O documento resume o Capítulo 4 do livro Casa Grande & Senzala de Gilberto Freyre. O capítulo discute a influência do escravo negro na vida sexual e familiar do brasileiro, argumentando que o regime escravocrata colonial gerou patologias sociais. Freyre também explora as contribuições culturais dos africanos e ameríndios para a sociedade brasileira.
2. O AUTOR:
GILBERTO
DE MELLO
FREYRE
Nasceu em 1900 – Recife
Filho de Dr. Alfredo Freyre – juiz de direito & de Francisca de Mello Freyre – filha de
aristocrata açucareira.
Influenciado pelo que viu e conviveu no Recife.
Custou a aprender a ler
Estudou na Universidade de Columbia – Defendeu a tese: A vida Social no Brasil em
1923.
A tese deu origem aos livros: Casa Grande & Senzala – 1933 e Sobrados e Mucambos –
1936.
Tema das obras: O Patriarquismo no Brasil rural.
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3. A leitura do Cap. IV: qual foi o propósito
da leitura?
■ A do curso: compreender a perspectiva da escravidão brasileira: em
Gilberto Freyre.
■ Que paradigma o autor de Casa Grande & Senzala, opera?
■ Qual a via de Gilberto Freyre?
5. Todo brasileiro, [...] traz, [...] a
sombra, ou pelo menos a pinta, do
indígena ou do negro. Ternura, mimica excessiva, catolicismo, música, no andar, na fala, no
canto de ninar, em tudo que é expressão sincera da vida, trazemos a
influência negra.
Significação de brancos amamentados por ama negra... explicaria a
predileção e até de exclusivismo do “gozo” sexual masculino com
negra.
Mórbidos – classifica Freyre – “ é por onde sente a sombra do
escravo negro sobre a vida sexual e de família do brasileiro”. p334
6. Expõe o que interessa: cultura
material e moral
A Tese de Afrânio Peixoto: “superioridade biológica e psíquica para
vida nos trópicos.” E as severas críticas do grupo IHGB...
Apresenta o – Mapa de área de cultura da América – de KROEBER
– dá ideia da quantidade ou elaboração de valores.
Imagem – Incluir
Discute e apresenta pressupostos de alerta contra o perigo das
generalizações sobre os colonizadores africanos no Brasil.
Defende que é necessário discriminar que negro se refere
ou que ameríndio se refere?
7. Negros – E sua Predisposição Biológica
e Psíquica
Fertilidade
Adaptação ao clima quente – capacidade de transpirar
Humor vivo , alegre e loquaz
Compara essas predileções entre o negro e o índio – cita
teorias de estudiosos para argumentar em favor dos
atributos do negro – como Bates, Waldo Frank, Mc Dougall,
Wallace...
Índio - Negro
Introvertido
Extrovertido
8. Explicação pelas Oposições Binárias
entre Índios e Negros...
■ Ruth Benedict, (1934).
■ Apolíneos X Dionisíacos – razão x caos
■ A dieta – Alimentos mais ricos em nutrientes – para atribuir
superioridade de eficiência econômica e eugênica.
■ Cita P. Armitage – teoria da cor e forma do crânio
■ Sorokin – Rússia
■ Otto Ammon – Holanda
■ Ales Hrdlicka – na América
9. Teorias de cor de pele
■ Leonard Williams – 1909 – versa sobre as relações das glândulas
endócrinas com o metabolismo geral. Que a produção da
pigmentação intervém das glândulas suprarrenais e pituitária.
Experiencias com girinos – extração dessas glândulas = gera
albinos.
■ Ressalta que é uma assunto a se resolver pela Antropologia. Muitas
incongruências observadas que descarta as generalizações. Cita os
estudos de Haddon que encontram povos de cor e de caracteres
físicos diferentes em ambiente e clima parecidos.
■ Discorre sobre alguns estudos que busca compreender a relação
do pigmento da pele com o meio físico. Os de fundamentos
Lamarckiano (uso/desuso) e Weismanniano (herança dos
caracteres adquirido). Cita estudos de: Pavlov, McDougal, Little,
Bagg, Harrison, Muller entre outros – conclui que são experiencias
que necessitam de confirmação.
10. Forma de Crânio: superioridade ou
inferioridade■ Descrédito – superioridade dólico-louros – HERTZ E NYSTROM
– pesquisadores salientam que não terem sido nórdicos puros
nem KANT, GOETHE, BEETHOVEN, IBSEN, LUTERO,
SCHOPENHAUER,... Quase nenhum dos gloriosos homens dos
países nórdicos.
■ Estudos ao peso do cérebro são pontos indecisos...
■ E segue expondo vários outros estudos que são contraditórios e
desconexos nas relações de raças e capacidade
mental/inteligência – estudo de Q I
■ Raças e critérios de aptidões – Também não explica aptidões
inatas ou ambientais ou circunstâncias econômicas de cultura.
Difícil de separar a hereditariedade do meio – os dois se
cruzam.
11. Área de cultura de
procedência do escravo
■ Erro de generalização – “peça da Guiné” ou de “preto da
costa”. Destaca que importaram para o Brasil negros
maometanos – “de cultura superior não só dos indígenas como a
da grande maioria dos colonos brancos”. p. 357
■ Revolta do Malê – 1835
■ Cita os estudos de NINA RODRIGUES – Refuta o exclusivismo
Banto na colonização africana do Brasil. A identificação
linguística revelada pela pesquisadora.(p.360)
12. Critérios de diferenciações
Para os Ingleses:
Critério de importação de escravos exclusivamente agrícola.
Energia Bruta.
Resistente, forte e barato.
No Brasil
Critérios:
Suprir a Falta de mulheres brancas
Técnicos em metal.
13. Minas e Fulas - Mulheres das
Minas Gerais
Governador do Rio LuísV. Monteiro:
“não há mineiro que possa viver sem uma negra”.
“ donas de casa”
Vieram para o Brasil:
“donas de casa” para colonos sem mulher branca. Técnico
para as minas, criadores de gado e indústria pastoril,
culinária , sacerdotes, mestres, Comerciantes de panos e
sabão, ferreiros e oradores maometanos.
“A proximidade da Bahia e de Pernambuco da Costa da
África – deu as relações entre o Brasil e o continente negro
um caráter todo especial de intimidade. Intimidade mais
fraternal que com as colônias Inglesas.” p.365
14. Sudaneses e o maometismo
■ Quanto a influência desse ramo religioso:
– Certa predisposição as revoltas
– O Catolicismo influenciado pelo Islamismo
– Leitura e escrita carácteres arábicos
– Escolas e casas de oração
Destaca as considerações de Nina Rodrigues sobre a
grande influência dos Fulas e dos Haúças
maometanos sob os Iorubanos ou Nagô e dos Ewes
ou Gege.
15. Negro & escravo: não se separam
no julgamento da moralidade
■ Quanto a influência do negro sobre a vida sexual do
brasileiro.
– Negro e escravo não se separam no processo de
cultura dissolvente que gera um comportamento
imoral. p.369
– Luxúria, o erotismo, a depravação sexual.
– Apetite do negro maior que o dos Europeus.
■ Necessita estímulos picantes:
– Danças afrodisíacas, orgias.
■ Europeu:
– Apenas grandes provocações.
16. ■ “Mulheres negras mais frias do que fogosas” (Havelock Ellis).
■ A Negra corrompeu a vida sexual da sociedade brasileira.
– Iniciando precocemente no amor físico os filhos-família.
família.
■ Não há escravidão sem depravação sexual.
– “A parte mais produtiva da propriedade escrava é o ventre
17. As contaminações do Brasil com
a África.
– O Negro se sifilizou no Brasil – nas senzalas coloniais.
– Crença da cura -”negrinha virgem como depurativo paro o
sifilizado”.
– Amas-de-leite – contaminada pelo “menino de peito”.
– A sífilis sempre fez o que quis no Brasil patriarcal. p. 374
– Apetites sexuais “estimulados pelo ócio, [...] pela
estrutura econômica do regime escravocrata”. p. 375
18. O AFRICANO TORNOU-SE AGENTE
PATOLÓGICO DO/NO SISTEMA
ESCRAVOCRATA BRASILEIRO
“O negro foi patogênico, mas a serviço dos
brancos, como parte irresponsável de um sistema
articulado por outros.” p. 377
19. Outros traços que passam por
ser de origem exclusivamente
africana:■ Sadismo & sodomitas
■ Feitiçarias & satanismo – o amor tema de
bruxaria em Portugal – “lastro europeu”,
para as feitiçaria africana e indígena.
■ Descreve várias “mandinga de
amor”...p.381
20. Canções de ninar e suas
modificações
■ As mudanças recria “novos medos”.
■ Das “côcas”(cucas) para o boitatá, cobras cabriolas,
negõs de surrão, negros velhos papa figos,
quibungos,...
■ Nas canções e nas histórias de terror contadas para
as crianças...
21. A Linguagem
– Dói – dodói
– Pipi, nenem, papá, mimim, au-au.
– Se deu pela ação da negra junto a criança.
– “mi espere”, “le pediu”, “mi deixe”.
– Desenvolvimento de cultura no mestiço.
Disparidade entre a Língua falada e a escrita “
... A escrita recusando-se, com escrúpulos de
donzela, ao mais leve contato com a falada, com
a do povo, com a de uso corrente.” p. 388
22. Repercussão psíquica:
sadismo e masoquismo
■ Casamento Precoce
– Casamentos aos treze e aos quinze anos.
– Maridos quinze, vinte anos mais velhos.
– Escolha dos noivos pelos pais.
– Oferecimento das irmãs.
– Meninas com acima de 18 com ar de velhas.
■ Hábitos incestuosos
– Tio com sobrinha
– Primo e primas
– Muito comum desde do primeiro século de colonização.
23. Costumes, consequências
mórbidas...■ Muitas noivas de quinze anos – mulheres - morriam de parto.
■ Práticas curativas: portuguesa (imunda e inferior) & africanas e
ameríndios (desdenhados, mas de conhecimentos e processos
curativos valiosíssimos)
■ Os escravos domésticos eram considerados quase parte da
família.
– Irmãos de criação.
■ A mortalidade infantil era muito alta – crianças – “anjos”-
morria uma e nascia outra – “nunca foi para família patriarcal a
mesma dor profunda que para uma família de hoje.” p. 419
– Hábitos europeus se tornavam mortais.
– Horror ao banho e do ar.
– Mimos extremosos.
■ Menino diabo – sadismo – violência – bestialidades sexuais –
precocidade sexual
Fontes: Cartas, relatos de viajantes, literatura, registros paroquiais,
...
24. Considerações finais
Notadamente conservador. Defende os valores “nobres”, destaca o
carácter de nobreza aristocrática do negro africano em especial os sudaneses,
busca na cultura da vida cotidiana o caráter do povo brasileiro. Uma análise
cujo foco é a família. A tese central articulada na sua narração explicativa é a
de que foi o regime escravocrata colonial que gerou as patologias da
sociedade. A patologia maior foi a anulação dos sujeitos, das suas
individualidades pela vontade déspota do senhor de engenho. Acrescenta que
o único freio do senhor, foi a religião.
Na sua narração explicativa usa dos pares antagônicos que dá a ver
hora as mazelas e suas consequências patológicas, hora as virtudes nobres dos
africanos e ameríndios, com um entre meio de apaziguamento como se fosse
“o recheio” do “bolo” representado pela sociedade brasileira, conciliatória,
apontando a espontaneidade cordial dos afetos sem culpa racionalizada do
negro, como a saída social para o Brasil.
O negro não reprime seus sentimentos sofre, chora, a dor, o banzo...
Dionisíaco, alegre, espontâneo dos afetos que se complementa com o caráter
Apolínio dos ameríndios – contidos nos afetos, introvertidos...
A Casa Grande é completada pela Senzala e juntas constituem o
espaço de integração social. Movimento em que se afasta do racismo e admite
a relevância de outras culturas, nosso autor teria criado uma imagem quase
idílica da nossa sociedade colonial, ocultando a exploração, os conflitos e a