A erupção do monte Pelée na Martinica em 1902 foi precedida por vários avisos, incluindo o alerta de um índio décadas antes, mas as autoridades ignoraram os sinais. Em maio, uma nuvem ardente varreu a cidade de Saint-Pierre, matando instantaneamente os 28.000 habitantes.
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Ficha formativa vulcanismo iii
1. Agrupamento de Escolas de Cascais
170732
Sede: Escola Secundária de Cascais
EB de Cascais EB/JI Branquinho da Fonseca EB n.º1 Aldeia de Juso EB/JI Areia-Guincho JI da Torre
FICHA FORMATIVA
CIÊNCIAS NATURAIS 7ºANO
Nome: ______________________________________________ N.º: _______ Turma:_____
Atividade Vulcânica III
Crónica de um desastre anunciado: a erupção do monte Pelée
A 8 de maio de 1902, uma nuvem ardente foi cuspida pelo
monte Pelée e em três minutos atingiu a cidade de Saint-
Pierre e matou os seus 28 000 habitantes. Foi o cataclismo
vulcânico mais mortífero do século XX. Uma catástrofe em
que o grande responsávelfoi, semdúvida, a ganância
humana. De facto, o monte tinha-os prevenido...
“Tu... não construir aqui! Perigoso! Montanha de
fogo... Braoum!” A voz, os gestos e o dedo em
riste do índio das Caraíbas não precisa-vam de
tradutor. O que o índio mostrava era a montanha
completamente nua que, em 1 de setembro de
1635, os marinheiros franceses que chegaram à
ilha da Martinica batizaram como “Montanha
Pelada”. De facto, a paisa-gem vulcânica não
enganava: um enorme tronco cónico erguia-se
majestoso. Se a mon-tanha estava nua,
explicava o tradutor, é por-que tinha havido um
enorme fogo cinco anos antes, que tudo tinha
queimado.
“Que importam os avisos de alguns “selva-
gens”? Vamos construir aqui mesmo o nosso
forte”, disse o capitão. Mas o que ele não sa-bia
era que, sob o monte Pelée, o magma já tinha
iniciado a sua lenta subida...
No início do ano de 1902, toda a gente já ti-nha
esquecido os índios das Caraíbas. O forte tinha-
se transformado na capital económica da
Martinica, com eletricidade, telefone, ca-minho
de ferro, etc. A atmosfera estava muito aquecida
e o ar pesado, mas as pessoas atri-buíam este
facto ao clima das Caraíbas. Em janeiro, os
turistas que subiam a montanha Pelada todos os
domingos notaram que as fumarolas, cujo
aparecimento já remontava a 1889, estavam
cada vez mais ativas. No meio da cratera, onde
no outono e inverno se acu-mulava água, havia
emissão de gases quentes que matavam a
vegetação em redor.
Em fevereiro, os habitantes da encosta oci-dental
do vulcão queixavam-se de cheiro a ovos
podres, que fazia tossir e escurecia as pratas.
Mas ninguém tratou de abandonar as suas
casas, exceto os pássaros, cobras e ou-tros
animais que fugiam para longe do vul-cão.
O dia a dia da população manteve-se normal até
23 de abril. Às 21 h, uma primeira sacudi-dela
fez tremer a terra. Outras se seguiram e a
cratera começou a emitir vapores brancos e
negros, misturados com cinzas, que começa-ram
a cair numa chuva fina e contínua sobre a
cidade. No dia 25, uma enorme coluna de fu-mo
negro saiu da cratera e a terra tremeu de novo.
No dia 27, tudo terminou, pelo que al-guns
curiosos subiram a montanha até à cra-tera,
verificando que o lago estava cor de chumbo,
fumegava e emitia um cheiro náu-sea-bundo.
Mas nada foi feito, nenhuma me-dida de
evacuação foi tomada...
A partir do dia 30 de abril, a chuva de cinzas
mantém-se constante, fazendo com que os
habitantes vivam na obscuridade. A 2 de maio,
cerca das 23 h, os habitantes são acor-dados por
uma forte explosão. A montanha cospe cinzas
que formam enormes nuvens carregadas de
eletricidade. As pessoas assus-tam-se e as
autoridades acordam.
A 3 de maio, o governador avisa Paris e transmite à
população: “Mantenham a calma, não pode haver
pânico!”. Nos dias que se se-guiram, as águas dos
rios começaram a ferver e a sair do seu leito. No dia
5, o lago da crate-ra transbordou, derramando para o
leito dos rios uma torrente de lava e matando 23 ope-
rários. No dia 6 de maio, o governador no-meia e
envia uma “comissão científica” para inspecionar a
cratera. No dia 7, o relatório publicado no jornal da
2. noite dizia: “Todos os fe-nómenos observados até
hoje são perfeitamente normais e idênticos aos
observados noutros vul-cões. O monte Pelée não
apresenta mais perigo para a população de Saint-
Pierre do que o Vesú-vio apresenta para Nápoles”.
Em resposta à notícia, a montanha muda de tom.
Blocos incandescentes são cuspidos em grandes
quantidades, as torrentes de lava correm cada vez
mais velozes. No dia 8 de maio, uma nuvem ardente
com mais de 400 ºC desce à velocidade de 500 km/h
e atinge Saint-Pierre. Foi o inferno.
Em novembro de 1902, sete meses mais tarde, uma agulha de
lava arrefecida emerge da cratera, empurrada pelos gases
acumulados na chaminé do vulcão.
Os diferentes locais atingidos pela catástrofe de 8 de maio de
1902: a preto, as zonas devastadas pela nuvem ardente; a
cinzento, as que sofreram chuva de cinzas, divididas em três
zonas de acordo com o efeito devastador crescente, com a
proximidade do vulcão.
1. Indica a localização geográfica da ilha Martinica.
2. Regista as datas referidas no texto e ordena-as cronologicamente. Quantos anos passaram
desde que o índio advertiu o capitão?
3. Comenta a atitude do capitão: “Que importam os avisos de alguns ‘selvagens’? Vamos construir
aqui mesmo o nosso forte”.
4. Quais os primeiros indícios registados em 1902?
5. Transcreve a(s) frase(s) que se refere(m):
5.1. ao comportamento dos animais.
5.2. à ocorrência de tremores de terra.
6. Como classificas a erupção da montanha Pelada?
7. Justifica o título do texto “desastre anunciado”.
8. Refere uma ou mais catástrofes recentes que, tal como esta, poderiam ser minimizadas se
fossem tomadas medidas de prevenção adequadas.