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Cálculo de Riscos aplicada a atividades industriais:
taxação para fins de Seguros
Utilização de Softwares Específicos

Antonio Fernando Navarro1
www.scribd.com/antoniofernandonavarro

Um pequeno histórico sobre o Mercado Segurador

Inúmeros são os critérios atualmente existentes para a taxação dos denominados riscos
industriais. Sob essa denominação podem estar acobertadas refinarias siderúrgicas, e outros
empreendimentos de mesma grandeza. Antigamente, quando ainda existiam tarifas para a taxação de riscos
únicas para todas as seguradoras, seguia-se uma rotina de taxação, que era submetida à apreciação do
Instituto de Resseguros do Brasil, monopolista nas atividades de resseguro e de retrocessão.
Para quem não está familiarizado com a linguagem do seguro, as seguradoras possuíam
um Limite Técnico para a aceitação dos riscos e um Limite Operacional. As seguradoras poderiam assumir a
responsabilidade pela assunção dos riscos sozinhas, repassando o que excedesse ao seu limite de retenção ao
IRB, que providenciava, antes da remessa dos excessos de riscos para as várias seguradoras do mercado
segurador brasileiro. Do que restava de riscos não assumidos, o IRB os enviava segundo contratos o que
ainda excedia de riscos para o mercado internacional. Essa via era de mão dupla, ou seja, da mesma forma
que se enviava riscos recebia-se riscos. O vai e vem de riscos é na verdade um vai e vem de recursos, já que
risco significa uma taxa, a qual aplicada ao valor segurado do bem, o risco, é transformado no valor do
prêmio de seguros. Nesta fase ainda está se referindo aos prêmios de riscos sem os carregamentos habituais
devido às comissões de corretagem, despesas operacionais, impostos e encargos e taxas técnicas ou
carregamentos, que supre, eventuais desvios de taxas ou de riscos. O modelo abaixo exemplifica o limite de
retenção da seguradora. Ultrapassado esse limite há um receptáculo para o mesmo, em linguagem figurada,
denominado aqui IRB. O que ultrapassa à retenção do IRB é repassado a outros resseguradores. Os limites de
retenção aqui relatados são limites por riscos e não limites por carteiras de seguros.

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Antonio Fernando Navarro é Físico, Engenheiro Civil, Engenheiro de Segurança do Trabalho (da Universidade Federal
Fluminense) e Mestre em Saúde e Meio Ambiente, tendo atuado em atividades industriais por mais de 30 anos como
Gerente de Riscos, principalmente em seguradoras e para o IRB Brasil Re, nesse, como Perito de grandes sinistros.
Também é professor da Universidade Federal Fluminense – UFF do curso de Ciências Atuariais.
A “moeda” de negociação eram riscos, a exemplo do BBB de uma televisão, onde a
moeda é “estalecas”. Ocorre que o risco era que se segurava. Assim, o risco poderia ser uma pessoa (no
seguro de vida), poderia ser uma edificação (no seguro de incêndio), poderia ser um equipamento (no seguro
de riscos de engenharia ou riscos diversos), poderia ser uma embarcação ou uma aeronave, nos seguros de
cascos marítimos ou aeronáuticos, e por aí segue. Uma relação importante qualquer que fosse o risco a ser
oferecido a uma seguradora era de que para cada risco há uma taxa. Essa taxa aplicada sobre a importância
segurada do bem termina por se transformar no prêmio de seguros. A taxa pode ser agravada ou reduzida em
função da boa experiência da seguradora e do segurado não apresentar sinistros, aqui entendidos como a
efetivação do evento segurado. Em uma apólice que acoberte um edifício como o risco de incêndio, se
houver o incêndio, não importa a causa e desde que essa esteja contemplada como risco coberto, o incêndio
ocorrido é o sinistro. Se não houver possibilidade de salvar-se nada diz-se que houve a perda total. Caso haja
a possibilidade de se salvar algo diz-se salvados do incêndio, que podem ficar de posse do segurado,
reduzindo a perda da seguradora, ou ficarem com a seguradora, que indenizará o segurado da perda.
Portanto, o equilíbrio da operação está no correto dimensionamento da taxa em função do risco assumido.

Risco
Taxas
Havia seguradoras especializadas em seguros específicos, onde em suas carteiras de
negócios, o principal era o seguro de aeronaves, por exemplo, aquelas onde a maior parte dos riscos
assumidos eram seguros de automóveis, enfim, havia uma especialização e toda uma forma de negociação.
Os seguros industriais, pelas suas características, eram sempre seguros mais técnicos, exigindo das
seguradoras análises de gerenciamento de riscos realizadas por engenheiros. Pelo porte das empresas quase
sempre chegavam a ser seguros vultosos, aqueles onde a retenção do mercado nacional era pequena e havia
um excesso de transferência de riscos para o mercado internacional.

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A qualificação do mercado e de distribuição dos riscos, associada a uma contínua
fiscalização auditora, transformava as empresas em empresas com grande liquidez. Um sinistro, a efetivação
do risco sobre o evento segurado, não prejudicava financeiramente a seguradora. Havia sinistros de riscos
vultosos onde todo o mercado segurador participava com a sua quota de retenção de risco, na mesma
proporção dos riscos aceitos. Nos seguros industriais isso também ocorria.
Essa pequena introdução serve para alertar que os seguros industriais possuíam critérios
de taxação específicos e que eram vistoriados periodicamente pelos engenheiros das seguradoras e do
Ressegurador (IRB), que avaliavam se o que constava dos critérios de avaliação realmente era o que existia.
Assim, as visitas, dependendo do porte das empresas, poderiam durar dias, com o acionamento dos sistemas
de combate a incêndios e, algumas vezes, com simulados. Tudo era feito para se saber se a preço que se
estava pagando para a aceitação dos riscos era justo ou não. Havia indústrias, que pelo longo histórico de
seguros sem qualquer sinistro eram merecedoras de descontos nas taxas dos riscos.
Um aspecto interessante é que o grau de especialização das empresas ia crescendo na
medido em que o mercado segurador crescia e as demandas desse mercado eram maiores. Isso é normal em
qualquer área. O Mercado Londrino, considerado como referência durante centenas de anos, começou a se
estruturar após o grande incêndio que atingiu a cidade de Londres em 1.666. A partir da descoberta do risco,
a cidade e a Prefeitura começaram a impor sanções e ao mesmo tempo obrigar a existência de dispositivos de
combate a incêndios, desde pá a baldes de couro, enfim, a população, preocupada com o risco e com a
possibilidade de não ter como repor o que foi perdido, passou a se proteger. Na Inglaterra, logo após o
grande incêndio e após frustradas as inúmeras tentativas individuais, que mais se assemelhavam a brigadas
de incêndio de bairros, surgiu a primeira seguradora, constituída em 1.710, sob o nome de T.

A Determinação das Taxas de Riscos
Quase sempre os critérios de determinação das taxas de riscos iniciavam com a análise
das plantas (desenhos) das instalações da empresa. Nessas plantas eram indicados os principais riscos, os
meios de proteção existentes contra o combate a riscos, as distâncias entre os demais locais, os valores
envolvidos, os meios de desocupação do local, a possibilidade dos sinistros (eventos) serem debelados
através de meios próprios e em caso contrário, as facilidades existentes que poderiam possibilitar o acesso de
meios externos de apoio. Em resumo, analisavam-se todos os aspectos positivos e negativos supondo que os
riscos pudessem ocorrer em qualquer ponto da indústria e alastrar-se por qualquer meio.
Nessa primeira fase as tarifas do IRB e os manuais técnicos não saiam de sobre as mesas
dos taxadores, ou underwriters. Esses visitavam várias vezes as instalações do IRB para conversas e
obtenção de dados. Também eram iniciadas as visitas às seguradoras parceiras, para saber-se o quanto de
risco poderia ser retido por essas antes de serem repassados, os excessos, ao IRB. Em uma segunda fase eram
analisadas as estatísticas do mercado segurador nacional e internacional, incluindo-se a experiência dos
resseguradores e brockers, aqui denominados os grandes conglomerados de corretores de seguros. Mas,
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enfim, todas as experiências são bem vindas e aceitas, desde que representem os riscos reais a que estarão
expostos os seguradores. Muitas vezes essas atividades poderiam durar de um a dois meses.
Assim, a determinação de taxas para uma indústria, como um todo, sempre foi uma das
tarefas menos fáceis, mesmo com toda a tecnologia existente, porque, em uma mesma empresa há riscos com
características de todos os tipos, com vários níveis de gradação de perdas, enfim, há milhares de riscos, os
quais, se somados para a obtenção de uma única taxa para uma indústria tornaria o processo de taxação
inviável para a empresa seguradora e para a própria indústria, essa em função dos custos que seriam
cobrados.
Por exemplo, em uma única área, como o de processamento de uma petroquímica, pode
haver riscos de explosões de quebra de equipamentos, de acidentes elétricos, de perda de produção, de
derrames de materiais, enfim, muitos são os riscos. Um dos conceitos que nunca mudou foi o de se avaliar os
riscos das indústrias em função dos níveis de proteção existentes, na medida em que, quanto mais eficazes
fossem os sistemas de detecção e combate aos riscos, menores seriam as perdas ocorridas.
De certa maneira, a lógica é bem simples. Maiores proteções podem corresponder a
menores riscos. Entretanto, mesmo nesses processos de simplificações deve-se contar sempre com a
possibilidade do dispositivo de segurança adotado não vir a funcionar corretamente, assim, não basta apenas
possuir os equipamentos e esses serem os adequados, também deve estar funcionando adequadamente.
Um desses exemplos é o do risco de explosão de caldeiras e vasos de pressão. Quando há
uma explosão são formadas ondas de impacto que se irradiam do ponto onde foi formada. Essas ondas vão
quanto mais distante se encontram do ponto de origem, perdendo força. No início podem destruir
edificações, ao final podem apenas sacolejar vidros de uma janela. Nesse caso, não há um dispositivo de
proteção específico. Os equipamentos possuem válvulas de alívio. Os equipamentos possuem pontos onde o
excesso de pressão pode ser extravasado. Ou seja, os projetistas preveem que os riscos, quando ocorridos,
possam ser minimizados. Nas panelas de pressão caseiras, para o cozimento do feijão, há uma válvula central
cujo peso produz uma pressão interna de uma atmosfera e outra válvula de segurança. Falhando a válvula
principal é acionada a válvula complementar. O mesmo ocorre com os equipamentos de pressão das
indústrias, que trabalham com pressões centenas de vezes maior do que a de uma simples panela de pressão
caseira. Entretanto, as falhas podem ocorrer. Até por essa razão é que houve tanto progresso dos estudos de
Confiabilidade de Processos, associando-se estudos de confiabilidade a estatísticas, mecânica,
instrumentação, processos, enfim, a união de vários conhecimentos. Nos tempos mais antigos, quando esses
estudos ainda não eram tão sofisticados e técnicos, as empresas terminavam por enclausurar as áreas de
riscos, construindo grossas paredes de alvenaria ou de concreto, auto portantes, direcionando as ondas de
explosão para cima, e não radialmente. Desta maneira protegiam-se os equipamentos nas proximidades e os
custos dos seguros eram menores.

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Uma das seguradoras mais antigas do mercado segurador, fundada em 1866 foi The
Hartford Steam Boiler Inspection & Insurance Company, conhecida como Hartford Insurance Company,
notabilizou-se por possuir elevada expertise na análise de equipamentos sujeitos à pressão, como caldeiras,
por exemplo. Atualmente a empresa faz parte do grupo Munich Re e possui mais de 1.200 engenheiros
especializados na análise de riscos industriais.
Ainda existiam situações onde os equipamentos críticos, em termos de geração de riscos,
ficavam distantes dos demais, quase que da mesma forma que o empregado na distribuição dos paióis de
pólvora, onde os mesmos são construídos semi enterrados e tendo ao redor elevações de terra formando
pequenas colinas. As taxas aplicadas contemplavam a existência dessas distâncias. Ainda hoje, quando se
refere ao depósito de material explosivo, o volume admitido para estocagem em um só lugar depende da
distância que o depósito se encontra das demais construções.
Desta maneira, mesmo simplificando ao máximo os processos de taxação ainda assim a
questão da adequada mensuração torna-se uma tarefa bem difícil. Em um simples exemplo, um sistema de
combate a incêndio através de hidrantes é considerado como um bom dispositivo. Uma rede de hidrantes
bem dimensionada e com os dispositivos adequados pode combater praticamente todos os tipos de incêndio,
inclusive os envolvendo subestações. Nesses casos empregam-se dispositivos do tipo protector spray nas
saídas, ao invés de lançar-se um jato contínuo. Contudo, para que o sistema funcione, em cada uma das
saídas das canalizações, onde há registros, devem ter mangueiras e esguichos. Além disso, o sistema deve ter
sistema de bombeamento, cuja adução se faz através de reservatórios elevados que são alimentados por
cisternas. Se não há água suficiente na cisterna ou no castelo de água, mesmo que a equipe seja muito boa e
as mangueiras estejam posicionadas corretamente pode-se ter uma falha no processo.
As probabilidades de falhas, processos esses que até algumas décadas atrás não eram tão
importantes assim passaram a ser importantes, na medida em que cada componente de um sistema deve ter o
desempenho esperado, não menor ou maior, mas sim aquele esperado para que o conjunto funcione
adequadamente. Desta maneira, passamos a compreender que em uma indústria passa-se a considerar como
sistemas ou blocos, tanto os riscos, quanto os processos e os sistemas de detecção e combate a incêndios. Se
um desses blocos falha todo o conjunto passa a apresentar um resultado que não é o esperado.
Uma das teorias que não é específica para o caso em questão, mas que se aplica muito
bem ao que informamos é a teoria dos dominós. Nessa, cada peça representa uma etapa do processo ou um
bloco do sistema. Se esse falha a tendência é a de todo o conjunto falhar. Na cadeia dos dominós terminamos
torcendo para que a peça que caia não seja a primeira, e sim, se tiver que cair, a última, já que a primeira tem
a probabilidade de derrubar todas as demais.
Desta maneira, um simples critério de taxação de riscos abrange um enorme gama de
disciplinas. Trata-se da matemática pura, da estatística, dos estudos de processos, da análise de

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equipamentos, do conhecimento dos processos, ou seja, a visão deixa de ser apenas um “achismo” para uma
análise onde se consiga provar que é correta, seguindo do princípio para o fim ou do fim para o começo.
O seguro, em uma descrição simplificada é uma operação contratual onde o proprietário
de um bem oferece a alguém, empresa, a responsabilizá-lo repondo ou reparando o bem, bastando para isso
que o proprietário pague o que se denomina de prêmio de seguros. Assim, há um acordo com regras bem
claras, onde se discrimina o que será acobertado, quais os riscos que serão levados em consideração, o que
será excluído e o que não será objeto do seguro. Ajustadas as partes assina-se a apólice de seguros.
Todavia, essa é a parte mais simples do processo. O quanto custará o risco assumido
normalmente é a grande preocupação dos Atuários e dos gerentes de Riscos das Seguradoras, já que, com seu
conhecimento, compreensão do risco e experiência pessoal e do mercado poderá informar o valor do custo
do risco.

Análise da Questão

Denomina-se custo do risco a parcela do preço do seguro onde o segurador passa a ser o
responsável pela indenização. O custo é na verdade uma taxa. Essa, aplicada ao valor dos bens representa o
custo do risco. A esse são agregados outros custos melhor exemplificados mais adiante (despesas de
comercialização, impostos e encargos financeiros, despesas operacionais, entre outras), transformando-se em
custo do seguro.
Em 1996, sob o título: Gerenciamento de Riscos Industriais, registramos na Fundação
Biblioteca Nacional - Ministério da Cultura - Escritório de Direitos Autorais - Certificado de Registro ou
Averbação nº 123.087, Livro 190, Folha 202 a publicação de onde iremos tirar alguns conceitos sobre o
tema. Apesar de se tratar se material preparado em meados da década de 90, os conceitos técnicos
necessários para melhor elucidação das questões.
No início de nosso interesse pelo tema do Gerenciamento de Riscos voltado à área
industrial, descobrimos que quase todos os trabalhos existentes estavam direcionados para o seguro,
enquanto ciência. Havia um ou outro artigo ou livro que enveredava mais para o lado da matemática ou de
estudos de Confiabilidade, e outro para seguros de Vida ou de Acidentes Pessoais. A Gestão de Riscos era
tema de pouquíssimos autores e quase sempre relacionados à avaliação das condições do ambiente do
trabalho que pudessem por em risco a segurança do trabalho dos operários, ou condições de pudessem
ampliar as condições de aumento do risco de incêndio.
Assim, no início da prática do Gerenciamento de Riscos, nos finais da década dos anos
70, observamos que os conceitos terminavam se mesclando, e que o seguro quase nunca era a causa e sim o
efeito, ou a consequência, para o resultado da aplicação da técnica de gestão. Entendemos que o seguro é
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uma das formas de tratamento dos riscos. É uma das maneiras de se recompor um patrimônio afetado por
uma perda ou por um dano.
O mercado de seguros sempre foi um dos pioneiros no incentivo ao desenvolvimentos de
ações para a identificação das perdas e danos, com o objetivo da aplicação de medidas de prevenção. As
análises de conduziram aos estudos que redundaram em estratificações das principais causas dos acidentes é
muito semelhante ao das técnicas de gerenciamento de riscos. Nesses trabalhos pode-se citar:
A The Travelers Insurance Company contratou os serviços de H. W. Heinrich e Roland P.
Blake para a análise dos acidentes que tinham a morte como causa maior. Em 1931 foi desenvolvido o
primeiro e o mais conhecido modelo de causa, bem como estimativa de custo de acidentes a partir de
conclusões baseadas na análise de cerca de 5.000 casos de empresas seguradas, estendendo essas análises nas
próprias empresas participantes através de entrevistas com membros do staff dos serviços de administração e
produção.
Heinrich, em 1959, já tendo consolidado suas pesquisas escreveu o livro Industrial
Accident Prevention, onde aponta que os acidentes de trabalho com ou sem lesões são devidos a uma série de
fatores como: personalidade do empregado; prática de atos inseguros; existência de condições inseguras nos
locais de trabalho, entre outros. Disso resulta que as medidas preventivas devem assentar-se sobre o controle
desses três tipos de causas de acidentes, as predominantes nas análises.
As medidas preventivas a serem adotadas dependem do reconhecimento das causas que
podem ser identificadas por meio da coleta de dados durante a investigação dos acidentes, como a Técnica
dos Por Quês, no nosso exemplo anterior.
O uso dos quadros estatísticos (baseados nos dados coletados) pode ser considerado,
portanto, como fundamental para a programação de prevenção de acidentes.
Ainda como mérito de Herbert William Heinrich, concluiu-se que em qualquer
discussão sobre causas e modelos para estimativa de custo de acidentes, não se pode esquecer que não há
uma lógica para definir a ocorrência de um acidente, mas sim, dados estatísticos que apontam para algumas
questões dominantes. Essas questões podem ser posicionadas tal qual dominós, onde a queda de um termina
por provocar a queda de todos.
Algumas das questões pesquisadas partiam da hereditariedade e do meio, passando pela
inadequação pessoal e terminando com o ato perigoso, o acidente e, finalmente, à lesão. H. W. Heinrich e
Roland P. Blake foram os primeiros a apontar que apenas a reparação de danos não era suficiente e, sim, a
necessidade de ações tão ou mais importantes, que além de assegurar o risco de lesões, tendessem a prevenir
os acidentes.
Isso significava que 88,0% dos acidentes são provocados por atos inseguros, 10,0% por
condições inseguras e 2,0% por causas fortuitas e ou imprevisíveis. Em nossa história inicial tivemos o ato
inseguro, o ambiente inseguro, condições inseguras e causas fortuitas. A conclusão dos estudos dos dois
profissionais ficou conhecida como Pirâmide de Heinrich, publicado inicialmente em 1931, onde para um
acidente com lesão incapacitante, correspondiam 29 acidentes com lesões não incapacitantes e 300 acidentes
sem lesão, que não necessariamente não eram relevantes. Esses acidentes eram considerados sem lesão pois
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que não havia a cobertura de seguros para os mesmos. Heinrich teve o grande mérito de entender essa
questão, que poderiam existir outras causas que muitas vezes não se dava a importância devida porque não
era indenizadas.
Essa grande parcela de acidentes sem lesão não vinha sendo considerada, até então pelas
seguradoras, pois que não representavam indenizações, ou seja, não eram perdas que pudessem ser
reclamadas. Entretanto, os pesquisadores notaram que havia uma lógica nos números e que essa poderia ser
estendida a todas às demais empresas pesquisadas. A partir de então, a preocupação maior não era mais a
reparação, mas sim a aplicação de medidas preventivas que impedissem a ocorrência de um acidente.
Certamente os custos de tais medidas preventivas seriam menores do que os custos das indenizações
promovidas.

Pirâmide de Herbert William Heinrich e Roland P. Blake 1931
A evolução da Pirâmide para os Dominós somente ocorreu 28 anos depois, com a
evolução de suas pesquisas, indo além da simples preocupação para com as indenizações pelos acidentes,
mas indo além, para o que efetivamente provocava o acidente.

Os cinco fatores na seqüência do acidente - HEINRICH, 1959.
1. personalidade;
2. falhas humanas no exercício do trabalho;
3. causas de acidentes (Atos Inseguros e Condições Inseguras);
4. acidente;
5. lesão.
Uma das conclusões era que, removendo uma única peça do dominó a sequência de
quedas seria interrompida, evitando, assim, a ocorrência do acidente. Portanto, as ações de prevenção
deveriam se concentrar nos fatores que antecedem a ocorrência do evento indesejável. Assim Heinrich
recomendava atuar-se na remoção das causas dos acidentes, representada por atos ou condições inseguras.
Mais posteriormente, A Dupont transforma essas questões em desvios, como base de seu processo.

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Para Heinrich (1959), o erro humano é o que apresenta a maior probabilidade de
contribuir para a ocorrência do acidente, podendo ser considerado como ponto central. O erro pode ser
decorrente de modos de falha como: conhecimento, atitude, aptidão e habilidade.
Outra seguradora americana, dos segmentos de property, ou danos materiais, Insurance
Company of North America, desenvolveu análise semelhante a que tinha se dado há 30 anos, contando com
o apoio de Frank Bird Jr., estudioso da área prevencionista, que no princípio da década de 50, tomando por
base a indústria de seu país, verificou que a prevenção contra acidentes estivesse limitada somente à
prevenção contra lesões incapacitantes. Julgava que, para haver algum progresso, não se poderia esperar a
morte do trabalhador para reconhecer o acidente. Já naquela época a Pirâmide de Heinrich que apresentava
uma relação de 1 para cada 29 e para cada 300, já estava sendo aceita no meio industrial como uma das
formas de prevenção dos riscos. Assim, passou a se preocupar também com os acidentes que provocavam
lesões sem perda de tempo e com os acidentes sem lesão.
Em 1954, Bird deu um notável passo no desenvolvimento prevencionista, quando iniciou,
na companhia siderúrgica Luckens Steel Company, com mais de 5.000 empregados, da Filadélfia, um
programa de controle de danos à propriedade. Nesse programa havia a necessidade de se buscar a
identificação, registro e investigação dos acidentes com danos à propriedade, e a determinação de seus custos
para a empresa, para, em seguida, serem tomadas as devidas ações preventivas.
De 1959 a 1966, a Luckens Steel Company estabeleceu um programa de controle de
todos os acidentes, envolvendo uma análise de 75.000 envolvendo danos patrimoniais e 15.000 acidentes
pessoais, com lesões, dos quais 145 se classificaram com incapacitantes, durante um período de sete anos.
Através dessas investigações Bird propôs um programa de Controle de Perdas e Danos. Essa estratégia tinha
como finalidade principal reduzir ou eliminar as perdas dos acidentes com danos materiais, sem descuidar
dos acidentes com danos pessoais. Os resultados práticos dessas análises nunca foram efetivamente
discutidos, para que se pudesse evidenciar estarem os números apresentados correspondentes ao que existia
na prática.
Da mesma forma que seu antecessor, definiu quatro aspectos principais em que se
baseava para o desenvolvimento de programas de controle de perdas: informação, investigação, análise e
revisão do processo. O resultado de seu trabalho foi publicado em 1966 sob o título de Pirâmide de Bird.
Nessa verifica-se que para cada acidente com lesão incapacitante, ocorriam 100 acidentes com lesões não
incapacitantes e outros 500 acidentes com danos à propriedade.
Bird (1966) estabeleceu também em seu trabalho a proporção entre os custos indiretos
(não segurados) e os custos diretos (segurados). Tais custos têm por objetivo dar uma idéia de como cada
empresa pode estimar os seus custos individuais em seus programas de Gerenciamento de Riscos. Na década
de 70 foram implantados os programas baseados em conceitos de Taylor e Fayol.
Em 1969, ou seja, três anos após ter concluído a série de pesquisa na Luckens Steel
Company, Bird, estando agora a serviço do Instituto Internacional de Controle de Perdas, contribuiu com sua
experiência para o estudo sobre acidentes industriais que a Insurance Company of North America realizou.
Foram analisados 1.753.498 acidentes, informados por 297 empresas que representavam 21 grupos
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industriais, com 1.750.000 empregados que trabalharam mais de três bilhões de horas-homem, durante o
período de exposição analisada. Pelos números apresentados, praticamente todos os trabalhadores expostos
sofreram algum tipo de acidente ou se envolveram, direta ou indiretamente para com o surgimento de um
acidente.
Foi uma amostra consideravelmente maior, que propiciou chegar a uma relação mais
precisa que a que Bird apresentou e, 1954. Nesse estudo, foi introduzida também a análise do quase-acidente,
ou seja, acidentes sem lesão ou danos visíveis, pois eles revelam potenciais enormes de 69 acidentes,
situações com risco potencial de ocorrência sem que tenha havido ainda a perda pessoal ou não pessoal. O
resultado final desse estudo indicou que para cada acidente com lesão incapacitante (lesão grave), ocorriam
10 acidentes sem perda de tempo (lesões leves), 30 com danos à propriedade e 600 acidentes que não
representavam lesões ou danos visíveis (quase-acidente). Em conseqüência dos resultados das diversas
experiências em que Bird atuou ou orientou, criou-se interesse para que muitos especialistas viessem a
conhecer sua obra dentro de vários países. Com isso, numerosos programas de controle de danos foram
implantados e novas experiências realizadas.

Pirâmide de resultados de Frank Bird (1969) da Insurance Company of North America
No final da década de 90 a DUPONT (Du Pont du Neymors) com base em sua
experiência em mais de 200 anos de existência, e apoiando-se nos estudos anteriores criou uma Pirâmide de
Desvios, acrescentando um nível a mais do que o acrescentado por Bird, em relação ao trabalho original de
Heinrich. Pode ser destacado que os dois primeiros trabalhos voltavam-se a ações de redução dos níveis de
perdas indenizadas seja envolvendo pessoas quanto o patrimônio, trabalho esse bastante enfatizado por Bird.
A visão da DUPONT foi a de unificar os conceitos de prevenção de perdas, migrando para o conceito de
prevenção de Riscos.
Em programa de capacitação em setembro de 2006, relatava-se que, de cada 100
ocorrências 96% deviam-se a atos praticados pelos próprios trabalhadores e o restante a fatores externos ou
do ambiente do trabalho. No desenvolvimento das explicações, ressaltava, sem exposição de números, os
seguintes resultados:

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Apenas o mau posicionamento das pessoas e o emprego de ferramentas e equipamentos
fora de padrões ou com algum tipo de comprometimento eram responsáveis por mais da metades dos desvios
observados. Isoladamente, o trabalhador tinha uma grande expressão nesse cenário por cometer os desvios
intencionalmente ou não, e até por isso a principal vítima do processo de “fabricação de acidentes”,
Baseando-se em sua própria experiência a empresa chegou a números como os
apresentados a seguir.

Pirâmide definida por Du Pont du Neymors
Uma questão que deve ser destacada é a que em todas as três pirâmides os valores
crescem decuplicados. Também em todas há um evento topo, ou evento indesejado. Talvez por isso essas
pirâmides possam ser aplicadas a outras áreas como a de Meio Ambiente e a de Saúde, como poderemos
observar mais adiante.
Durante o período entre 1978 a 2000 atuamos como gerente de riscos de empresas
seguradoras. Nesse período tivemos a oportunidade de aplicar os conceitos de gerenciamento de riscos em
mais de 500 empresas. Seguramente nessas também ocorriam problemas semelhantes aos encontrados por
Heinrich e por Bird.
A técnica de Gerenciamento de Riscos voltava-se à identificação das origens de eventuais
sinistros, os quais, reclamados pelos segurados transformavam-se em perdas indenizadas. Ao longo de todo
esse período de mais de 30 anos, avaliamos não só as questões de property (danos ao patrimônio), como
casualty (danos de responsabilidade), marine (danos a embarcações e todo o meio flutuante), engeneering

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risks (riscos de engenharia, com construção e montagem, obras civis e equipamentos), e personal lines
(riscos a pessoas).
Utilizando todo o material coletado, os resultados de nossas pesquisas e os relatórios
elaborados definimos também uma Pirâmide de Desvios, que resolvemos denominar de Matriz de Desvios,
pois que os resultados práticos dessas análises são muito mais de gestão e prevenção. O resultado a que
chegamos foi que, antes mesmo que os desvios possam se manifestar, há questões envolvendo o
conhecimento (cultura) das pessoas e a vontade.
Relembrando nossa história inicial, um visitante cego entra em uma empresa cuja
secretária encontra-se com muitas outras atividades e que até mesmo em função da distração orienta o
visitante como se fosse uma pessoa que não tivesse uma necessidade especial. Essa pessoa, em um ambiente
desconhecido a ela e sem ter a menor percepção do risco que a rondava tropeça em um balde deixado por
uma pessoa que poderia ter solicitado à amiga que anotasse o número do telefone, para que, assim que
concluísse seu trabalho retornaria a ligação. O outro obstáculo, a escada, poderia ter sido removida pelo
funcionário da manutenção e deixada nas proximidades, em uma área onde não viesse a representar riscos.
Em uma análise global, houve uma falha gerencial que possibilitou que alguém entrasse
na empresa sem ser informada à pessoa que seria visitada. Houve uma falha da secretária, que não preparada
para a função, quis fazer tudo ao mesmo tempo, não se apercebendo que em sua distração poderia cometer
riscos. Também erraram os profissionais de limpeza e de manutenção. Ou seja, tivemos uma série de
dominós enfileirados, onde o ponto dominante foi a falta de uma estruturação gerencial das pessoas.
Assim, entendemos que o desvio não é o último degrau do processo. Aqui o desvio é o
descumprimento a uma norma ou procedimento, formal ou não. Nos anos de 2000 a 2008 fomos
multiplicadores do programa de Auditoria Comportamental, de importante empresa nacional do segmento de
Óleo e Gás. Nesse período capacitamos pessoas, gerenciávamos os lançamentos das informações no sistema,
acompanhávamos os profissionais, enfim, estávamos acompanhando o tempo todo não só o resultado de seus
trabalhos como também dos progressos em relação à redução dos acidentes. Nos primeiros três anos os
auditores tinham que ir ao campo diariamente e auditar pelo menos uma empresa, ou seja, despendia no
mínimo 45 minutos.
Nos dois anos seguintes a obrigação passou a ser de três idas ao campo para a elaboração
de suas auditorias comportamentais.
Nos anos subsequentes havia a obrigatoriedade da elaboração de uma auditoria
comportamental. Como o nome indica, trata-se de uma auditoria, ou avaliação, do comportamento do
trabalhador que possa estar conduzindo-o a um acidente. Assim, eram avaliados os seguintes aspectos:
1. Emprego correto dos EPIs conforme atividades desenvolvidas
2. Utilização correta e adequada de Ferramentas e Equipamentos
3. Identificação da posição das pessoas quanto a possibilidade de sofrerem acidentes
4. Atendimento aos procedimentos adotados para a execução das atividades
5. Reação comportamental das pessoas com a aproximação dos membros da equipe auditora

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6. Organização e limpeza da área de Trabalho
De posse dos resultados dessas auditorias, lançadas em cadernetas, no início, e
posteriormente no sistema, pelo próprio auditor, eram extraídos o total de atos inseguros, o total de condições
inseguras, o total de desvios apontados e o total de pessoas observadas. O resultado final era representado
por uma planilha, por unidade, com a indicação do HH programado, HH realizado, % de realização de
auditorias, total de desvios observados durante o período (mês) e a quantidade de desvios observados por
hora de auditoria realizada.
No período foram analisadas 18.300 auditorias realizadas e 1.280.000 desvios
significativos e confirmados. Sim, porque, periodicamente tínhamos que ir ao campo, e avaliar o panorama
geral, para que pudéssemos nos certificar se poderia haver um auditor lançando mais desvios do que os
efetivamente existentes. Transformando esses períodos para períodos anualizados, chegamos ao seguinte
resultado:

Acidente com
Afastamento
50
Acidente sem
Afastamento

Nível de ações

120
Quase Acidentes

reativas

310
Desvios

Nível de ações

750
Desconhecimento dos Riscos

proativas

1300
Desconhecimento Técnico
3500

Triangulo de Desvios de Navarro (2012)
Em nossa análise dos desvios nos baseamos, como dissemos anteriormente, em várias
fontes/registros. A apresentação ocorrida em 2006 citada anteriormente apresenta com um percentual de 30%
a questão do posicionamento das pessoas como causa dos desvios. Nossas investigações nos levaram, através
de mais de 200 entrevistas, a depurar esses números e atribuir esses atos citados em 2006 a dois fatores
importantes, mas não ressaltados pelos autores anteriores, qual seja, a do desconhecimento técnico e ao
desconhecimento do risco. Parece ser simples, ou evidente, que alguém ao se aproximar de algo que para nós
seja um perigo tenha a mesma impressão. Lêdo engano. A ignorância quanto à questão faz com que as
pessoas não se apercebam que estão prestes a sofrer um acidente. Na atividade de movimentação de cargas
não são raros os casos de pessoas que morrem esmagadas pelo simples fato de estarem passando ou sob
cargas em movimentação.
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Na avaliação anualizada, a exemplo das demais pirâmides estudadas e apresentadas, o
desconhecimento técnico do empregado faz com que ele não tenha o adequado conhecimento dos riscos.
Pelo fato de desconhecer os riscos termina por cometer desvios técnicos, de procedimentos e de conduta. Ao
cometer os desvios pode estar sujeito a assumir postura ou posição onde haja maior probabilidade de sofrer
acidentes.
Assumindo a postura ou posição inadequada ou desconforme passa a ter maior
probabilidade de ser atingido ou se envolver em acidentes, a princípio sem afastamento, posteriormente, e na
continuidade da postura não conforme tem maior probabilidade ainda de sofrer acidente com afastamento e,
por fim, acidente grave incapacitante ou até morte.

O estudo das Perdas
Nos programas de Gerenciamento de Riscos, da mesma forma que nos estudos
desenvolvidos por Heinrich (1931), Bird (1954), DUPONT (1998) e Navarro (2012), através de Pirâmides de
Desvios, objetivava-se, a partir da eleição ou escolha de um evento denominado de topo, quase sempre o
acidente mais grave ou letal, galgar-se, degrau por degrau as causas que contribuíram para a ocorrência do
evento topo.
Nos programas de Gestão de Riscos ou de Perdas, percebe-se sempre que há situações
corriqueiras, que olhadas com maior atenção podem vir a representar um acidente. Uma poça de água no
chão, o descumprimento momentâneo de uma norma, o salto de uma etapa do processo é o primeiro degrau.
A esse pode ser dado o título de Desvio. No Gerenciamento de Riscos, nesse degrau tem-se as perdas mais
corriqueiras e de menor valor. Por exemplo, ao longo do dia em uma fábrica de parafusos, de uma produção
de cinco milhões de parafusos pode-se perder 100 parafusos, por exemplo. O custo deles em relação ao total
não é relevante. As ações para a correção dos problemas muitas vezes custa muitas vezes mais do que as
despesas com as perdas.
Contudo, certas perdas costumam ser freqüentes, bem como conduzir a prejuízos de
pequena monta. Nesses casos, a contratação de seguros de pouco vai adiantar. Para essas perdas que
terminam sendo habituais nos processos, passam a ser denominadas de Perdas Normais Esperadas. Um
arranhão na porta de um carro que fica muito tempo em um estacionamento termina sendo uma perda norma.
Para as seguradoras, essas perdas normais, que têm uma frequência de ocorrências maior do que a severidade
das perdas essas passam a ser chamadas de Perdas Normais Esperadas.
Há uma relação entre as Perdas Normais Esperadas e o que se denomina de Franquia, ou
participação obrigatória do segurado. Faz-se até sentido que, aquilo que é corriqueiro termine sendo
assumido pelo segurado, sob a denominação de Franquia. Uma PNE apresenta como principal característica
o fato de ocorrer com uma maior periodicidade do que as demais perdas, porém com valores (severidade)
baixa.
No segundo degrau de nossa escalada temos as Perdas Máximas Prováveis. Também
pode ser lido em algumas literaturas a respeito a tradução para Dano Máximo Provável. Essa perda é
mensurada como aquela que ocorre a partir do momento em que um evento é percebido até o momento em
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que ele é controlado. Por exemplo, o evento Incêndio. Esse pode ser percebido por meio de sensores, ópticos
ou de calor ou de luz. Com a detecção, o sistema de prevenção entre em funcionamento. As ações podem
envolver o deslocamento de brigadas de incêndio, a extinção do incêndio por qualquer pessoa que esteja no
ambiente, ou o acionamento de um bico de sprinklers, que provoca a extinção do incêndio. Todos os custos
decorrentes do evento, somados, são denominados de Perdas Máximas Prováveis. São assim chamadas, de
admissíveis, porque as empresas devem ter seus sistemas de prevenção e segurança corretamente instalados.
No terceiro e último degrau, de maneira semelhante às Pirâmides, se tem a Perda Máxima
Admissível. A perda é caracterizada como tendo um início que pode ser ou não detectado visualmente ou
através de algum dispositivo de segurança e que é extinto sem que tenha havido a intervenção de nenhum
equipamento, sistema ou equipe de segurança. Assim, o evento termina da mesma forma que começou, sem
a intervenção de ninguém ou de nenhum sistema. As perdas poder vir a ser totais ou não, dependendo para
isso da concentração ou da dispersão dos bens nas edificações e no espaço ocupado pela empresa.
Ao nos aprofundar nas pesquisas, descobrimos, gradualmente, que poderíamos gerenciar
qualquer tipo de risco e que uma das funções dessa nova ciência que estava desabrochando e talvez a
principal, era a da redução das perdas humanas e patrimoniais. Nessa linha, o Gerenciamento de Riscos
passava a ser uma das ferramentas a serem empregadas em programas de Qualidade e de Produtividade.
Assim, pensando-se que gastos desnecessários conduzem sempre ao aumento de despesas, e por conseguinte,
a um aumento dos custos dos produtos, é que procuramos direcionar todo o nosso estudo.
No final dos anos setenta as características das atividades de Gerenciamento de Riscos era
muita mais próxima das características da Segurança Industrial, do que da Segurança Patrimonial ou da
Segurança do Trabalho. Se focarmos a questão, os acidentes patrimoniais e os envolvendo pessoas terminam
sendo uma decorrência das atividades industriais, daí que passar de Gerenciamento de riscos para Estudos de
Confiabilidade foi um mero momento.

Gerenciando Riscos
O Gerenciamento de Riscos surgiu nos Estados Unidos nos anos sessenta, voltados às
questões armamentistas de fabricação de armamentos para a guerra fria e a Guerra do Vietnam. Assim, a
cada instante e em cada serviço desenvolvido há acréscimos de experiências e de metodologias que vieram a
dar certo, ou seja, acrescenta-se um pouco da própria experiência profissional do Gerente de Riscos,
incorporando experiências passadas, que tiveram por mérito, conduzir a resultados positivos.
Aqui cabe um parêntese, voltado à aqueles que não trabalham na área de seguros: O risco,
tratado no Gerenciamento de Riscos, é um evento que tem probabilidade de materializar-se em um
determinado tempo, acarretando perdas materiais significativas, que podem vir a ser objeto de análise por
uma Seguradora para fins de emissão de uma apólice de seguros; Os riscos abordados em uma cessão ou
uma transferência de resseguro, são as apólices ou as coberturas de seguro, objeto do estudo, tanto por parte
da Seguradora quanto por parte do Ressegurador. O conceito de risco varia, de certa maneira, na área de
investimentos financeiros, no segmento imobiliário, nos riscos cirúrgicos, na área de projeto, enfim, em cada

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atividade humana há riscos. Assim, generalizando pode-se dizer que risco passa a ser significado de
insucesso.
A evolução sentida nos últimos anos não se passou somente na apresentação dos
relatórios. O conteúdo dos mesmos também passou a ficar bem estruturado. Isso representou um avanço,
porque até então, as empresas asseguradas recebiam somente as apólices contratadas. Se existia alguma
dúvida à respeito de algum tema envolvendo condições de cobertura esse cliente recebia cópias de tarifas
adotadas pelas seguradoras.
Com o passar dos tempos a técnica de Gerenciamento de Riscos tem evoluído
gradativamente, com a incorporação de conceitos adotados em programas de Qualidade e conceitos de
Confiabilidade de Processos, e, por último, de técnicas de avaliação de riscos, empregando-se softwares,
alguns poderosos. Os segurados passam a ser mais exigentes quanto a coberturas pretendidas e passam
também a questionar os valores de custos com seguros oferecidos pelas seguradoras.
Descobriu-se também que se pode chegar, durante os estudos, bem mais próximo do
momento da ocorrência do evento gerador de danos, por meio do estudo do comportamento anterior desses
mesmos eventos, em outras circunstâncias e em outras empresas, e do emprego de conceitos estatísticos e
atuariais. Hoje, estudos mais acurados nos informam, com uma probabilidade de acerto quase próxima a
100%, qual o risco dominante, qual a perda que ele poderá gerar, e quando será o momento em que isso pode
ocorrerá. É importante que se frise que a certeza de 100% ainda não é para nós, os humanos. Mas, para quem
tinha uma dose maior de incertezas já significa uma grande evolução. Outro aspecto a ser ressaltado é que,
quanto mais próximo nos aproximamos do momento da ocorrência mais próximos também nos aproximamos
no momento em que as ações de prevenção tem que estar sendo aplicadas, já que prevenção significa o
inverso de dano.

f (P) = 1/f (D)
Para ser capaz de gerar danos um risco materializa-se em função de um infindável
número de situações. É como o projeto de se lançar uma sonda espacial para fora do sistema solar a fim de se
estudar outros corpos celestes. Para que o empreendimento venha a ter sucesso, além de se esperar que tudo
venha a dar certo com o veículo lançador e com a nave espacial, deve-se aguardar o alinhamento dos
planetas, o que só vem a ocorrer a intervalos de tempo definidos, e mesmo assim não se tem total certeza do
sucesso da missão. É o que chamamos de imponderável.
O Gerenciamento de Riscos avalia o imponderável. Chega-se a determinar, por
intermédio de técnicas de avaliação de riscos, qual a probabilidade de se ter sucesso no empreendimento, e
qual a probabilidade de se ter um fracasso. Para modelos de análise mais simples, consegue-se descobrir os
prováveis fatores causadores do insucesso. Assim, elaboram-se previsões com elevado percentual de acertos.
Algumas técnicas de Estudos de Confiabilidade de Processos apresentam resultados bem confiáveis e
próximos de 100%.

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O Risco
O risco, ou o evento, contra o qual se está elaborando um plano de prevenção ou de
eliminação de perdas, ou também contratando uma apólice de seguros, deve atender a algumas
particularidades para que seja enquadrado como tal, ou seja: deverá ter que ser futuro; ser incerto; ser
possível; ser independente da vontade das partes, e conduzir a uma perda que poderá vir a ser mensurável.
Procura-se entender como e porquê esse risco vem a se manifestar, qual a periodicidade das manifestações,
ou da freqüência das ocorrências ou eventos, e qual é a extensão das perdas sentidas ou observadas, com fins
de se reduzir a severidade dos prejuízos. Ainda, buscam-se meios de reduzir a extensão das perdas a outros
ambientes, locais ou equipamentos, com o emprego de mecanismos de proteção, confinando as
conseqüências dos eventos.
Os conceitos de riscos são muito amplos. Risco não é somente aquilo que está para
acontecer ou aquilo que temos receio de que aconteça em um determinado momento:
• Hoje teremos o risco de um temporal; Levem os seus casacos; Não cheguem tarde da noite;
• Há risco de vocês serem assaltados, portanto, não cheguem tarde; Não andem por ruas escuras;
• Se vocês não estudarem correrão o risco de não tirarem boas notas;
• Não tente consertar o chuveiro para não ter o risco de levar um choque.
Para cada um dos exemplos citados a palavra risco tem um significado diferente. Não
chegar junto com o temporal apresenta o inconveniente, e não o "risco" da pessoa molhar-se. No caso do
assalto efetivamente há um risco de perda monetária ou de danos à própria vida ou à saúde. Nas provas a
pessoa pode ser reprovada. O único risco, que não é aquele objeto de nossa análise é o da perda financeira de
ter que repetir o ano letivo ou ter o dissabor do constrangimento pessoal. Finalmente, no caso do chuveiro, o
risco envolve a vida da própria pessoa. Se essa estiver sobre um piso molhado poderá sofrer um choque
mortal.
Para toda causa há sempre uma conseqüência. Se há um risco é porque há um cenário de
insegurança, ou uma prática insegura. Fazer um equipamento funcionar sem ler o manual de instruções é um
risco. O equipamento poderá se queimar.
A palavra Risco dá margem a uma série de interpretações. Contudo, está sempre
associada, em qualquer caso, a: um insucesso, um perigo, uma perda ou um dano. Riscos são todos os
insucessos ocorridos em uma determinada fase ou época e não de todo esperados. Os riscos podem vir a ser
encontrados em várias atividades. Algumas das que procuramos destacar são as seguintes:
• procedimentos cirúrgicos;
• operações financeiras;
• construções civis;
• montagens industriais;
• implantação de empreendimentos, etc.
No vocabulário das Seguradoras a palavra risco pode representar:
• o próprio segurado, o contratante do seguro, o estipulante da apólice ou o beneficiário principal;
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• a atividade principal exercida no empreendimento industrial;
• uma edificação segurada ou um bem segurado;
• eventos que possam atingir o patrimônio acobertado por uma apólice;
• ramos ou modalidades de seguros (seguro Incêndio - risco de Incêndio, seguro de Transportes - risco de
Transportes, seguros de Engenharia - Riscos de Engenharia, seguro de Vida - riscos de Vida, e outros
seguros e riscos.).
Para que a definição fique mais clara, o insucesso é traduzido como um fato gerador de
perdas materiais, financeiras ou pessoais. Tem-se então uma ampliação do conceito para o mercado
segurador.
Falar de um risco é comentar sobre alguma coisa que poderá vir a ocorrer, em um
empreendimento industrial, e caso isso se verifique, poderá trazer consigo danos materiais ou danos pessoais.
Diferenciamos perdas de danos por considerarmos que os danos são os prejuízos sofridos por um bem
patrimonial, e as perdas estão comumente relacionadas a uma redução patrimonial ou financeira.
Um risco é um evento capaz de conduzir a danos, que se caracteriza por ser futuro, ser
possível, ser incerto, ser independente da vontade das pessoas, e conduzir à perdas, as quais sejam
mensuráveis. Assim, o risco é algo sempre futuro, ou que pode ocorrer no próximo momento, capaz de
causar danos. Entretanto, deve-se salientar que para a sua correta mensuração há necessidade desses danos
poderem vir a ser perfeitamente dimensionados e avaliados. Se o risco existir, mas não houver a perda
financeira ou o dano material, não se poderá atribuir a ele um custo. Esse é extremamente relevante em
qualquer processo de análise ou de tratamento do risco, inclusive para a sua mensuração.
A Gerência de Riscos, enquanto ciência, ocupa-se de uma série de atividades, todas elas
voltadas para a gerência ou a administração de riscos, ou de eventos que possam vir a causar perdas ou
danos, envolvendo:
PRODUÇÃO
PROCESSOS
PATRIMÔNIOS
PESSOAS
FINANÇAS

Dentro do nosso enfoque de apreciação os Riscos são todos os fatos, situações, bens ou
atividades sujeitos a perdas. Para fins de estudos podem ser classificados em:
• voluntários;
• acidentais;
• aleatórios.
Existem várias outras formas de classificação dos Riscos. Uma das mais empregadas pelo
Mercado Segurador é a seguinte:

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Riscos puros
Os riscos puros são aqueles onde há somente duas possibilidades: perder ou não perder.
Não existe a chance de nada acontecer, ou seja, quase que o risco materializou-se.

Riscos especulativos
Nos riscos especulativos há possibilidade, além da perda ou da não perda, do ganho. O
componente adicional desse enquadramento é o do ganho, que até então não era abordado. Em um jogo,
qualquer que seja ele, pode-se perder, pode-se ganhar e pode-se não perder se não houver a participação do
jogador.
O risco especulativo é diferenciado dos demais riscos por possuir um componente
adicional de ganho, componente esse inexistente nas outras categorias de eventos. Por exemplo, a análise de
um empreendimento imobiliário, em lançamento, é um risco especulativo, já que o mesmo poderá redundar
num ganho. Aplicações em mercados financeiros também são riscos especulativos.

O risco de um jogo é totalmente especulativo
A Gerência de Riscos por nós tratada abrange única e exclusivamente os riscos puros.

Riscos Voluntários
Riscos voluntários são todos aqueles incorridos conscientemente pela empresa ou por
seus funcionários. A morte de soldados durante uma guerra travada entre dois países é um risco voluntário
do país invasor. A navegação em um mar revolto é um risco voluntário do comandante da embarcação.
Atravessar a pé uma grande avenida com o sinal de pedestres fechado é um risco voluntário do próprio
pedestre.
Riscos voluntários também podem ser identificados como todos aqueles em que há um
ato voluntário o qual induz à participação humana no evento. A criança que acende uma fogueira está
praticando um risco voluntário, porque ela assim o quer, ou seja, deseja acender o fogo. Pode estar
praticando o ato de forma consciente ou não. O risco voluntário enquadra-se na categoria de riscos puros.

Riscos Acidentais
Riscos acidentais são os riscos ocorridos sem que tenha havido contribuição voluntária
para tal. O desabamento de um prédio, o alagamento de um pátio de estocagem são riscos acidentais. Os
riscos a que estão sujeitos os construtores são também riscos acidentais. Para que não haja conflito de
interpretação os riscos acidentais podem ser enquadrados dentro das características daqueles decorrentes das
atividades normais de uma empresa, gerados acidentalmente. Da mesma forma como nos riscos voluntários,
os riscos acidentais também são riscos puros.

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Riscos Aleatórios
Riscos aleatórios são aqueles eventos ocorridos sem a participação humana, tais como:
terremotos, tremores de terra naturais, vendavais, furacões, enchentes, inundações. Na linguagem de seguros
são considerados os eventos de causa externa. Os riscos aleatórios também são conhecidos como riscos da
natureza. A aleatóriedade dos riscos indica que não podem ser previstos. Podem ocorrer a qualquer
momento.
Hoje em dia, com a evolução da informática, o homem já consegue modelar parâmetros
da natureza, com uma margem de erro bastante reduzida. A nível de condições atmosféricas as análises já
indicam uma previsão com até 5 dias de antecedência, com margens de erro inferiores a 10%. Computadores
mais poderosos já conseguem aumentar o percentual de Confiabilidade das informações, auxiliando em
muito os agricultores em suas tarefas. Isso não quer dizer que os riscos, com essas análises estarão deixando
de possuir algumas daquelas particularidades a eles inerentes, quais sejam, a de serem futuros, possíveis,
incertos, independentes da vontade das partes, capazes de gerarem perdas ou danos, e de que apresentem
danos que possam vir a ser mensurados. Uma segunda classificação define os riscos como:

Estáticos
Dinâmicos
Riscos Dinâmicos
São os derivados da atividade financeira especulativa. O risco do sucesso de um
lançamento imobiliário é um risco dinâmico, da mesma forma que o lançamento de um novo produto no
mercado consumidor.
Esses riscos não são sujeitos, normalmente, a um processo de Gerenciamento de Riscos.
Até o podem ser. Dentre os fatores que impedem uma avaliação mais criteriosa estão: dependência de fatores
externos ao processo, como por exemplo conjunturas econômicas; execução inadequada do projeto ou
execução do projeto por empresa ou pessoa que não levou em consideração ou não foi convenientemente
informada de parâmetros importantes.
Se uma empresa resolve lançar um empreendimento imobiliário em um momento em que
o País está em crise ou com falta de liquidez certamente terá dificuldades em vendê-lo. Por outro lado, se o
projeto é maravilhoso mas o local não é adequado com certeza o maior impeditivo da venda será o preço
cobrado de cada uma das unidades lançadas.

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Riscos Estáticos
São todos aqueles em que a efetivação do evento pode ou deve pressupor uma perda ou
uma redução do patrimônio humano ou material da empresa. Um incêndio ou um alagamento são riscos
estáticos.
A determinação da magnitude ou da gravidade dos riscos estáticos deve ser feita partindose dos seguintes dados:
• aleatóriedade das ocorrências de perdas;
• freqüência das ocorrências;
• valores médios das perdas;
• valores acumulados de perdas previsíveis e esperadas;
• perda máxima possível, e outros dados estatísticos.
Na medida em que se define uma freqüência de ocorrências, quantificando-a e se avalia a
extensão provável das perdas verificadas tem-se uma real noção da magnitude do risco, de seu tamanho ou
expressão. Esse dimensionamento possibilita que se determine o risco, em termos numéricos.
Qualquer processo de avaliação de riscos conduz sempre a dados empíricos. Quando se
diz que a probabilidade de uma pessoa morrer pela descarga elétrica de um raio é de 0,0000001% não se está
afirmando que a cada 1.000.000 de pessoas morrerá uma eletrocutada. Quer dizer que de um universo de
pessoas estudadas, o número de mortes por eletrocussão é de 1 para cada 1.000.000. Assim, a freqüência da
ocorrência será de 1 para cada 1.000.000, ou 1:1.000.000.
Ainda tratando do mesmo exemplo de queda de raio, a medida do risco é dada,
principalmente, por dois parâmetros, a saber:
# freqüência:

um acidente a cada 1.000.000 de pessoas da amostra;

# gravidade:

uma morte por eletrocussão ou uma morte para cada parcela da população sujeita
a risco.
No segmento industrial são utilizadas técnicas de Engenharia de Confiabilidade para a

mensuração de riscos, complementarmente às várias técnicas de Gerenciamento de Riscos existentes,
envolvendo conceitos de Confiabilidade.
Modernamente estão sendo disponibilizados continuamente para os especialistas
softwares de avaliação de perdas, enfocando os riscos de incêndio e de explosão, bem como programas
específicos para análises de poluentes atmosféricos. Os softwares de incêndio, por exemplo, trabalham na
determinação da temperatura de flashover, ou seja, a temperatura na qual todas as substâncias existentes em
um ambiente entram em combustão no mesmo momento. Trata-se de um momento crítico porque conduz a
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uma perda total de todo o patrimônio existente no ambiente. Já os softwares de explosão calculam, para
ambientes abertos, a intensidade das perdas que poderão vir a ser sofridas pelos bens ao redor da fonte
geradora de explosão.

Risco Possível
Um risco passa a ser possível quando há uma probabilidade de ocorreu. Assim, a
possibilidade encontra-se associada a ocorrência. Se a ocorrência é baixa o risco tem os predicados de vir a
ser segurado. Se as frequências são elevadas, há menor probabilidade desse risco ser segurável. Assim, as
seguradores tendem a transferir a responsabilidade dessas ocorrências para o próprio segurado, que termina
sendo o cossegurador, arcando com as perdas frequentes. A frequência elevada também pode estar associada
aos cuidados com o bem pelo segurado.
As técnicas de Gerenciamento de Riscos são modernas. Muitos tendem a aprimorá-la
constantemente, principalmente na área de seguros, face aos elevados valores segurados e à complexidade
dos empreendimentos industriais. Através do Gerenciamento de Riscos consegue-se estudar procedimentos
que promovem a redução do número de ocorrências ou a redução da extensão das perdas, fatores esses
importantíssimos para a mensuração das taxas de riscos.

O Gerenciamento dos Riscos
O Gerenciamento de Riscos (Risk Management) é um conjunto de técnicas de abordagem,
com vistas à análise qualitativa e quantitativa dos eventos, por meio das quais busca-se identificar, avaliar e
tratar os riscos que sejam emergenciais e/ou latentes, capazes de provocar perdas financeiras, pessoais,
patrimoniais e de responsabilidades civis. As técnicas de Gerenciamento de Riscos, quando bem empregadas
transformam-se em um elemento de antecipação ou de previsão de um cenário de perdas futuras.
O Gerenciamento de Riscos pode ser utilizado como uma das ferramentas dos programas
de qualidade e produtividade, na medida em que, com a identificação dos riscos que possam vir a afetar bens,
e com a análise das conseqüências, diretas ou indiretas, de forma prematura ou preventiva, consegue-se
evitar que um empreendimento industrial venha a sofrer paralisações ou perdas.
O processo, ou o conjunto de tecnologias empregadas no Gerenciamento de Riscos
possibilita o surgimento de meios que atenuam as perdas ameaçadoras dos patrimônios das empresas,
reduzindo suas severidades ou gravidades, através da eliminação dos riscos ou do controle dos eventos e de
suas conseqüências. De uma certa forma, ao se controlar as perdas e por conseguinte, reduzir a parte dos
custos variáveis, estar-se-á aumentando o nível de Produtividade da empresa.

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A Gestão dos Riscos e a Produtividade
A Produtividade pode vir a ser expressa pela razão entre o Faturamento e os Custos
incidentes para a obtenção do faturamento. Os custos devidos a perdas não são todos perfeitamente
mensuráveis ou previsíveis. Pela inexistência de um maior controle ou de dados confiáveis parte-se para a
contratação de seguros, como um atenuante ou como uma forma de transferência dos riscos. Ocorre que,
quase sempre, as coberturas oferecidas pelas seguradoras prevêem a inclusão de franquias ou de
participações obrigatórias para a empresa, obrigando-as a retenção de parte dos riscos incidentes. Muitas
vezes, um bom programa de prevenção de perdas conduz a diminuição das ocorrências, ou então, à limitação
da extensão de suas conseqüências a um nível aceitável ou gerenciável. Em função disto tudo, as empresas
que têm um maior controle sobre o seu patrimônio e sobre as suas perdas costumam praticar a política do
auto-seguro, transferindo para as Seguradoras somente a parcela de risco que seria financeiramente
insuportável. Graficamente, um dos principais conceitos de Qualidade e de Produtividade pode vir a ser
expresso, de maneira simplificada por:

Faturamento
Produtividade =
Custos
Matematicamente a nossa formulação pode ser transformada em f(P) = f(F) ÷ f(C)
Pela amplitude de sua área de atuação a Gerência de Riscos não é uma técnica exata, mas
sim de aproximação. Não é uma técnica ou um conjunto de procedimentos que defina de modo preciso:
haverá um incêndio naquele equipamento nos próximos 200 dias de operação; mas sim, e tão somente que,
dentre uma amostra de 2.000 equipamentos existentes em um empreendimento industrial e em
funcionamento ocorre, em média, um incêndio a cada 200 dias. Essa aproximação se deve ao fato de não se
ter condições de matematizar totalmente os riscos, face às suas inúmeras variáveis. O que se faz é, por meio
de processos matemáticos, estatísticos ou atuariais, e levando-se em conta o histórico de eventos ocorridos,
projetar um comportamento provável e futuro para os riscos.
Exemplificando o que acabamos de apresentar anteriormente, consideremos a análise de
um determinado equipamento, sujeito ao risco de incêndio. De modo amplo, para que esse venha a estar
envolvido pelo incêndio deverá estar operando sob certas variáveis, dentre as quais destacamos:
Estar sobrecarregado;
Estar operando continuamente, sem interrupção;
Estar envolto por uma atmosfera propícia (com presença de substâncias combustíveis ou comburentes);
Não possuir um adequado plano de manutenção corretiva ou preventiva;
Estar empregando materiais, substâncias ou produtos que facilitem a ação do incêndio, sem os cuidados
necessários.

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Se qualquer um dos fatores elencados acima, envolvendo a operação de um motor, vier a
ocorrer de forma isolada ou em conjunto isso já será suficiente, com uma grande probabilidade, para o
surgimento de um incêndio.

A imprevisibilidade das ocorrências
Deve-se salientar que muitas correntes de disseminação da cultura do Gerenciamento de
Riscos pregam a identificação e a mensuração de riscos, através da utilização de fórmulas matemáticas.
Entendemos que, para os riscos extremamente simples, ou para as análises de riscos com poucas variáveis ou
com variáveis previamente conhecidas, uma fórmula é um elemento simplificador de uma análise ou de uma
idéia, visto que não demanda, para a conclusão do trabalho, de qualquer análise pessoal. Porém, para riscos
de maior complexidade a simples adoção de uma fórmula ou de uma regra de análise não significa um prérequisito para uma boa análise, ou para uma análise confiável. Cabe-se destacar que análises pessoais podem
enriquecer o resultado de um trabalho como também podem vir a comprometê-lo. Se o trabalho de análise
precisa ser despersonalizado a aplicação de fórmulas passa a ser importante. Por outro lado, se o mais
importante é a exteriorização do conhecimento do engenheiro de risco de nada valerá a aplicação de
formulações matemáticas.
Não faz tanto tempo assim quando aguardávamos nos noticiários de televisão,
principalmente em vésperas de feriados, a repórter informar se ia chover ou não. A intuição e experiência do
meteorologista prevalecia sobre qualquer tipo de cálculo. Com o passar do tempo, foram desenvolvidos
programas de computação extremamente potentes e complexos, que determinam, com uma razoável
precisão, se irá chover dentro dos próximos 4 ou 5 dias. É lógico que nem todos os riscos têm a
complexidade de uma previsão do tempo, principalmente se podemos traçar um modelo matemático
confiável.
Para uma previsão de risco de incêndio os conceitos poderão variar desde resultados bem
simples até resultados mais complexos. Tudo dependerá do que irá se fazer com essa análise. Em grandes
empreendimentos industriais espera-se poder oferecer, com uma pequena margem de erro um cenário mais
realista possível. Para trabalhos menos sofisticados e que não requerem maior conhecimento técnico pode-se
pensar em algo bem simples, como por exemplo, o incêndio iniciando-se em uma lixeira, dessas de
escritório. As perguntas que podem vir a ser feitas para a obtenção de dados preliminares são as seguintes:
Qual a probabilidade de um cesto de lixo de escritório vir a pegar fogo?
A probabilidade desse evento ocorrer dependerá do local em que ela estiver localizada, do tipo de lixo
contido nele, do grau de cultura das pessoas que transitam pelas proximidades, do fato de possuir ou não
tampa, e outros fatores mais.
Se a lixeira não estiver em um local com grande tiragem de ar certamente o incêndio
demorará para irromper-se. Se o lixo nela contido não for combustível não haverá chance para o incêndio
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iniciar-se. Se as pessoas tiverem um elevado nível de conscientização certamente não permitirão que alguém
jogue algo que possa gerar um incêndio. Se a lixeira tiver uma tampa, pela falta de oxigenação em seu
interior a possibilidade de um incêndio ocorrer será remota. Provavelmente, não há necessidade de criar-se
modelos probabilísticos para a determinação da possibilidade de ocorrência de incêndio em uma lixeira. O
mais provável é que alguém já tenha alguma estatística montada em cima de ocorrências verificadas em uma
determinada instalação industrial ou em conjuntos de escritórios.
É importante abordar este assunto desta forma, porque muitas vezes somos compelidos a
dar pareceres ou esclarecer se determinado risco irá materializar-se, e, mesmo se ocorrendo, será capaz de
gerar perdas humanas, materiais ou financeiras, equivalentes a milhares de unidades monetárias.
Voltando à exemplificação anterior percebe-se que, mesmo se tratando de um estudo
aparentemente simples, como o envolvendo uma lixeira, dessas mais baratas, não se deve descuidar da boa
interpretação dos dados obtidos. Normalmente, em atividades de escritório, e nesse recipiente que começam
a maioria dos incêndios. Podemos mesmo afirmar que ultrapassa a 60% a estatística de incêndios originários
em lixeiras.
Lembramo-nos de um trabalho de Gerenciamento de Riscos que envolvia um parecer
acerca de uma obra marítima, caracterizada pela deposição de um enrocamento que avançava sobre o mar
uns 400 metros, e a seguir projetava-se da direção paralela à costa, por uns 500 metros. Durante a fase do
projeto executivo e bem no início dos serviços, optou-se por construir-se o molhe do enrocamento em duas
fases, ao invés de uma só fase. Ao sermos consultados fomos verificar as cartas náuticas de correntes
marinhas e o Departamento de Hidrografia e Navegação do Ministério da Marinha, a fim de obter dados
referentes à altura e à força da “onda centenária”. Como o próprio nome indica, uma onda centenária é
aquela que ocorre somente a cada 100 anos, e com uma intensidade tal que a torna ímpar. Pois bem,
analisamos os fatos e chegamos à conclusão que a possibilidade de ocorrer uma onda centenária, naquela
época do ano era bem remota. Esclarecemos os riscos que se corria ao mudar-se o planejamento da execução.
Em um período de um ano e meio ocorreram duas ondas centenárias, com elevadas perdas para o projeto.
Para melhor exemplificar, pedras de 4 a 6 toneladas foram arrastadas como se fossem cascalhos de rio, por
longas distâncias.
O número de etapas básicas empregadas no processo de identificação e Gerenciamento de
Riscos pode variar substancialmente de autor para autor, não sendo algo pré-determinado. Entretanto, alguns
parâmetros devem ser conhecidos.

A função do Gerenciamento de Riscos
A função do Gerenciamento de Riscos é a de reduzir perdas e minimizar os seus efeitos.
Isso quer dizer que assume-se a existência de perdas em todos os processos industriais, como um fato
perfeitamente natural. Entretanto, por meio de técnicas, basicamente de inspeções e de análises, procura-se
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evitar que essas perdas venham a ocorrer com certa freqüência, ou reduzir os efeitos dessas mesmas perdas,
limitando-as a valores aceitáveis, ou dentro do perfil estipulado pela empresa em seus orçamentos anuais.
Quando o gerenciamento dos riscos é bem acurado em seus resultados são apresentadas
planilhas onde constam questões associando as frequências com a severidade. Aqui frequência tem o mesmo
conceito de periodicidade e gravidade de tamanho das perdas.

Gravidade
Pequena

Média

Elevada

Frequencia
Pequena
Média
Elevada
Pelo gráfico acima, recomenda-se o risco quanto maior for a frequência e maior a
severidade. Assumindo o segurando quanto menor for a frequência e menor a severidade.
Ocorre que há soluções para frequências elevadas, da mesma maneira que para
severidades elevadas. A frequência elevada gera uma maior exposição do risco. Assim cuidar-se para
reduzir-se essa exposição já é uma medida paliativa. Quanto à severidade, o melhor tratamento da mesma é a
de evitar-se o alastramento das perdas, razão pela qual a empresa deve investir em alterações de processos,
metodologias, meios de trabalho, projetos e equipamentos de segurança, sem nos delongarmos.

O estudo do Gerenciamento de Riscos
Não existe um método único de Gerenciamento de Riscos, ou uma metodologia padrão.
Costuma-se confrontar os procedimentos em vigor com procedimentos-padrão para aquele tipo de etapa,
analisando as possíveis alterações existentes, através de um amplo conhecimento das atividades analisadas.
O Gerenciamento de Riscos é um contínuo processo de busca de defeitos, ou de quasedefeitos, com vistas à sua prevenção. Esses defeitos são chamados riscos.
Risco é uma chance de perda e provavelmente, o mais importante degrau no processo de
identificação e gerenciamento das perdas.
Com as informações obtidas por intermédio da aplicação das várias técnicas adotadas no
Gerenciamento de Riscos e o emprego de metodologias específicas pode-se também quantificar riscos. A
partir do momento que se qualifica e quantifica um risco tem-se a sua real magnitude ou sua expressão
matemática.

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A qualificação é a identificação do tipo de risco ou da qualidade, se é que podemos assim
dizer à respeito das características dos eventos que podem surgir. Trata-se de um risco de incêndio, ou de um
risco de explosão, ou de um risco de danos elétricos, etc..
A quantificação é a determinação do valor da perda, expressa em percentual do valor dos
bens ou em valores absolutos, ou do tamanho do prejuízo a se verificar no futuro. O risco, se ocorrer, poderá
gerar uma perda que irá afetar 48% do patrimônio da indústria. A perda potencial é de cerca de $ 500,000.
Como veremos adiante, tanto o tipo de risco quanto o valor da perda gerada são bastante
importantes para a fixação do custo do risco, ou seja, do valor que a perda, se ocorrida, pode assumir. Essa
informação é muito importante para a execução de um programa de tratamento do risco.
Em função do custo do risco, que pode vir a ser razoavelmente calculado por processos
simples, consegue-se elaborar um plano de retenção das perdas ou de transferência para uma Seguradora, por
intermédio de um contrato de seguros.
Se as perdas são pequenas e a probabilidade de virem a ocorrer é baixa, com toda a
certeza pode se tratar de um caso de retenção do risco, ou de um auto-seguro, Em nossa tavla anterior
preferimos tratar da questão relacionando-a a franquia. Ou participação obrigatória. Por outro lado, se a
perda tem características de vir a apresentar danos severos, é o momento de se pensar em transferi-la, por
intermédio da contratação de uma apólice de seguros.

Diferença entre Franquia e Participação obrigatória do Segurado
Denomina-se franquia a um valor quase sempre fixo, que está a cargo do segurado. Ele é
o responsável pela integralização da indenização completando o processo de indenização para a reposição do
bem repondo a franquia. A aplicação da franquia nivela a todos, acobertando somente acima de uma linha de
corte definida através da perda normal esperada.

Participação obrigatória do Segurado, praticada em muitas modalidades de seguros,
inclusive para a redução das taxas, está relacionada a um percentual da indenização. Normalmente baixo, que
deve ser integralizado pelo segurado. Quase sempre essas participações se dão quando há possibilidade do
segurado contribuir ou não para com o agravamento das perdas. Em nosso gráfico anterior a POS pode ser
aplicada nas áreas de zonas verdes. A POS pode, em alguns cálculos atuariais, representar a média das
indenizações que suplantam o Dano Máximo Provável.

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Passaremos a entender nos capítulos que se sucederão que uma transferência de risco não
é uma operação isolada. O fato de se transferir um risco não é um pressuposto de que todas as preocupações
da empresa estarão resolvidas, ou todos os prejuízos serão reembolsados, ou as perdas reparadas.
Normalmente existem mecanismos dentro do contrato de seguros que transformam a empresa em coresponsável pelas perdas, ou seja, se um sinistro vier a ocorrer, a empresa terá que bancar uma parte do
mesmo e a seguradora a quem ela transferiu a responsabilidade será responsável pela diferença. Esse
mecanismo de co-responsabilidade é o que denominamos de franquia ou participação obrigatória do
segurado (POS). Assim, a empresa por não ter condições técnicas de repassar 100% tem que se preparar para
evitar as ocorrências dos eventos.
Uma das formas de prevenção se dá por intermédio da aplicação das técnicas corretas de
Gerenciamento de Riscos, associada a adoção de mecanismos ou de sistemas de prevenção de perdas. No
tocante a esses, iremos destinar alguns capítulos para tratar do assunto especificamente.
A Gerência de Riscos surgiu como técnica nos Estados Unidos, no ano de 1963, com a
publicação do livro Risk Management in the Business Enterprise, de Robert Mehr e Bob Hedges.
Seguramente uma das fontes de consulta ou de inspiração dos autores foi um trabalho de Henry Fayol,
divulgado na França em 1916. A origem da Gerência de Riscos é a mesma da Administração de Empresas, a
qual, por sua vez, conduziu aos processos de Qualidade e de Produtividade.
Por ser uma técnica relativamente nova, sua divulgação e adaptação pelos países variou
de acordo com as necessidades de momento, das experiências dos técnicos que a difundiram, da fase de
desenvolvimento pela qual estava passando o país e outros motivos mais.
No Brasil o seu ingresso deu-se na segunda metade da década de 1970, com aplicação
voltada especificamente para a área de seguros, com vistas à prevenção de riscos em bens patrimoniais,
segurados pelas empresas do setor. Desta forma, seus conceitos começaram a se propagar juntamente com os
conceitos prevencionistas do Mercado Segurador Brasileiro, principalmente no que diz respeito ao risco de
incêndio. Porém, com o intercâmbio entre os países e a melhor compreensão da técnica vislumbrou-se um
melhor futuro para a mesma.
Quase ao final da década de 70, com o desenvolvimento da Engenharia de Confiabilidade
de Sistemas, ou a Engenharia de Segurança de Sistemas, alguns conceitos comuns passaram a se mesclar,
dando nova configuração à Gerência de Riscos.

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Existem inúmeros eventos que constantemente ameaçam o patrimônio das empresas.
Porém, em linhas gerais, dos eventos geradores de danos que incidem em instalações industriais, tanto no
que diz respeito à freqüência de ocorrências, como também no tocante à severidade das perdas, o Incêndio é
o mais comum. Na ilustração a seguir apresenta-se um gráfico com os percentuais médios, aplicados aos
riscos maiores ou geradores das ocorrências, verificados nos acidentes envolvendo indústrias.
60

Que bra de
Máquina s
Incêndio
Da nos Elétricos
Ex plosão
Equipa m e nt.

Y

Ex plosão
Substância s
Im pa cto de
Ve ículos

15
5

5

5

De rra m e de
Ma te ria is

5
1

2

1

X

Corrosão
Erosão

Finalmente, cumpre ressaltar que muitas vezes a Gerência de Riscos é confundida com a
Segurança Industrial. Ambas têm caráter preventivo. Entretanto, na Gerência de Riscos procura-se tratar o
risco sob o prisma matemático de sua ocorrência, quase que para fins de estudos, enquanto que a Segurança
Industrial parte direto para as medidas corretivas. A linha de trabalho que consideramos ideal é aquela que
associa os métodos de análise empregados na Gerência de Riscos com os procedimentos da Segurança
Industrial.
O livro Gerenciamento de Riscos Industriais vem a tratar das formas de identificação,
mensuração e tratamento dos eventos, ou dos riscos, que atingem indústrias, causando-lhes danos ou perdas,
preenchendo uma lacuna na análise de perdas para fins de tratamento dos riscos. Existem inúmeras
ocorrências que são objeto de análise pelos Gerentes de Riscos, da mesma forma que existem dezenas de
significados para a palavra Risco.

Confiabilidade
Confiabilidade é a probabilidade de um sistema ou algum de seus componentes vir a
desempenhar satisfatoriamente as funções a ele atribuída em projeto, dentro de condições normais de
utilização e operação. A não Confiabilidade, ou o insucesso, é denominada de probabilidade de falha. O
conjunto de falhas ocorridas em um intervalo de tempo é conhecido como taxa de falha.
Normalmente atribui-se à palavra confiabilidade uma quase certeza de que tudo ocorrerá
a contento. Por exemplo: tenho a maior confiança de que tudo correrá bem. Ë uma definição quase que
intuitiva.
Lançam-se mão de estudos de Confiabilidade quando se quer analisar o comportamento
de um sistema, com vistas à análise de prevenção de riscos. Os estudos de Confiabilidade também são
empregados na elaboração de planejamentos de manutenção preditiva.

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Confiabilidade (R) pode ser traduzida como a probabilidade de um equipamento, ou de
um sistema, desempenhar satisfatoriamente suas funções específicas, por um período de tempo determinado
e sob determinadas condições. Probabilidade de Falha (Q) representa o inverso da Confiabilidade, ou a não
Confiabilidade.

Q=1-R ⇔ R=1-Q
Para Sistemas de componentes em Série, a Confiabilidade assume a seguinte
configuração matemática:

1

Para :

2

3

R1 = 0,90 R2 = 0,90 R3 = 0,90 R4 = 0,90

4

5

R5 = 0,90

Rt = R1 x R2 x R3 x R4 x R5 = 0,90 x 0,90 x 0,90 x 0,90 x 0,90 = 0,59 (59%)
Se quisermos aumentar a Confiabilidade de sistemas de componentes em série teremos
que aumentar a Confiabilidade de cada um de seus componentes, visto que a confiabilidade total é a do
conjunto e não a de cada parte desse..
Para Sistemas de componentes em Paralelo, a Confiabilidade assume a seguinte
configuração:

1
input

output

2
Para: R1 = 0,90
R2 = 0,80
Q1 = 1 - 0,90 = 0,10 }
} Qt = Q1 x Q2 = 0,10 x 0,20 = 0,02
Q2 = 1 - 0,80 = 0,20 }
Rt = 1 - Qt = 1 - 0,02 = 0,98 (98%)

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A Confiabilidade total em sistemas em paralelo é maior do que a Confiabilidade de cada
um de seus componentes.
Aplicada a estudos de Confiabilidade tem-se a Lei Exponencial de Confiabilidade.

-λt -t/T
λ
R = e = e , onde:
e = 2,718
λ = taxa de falha (número de falhas por cada hora de operação ou número de operações do sistema)
t = tempo de operação
T = tempo médio entre falhas
T = 1/t
Como exemplo numérico do que acabamos de apresentar podemos ter o seguinte:
{ 4 falhas em 1.000 horas de operação;
{ λ = 0,004;
{ T = 250 horas;
TMEF = T = 0,25 x 105 horas}
t = 1.000 horas } λ = 1/T = 1/ (0,25 x 10 )5 = 4 x 10-5 falhas / hora
e = 2,718
}

-λt - 4x10-5 x 103
λ
R=e =e
= 0,9608 (96,08%)
Q = 1 - R = 1 - 0,9608
= 0,0392 (3,92%)
As técnicas empregadas nos estudos de Confiabilidade podem variar de acordo com os
objetivos inicialmente propostos para a análise das situações. Algumas das que poderemos empregar são as
seguintes:

Check-list
O Check List é um método é de caráter geral, com abordagens qualitativas, ou seja,
diagnostica situações de riscos a partir de um certo cenário, avaliado por intermédio de perguntas
previamente estabelecidas. Por essa razão não deve ser empregado como um único método.
Na verdade, trata-se de um relatório elaborado com antecedência, específico para cada
sistema, onde são anotados dados que servirão de base para outros métodos. Usualmente é um descritivo do
sistema e de suas condições de segurança e operação.
O sucesso do emprego de Check-list depende muito das análises posteriores que se
seguirão, bem como dos resultados pretendidos. Os relatórios poderão vir a ser extremamente complexos ou
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ao contrário, abordar somente alguns poucos assuntos. De um modo geral contém um grupo de perguntas
básicas que serão formuladas a operadores dos equipamentos, as quais, analisadas juntamente com outros
dados, permitirão que sejam traçados perfis aproximados do risco.
Por exemplo, iremos supor que se deseja realizar uma palestra a noite, em uma sala de
aula. Os requisitos mínimos indispensáveis poderiam ser analisados através do Check List, como se segue:
1. Quais são as condições de limpeza do ambiente?
ótima

boa

regular

deficiente

2. Existem canetas para o Quadro de aula?
sim

não

3. O sistema de ar condicionado está funcionando?
sim

não

4. Arrumação das cadeiras está de acordo com o planejado?
sim

não

5. Há cadeiras em número suficiente ao de inscritos?
sim

não

6. O acendimento das luminárias está correto?
sim

não

7. Existirá uma equipe de manutenção para resolver todos os problemas que poderão surgir?
sim

não

8. Alguém estará encarregado de acompanhar o palestrante?
sim

não

9. Houve divulgação suficiente para o evento?
sim

não

10. Os equipamentos de apoio ao palestrante estão funcionando plenamente?
sim

não
Para que a análise fique completa teremos que verificar o que falta para o evento não ser

um fracasso. Assim, se as condições de limpeza não forem boas teremos que limpar a sala. Se não houverem
canetas no quadro o palestrante não poderá escrever. Se o ar condicionado não estiver funcionando e for uma
época de muito calor haverá o desconforto da platéia. Se as cadeiras não estiverem arrumadas teremos que
arrumá-las. Se as luminárias não estiverem acendendo poderá não haver a palestra. E assim por diante.

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O importante não é a montagem do questionário de verificações, mas sim a sua correta
interpretação, que deverá estar compatível com o resultado a que se pretende. Gerentes de Riscos mais
experientes costumam montar listas de verificações como forma de direcionar o seu trabalho, evitando que
alguma informação mais importante possa vir a ser esquecida durante os trabalhos. Até mesmo os
especialistas de grandes empresas não deixam de programar as suas perguntas ou as suas dúvidas. “Preciso
verificar essa situação. Não devo me esquecer de perguntar à respeito da última compra efetuada. Será que o
equipamento X sofreu uma reforma ultimamente?” Existem sempre algumas questões-chave, para as quais
nos preparamos previamente, anotando em nossos blocos de notas ou elaborando um questionário.

What if
Trata-se de um método qualitativo, ou seja, um método que permite chegar ao tipo e ao
tamanho de risco, muito importante no emprego em discussões de caráter geral acerca de um sistema, e para
a abordagem das conseqüências maiores de um acidente.
Deve-se sempre separar, em um acidente, as causas das conseqüências. As causas são os
fatos geradores os as razões da deflagração do evento. As conseqüências são os resultados. Existem uma
série de perguntas clássicas que podem vir a ser feitas, como por exemplo:
E se de repente uma pessoa atravessar a rua com o sinal de pedestres fechado?
E se a caldeira vier a explodir?
E se a pressão da linha de vapor subir muito?
O mais interessante da metodologia é que para cada pergunta há várias respostas. Por
meio dessas identifica-se o problema e as prováveis soluções.
O objetivo do método é o de identificar, através da discussão do tema os problemas mais
comuns que possam afetar o bom desempenho do sistema ou de seus componentes.
A metodologia trás consigo uma importância maior porque associa causas a
conseqüências. Por exemplo:
E se a pessoa atravessar a rua com o sinal de pedestres fechado? A causa é o ato em si de
atravessar a rua. ë um ato voluntário. A conseqüência é o que poderá ocorrer com esse pedestre. Poderá ser
atropelado? poderá vir a cair ao chão? poderá vir a chegar ao outro lado da rua incólume? As respostas que
poderão vir a ser fornecidas estabelecerão o padrão de segurança necessário para evitar-se o risco em si.
Costuma-se empregar o método juntamente com outros, especialmente o Check-list e a
Análise Preliminar de Riscos.

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Técnica de Incidentes Críticos
Trata-se de uma técnica operacional qualitativa, que busca obter informações relevantes
acerca de incidentes ocorridos durante determinada fase ou período, relatadas por testemunhas que os
vivenciaram.
Os incidentes são os quase acidentes, ou os acidentes não geradores de perdas. A
metodologia emprega, principalmente, entrevistas com os operadores ou mantenedores dos sistemas sujeitos
a estudos. Alternativamente poderá se lançar mão de trabalhos de bancos de dados, onde todos os acidentes
ou incidentes foram relacionados por tipo de ocorrência.
Na área naval um dos bancos de dados mais requisitados é o WOAD Statistical Report
(Statistics on Accidents to Offshore Units Engaged in Oil and Gas Activities). O WOAD Worldwide
Offshore Accidente Databank, uma publicação da Det Norske Veritas (DNV) relaciona freqüências de
acidentes, a exposição, estatísticas e várias outras informações as quais possibilitam obter dados necessários
à interpretação da forma de ocorrência dos mesmos.

O incidente é um evento negativo com potencial para provocar danos.
Dentre as inúmeras formas de classificação dos incidentes podemos ter o seguinte
critério:
Classe I

: Aqueles que provocam alterações no planejamento ou na produção.

Classe II

: Aqueles que provocam atrasos no planejamento ou na produção;

Classe III

: Aqueles que provocam paralisações ou o insucesso do planejamento;

Classe IV

: Aqueles que afetam a integridade física das pessoas;
Algumas perguntas envolvendo equipamentos que sofreram acidentes são clássicas, como

as que se seguirão. Ocorre que também aqui não se deve rotular procedimentos. Cada Gerente de Riscos
pode buscar obter dados que lhes sejam mais familiares ou que se enquadrem dentro de conceitos já
estabelecidos. Como exemplo citamos:
⇒ Que tipo de acidente pode ocorrer com este equipamento?
•
•
•
•
•
•
•

Como?
Em que circunstâncias?
Qual foi o resultado?
Como foi controlado?
Houve uma extensão dos danos a outros equipamentos ou instalações?
Quanto tempo durou a paralisação?
A reposição das perdas foi imediata?

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⇒ Já ocorreu algum tipo de paralisação?
•
•
•
•
•
•
•

De que ordem?
Quanto tempo a máquina ficou parada?
Houve parada de produção?
Quantos acidentes ocorreram?
Em que época?
Com que freqüência?
Quais foram os tipos de danos verificados e de que ordem?

⇒ Quantas horas os equipamentos ficaram parados?
• Qual ou quais foram as razões dessas paralisações?
• Como se deu o reinicio das operações?
• Quais foram as medidas tomadas durante a paralisação e após o reinicio das atividades?
O incidente é importante como dado estatístico porque comprova a existência de falhas
operacionais ou de controle, possibilitando a sua imediata reparação.
De um modo geral, com as entrevistas com os operadores dos equipamentos conseguemse obter inúmeras informações elucidatórias dos problemas operacionais mais comuns que tenham ocorrido
em um intervalo de tempo estipulado para a análise. A grande questão é que, na maioria das vezes, não se
tem uma precisão de dados estatísticos ou matemáticos, principalmente quanto à data dessas ocorrências,
visto que a maioria dessas não é registrada adequadamente, ou então as informações fornecidas para o
registro não estão completas. A partir daí, monta-se um quadro com os incidentes alocados por tipo de
severidade de perda.
A técnica tem um emprego bastante difundido quando há uma precariedade de
informações no tocante a perdas ocorridas. Ou seja, não há um registro ou esse não é tão confiável, que possa
vir a ser empregado em análises matemáticas. A partir daí, em função da quantidade dos incidentes relatados
consegue-se fazer uma extrapolação para a obtenção do número de acidentes, que é o objetivo maior. Desta
forma, em função dos dados apurados e de sua correlação consegue-se obter a razão entre faixas de
incidentes.
Por exemplo, imaginemos que através de um estudo em uma indústria obteve-se
informações relativas a 100 incidentes, ocorridos em um período de 5 anos. Desses 5 foram de gravidade
correspondente a 100% do valor dos bens. A análise efetuada conduziu à seguinte apresentação gráfica:

Página 35 de 55
5
40
60
80
100

Na extrapolação feita poderemos ter cerca de 80% dos acidentes com uma gravidade de
60%, cerca de 60% dos acidentes com uma gravidade de 40%, e cerca de 40% dos acidentes com uma
gravidade de 20%. Basta termos a quantidade de acidentes registrados para podermos extrapolar os
incidentes, por faixas de gravidade de perdas. O mais interessante disso tudo, é que com estes dados
determinaremos o custo dos riscos ou o custo das perdas ou o custo dos seguros, bastando apenas que nos
seja informada a quantidade de acidentes.

Análise Preliminar de Riscos (APR)
Trata-se de uma técnica de inspeção desenvolvida com o objetivo de se obter análise
superficial dos possíveis riscos, de suas causas, das conseqüências advindas com a materialização desses
bem como das medidas corretivas ou preditivas adotadas. Em resumo, a APR visa à identificação de
elementos perigosos do sistema, das situações de risco, das falhas potenciais, etc., determinando a gravidade
de suas efetivações, normalmente obtidas por meio de simulações.
A Análise Preliminar de Riscos procura enquadrar os riscos segundo categorias, definidas
de acordo com os efeitos destrutivos que podem vir a ser observados, tabeladas como a seguir:

Desprezível ou Negligenciavel (Classe I)
Risco desprezível ou negligenciável é aquele que gera efeitos imperceptíveis, não
conduzindo a degradações físicas ou ambientais que não sejam facilmente recompostas. Normalmente essa
categoria de riscos é perfeitamente absorvida pela empresa, juntamente com os custos de manutenção ou
revisão;

Marginal ou Limítrofe (Classe II)
Risco marginal ou limítrofe é o que gera ocorrências moderadas, controláveis,
necessitando porém de ações saneadoras a médio prazo. São riscos que podem surpreender em termos de
perdas. Usualmente as perdas estão associadas às conseqüências dos eventos;

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Crítica (Classe III)
Ocorrência crítica é aquela que afeta substancialmente o meio ambiente, o patrimônio ou
pessoas, necessitando de ações corretivas imediatas. Esse tipo de perda é tratada através do repasse a uma
Seguradora;

Catastróficas (Classe IV)
Ocorrência catastrófica é normalmente geradora de efeitos irreversíveis, afetando pessoas,
sistemas, patrimônios ou ambientes. Quase todos os Gerentes de Risco recomendam, como técnica de
tratamento de riscos o afastamento, ou seja, a empresa deve renunciar a essa atividade.

A APR é uma técnica qualitativa, não permitindo mensuração matemática do risco.
Exemplo 1 - se uma bomba de São João fosse atirada no meio de uma rua poderia ser
enquadrada como uma ocorrência desprezível. Atirada próxima a uma pessoa já teria efeito marginal. Se
atingisse o seu ouvido poderia ser classificada como crítica ou catastrófica, dependendo das extensões dos
danos.
Exemplo 2 - citamos o emprego de maçarico de solda e corte, seguramente um dos
equipamentos com elevado potencial de geração de perdas. Os fatos iniciadores de perdas seriam: inaptidão
do operador; falha de manutenção do equipamento; defeitos de fabricação e outros mais. As conseqüências
dos acidentes seriam: queimaduras; princípios de incêndio; soldaduras ou cortes inadequados; danos
materiais aos produtos manuseados. As medidas corretivas poderiam ir desde o treinamento do operador até
uma melhor manutenção do equipamento.
Um modelo de relatório de Análise Preliminar de Riscos de uma situação bem simples é
apresentado a seguir. Observe-se que a maior preocupação é a de associar-se as causas às suas
conseqüências. No modelo exemplificamos com a atividade de desenho com grafite sobre um papel, não
importando de que tipo. O modelo é o seguinte:
ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCOS
Identificação: Elaboração de um desenho com o emprego de lapiseira
Subsistema : Grafite
RISCO
CAUSA
EFEITO
CAT.
MEDIDAS PREVENTIVAS
RISCO
Rasgo no Emprego de grafite Papel rasgado e
III
Empregar um grafite mais
papel
muito duro
desenho inutilizado
macio ou um papel mais
resistente
Borrão no Emprego de grafite Desenho borrado e
III
Empregar um grafite menos
desenho
muito macio
papel manchado
macio ou um papel mais liso

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Análise de Modos de Falha e Efeitos (AMFE)
AMFE é um método de análise detalhada, gerando resultados qualitativos e quantitativos,
ou seja, identifica o risco ao mesmo tempo em que o mensura. A AMFE permite a análise das falhas dos
equipamentos, dos componentes e dos sistemas com estimativas de freqüência de ocorrências (taxa de falhas)
e a determinação dos efeitos ou conseqüências dessas mesmas falhas.
A técnica, também conhecida como FMEA - Failure Modes and Effects Analysis,
consiste em se estudar o sistema por partes, em conjuntos ou subconjuntos, sob a forma de diagramas de
bloco, analisando não só as ocorrências isoladamente como também a interpelação existente entre essas e os
demais subconjuntos.
Dessa análise particularizada obtém-se: revisão dos modos de falha de cada componente;
efeitos que tais falhas terão sobre outros componentes que, ao falhar gerarão danos a todo o sistema. Como
resultado final tem-se o calculo de probabilidade das falhas do sistema, gerado a partir das falhas de seus
componentes. Logicamente, através desses estudos determinam-se as alternativas de redução das
probabilidades de falha.
Cada falha observada deve ser analisada separadamente como se fosse um evento
independente, sem qualquer relação com os demais, exceto no que diz respeito às suas conseqüências que
poderão ser as mesmas.
A FMEA é por demais eficiente quando aplicada a sistemas simples. Para os casos mais
complexos associa-se à FMEA um estudo de Análise de Árvores de Falha.
Também costuma-se associar a um estudo de criticidade denominado de FMECA Failure Modes and Effects and Criticality Analysis. Nesse caso, atribui-se para cada modo de falha uma
classe de gravidade ou severidade.
No conjunto estudado tem-se a taxa do risco ou o custo do risco, informação muito
importante para a avaliação dos programas de transferência ou manutenção dos riscos.
As classes de gravidade são as mesmas adotadas no método de Análise Preliminar de
Riscos, ou seja, vão crescendo à medida em que a severidade das perdas vai aumentando. A pior situação é
aquela que envolve vidas humanas. Outro ponto também interessante é que avalia-se a perda de um ponto
menor para um maior, ou seja, de um subsistema para um sistema, e desse para uma unidade e daí para toda
a empresa:
Classe I

: Falha resultando em excessiva manutenção do sistema;

Classe II

: Falha resultando potencial atraso ou perda de disponibilidade imediata;

Classe III

: Falha resultando potencial ameaça ao sistema ou às pessoas;
Página 38 de 55
Classe IV

: Falha resultando potencial perda do sistema e/ou de vidas humanas;
Especialmente em plantas industriais complexas, com grande número de subsistemas

interagindo, emprega-se o método preliminar de HAZOP - Hazards and Operability Study.
A seguir, apresentamos um modelo bem simples de uma FMEA, tendo como área de
análise uma unidade de carbonatação de uma indústria química. Para essa FMEA, ou AMFE, tomamos como
origem do problema uma disfunção elétrica em um painel de alimentação elétrica de um compressor de gás
carbônico, de uma unidade de carbonatação. Através da análise discute-se a tipo de falha, as razões de tal
falha e o que estará conjugado a essa, ou seja, as conseqüências da paralisação do painel. O modelo é o que
se segue:

Página 39 de 55
FMEA - UNIDADE DE CARBONATAÇÃO
Descrição

Fase
Operação
normal

Painel
de
alimentação
elétrica PUE
8

Função
Controla
o
funciona
mento
do
compressor
de CO2

Modo de
Falha
Desligamen
to do painel

Causa

Efeitos
Próximo
nível

Local

Método de
detecão de
falha

Sistema

Classe

Medidas
Compensa
tórias

Vasamento de
corrente

Atuação
proteção

da

Desligamen
to
do
compressor

Parada
unidade

da

Visual
painel
controle

no
de

2

Revisão dos
dispositivos
de proteção

Falha
acidental

Atuação
proteção

da

Desligamen
to
do
compressor

Parada
unidade

da

Visual
painel
controle

no
de

2

Revisão dos
dispositivos
de proteção

Desligamen
to proposital

Não há for
necimento de
energia

Parada
unidade

da

Parada
fábrica

da

Supervisão,
controle
e
manutenção

3

Supervisão

Curto
to

Não
há
fornecimen to
de energia

Parada
unidade

da

Parada
fábrica

da

Revisão dos
dispositivos
de proteção

3

Controle

circui
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Cálculo de riscos aplicado a atividades industriais

  • 1. Cálculo de Riscos aplicada a atividades industriais: taxação para fins de Seguros Utilização de Softwares Específicos Antonio Fernando Navarro1 www.scribd.com/antoniofernandonavarro Um pequeno histórico sobre o Mercado Segurador Inúmeros são os critérios atualmente existentes para a taxação dos denominados riscos industriais. Sob essa denominação podem estar acobertadas refinarias siderúrgicas, e outros empreendimentos de mesma grandeza. Antigamente, quando ainda existiam tarifas para a taxação de riscos únicas para todas as seguradoras, seguia-se uma rotina de taxação, que era submetida à apreciação do Instituto de Resseguros do Brasil, monopolista nas atividades de resseguro e de retrocessão. Para quem não está familiarizado com a linguagem do seguro, as seguradoras possuíam um Limite Técnico para a aceitação dos riscos e um Limite Operacional. As seguradoras poderiam assumir a responsabilidade pela assunção dos riscos sozinhas, repassando o que excedesse ao seu limite de retenção ao IRB, que providenciava, antes da remessa dos excessos de riscos para as várias seguradoras do mercado segurador brasileiro. Do que restava de riscos não assumidos, o IRB os enviava segundo contratos o que ainda excedia de riscos para o mercado internacional. Essa via era de mão dupla, ou seja, da mesma forma que se enviava riscos recebia-se riscos. O vai e vem de riscos é na verdade um vai e vem de recursos, já que risco significa uma taxa, a qual aplicada ao valor segurado do bem, o risco, é transformado no valor do prêmio de seguros. Nesta fase ainda está se referindo aos prêmios de riscos sem os carregamentos habituais devido às comissões de corretagem, despesas operacionais, impostos e encargos e taxas técnicas ou carregamentos, que supre, eventuais desvios de taxas ou de riscos. O modelo abaixo exemplifica o limite de retenção da seguradora. Ultrapassado esse limite há um receptáculo para o mesmo, em linguagem figurada, denominado aqui IRB. O que ultrapassa à retenção do IRB é repassado a outros resseguradores. Os limites de retenção aqui relatados são limites por riscos e não limites por carteiras de seguros. 1 Antonio Fernando Navarro é Físico, Engenheiro Civil, Engenheiro de Segurança do Trabalho (da Universidade Federal Fluminense) e Mestre em Saúde e Meio Ambiente, tendo atuado em atividades industriais por mais de 30 anos como Gerente de Riscos, principalmente em seguradoras e para o IRB Brasil Re, nesse, como Perito de grandes sinistros. Também é professor da Universidade Federal Fluminense – UFF do curso de Ciências Atuariais.
  • 2. A “moeda” de negociação eram riscos, a exemplo do BBB de uma televisão, onde a moeda é “estalecas”. Ocorre que o risco era que se segurava. Assim, o risco poderia ser uma pessoa (no seguro de vida), poderia ser uma edificação (no seguro de incêndio), poderia ser um equipamento (no seguro de riscos de engenharia ou riscos diversos), poderia ser uma embarcação ou uma aeronave, nos seguros de cascos marítimos ou aeronáuticos, e por aí segue. Uma relação importante qualquer que fosse o risco a ser oferecido a uma seguradora era de que para cada risco há uma taxa. Essa taxa aplicada sobre a importância segurada do bem termina por se transformar no prêmio de seguros. A taxa pode ser agravada ou reduzida em função da boa experiência da seguradora e do segurado não apresentar sinistros, aqui entendidos como a efetivação do evento segurado. Em uma apólice que acoberte um edifício como o risco de incêndio, se houver o incêndio, não importa a causa e desde que essa esteja contemplada como risco coberto, o incêndio ocorrido é o sinistro. Se não houver possibilidade de salvar-se nada diz-se que houve a perda total. Caso haja a possibilidade de se salvar algo diz-se salvados do incêndio, que podem ficar de posse do segurado, reduzindo a perda da seguradora, ou ficarem com a seguradora, que indenizará o segurado da perda. Portanto, o equilíbrio da operação está no correto dimensionamento da taxa em função do risco assumido. Risco Taxas Havia seguradoras especializadas em seguros específicos, onde em suas carteiras de negócios, o principal era o seguro de aeronaves, por exemplo, aquelas onde a maior parte dos riscos assumidos eram seguros de automóveis, enfim, havia uma especialização e toda uma forma de negociação. Os seguros industriais, pelas suas características, eram sempre seguros mais técnicos, exigindo das seguradoras análises de gerenciamento de riscos realizadas por engenheiros. Pelo porte das empresas quase sempre chegavam a ser seguros vultosos, aqueles onde a retenção do mercado nacional era pequena e havia um excesso de transferência de riscos para o mercado internacional. Página 2 de 55
  • 3. A qualificação do mercado e de distribuição dos riscos, associada a uma contínua fiscalização auditora, transformava as empresas em empresas com grande liquidez. Um sinistro, a efetivação do risco sobre o evento segurado, não prejudicava financeiramente a seguradora. Havia sinistros de riscos vultosos onde todo o mercado segurador participava com a sua quota de retenção de risco, na mesma proporção dos riscos aceitos. Nos seguros industriais isso também ocorria. Essa pequena introdução serve para alertar que os seguros industriais possuíam critérios de taxação específicos e que eram vistoriados periodicamente pelos engenheiros das seguradoras e do Ressegurador (IRB), que avaliavam se o que constava dos critérios de avaliação realmente era o que existia. Assim, as visitas, dependendo do porte das empresas, poderiam durar dias, com o acionamento dos sistemas de combate a incêndios e, algumas vezes, com simulados. Tudo era feito para se saber se a preço que se estava pagando para a aceitação dos riscos era justo ou não. Havia indústrias, que pelo longo histórico de seguros sem qualquer sinistro eram merecedoras de descontos nas taxas dos riscos. Um aspecto interessante é que o grau de especialização das empresas ia crescendo na medido em que o mercado segurador crescia e as demandas desse mercado eram maiores. Isso é normal em qualquer área. O Mercado Londrino, considerado como referência durante centenas de anos, começou a se estruturar após o grande incêndio que atingiu a cidade de Londres em 1.666. A partir da descoberta do risco, a cidade e a Prefeitura começaram a impor sanções e ao mesmo tempo obrigar a existência de dispositivos de combate a incêndios, desde pá a baldes de couro, enfim, a população, preocupada com o risco e com a possibilidade de não ter como repor o que foi perdido, passou a se proteger. Na Inglaterra, logo após o grande incêndio e após frustradas as inúmeras tentativas individuais, que mais se assemelhavam a brigadas de incêndio de bairros, surgiu a primeira seguradora, constituída em 1.710, sob o nome de T. A Determinação das Taxas de Riscos Quase sempre os critérios de determinação das taxas de riscos iniciavam com a análise das plantas (desenhos) das instalações da empresa. Nessas plantas eram indicados os principais riscos, os meios de proteção existentes contra o combate a riscos, as distâncias entre os demais locais, os valores envolvidos, os meios de desocupação do local, a possibilidade dos sinistros (eventos) serem debelados através de meios próprios e em caso contrário, as facilidades existentes que poderiam possibilitar o acesso de meios externos de apoio. Em resumo, analisavam-se todos os aspectos positivos e negativos supondo que os riscos pudessem ocorrer em qualquer ponto da indústria e alastrar-se por qualquer meio. Nessa primeira fase as tarifas do IRB e os manuais técnicos não saiam de sobre as mesas dos taxadores, ou underwriters. Esses visitavam várias vezes as instalações do IRB para conversas e obtenção de dados. Também eram iniciadas as visitas às seguradoras parceiras, para saber-se o quanto de risco poderia ser retido por essas antes de serem repassados, os excessos, ao IRB. Em uma segunda fase eram analisadas as estatísticas do mercado segurador nacional e internacional, incluindo-se a experiência dos resseguradores e brockers, aqui denominados os grandes conglomerados de corretores de seguros. Mas, Página 3 de 55
  • 4. enfim, todas as experiências são bem vindas e aceitas, desde que representem os riscos reais a que estarão expostos os seguradores. Muitas vezes essas atividades poderiam durar de um a dois meses. Assim, a determinação de taxas para uma indústria, como um todo, sempre foi uma das tarefas menos fáceis, mesmo com toda a tecnologia existente, porque, em uma mesma empresa há riscos com características de todos os tipos, com vários níveis de gradação de perdas, enfim, há milhares de riscos, os quais, se somados para a obtenção de uma única taxa para uma indústria tornaria o processo de taxação inviável para a empresa seguradora e para a própria indústria, essa em função dos custos que seriam cobrados. Por exemplo, em uma única área, como o de processamento de uma petroquímica, pode haver riscos de explosões de quebra de equipamentos, de acidentes elétricos, de perda de produção, de derrames de materiais, enfim, muitos são os riscos. Um dos conceitos que nunca mudou foi o de se avaliar os riscos das indústrias em função dos níveis de proteção existentes, na medida em que, quanto mais eficazes fossem os sistemas de detecção e combate aos riscos, menores seriam as perdas ocorridas. De certa maneira, a lógica é bem simples. Maiores proteções podem corresponder a menores riscos. Entretanto, mesmo nesses processos de simplificações deve-se contar sempre com a possibilidade do dispositivo de segurança adotado não vir a funcionar corretamente, assim, não basta apenas possuir os equipamentos e esses serem os adequados, também deve estar funcionando adequadamente. Um desses exemplos é o do risco de explosão de caldeiras e vasos de pressão. Quando há uma explosão são formadas ondas de impacto que se irradiam do ponto onde foi formada. Essas ondas vão quanto mais distante se encontram do ponto de origem, perdendo força. No início podem destruir edificações, ao final podem apenas sacolejar vidros de uma janela. Nesse caso, não há um dispositivo de proteção específico. Os equipamentos possuem válvulas de alívio. Os equipamentos possuem pontos onde o excesso de pressão pode ser extravasado. Ou seja, os projetistas preveem que os riscos, quando ocorridos, possam ser minimizados. Nas panelas de pressão caseiras, para o cozimento do feijão, há uma válvula central cujo peso produz uma pressão interna de uma atmosfera e outra válvula de segurança. Falhando a válvula principal é acionada a válvula complementar. O mesmo ocorre com os equipamentos de pressão das indústrias, que trabalham com pressões centenas de vezes maior do que a de uma simples panela de pressão caseira. Entretanto, as falhas podem ocorrer. Até por essa razão é que houve tanto progresso dos estudos de Confiabilidade de Processos, associando-se estudos de confiabilidade a estatísticas, mecânica, instrumentação, processos, enfim, a união de vários conhecimentos. Nos tempos mais antigos, quando esses estudos ainda não eram tão sofisticados e técnicos, as empresas terminavam por enclausurar as áreas de riscos, construindo grossas paredes de alvenaria ou de concreto, auto portantes, direcionando as ondas de explosão para cima, e não radialmente. Desta maneira protegiam-se os equipamentos nas proximidades e os custos dos seguros eram menores. Página 4 de 55
  • 5. Uma das seguradoras mais antigas do mercado segurador, fundada em 1866 foi The Hartford Steam Boiler Inspection & Insurance Company, conhecida como Hartford Insurance Company, notabilizou-se por possuir elevada expertise na análise de equipamentos sujeitos à pressão, como caldeiras, por exemplo. Atualmente a empresa faz parte do grupo Munich Re e possui mais de 1.200 engenheiros especializados na análise de riscos industriais. Ainda existiam situações onde os equipamentos críticos, em termos de geração de riscos, ficavam distantes dos demais, quase que da mesma forma que o empregado na distribuição dos paióis de pólvora, onde os mesmos são construídos semi enterrados e tendo ao redor elevações de terra formando pequenas colinas. As taxas aplicadas contemplavam a existência dessas distâncias. Ainda hoje, quando se refere ao depósito de material explosivo, o volume admitido para estocagem em um só lugar depende da distância que o depósito se encontra das demais construções. Desta maneira, mesmo simplificando ao máximo os processos de taxação ainda assim a questão da adequada mensuração torna-se uma tarefa bem difícil. Em um simples exemplo, um sistema de combate a incêndio através de hidrantes é considerado como um bom dispositivo. Uma rede de hidrantes bem dimensionada e com os dispositivos adequados pode combater praticamente todos os tipos de incêndio, inclusive os envolvendo subestações. Nesses casos empregam-se dispositivos do tipo protector spray nas saídas, ao invés de lançar-se um jato contínuo. Contudo, para que o sistema funcione, em cada uma das saídas das canalizações, onde há registros, devem ter mangueiras e esguichos. Além disso, o sistema deve ter sistema de bombeamento, cuja adução se faz através de reservatórios elevados que são alimentados por cisternas. Se não há água suficiente na cisterna ou no castelo de água, mesmo que a equipe seja muito boa e as mangueiras estejam posicionadas corretamente pode-se ter uma falha no processo. As probabilidades de falhas, processos esses que até algumas décadas atrás não eram tão importantes assim passaram a ser importantes, na medida em que cada componente de um sistema deve ter o desempenho esperado, não menor ou maior, mas sim aquele esperado para que o conjunto funcione adequadamente. Desta maneira, passamos a compreender que em uma indústria passa-se a considerar como sistemas ou blocos, tanto os riscos, quanto os processos e os sistemas de detecção e combate a incêndios. Se um desses blocos falha todo o conjunto passa a apresentar um resultado que não é o esperado. Uma das teorias que não é específica para o caso em questão, mas que se aplica muito bem ao que informamos é a teoria dos dominós. Nessa, cada peça representa uma etapa do processo ou um bloco do sistema. Se esse falha a tendência é a de todo o conjunto falhar. Na cadeia dos dominós terminamos torcendo para que a peça que caia não seja a primeira, e sim, se tiver que cair, a última, já que a primeira tem a probabilidade de derrubar todas as demais. Desta maneira, um simples critério de taxação de riscos abrange um enorme gama de disciplinas. Trata-se da matemática pura, da estatística, dos estudos de processos, da análise de Página 5 de 55
  • 6. equipamentos, do conhecimento dos processos, ou seja, a visão deixa de ser apenas um “achismo” para uma análise onde se consiga provar que é correta, seguindo do princípio para o fim ou do fim para o começo. O seguro, em uma descrição simplificada é uma operação contratual onde o proprietário de um bem oferece a alguém, empresa, a responsabilizá-lo repondo ou reparando o bem, bastando para isso que o proprietário pague o que se denomina de prêmio de seguros. Assim, há um acordo com regras bem claras, onde se discrimina o que será acobertado, quais os riscos que serão levados em consideração, o que será excluído e o que não será objeto do seguro. Ajustadas as partes assina-se a apólice de seguros. Todavia, essa é a parte mais simples do processo. O quanto custará o risco assumido normalmente é a grande preocupação dos Atuários e dos gerentes de Riscos das Seguradoras, já que, com seu conhecimento, compreensão do risco e experiência pessoal e do mercado poderá informar o valor do custo do risco. Análise da Questão Denomina-se custo do risco a parcela do preço do seguro onde o segurador passa a ser o responsável pela indenização. O custo é na verdade uma taxa. Essa, aplicada ao valor dos bens representa o custo do risco. A esse são agregados outros custos melhor exemplificados mais adiante (despesas de comercialização, impostos e encargos financeiros, despesas operacionais, entre outras), transformando-se em custo do seguro. Em 1996, sob o título: Gerenciamento de Riscos Industriais, registramos na Fundação Biblioteca Nacional - Ministério da Cultura - Escritório de Direitos Autorais - Certificado de Registro ou Averbação nº 123.087, Livro 190, Folha 202 a publicação de onde iremos tirar alguns conceitos sobre o tema. Apesar de se tratar se material preparado em meados da década de 90, os conceitos técnicos necessários para melhor elucidação das questões. No início de nosso interesse pelo tema do Gerenciamento de Riscos voltado à área industrial, descobrimos que quase todos os trabalhos existentes estavam direcionados para o seguro, enquanto ciência. Havia um ou outro artigo ou livro que enveredava mais para o lado da matemática ou de estudos de Confiabilidade, e outro para seguros de Vida ou de Acidentes Pessoais. A Gestão de Riscos era tema de pouquíssimos autores e quase sempre relacionados à avaliação das condições do ambiente do trabalho que pudessem por em risco a segurança do trabalho dos operários, ou condições de pudessem ampliar as condições de aumento do risco de incêndio. Assim, no início da prática do Gerenciamento de Riscos, nos finais da década dos anos 70, observamos que os conceitos terminavam se mesclando, e que o seguro quase nunca era a causa e sim o efeito, ou a consequência, para o resultado da aplicação da técnica de gestão. Entendemos que o seguro é Página 6 de 55
  • 7. uma das formas de tratamento dos riscos. É uma das maneiras de se recompor um patrimônio afetado por uma perda ou por um dano. O mercado de seguros sempre foi um dos pioneiros no incentivo ao desenvolvimentos de ações para a identificação das perdas e danos, com o objetivo da aplicação de medidas de prevenção. As análises de conduziram aos estudos que redundaram em estratificações das principais causas dos acidentes é muito semelhante ao das técnicas de gerenciamento de riscos. Nesses trabalhos pode-se citar: A The Travelers Insurance Company contratou os serviços de H. W. Heinrich e Roland P. Blake para a análise dos acidentes que tinham a morte como causa maior. Em 1931 foi desenvolvido o primeiro e o mais conhecido modelo de causa, bem como estimativa de custo de acidentes a partir de conclusões baseadas na análise de cerca de 5.000 casos de empresas seguradas, estendendo essas análises nas próprias empresas participantes através de entrevistas com membros do staff dos serviços de administração e produção. Heinrich, em 1959, já tendo consolidado suas pesquisas escreveu o livro Industrial Accident Prevention, onde aponta que os acidentes de trabalho com ou sem lesões são devidos a uma série de fatores como: personalidade do empregado; prática de atos inseguros; existência de condições inseguras nos locais de trabalho, entre outros. Disso resulta que as medidas preventivas devem assentar-se sobre o controle desses três tipos de causas de acidentes, as predominantes nas análises. As medidas preventivas a serem adotadas dependem do reconhecimento das causas que podem ser identificadas por meio da coleta de dados durante a investigação dos acidentes, como a Técnica dos Por Quês, no nosso exemplo anterior. O uso dos quadros estatísticos (baseados nos dados coletados) pode ser considerado, portanto, como fundamental para a programação de prevenção de acidentes. Ainda como mérito de Herbert William Heinrich, concluiu-se que em qualquer discussão sobre causas e modelos para estimativa de custo de acidentes, não se pode esquecer que não há uma lógica para definir a ocorrência de um acidente, mas sim, dados estatísticos que apontam para algumas questões dominantes. Essas questões podem ser posicionadas tal qual dominós, onde a queda de um termina por provocar a queda de todos. Algumas das questões pesquisadas partiam da hereditariedade e do meio, passando pela inadequação pessoal e terminando com o ato perigoso, o acidente e, finalmente, à lesão. H. W. Heinrich e Roland P. Blake foram os primeiros a apontar que apenas a reparação de danos não era suficiente e, sim, a necessidade de ações tão ou mais importantes, que além de assegurar o risco de lesões, tendessem a prevenir os acidentes. Isso significava que 88,0% dos acidentes são provocados por atos inseguros, 10,0% por condições inseguras e 2,0% por causas fortuitas e ou imprevisíveis. Em nossa história inicial tivemos o ato inseguro, o ambiente inseguro, condições inseguras e causas fortuitas. A conclusão dos estudos dos dois profissionais ficou conhecida como Pirâmide de Heinrich, publicado inicialmente em 1931, onde para um acidente com lesão incapacitante, correspondiam 29 acidentes com lesões não incapacitantes e 300 acidentes sem lesão, que não necessariamente não eram relevantes. Esses acidentes eram considerados sem lesão pois Página 7 de 55
  • 8. que não havia a cobertura de seguros para os mesmos. Heinrich teve o grande mérito de entender essa questão, que poderiam existir outras causas que muitas vezes não se dava a importância devida porque não era indenizadas. Essa grande parcela de acidentes sem lesão não vinha sendo considerada, até então pelas seguradoras, pois que não representavam indenizações, ou seja, não eram perdas que pudessem ser reclamadas. Entretanto, os pesquisadores notaram que havia uma lógica nos números e que essa poderia ser estendida a todas às demais empresas pesquisadas. A partir de então, a preocupação maior não era mais a reparação, mas sim a aplicação de medidas preventivas que impedissem a ocorrência de um acidente. Certamente os custos de tais medidas preventivas seriam menores do que os custos das indenizações promovidas. Pirâmide de Herbert William Heinrich e Roland P. Blake 1931 A evolução da Pirâmide para os Dominós somente ocorreu 28 anos depois, com a evolução de suas pesquisas, indo além da simples preocupação para com as indenizações pelos acidentes, mas indo além, para o que efetivamente provocava o acidente. Os cinco fatores na seqüência do acidente - HEINRICH, 1959. 1. personalidade; 2. falhas humanas no exercício do trabalho; 3. causas de acidentes (Atos Inseguros e Condições Inseguras); 4. acidente; 5. lesão. Uma das conclusões era que, removendo uma única peça do dominó a sequência de quedas seria interrompida, evitando, assim, a ocorrência do acidente. Portanto, as ações de prevenção deveriam se concentrar nos fatores que antecedem a ocorrência do evento indesejável. Assim Heinrich recomendava atuar-se na remoção das causas dos acidentes, representada por atos ou condições inseguras. Mais posteriormente, A Dupont transforma essas questões em desvios, como base de seu processo. Página 8 de 55
  • 9. Para Heinrich (1959), o erro humano é o que apresenta a maior probabilidade de contribuir para a ocorrência do acidente, podendo ser considerado como ponto central. O erro pode ser decorrente de modos de falha como: conhecimento, atitude, aptidão e habilidade. Outra seguradora americana, dos segmentos de property, ou danos materiais, Insurance Company of North America, desenvolveu análise semelhante a que tinha se dado há 30 anos, contando com o apoio de Frank Bird Jr., estudioso da área prevencionista, que no princípio da década de 50, tomando por base a indústria de seu país, verificou que a prevenção contra acidentes estivesse limitada somente à prevenção contra lesões incapacitantes. Julgava que, para haver algum progresso, não se poderia esperar a morte do trabalhador para reconhecer o acidente. Já naquela época a Pirâmide de Heinrich que apresentava uma relação de 1 para cada 29 e para cada 300, já estava sendo aceita no meio industrial como uma das formas de prevenção dos riscos. Assim, passou a se preocupar também com os acidentes que provocavam lesões sem perda de tempo e com os acidentes sem lesão. Em 1954, Bird deu um notável passo no desenvolvimento prevencionista, quando iniciou, na companhia siderúrgica Luckens Steel Company, com mais de 5.000 empregados, da Filadélfia, um programa de controle de danos à propriedade. Nesse programa havia a necessidade de se buscar a identificação, registro e investigação dos acidentes com danos à propriedade, e a determinação de seus custos para a empresa, para, em seguida, serem tomadas as devidas ações preventivas. De 1959 a 1966, a Luckens Steel Company estabeleceu um programa de controle de todos os acidentes, envolvendo uma análise de 75.000 envolvendo danos patrimoniais e 15.000 acidentes pessoais, com lesões, dos quais 145 se classificaram com incapacitantes, durante um período de sete anos. Através dessas investigações Bird propôs um programa de Controle de Perdas e Danos. Essa estratégia tinha como finalidade principal reduzir ou eliminar as perdas dos acidentes com danos materiais, sem descuidar dos acidentes com danos pessoais. Os resultados práticos dessas análises nunca foram efetivamente discutidos, para que se pudesse evidenciar estarem os números apresentados correspondentes ao que existia na prática. Da mesma forma que seu antecessor, definiu quatro aspectos principais em que se baseava para o desenvolvimento de programas de controle de perdas: informação, investigação, análise e revisão do processo. O resultado de seu trabalho foi publicado em 1966 sob o título de Pirâmide de Bird. Nessa verifica-se que para cada acidente com lesão incapacitante, ocorriam 100 acidentes com lesões não incapacitantes e outros 500 acidentes com danos à propriedade. Bird (1966) estabeleceu também em seu trabalho a proporção entre os custos indiretos (não segurados) e os custos diretos (segurados). Tais custos têm por objetivo dar uma idéia de como cada empresa pode estimar os seus custos individuais em seus programas de Gerenciamento de Riscos. Na década de 70 foram implantados os programas baseados em conceitos de Taylor e Fayol. Em 1969, ou seja, três anos após ter concluído a série de pesquisa na Luckens Steel Company, Bird, estando agora a serviço do Instituto Internacional de Controle de Perdas, contribuiu com sua experiência para o estudo sobre acidentes industriais que a Insurance Company of North America realizou. Foram analisados 1.753.498 acidentes, informados por 297 empresas que representavam 21 grupos Página 9 de 55
  • 10. industriais, com 1.750.000 empregados que trabalharam mais de três bilhões de horas-homem, durante o período de exposição analisada. Pelos números apresentados, praticamente todos os trabalhadores expostos sofreram algum tipo de acidente ou se envolveram, direta ou indiretamente para com o surgimento de um acidente. Foi uma amostra consideravelmente maior, que propiciou chegar a uma relação mais precisa que a que Bird apresentou e, 1954. Nesse estudo, foi introduzida também a análise do quase-acidente, ou seja, acidentes sem lesão ou danos visíveis, pois eles revelam potenciais enormes de 69 acidentes, situações com risco potencial de ocorrência sem que tenha havido ainda a perda pessoal ou não pessoal. O resultado final desse estudo indicou que para cada acidente com lesão incapacitante (lesão grave), ocorriam 10 acidentes sem perda de tempo (lesões leves), 30 com danos à propriedade e 600 acidentes que não representavam lesões ou danos visíveis (quase-acidente). Em conseqüência dos resultados das diversas experiências em que Bird atuou ou orientou, criou-se interesse para que muitos especialistas viessem a conhecer sua obra dentro de vários países. Com isso, numerosos programas de controle de danos foram implantados e novas experiências realizadas. Pirâmide de resultados de Frank Bird (1969) da Insurance Company of North America No final da década de 90 a DUPONT (Du Pont du Neymors) com base em sua experiência em mais de 200 anos de existência, e apoiando-se nos estudos anteriores criou uma Pirâmide de Desvios, acrescentando um nível a mais do que o acrescentado por Bird, em relação ao trabalho original de Heinrich. Pode ser destacado que os dois primeiros trabalhos voltavam-se a ações de redução dos níveis de perdas indenizadas seja envolvendo pessoas quanto o patrimônio, trabalho esse bastante enfatizado por Bird. A visão da DUPONT foi a de unificar os conceitos de prevenção de perdas, migrando para o conceito de prevenção de Riscos. Em programa de capacitação em setembro de 2006, relatava-se que, de cada 100 ocorrências 96% deviam-se a atos praticados pelos próprios trabalhadores e o restante a fatores externos ou do ambiente do trabalho. No desenvolvimento das explicações, ressaltava, sem exposição de números, os seguintes resultados: Página 10 de 55
  • 11. Apenas o mau posicionamento das pessoas e o emprego de ferramentas e equipamentos fora de padrões ou com algum tipo de comprometimento eram responsáveis por mais da metades dos desvios observados. Isoladamente, o trabalhador tinha uma grande expressão nesse cenário por cometer os desvios intencionalmente ou não, e até por isso a principal vítima do processo de “fabricação de acidentes”, Baseando-se em sua própria experiência a empresa chegou a números como os apresentados a seguir. Pirâmide definida por Du Pont du Neymors Uma questão que deve ser destacada é a que em todas as três pirâmides os valores crescem decuplicados. Também em todas há um evento topo, ou evento indesejado. Talvez por isso essas pirâmides possam ser aplicadas a outras áreas como a de Meio Ambiente e a de Saúde, como poderemos observar mais adiante. Durante o período entre 1978 a 2000 atuamos como gerente de riscos de empresas seguradoras. Nesse período tivemos a oportunidade de aplicar os conceitos de gerenciamento de riscos em mais de 500 empresas. Seguramente nessas também ocorriam problemas semelhantes aos encontrados por Heinrich e por Bird. A técnica de Gerenciamento de Riscos voltava-se à identificação das origens de eventuais sinistros, os quais, reclamados pelos segurados transformavam-se em perdas indenizadas. Ao longo de todo esse período de mais de 30 anos, avaliamos não só as questões de property (danos ao patrimônio), como casualty (danos de responsabilidade), marine (danos a embarcações e todo o meio flutuante), engeneering Página 11 de 55
  • 12. risks (riscos de engenharia, com construção e montagem, obras civis e equipamentos), e personal lines (riscos a pessoas). Utilizando todo o material coletado, os resultados de nossas pesquisas e os relatórios elaborados definimos também uma Pirâmide de Desvios, que resolvemos denominar de Matriz de Desvios, pois que os resultados práticos dessas análises são muito mais de gestão e prevenção. O resultado a que chegamos foi que, antes mesmo que os desvios possam se manifestar, há questões envolvendo o conhecimento (cultura) das pessoas e a vontade. Relembrando nossa história inicial, um visitante cego entra em uma empresa cuja secretária encontra-se com muitas outras atividades e que até mesmo em função da distração orienta o visitante como se fosse uma pessoa que não tivesse uma necessidade especial. Essa pessoa, em um ambiente desconhecido a ela e sem ter a menor percepção do risco que a rondava tropeça em um balde deixado por uma pessoa que poderia ter solicitado à amiga que anotasse o número do telefone, para que, assim que concluísse seu trabalho retornaria a ligação. O outro obstáculo, a escada, poderia ter sido removida pelo funcionário da manutenção e deixada nas proximidades, em uma área onde não viesse a representar riscos. Em uma análise global, houve uma falha gerencial que possibilitou que alguém entrasse na empresa sem ser informada à pessoa que seria visitada. Houve uma falha da secretária, que não preparada para a função, quis fazer tudo ao mesmo tempo, não se apercebendo que em sua distração poderia cometer riscos. Também erraram os profissionais de limpeza e de manutenção. Ou seja, tivemos uma série de dominós enfileirados, onde o ponto dominante foi a falta de uma estruturação gerencial das pessoas. Assim, entendemos que o desvio não é o último degrau do processo. Aqui o desvio é o descumprimento a uma norma ou procedimento, formal ou não. Nos anos de 2000 a 2008 fomos multiplicadores do programa de Auditoria Comportamental, de importante empresa nacional do segmento de Óleo e Gás. Nesse período capacitamos pessoas, gerenciávamos os lançamentos das informações no sistema, acompanhávamos os profissionais, enfim, estávamos acompanhando o tempo todo não só o resultado de seus trabalhos como também dos progressos em relação à redução dos acidentes. Nos primeiros três anos os auditores tinham que ir ao campo diariamente e auditar pelo menos uma empresa, ou seja, despendia no mínimo 45 minutos. Nos dois anos seguintes a obrigação passou a ser de três idas ao campo para a elaboração de suas auditorias comportamentais. Nos anos subsequentes havia a obrigatoriedade da elaboração de uma auditoria comportamental. Como o nome indica, trata-se de uma auditoria, ou avaliação, do comportamento do trabalhador que possa estar conduzindo-o a um acidente. Assim, eram avaliados os seguintes aspectos: 1. Emprego correto dos EPIs conforme atividades desenvolvidas 2. Utilização correta e adequada de Ferramentas e Equipamentos 3. Identificação da posição das pessoas quanto a possibilidade de sofrerem acidentes 4. Atendimento aos procedimentos adotados para a execução das atividades 5. Reação comportamental das pessoas com a aproximação dos membros da equipe auditora Página 12 de 55
  • 13. 6. Organização e limpeza da área de Trabalho De posse dos resultados dessas auditorias, lançadas em cadernetas, no início, e posteriormente no sistema, pelo próprio auditor, eram extraídos o total de atos inseguros, o total de condições inseguras, o total de desvios apontados e o total de pessoas observadas. O resultado final era representado por uma planilha, por unidade, com a indicação do HH programado, HH realizado, % de realização de auditorias, total de desvios observados durante o período (mês) e a quantidade de desvios observados por hora de auditoria realizada. No período foram analisadas 18.300 auditorias realizadas e 1.280.000 desvios significativos e confirmados. Sim, porque, periodicamente tínhamos que ir ao campo, e avaliar o panorama geral, para que pudéssemos nos certificar se poderia haver um auditor lançando mais desvios do que os efetivamente existentes. Transformando esses períodos para períodos anualizados, chegamos ao seguinte resultado: Acidente com Afastamento 50 Acidente sem Afastamento Nível de ações 120 Quase Acidentes reativas 310 Desvios Nível de ações 750 Desconhecimento dos Riscos proativas 1300 Desconhecimento Técnico 3500 Triangulo de Desvios de Navarro (2012) Em nossa análise dos desvios nos baseamos, como dissemos anteriormente, em várias fontes/registros. A apresentação ocorrida em 2006 citada anteriormente apresenta com um percentual de 30% a questão do posicionamento das pessoas como causa dos desvios. Nossas investigações nos levaram, através de mais de 200 entrevistas, a depurar esses números e atribuir esses atos citados em 2006 a dois fatores importantes, mas não ressaltados pelos autores anteriores, qual seja, a do desconhecimento técnico e ao desconhecimento do risco. Parece ser simples, ou evidente, que alguém ao se aproximar de algo que para nós seja um perigo tenha a mesma impressão. Lêdo engano. A ignorância quanto à questão faz com que as pessoas não se apercebam que estão prestes a sofrer um acidente. Na atividade de movimentação de cargas não são raros os casos de pessoas que morrem esmagadas pelo simples fato de estarem passando ou sob cargas em movimentação. Página 13 de 55
  • 14. Na avaliação anualizada, a exemplo das demais pirâmides estudadas e apresentadas, o desconhecimento técnico do empregado faz com que ele não tenha o adequado conhecimento dos riscos. Pelo fato de desconhecer os riscos termina por cometer desvios técnicos, de procedimentos e de conduta. Ao cometer os desvios pode estar sujeito a assumir postura ou posição onde haja maior probabilidade de sofrer acidentes. Assumindo a postura ou posição inadequada ou desconforme passa a ter maior probabilidade de ser atingido ou se envolver em acidentes, a princípio sem afastamento, posteriormente, e na continuidade da postura não conforme tem maior probabilidade ainda de sofrer acidente com afastamento e, por fim, acidente grave incapacitante ou até morte. O estudo das Perdas Nos programas de Gerenciamento de Riscos, da mesma forma que nos estudos desenvolvidos por Heinrich (1931), Bird (1954), DUPONT (1998) e Navarro (2012), através de Pirâmides de Desvios, objetivava-se, a partir da eleição ou escolha de um evento denominado de topo, quase sempre o acidente mais grave ou letal, galgar-se, degrau por degrau as causas que contribuíram para a ocorrência do evento topo. Nos programas de Gestão de Riscos ou de Perdas, percebe-se sempre que há situações corriqueiras, que olhadas com maior atenção podem vir a representar um acidente. Uma poça de água no chão, o descumprimento momentâneo de uma norma, o salto de uma etapa do processo é o primeiro degrau. A esse pode ser dado o título de Desvio. No Gerenciamento de Riscos, nesse degrau tem-se as perdas mais corriqueiras e de menor valor. Por exemplo, ao longo do dia em uma fábrica de parafusos, de uma produção de cinco milhões de parafusos pode-se perder 100 parafusos, por exemplo. O custo deles em relação ao total não é relevante. As ações para a correção dos problemas muitas vezes custa muitas vezes mais do que as despesas com as perdas. Contudo, certas perdas costumam ser freqüentes, bem como conduzir a prejuízos de pequena monta. Nesses casos, a contratação de seguros de pouco vai adiantar. Para essas perdas que terminam sendo habituais nos processos, passam a ser denominadas de Perdas Normais Esperadas. Um arranhão na porta de um carro que fica muito tempo em um estacionamento termina sendo uma perda norma. Para as seguradoras, essas perdas normais, que têm uma frequência de ocorrências maior do que a severidade das perdas essas passam a ser chamadas de Perdas Normais Esperadas. Há uma relação entre as Perdas Normais Esperadas e o que se denomina de Franquia, ou participação obrigatória do segurado. Faz-se até sentido que, aquilo que é corriqueiro termine sendo assumido pelo segurado, sob a denominação de Franquia. Uma PNE apresenta como principal característica o fato de ocorrer com uma maior periodicidade do que as demais perdas, porém com valores (severidade) baixa. No segundo degrau de nossa escalada temos as Perdas Máximas Prováveis. Também pode ser lido em algumas literaturas a respeito a tradução para Dano Máximo Provável. Essa perda é mensurada como aquela que ocorre a partir do momento em que um evento é percebido até o momento em Página 14 de 55
  • 15. que ele é controlado. Por exemplo, o evento Incêndio. Esse pode ser percebido por meio de sensores, ópticos ou de calor ou de luz. Com a detecção, o sistema de prevenção entre em funcionamento. As ações podem envolver o deslocamento de brigadas de incêndio, a extinção do incêndio por qualquer pessoa que esteja no ambiente, ou o acionamento de um bico de sprinklers, que provoca a extinção do incêndio. Todos os custos decorrentes do evento, somados, são denominados de Perdas Máximas Prováveis. São assim chamadas, de admissíveis, porque as empresas devem ter seus sistemas de prevenção e segurança corretamente instalados. No terceiro e último degrau, de maneira semelhante às Pirâmides, se tem a Perda Máxima Admissível. A perda é caracterizada como tendo um início que pode ser ou não detectado visualmente ou através de algum dispositivo de segurança e que é extinto sem que tenha havido a intervenção de nenhum equipamento, sistema ou equipe de segurança. Assim, o evento termina da mesma forma que começou, sem a intervenção de ninguém ou de nenhum sistema. As perdas poder vir a ser totais ou não, dependendo para isso da concentração ou da dispersão dos bens nas edificações e no espaço ocupado pela empresa. Ao nos aprofundar nas pesquisas, descobrimos, gradualmente, que poderíamos gerenciar qualquer tipo de risco e que uma das funções dessa nova ciência que estava desabrochando e talvez a principal, era a da redução das perdas humanas e patrimoniais. Nessa linha, o Gerenciamento de Riscos passava a ser uma das ferramentas a serem empregadas em programas de Qualidade e de Produtividade. Assim, pensando-se que gastos desnecessários conduzem sempre ao aumento de despesas, e por conseguinte, a um aumento dos custos dos produtos, é que procuramos direcionar todo o nosso estudo. No final dos anos setenta as características das atividades de Gerenciamento de Riscos era muita mais próxima das características da Segurança Industrial, do que da Segurança Patrimonial ou da Segurança do Trabalho. Se focarmos a questão, os acidentes patrimoniais e os envolvendo pessoas terminam sendo uma decorrência das atividades industriais, daí que passar de Gerenciamento de riscos para Estudos de Confiabilidade foi um mero momento. Gerenciando Riscos O Gerenciamento de Riscos surgiu nos Estados Unidos nos anos sessenta, voltados às questões armamentistas de fabricação de armamentos para a guerra fria e a Guerra do Vietnam. Assim, a cada instante e em cada serviço desenvolvido há acréscimos de experiências e de metodologias que vieram a dar certo, ou seja, acrescenta-se um pouco da própria experiência profissional do Gerente de Riscos, incorporando experiências passadas, que tiveram por mérito, conduzir a resultados positivos. Aqui cabe um parêntese, voltado à aqueles que não trabalham na área de seguros: O risco, tratado no Gerenciamento de Riscos, é um evento que tem probabilidade de materializar-se em um determinado tempo, acarretando perdas materiais significativas, que podem vir a ser objeto de análise por uma Seguradora para fins de emissão de uma apólice de seguros; Os riscos abordados em uma cessão ou uma transferência de resseguro, são as apólices ou as coberturas de seguro, objeto do estudo, tanto por parte da Seguradora quanto por parte do Ressegurador. O conceito de risco varia, de certa maneira, na área de investimentos financeiros, no segmento imobiliário, nos riscos cirúrgicos, na área de projeto, enfim, em cada Página 15 de 55
  • 16. atividade humana há riscos. Assim, generalizando pode-se dizer que risco passa a ser significado de insucesso. A evolução sentida nos últimos anos não se passou somente na apresentação dos relatórios. O conteúdo dos mesmos também passou a ficar bem estruturado. Isso representou um avanço, porque até então, as empresas asseguradas recebiam somente as apólices contratadas. Se existia alguma dúvida à respeito de algum tema envolvendo condições de cobertura esse cliente recebia cópias de tarifas adotadas pelas seguradoras. Com o passar dos tempos a técnica de Gerenciamento de Riscos tem evoluído gradativamente, com a incorporação de conceitos adotados em programas de Qualidade e conceitos de Confiabilidade de Processos, e, por último, de técnicas de avaliação de riscos, empregando-se softwares, alguns poderosos. Os segurados passam a ser mais exigentes quanto a coberturas pretendidas e passam também a questionar os valores de custos com seguros oferecidos pelas seguradoras. Descobriu-se também que se pode chegar, durante os estudos, bem mais próximo do momento da ocorrência do evento gerador de danos, por meio do estudo do comportamento anterior desses mesmos eventos, em outras circunstâncias e em outras empresas, e do emprego de conceitos estatísticos e atuariais. Hoje, estudos mais acurados nos informam, com uma probabilidade de acerto quase próxima a 100%, qual o risco dominante, qual a perda que ele poderá gerar, e quando será o momento em que isso pode ocorrerá. É importante que se frise que a certeza de 100% ainda não é para nós, os humanos. Mas, para quem tinha uma dose maior de incertezas já significa uma grande evolução. Outro aspecto a ser ressaltado é que, quanto mais próximo nos aproximamos do momento da ocorrência mais próximos também nos aproximamos no momento em que as ações de prevenção tem que estar sendo aplicadas, já que prevenção significa o inverso de dano. f (P) = 1/f (D) Para ser capaz de gerar danos um risco materializa-se em função de um infindável número de situações. É como o projeto de se lançar uma sonda espacial para fora do sistema solar a fim de se estudar outros corpos celestes. Para que o empreendimento venha a ter sucesso, além de se esperar que tudo venha a dar certo com o veículo lançador e com a nave espacial, deve-se aguardar o alinhamento dos planetas, o que só vem a ocorrer a intervalos de tempo definidos, e mesmo assim não se tem total certeza do sucesso da missão. É o que chamamos de imponderável. O Gerenciamento de Riscos avalia o imponderável. Chega-se a determinar, por intermédio de técnicas de avaliação de riscos, qual a probabilidade de se ter sucesso no empreendimento, e qual a probabilidade de se ter um fracasso. Para modelos de análise mais simples, consegue-se descobrir os prováveis fatores causadores do insucesso. Assim, elaboram-se previsões com elevado percentual de acertos. Algumas técnicas de Estudos de Confiabilidade de Processos apresentam resultados bem confiáveis e próximos de 100%. Página 16 de 55
  • 17. O Risco O risco, ou o evento, contra o qual se está elaborando um plano de prevenção ou de eliminação de perdas, ou também contratando uma apólice de seguros, deve atender a algumas particularidades para que seja enquadrado como tal, ou seja: deverá ter que ser futuro; ser incerto; ser possível; ser independente da vontade das partes, e conduzir a uma perda que poderá vir a ser mensurável. Procura-se entender como e porquê esse risco vem a se manifestar, qual a periodicidade das manifestações, ou da freqüência das ocorrências ou eventos, e qual é a extensão das perdas sentidas ou observadas, com fins de se reduzir a severidade dos prejuízos. Ainda, buscam-se meios de reduzir a extensão das perdas a outros ambientes, locais ou equipamentos, com o emprego de mecanismos de proteção, confinando as conseqüências dos eventos. Os conceitos de riscos são muito amplos. Risco não é somente aquilo que está para acontecer ou aquilo que temos receio de que aconteça em um determinado momento: • Hoje teremos o risco de um temporal; Levem os seus casacos; Não cheguem tarde da noite; • Há risco de vocês serem assaltados, portanto, não cheguem tarde; Não andem por ruas escuras; • Se vocês não estudarem correrão o risco de não tirarem boas notas; • Não tente consertar o chuveiro para não ter o risco de levar um choque. Para cada um dos exemplos citados a palavra risco tem um significado diferente. Não chegar junto com o temporal apresenta o inconveniente, e não o "risco" da pessoa molhar-se. No caso do assalto efetivamente há um risco de perda monetária ou de danos à própria vida ou à saúde. Nas provas a pessoa pode ser reprovada. O único risco, que não é aquele objeto de nossa análise é o da perda financeira de ter que repetir o ano letivo ou ter o dissabor do constrangimento pessoal. Finalmente, no caso do chuveiro, o risco envolve a vida da própria pessoa. Se essa estiver sobre um piso molhado poderá sofrer um choque mortal. Para toda causa há sempre uma conseqüência. Se há um risco é porque há um cenário de insegurança, ou uma prática insegura. Fazer um equipamento funcionar sem ler o manual de instruções é um risco. O equipamento poderá se queimar. A palavra Risco dá margem a uma série de interpretações. Contudo, está sempre associada, em qualquer caso, a: um insucesso, um perigo, uma perda ou um dano. Riscos são todos os insucessos ocorridos em uma determinada fase ou época e não de todo esperados. Os riscos podem vir a ser encontrados em várias atividades. Algumas das que procuramos destacar são as seguintes: • procedimentos cirúrgicos; • operações financeiras; • construções civis; • montagens industriais; • implantação de empreendimentos, etc. No vocabulário das Seguradoras a palavra risco pode representar: • o próprio segurado, o contratante do seguro, o estipulante da apólice ou o beneficiário principal; Página 17 de 55
  • 18. • a atividade principal exercida no empreendimento industrial; • uma edificação segurada ou um bem segurado; • eventos que possam atingir o patrimônio acobertado por uma apólice; • ramos ou modalidades de seguros (seguro Incêndio - risco de Incêndio, seguro de Transportes - risco de Transportes, seguros de Engenharia - Riscos de Engenharia, seguro de Vida - riscos de Vida, e outros seguros e riscos.). Para que a definição fique mais clara, o insucesso é traduzido como um fato gerador de perdas materiais, financeiras ou pessoais. Tem-se então uma ampliação do conceito para o mercado segurador. Falar de um risco é comentar sobre alguma coisa que poderá vir a ocorrer, em um empreendimento industrial, e caso isso se verifique, poderá trazer consigo danos materiais ou danos pessoais. Diferenciamos perdas de danos por considerarmos que os danos são os prejuízos sofridos por um bem patrimonial, e as perdas estão comumente relacionadas a uma redução patrimonial ou financeira. Um risco é um evento capaz de conduzir a danos, que se caracteriza por ser futuro, ser possível, ser incerto, ser independente da vontade das pessoas, e conduzir à perdas, as quais sejam mensuráveis. Assim, o risco é algo sempre futuro, ou que pode ocorrer no próximo momento, capaz de causar danos. Entretanto, deve-se salientar que para a sua correta mensuração há necessidade desses danos poderem vir a ser perfeitamente dimensionados e avaliados. Se o risco existir, mas não houver a perda financeira ou o dano material, não se poderá atribuir a ele um custo. Esse é extremamente relevante em qualquer processo de análise ou de tratamento do risco, inclusive para a sua mensuração. A Gerência de Riscos, enquanto ciência, ocupa-se de uma série de atividades, todas elas voltadas para a gerência ou a administração de riscos, ou de eventos que possam vir a causar perdas ou danos, envolvendo: PRODUÇÃO PROCESSOS PATRIMÔNIOS PESSOAS FINANÇAS Dentro do nosso enfoque de apreciação os Riscos são todos os fatos, situações, bens ou atividades sujeitos a perdas. Para fins de estudos podem ser classificados em: • voluntários; • acidentais; • aleatórios. Existem várias outras formas de classificação dos Riscos. Uma das mais empregadas pelo Mercado Segurador é a seguinte: Página 18 de 55
  • 19. Riscos puros Os riscos puros são aqueles onde há somente duas possibilidades: perder ou não perder. Não existe a chance de nada acontecer, ou seja, quase que o risco materializou-se. Riscos especulativos Nos riscos especulativos há possibilidade, além da perda ou da não perda, do ganho. O componente adicional desse enquadramento é o do ganho, que até então não era abordado. Em um jogo, qualquer que seja ele, pode-se perder, pode-se ganhar e pode-se não perder se não houver a participação do jogador. O risco especulativo é diferenciado dos demais riscos por possuir um componente adicional de ganho, componente esse inexistente nas outras categorias de eventos. Por exemplo, a análise de um empreendimento imobiliário, em lançamento, é um risco especulativo, já que o mesmo poderá redundar num ganho. Aplicações em mercados financeiros também são riscos especulativos. O risco de um jogo é totalmente especulativo A Gerência de Riscos por nós tratada abrange única e exclusivamente os riscos puros. Riscos Voluntários Riscos voluntários são todos aqueles incorridos conscientemente pela empresa ou por seus funcionários. A morte de soldados durante uma guerra travada entre dois países é um risco voluntário do país invasor. A navegação em um mar revolto é um risco voluntário do comandante da embarcação. Atravessar a pé uma grande avenida com o sinal de pedestres fechado é um risco voluntário do próprio pedestre. Riscos voluntários também podem ser identificados como todos aqueles em que há um ato voluntário o qual induz à participação humana no evento. A criança que acende uma fogueira está praticando um risco voluntário, porque ela assim o quer, ou seja, deseja acender o fogo. Pode estar praticando o ato de forma consciente ou não. O risco voluntário enquadra-se na categoria de riscos puros. Riscos Acidentais Riscos acidentais são os riscos ocorridos sem que tenha havido contribuição voluntária para tal. O desabamento de um prédio, o alagamento de um pátio de estocagem são riscos acidentais. Os riscos a que estão sujeitos os construtores são também riscos acidentais. Para que não haja conflito de interpretação os riscos acidentais podem ser enquadrados dentro das características daqueles decorrentes das atividades normais de uma empresa, gerados acidentalmente. Da mesma forma como nos riscos voluntários, os riscos acidentais também são riscos puros. Página 19 de 55
  • 20. Riscos Aleatórios Riscos aleatórios são aqueles eventos ocorridos sem a participação humana, tais como: terremotos, tremores de terra naturais, vendavais, furacões, enchentes, inundações. Na linguagem de seguros são considerados os eventos de causa externa. Os riscos aleatórios também são conhecidos como riscos da natureza. A aleatóriedade dos riscos indica que não podem ser previstos. Podem ocorrer a qualquer momento. Hoje em dia, com a evolução da informática, o homem já consegue modelar parâmetros da natureza, com uma margem de erro bastante reduzida. A nível de condições atmosféricas as análises já indicam uma previsão com até 5 dias de antecedência, com margens de erro inferiores a 10%. Computadores mais poderosos já conseguem aumentar o percentual de Confiabilidade das informações, auxiliando em muito os agricultores em suas tarefas. Isso não quer dizer que os riscos, com essas análises estarão deixando de possuir algumas daquelas particularidades a eles inerentes, quais sejam, a de serem futuros, possíveis, incertos, independentes da vontade das partes, capazes de gerarem perdas ou danos, e de que apresentem danos que possam vir a ser mensurados. Uma segunda classificação define os riscos como: Estáticos Dinâmicos Riscos Dinâmicos São os derivados da atividade financeira especulativa. O risco do sucesso de um lançamento imobiliário é um risco dinâmico, da mesma forma que o lançamento de um novo produto no mercado consumidor. Esses riscos não são sujeitos, normalmente, a um processo de Gerenciamento de Riscos. Até o podem ser. Dentre os fatores que impedem uma avaliação mais criteriosa estão: dependência de fatores externos ao processo, como por exemplo conjunturas econômicas; execução inadequada do projeto ou execução do projeto por empresa ou pessoa que não levou em consideração ou não foi convenientemente informada de parâmetros importantes. Se uma empresa resolve lançar um empreendimento imobiliário em um momento em que o País está em crise ou com falta de liquidez certamente terá dificuldades em vendê-lo. Por outro lado, se o projeto é maravilhoso mas o local não é adequado com certeza o maior impeditivo da venda será o preço cobrado de cada uma das unidades lançadas. Página 20 de 55
  • 21. Riscos Estáticos São todos aqueles em que a efetivação do evento pode ou deve pressupor uma perda ou uma redução do patrimônio humano ou material da empresa. Um incêndio ou um alagamento são riscos estáticos. A determinação da magnitude ou da gravidade dos riscos estáticos deve ser feita partindose dos seguintes dados: • aleatóriedade das ocorrências de perdas; • freqüência das ocorrências; • valores médios das perdas; • valores acumulados de perdas previsíveis e esperadas; • perda máxima possível, e outros dados estatísticos. Na medida em que se define uma freqüência de ocorrências, quantificando-a e se avalia a extensão provável das perdas verificadas tem-se uma real noção da magnitude do risco, de seu tamanho ou expressão. Esse dimensionamento possibilita que se determine o risco, em termos numéricos. Qualquer processo de avaliação de riscos conduz sempre a dados empíricos. Quando se diz que a probabilidade de uma pessoa morrer pela descarga elétrica de um raio é de 0,0000001% não se está afirmando que a cada 1.000.000 de pessoas morrerá uma eletrocutada. Quer dizer que de um universo de pessoas estudadas, o número de mortes por eletrocussão é de 1 para cada 1.000.000. Assim, a freqüência da ocorrência será de 1 para cada 1.000.000, ou 1:1.000.000. Ainda tratando do mesmo exemplo de queda de raio, a medida do risco é dada, principalmente, por dois parâmetros, a saber: # freqüência: um acidente a cada 1.000.000 de pessoas da amostra; # gravidade: uma morte por eletrocussão ou uma morte para cada parcela da população sujeita a risco. No segmento industrial são utilizadas técnicas de Engenharia de Confiabilidade para a mensuração de riscos, complementarmente às várias técnicas de Gerenciamento de Riscos existentes, envolvendo conceitos de Confiabilidade. Modernamente estão sendo disponibilizados continuamente para os especialistas softwares de avaliação de perdas, enfocando os riscos de incêndio e de explosão, bem como programas específicos para análises de poluentes atmosféricos. Os softwares de incêndio, por exemplo, trabalham na determinação da temperatura de flashover, ou seja, a temperatura na qual todas as substâncias existentes em um ambiente entram em combustão no mesmo momento. Trata-se de um momento crítico porque conduz a Página 21 de 55
  • 22. uma perda total de todo o patrimônio existente no ambiente. Já os softwares de explosão calculam, para ambientes abertos, a intensidade das perdas que poderão vir a ser sofridas pelos bens ao redor da fonte geradora de explosão. Risco Possível Um risco passa a ser possível quando há uma probabilidade de ocorreu. Assim, a possibilidade encontra-se associada a ocorrência. Se a ocorrência é baixa o risco tem os predicados de vir a ser segurado. Se as frequências são elevadas, há menor probabilidade desse risco ser segurável. Assim, as seguradores tendem a transferir a responsabilidade dessas ocorrências para o próprio segurado, que termina sendo o cossegurador, arcando com as perdas frequentes. A frequência elevada também pode estar associada aos cuidados com o bem pelo segurado. As técnicas de Gerenciamento de Riscos são modernas. Muitos tendem a aprimorá-la constantemente, principalmente na área de seguros, face aos elevados valores segurados e à complexidade dos empreendimentos industriais. Através do Gerenciamento de Riscos consegue-se estudar procedimentos que promovem a redução do número de ocorrências ou a redução da extensão das perdas, fatores esses importantíssimos para a mensuração das taxas de riscos. O Gerenciamento dos Riscos O Gerenciamento de Riscos (Risk Management) é um conjunto de técnicas de abordagem, com vistas à análise qualitativa e quantitativa dos eventos, por meio das quais busca-se identificar, avaliar e tratar os riscos que sejam emergenciais e/ou latentes, capazes de provocar perdas financeiras, pessoais, patrimoniais e de responsabilidades civis. As técnicas de Gerenciamento de Riscos, quando bem empregadas transformam-se em um elemento de antecipação ou de previsão de um cenário de perdas futuras. O Gerenciamento de Riscos pode ser utilizado como uma das ferramentas dos programas de qualidade e produtividade, na medida em que, com a identificação dos riscos que possam vir a afetar bens, e com a análise das conseqüências, diretas ou indiretas, de forma prematura ou preventiva, consegue-se evitar que um empreendimento industrial venha a sofrer paralisações ou perdas. O processo, ou o conjunto de tecnologias empregadas no Gerenciamento de Riscos possibilita o surgimento de meios que atenuam as perdas ameaçadoras dos patrimônios das empresas, reduzindo suas severidades ou gravidades, através da eliminação dos riscos ou do controle dos eventos e de suas conseqüências. De uma certa forma, ao se controlar as perdas e por conseguinte, reduzir a parte dos custos variáveis, estar-se-á aumentando o nível de Produtividade da empresa. Página 22 de 55
  • 23. A Gestão dos Riscos e a Produtividade A Produtividade pode vir a ser expressa pela razão entre o Faturamento e os Custos incidentes para a obtenção do faturamento. Os custos devidos a perdas não são todos perfeitamente mensuráveis ou previsíveis. Pela inexistência de um maior controle ou de dados confiáveis parte-se para a contratação de seguros, como um atenuante ou como uma forma de transferência dos riscos. Ocorre que, quase sempre, as coberturas oferecidas pelas seguradoras prevêem a inclusão de franquias ou de participações obrigatórias para a empresa, obrigando-as a retenção de parte dos riscos incidentes. Muitas vezes, um bom programa de prevenção de perdas conduz a diminuição das ocorrências, ou então, à limitação da extensão de suas conseqüências a um nível aceitável ou gerenciável. Em função disto tudo, as empresas que têm um maior controle sobre o seu patrimônio e sobre as suas perdas costumam praticar a política do auto-seguro, transferindo para as Seguradoras somente a parcela de risco que seria financeiramente insuportável. Graficamente, um dos principais conceitos de Qualidade e de Produtividade pode vir a ser expresso, de maneira simplificada por: Faturamento Produtividade = Custos Matematicamente a nossa formulação pode ser transformada em f(P) = f(F) ÷ f(C) Pela amplitude de sua área de atuação a Gerência de Riscos não é uma técnica exata, mas sim de aproximação. Não é uma técnica ou um conjunto de procedimentos que defina de modo preciso: haverá um incêndio naquele equipamento nos próximos 200 dias de operação; mas sim, e tão somente que, dentre uma amostra de 2.000 equipamentos existentes em um empreendimento industrial e em funcionamento ocorre, em média, um incêndio a cada 200 dias. Essa aproximação se deve ao fato de não se ter condições de matematizar totalmente os riscos, face às suas inúmeras variáveis. O que se faz é, por meio de processos matemáticos, estatísticos ou atuariais, e levando-se em conta o histórico de eventos ocorridos, projetar um comportamento provável e futuro para os riscos. Exemplificando o que acabamos de apresentar anteriormente, consideremos a análise de um determinado equipamento, sujeito ao risco de incêndio. De modo amplo, para que esse venha a estar envolvido pelo incêndio deverá estar operando sob certas variáveis, dentre as quais destacamos: Estar sobrecarregado; Estar operando continuamente, sem interrupção; Estar envolto por uma atmosfera propícia (com presença de substâncias combustíveis ou comburentes); Não possuir um adequado plano de manutenção corretiva ou preventiva; Estar empregando materiais, substâncias ou produtos que facilitem a ação do incêndio, sem os cuidados necessários. Página 23 de 55
  • 24. Se qualquer um dos fatores elencados acima, envolvendo a operação de um motor, vier a ocorrer de forma isolada ou em conjunto isso já será suficiente, com uma grande probabilidade, para o surgimento de um incêndio. A imprevisibilidade das ocorrências Deve-se salientar que muitas correntes de disseminação da cultura do Gerenciamento de Riscos pregam a identificação e a mensuração de riscos, através da utilização de fórmulas matemáticas. Entendemos que, para os riscos extremamente simples, ou para as análises de riscos com poucas variáveis ou com variáveis previamente conhecidas, uma fórmula é um elemento simplificador de uma análise ou de uma idéia, visto que não demanda, para a conclusão do trabalho, de qualquer análise pessoal. Porém, para riscos de maior complexidade a simples adoção de uma fórmula ou de uma regra de análise não significa um prérequisito para uma boa análise, ou para uma análise confiável. Cabe-se destacar que análises pessoais podem enriquecer o resultado de um trabalho como também podem vir a comprometê-lo. Se o trabalho de análise precisa ser despersonalizado a aplicação de fórmulas passa a ser importante. Por outro lado, se o mais importante é a exteriorização do conhecimento do engenheiro de risco de nada valerá a aplicação de formulações matemáticas. Não faz tanto tempo assim quando aguardávamos nos noticiários de televisão, principalmente em vésperas de feriados, a repórter informar se ia chover ou não. A intuição e experiência do meteorologista prevalecia sobre qualquer tipo de cálculo. Com o passar do tempo, foram desenvolvidos programas de computação extremamente potentes e complexos, que determinam, com uma razoável precisão, se irá chover dentro dos próximos 4 ou 5 dias. É lógico que nem todos os riscos têm a complexidade de uma previsão do tempo, principalmente se podemos traçar um modelo matemático confiável. Para uma previsão de risco de incêndio os conceitos poderão variar desde resultados bem simples até resultados mais complexos. Tudo dependerá do que irá se fazer com essa análise. Em grandes empreendimentos industriais espera-se poder oferecer, com uma pequena margem de erro um cenário mais realista possível. Para trabalhos menos sofisticados e que não requerem maior conhecimento técnico pode-se pensar em algo bem simples, como por exemplo, o incêndio iniciando-se em uma lixeira, dessas de escritório. As perguntas que podem vir a ser feitas para a obtenção de dados preliminares são as seguintes: Qual a probabilidade de um cesto de lixo de escritório vir a pegar fogo? A probabilidade desse evento ocorrer dependerá do local em que ela estiver localizada, do tipo de lixo contido nele, do grau de cultura das pessoas que transitam pelas proximidades, do fato de possuir ou não tampa, e outros fatores mais. Se a lixeira não estiver em um local com grande tiragem de ar certamente o incêndio demorará para irromper-se. Se o lixo nela contido não for combustível não haverá chance para o incêndio Página 24 de 55
  • 25. iniciar-se. Se as pessoas tiverem um elevado nível de conscientização certamente não permitirão que alguém jogue algo que possa gerar um incêndio. Se a lixeira tiver uma tampa, pela falta de oxigenação em seu interior a possibilidade de um incêndio ocorrer será remota. Provavelmente, não há necessidade de criar-se modelos probabilísticos para a determinação da possibilidade de ocorrência de incêndio em uma lixeira. O mais provável é que alguém já tenha alguma estatística montada em cima de ocorrências verificadas em uma determinada instalação industrial ou em conjuntos de escritórios. É importante abordar este assunto desta forma, porque muitas vezes somos compelidos a dar pareceres ou esclarecer se determinado risco irá materializar-se, e, mesmo se ocorrendo, será capaz de gerar perdas humanas, materiais ou financeiras, equivalentes a milhares de unidades monetárias. Voltando à exemplificação anterior percebe-se que, mesmo se tratando de um estudo aparentemente simples, como o envolvendo uma lixeira, dessas mais baratas, não se deve descuidar da boa interpretação dos dados obtidos. Normalmente, em atividades de escritório, e nesse recipiente que começam a maioria dos incêndios. Podemos mesmo afirmar que ultrapassa a 60% a estatística de incêndios originários em lixeiras. Lembramo-nos de um trabalho de Gerenciamento de Riscos que envolvia um parecer acerca de uma obra marítima, caracterizada pela deposição de um enrocamento que avançava sobre o mar uns 400 metros, e a seguir projetava-se da direção paralela à costa, por uns 500 metros. Durante a fase do projeto executivo e bem no início dos serviços, optou-se por construir-se o molhe do enrocamento em duas fases, ao invés de uma só fase. Ao sermos consultados fomos verificar as cartas náuticas de correntes marinhas e o Departamento de Hidrografia e Navegação do Ministério da Marinha, a fim de obter dados referentes à altura e à força da “onda centenária”. Como o próprio nome indica, uma onda centenária é aquela que ocorre somente a cada 100 anos, e com uma intensidade tal que a torna ímpar. Pois bem, analisamos os fatos e chegamos à conclusão que a possibilidade de ocorrer uma onda centenária, naquela época do ano era bem remota. Esclarecemos os riscos que se corria ao mudar-se o planejamento da execução. Em um período de um ano e meio ocorreram duas ondas centenárias, com elevadas perdas para o projeto. Para melhor exemplificar, pedras de 4 a 6 toneladas foram arrastadas como se fossem cascalhos de rio, por longas distâncias. O número de etapas básicas empregadas no processo de identificação e Gerenciamento de Riscos pode variar substancialmente de autor para autor, não sendo algo pré-determinado. Entretanto, alguns parâmetros devem ser conhecidos. A função do Gerenciamento de Riscos A função do Gerenciamento de Riscos é a de reduzir perdas e minimizar os seus efeitos. Isso quer dizer que assume-se a existência de perdas em todos os processos industriais, como um fato perfeitamente natural. Entretanto, por meio de técnicas, basicamente de inspeções e de análises, procura-se Página 25 de 55
  • 26. evitar que essas perdas venham a ocorrer com certa freqüência, ou reduzir os efeitos dessas mesmas perdas, limitando-as a valores aceitáveis, ou dentro do perfil estipulado pela empresa em seus orçamentos anuais. Quando o gerenciamento dos riscos é bem acurado em seus resultados são apresentadas planilhas onde constam questões associando as frequências com a severidade. Aqui frequência tem o mesmo conceito de periodicidade e gravidade de tamanho das perdas. Gravidade Pequena Média Elevada Frequencia Pequena Média Elevada Pelo gráfico acima, recomenda-se o risco quanto maior for a frequência e maior a severidade. Assumindo o segurando quanto menor for a frequência e menor a severidade. Ocorre que há soluções para frequências elevadas, da mesma maneira que para severidades elevadas. A frequência elevada gera uma maior exposição do risco. Assim cuidar-se para reduzir-se essa exposição já é uma medida paliativa. Quanto à severidade, o melhor tratamento da mesma é a de evitar-se o alastramento das perdas, razão pela qual a empresa deve investir em alterações de processos, metodologias, meios de trabalho, projetos e equipamentos de segurança, sem nos delongarmos. O estudo do Gerenciamento de Riscos Não existe um método único de Gerenciamento de Riscos, ou uma metodologia padrão. Costuma-se confrontar os procedimentos em vigor com procedimentos-padrão para aquele tipo de etapa, analisando as possíveis alterações existentes, através de um amplo conhecimento das atividades analisadas. O Gerenciamento de Riscos é um contínuo processo de busca de defeitos, ou de quasedefeitos, com vistas à sua prevenção. Esses defeitos são chamados riscos. Risco é uma chance de perda e provavelmente, o mais importante degrau no processo de identificação e gerenciamento das perdas. Com as informações obtidas por intermédio da aplicação das várias técnicas adotadas no Gerenciamento de Riscos e o emprego de metodologias específicas pode-se também quantificar riscos. A partir do momento que se qualifica e quantifica um risco tem-se a sua real magnitude ou sua expressão matemática. Página 26 de 55
  • 27. A qualificação é a identificação do tipo de risco ou da qualidade, se é que podemos assim dizer à respeito das características dos eventos que podem surgir. Trata-se de um risco de incêndio, ou de um risco de explosão, ou de um risco de danos elétricos, etc.. A quantificação é a determinação do valor da perda, expressa em percentual do valor dos bens ou em valores absolutos, ou do tamanho do prejuízo a se verificar no futuro. O risco, se ocorrer, poderá gerar uma perda que irá afetar 48% do patrimônio da indústria. A perda potencial é de cerca de $ 500,000. Como veremos adiante, tanto o tipo de risco quanto o valor da perda gerada são bastante importantes para a fixação do custo do risco, ou seja, do valor que a perda, se ocorrida, pode assumir. Essa informação é muito importante para a execução de um programa de tratamento do risco. Em função do custo do risco, que pode vir a ser razoavelmente calculado por processos simples, consegue-se elaborar um plano de retenção das perdas ou de transferência para uma Seguradora, por intermédio de um contrato de seguros. Se as perdas são pequenas e a probabilidade de virem a ocorrer é baixa, com toda a certeza pode se tratar de um caso de retenção do risco, ou de um auto-seguro, Em nossa tavla anterior preferimos tratar da questão relacionando-a a franquia. Ou participação obrigatória. Por outro lado, se a perda tem características de vir a apresentar danos severos, é o momento de se pensar em transferi-la, por intermédio da contratação de uma apólice de seguros. Diferença entre Franquia e Participação obrigatória do Segurado Denomina-se franquia a um valor quase sempre fixo, que está a cargo do segurado. Ele é o responsável pela integralização da indenização completando o processo de indenização para a reposição do bem repondo a franquia. A aplicação da franquia nivela a todos, acobertando somente acima de uma linha de corte definida através da perda normal esperada. Participação obrigatória do Segurado, praticada em muitas modalidades de seguros, inclusive para a redução das taxas, está relacionada a um percentual da indenização. Normalmente baixo, que deve ser integralizado pelo segurado. Quase sempre essas participações se dão quando há possibilidade do segurado contribuir ou não para com o agravamento das perdas. Em nosso gráfico anterior a POS pode ser aplicada nas áreas de zonas verdes. A POS pode, em alguns cálculos atuariais, representar a média das indenizações que suplantam o Dano Máximo Provável. Página 27 de 55
  • 28. Passaremos a entender nos capítulos que se sucederão que uma transferência de risco não é uma operação isolada. O fato de se transferir um risco não é um pressuposto de que todas as preocupações da empresa estarão resolvidas, ou todos os prejuízos serão reembolsados, ou as perdas reparadas. Normalmente existem mecanismos dentro do contrato de seguros que transformam a empresa em coresponsável pelas perdas, ou seja, se um sinistro vier a ocorrer, a empresa terá que bancar uma parte do mesmo e a seguradora a quem ela transferiu a responsabilidade será responsável pela diferença. Esse mecanismo de co-responsabilidade é o que denominamos de franquia ou participação obrigatória do segurado (POS). Assim, a empresa por não ter condições técnicas de repassar 100% tem que se preparar para evitar as ocorrências dos eventos. Uma das formas de prevenção se dá por intermédio da aplicação das técnicas corretas de Gerenciamento de Riscos, associada a adoção de mecanismos ou de sistemas de prevenção de perdas. No tocante a esses, iremos destinar alguns capítulos para tratar do assunto especificamente. A Gerência de Riscos surgiu como técnica nos Estados Unidos, no ano de 1963, com a publicação do livro Risk Management in the Business Enterprise, de Robert Mehr e Bob Hedges. Seguramente uma das fontes de consulta ou de inspiração dos autores foi um trabalho de Henry Fayol, divulgado na França em 1916. A origem da Gerência de Riscos é a mesma da Administração de Empresas, a qual, por sua vez, conduziu aos processos de Qualidade e de Produtividade. Por ser uma técnica relativamente nova, sua divulgação e adaptação pelos países variou de acordo com as necessidades de momento, das experiências dos técnicos que a difundiram, da fase de desenvolvimento pela qual estava passando o país e outros motivos mais. No Brasil o seu ingresso deu-se na segunda metade da década de 1970, com aplicação voltada especificamente para a área de seguros, com vistas à prevenção de riscos em bens patrimoniais, segurados pelas empresas do setor. Desta forma, seus conceitos começaram a se propagar juntamente com os conceitos prevencionistas do Mercado Segurador Brasileiro, principalmente no que diz respeito ao risco de incêndio. Porém, com o intercâmbio entre os países e a melhor compreensão da técnica vislumbrou-se um melhor futuro para a mesma. Quase ao final da década de 70, com o desenvolvimento da Engenharia de Confiabilidade de Sistemas, ou a Engenharia de Segurança de Sistemas, alguns conceitos comuns passaram a se mesclar, dando nova configuração à Gerência de Riscos. Página 28 de 55
  • 29. Existem inúmeros eventos que constantemente ameaçam o patrimônio das empresas. Porém, em linhas gerais, dos eventos geradores de danos que incidem em instalações industriais, tanto no que diz respeito à freqüência de ocorrências, como também no tocante à severidade das perdas, o Incêndio é o mais comum. Na ilustração a seguir apresenta-se um gráfico com os percentuais médios, aplicados aos riscos maiores ou geradores das ocorrências, verificados nos acidentes envolvendo indústrias. 60 Que bra de Máquina s Incêndio Da nos Elétricos Ex plosão Equipa m e nt. Y Ex plosão Substância s Im pa cto de Ve ículos 15 5 5 5 De rra m e de Ma te ria is 5 1 2 1 X Corrosão Erosão Finalmente, cumpre ressaltar que muitas vezes a Gerência de Riscos é confundida com a Segurança Industrial. Ambas têm caráter preventivo. Entretanto, na Gerência de Riscos procura-se tratar o risco sob o prisma matemático de sua ocorrência, quase que para fins de estudos, enquanto que a Segurança Industrial parte direto para as medidas corretivas. A linha de trabalho que consideramos ideal é aquela que associa os métodos de análise empregados na Gerência de Riscos com os procedimentos da Segurança Industrial. O livro Gerenciamento de Riscos Industriais vem a tratar das formas de identificação, mensuração e tratamento dos eventos, ou dos riscos, que atingem indústrias, causando-lhes danos ou perdas, preenchendo uma lacuna na análise de perdas para fins de tratamento dos riscos. Existem inúmeras ocorrências que são objeto de análise pelos Gerentes de Riscos, da mesma forma que existem dezenas de significados para a palavra Risco. Confiabilidade Confiabilidade é a probabilidade de um sistema ou algum de seus componentes vir a desempenhar satisfatoriamente as funções a ele atribuída em projeto, dentro de condições normais de utilização e operação. A não Confiabilidade, ou o insucesso, é denominada de probabilidade de falha. O conjunto de falhas ocorridas em um intervalo de tempo é conhecido como taxa de falha. Normalmente atribui-se à palavra confiabilidade uma quase certeza de que tudo ocorrerá a contento. Por exemplo: tenho a maior confiança de que tudo correrá bem. Ë uma definição quase que intuitiva. Lançam-se mão de estudos de Confiabilidade quando se quer analisar o comportamento de um sistema, com vistas à análise de prevenção de riscos. Os estudos de Confiabilidade também são empregados na elaboração de planejamentos de manutenção preditiva. Página 29 de 55
  • 30. Confiabilidade (R) pode ser traduzida como a probabilidade de um equipamento, ou de um sistema, desempenhar satisfatoriamente suas funções específicas, por um período de tempo determinado e sob determinadas condições. Probabilidade de Falha (Q) representa o inverso da Confiabilidade, ou a não Confiabilidade. Q=1-R ⇔ R=1-Q Para Sistemas de componentes em Série, a Confiabilidade assume a seguinte configuração matemática: 1 Para : 2 3 R1 = 0,90 R2 = 0,90 R3 = 0,90 R4 = 0,90 4 5 R5 = 0,90 Rt = R1 x R2 x R3 x R4 x R5 = 0,90 x 0,90 x 0,90 x 0,90 x 0,90 = 0,59 (59%) Se quisermos aumentar a Confiabilidade de sistemas de componentes em série teremos que aumentar a Confiabilidade de cada um de seus componentes, visto que a confiabilidade total é a do conjunto e não a de cada parte desse.. Para Sistemas de componentes em Paralelo, a Confiabilidade assume a seguinte configuração: 1 input output 2 Para: R1 = 0,90 R2 = 0,80 Q1 = 1 - 0,90 = 0,10 } } Qt = Q1 x Q2 = 0,10 x 0,20 = 0,02 Q2 = 1 - 0,80 = 0,20 } Rt = 1 - Qt = 1 - 0,02 = 0,98 (98%) Página 30 de 55
  • 31. A Confiabilidade total em sistemas em paralelo é maior do que a Confiabilidade de cada um de seus componentes. Aplicada a estudos de Confiabilidade tem-se a Lei Exponencial de Confiabilidade. -λt -t/T λ R = e = e , onde: e = 2,718 λ = taxa de falha (número de falhas por cada hora de operação ou número de operações do sistema) t = tempo de operação T = tempo médio entre falhas T = 1/t Como exemplo numérico do que acabamos de apresentar podemos ter o seguinte: { 4 falhas em 1.000 horas de operação; { λ = 0,004; { T = 250 horas; TMEF = T = 0,25 x 105 horas} t = 1.000 horas } λ = 1/T = 1/ (0,25 x 10 )5 = 4 x 10-5 falhas / hora e = 2,718 } -λt - 4x10-5 x 103 λ R=e =e = 0,9608 (96,08%) Q = 1 - R = 1 - 0,9608 = 0,0392 (3,92%) As técnicas empregadas nos estudos de Confiabilidade podem variar de acordo com os objetivos inicialmente propostos para a análise das situações. Algumas das que poderemos empregar são as seguintes: Check-list O Check List é um método é de caráter geral, com abordagens qualitativas, ou seja, diagnostica situações de riscos a partir de um certo cenário, avaliado por intermédio de perguntas previamente estabelecidas. Por essa razão não deve ser empregado como um único método. Na verdade, trata-se de um relatório elaborado com antecedência, específico para cada sistema, onde são anotados dados que servirão de base para outros métodos. Usualmente é um descritivo do sistema e de suas condições de segurança e operação. O sucesso do emprego de Check-list depende muito das análises posteriores que se seguirão, bem como dos resultados pretendidos. Os relatórios poderão vir a ser extremamente complexos ou Página 31 de 55
  • 32. ao contrário, abordar somente alguns poucos assuntos. De um modo geral contém um grupo de perguntas básicas que serão formuladas a operadores dos equipamentos, as quais, analisadas juntamente com outros dados, permitirão que sejam traçados perfis aproximados do risco. Por exemplo, iremos supor que se deseja realizar uma palestra a noite, em uma sala de aula. Os requisitos mínimos indispensáveis poderiam ser analisados através do Check List, como se segue: 1. Quais são as condições de limpeza do ambiente? ótima boa regular deficiente 2. Existem canetas para o Quadro de aula? sim não 3. O sistema de ar condicionado está funcionando? sim não 4. Arrumação das cadeiras está de acordo com o planejado? sim não 5. Há cadeiras em número suficiente ao de inscritos? sim não 6. O acendimento das luminárias está correto? sim não 7. Existirá uma equipe de manutenção para resolver todos os problemas que poderão surgir? sim não 8. Alguém estará encarregado de acompanhar o palestrante? sim não 9. Houve divulgação suficiente para o evento? sim não 10. Os equipamentos de apoio ao palestrante estão funcionando plenamente? sim não Para que a análise fique completa teremos que verificar o que falta para o evento não ser um fracasso. Assim, se as condições de limpeza não forem boas teremos que limpar a sala. Se não houverem canetas no quadro o palestrante não poderá escrever. Se o ar condicionado não estiver funcionando e for uma época de muito calor haverá o desconforto da platéia. Se as cadeiras não estiverem arrumadas teremos que arrumá-las. Se as luminárias não estiverem acendendo poderá não haver a palestra. E assim por diante. Página 32 de 55
  • 33. O importante não é a montagem do questionário de verificações, mas sim a sua correta interpretação, que deverá estar compatível com o resultado a que se pretende. Gerentes de Riscos mais experientes costumam montar listas de verificações como forma de direcionar o seu trabalho, evitando que alguma informação mais importante possa vir a ser esquecida durante os trabalhos. Até mesmo os especialistas de grandes empresas não deixam de programar as suas perguntas ou as suas dúvidas. “Preciso verificar essa situação. Não devo me esquecer de perguntar à respeito da última compra efetuada. Será que o equipamento X sofreu uma reforma ultimamente?” Existem sempre algumas questões-chave, para as quais nos preparamos previamente, anotando em nossos blocos de notas ou elaborando um questionário. What if Trata-se de um método qualitativo, ou seja, um método que permite chegar ao tipo e ao tamanho de risco, muito importante no emprego em discussões de caráter geral acerca de um sistema, e para a abordagem das conseqüências maiores de um acidente. Deve-se sempre separar, em um acidente, as causas das conseqüências. As causas são os fatos geradores os as razões da deflagração do evento. As conseqüências são os resultados. Existem uma série de perguntas clássicas que podem vir a ser feitas, como por exemplo: E se de repente uma pessoa atravessar a rua com o sinal de pedestres fechado? E se a caldeira vier a explodir? E se a pressão da linha de vapor subir muito? O mais interessante da metodologia é que para cada pergunta há várias respostas. Por meio dessas identifica-se o problema e as prováveis soluções. O objetivo do método é o de identificar, através da discussão do tema os problemas mais comuns que possam afetar o bom desempenho do sistema ou de seus componentes. A metodologia trás consigo uma importância maior porque associa causas a conseqüências. Por exemplo: E se a pessoa atravessar a rua com o sinal de pedestres fechado? A causa é o ato em si de atravessar a rua. ë um ato voluntário. A conseqüência é o que poderá ocorrer com esse pedestre. Poderá ser atropelado? poderá vir a cair ao chão? poderá vir a chegar ao outro lado da rua incólume? As respostas que poderão vir a ser fornecidas estabelecerão o padrão de segurança necessário para evitar-se o risco em si. Costuma-se empregar o método juntamente com outros, especialmente o Check-list e a Análise Preliminar de Riscos. Página 33 de 55
  • 34. Técnica de Incidentes Críticos Trata-se de uma técnica operacional qualitativa, que busca obter informações relevantes acerca de incidentes ocorridos durante determinada fase ou período, relatadas por testemunhas que os vivenciaram. Os incidentes são os quase acidentes, ou os acidentes não geradores de perdas. A metodologia emprega, principalmente, entrevistas com os operadores ou mantenedores dos sistemas sujeitos a estudos. Alternativamente poderá se lançar mão de trabalhos de bancos de dados, onde todos os acidentes ou incidentes foram relacionados por tipo de ocorrência. Na área naval um dos bancos de dados mais requisitados é o WOAD Statistical Report (Statistics on Accidents to Offshore Units Engaged in Oil and Gas Activities). O WOAD Worldwide Offshore Accidente Databank, uma publicação da Det Norske Veritas (DNV) relaciona freqüências de acidentes, a exposição, estatísticas e várias outras informações as quais possibilitam obter dados necessários à interpretação da forma de ocorrência dos mesmos. O incidente é um evento negativo com potencial para provocar danos. Dentre as inúmeras formas de classificação dos incidentes podemos ter o seguinte critério: Classe I : Aqueles que provocam alterações no planejamento ou na produção. Classe II : Aqueles que provocam atrasos no planejamento ou na produção; Classe III : Aqueles que provocam paralisações ou o insucesso do planejamento; Classe IV : Aqueles que afetam a integridade física das pessoas; Algumas perguntas envolvendo equipamentos que sofreram acidentes são clássicas, como as que se seguirão. Ocorre que também aqui não se deve rotular procedimentos. Cada Gerente de Riscos pode buscar obter dados que lhes sejam mais familiares ou que se enquadrem dentro de conceitos já estabelecidos. Como exemplo citamos: ⇒ Que tipo de acidente pode ocorrer com este equipamento? • • • • • • • Como? Em que circunstâncias? Qual foi o resultado? Como foi controlado? Houve uma extensão dos danos a outros equipamentos ou instalações? Quanto tempo durou a paralisação? A reposição das perdas foi imediata? Página 34 de 55
  • 35. ⇒ Já ocorreu algum tipo de paralisação? • • • • • • • De que ordem? Quanto tempo a máquina ficou parada? Houve parada de produção? Quantos acidentes ocorreram? Em que época? Com que freqüência? Quais foram os tipos de danos verificados e de que ordem? ⇒ Quantas horas os equipamentos ficaram parados? • Qual ou quais foram as razões dessas paralisações? • Como se deu o reinicio das operações? • Quais foram as medidas tomadas durante a paralisação e após o reinicio das atividades? O incidente é importante como dado estatístico porque comprova a existência de falhas operacionais ou de controle, possibilitando a sua imediata reparação. De um modo geral, com as entrevistas com os operadores dos equipamentos conseguemse obter inúmeras informações elucidatórias dos problemas operacionais mais comuns que tenham ocorrido em um intervalo de tempo estipulado para a análise. A grande questão é que, na maioria das vezes, não se tem uma precisão de dados estatísticos ou matemáticos, principalmente quanto à data dessas ocorrências, visto que a maioria dessas não é registrada adequadamente, ou então as informações fornecidas para o registro não estão completas. A partir daí, monta-se um quadro com os incidentes alocados por tipo de severidade de perda. A técnica tem um emprego bastante difundido quando há uma precariedade de informações no tocante a perdas ocorridas. Ou seja, não há um registro ou esse não é tão confiável, que possa vir a ser empregado em análises matemáticas. A partir daí, em função da quantidade dos incidentes relatados consegue-se fazer uma extrapolação para a obtenção do número de acidentes, que é o objetivo maior. Desta forma, em função dos dados apurados e de sua correlação consegue-se obter a razão entre faixas de incidentes. Por exemplo, imaginemos que através de um estudo em uma indústria obteve-se informações relativas a 100 incidentes, ocorridos em um período de 5 anos. Desses 5 foram de gravidade correspondente a 100% do valor dos bens. A análise efetuada conduziu à seguinte apresentação gráfica: Página 35 de 55
  • 36. 5 40 60 80 100 Na extrapolação feita poderemos ter cerca de 80% dos acidentes com uma gravidade de 60%, cerca de 60% dos acidentes com uma gravidade de 40%, e cerca de 40% dos acidentes com uma gravidade de 20%. Basta termos a quantidade de acidentes registrados para podermos extrapolar os incidentes, por faixas de gravidade de perdas. O mais interessante disso tudo, é que com estes dados determinaremos o custo dos riscos ou o custo das perdas ou o custo dos seguros, bastando apenas que nos seja informada a quantidade de acidentes. Análise Preliminar de Riscos (APR) Trata-se de uma técnica de inspeção desenvolvida com o objetivo de se obter análise superficial dos possíveis riscos, de suas causas, das conseqüências advindas com a materialização desses bem como das medidas corretivas ou preditivas adotadas. Em resumo, a APR visa à identificação de elementos perigosos do sistema, das situações de risco, das falhas potenciais, etc., determinando a gravidade de suas efetivações, normalmente obtidas por meio de simulações. A Análise Preliminar de Riscos procura enquadrar os riscos segundo categorias, definidas de acordo com os efeitos destrutivos que podem vir a ser observados, tabeladas como a seguir: Desprezível ou Negligenciavel (Classe I) Risco desprezível ou negligenciável é aquele que gera efeitos imperceptíveis, não conduzindo a degradações físicas ou ambientais que não sejam facilmente recompostas. Normalmente essa categoria de riscos é perfeitamente absorvida pela empresa, juntamente com os custos de manutenção ou revisão; Marginal ou Limítrofe (Classe II) Risco marginal ou limítrofe é o que gera ocorrências moderadas, controláveis, necessitando porém de ações saneadoras a médio prazo. São riscos que podem surpreender em termos de perdas. Usualmente as perdas estão associadas às conseqüências dos eventos; Página 36 de 55
  • 37. Crítica (Classe III) Ocorrência crítica é aquela que afeta substancialmente o meio ambiente, o patrimônio ou pessoas, necessitando de ações corretivas imediatas. Esse tipo de perda é tratada através do repasse a uma Seguradora; Catastróficas (Classe IV) Ocorrência catastrófica é normalmente geradora de efeitos irreversíveis, afetando pessoas, sistemas, patrimônios ou ambientes. Quase todos os Gerentes de Risco recomendam, como técnica de tratamento de riscos o afastamento, ou seja, a empresa deve renunciar a essa atividade. A APR é uma técnica qualitativa, não permitindo mensuração matemática do risco. Exemplo 1 - se uma bomba de São João fosse atirada no meio de uma rua poderia ser enquadrada como uma ocorrência desprezível. Atirada próxima a uma pessoa já teria efeito marginal. Se atingisse o seu ouvido poderia ser classificada como crítica ou catastrófica, dependendo das extensões dos danos. Exemplo 2 - citamos o emprego de maçarico de solda e corte, seguramente um dos equipamentos com elevado potencial de geração de perdas. Os fatos iniciadores de perdas seriam: inaptidão do operador; falha de manutenção do equipamento; defeitos de fabricação e outros mais. As conseqüências dos acidentes seriam: queimaduras; princípios de incêndio; soldaduras ou cortes inadequados; danos materiais aos produtos manuseados. As medidas corretivas poderiam ir desde o treinamento do operador até uma melhor manutenção do equipamento. Um modelo de relatório de Análise Preliminar de Riscos de uma situação bem simples é apresentado a seguir. Observe-se que a maior preocupação é a de associar-se as causas às suas conseqüências. No modelo exemplificamos com a atividade de desenho com grafite sobre um papel, não importando de que tipo. O modelo é o seguinte: ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCOS Identificação: Elaboração de um desenho com o emprego de lapiseira Subsistema : Grafite RISCO CAUSA EFEITO CAT. MEDIDAS PREVENTIVAS RISCO Rasgo no Emprego de grafite Papel rasgado e III Empregar um grafite mais papel muito duro desenho inutilizado macio ou um papel mais resistente Borrão no Emprego de grafite Desenho borrado e III Empregar um grafite menos desenho muito macio papel manchado macio ou um papel mais liso Página 37 de 55
  • 38. Análise de Modos de Falha e Efeitos (AMFE) AMFE é um método de análise detalhada, gerando resultados qualitativos e quantitativos, ou seja, identifica o risco ao mesmo tempo em que o mensura. A AMFE permite a análise das falhas dos equipamentos, dos componentes e dos sistemas com estimativas de freqüência de ocorrências (taxa de falhas) e a determinação dos efeitos ou conseqüências dessas mesmas falhas. A técnica, também conhecida como FMEA - Failure Modes and Effects Analysis, consiste em se estudar o sistema por partes, em conjuntos ou subconjuntos, sob a forma de diagramas de bloco, analisando não só as ocorrências isoladamente como também a interpelação existente entre essas e os demais subconjuntos. Dessa análise particularizada obtém-se: revisão dos modos de falha de cada componente; efeitos que tais falhas terão sobre outros componentes que, ao falhar gerarão danos a todo o sistema. Como resultado final tem-se o calculo de probabilidade das falhas do sistema, gerado a partir das falhas de seus componentes. Logicamente, através desses estudos determinam-se as alternativas de redução das probabilidades de falha. Cada falha observada deve ser analisada separadamente como se fosse um evento independente, sem qualquer relação com os demais, exceto no que diz respeito às suas conseqüências que poderão ser as mesmas. A FMEA é por demais eficiente quando aplicada a sistemas simples. Para os casos mais complexos associa-se à FMEA um estudo de Análise de Árvores de Falha. Também costuma-se associar a um estudo de criticidade denominado de FMECA Failure Modes and Effects and Criticality Analysis. Nesse caso, atribui-se para cada modo de falha uma classe de gravidade ou severidade. No conjunto estudado tem-se a taxa do risco ou o custo do risco, informação muito importante para a avaliação dos programas de transferência ou manutenção dos riscos. As classes de gravidade são as mesmas adotadas no método de Análise Preliminar de Riscos, ou seja, vão crescendo à medida em que a severidade das perdas vai aumentando. A pior situação é aquela que envolve vidas humanas. Outro ponto também interessante é que avalia-se a perda de um ponto menor para um maior, ou seja, de um subsistema para um sistema, e desse para uma unidade e daí para toda a empresa: Classe I : Falha resultando em excessiva manutenção do sistema; Classe II : Falha resultando potencial atraso ou perda de disponibilidade imediata; Classe III : Falha resultando potencial ameaça ao sistema ou às pessoas; Página 38 de 55
  • 39. Classe IV : Falha resultando potencial perda do sistema e/ou de vidas humanas; Especialmente em plantas industriais complexas, com grande número de subsistemas interagindo, emprega-se o método preliminar de HAZOP - Hazards and Operability Study. A seguir, apresentamos um modelo bem simples de uma FMEA, tendo como área de análise uma unidade de carbonatação de uma indústria química. Para essa FMEA, ou AMFE, tomamos como origem do problema uma disfunção elétrica em um painel de alimentação elétrica de um compressor de gás carbônico, de uma unidade de carbonatação. Através da análise discute-se a tipo de falha, as razões de tal falha e o que estará conjugado a essa, ou seja, as conseqüências da paralisação do painel. O modelo é o que se segue: Página 39 de 55
  • 40. FMEA - UNIDADE DE CARBONATAÇÃO Descrição Fase Operação normal Painel de alimentação elétrica PUE 8 Função Controla o funciona mento do compressor de CO2 Modo de Falha Desligamen to do painel Causa Efeitos Próximo nível Local Método de detecão de falha Sistema Classe Medidas Compensa tórias Vasamento de corrente Atuação proteção da Desligamen to do compressor Parada unidade da Visual painel controle no de 2 Revisão dos dispositivos de proteção Falha acidental Atuação proteção da Desligamen to do compressor Parada unidade da Visual painel controle no de 2 Revisão dos dispositivos de proteção Desligamen to proposital Não há for necimento de energia Parada unidade da Parada fábrica da Supervisão, controle e manutenção 3 Supervisão Curto to Não há fornecimen to de energia Parada unidade da Parada fábrica da Revisão dos dispositivos de proteção 3 Controle circui