent Sci, 43: 865-8, 1900). CAUSAS DA HIPERSENSIBILIDADE DENTINÁRIA  Exposição de dentina;  Túbulos abertos: ...”os dentes com hipersensibilidade apresentam na superfície dentinária, até 8 vezes mais o número de túbulos abertos, e o diâmetro desses túbulos é o dobro dos encontrados em uma dentina normal”... (Martin Addy, 2002);  Exposição radicular fisiológica (envelhecimento);  Exposição radicular patológica: o Escovação dental; o Má posição dental; o Trauma oclusal; o Doenças e tratamento periodontal;  Abrasão;  Erosão;  Abfração;  Associação de fatores: Estudos in vitro, in situ e epidemiológicos evidenciam que a ingestão ácida freqüente é fator dominante na prevalência da erosão dental (Nunn, 2000; Zero & Lussi, 2000); No ponto mais comum de ocorrência da hipersensibilidade dentinária, região vestíbulo-cervical, há evidências que sugerem que a erosão ácida tem o potencial de iniciar novas lesões (Addy, 2002); Estudos também comprovam que, em alguns indivíduos consumidores de cerca de 1 litro de refrigerante por dia, a remoção de esmalte na região vestíbulo-cervical pode ser praticamente total em alguns anos (Hughes et al, 1999; Hooper et al., 2003); A perda de esmalte nesses casos já fragilizados é ainda mais acelerada pela escovação dental regular.
  • 6. 6 ABFRAÇÃO – Lesões cervicais não cariosas Definição: Perda fisiológica de tecido duro em decorrência de forças biomecânicas que causam flexão dental e conseqüente fadiga do esmalte e dentina em local distante do ponto da carga oclusal (Grippo, J.O. Abfraction: a new classification of hard tissues lesions of teeth. J Esthet Dent, Ontario, v.3, n.1, p.14-19, jan/feb. 1991). Ab – distante, separação fratio – quebra, rompimento “Nenhum tipo de abrasão por escovação, nem mesmo erosão por ácidos pode produzir lesão semelhante” (Bishop et al, 1997). O conhecimento deste fenômeno tem apenas uma década, até então as lesões deste tipo que surgiam na região cervical eram confundidas com lesões de erosão ou abrasão. INCIDÊNCIA 98% na face vestibular 68.8% em premolares 12% em molares 11.6% em caninos 7,4% em incisivos (Azevedo, 1994) CÁRIE Cuidado: A sensibilidade dentinária nem sempre está associada a uma lesão não cariosa. As lesões de cárie agudas são de evolução rápida e muito sensíveis, podendo confundir o diagnóstico de hipersensibilidade dentinária.
  • 7. 7 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DA HIPERSENSIBILIDADE DENTINÁRIA  Dor aguda e curta;  Dor provocada por estímulo térmico, químico, tátil ou volátil;  Dor que geralmente desaparece com a remoção do estímulo;  Período de remissão espontânea; DIAGNÓSTICO  Na ausência de outra patologia local, o desaparecimento da dor ocorre imediatamente após a remoção do estímulo;  Radiograficamente não apresenta evidência de patologia periapical;  Síndrome do dente Gretado;  Pulpite reversível. MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO  História da dor (cronologia, natureza, localização, irradiação e fatores de exacerbação e redução);  Percussão  Palpação  Inspeção do dente  Teste térmico (elétrico)  Rx PREVENÇÃO DA HIPERSENSIBILIDADE DENTINÁRIA - PROFISSIONAIS  Evitar instrumentar em excesso as superfícies radiculares;  Evitar polir em excesso as raízes expostas;  Cuidado com o acabamento de restaurações cervicais;  Evitar violar o espaço biológico – Prótese;  Clareamento – indicação e uso de dessensibilizantes;  Restaurações supragengivais;  Proservação.
  • 8. 8 PREVENÇÃO DA HIPERSENSIBILIDADE DENTINÁRIA - PACIENTES  Correta técnica de higiene oral;  Evitar hábitos parafuncionais;  Pouca quantidade de creme dental;  Escovação suave e com cerdas macias;  Evitar a escovação imediata após alimentos ácidos;  Não palitar os dentes;  Procurar um dentista com freqüência; TRATAMENTO – REQUISITOS DO AGENTE DESSENSIBILIZANTE  Não irritante a polpa;  Fácil aplicação;  Bem tolerado pelo paciente;  Custo acessível;  Efeito imediato e duradouro;  Não promover manchamento do dente. TRATAMENTO  Remoção das causas  Anti-inflamatório  Efeito oclusivo dos canalículos dentinários o Precipitação de proteínas (podem exercer efeito duplo)  Nitrato de prata – “coagula” prolongamentos de Tomes  Formalina 40% - irritante á polpa, não mancha  Cloreto de zinco 40% - aplicação por fricção o Deposição de partículas  Bruxismo  hidróxido de cálcio  compostos fluoretados  Flúor  Sais de estrôncio (Cloretos e Acetatos)
  • 9. 9  Oxalato de potássio e Oxalato de ferro – esfregar:  Por terem grande afinidade com os íons cálcio e fosfato presente no líquido dos túbulos dentinários, reagem e formam cristais insolúveis que se depositam na abertura dos túbulos expostos, obliterando-os e bloqueando o fluxo osmótico. Isto impede que os estímulos externos atuem sobre os sensores nervosos, evitando a dor. o Aplicação de película impermeabilizadora - Vedamento tubular: Adesivos com condicionamento ácido ou autocondicionantes. o Procedimentos restauradores – Vedamento marginal. o Aplicação de laser.  Cirúrgico – Co2  Terapêutico – diodo (635nm a 850nm) - He-Ne (632,8 nm) - ArGaAl ( 780 nm e 830 nm)  Despolarização das terminações nervosas - age diretamente nas fibras A-Delta o Sais de Potássio – Cloretos, Citratos e Nitratos Nitratos de potássio – A recomendação para o uso de moldeiras é o uso de 5% de nitrato de potássio e flúor, sem lauril sulfato de sódio (formação de espuma) Câmara Técnica de Cosméticos –CATEC: Parecer Técnico nº 4, de 6/7/2005 Nitrato de potássio – 5,0% Citrato de potássio – 5,5% Cloreto de potássio – 3,7% CLAREAMENTO DENTAL – CUIDADOS:  Avaliar se há sensibilidade prévia;  Avaliar a intensidade;  Escolher a técnica de clareamento mais adequada;  Utilizar dessensibilizantes antes e após o procedimento;  Acompanhamento profissional.