O documento descreve o grande terremoto de Lisboa de 1755, um dos maiores terremotos registrados na história, que causou enormes danos na Europa, África e América do Norte. O terremoto atingiu com maior violência Portugal e Espanha, destruindo grande parte de Lisboa e matando aproximadamente 90 mil pessoas na cidade. O desastre foi visto como o cumprimento da profecia bíblica de um "grande terremoto" precedendo a segunda vinda de Cristo.
1. Grande Terremoto - Apoc.6:12
Por Ellen G. White
O profeta do Apocalipse assim descreve o primeiro dos sinais que precedem o segundo
advento: "Houve um grande tremor de terra; e o Sol tornou-se negro como saco de
cilício, e a Lua tornou-se como sangue." Apoc. 6:12.
Estes sinais foram testemunhados antes do início do século XIX. Em cumprimento
desta profecia ocorreu no ano 1755 o mais terrível terremoto que já se registrou.
Posto que geralmente conhecido por terremoto de Lisboa, estendeu-se pela maior
parte da Europa, África e América do Norte. Foi sentido na Groenlândia, nas Índias
Ocidentais, na Ilha da Madeira, na Noruega e Suécia, Grã-Bretanha e Irlanda. Abrangeu
uma extensão de mais de dez milhões de quilômetros quadrados. Na África, o choque
foi quase tão violento como na Europa. Grande parte da Argélia foi destruída; e, a
pequena distância de Marrocos, foi tragada uma aldeia de oito ou dez mil habitantes.
Uma vasta onda varreu a costa da Espanha e da África, submergindo cidades, e
causando grande destruição.
Foi na Espanha e Portugal que o choque atingiu a maior violência. Diz-se que em Cádiz
a ressaca alcançou a altura de vinte metros. Montanhas, "algumas das maiores de
Portugal, foram impetuosamente sacudidas, como que até aos fundamentos; e
algumas delas se abriram nos cumes, os quais se partiram e rasgaram de modo
maravilhoso, sendo delas arrojadas imensas massas para os vales adjacentes. Diz-se
terem saído chamas dessas montanhas". - Princípios de Geologia, Sir Charles Lyell.
Em Lisboa, "um som como de trovão foi ouvido sob o solo e imediatamente depois
violento choque derribou a maior parte da cidade. No lapso de mais ou menos seis
minutos, pereceram sessenta mil pessoas. O mar a princípio se retirou, deixando seca
a barra; voltou então, levantando-se doze metros ou mais acima de seu nível comum".
"Entre outros acontecimentos extraordinários que se refere terem ocorrido em Lisboa
durante a catástrofe, esteve o soçobro do novo cais, construído inteiramente de
mármore, com vultosa despesa. Grande número de pessoas ali se ajuntara em busca
de segurança, sendo um local em que poderiam estar fora do alcance das ruínas que
tombavam; subitamente, porém, o cais afundou com todo o povo sobre ele, e nenhum
dos cadáveres jamais flutuou na superfície." - Lyell.
"O choque" do terremoto "foi instantaneamente seguido da queda de todas as igrejas
e conventos, de quase todos os grandes edifícios públicos, e de mais da quarta parte
2. das casas. Duas horas depois, aproximadamente, irromperam incêndios em diferentes
quarteirões, e com tal violência se alastraram pelo espaço de quase três dias, que a
cidade ficou completamente desolada. O terremoto ocorreu num dia santo, em que as
igrejas e conventos estavam repletos de gente, muito pouca da qual escapou." -
Enciclopédia Americana, art. Lisboa. "O terror do povo foi indescritível. Ninguém
chorava; estava além das lágrimas. Corriam para aqui e para acolá, em delírio, com
horror e espanto, batendo no rosto e no peito, exclamando: 'Misericórdia! é o fim do
mundo!' Mães esqueciam-se de seus filhos e corriam para qualquer parte, carregando
crucifixos. Infelizmente, muitos corriam para as igrejas em busca de proteção; mas em
vão foi exposto o sacramento; em vão as pobres criaturas abraçaram os altares;
imagens, padres e povo foram sepultados na ruína comum." Calculou-se que noventa
mil pessoas perderam a vida naquele dia fatal.
O Grande Conflito, 304, 305.