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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
UNIVERSIDADE ABERTA DO SUS (UNA-SUS) - NÚCLEO DO CEARÁ
NÚCLEO DE TECNOLOGIAS EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA EM SAÚDE
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM SAÚDE DA FAMÍLIA
FERNANDO MÁRCIO CAPANEMA PEREIRA
PLANO DE INTERVENÇÃO EDUCATIVO SOBRE A AUTO-MONITORIZAÇÃO
DA GLICEMIA CAPILAR DE PACIENTES COM DIABETES MELLITUS
FORTALEZA
2015
FERNANDO MÁRCIO CAPANEMA PEREIRA
PLANO DE INTERVENÇÃO EDUCATIVO SOBRE A AUTO-MONITORIZAÇÃO DA
GLICEMIA CAPILAR DE PACIENTES COM DIABETES MELLITUS
Trabalho de Conclusão de Curso submetido à
Coordenação do Curso de Especialização,
Pesquisa e Inovação em Saúde da Família,
modalidade semipresencial, Universidade
Aberta do Sus (Una-SUS) - Núcleo Do Ceará,
Núcleo de Tecnologias em Educação a
Distância Em Saúde, Universidade Federal do
Ceará, como requisito parcial para obtenção do
Título de Especialista.
Orientador: Profº. Ms. Adriana Sousa
Carvalho de Aguiar
FORTALEZA
2015
FERNANDO MÁRCIO CAPANEMA PEREIRA
PLANO DE INTERVENÇÃO EDUCATIVO SOBRE A AUTO-MONITORIZAÇÃO DA
GLICEMIA CAPILAR DE PACIENTES COM DIABETES MELLITUS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à
Coordenação do Curso de Especialização em
Saúde da Família, modalidade semipresencial,
Universidade Aberta do SUS (Una-SUS) -
Núcleo Do Ceará, Núcleo de Tecnologias em
Educação a Distância Em Saúde, Universidade
Federal do Ceará, como requisito parcial para
obtenção do Título de Especialista.
Aprovado em: __/___/___
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________
Profº Ms Adriana Sousa Carvalho de Aguiar
Faculdade Integrada da Grande Fortaleza
_____________________________________
Profº. Dra. Monaliza Ribeiro Mariano
Centro Universitário Estácio do Ceará
____________________________________
Profº Ms Aline Tomaz de Carvalho
Universidade Federal do Ceará
RESUMO
O diabetes Mellitus (DM) é uma condição crônica complexa em razão dos múltiplos fatores
envolvidos no tratamento. É considerado um importante problema de saúde pública, em razão
do número de pessoas afetadas, das incapacidades geradas, mortalidade prematura, como
também dos custos envolvidos no controle e tratamento de suas complicações. Uma questão
importante na educação em diabetes é a monitorização do controle glicêmico, recomendado
como parte fundamental do tratamento. Um rígido controle glicêmico é um fator
preponderante na prevenção das complicações crônicas ou no retardo da sua progressão.
Objetivou-se elaborar um plano de intervenção sobre a automonitorização da glicemia capilar
no domicílio para pacientes com diabetes mellitus; verificar a realização de automonitorização
da glicemia capilar no domicílio pelas pessoas com diabetes que são acompanhadas por uma
Unidade Básica de Saúde em Fortaleza- Ceará; caracterizar a população do estudo segundo as
variáveis sóciodemográficas e clínicas e realizar ações educativas. Trata-se de um estudo
pesquisa-ação, que será realizada por profissionais de uma Unidade de Saúde da Família. O
projeto de intervenção ocorrerá durante um período de 5 meses, de agosto a dezembro de
2015, mediante a realização de 5 oficinas, com encontros mensais, nas quais se investigará os
dados sobre o perfil sócio demográfico e clínico; a realização ou não da automonitorização da
glicemia capilar no domicílio pelas pessoas com diabetes e a realização de atividades
educativas com os seguintes tópicos: fatores de risco e complicações da doença; como atingir
as metas para o controle da doença, informações sobre o tratamento medicamentoso,
orientações sobre a importância da automonitorização da glicemia. Pretende-se com a
aplicação desse projeto de intervenção que a comunidade aumente seu nível de informação
sobre o manejo do diabetes e assim obtenha maior subsídio para seu autocuidado; reduzir os
pacientes que chegam ao consultório com níveis glicêmicos descompensados; aumentar o
número de pessoas que realizam a automonitorização da glicemia capilar no domicílio e
contribuir para a obtenção de um controle dos níveis glicêmicos de forma mais satisfatória.
Palavras-chave: Diabetes Mellitus. Automonitorização da Glicemia. Promoção da Saúde.
ABSTRACT
The diabetes mellitus (DM) is a complex chronic condition because of multiple factors
involved in the treatment. It is considered a major public health problem, because of the
number of people affected, the generated disabilities, premature mortality, as well as the costs
involved in controlling and treating its complications. An important issue in diabetes
education is the monitoring of glycemic control, recommended as part of their treatment.
Tight glycemic control is a major factor in preventing chronic complications or delay its
progression. The objective was to draw up an action plan on the self-monitoring of blood
glucose at home for patients with diabetes mellitus; checking implementation of self-
monitoring of blood glucose at home by people with diabetes who are accompanied by a
Basic Health Unit in Fortaleza Ceara; characterize the study population according to
sociodemographic and clinical variables and carry out educational activities. It is a study
action research, which will be held by professionals of the Family Health Unit. The
intervention project will take place over a period of five months, from August to December
2015, by conducting five workshops, with monthly meetings in which to investigate the data
on the demographic and clinical social profile; and whether or not the self-monitoring of
blood glucose at home by people with diabetes and conducting educational activities with the
following topics: risk factors and complications of the disease; how to achieve the targets for
disease control, information about drug treatment, guidelines on the importance of self-
monitoring of blood glucose. It is intended to give effect to this intervention project that the
community increase their level of information on the management of diabetes and so gain
greater subsidy for self-care; reduce patients who come to the office with decompensated
glucose levels; increase the number of people who perform self-monitoring of blood glucose
at home and contribute to the achievement of a control of blood glucose levels in a more
satisfactory way.
Keywords: Diabetes Mellitus. Self-monitoring of blood glucose. Health Promotion.
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
AADE Associação Americana de Educadores em Diabetes
ADA American Diabetes Association
AMGC Automonitorização da Glicemia Capilar
DM Diabetes Mellitus
DM1 Diabetes Mellitus tipo 1
DM2 Diabetes Mellitus tipo 2
HAS Hipertensão Arterial Sistêmica
SIAB Sistema de Informação da Atenção Básica
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................... 7
2 PROBLEMA .............................................................................................................. 9
3 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA...................................................................... 10
4 OBJETIVO GERAL................................................................................................. 11
4.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS................................................................................... 11
5 REVISÃO DE LITERATURA.................................................................................. 12
6 METODOLOGIA...................................................................................................... 14
7 CRONOGRAMA ..................................................................................................... 16
8 RECURSOS NECESSÁRIOS................................................................................... 17
9 RESULTADOS ESPERADOS.................................................................................. 18
REFERÊNCIAS............................................................................................................ 19
7
1 INTRODUÇÃO
O Diabetes Mellitus (DM) é uma condição crônica complexa em razão dos múltiplos
fatores envolvidos no tratamento. É considerado um importante problema de saúde pública,
em razão do número de pessoas afetadas, das incapacidades geradas, mortalidade prematura,
como também dos custos envolvidos no controle e tratamento de suas complicações. O
tratamento requer intervenção de equipe multiprofissional de saúde, com o objetivo não só de
atingir a normoglicemia, mas também de manter o controle dos fatores de risco que
concorrem para morb-mortalidade da doença (VERAS et al., 2014).
No Brasil, 12,4 milhões de pessoas foram acometidas por DM no ano de 2011, e a
previsão é de que este número aumente para 19,6 milhões até 2030. Dentre os tipos de DM, o
tipo 2 compreende 90% dos agravos presentes no mundo e está intimamente relacionado com
o excesso de peso e o sedentarismo (SCHMIDT et al., 2011).
Desse modo, percebe-se que o Diabetes Mellitus tem, atualmente, alta prevalência no
Brasil e no mundo, sendo fundamental, para seu tratamento e prevenção das complicações,
que os profissionais de saúde e os clientes diabéticos tenham acesso as informações e as
formas de monitoramento dessa doença.
O DM está relacionado a um grande número de co-morbidades, cujo desenvolvimento
e evolução encontram-se associados ao controle das taxas glicêmicas. Entre os parâmetros
laboratoriais frequentemente utilizados para nortear as decisões terapêuticas voltadas ao
controle glicêmico do DM, tem-se a medida da glicemia de jejum, a frutosamina e a
hemoglobina glicada. A automonitorização de glicemias capilares realizadas em glicosímetros
de uso domiciliar é, por sua vez, um excelente recurso utilizado para retratar as flutuações
glicêmicas ao longo do dia, sendo uma ferramenta bastante utilizada no acompanhamento dos
pacientes com DM em esquema de tratamento intensivo, especialmente naqueles sob uso de
múltiplas doses diárias de insulina (VERAS et al., 2014).
Em 29 de setembro de 2007, entrou em vigor a Lei Federal nº 11.347/06, que dispõe
sobre a distribuição gratuita de medicamentos e insumos necessários à aplicação de insulina e
à monitorização da glicemia capilar aos usuários acometidos pela doença e inscritos em
programas de educação em diabetes. A Portaria nº 2.583/07 definiu o elenco de medicamentos
e insumos disponibilizados aos usuários com DM, no âmbito do Sistema Único de Saúde
(SANTOS et al., 2011).
8
Entretanto, para que os direitos do usuário com DM, previstos na legislação, sejam
assegurados, é necessário sua divulgação de modo a torná-los conhecidos pela população e
profissionais de saúde.
A glicemia capilar, realizada com amostras coletadas em ponta de dedo, no
monitoramento do Diabetes Mellitus, é um grande avanço sendo imprescindível ao controle
do diabetes mellitus tipo 1 e de substancial importância na avaliação do paciente diabético
tipo 2.
O tratamento das diversas formas do DM baseia-se na realização de intervenções
clínicas e educativas. A assistência direciona-se à terapia nutricional, à atividade física
regular, aos esquemas terapêuticos farmacológicos, à automonitorização da glicemia capilar e
à educação em saúde (TEIXEIRA et al., 2009).
Uma questão importante na educação em diabetes é a monitorização do controle
glicêmico, recomendado como parte fundamental do tratamento. Estudos apontam que um
rígido controle glicêmico é um fator preponderante na prevenção das complicações crônicas
ou no retardo da sua progressão (FRANCO et al., 2008).
A monitorização da glicemia capilar é primordial para direcionar as ações que
envolvem o tratamento do diabetes. Os resultados obtidos permitem reavaliar a terapêutica
instituída mediante os ajustes de doses de insulina, da dieta e da atividade física (TEIXEIRA
et al., 2009).
Um dos desafios da Estratégia Saúde da Família é controlar tais doenças crônicas,
dentre elas Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e o Diabetes Mellitus (DM). Os
profissionais de saúde atuantes na Estratégia Saúde da Família devem programar e
implementar atividades de investigação e acompanhamento dos usuários com diabetes. O
HiperDia constitui um sistema de cadastramento e acompanhamento de hipertensos e
diabéticos, em que os profissionais são responsáveis pelo monitoramento dos pacientes, pela
geração de informação para aquisição, dispensação e distribuição de medicamentos regular e
continuamente (ALMEIDA; MOUTINHO; LEITE, 2014).
Portanto, as equipes de saúde da família necessitam incorporar habilidades educativas,
imprescindíveis ao desenvolvimento de um processo de trabalho. E para que as práticas
educativas em saúde tenham impacto no modo de vida da população, em suas condições de
saúde, estas devem ser de qualidade, ser condizentes com a realidade da comunidade e
garantir uma relação significativa entre o profissional e a clientela.
9
2 PROBLEMA
A realidade observada pela equipe que assiste os pacientes diabéticos de uma Unidade
Básica de Saúde em Fortaleza- CE chama a atenção para o elevado número de pacientes em
descompensação ou em risco de descompensação dos níveis glicêmicos. Segundo dados do
Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB) cerca de 19,5%, da população da área é
portadora de diabetes tipo 2.
Nas consultas ambulatoriais e visitas domiciliárias foi constatado pelos profissionais
que a maioria dos pacientes diabéticos dessa unidade não realizavam a monitorização
glicêmica preconizada pela American Diabetes Association (ADA), a qual orienta que todo
paciente diabético tipo I e mulheres grávidas deveria monitorizar os níveis glicêmicos três ou
mais vezes ao dia e no caso de pessoas com Diabetes Mellitus tipo II a realização de testes
suficientes para atingir as metas de controle metabólico. Ressalta-se ainda, que apenas os
pacientes portadores de Diabetes Mellitus insulinodepedentes acompanhados nessa referida
unidade, eram comtemplados de maneira gratuita pelo Governo Federal com o recebimento de
aparelho glicosímetro e de fitas-teste. Entretanto, aqueles pacientes diabéticos, os quais ainda
não utilizavam tratamento a base de insulina, não tinham como fazer esta monitorização e
estavam em risco de descompensação metabólica.
Considerando os benefícios da monitorização da glicemia capilar na prevenção de
complicações geradas pelo diabetes, este estudo buscou responder às seguintes questões
norteadoras: Os pacientes com diabetes que são acompanhados por uma Unidade Básica de
Saúde em Fortaleza-CE realizam automonitorização da glicemia capilar? O plano de
intervenção que se pretende realizar contribui para a aquisição de orientações e obtenção no
controle do diabetes?
10
3 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA
O presente estudo é oriundo da observação situacional da população adscrita de uma
Unidade Básica de Saúde em Fortaleza-CE, no qual se percebeu uma significativa parcela de
19,5% diagnosticada com Diabetes Mellitus tipo 2, com a doença descompensada, com déficit
de informações acerca das formas de controle, de suas complicações e da automonitorização
da glicemia capilar no domicílio.
A automonitorização da glicemia capilar é considerada parte integrante do conjunto de
intervenções em Diabetes Mellitus e componente essencial de uma efetiva estratégia
terapêutica para o controle adequado da doença.
A automonitorização da pessoa com diabetes do tipo 2 é tão importante quanto a do
tipo 1, para determinação do grau de controle das glicemias pré e pós-prandiais, além de
constituir um valioso recurso educativo para a pessoa.
No entanto, mesmo reconhecendo que a automonitorização da glicemia capilar é parte
fundamental do tratamento, muitas pessoas com DM, por razões de ordem econômica, social
ou psicológica, não realizam a automonitorização.
A falta de conhecimento ou atitudes negativas acerca da doença são alguns dos
aspectos que dificultam a realização da automonitorização. Além disso, muitas instituições
públicas e privadas de assistência à pessoa com DM ainda não disponibilizam monitores de
glicemia e tiras reagentes para essa prática no domicílio.
O plano de intervenção a que se propõe esse estudo consiste em estratégias educativas
de estímulo ao controle glicêmico, de informações e orientações à clientela com diabetes que
é assistida na referida unidade de saúde.
11
4 OBJETIVO GERAL
Elaborar um plano de intervenção sobre a automonitorização da glicemia capilar no
domicílio para pacientes com diabetes mellitus.
4.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
a) Caracterizar a população do estudo segundo as variáveis sóciodemográficas,
clínicas e à automonitorização da glicemia capilar;
b) Verificar a realização de automonitorização da glicemia capilar no domicílio pelas
pessoas com diabetes que são acompanhadas por uma Unidade Básica de Saúde
em Fortaleza- Ceará;
c) Realizar ações educativas sobre o diabetes, formas de controle e os benefícios da
monitorização da glicemia capilar na prevenção de complicações geradas pelo
diabetes.
12
5 REVISÃO DE LITERATURA
O Diabetes Mellitus (DM) é considerado uma das principais síndromes de evolução
crônica que acometem o homem em qualquer idade, condição social e localização geográfica.
É caracterizado por hiperglicemia e ocasionado por uma deficiência absoluta e/ou relativa de
insulina, influenciando o metabolismo dos glicídios, proteínas, lipídios, água, vitaminas e,
durante a sua evolução, na dependência do controle metabólico, podem advir complicações
agudas e crônicas (CARVALHO FILHA; NOGUEIRA; MEDINA, 2014).
As duas formas mais frequentes de DM são o Diabetes Mellitus tipo 1 (DM1) e o Diabetes
Mellitus tipo 2 (DM2), que correspondem a 5-10% e 85-90%, respectivamente, dos casos
conhecidos. O DM1 caracteriza-se por uma deficiência severa de insulina e acomete
predominantemente a criança e o adolescente. O DM2 está relacionado a anormalidades na
ação da insulina associada à deficiência absoluta e/ou relativa de secreção desse hormônio.
São consideradas pessoas com elevado risco para desenvolver DM2 aquelas com idade
superior a 45 anos, obesas, sedentárias, mulheres com histórico obstétrico de perimortalidade
ou abortamentos de repetição, presença de hipertensão arterial sistêmica (HAS),
dislipidemias, doença vascular aterosclerótica anterior aos 50 anos, doença vascular, doença
coronariana, usuárias de medicamentos hiperglicemiantes (corticosteróides betabloqueadores,
tiazídicos) durante longos períodos (SUMITA; ANDRIOLO, 2008).
Estudos recentes demonstraram que as pessoas com Diabetes Mellitus com um
controle metabólico dentro de determinados limites (níveis de glicohemoglobina inferior a
1,2% do limite superior da normalidade para o método no DM1 e inferior a 1% no DM2)
torna-se capaz de diminuir significativamente o desenvolvimento de complicações
microangiopáticas (TEIXEIRA et al., 2009).
A abordagem na educação em diabetes recomendada pela Associação Americana de
Educadores em Diabetes (AADE) sugere a aplicação de oito medidas de avaliação
comportamental na identificação da qualidade de um programa efetivo de educação em
diabetes. Entre as medidas estão a automonitorização da glicemia capilar, atividades físicas
regulares, mudança de hábitos alimentares, adaptação psicossocial, adesão ao tratamento
medicamentoso, redução de risco das complicações crônicas, capacidade de lidar com
episódios de hiperglicemia e hipoglicemia, manejo do diabetes em situações de outras
doenças, viagens e situações especiais (ALMEIDA; MOUTINHO; LEITE, 2014).
Dessa forma, compreender as facilidades e/ou dificuldades das pessoas com diabetes
para a automonitorização da glicemia capilar no domicílio pode oferecer subsídios aos
13
profissionais de saúde para reorganizar a atenção à pessoa com diabetes, em atendimento aos
princípios da integralidade do cuidado à saúde (FRANCO et al., 2008).
A Automonitorização da Glicemia Capilar (AMGC) é considerada parte integrante do
conjunto de intervenções em DM e componente essencial de uma efetiva estratégia
terapêutica para o controle adequado da doença. Este procedimento permite à pessoa com DM
avaliar sua resposta individual à terapêutica instituída, possibilitando também avaliar se as
metas glicêmicas recomendadas estão sendo efetivamente atingidas. Além disso, a construção
de um perfil glicêmico favorece conhecer as atitudes da pessoa com DM que podem
contribuir para a apresentação de episódios de hipoglicemia ou hiperglicemia, assim como
outras complicações da doença (TEIXEIRA et al., 2009).
A obtenção do bom controle metabólico engloba a frequência apropriada de
monitorização da glicemia capilar, terapia nutricional, atividade física regular, esquemas
terapêuticos farmacológicos, informações acerca da prevenção e tratamento das complicações
agudas e crônicas e avaliação periódica dos objetivos do tratamento. Dentre as intervenções
para manutenção de um bom controle glicêmico e metabólico destaca-se a AMGC no
domicílio. A literatura internacional corrobora a utilização da AMGC em pessoas com DM
tipo 1 e DM tipo 2, em uso ou não de terapia com insulina e DM gestacional (SILVA et al.,
2011).
Estudos observacionais e clínicos, que utilizaram protocolos de investigação, e estudos
de meta-análise acerca da importância da automonitorização glicêmica em pessoas com DM
tipo 2 não usuários de insulina, mostram que esta prática está associada a melhoras nos níveis
de HbA1c. Embora estudos adicionais sejam necessários para se estabelecerem frequências
ideais de testes de glicemia, os estudos atualmente disponíveis podem ser utilizados para
definir algumas recomendações na orientação das pessoas com DM e dos profissionais de
saúde sobre a frequência da AMGC (FRANCO et al., 2008).
A alta prevalência do diabetes promove grande demanda de utilização dos serviços de
saúde para a prevenção e o controle da doença. A utilização de serviços de saúde pode causar
impactos no portador de diabetes, prevenindo sua ocorrência e suas complicações e
aumentando as taxas de sobrevivência dessa população. O serviço de saúde inclui programas
de prevenção e cuidados sobre os riscos do diabetes, a vacinação para a promoção da saúde
dessa população e o fornecimento de medicamentos (FILHA; NOGUEIRA; MEDINA, 2014).
14
6 METODOLOGIA
Trata-se de um estudo do tipo pesquisa-ação por se tratar de uma pesquisa que visa a
elaboração de um plano de intervenção.
A pesquisa-ação é um tipo de pesquisa participante engajada. Como o próprio nome já
diz, a pesquisa-ação procura unir a pesquisa à ação ou prática. É, portanto, uma maneira de se
fazer pesquisa em situações em que também se é uma pessoa da prática e se deseja melhorar a
compreensão desta. É também, quando houver uma ação por parte das pessoas implicadas no
processo investigativo, visto partir de um projeto de ação social ou da solução de problemas
coletivos e estar centrada no agir participativo e na ideologia de ação coletiva (GIL, 2010).
O plano de intervenção que se pretende elaborar visa verificar a realização e orientar
sobre a automonitorização da glicemia capilar na prevenção de complicações geradas pelo
diabetes. Tal estratégia interventiva será realizada por profissionais de uma Unidade Básica de
Saúde da Família do bairro Conjunto Ceará em Fortaleza-CE. CARACTERIZAR A
UNIDADE.
Participarão do estudo pacientes com diagnóstico clínico de Diabetes Mellitus, tanto
tipo 1 como também tipo 2, assistidos na referida unidade de saúde.
O projeto de intervenção ocorrerá durante um período de 5 meses, de agosto a
dezembro de 2015, mediante a realização de 5 oficinas, com encontros mensais.
Na primeira oficina ocorrerá a apresentação entre facilitadores e clientela, do plano de
intervenção, dos objetivos e metas. Através do preenchimento de um formulário, dados sobre
o perfil sócio demográfico e clínico serão obtidos: idade, sexo, estado civil, escolaridade e
renda familiar; tipo de diabetes, medicamentos em uso para o DM, tempo de diagnóstico e
presença de comorbidades. Também será investigada a realização ou não da
automonitorização da glicemia capilar no domicílio pelas pessoas com diabetes, abordando
dentre outros aspectos: quando realizam a automonitorização da glicemia capilar e a sua
finalidade; interpretação dos valores da glicemia capilar de jejum e da pós-prandial e da
hipoglicemia; e a conduta em situações de hiperglicemia e hipoglicemia.
Nas oficinas posteriores, segunda, terceira, quarta e quinta, serão realizadas as
atividades educativas. A estratégia de ensino utilizada será a discussão em grupo dos
seguintes tópicos: como o corpo e o diabetes funcionam; fatores de risco e complicações da
doença; como atingir as metas para o controle da doença, informações sobre o tratamento
medicamentoso, orientações sobre a importância da automonitorização da glicemia e sobre a
utilização das lancetas e/ou agulhas na automonitorização da glicemia capilar no domicílio
para os pacientes que fazem uso dessa prática. Além disso, serão formados grupos de
15
intervenção com intuito de orientar os pacientes diabéticos que não realizam a
automonitorização no domicílio a comparecerem à referida Unidade Básica de Saúde da
Família com mais frequência, cerca de 3 a 4 vezes por semana para medirem sua glicemia
capilar no glicosímetro da instituição, tanto em jejum, como após se alimentarem.
Em todas as oficinas, os pacientes realizarão a medida da glicemia capilar no
glicosímetro da instituição, tendo os valores registrados para acompanhamento.
O estudo será encaminhado ao Comitê de ética e os participantes assinarão um termo
de consentimento livre e esclarecido.
16
7 CRONOGRAMA
Atividades
2015
Ago Set Out Nov Dez
Ação 1: Apresentação do projeto do cronograma de
atividades do plano de intervenção. Preenchimento de um
formulário, dados sobre o perfil sócio demográfico e
clínico; investigação da realização ou não da
automonitorização da glicemia capilar no domicílio pelas
pessoas com diabetes.
X
Ação 2: Atividades educativas parte I X
Ação 3: Atividades educativas parte II X X X
Ação 4: Atividades educativas parte III X
Ação 5: Atividades educativas parte IV Encerramento
das atividades propostas, socialização das experiências
vividas, e avaliação das mudanças comportamentais
ocorridas.
X
17
8 RECURSOS NECESSÁRIOS
RECURSOS NECESÁRIO
RECURSOS MATERIAIS RECURSOS HUMANOS
Cadeiras, mesas, recursos áudio visuais,
salão de reunião;
Médico;
Papéis A4; canetas; folhetos informativos; Enfermeira;
Material educativo impresso, banners,
materiais impressos ilustrativos para
demonstração;
Auxiliar de Enfermagem;
Glicosímetro; fitas reagentes. Agentes Comunitários de Saúde;
Comunidade da Unidade Básica de Saúde,
Fortaleza – CE.
18
9 RESULTADOS ESPERADOS
Espera-se alcançar os seguintes resultados: que a comunidade aumente seu nível de
informação sobre o manejo do diabetes e assim obtenha maior subsídio para seu autocuidado;
reduzir em pelo menos 30% os pacientes que chegam ao consultório com níveis glicêmicos
descompensados; aumentar em pelo menos 20% o número de pessoas com diabetes que
realizam a automonitorização da glicemia capilar no domicílio e aumentar em pelo menos
30% da população diagnosticada com diabetes obtenham um controle seus níveis glicêmicos
de forma mais satisfatória.
É importante que a clientela com diabetes da comunidade assuma a responsabilidade
de fazer o acompanhamento com mais frequência nas consultas na Unidade de Saúde como
também na adesão ao tratamento.
Dessa forma, espera-se também um aumento da adesão ao tratamento farmacológico e
não farmacológico em pelo menos 30% dos diabéticos. Como também uma redução em pelo
menos 30% dos diabéticos com a glicemia descompensada.
Sensibilizar os gestores sobre a situação de descompensação glicêmica e de risco de
complicações que se encontram os pacientes diabetes tipo 2 não insulinodependentes, e assim,
estender também a essa clientela o fornecimento do glicosímetro e das fitas-teste. Além disso,
espera-se que os pacientes com diabetes tipo 2 não insulinodependente procurem a unidade de
saúde de forma mais rotineira, para realizar a monitorização da glicemia com mais frequência.
19
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, E. R; MOUTINHO, C. B; LEITE, M. T. S. A prática da educação em saúde na
percepção dos usuários hipertensos e diabéticos. Saúde Debate, Rio de Janeiro, v. 38, n. 101,
p. 328-337, abr./jun. 2014.
CARVALHO FILHA, F. S. S; NOGUEIRA, L. T; MEDINA, M. G. Avaliação do controle de
hipertensão e diabetes na tenção básica: perspectiva de profissionais e usuários. Saúde
Debate, Rio de Janeiro, v. 38, n. Especial, p. 265-278, out. 2014.
FILHA, F.S.S.C.; NOGUEIRA, L.T.; MEDINA, M.G. Avaliação do controle de hipertensão e
diabetes na atenção básica: perspectivas de profissionais e usuários. Saúde e Debate, Rio de
Janeiro, v. 38, 2014.
FRANCO, V. S. et al. Automonitorização da glicemia capilar no domicílio. Cienc Cuid
Saude. v. 7, n. 1, p. 121-127, jan./ mar. 2008.
GIL, A.C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2010.
SANTOS, E. C. et al. A efetivação dos direitos dos usuários de saúde com diabetes mellitus:
co-responsabilidade entre poder público, profissionais de saúde e usuários. Texto Contexto-
Enfermagem, Florianópolis, v. 20, n. 3, p. 461-70. jul./set. 2011.
SCHMIDT, M.I. et al. Chronic non communicable dieases in Brazil: burden and current
challenges. Lancet. v. 377, n. 9781, 2011.
SILVA, A. S. B. et al. Avaliação da atenção em diabetes mellitus em uma unidade básica
distrital de saúde. Texto Contexto - Enfermagem, Florianópolis, v. 20, n. 3, p. 512-518,
jul./set, 2011.
SUMITA, N. M; ANDRIOLO, A. Importância da hemoglobina glicada no controle do
diabetes mellitus e na avaliação de risco das complicações crônicas . J Bras Patol Med Lab.
v. 44, n. 3, p. 169-174, jun. 2008.
TEIXEIRA, C. R. S. et al. Automonitorização da glicemia capilar no domicílio: revisão
integrativa da literatura. Rev. Eletr. Enf. v. 11, n. 4, p. 1006-1017, 2009. Disponível em: <
https://www.fen.ufg.br/fen_revista/v11/n4/pdf/v11n4a27.pdf>. Acesso em: 29 jun. 2015.
VERAS,V.S. et al. Autocuidado de pacientes inseridos em um programa de
automonitorização da glicemia capilar no domicílio. Rev Gaúcha Enferm. v. 34, n.4, p. 42-
48. 2014.

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Plano de intervenção sobre automonitorização da glicemia

  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ UNIVERSIDADE ABERTA DO SUS (UNA-SUS) - NÚCLEO DO CEARÁ NÚCLEO DE TECNOLOGIAS EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA EM SAÚDE CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM SAÚDE DA FAMÍLIA FERNANDO MÁRCIO CAPANEMA PEREIRA PLANO DE INTERVENÇÃO EDUCATIVO SOBRE A AUTO-MONITORIZAÇÃO DA GLICEMIA CAPILAR DE PACIENTES COM DIABETES MELLITUS FORTALEZA 2015
  • 2. FERNANDO MÁRCIO CAPANEMA PEREIRA PLANO DE INTERVENÇÃO EDUCATIVO SOBRE A AUTO-MONITORIZAÇÃO DA GLICEMIA CAPILAR DE PACIENTES COM DIABETES MELLITUS Trabalho de Conclusão de Curso submetido à Coordenação do Curso de Especialização, Pesquisa e Inovação em Saúde da Família, modalidade semipresencial, Universidade Aberta do Sus (Una-SUS) - Núcleo Do Ceará, Núcleo de Tecnologias em Educação a Distância Em Saúde, Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do Título de Especialista. Orientador: Profº. Ms. Adriana Sousa Carvalho de Aguiar FORTALEZA 2015
  • 3. FERNANDO MÁRCIO CAPANEMA PEREIRA PLANO DE INTERVENÇÃO EDUCATIVO SOBRE A AUTO-MONITORIZAÇÃO DA GLICEMIA CAPILAR DE PACIENTES COM DIABETES MELLITUS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Coordenação do Curso de Especialização em Saúde da Família, modalidade semipresencial, Universidade Aberta do SUS (Una-SUS) - Núcleo Do Ceará, Núcleo de Tecnologias em Educação a Distância Em Saúde, Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do Título de Especialista. Aprovado em: __/___/___ BANCA EXAMINADORA _____________________________________ Profº Ms Adriana Sousa Carvalho de Aguiar Faculdade Integrada da Grande Fortaleza _____________________________________ Profº. Dra. Monaliza Ribeiro Mariano Centro Universitário Estácio do Ceará ____________________________________ Profº Ms Aline Tomaz de Carvalho Universidade Federal do Ceará
  • 4. RESUMO O diabetes Mellitus (DM) é uma condição crônica complexa em razão dos múltiplos fatores envolvidos no tratamento. É considerado um importante problema de saúde pública, em razão do número de pessoas afetadas, das incapacidades geradas, mortalidade prematura, como também dos custos envolvidos no controle e tratamento de suas complicações. Uma questão importante na educação em diabetes é a monitorização do controle glicêmico, recomendado como parte fundamental do tratamento. Um rígido controle glicêmico é um fator preponderante na prevenção das complicações crônicas ou no retardo da sua progressão. Objetivou-se elaborar um plano de intervenção sobre a automonitorização da glicemia capilar no domicílio para pacientes com diabetes mellitus; verificar a realização de automonitorização da glicemia capilar no domicílio pelas pessoas com diabetes que são acompanhadas por uma Unidade Básica de Saúde em Fortaleza- Ceará; caracterizar a população do estudo segundo as variáveis sóciodemográficas e clínicas e realizar ações educativas. Trata-se de um estudo pesquisa-ação, que será realizada por profissionais de uma Unidade de Saúde da Família. O projeto de intervenção ocorrerá durante um período de 5 meses, de agosto a dezembro de 2015, mediante a realização de 5 oficinas, com encontros mensais, nas quais se investigará os dados sobre o perfil sócio demográfico e clínico; a realização ou não da automonitorização da glicemia capilar no domicílio pelas pessoas com diabetes e a realização de atividades educativas com os seguintes tópicos: fatores de risco e complicações da doença; como atingir as metas para o controle da doença, informações sobre o tratamento medicamentoso, orientações sobre a importância da automonitorização da glicemia. Pretende-se com a aplicação desse projeto de intervenção que a comunidade aumente seu nível de informação sobre o manejo do diabetes e assim obtenha maior subsídio para seu autocuidado; reduzir os pacientes que chegam ao consultório com níveis glicêmicos descompensados; aumentar o número de pessoas que realizam a automonitorização da glicemia capilar no domicílio e contribuir para a obtenção de um controle dos níveis glicêmicos de forma mais satisfatória. Palavras-chave: Diabetes Mellitus. Automonitorização da Glicemia. Promoção da Saúde.
  • 5. ABSTRACT The diabetes mellitus (DM) is a complex chronic condition because of multiple factors involved in the treatment. It is considered a major public health problem, because of the number of people affected, the generated disabilities, premature mortality, as well as the costs involved in controlling and treating its complications. An important issue in diabetes education is the monitoring of glycemic control, recommended as part of their treatment. Tight glycemic control is a major factor in preventing chronic complications or delay its progression. The objective was to draw up an action plan on the self-monitoring of blood glucose at home for patients with diabetes mellitus; checking implementation of self- monitoring of blood glucose at home by people with diabetes who are accompanied by a Basic Health Unit in Fortaleza Ceara; characterize the study population according to sociodemographic and clinical variables and carry out educational activities. It is a study action research, which will be held by professionals of the Family Health Unit. The intervention project will take place over a period of five months, from August to December 2015, by conducting five workshops, with monthly meetings in which to investigate the data on the demographic and clinical social profile; and whether or not the self-monitoring of blood glucose at home by people with diabetes and conducting educational activities with the following topics: risk factors and complications of the disease; how to achieve the targets for disease control, information about drug treatment, guidelines on the importance of self- monitoring of blood glucose. It is intended to give effect to this intervention project that the community increase their level of information on the management of diabetes and so gain greater subsidy for self-care; reduce patients who come to the office with decompensated glucose levels; increase the number of people who perform self-monitoring of blood glucose at home and contribute to the achievement of a control of blood glucose levels in a more satisfactory way. Keywords: Diabetes Mellitus. Self-monitoring of blood glucose. Health Promotion.
  • 6. LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS AADE Associação Americana de Educadores em Diabetes ADA American Diabetes Association AMGC Automonitorização da Glicemia Capilar DM Diabetes Mellitus DM1 Diabetes Mellitus tipo 1 DM2 Diabetes Mellitus tipo 2 HAS Hipertensão Arterial Sistêmica SIAB Sistema de Informação da Atenção Básica
  • 7. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO......................................................................................................... 7 2 PROBLEMA .............................................................................................................. 9 3 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA...................................................................... 10 4 OBJETIVO GERAL................................................................................................. 11 4.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS................................................................................... 11 5 REVISÃO DE LITERATURA.................................................................................. 12 6 METODOLOGIA...................................................................................................... 14 7 CRONOGRAMA ..................................................................................................... 16 8 RECURSOS NECESSÁRIOS................................................................................... 17 9 RESULTADOS ESPERADOS.................................................................................. 18 REFERÊNCIAS............................................................................................................ 19
  • 8. 7 1 INTRODUÇÃO O Diabetes Mellitus (DM) é uma condição crônica complexa em razão dos múltiplos fatores envolvidos no tratamento. É considerado um importante problema de saúde pública, em razão do número de pessoas afetadas, das incapacidades geradas, mortalidade prematura, como também dos custos envolvidos no controle e tratamento de suas complicações. O tratamento requer intervenção de equipe multiprofissional de saúde, com o objetivo não só de atingir a normoglicemia, mas também de manter o controle dos fatores de risco que concorrem para morb-mortalidade da doença (VERAS et al., 2014). No Brasil, 12,4 milhões de pessoas foram acometidas por DM no ano de 2011, e a previsão é de que este número aumente para 19,6 milhões até 2030. Dentre os tipos de DM, o tipo 2 compreende 90% dos agravos presentes no mundo e está intimamente relacionado com o excesso de peso e o sedentarismo (SCHMIDT et al., 2011). Desse modo, percebe-se que o Diabetes Mellitus tem, atualmente, alta prevalência no Brasil e no mundo, sendo fundamental, para seu tratamento e prevenção das complicações, que os profissionais de saúde e os clientes diabéticos tenham acesso as informações e as formas de monitoramento dessa doença. O DM está relacionado a um grande número de co-morbidades, cujo desenvolvimento e evolução encontram-se associados ao controle das taxas glicêmicas. Entre os parâmetros laboratoriais frequentemente utilizados para nortear as decisões terapêuticas voltadas ao controle glicêmico do DM, tem-se a medida da glicemia de jejum, a frutosamina e a hemoglobina glicada. A automonitorização de glicemias capilares realizadas em glicosímetros de uso domiciliar é, por sua vez, um excelente recurso utilizado para retratar as flutuações glicêmicas ao longo do dia, sendo uma ferramenta bastante utilizada no acompanhamento dos pacientes com DM em esquema de tratamento intensivo, especialmente naqueles sob uso de múltiplas doses diárias de insulina (VERAS et al., 2014). Em 29 de setembro de 2007, entrou em vigor a Lei Federal nº 11.347/06, que dispõe sobre a distribuição gratuita de medicamentos e insumos necessários à aplicação de insulina e à monitorização da glicemia capilar aos usuários acometidos pela doença e inscritos em programas de educação em diabetes. A Portaria nº 2.583/07 definiu o elenco de medicamentos e insumos disponibilizados aos usuários com DM, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SANTOS et al., 2011).
  • 9. 8 Entretanto, para que os direitos do usuário com DM, previstos na legislação, sejam assegurados, é necessário sua divulgação de modo a torná-los conhecidos pela população e profissionais de saúde. A glicemia capilar, realizada com amostras coletadas em ponta de dedo, no monitoramento do Diabetes Mellitus, é um grande avanço sendo imprescindível ao controle do diabetes mellitus tipo 1 e de substancial importância na avaliação do paciente diabético tipo 2. O tratamento das diversas formas do DM baseia-se na realização de intervenções clínicas e educativas. A assistência direciona-se à terapia nutricional, à atividade física regular, aos esquemas terapêuticos farmacológicos, à automonitorização da glicemia capilar e à educação em saúde (TEIXEIRA et al., 2009). Uma questão importante na educação em diabetes é a monitorização do controle glicêmico, recomendado como parte fundamental do tratamento. Estudos apontam que um rígido controle glicêmico é um fator preponderante na prevenção das complicações crônicas ou no retardo da sua progressão (FRANCO et al., 2008). A monitorização da glicemia capilar é primordial para direcionar as ações que envolvem o tratamento do diabetes. Os resultados obtidos permitem reavaliar a terapêutica instituída mediante os ajustes de doses de insulina, da dieta e da atividade física (TEIXEIRA et al., 2009). Um dos desafios da Estratégia Saúde da Família é controlar tais doenças crônicas, dentre elas Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e o Diabetes Mellitus (DM). Os profissionais de saúde atuantes na Estratégia Saúde da Família devem programar e implementar atividades de investigação e acompanhamento dos usuários com diabetes. O HiperDia constitui um sistema de cadastramento e acompanhamento de hipertensos e diabéticos, em que os profissionais são responsáveis pelo monitoramento dos pacientes, pela geração de informação para aquisição, dispensação e distribuição de medicamentos regular e continuamente (ALMEIDA; MOUTINHO; LEITE, 2014). Portanto, as equipes de saúde da família necessitam incorporar habilidades educativas, imprescindíveis ao desenvolvimento de um processo de trabalho. E para que as práticas educativas em saúde tenham impacto no modo de vida da população, em suas condições de saúde, estas devem ser de qualidade, ser condizentes com a realidade da comunidade e garantir uma relação significativa entre o profissional e a clientela.
  • 10. 9 2 PROBLEMA A realidade observada pela equipe que assiste os pacientes diabéticos de uma Unidade Básica de Saúde em Fortaleza- CE chama a atenção para o elevado número de pacientes em descompensação ou em risco de descompensação dos níveis glicêmicos. Segundo dados do Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB) cerca de 19,5%, da população da área é portadora de diabetes tipo 2. Nas consultas ambulatoriais e visitas domiciliárias foi constatado pelos profissionais que a maioria dos pacientes diabéticos dessa unidade não realizavam a monitorização glicêmica preconizada pela American Diabetes Association (ADA), a qual orienta que todo paciente diabético tipo I e mulheres grávidas deveria monitorizar os níveis glicêmicos três ou mais vezes ao dia e no caso de pessoas com Diabetes Mellitus tipo II a realização de testes suficientes para atingir as metas de controle metabólico. Ressalta-se ainda, que apenas os pacientes portadores de Diabetes Mellitus insulinodepedentes acompanhados nessa referida unidade, eram comtemplados de maneira gratuita pelo Governo Federal com o recebimento de aparelho glicosímetro e de fitas-teste. Entretanto, aqueles pacientes diabéticos, os quais ainda não utilizavam tratamento a base de insulina, não tinham como fazer esta monitorização e estavam em risco de descompensação metabólica. Considerando os benefícios da monitorização da glicemia capilar na prevenção de complicações geradas pelo diabetes, este estudo buscou responder às seguintes questões norteadoras: Os pacientes com diabetes que são acompanhados por uma Unidade Básica de Saúde em Fortaleza-CE realizam automonitorização da glicemia capilar? O plano de intervenção que se pretende realizar contribui para a aquisição de orientações e obtenção no controle do diabetes?
  • 11. 10 3 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA O presente estudo é oriundo da observação situacional da população adscrita de uma Unidade Básica de Saúde em Fortaleza-CE, no qual se percebeu uma significativa parcela de 19,5% diagnosticada com Diabetes Mellitus tipo 2, com a doença descompensada, com déficit de informações acerca das formas de controle, de suas complicações e da automonitorização da glicemia capilar no domicílio. A automonitorização da glicemia capilar é considerada parte integrante do conjunto de intervenções em Diabetes Mellitus e componente essencial de uma efetiva estratégia terapêutica para o controle adequado da doença. A automonitorização da pessoa com diabetes do tipo 2 é tão importante quanto a do tipo 1, para determinação do grau de controle das glicemias pré e pós-prandiais, além de constituir um valioso recurso educativo para a pessoa. No entanto, mesmo reconhecendo que a automonitorização da glicemia capilar é parte fundamental do tratamento, muitas pessoas com DM, por razões de ordem econômica, social ou psicológica, não realizam a automonitorização. A falta de conhecimento ou atitudes negativas acerca da doença são alguns dos aspectos que dificultam a realização da automonitorização. Além disso, muitas instituições públicas e privadas de assistência à pessoa com DM ainda não disponibilizam monitores de glicemia e tiras reagentes para essa prática no domicílio. O plano de intervenção a que se propõe esse estudo consiste em estratégias educativas de estímulo ao controle glicêmico, de informações e orientações à clientela com diabetes que é assistida na referida unidade de saúde.
  • 12. 11 4 OBJETIVO GERAL Elaborar um plano de intervenção sobre a automonitorização da glicemia capilar no domicílio para pacientes com diabetes mellitus. 4.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS a) Caracterizar a população do estudo segundo as variáveis sóciodemográficas, clínicas e à automonitorização da glicemia capilar; b) Verificar a realização de automonitorização da glicemia capilar no domicílio pelas pessoas com diabetes que são acompanhadas por uma Unidade Básica de Saúde em Fortaleza- Ceará; c) Realizar ações educativas sobre o diabetes, formas de controle e os benefícios da monitorização da glicemia capilar na prevenção de complicações geradas pelo diabetes.
  • 13. 12 5 REVISÃO DE LITERATURA O Diabetes Mellitus (DM) é considerado uma das principais síndromes de evolução crônica que acometem o homem em qualquer idade, condição social e localização geográfica. É caracterizado por hiperglicemia e ocasionado por uma deficiência absoluta e/ou relativa de insulina, influenciando o metabolismo dos glicídios, proteínas, lipídios, água, vitaminas e, durante a sua evolução, na dependência do controle metabólico, podem advir complicações agudas e crônicas (CARVALHO FILHA; NOGUEIRA; MEDINA, 2014). As duas formas mais frequentes de DM são o Diabetes Mellitus tipo 1 (DM1) e o Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2), que correspondem a 5-10% e 85-90%, respectivamente, dos casos conhecidos. O DM1 caracteriza-se por uma deficiência severa de insulina e acomete predominantemente a criança e o adolescente. O DM2 está relacionado a anormalidades na ação da insulina associada à deficiência absoluta e/ou relativa de secreção desse hormônio. São consideradas pessoas com elevado risco para desenvolver DM2 aquelas com idade superior a 45 anos, obesas, sedentárias, mulheres com histórico obstétrico de perimortalidade ou abortamentos de repetição, presença de hipertensão arterial sistêmica (HAS), dislipidemias, doença vascular aterosclerótica anterior aos 50 anos, doença vascular, doença coronariana, usuárias de medicamentos hiperglicemiantes (corticosteróides betabloqueadores, tiazídicos) durante longos períodos (SUMITA; ANDRIOLO, 2008). Estudos recentes demonstraram que as pessoas com Diabetes Mellitus com um controle metabólico dentro de determinados limites (níveis de glicohemoglobina inferior a 1,2% do limite superior da normalidade para o método no DM1 e inferior a 1% no DM2) torna-se capaz de diminuir significativamente o desenvolvimento de complicações microangiopáticas (TEIXEIRA et al., 2009). A abordagem na educação em diabetes recomendada pela Associação Americana de Educadores em Diabetes (AADE) sugere a aplicação de oito medidas de avaliação comportamental na identificação da qualidade de um programa efetivo de educação em diabetes. Entre as medidas estão a automonitorização da glicemia capilar, atividades físicas regulares, mudança de hábitos alimentares, adaptação psicossocial, adesão ao tratamento medicamentoso, redução de risco das complicações crônicas, capacidade de lidar com episódios de hiperglicemia e hipoglicemia, manejo do diabetes em situações de outras doenças, viagens e situações especiais (ALMEIDA; MOUTINHO; LEITE, 2014). Dessa forma, compreender as facilidades e/ou dificuldades das pessoas com diabetes para a automonitorização da glicemia capilar no domicílio pode oferecer subsídios aos
  • 14. 13 profissionais de saúde para reorganizar a atenção à pessoa com diabetes, em atendimento aos princípios da integralidade do cuidado à saúde (FRANCO et al., 2008). A Automonitorização da Glicemia Capilar (AMGC) é considerada parte integrante do conjunto de intervenções em DM e componente essencial de uma efetiva estratégia terapêutica para o controle adequado da doença. Este procedimento permite à pessoa com DM avaliar sua resposta individual à terapêutica instituída, possibilitando também avaliar se as metas glicêmicas recomendadas estão sendo efetivamente atingidas. Além disso, a construção de um perfil glicêmico favorece conhecer as atitudes da pessoa com DM que podem contribuir para a apresentação de episódios de hipoglicemia ou hiperglicemia, assim como outras complicações da doença (TEIXEIRA et al., 2009). A obtenção do bom controle metabólico engloba a frequência apropriada de monitorização da glicemia capilar, terapia nutricional, atividade física regular, esquemas terapêuticos farmacológicos, informações acerca da prevenção e tratamento das complicações agudas e crônicas e avaliação periódica dos objetivos do tratamento. Dentre as intervenções para manutenção de um bom controle glicêmico e metabólico destaca-se a AMGC no domicílio. A literatura internacional corrobora a utilização da AMGC em pessoas com DM tipo 1 e DM tipo 2, em uso ou não de terapia com insulina e DM gestacional (SILVA et al., 2011). Estudos observacionais e clínicos, que utilizaram protocolos de investigação, e estudos de meta-análise acerca da importância da automonitorização glicêmica em pessoas com DM tipo 2 não usuários de insulina, mostram que esta prática está associada a melhoras nos níveis de HbA1c. Embora estudos adicionais sejam necessários para se estabelecerem frequências ideais de testes de glicemia, os estudos atualmente disponíveis podem ser utilizados para definir algumas recomendações na orientação das pessoas com DM e dos profissionais de saúde sobre a frequência da AMGC (FRANCO et al., 2008). A alta prevalência do diabetes promove grande demanda de utilização dos serviços de saúde para a prevenção e o controle da doença. A utilização de serviços de saúde pode causar impactos no portador de diabetes, prevenindo sua ocorrência e suas complicações e aumentando as taxas de sobrevivência dessa população. O serviço de saúde inclui programas de prevenção e cuidados sobre os riscos do diabetes, a vacinação para a promoção da saúde dessa população e o fornecimento de medicamentos (FILHA; NOGUEIRA; MEDINA, 2014).
  • 15. 14 6 METODOLOGIA Trata-se de um estudo do tipo pesquisa-ação por se tratar de uma pesquisa que visa a elaboração de um plano de intervenção. A pesquisa-ação é um tipo de pesquisa participante engajada. Como o próprio nome já diz, a pesquisa-ação procura unir a pesquisa à ação ou prática. É, portanto, uma maneira de se fazer pesquisa em situações em que também se é uma pessoa da prática e se deseja melhorar a compreensão desta. É também, quando houver uma ação por parte das pessoas implicadas no processo investigativo, visto partir de um projeto de ação social ou da solução de problemas coletivos e estar centrada no agir participativo e na ideologia de ação coletiva (GIL, 2010). O plano de intervenção que se pretende elaborar visa verificar a realização e orientar sobre a automonitorização da glicemia capilar na prevenção de complicações geradas pelo diabetes. Tal estratégia interventiva será realizada por profissionais de uma Unidade Básica de Saúde da Família do bairro Conjunto Ceará em Fortaleza-CE. CARACTERIZAR A UNIDADE. Participarão do estudo pacientes com diagnóstico clínico de Diabetes Mellitus, tanto tipo 1 como também tipo 2, assistidos na referida unidade de saúde. O projeto de intervenção ocorrerá durante um período de 5 meses, de agosto a dezembro de 2015, mediante a realização de 5 oficinas, com encontros mensais. Na primeira oficina ocorrerá a apresentação entre facilitadores e clientela, do plano de intervenção, dos objetivos e metas. Através do preenchimento de um formulário, dados sobre o perfil sócio demográfico e clínico serão obtidos: idade, sexo, estado civil, escolaridade e renda familiar; tipo de diabetes, medicamentos em uso para o DM, tempo de diagnóstico e presença de comorbidades. Também será investigada a realização ou não da automonitorização da glicemia capilar no domicílio pelas pessoas com diabetes, abordando dentre outros aspectos: quando realizam a automonitorização da glicemia capilar e a sua finalidade; interpretação dos valores da glicemia capilar de jejum e da pós-prandial e da hipoglicemia; e a conduta em situações de hiperglicemia e hipoglicemia. Nas oficinas posteriores, segunda, terceira, quarta e quinta, serão realizadas as atividades educativas. A estratégia de ensino utilizada será a discussão em grupo dos seguintes tópicos: como o corpo e o diabetes funcionam; fatores de risco e complicações da doença; como atingir as metas para o controle da doença, informações sobre o tratamento medicamentoso, orientações sobre a importância da automonitorização da glicemia e sobre a utilização das lancetas e/ou agulhas na automonitorização da glicemia capilar no domicílio para os pacientes que fazem uso dessa prática. Além disso, serão formados grupos de
  • 16. 15 intervenção com intuito de orientar os pacientes diabéticos que não realizam a automonitorização no domicílio a comparecerem à referida Unidade Básica de Saúde da Família com mais frequência, cerca de 3 a 4 vezes por semana para medirem sua glicemia capilar no glicosímetro da instituição, tanto em jejum, como após se alimentarem. Em todas as oficinas, os pacientes realizarão a medida da glicemia capilar no glicosímetro da instituição, tendo os valores registrados para acompanhamento. O estudo será encaminhado ao Comitê de ética e os participantes assinarão um termo de consentimento livre e esclarecido.
  • 17. 16 7 CRONOGRAMA Atividades 2015 Ago Set Out Nov Dez Ação 1: Apresentação do projeto do cronograma de atividades do plano de intervenção. Preenchimento de um formulário, dados sobre o perfil sócio demográfico e clínico; investigação da realização ou não da automonitorização da glicemia capilar no domicílio pelas pessoas com diabetes. X Ação 2: Atividades educativas parte I X Ação 3: Atividades educativas parte II X X X Ação 4: Atividades educativas parte III X Ação 5: Atividades educativas parte IV Encerramento das atividades propostas, socialização das experiências vividas, e avaliação das mudanças comportamentais ocorridas. X
  • 18. 17 8 RECURSOS NECESSÁRIOS RECURSOS NECESÁRIO RECURSOS MATERIAIS RECURSOS HUMANOS Cadeiras, mesas, recursos áudio visuais, salão de reunião; Médico; Papéis A4; canetas; folhetos informativos; Enfermeira; Material educativo impresso, banners, materiais impressos ilustrativos para demonstração; Auxiliar de Enfermagem; Glicosímetro; fitas reagentes. Agentes Comunitários de Saúde; Comunidade da Unidade Básica de Saúde, Fortaleza – CE.
  • 19. 18 9 RESULTADOS ESPERADOS Espera-se alcançar os seguintes resultados: que a comunidade aumente seu nível de informação sobre o manejo do diabetes e assim obtenha maior subsídio para seu autocuidado; reduzir em pelo menos 30% os pacientes que chegam ao consultório com níveis glicêmicos descompensados; aumentar em pelo menos 20% o número de pessoas com diabetes que realizam a automonitorização da glicemia capilar no domicílio e aumentar em pelo menos 30% da população diagnosticada com diabetes obtenham um controle seus níveis glicêmicos de forma mais satisfatória. É importante que a clientela com diabetes da comunidade assuma a responsabilidade de fazer o acompanhamento com mais frequência nas consultas na Unidade de Saúde como também na adesão ao tratamento. Dessa forma, espera-se também um aumento da adesão ao tratamento farmacológico e não farmacológico em pelo menos 30% dos diabéticos. Como também uma redução em pelo menos 30% dos diabéticos com a glicemia descompensada. Sensibilizar os gestores sobre a situação de descompensação glicêmica e de risco de complicações que se encontram os pacientes diabetes tipo 2 não insulinodependentes, e assim, estender também a essa clientela o fornecimento do glicosímetro e das fitas-teste. Além disso, espera-se que os pacientes com diabetes tipo 2 não insulinodependente procurem a unidade de saúde de forma mais rotineira, para realizar a monitorização da glicemia com mais frequência.
  • 20. 19 REFERÊNCIAS ALMEIDA, E. R; MOUTINHO, C. B; LEITE, M. T. S. A prática da educação em saúde na percepção dos usuários hipertensos e diabéticos. Saúde Debate, Rio de Janeiro, v. 38, n. 101, p. 328-337, abr./jun. 2014. CARVALHO FILHA, F. S. S; NOGUEIRA, L. T; MEDINA, M. G. Avaliação do controle de hipertensão e diabetes na tenção básica: perspectiva de profissionais e usuários. Saúde Debate, Rio de Janeiro, v. 38, n. Especial, p. 265-278, out. 2014. FILHA, F.S.S.C.; NOGUEIRA, L.T.; MEDINA, M.G. Avaliação do controle de hipertensão e diabetes na atenção básica: perspectivas de profissionais e usuários. Saúde e Debate, Rio de Janeiro, v. 38, 2014. FRANCO, V. S. et al. Automonitorização da glicemia capilar no domicílio. Cienc Cuid Saude. v. 7, n. 1, p. 121-127, jan./ mar. 2008. GIL, A.C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2010. SANTOS, E. C. et al. A efetivação dos direitos dos usuários de saúde com diabetes mellitus: co-responsabilidade entre poder público, profissionais de saúde e usuários. Texto Contexto- Enfermagem, Florianópolis, v. 20, n. 3, p. 461-70. jul./set. 2011. SCHMIDT, M.I. et al. Chronic non communicable dieases in Brazil: burden and current challenges. Lancet. v. 377, n. 9781, 2011. SILVA, A. S. B. et al. Avaliação da atenção em diabetes mellitus em uma unidade básica distrital de saúde. Texto Contexto - Enfermagem, Florianópolis, v. 20, n. 3, p. 512-518, jul./set, 2011. SUMITA, N. M; ANDRIOLO, A. Importância da hemoglobina glicada no controle do diabetes mellitus e na avaliação de risco das complicações crônicas . J Bras Patol Med Lab. v. 44, n. 3, p. 169-174, jun. 2008. TEIXEIRA, C. R. S. et al. Automonitorização da glicemia capilar no domicílio: revisão integrativa da literatura. Rev. Eletr. Enf. v. 11, n. 4, p. 1006-1017, 2009. Disponível em: < https://www.fen.ufg.br/fen_revista/v11/n4/pdf/v11n4a27.pdf>. Acesso em: 29 jun. 2015. VERAS,V.S. et al. Autocuidado de pacientes inseridos em um programa de automonitorização da glicemia capilar no domicílio. Rev Gaúcha Enferm. v. 34, n.4, p. 42- 48. 2014.