1. TECNOLOGIAS E SISTEMAS DE INFORMAÇÃO
Optimização de recursos
através da “Hipernet”
e dos seus serviços
Hugo Duarte da Fonseca, Managing Partner da MAEIL, Information Systems Engineering, Lda
N
o âmbito de um Projecto de "ace‑ lhamos vai mudar forçosamente e por diversas A integração de serviços na "cloud" (os serviços
leração" do desenvolvimento de razões, incluindo a escassez de recursos para alojados e disponibilizados na "nuvem") vai
uma nova tecnologia durante 3 uma população crescente e consequentemente permitir que os clientes finais (importadores e
meses em Silicon Valley, tive a a obrigatoriedade de nos tornarmos eficientes exportadores) possam ver de forma mais inte‑
oportunidade de poder testemunhar e obser‑ na utilização da água, da energia, do ambiente grada, a menor custo, e com maior rigor e fia‑
var as últimas tendências deste ecossistema, e dos recursos naturais. Para isto precisamos bilidade a rastreabilidade de todo o processo
onde nasceram e continuam a aparecer fre‑ de tecnologia e da rede e dos seus serviços, ma‑ logístico da sua carga, e os operadores capazes
quentemente novas empresas que exploram ximizando o seu retorno com o menor custo de lhes fornecer esta informação serão os mais
e desenvolvem este novo paradigma: o facto possível. aptos a colaborar na rede. O modelo de negó‑
de estarmos todos ligados digitalmente atra‑ Na "Bay Area", e presumo que seja uma ten‑ cio passa a ser "neuronal", com "inputs" e "out‑
vés de dispositivos móveis (telemóveis, dência a estender‑se para todas as áreas geo‑ puts" na rede e com o maior número possível
"smartphones", "tablets", portáteis e "ultra‑ gráficas, todos os "novos" negócios são de nós, e não apenas bidireccional numa rela‑
books"), e a partir destes e através de serviços suportados por aplicações online e funcionam ção típica clientefornecedor, desintegrada
"online" gerirmos cada vez mais as nossas sobre a rede de serviços existentes. Todas as com os outros parceiros como os Portos, Ter‑
vidas num contexto pessoal e profissional aplicações, mesmo as de negócio e que são minais, Alfândegas, etc.
através da informação que circula nesta rede, "B2B" ("Business to Business") e não "B2C" ("Bu‑ O conceito "hipernet" inicialmente referido
ou do seu conjunto de sub‑redes e aplicações, siness to Consumer"), ou seja para o consumi‑ está relacionado com outro fenómeno a que
como já ouvi designar por "hipernet". dor, são desenvolvidas para serem suportadas vamos assistir nos próximos anos, em que se
O FB ou "Facebook" tem actualmente 960 mi‑ na rede de forma a que todos os potenciais uti‑ prevê que todos os equipamentos com os
lhões de utilizadores a caminho de um bilião. lizadores destes serviços as possam consumir, quais trabalhamos diariamente (carros, elec‑
Como ouvi numa conferência, é a primeira vez sendo clientes directos, parceiros ou "brokers". trodomésticos, ar condicionado, iluminação,
na história da humanidade que temos uma Na sequência do nosso trabalho no Trans‑ outros) vão passar a estar ligados também e
população a utilizar um serviço interactivo em porte Marítimo, dou alguns exemplos para de forma automática à internet, prevendo‑se
"real‑time" e com as mesmas regras de usabi‑ concretizar. O "CRM" ("Customer Relations‑ o quádruplo do número de equipamentos
lidade para todos, o que permite "formar" os hip Management") vai passar a ter uma com‑ por pessoa até 2020, atingindo os 50 biliões,
utilizadores e dar‑lhes uma experiência ponente "social media" integrada, na medida e por conseguinte disponíveis para colaborar
comum na forma simples e intuitiva como vi‑ em que quando um cliente (exportador ou na rede "inteligente" e participarem nos ser‑
sualizam a informação. Todos percepcionam importador) telefona para um "carrier", este viços existentes, mas permitirem também a
o "like" da mesma forma e sabem usá‑lo, tal não só o sabe identificar nos seus sistemas criação de novos serviços que incorporem
como a apresentação de notícias por forma operacionais e financeiros internos ("ERP") estes novos dispositivos.
descendente e automática. mas também com a dimensão da sua infor‑ Por último, o efeito de rede nos fenómenos a
Li recentemente que, até 2050, se estima que mação social na rede (notícias no "Linkedin", que assistimos, tal como a crise financeira
seremos 9 biliões de habitantes em todo o "Facebook", "Twitter" e outras) oferecendo‑ despoletada nos EUA em 2008, revela e de‑
mundo, com um crescimento exponencial e lhe um serviço mais personalizado. Através monstra o seu funcionamento, o que traz
acrescentando 2 biliões de pessoas durante de utilização de serviços designados por "Big desvantagens em acontecimentos negativos
este período, em particular nos mercados Data" (Análise de dados e "Business Intelli‑ porque afinal ninguém está imune à sua pro‑
emergentes. Em simultâneo, é previsível que gence") é possível utilizar plataformas "on‑ pagação, mas por outro traz também vanta‑
até 2020 a população "digital" irá passar de line" a baixo custo, que com base num gens na disseminação de eventos positivos,
forma muito acelerada de 1,5 biliões para 5 bi‑ histórico de compras conseguem orientar com a contribuição e colaboração de todos
liões, aumentando o valor da rede aproximada‑ melhor a oferta em tempo real, definir preços para os desafios a enfrentar. ◘
mente em 12 vezes (segundo a lei de Metcalfe). e estimar a procura (forecast). Esta informa‑
É fácil e imediato perceber com esta visão e ali‑ ção é essencial para os "Carriers" e para os O autor não escreve segundo o Novo Acordo
nhamento, que a forma como vivemos e traba‑ "Portos", e outros agentes na cadeia logística. Ortográfico.
66 Cluster do Mar Dezembro 2012 ‑ Janeiro 2013