Este documento descreve um projeto de intervenção para desenvolver habilidades sociais em adolescentes em situação de risco. O projeto visa prevenção primária através do treinamento de habilidades como tomada de decisão, resolução de problemas, comunicação eficaz e lidar com emoções. O projeto será implementado com adolescentes de um projeto social local por meio de dinâmicas de grupo.
1. TAILANE BARBOSA DE JESUS
HABILIDADES SOCIAIS NA ADOLESCÊNCIA
Salvador/Bahia
2016
2. Habilidades sociais na adolescência
Introdução:
Esse projeto de intervenção foi desenvolvido para os adolescentes
do Projeto Crescer, visando o desenvolvimento de suas habilidades sociais
como prevenção primária para lidar com situações de risco.
A identificação de habilidades sociais como um fator de proteção no
curso do desenvolvimento humano (Cecconello & Koller, 2000) tem estimulado
intervenções para a aprendizagem destas habilidades entre grupos e contextos
distintos, com populações clínicas e não clínicas. De acordo com os objetivos
gerais, tais intervenções podem ser agrupadas em prevenção primária,
prevenção secundária e prevenção terciária. Intervenções em prevenção
primária são dirigidas a grupos ou pessoas expostas a fatores de risco, mas
ainda não acometidos por problemas interpessoais e visam ao incremento de
suas habilidades sociais, como um fator de proteção, de modo a minimizar a
chance de ocorrência de problemas interpessoais futuros para estas pessoas e
para os que fazem parte de sua rede social mais próxima.
O Projeto Crescer está localizado na comunidade Lagoa dos Patos,
um local dominado pela violência e pelo tráfico de drogas. Diante desse
contexto que cerca o projeto, para levar as crianças e adolescentes uma nova
perspectiva, algumas atividades já são realizadas. Como discursões de temas
atuais e presentes no contexto em que eles estão inseridos. Para
complementar as atividades desenvolvidas é que o presente trabalho se
debruça sobre as habilidades sociais aplicadas para um contexto de prevenção
primária, pois se trata de um grupo exposto a fatores de risco, e o
desenvolvimento das habilidades sociais fornece recursos para lidar com
situações de risco que podem culminar em abuso de drogas, doenças
sexualmente transmissíveis, gravidez precoce, violência no trânsito e morte por
acidente.
Para a Organização Mundial de Saúde o desenvolvimento de
habilidades sociais em adolescentes contribui para a promoção de saúde.
Visando os aspectos citados o presente projeto foi desenvolvido.
No cenário atual, Caballo (1996) apresenta uma articulação
conceitual entre habilidades sociais e expressão de atitudes, sentimentos,
opiniões e desejos, enfatizando o respeito a si próprio e aos outros, existindo,
em geral, resolução dos problemas imediatos da situação e diminuição da
probabilidade de problemas futuros.
O movimento do THS (Treinamento de Habilidades Sociais) teria sido
iniciado por Salter (1949), retomando os achados de Pavlov acerca do reflexo
condicionado, o que lhe permitiu promover técnicas para aumentar a
expressividade verbal e facial. Wolpe (1958) ampliou e especificou o repertório
de HS identificando a possibilidade de avaliar e intervir em comportamentos
envolvidos na expressão de sentimentos negativos e na defesa dos próprios
direitos, o que denominou de assertividade. Lazarus (1977) trabalhou com
Wolpe e criticou a ênfase exagerada na expressão de sentimentos negativos e
propôs, então, a inclusão da expressão de sentimentos positivos (Del Prette &
Del Prette, 1999).
3. Del Prette e Del Prette (1999) concordam que assertividade
envolveria a expressão apropriada de sentimentos negativos e a defesa dos
próprios direitos, e que uma pessoa socialmente habilidosa também deveria
apresentar habilidades de comunicação, de resolução de problemas
interpessoais, de cooperação e de desempenhos nas atividades profissionais.
A taxonomia das habilidades sociais é ampliada pelos mesmos autores (2001),
que as organizaram em categorias: (a) habilidades sociais de comunicação:
fazer e responder a perguntas; gratificar e elogiar; pedir e dar feedback nas
relações sociais; iniciar, manter e encerrar conversação; (b) habilidades sociais
de civilidade: dizer “por favor”; agradecer; apresentar-se; cumprimentar;
despedir-se; (c) habilidades sociais assertivas de enfrentamento: manifestar
opinião, concordar, discordar; fazer, aceitar e recusar pedidos; desculpar-se e
admitir falhas; estabelecer relacionamento afetivo/sexual; encerrar
relacionamento; expressar raiva e pedir mudança de comportamento; interagir
com autoridades; lidar com críticas; (d) habilidades sociais empáticas:
parafrasear, refletir sentimentos e expressar apoio; (e) habilidades sociais de
trabalho: coordenar grupo; falar em público; resolver problemas, tomar
decisões e mediar conflitos; habilidades sociais educativas; e (f ) habilidades
sociais de expressão de sentimento positivo: fazer amizade; expressar
solidariedade e cultivar o amor.
Os altos índices entre os adolescentes de problemas de saúde
resultantes de fatores comportamentais indicam a necessidade de se construir
habilidades de enfrentamento mais saudáveis entre os jovens. A Organização
Mundial de Saúde (OMS) recomenda o desenvolvimento de habilidades de
vida, entre elas as habilidades de tomada de decisão, de controle da
impulsividade, de pensamento consequencial e de habilidades sociais, como
estratégias para auxiliar o adolescente a se proteger em situações de risco à
saúde (Gorayeb et al., 2003). De fato, o treinamento em habilidades sociais é
uma opção teórica e metodologicamente adequada para promoção de saúde
na adolescência, conforme indicam estudos anteriores (Amaral, Bravo, &
Messias, 1996; Murta, Del Prette, Nunes, & Del Prette, 2007). Essas
habilidades incluem comportamentos como fazer e responder perguntas, fazer
e receber elogios, pedir e dar feedback nas relações sociais, iniciar e manter
conversação, fazer e recusar pedidos, manifestar opinião, desculpar-se,
expressar sentimentos, lidar com as críticas e com a pressão do grupo, entre
outros (Del Prette & Del Prette, 2001).
Déficits em habilidades sociais em etapa de desenvolvimento como a
infância e a adolescência podem comprometer fases posteriores do ciclo vital.
Há evidências de que esses déficits estão relacionados a problemas
psicológicos como condutas anti-sociais, desajuste escolar, suicídio, problemas
de relacionamento e depressão (Del Prette & Del Prette, 1999, 2005). A
melhora no desempenho de habilidades sociais constitui um fator de proteção à
saúde e de desenvolvimento do indivíduo (Reppold, Pacheco, Bardagi, & Hutz,
2002) por favorecer o aumento da autonomia, da auto-estima e do suporte
social. Um desempenho social com habilidades sociais pode prevenir
comportamentos de risco à saúde, já que pode tornar o adolescente capaz de
decidir por si mesmo, de recusar convites danosos à sua saúde e de discordar
do grupo em momentos de pressão para uso de drogas, por exemplo. Isso
justifica a inserção do Treinamento em Habilidades Sociais (THS) em
intervenções para a prevenção e promoção de saúde de adolescentes.
4. Objetivo geral:
Desenvolver habilidades sociais para lidar com situações de risco.
Objetivos específicos:
• Treinamento das seguintes habilidades:
• De tomada de decisão;
• Resolução de problemas;
• Pensamento critico e criativo;
• Comunicação eficaz;
• Relacionamento interpessoal;
• Autoconhecimento, empatia, lidar com as emoções e com o estresse.
Justificativa:
A relevância do projeto consiste na proposta de prevenção
primária por meio do desenvolvimento das habilidades sociais em
adolescentes do Projeto Crescer. Habilidades para lidar com situações de
risco que podem culminar em abuso de drogas, doenças sexualmente
transmissíveis, gravidez precoce, violência no trânsito e morte por acidente.
Metodologia:
O projeto será desenvolvido com os adolescentes do projeto Crescer,
entre 12 a 20 sessões grupais, com 90 minutos de duração, com encontros
semanais, onde serão treinadas habilidades de tomada de decisão, resolução
de problemas, pensamento crítico, pensamento criativo, comunicação eficaz,
relacionamento interpessoal, autoconhecimento, empatia, lidar com as
emoções e lidar com o estresse, por meio de dinâmicas de grupo, exercícios
de aquecimento, dramatizações, exposição oral e discussões.
5. Referências Bibliográficas
Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
863X2004000200012>. Acesso: 15/11/2016
Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
79722009000100018> Acesso: 15/11/2016
Disponível em: < http://www.valordoconhecimento.com.br/blog/habilidades-
sociais-o-que-sao/> . Acesso: 15/11/2016
Del Prette, A. & Del Prette, Z. A. P. Habilidades sociais: Conceitos e campo
teórico prático. Texto online disponibilizado em <http://www.rihs.ufscar.br/>.
MURTA, Sheila. Aplicações do Treinamento em Habilidades Sociais:
Análise da Produção Nacional. Psicologia: Reflexão e Crítica, pag 283-291,
2005.
6. Referências Bibliográficas
Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
863X2004000200012>. Acesso: 15/11/2016
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Del Prette, A. & Del Prette, Z. A. P. Habilidades sociais: Conceitos e campo
teórico prático. Texto online disponibilizado em <http://www.rihs.ufscar.br/>.
MURTA, Sheila. Aplicações do Treinamento em Habilidades Sociais:
Análise da Produção Nacional. Psicologia: Reflexão e Crítica, pag 283-291,
2005.