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Aparecida de Lourdes Perim

Memorial Descritivo
Apresentado para avaliação do Departamento de Patologia, Análises Clínicas e
Toxicológicas visando a progressão a Professor Associado

Universidade Estadual de Londrina
2013
MEMORIAL DESCRITIVO APRESENTADO PARA OBTENÇÃO
DE TÍTULO DE PROFESSOR ASSOCIADO JUNTO À
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA

Banca:
Prof. Dra. Edna Maria Vissoci Reiche – UEL
Prof. Dra. Marcia Eches Perugini – UEL
Profa. Dra. Nilce Marzolla Ideriha - CESUMAR
“Nada existe de permanente a não ser a mudança”
(Heráclito de Éfeso)
Em nome de Deus
SUMÁRIO
1. APRESENTAÇÃO.........................................................................................................

6

2. MINHA
ORIGEM............................................................................................................

6

3. INÍCIO DOS
ESTUDOS.................................................................................................

6

4. IV TURMA DE FARMÁCIA E BIOQUÍMICA NA UEL.................................................... 10
5. CAPACITAÇÃO E VIDA
PROFISSIONAL.....................................................................

11

6. DOCENTE DA DISCIPLINA DE EXAMES HEMATOLÓGICOS DA UEL..................... 12
7. ESPECIALIZAÇÃO........................................................................................................ 13
8. ADMINISTRAÇÃO I....................................................................................................... 14
9. MESTRADO.................................................................................................................. 15
10. LABORATÓRIO CIÊNCIA........................................................................................... 17
11 ADMINISTRAÇÃO II..................................................................................................... 18
12. ESPECIALIZAÇÃO II................................................................................................... 23
13. ADMINISTRAÇÃO III................................................................................................... 23
14. DOUTORADO............................................................................................................. 26
15. CONSIDERAÇÕES
FINAIS.........................................................................................

27

16. CURRICULUM LATTES.............................................................................................. 29
6

1 APRESENTAÇÃO

Escrever um memorial quando as atividades são concomitantes é um
tanto complicado, e é pior ainda para o leitor. Portanto, como vocês poderão
constatar, minha vida de autêntica geminiana se pautou, na maioria das vezes,
no mínimo pela duplicidade de ações. Os fatos descritos fazem parte da
maioria dos acontecimentos importantes da minha vida e julguei que deveria
relatá-los para que os senhores compreendam muitas atitudes diante da minha
vida acadêmica.
2 MINHA ORIGEM
Nasci em 17 de junho de 1953 às 15:00h em casa. Sou a primogênita de
5 irmãos e minha mãe conta que dei muito trabalho para nascer. A parteira que
a assistiu, chamada D. Assunta, verificando que o trabalho de parto estava
complicado, comunicou aos meus pais que deveria dar um nome à criança e
que meu nome seria Aparecida devido a promessa que ela teria feito ali na
hora do parto. Meu primo se chama Antonio, nome também dado pela parteira.
Ela devia ser devota de Nossa Senhora de Aparecida e de Santo Antonio.
Ainda bem que não foi Assunta, nem Iolanda o nome que meu pai teria
escolhido. Para eu ficar mais santa meu pai completou com o: de Lourdes. Por
muito tempo odiei meu nome e falava para minha mãe que queria trocá-lo, mas
o tempo se passou e como me chamam de Perim pouco me lembro que sou
Aparecida de Lourdes. Fui criada livre e solta subindo em árvores e com direito
a todas as artes possíveis, uma vida numa família de italianos, amorosos e
contidos.
7

3 INÍCIO DOS ESTUDOS
Minha vida de estudante iniciou-se no ano de 1959 em uma escola
municipal chamada Arthur Thomas, pertinho do sítio “Água Mineral” onde eu
morava com meus pais Moysés e Adelma e meus irmãos Rui e Sérgio. Meu
irmão Waldyr nasceu em 1960. Eu ia a pé para escola com um funcionário do
meu pai chamado Landinho que me levava pacientemente. Quando chovia
meu pai me levava. Lembro-me que já de início fui colocada na primeira série
C, porque meus pais já haviam me ensinado o abecedário e alguns números.
A escola só tinha uma sala e ficávamos separados em várias turmas
com o professor Zezinho e sua esposa Elvira que cuidavam da molecada. Eu já
era muito divertida e fazia várias peripécias, correndo atrás da meninada no
recreio. Muitas vezes esquecia minha bolsa em casa e só ia para a escola com
a lancheira, levava bronca e morria de vergonha. Outro fato de que me lembro
é que era muito magrinha e de vez em quando as abelhas do sítio me picavam,
meu rosto inchava e quando chegava na escola o professor me chamava de
“Maria Gordinha”. Eu odiava!
Terminei a quarta série com 9 anos e fui para casa dos meus avós
paternos, Virginio e Gertrudes, para fazer a Admissão ou seja, um preparatório
para entrar no Ginasial, entrei no IEL – Instituto de Educação Londrinense.
Meus avós moravam na Rua Pará e eu ia sozinha para o colégio. Lembro-me
que na sala que eu estudava a molecada era “infernal” e faziam guerra de
papelzinho, o inspetor vivia lá, para cuidar. Eu era muito ingênua e me lembro
que a professora de português pediu para lermos um livro e fazer um resumo.
Eu pedi então a meu pai que comprasse um livro e ele comprou “A Moreninha”
de Joaquim Manuel de Macedo ou Helena de Machado de Assis. Comecei a ler
e achei muito complicado, então resolvi escrever no papel almaço onde
fazíamos os trabalhos, a estória da gata borralheira. Pedi a minha tia Laura que
me ajudasse e ela desenhou a gata borralheira e eu pintei, achei que ficou
muito lindo! No dia da entrega do trabalho eu me esqueci de levar e tive que
sair na hora do recreio que nem uma louca para buscá-lo. Lembro-me do dia
em que a professora entregou as notas, naquele papel almaço veio escrito:
“ZERO, não foi isto que eu pedi”. Acho que foi a minha primeira decepção!
No ano seguinte meu pai me colocou no Colégio Mãe de Deus em
regime de internato. Minha primeira noite ali não foi fácil, chamava a minha
8

mãe em sonhos a noite inteira. Foi nesta época que nasceu minha irmã
Solange, que eu sonhava muito em ter, mas não pude curtir muito, pois só ia
para casa uma vez por mês. Mas fui me acostumando com a rotina e fiz ali
muitas amigas. Estudei piano, fiz aulas de pintura, bordado e culinária.
Acordávamos com os sininhos tocando, rezávamos, arrumávamos as camas,
íamos para o refeitório e rezávamos, íamos para a aula e rezávamos antes de
começar e no final, para cada atividade tínhamos que rezar. Nunca rezei tanto!
Só podia ir para casa no final de semana e se as notas fossem boas. Eu era
muito boa em matemática, só tirava notas boas, até que apareceu uma freira,
professora, substituindo a antiga professora que havia saído do colégio. Tirei
nota baixa e não pude ir para casa, chorei muito, mas no outro mês já
recuperei.
Lembro-me de que as meninas que não eram internas iam com as saias
mais curtas que a nossa. Usávamos camisa branca, saia plissada azul-marinho
abaixo dos joelhos, meias brancas três quartos e sapatos pretos. Um dia
enrolei minha saia para ficar bem mais curta e a irmã Maria, brava que só, veio
e deu um puxão para desenrolá-la, mas eu não me dei por vencida enrolava a
saia de novo e ficava cuidando se a freira estava por perto. Tive aula de
francês e minha professora vinha com sapato de salto e meia soquete, era
muito diferente. Sempre tive dificuldade de falar em público e nas aulas de
seminários eu chorava, algo que ainda faço nos dias atuais.
No colégio ajudávamos a preparar a festa de Corpus Christi enfeitando
as ruas, fazíamos hóstias para as missas e tínhamos que tomar cuidado para
não queimá-las. Em algumas datas comemorativas desfilávamos pela cidade
com nosso uniforme de gala: camisa de mangas compridas e um chapéu de
feltro branco na cabeça, que os meninos chamavam de cata ovo, eu odiava
usá-lo!
Em junho preparávamos a festa junina, ficávamos nas barraquinhas e
era quando entrávamos em contato com as pessoas externas, principalmente
para ver os meninos. Eu era extremamente tímida, quando alguém me
apresentava um menino eu ficava vermelha igual a uma cereja.
Fui pela primeira vez a uma festa, era de 15 anos da minha amiga, Maria
das Graças, na cidade de Apucarana e no outro dia durante a tarde adormeci
na banheira do colégio e todas as internas pensaram que eu havia morrido,
9

tiveram que chamar a freira responsável para abrir a porta. Acordei com a irmã
chamando “Perim?” (naquela época já me chamavam pelo sobrenome) e todo
mundo me olhando, passei a maior vergonha!
No ano de 1967, saí do internato e vinha com meu pai do sítio para o
colégio. Muitas vezes chovia e sempre que passávamos por uma ponte meu
pai tinha que parar para eu atravessar a ponte a pé porque tinha medo que a
camionete caísse no rio. Por isso, muitas vezes cheguei ao colégio com o pé e
as meias sujos de barro.
Mudamos para a cidade no dia 01/05/1967, na casa onde, por
usucapião, continuo morando.
Nesta época já havia saído do internato e ia para o colégio com minha
amiga Fernanda que morava bem pertinho de casa e ia contando minhas
estórias e piadas pelo caminho e ríamos tanto que um dia urinamos na rua.
Sempre fui muito alegre e curiosa e queria sempre aprender tudo que
aparecia pela frente. Fiz curso de culinária, aprendi a fazer crochê, mas
datilografia não.
Estudei o científico no Colégio Londrinense. Era uma aluna nível médio
e que gostava muito de festas! No terceiro ano fui para o Colégio Canadá e lá
concluí o ensino médio.
Prestei vestibular para o curso de Medicina na UEL e passei na terceira
opção em Ciências Biológicas que funcionava onde atualmente é o prédio do
curso de Odontologia. No inicio era tudo muito novo, mas não era o que eu
queria.
Conheci na faculdade uma amiga, Neusa Franchini, que desistiu do
curso e me chamou para fazer cursinho a noite no colégio universitário e lá fui
eu. Estudávamos bastante e passeávamos também! Ela trazia papel de
embrulhar pão, pois o pai tinha uma mercearia e escrevíamos nossos
rascunhos, um monte deles, nestes papéis. Hoje não consigo falar sem estar
com um papel e caneta por perto, talvez devido a esta época! Prestei
novamente vestibular para o curso de Medicina e mais uma vez não fui
aprovada, mas como na época uma amiga, Cida Morini, havia me falado sobre
um curso novo de “laboratório” com o nome de Farmácia e Bioquímica que era
muito legal, eu o coloquei entre as minhas opções e fui aprovada. Na época
estava em dúvida se fazia a matrícula ou não, e meu pai, um italiano
10

conservador, deu seu parecer: “acho que para mulher este curso está bom” e
então me matriculei.

4 IV TURMA DE FARMÁCIA E BIOQUÍMICA NA UEL
O primeiro ano na UEL foi duro, aulas com os cursos de Medicina,
Odontologia, Biologia e Biomedicina, na maioria das vezes no anfiteatro
Pinicão com muitos alunos e com professores que usavam microfones. Várias
provas foram aplicadas lá. Durante todo o curso fiquei para exame em duas
disciplinas: bioestatística e físico-química. Aprendi a gostar de química com a
ajuda de uma amiga ainda no cursinho, Elizabeth Simeão, que cursou
medicina. Com isso, química também se tornou o meu forte assim como já era
biologia. Estive sempre muito envolvida em organizar festas e reuniões de
estudos na minha casa. No terceiro ano comecei a gostar mais do curso, pois
era prático e voltado à profissão. Neste período meu irmão, Rui, namorava uma
menina a qual o médico havia receitado injeções endovenosas de fortificante e
ele prontamente ofereceu a irmã, eu no caso, para prestar este favor. Na época
só tinha treinado, ou melhor, aplicado uma injeção endovenosa em uma amiga
na aula prática. Mas não titubeei, fui lá e fiz o papel de farmacêutica experiente.
Envolvi-me bastante durante o curso, fui representante de alunos no colegiado,
participei e organizei cursos e congressos, mas continuava chorando durante
os seminários!
No segundo semestre do quarto ano eu era responsável por uma
farmácia, pois já havia terminado o curso de Farmácia e cursava a Habilitação
em Análises Clínicas. As aulas eram no prédio da Odontologia no centro, e as
atividades práticas no Hospital Universitário na Rua Alagoas. Lembro-me
principalmente dos setores de Bioquímica e Hematologia onde ficávamos, além
do tempo normal da aula, ajudando na rotina. Participava também de um
projeto de extensão do curso, em Paiquerê, onde experimentávamos todas as
oportunidades que nos eram oferecidas, tais como: colheita de material
biológico e realização de exames parasitológicos. A convivência da nossa
equipe era muito divertida.
11

Fui aprovada em um concurso interno para atuar como aluna
plantonista no Hospital Universitário em troca da mensalidade do curso, que
naquela época era pago. Fizemos a mudança do laboratório do HU da Alagoas
para o HU no endereço atual. Formei-me em 19 de dezembro de 1975 e recebi
a medalha de honra ao mérito do Conselho Regional de Farmácia por ter sido a
melhor aluna.
Organizei a festa de formatura junto com minhas amigas Regina M
Borsato, hoje docente da disciplina de Microbiologia e Regiane Maria Crippa, já
falecida.
5 CAPACITAÇÃO E VIDA PROFISSIONAL
Formada, parti para São Paulo com minhas amigas Aparecida Rondem
e Regiane Crippa para cumprir estágio no Hospital do Servidor Público
Estadual. Morávamos em uma pensão, e logo que começamos o estágio surgiu
o convite para darmos aula para técnicos de laboratório no período noturno. E
lá foi o primeiro contato com o ensinar.
A Cidinha teve que abandonar porque o pai adoeceu e a Regiane
porque tinha que trabalhar e eu terminei sozinha o estágio. Aprendi muito e saí
com uma boa experiência em coleta de materiais biológicos.
Em 1976 prestei prova de especialidade pela Sociedade Brasileira de
Análises Clínicas e recebi o título de Especialista em Análises Clínicas.
Em Londrina tentei arrumar emprego em laboratório, porém só consegui
em Farmácia. Na verdade, na época emprestávamos o nome e pouco fazíamos
dentro de uma farmácia.
No final de 1976, fui contratada para trabalhar no Laboratório Dra
Eresvita Bettoni Bortolloti na Rua Espírito Santo. Uma veterana minha, Maria
Amélia, trabalhava lá e estava saindo. A Dra Eresvita e a Maria Amélia
estavam organizando a mudança do laboratório para a nova sede na Rua
Souza Naves e eu ficava no Laboratório antigo praticamente sozinha. Ela tinha
convênio com um zoológico da cidade - pois é, já tivemos um zoológico em
Londrina - e eu com um olho no microscópio e outro num atlas veterinário
tentava descobrir os parasitas, que experiência!
12

A maioria dos exames era de Bioquímica onde as leituras eram
realizadas em um fotocolorímetro. Também realizávamos hemogramas e um
número considerável de parasitológicos.
Pela manhã eu ajudava a Marlene (uma técnica experiente do
laboratório) na coleta. Esta vida é mesmo muito interessante, em 2010 a minha
filha Isadora cursava arquitetura e ficou amiga de uma neta da Marlene, a
Danhara. Bom, voltando ao laboratório, de manhã eu e a Marlene colhíamos
sangue e outros materiais, depois eu entrava na rotina, realizando os exames.
No final da tarde, quando eu saia do laboratório e chegava em casa, fechava
os olhos e aqueles ovos e larvas de parasitas não saiam da minha cabeça, pois
os parasitológicos eram realizados à tarde e eram muitos! Vivi muitas
experiências interessantes, montei o setor de microbiologia, fiz todas as curvas
de calibração em um espectofotômetro novo, enfim, pude aprender e exercer
de fato minha profissão.
No início do ano de 1978 me casei e no mesmo ano uma professora da
disciplina de Hematologia, profª Roza Hara Manaka, foi ao laboratório onde eu
trabalhava me convidar para prestar concurso na disciplina de Hematologia.
Recebi o convite com surpresa, alegria e preocupação, pois eu nunca tinha
imaginado ser professora. Na verdade, eu dizia quando me formei: faço
qualquer coisa menos ser professora! A Rozinha pediu para que eu
acompanhasse pelo jornal, pois o edital do concurso iria ser publicado.
No final do mês de novembro de 1978 descobri com imensa felicidade
que estava grávida do meu filho Luiz Antonio, e pensei que não daria mais para
fazer o concurso. O tempo passou, vieram as férias e eu fui para a praia em
Itapema-SC, descansar. Naquela época o jornal chegava às praias dois dias
após ser publicado. Um dia pela manhã eu estava bela e formosa tomando um
solzinho, quando meu ex-marido, veio com o jornal e me falou: o edital do
concurso na UEL já foi publicado e o sorteio do ponto da tua prova é amanhã
pela manhã. Liguei para o departamento e o chefe, na época o professor José
Luis Ketzer, confirmou que o concurso estava aberto. Saí correndo, arrumei
minhas coisas e viajei o dia inteiro para chegar a Londrina e no outro dia de
manhã fui sortear o ponto. Preparei a aula “Interpretação do Hemograma” em
transparências, tomei um calmante porque eu não podia chorar, e fui dar a
aula. Fizeram parte da minha banca a professora Roza Hara Manaka, o
13

professor Alair Berbert e o professor José Luiz Ketzer de Souza. Éramos dois
candidatos. Saiu o resultado e eu havia passado! Pedi demissão do laboratório
e no dia 07 de março de 1979 iniciei minha nova carreira.
6 DOCENTE DA DISCIPLINA DE EXAMES HEMATOLÓGICOS DA UEL
Não me lembro como cheguei, o que aconteceu e nem como foi minha
primeira aula. Só me lembro que assistia as aulas da professora Rozinha, hoje
madrinha de batismo da minha filha Adelma. Ministrava algumas aulas práticas
e logo no início dividimos as aulas, e entres estas assumi as aulas de
Interpretação do Hemograma e Leucemias que foram as quais eu mais me
destaquei e aprimorei como docente de Hematologia. Lembro-me que eu
preparava as aulas em umas fichas que eram para usar como lembrete. Um
belo dia perdi as fichas e me vi louca, então comecei a preparar as aulas em
um caderno. Como eu já comentei que quando ia pra escola eu esquecia
minha bolsa em casa e só levava a lancheira, também perdi o caderno, pois o
coloquei no teto do carro, e fui embora...
Bom depois deste tempo eu já estava preparada e à partir daí nunca
mais usei fichas e cadernos, só estudava e normalmente o assunto que não
tinha nada a ver com a aula.
Logo após ter assumido a disciplina e o setor de hematologia do LAC saí
de licença gestação para ganhar meu primogênito Luiz Antonio, que nasceu no
mês de julho. Entre fraldas e choros, entre alegrias e inexperência curti estes
momentos mágicos que é ter um filho...mas era hora de voltar. Em 11 de
outubro reassumi e no período de férias escolares a Rozinha foi descansar.
Nas férias não havia estudantes mas havia a rotina do laboratório, que naquele
período quase me deixou louca, com casos que eu nunca tinha visto e tive que
aprender na “marra”.
7 ESPECIALIZAÇÃO I
Bom a vida seguiu e em 1982 eu resolvi fazer Especialização em
Metodologia do Ensino Superior, pois sentia que faltava algo a mais para poder
ensinar. Minha preocupação maior era com a elaboração de provas. E naquele
mesmo ano fiquei grávida do meu segundo filho Rômulo Henrique e com o
bebezinho na barriga lá ia eu prá escola à noite. Minha orientadora da
14

monografia intitulada: ‘A avaliação em disciplina teórico-pratica’ foi a profª Vera
Lúcia Lemos Bastos Echenique, um amor de pessoa, muito dinâmica e com
uma velocidade de pensamentos e ações parecida com a minha, talvez um
pouco mais calma e menos ansiosa! Confesso que não foi fácil ler aqueles
textos extensos, para quem amava a parte técnica. Ainda tinha o professor
Geir que em toda a aula me chamava com aquele vozeirão para responder
questões filosóficas e eu nem podia mais ouvir “Perim” que já me dava um
arrepio. Mas, uma disciplina me chamou a atenção “Técnicas de Micro-Ensino”.
Baseada em uma prática da década de 60, desenvolvida nos Estados Unidos
da América, onde vendedores eram filmados enquanto tentavam vender um
produto a clientes em lojas, esta técnica também foi utilizada para a sala de
aula. Quando vi o resultado da minha aula, passando a língua em volta dos
lábios fui acometida por uma vergonha extrema, mas analisando a aula como
um todo eu só precisava andar um pouco mais na sala, porque segurança de
conteúdo eu já demonstrava. É claro que a ciência evolui e temos que
acompanhar as mudanças, mas isto prá mim na época era fácil, porque
gostava de aprender e o ensinar na verdade é estar disposto a aprender. Mais
tarde aqui também recebi o título de melhor aluna da minha turma do curso de
Especialização em Metodologia do Ensino!
8 ADMINISTRAÇÃO I
Em 1989 concorri a chefia do departamento de Patologia Legislação e
Deontologia (PALD) e em janeiro de 1990 assumi a chefia do departamento,
com muito medo, mas como muita vontade de efetivar mudanças. No final de
1990 fizemos uma confraternização muito bonita no hotel Bourbon, eu estava
grávida de 8 meses da minha terceira filha, Isadora. Em maio de 1991, tive que
pedir demissão porque estava cursando o mestrado e com minha filha para
cuidar.
Concorri novamente à chefia de departamento em Novembro de 1995,
tendo como vice a professora Alda Maria Losi Guembarovski e em janeiro de
1996 assumi novamente o departamento PALD. Na época concorremos e
ganhamos da chapa concorrente, após uma disputa acirrada por 1 voto de
diferença 16 a 15 votos. Anexei a este memorial a nossa plataforma eleitoral
que achei meio amarelada nos meus arquivos, e pude ver que com o passar
15

dos anos as chefias que me sucederam puderam concretizar aqueles nossos
sonhos que passaram a fazer parte dos sonhos dos docentes do nosso
departamento. Com aquela diferença de 01 (hum) voto o nosso compromisso
era ainda maior, tínhamos que reunir o departamento e tentar concretizar os
novos desafios. Em uma visita a Universidade de São Paulo pude conhecer
uma sala de microscopia e fiquei fascinada com a possibilidade de termos uma.
Conversei com o diretor do Centro de Ciências da Saúde Dr. Pedro Gordan e
com a vice-diretora, a saudosa profª Ana Ito, que concordaram em me ajudar e
à partir daí fiquei no pé deles até conseguir comprar 20 microscópios, mas 4
foram doados ao CCB. A chegada dos microscópios e a instalação da sala de
microscopia aconteceu na chefia da professora Edna Reiche.
Na reunião de departamento de junho de 1996, como estávamos tendo
problemas com as disciplinas de Deontologia propus ao departamento passar
aos poucos estas disciplinas para os devidos cursos. No início alguns até
duvidaram, mas com o passar dos anos esta proposta se concretizou e o
departamento passou a se chamar Departamento de Patologia, Análises
Clínicas e Toxicológicas. Tivemos alguns problemas de início porque já existia
um departamento PAC no CCB, Psicanálise e Análise Comportamental. Não
pudemos utilizar a sigla PAC, mas usamos a LAC de Laboratório de Análises
Clinícas.
Nesta época também passei a integrar o conselho deliberativo do
Laboratório de Produção de Medicamentos LPM, junto com professora Ana Ito.
Participamos de vários embates nesta gestão e em várias porque falava
em LPM e lá ia eu como representante do PALD. Ainda na minha gestão
conseguimos que a vaga de Citologia Clínica deveria ser destinada a um
farmacêutico e no ano de 1997 abrimos o teste seletivo. Em fevereiro de 1997
o departamento discutiu a necessidade de contratação de 02 docentes para
ministrar a disciplina de estágios e aprovamos duas vagas.
9 MESTRADO
Em 1989 resolvi me inscrever no mestrado em Histologia no Centro de
Ciências Biológicas. Como eu não queria sair de Londrina e meus filhos já
estavam com 7 e 10 anos, fui tentar uma vaga mesmo sabendo que havia 5
vagas e 5 alunos matriculados como especiais ou seja chance quase zero. Não
16

tinha orientador e nem projeto. Tinha um bom nível de inglês em leitura e uma
força de vontade ímpar. Fiz a prova de inglês e fui muito bem, saí rapidinho. Fui
classificada fiz a entrevista e passei. Na época eu nem acreditava, pois tinha
acabado de ser eleita a primeira mulher chefe do departamento PALD. Pensei
com meus botões, vou encarar este desafio e lá fui eu com duas metas
acadêmica e administrativa. Comecei com força total em fevereiro a cursar os
créditos e em março descobri que estava grávida da minha terceira filha
Isadora. Fiquei desesperada devido a minha idade quase 36 anos. Com 31
anos havia engravidado e tive um aborto, que me traumatizou muito. Mesmo
assim segui em frente, sob a orientação da professora Nilce Marzolla Ideriha,
comecei a montar o projeto piloto. Tive que aprender a cuidar de ratos,
sacrificá-los, preparar matriz óssea desmineralizada (MOD) cortanto com
tesourinha, e implantar intramuscular, dar pontos, manejar o micrótomo... uma
rotina maluca, e... ainda havia a chefia do departamento. Tinha que ir todos os
dias no campus durante os experimentos, sábados, domingos, feriados,
Natal...e foi no Natal de 1990 que minha bonequinha chegou, adiantadinha
porque a previsão era 6 de janeiro. Bom, fui cuidar do meu nenê e em março lá
estava eu de volta em meio a mamadeira, ratinhos e seminários e então tive
que pedir demissão da chefia porque minhas forças se foram e meu sonho
enquanto chefe teria que esperar. Saí com o compromisso de retornar após o
mestrado e a professora Monica Bastos Paolielo minha vice, foi eleita a nova
chefe. Mais leve segui em frente, agora já no projeto definitivo. Em dezembro,
em meio aos experimentos e preparo da festa de aniversário de 01 ano da
Isadora, notei que estava acontecendo algo estranho, minha menstruação
estava atrasada. Então no dia 21 de Dezembro levei uma tira de teste rápido
de gravidez e um tubo de ensaio para o laboratório. Urinei no tubo coloquei a
fita e fui anestesiar o lote de ratos. Passado um tempo voltei lá e quando vi
duas faixinhas na fita, me bateu um desespero absurdo. Mestrado, velha, agora
com 38, uma pequeninha me esperando lá em casa, dois filhotes préadolescentes e eu grávida de novo!! Fiquei tão transtornada que me esqueci do
rato

que

acabou

morrendo

e

era

do

lote

experimental...chorei

desesperadamente. Mas a vida continuou, terminei meus créditos e fui ganhar
a minha outra bonequinha. Com as duas bebezinhas achei que não daria
conta, e tive que ir com mais calma. Só consegui terminar o mestrado em 1995
17

e defendi a dissertação intitulada “ Influência da Clonidina no Crescimento de
Ratos Jovens” cujos objetivos eram estudar os efeitos do uso crônico desta
droga, em ratos, por meio de parâmetros biométricos e morfométricos e
estudar a influência da droga na osteogênese ectópica induzida por matriz
óssea desmineralizada. A Clonidina, uma droga anti-hipertensiva e agonista
central α2-adrenérgico utilizada como potente estimulador do hormônio de
crescimento foi utilizada anteriormente em crianças com baixa estatura para
promover crescimento e havia resultados contraditórios na literatura. Realizei
meu extensivo trabalho e conclui que o tratamento prolongado com Clonidina
em ratos, não promoveu o aumento de crescimento do esqueleto e da
osteogênese induzida por MOD. Deste período ficaram as boas lembranças
dos docentes e servidores do Departamento de Histologia da UEL a quem eu
sou eternamente grata e a má lembrança ao descobrir dois anos mais tarde
que eu não teria o diploma porque o curso não era reconhecido pela CAPES.
Uma

decepção

que

perturbou

minha

carreira,

porque

apesar

do

reconhecimento financeiro, não pude no ínício do Curso de Especialização em
Análises Clínicas orientar os especializandos. Acho que nesta época eu
deveria ter ido a uma psicóloga...sofri muito. Mais tarde o curso foi reconhecido
pela UEL e me deram um diploma interno. Passei então a orientar na
especialização, mas continuava com a sensação de ter sido enganada.
Algumas amigas daquela época partiram para USP e UNESP e concluíram
seus doutorados, mas eu com quatro filhos não quis arriscar. Quando o
doutorado em Ciências da Saúde foi implantado fiquei animada em fazer o
doutorado, mas tinha um impedimento, eu não havia publicado meu trabalho,
só publiquei o resumo “Effects of clonidine on osteogenesis induced by
mineralized bone matrix DBM” no V Congresso Brasileiro de Biologia Molecular.
Pensei, não vou retomar e publicar dez anos depois e então conclui que não
faria mais o doutorado.
10 LABORATÓRIO CIÊNCIA
Em 1990, já grávida da Isadora, fazendo mestrado e chefe do
departamento PALD, surgiu a possibilidade de assumir um laboratório de
Análises Clínicas e Toxicológicas. Tive como sócio e responsável técnico pelo
laboratório meu ex-aluno, amigo e hoje docente da UEL e meu namorado. Por
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12 anos transitei por esta nova fase da vida, trabalhar de dia e à noite. Saí do
regime TIDE e vivi a profissão como proprietária de laboratório e com foco
numa área que eu tinha muito que aprender, Toxicologia. Importamos um
cromatógrafo a gás e um espectrofotômetro de absorção atômica, nos
capacitamos e começamos atender as empresas que fabricam baterias e
várias outras indústrias. Eu ficava na UEL e nos finais de dia e de semana
ajudava no laboratório. Muitas vezes eu ficava à noite no laboratório
escrevendo minha dissertação de mestrado e ao mesmo tempo aprendendo a
utilizar um computador. Como não pretendíamos expandir a área de Análises
Clínicas, implementamos a Toxicologia. Esta área era de difícil retorno
financeiro pelo volume de exames que era sazonal e não era o suficiente para
compensar. Em 1996 o Custodio saiu, porque ele e a esposa tinham recebido
uma proposta de trabalho em Rondônia. Fiquei um tempo sozinha com o
laboratório e muito doente nesta época, porque não conseguia dar conta das
atividades. Foi quando o laboratório Oswaldo Cruz comprou a parte do
Custodio e assumiu a responsabilidade técnica do laboratório. Permaneci ainda
até 2002 e vendi o laboratório, porque senti que era hora de uma definição e eu
optei pelo que me dava maior prazer, a docência.
11 ADMINISTRAÇÃO II
Em 2000 fui eleita vice-coordenadora do colegiado de Farmácia e a
partir daí comecei uma fase da minha carreira bastante desafiadora. Vice da
professora Irene Popper, não foi fácil! Briguei mais do que já brigava, e
comecei a ir a Conferências Nacionais de Educação Farmacêutica, pois as leis
de diretrizes nacionais estavam sendo discutidas. Aprendi muito observando a
Irene, principalmente definindo o que eu não deveria fazer. Implantamos a
avaliação para verificar quais as fragilidades e pontos fortes do curso. Sempre
defendi meu departamento e naquela época eu tinha que ajudar o curso de
Farmácia, sem departamento específico, eu acreditava que a criação do
departamento era a solução para que o curso se consolidasse. Para a criação
do departamento era necessário ter 440h segundo o regimento da UEL e só
tínhamos 6 docentes alocados no departamento de Tecnologia, Alimentos e
Medicamentos TAM no Centro de Ciências Agrárias. Lutamos para a
implantação da Habilitação em Indústria e solicitamos 2 vagas docentes. Com
19

a criação da Habilitação em 2001 e a contratação de dois docentes
contávamos com 8 docentes e necessitávamos de mais 3.
Em 2000 em concomitância com a vice-coordenadoria do colegiado
assumi a chefia do setor de Hematologia do Laboratório de Análises Clínicas,
como encarregada do setor.
Em 2002 fui eleita coordenadora do Curso e me joguei de cabeça.
Lembro-me de que depois da eleição, a professora Irene Popper que era minha
vice, me procurou e me disse que nas reuniões nos órgãos colegiados
superiores era ela quem iria. Foi o meu primeiro enfrentamento, pois disse a
ela que eu tinha sido eleita para coordenar e não para ser mandada. Voltando
ao departamento que tinha que ser criado, mas não tinha docentes em número
suficiente, seriam necessárias 440h para se criar um departamento e não havia
possibilidade de expansão de vagas. No PAC as duas docentes da área
Farmacêutica Dora e Sirlei que no início até se propuseram a ir para o
departamento de Farmácia, declinaram do convite. Nesta época, tive um
desentendimento no meu departamento com a alteração de falas em uma ata
que tive que ir até ao departamento jurídico da UEL para solicitar que a chefia
do PAC fizesse a retratação do ocorrido, pois a ata tinha sido adulterada.
Voltando a novela da criação do departamento de Farmácia, o departamento
TAM, onde os docentes de Farmácia eram alocados, cederam a vaga da
professora que iria se aposentar e que era responsável em ministrar aulas de
nutrição para o curso de Enfermagem e mais uma vaga conseguida pela
professora Marcela numa reunião de Conselho Diretor do CCA. Tínhamos 10
docentes e 400h, como na época, os docentes eram 44h semanais pensamos
10 docentes e finalmente o departamento iria ser criado. Nesta época o
estatuto e regimento da UEL estavam passando por reformulações. Eram
muitas reuniões, pois além de tudo o coordenador de colegiado à época
participava de 7 reuniões oficiais mensais a saber: Departamento, Colegiado,
Centro, câmaras de ensino, pesquisa e extensão, Conselho de ensino,
pesquisa e extensão (C.E.P.E.) e do Conselho Universitário (C.U.). Na época
tínhamos reuniões de CU toda semana devido a mudança do estatuto e
regimento. Parafraseando o professor Décio em seu memorial eram “reuniões
infindáveis (muitas vezes com discussões estéreis, porém outras memoráveis)
e calhamaços de papel para cada uma delas”. Tínhamos reuniões cansativas e
20

em uma delas no anfiteatro de morfologia quando estava para votar este artigo
no estatuto questionei a professora Lygia reitora à época, e esta até concordou
comigo que eram 10 docentes de 40h porque nosso regime de trabalho
anteriormente era de 44h semanais daí o porquê das 440h, mas a reitora
resolveu pedir a opinião do professor Piau que deu o parecer, tem que ser 11.
Saí da reunião chorando, olhei pro Piau e disse “te odeio” e segui meu rumo
desolada. Apesar da pancada, não desistimos e conseguimos a 11ª vaga, pois
a professora Marcela minha vice na época conseguiu na PRORH uma vaga
temporária que foi aprovada pelo Conselho de Administração. Neste período eu
estava no segundo mandato, pois fui reeleita coordenadora de colegiado. Em
agosto de 2006 o departamento de Ciências Farmacêuticas foi criado no CCS,
com onze docentes e com a promessa de 1 vaga para técnico administrativo,
solicitamos duas mas aprovaram somente uma e dois técnicos de laboratório
que viriam do CCA. Resgatando meu discurso (anexado), já como chefe do
departamento PAC, em 07 de agosto de 2006 hoje percebo que mesmo sem
que saibamos, algumas coisas acontecem na nossa vida com um propósito.
Em uma parte daquele discurso falei: “É imprescindível também que a próxima
direção do CCS dê continuidade aos trabalhos da atual direção abraçando esta
causa e lutando conosco para a construção dos laboratórios de Habilidades
Farmacêuticas e o espaço para o novo departamento.” Eu ainda não sabia que
faria parte da nova direção do CCS, pois o convite do professor Isaias viria em
seguida.
O departamento veio em 2008 para o CCS e os laboratórios que à
principio ficariam no CCA por mais dois anos, foram alocados no CCS em
2013. E as vagas do ténico até hoje não temos e os dois técnicos de
laboratório o CCA não liberou.
Voltando ao período 2002-2004 em meio a estes acontecimentos segui
coordenando a equipe responsável para implantar a reforma curricular, pois as
diretrizes foram aprovadas em 2002 e tínhamos que implantar o novo currículo
até 2005. Na comissão de reforma tínhamos que colocar três habilitações
dentro de um currículo com 4.800h, para o farmacêutico com a formação
generalista. Tínhamos várias deficiências no currículo a corrigir e não sabíamos
como proceder.
21

Tentamos capacitar os professores ao máximo, com diversas palestras
com a Dra. Zilamar Fernandes e outros docentes da UEL da área da
Educação.

Trabalhei com uma equipe empenhada e o resultado que

conseguimos, apesar de criticado, até que deu certo. Tive muita ajuda de
vários professores dentre eles o da professora Hissae (já falecida), craque em
construir planilhas com horários. A professora Marlene Fregonezi e a
professora Irene Popper também foram peças chaves na elaboração deste
currículo, sem exame e com segunda época! Claro que um currículo exige
constantes modificações e elas foram realizadas ainda que em menor
proporção. Só sei que fiquei um bom tempo indo às reuniões mesmo depois do
término do meu mandato porque realmente era muito complicado. Lembro-me
dos professores do básico quando queríamos juntar conteúdos de duas ou três
áreas para formar um módulo, era uma discussão sem fim. Tínhamos que usar
umas frases de efeito sugeridas pela professora Zilamar “O sr professor é
muito importante, é a peça chave para nos ajudar neste desafio”, no início eles
recuavam, mas muitos deles voltaram e nos ajudaram muito.
Em 2004, numa reunião no CCS com a presença da reitora à época
professora Lygia Puppato, sob a direção do professor Waldir Garcia, na qual
participavam chefes de departamento e coordenadores de colegiado, foi
anunciado pela reitora que seria liberado recursos para a construção do
laboratório de Fisioterapia Aquática. Lembro-me que fui até a reitora e
argumentei que tantos cursos haviam sido contemplados com recursos e que o
Curso de Farmácia necessitava tanto de uma Farmácia-escola, pois seu novo
currículo iria ser implantado em 2005 e não tínhamos perspectivas de
construção. Ela acenou com a possibilidade de gestionar para conseguir o
recurso e no final de 2004 já possuíamos um projeto e perguntamos então se
ela não poderia liberar recursos para construção da Farmácia. Ela acenou com
a possibilidade de gestionar para conseguir o recurso. No final de 2004, na
liberação do recurso para a Fisioterapia com a presença da reitora e do
secretário da SETI Aldair Rizzi, em seu discurso o Dr Aldair me surpreendeu ao
dizer: “Professora Perim estamos fazendo o possível para liberar recursos para
a Farmácia-escola”, lembro que todo mundo ficou me cutucando e me olhando
e eu toda cheia. Bom nos últimos dias antes do recesso de final do ano, recebo
uma ligação de Curitiba da professora Lygia me comunicando que teríamos
22

que fazer um projeto urgente, pois seria liberado R$200.000,00 reais para a
Farmácia. Saí pulando à procura da professora Marcela para que adaptasse
um projeto formulado pelos docentes da Farmácia para que pudéssemos
enviar à Proplan. O projeto foi enviado, o dinheiro liberado e a nossa tortura
começou. Com aquele recurso só poderíamos fazer a reforma de um espaço,
porque no local antigo da Farmácia, naquela época interditada, não era
possível. Após várias tentativas no HC, no Campus, não conseguimos. Só em
2008 por meio de outro recurso liberado a obra foi executada mas a Farmáciaescola foi inaugurada somente em 2012. O recurso de 2005 foi utilizado para
equipamentos e mobiliários da nova Farmácia construída.
Em 2005 fui convidada pelo professor Eversum Krunn, ex-presidente do
Conselho Regional de Farmácia e membro da diretoria para me candidatar
como conselheira. Recebi o convite com surpresa porque até então nunca
havia participado em nenhuma comissão e tinha a impressão de que
conselheiros só eram os velhinhos aposentados, pelo menos na minha época
do exercício em farmácia era assim. Mas resolvi submeter meu nome e tive
uma votação surpreendente, e em janeiro de 2006 assumi como conselheira do
Conselho Regional de Farmácia e fiquei até 2009. Fiz muitos amigos, vivi a
realidade do outro lado, fiscalizando os profissionais. Mais uma vez chorei
muito ao me colocar diante dos problemas de meus colegas de profissão. Mas
foi muito bom! Pude constatar que o CRF-PR é um órgão que faz o papel não
só de fiscalizador, mas promove cursos de atualização e se envolve nas
discussões polêmicas da profissão. Queriam que eu ficasse, mas tive que sair
porque tinha outros desafios pela frente.
Saí do colegiado em 2006 e assumi novamente o departamento PAC
tendo como vice o professor Décio Sabattini Barbosa. O Décio que dizia “vou
ser o seu vice, veja lá como está sua saúde” e eu dizia a ele: “não se preocupe,
se não infartei até aqui, agora vai bem, é tranqüilo” mal sabia ele e eu.
Logo que assumi a chefia alguns estudantes me procuraram para
coordenar a IX Jornada de Análises Clínicas realizada praticamente em 6
meses, e eu topei, um outro desafio! Não fiquei muito no meu departamento
como era minha pretensão. Em agosto o professor Isaias Dichi a quem eu
conhecia superficialmente, me perguntou se eu não queria ser vice-diretora do
CCS. Juro que na hora eu disse um não veêmente e indiquei minha amiga
23

professora Edna Reiche, que não aceitou o convite, pois iria cursar doutorado
que era o que eu também pretendia. Com o Dr. Isaias insistindo, consultei
alguns docentes do meu departamento entre eles o professor Décio e Edna,
que deram o maior apoio e me disseram da importância do cargo para o nosso
departamento e lá fui eu para mais uma batalha.

12 ESPECIALIZAÇÃO II
Em 2005, envolvida com as mudanças que aconteciam no curso resolvi cursar
à distância uma especialização gerenciada pela Fundação Osvaldo Cruz: Ativação em
processos de mudança no Ensino Superior. Foi uma experiência gratificante com
aulas presenciais em São Paulo, compartilhadas com professores da região sul e
sudeste de vários cursos. Foi ali que nós quarentões à época tivemos a primeira
experiência com a plataforma Moodle. Todos desajeitados resolvemos que o MSN era
bem melhor. Moodle durante as aulas e messenger fora delas, até nossa tutora uma
psicóloga cinquentona preferiu o MSN. Nossa equipe, composta de enfermeiras,
fisioterapeutas, um odontólogo e eu farmacêutica era muito boa e divertida. Meu
trabalho de conclusão sob o título “Projeto de parceria ensino-serviço para a inserção
de estudantes de Farmácia no estágio Habilidades Farmacêuticas III” foi orientado
pela profª Dra. Maria Cezira Fantin Nogueira Martins.

13 ADMINISTRAÇÃO III

Ao aceitar o convite do Dr Isaias, sentamos prá construir nossas metas e
começar nossa campanha para a direção do CCS. Neste ínterim o professor
Décio meu vice assumiu a chefia do departamento PAC. Fomos à primeira
reunião no departamento de Enfermagem e quando o Dr Isaias passou-me a
palavra...chorei...e pensei, isto não vai dar certo. Continuamos nossa
campanha, mesmo com chapa única, entregando nossos panfletos, orientados
professor pelo ex-diretor Márcio de Almeida. Fomos eleitos e em 10 de outubro
de 2006 assumimos a direção do CCS com direito a posse, jantar dançante e
com muita força de vontade.
Eu estava ligada ao PAC por conta da jornada que coordenava e assumi
a vice-direção que no inicio era muito difícil, com aquele burburinho típico dos
24

estudantes que faziam parte da comissão organizadora e que sempre me
perguntavam se eu tinha lavado o cabelo com xampu de laranja, porque estava
“um bagaço”, e eu com trocentas coisas para fazer ao mesmo tempo, tive a
impressão de estar levitando, mas foi muito bom e divertido!
O Dr. Isaias fazia a parte mais política e eu fiquei na administração
interna apesar de que quando o assunto era polêmico lá íamos os dois tentar
resolver. Eu era sempre mais afoita e ele mais ponderado e deu muito certo.
Quando assumimos a maioria dos departamentos estavam com a infraestrutura
muito ruim, então vimos com o HU à possibilidade de utilizar os recursos para
viagem, que se não gastos no ano não mais retornavam, para adquirimos
computadores, impressoras, data-show, mesas, ar-condicionado, e materiais
para os departamentos. Todos foram reestruturados inclusive os da
Odontologia, estes com recursos dos cursos de especialização da própria
Odontologia que vem para o Centro. Compramos carteiras novas, para as
salas inauguradas e para outras já existentes.
No Planejamento do Centro seguimos o Planejamento Estratégico
Institucional e a próxima prioridade era o Laboratório de Habilidades
Farmacêuticas, pois num acordo com o CCA os laboratórios deveriam vir ao
CCS em dois anos e era meta do PAC que os laboratórios alocados no HC
viessem para o CCS, devido aos inúmeros problemas que tínhamos de aulas
teóricas e práticas em locais distantes.
Quando assumimos juntamente com a chefe de departamento de
Ciências Farmacêuticas fomos a reitoria conversar com o professor reitor
Wilmar S. Marçal, para

solicitar a liberação de recursos para a Farmácia-

escola e ele prontamente disse que iria liberar recurso da Caixa Econômica
Federal que a UEL tinha ganho devido aos contratos com os bancos, pois a
caixa havia vencido a concorrência.
Saí de licença e quando voltei os diretores tinham discutido os recursos
da Unidade Gestora do Fundo Paraná (UGF) de 2007 destinados ao CCS e o
reitor informou ao Isaias que a parte do CCS era a Farmácia-escola. Fiquei
muito brava na época porque na verdade a prioridade no Planejamento
Estratégico Institucional (PEI) do CCS eram as salas de aula e os laboratórios.
Com os recursos da UGF de 2008, 2009 e 2010 foram priorizadas as salas de
aulas, um anfiteatro e os laboratórios. Paralelamente a estas obras, o
25

laboratório aquático começou a ser construído. Após várias intervenções e
reuniões acaloradas, com demora entre 6 a 8 anos estas obras foram
inauguradas, sempre com muito choro! O Centro de fisioterapia Aquática e o
prédio dos laboratórios foram inaugurados em 2012 e a Farmácia em 2013.
Não vou relatar todos os problemas, mas enfrentamos muitos e nos
desgastamos além das nossas forças. Salas de madeira no chão, docentes
sem salas para aulas, obras construídas em várias etapas, inauguradas sem
banheiros, enfim um caos! Tivemos que reestruturar e readequar espaços,
estabelecer critérios para utilização das salas, mas com todo esforço
conseguimos colocar multimídia e computadores em quase elas.
O prédio das salas de aulas que deveria ser o primeiro a ficar pronto
será inaugurado daqui há um mês.
Para o novo prédio teremos carteiras? Os tablados do anfiteatro que
cobrei desde a elaboração do projeto, me informaram esta semana que não foi
previsto e agora? Nestas salas teremos que colocar ar condicionado e
insufilme, e recursos para isso? Neste prédio está previsto um elevador, já
solicitado há 01 ano, será adquirido? A rede lógica do CCS que recebeu
recursos da Fundação Araucária em 2005 para ser reestruturada e não foi e há
um ano estão adquirindo os equipamentos, será finalmente reestruturada?
Voltando no tempo, em 2006 começamos a pensar num espaço para a
pós-graduação o Centro de pesquisa e pós-graduação do CCS (CEPPOS),
ajudando nas negociações de um projeto inicialmente coordenado pelos
professores Darli e Cordoni e depois pelos coordenadores da pós-graduação.
Atualmente, o professor Décio está como representante da direção nas
negociações com as pro-reitorias Proplan e Proppg.
O CEPPOS a ser construído com recursos da FINEP com previsão de
início em 2007, ainda está dependendo de liberação de recursos. Devido às
dificuldades nas negociações entre o CCS e o HU, quanto ao local para a
construção do prédio e tantos outros problemas, a previsão para o início da
obra é 2014.
Como os projetos estavam em andamento, eu que já estava cursando o
doutorado e com quase todos os créditos concluídos, resolvi me candidatar a
direção do CCS tendo como vice o Dr. Luiz Carlos Lúcio de Carvalho.
26

Não tivemos chapa concorrente e em 10 de outubro de 2010 assumi
como a primeira mulher não médica a administrar o CCS. Parece fácil, mas não
é. Administrar um Centro com 11 departamentos e 5 cursos, participar de
reuniões da Administração da UEL, vivenciar o dia a dia de pessoas, tentar
apaziguar, resolver conflitos que são muitos, fazer toda a manutenção de salas
e equipamentos e prédios, decidir na incerteza, realmente uma experiência e
tanto! Nesta nova fase resolvemos que teríamos que implementar os
laboratórios e raspando recursos de pedras, compramos vários equipamentos
e manequins para todos os cursos do CCS.
Priorizamos a UGF de 2012, R$ 600.000,00, em decisão de Conselho de
Centro e orientados pelo novo PEI elaborado em 2009, para equipar os
laboratórios dos cursos de Farmácia, Fisioterapia e Odontologia. Além deste
recurso, um outro liberado pela SETI específico para implementação dos
laboratórios foram destinados aos 5 cursos e estamos em processo árduo de
compra após cadastrar e atualizar os preços no SICOR. Alguns departamentos
e docentes não acreditaram e não atualizaram preços, mas alertamos nestes 7
anos de administração que esta é a única maneira de comprar. Com a
informação que teremos redução e que os recursos da UGF de 2013 e 2014
serão liberados no início do ano, a nossa meta é de construir um Centro de
Simulação realística no CCS, para atender os cinco cursos e o projeto já está
pronto.
Saio em outubro de 2014 feliz porque pude concretizar algumas metas
importantes para o curso de Farmácia e para o CCS.

14 DOUTORADO
Em 2009, resolvi me matricular no doutorado em Patologia
Experimental e cursar duas disciplinas como aluna especial e escrever um
projeto orientada pela professora Maria Angelica Watanabe. Lembro-me
quando defendi o projeto e ela foi à PROPPG entregar os documentos e
descobriu que o mestrado não era reconhecido me ligou., .
No primeiro dia de aula do professor Philenno Pinge Filho, ainda como
aluna especial, pensei em desistir. A Imunologia não tinha nada a ver com
aquela que eu sabia e eu senti que seria muito difícil. Mas conversando com
minha amiga Elaine Delicato, uma ex-aluna e professora da disciplina de
27

Imunologia Clínica, ela me falou que também estava apavorada...e eu mais
uma vez pensei e decidi encarar... e seja o que Deus quiser! O tempo passou
rapidinho e um dia no CA, outro sentada numa sala assistindo aula, outro
colhendo material e falando com mães e crianças com leucemia, outro no CCS
resolvendo pepinos, outro no laboratório discutindo o andamento do projeto os
resultados e outros chorando esgotada...e falando não vou conseguir. Mas tudo
passou muito rápido, realmente a minha orientadora tem uma equipe que vale
ouro. Umas me ameaçavam, outras incentivavam e empurravam e assim foi. A
Maria Angelica me via e falava: Vamos marcar a qualificação? Eu gelava e
pensava “só depois do primeiro artigo ser aceito” e ele foi aceito e publicado!
Bom tirei 18 dias de férias fiquei de pijama dia e noite escrevendo e quando eu
liguei prá ela no dia 1 de julho e ela me perguntou: Vamos marcar a
qualificação? Respondi “vamos para o dia 15” e ela me perguntou: de que
mês? E eu respondi que seria em julho e ela retrucou: mas hoje é dia primeiro,
e eu disse a ela que tinha tirado férias para terminar que estava quase tudo
pronto e eu não poderia voltar sem qualificar. Ela imediatamente marcou e
assim fiz a minha qualificação, claro deixando a minha banca composta pela
Marla Amarante e Roberta Guembarovski malucas. Terminei e marquei a
defesa para o dia 23 de agosto. Voltei ao CCS por 2 semanas, conduzi a
reunião de CC no dia 8 e no dia 9 saí de licença para a defesa. Pijama de novo
e com a Roberta, filha da Alda me assessorando e a Marla também na
retaguarda, finalmente obtive o título de doutora e chorei!
Voltei ao CCS na segunda entreguei a documentação do
doutorado na ProRH e já comecei a escrever este memorial contando minha
vida até aqui!
É claro que paralelamente à UEL minha vida seguiu, me separei,
arrumei um namorado, meu filho Rômulo se casou e me deu dois netos
maravilhosos. A minha vida foi cada minuto um flash, me dediquei mais à
minha vida profissional do que pessoal, mas foi me refugiando nas pessoas
que eu amo que encontrei forças nas adversidades.
15 CONSIDERAÇÕES FINAIS
28

Escrever este memorial foi muito gratificante. Relembrar a minha vida e
poder partilhar fatos de minha infância, adolescência e juventude foi muito
gostoso. Como diz o meu pai... só percebo o quanto envelheci quando olho no
espelho. E é verdade! Claro que ao ficar sexy e crocante algumas dores
também aparecem e não as vejo no espelho. A inquietude, a força de vontade
e a alegria fazem parte de mim e tomara que eu nunca as perca. Claro que
nem tudo na vida acontece como planejamos, apesar de colhermos tudo o que
plantamos. Não imaginei ser professora e sou, não pensei em ser diretora de
um Centro e fui e até o doutorado que achei que não daria mais tempo de fazer
..deu. Nestes anos dentro desta Universidade que é mais minha casa do que a
minha própria pude compartilhar sonhos e ensinar muitos a sonhar. Muitas
vezes fui rígida e muitas vezes amoleci. Este poder de envergar e não quebrar
me acompanha e fiz o que estava ao meu alcance e o que não estava também.
Aprendi que se não gosta de alguma coisa, e tem que fazer, tem que aprender
a gostar, porque a vida torna-se mais prazeirosa. Sempre lutei por todos e
muitas vezes deixei a vida profissional ultrapor a minha vida familiar. Hoje, aqui
estou diante de mais um sonho que pensei não poderia mais alcançar,
professor associado!

Fui feliz ensinando, amei ser professora e lutei pela

graduação e pela excelência no ensino e fico ainda fascinada quando percebo
os jovens professores lutando e sentindo prazer no que fazem. Pena que são
poucos!
Relendo este memorial confesso que fiquei admirada do tanto de coisas
que já realizei e muitas outras não de menor importância, mas que não relatei
porque o contexto era outro. Hoje me policio para ir um pouco mais devagar.
Sinto ao descrever a minha história que alguma coisa se perdeu em meio a
tantas atividades, e com certeza esta atribulação foi para suprir o lado pessoal,
que nem sempre foi como eu sonhei. Se andei rápido agora é hora de repensar
a vida. Será difícil não me meter de novo numa boa briga embora, ao se
envelhecer, o pensamento e a agilidade corporal andem na velocidade inversa.
Estar na gerontolescência, ser sexy e crocante vai me ajudar com o bom humor
que me é peculiar a enfrentar minha nova fase à partir de outubro de 2014
quando me desligar das atividades administrativas. Ainda tenho alguns
trabalhos de pesquisa para concluir que correrão junto com a administração.
Sei que muitos terminam um memorial estipulando metas e sonhos na vida
29

acadêmica. O meu momento é outro. Sei que até sair serei uma referência viva
para muitos assuntos e procurarei ajudar. Deixo aqui aos que estão iniciando
nesta arte que é muito bom ao olhar para trás relembrar das batalhas travadas,
nem sempre ganhas, mas que mesmo perdidas tiveram um gostinho de vitória
porque a justiça e o amor estiveram lado a lado.

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Memórias de uma vida acadêmica

  • 1. Aparecida de Lourdes Perim Memorial Descritivo Apresentado para avaliação do Departamento de Patologia, Análises Clínicas e Toxicológicas visando a progressão a Professor Associado Universidade Estadual de Londrina 2013
  • 2. MEMORIAL DESCRITIVO APRESENTADO PARA OBTENÇÃO DE TÍTULO DE PROFESSOR ASSOCIADO JUNTO À UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA Banca: Prof. Dra. Edna Maria Vissoci Reiche – UEL Prof. Dra. Marcia Eches Perugini – UEL Profa. Dra. Nilce Marzolla Ideriha - CESUMAR
  • 3. “Nada existe de permanente a não ser a mudança” (Heráclito de Éfeso)
  • 4. Em nome de Deus
  • 5.
  • 6. SUMÁRIO 1. APRESENTAÇÃO......................................................................................................... 6 2. MINHA ORIGEM............................................................................................................ 6 3. INÍCIO DOS ESTUDOS................................................................................................. 6 4. IV TURMA DE FARMÁCIA E BIOQUÍMICA NA UEL.................................................... 10 5. CAPACITAÇÃO E VIDA PROFISSIONAL..................................................................... 11 6. DOCENTE DA DISCIPLINA DE EXAMES HEMATOLÓGICOS DA UEL..................... 12 7. ESPECIALIZAÇÃO........................................................................................................ 13 8. ADMINISTRAÇÃO I....................................................................................................... 14 9. MESTRADO.................................................................................................................. 15 10. LABORATÓRIO CIÊNCIA........................................................................................... 17 11 ADMINISTRAÇÃO II..................................................................................................... 18 12. ESPECIALIZAÇÃO II................................................................................................... 23 13. ADMINISTRAÇÃO III................................................................................................... 23 14. DOUTORADO............................................................................................................. 26 15. CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................... 27 16. CURRICULUM LATTES.............................................................................................. 29
  • 7. 6 1 APRESENTAÇÃO Escrever um memorial quando as atividades são concomitantes é um tanto complicado, e é pior ainda para o leitor. Portanto, como vocês poderão constatar, minha vida de autêntica geminiana se pautou, na maioria das vezes, no mínimo pela duplicidade de ações. Os fatos descritos fazem parte da maioria dos acontecimentos importantes da minha vida e julguei que deveria relatá-los para que os senhores compreendam muitas atitudes diante da minha vida acadêmica. 2 MINHA ORIGEM Nasci em 17 de junho de 1953 às 15:00h em casa. Sou a primogênita de 5 irmãos e minha mãe conta que dei muito trabalho para nascer. A parteira que a assistiu, chamada D. Assunta, verificando que o trabalho de parto estava complicado, comunicou aos meus pais que deveria dar um nome à criança e que meu nome seria Aparecida devido a promessa que ela teria feito ali na hora do parto. Meu primo se chama Antonio, nome também dado pela parteira. Ela devia ser devota de Nossa Senhora de Aparecida e de Santo Antonio. Ainda bem que não foi Assunta, nem Iolanda o nome que meu pai teria escolhido. Para eu ficar mais santa meu pai completou com o: de Lourdes. Por muito tempo odiei meu nome e falava para minha mãe que queria trocá-lo, mas o tempo se passou e como me chamam de Perim pouco me lembro que sou Aparecida de Lourdes. Fui criada livre e solta subindo em árvores e com direito a todas as artes possíveis, uma vida numa família de italianos, amorosos e contidos.
  • 8. 7 3 INÍCIO DOS ESTUDOS Minha vida de estudante iniciou-se no ano de 1959 em uma escola municipal chamada Arthur Thomas, pertinho do sítio “Água Mineral” onde eu morava com meus pais Moysés e Adelma e meus irmãos Rui e Sérgio. Meu irmão Waldyr nasceu em 1960. Eu ia a pé para escola com um funcionário do meu pai chamado Landinho que me levava pacientemente. Quando chovia meu pai me levava. Lembro-me que já de início fui colocada na primeira série C, porque meus pais já haviam me ensinado o abecedário e alguns números. A escola só tinha uma sala e ficávamos separados em várias turmas com o professor Zezinho e sua esposa Elvira que cuidavam da molecada. Eu já era muito divertida e fazia várias peripécias, correndo atrás da meninada no recreio. Muitas vezes esquecia minha bolsa em casa e só ia para a escola com a lancheira, levava bronca e morria de vergonha. Outro fato de que me lembro é que era muito magrinha e de vez em quando as abelhas do sítio me picavam, meu rosto inchava e quando chegava na escola o professor me chamava de “Maria Gordinha”. Eu odiava! Terminei a quarta série com 9 anos e fui para casa dos meus avós paternos, Virginio e Gertrudes, para fazer a Admissão ou seja, um preparatório para entrar no Ginasial, entrei no IEL – Instituto de Educação Londrinense. Meus avós moravam na Rua Pará e eu ia sozinha para o colégio. Lembro-me que na sala que eu estudava a molecada era “infernal” e faziam guerra de papelzinho, o inspetor vivia lá, para cuidar. Eu era muito ingênua e me lembro que a professora de português pediu para lermos um livro e fazer um resumo. Eu pedi então a meu pai que comprasse um livro e ele comprou “A Moreninha” de Joaquim Manuel de Macedo ou Helena de Machado de Assis. Comecei a ler e achei muito complicado, então resolvi escrever no papel almaço onde fazíamos os trabalhos, a estória da gata borralheira. Pedi a minha tia Laura que me ajudasse e ela desenhou a gata borralheira e eu pintei, achei que ficou muito lindo! No dia da entrega do trabalho eu me esqueci de levar e tive que sair na hora do recreio que nem uma louca para buscá-lo. Lembro-me do dia em que a professora entregou as notas, naquele papel almaço veio escrito: “ZERO, não foi isto que eu pedi”. Acho que foi a minha primeira decepção! No ano seguinte meu pai me colocou no Colégio Mãe de Deus em regime de internato. Minha primeira noite ali não foi fácil, chamava a minha
  • 9. 8 mãe em sonhos a noite inteira. Foi nesta época que nasceu minha irmã Solange, que eu sonhava muito em ter, mas não pude curtir muito, pois só ia para casa uma vez por mês. Mas fui me acostumando com a rotina e fiz ali muitas amigas. Estudei piano, fiz aulas de pintura, bordado e culinária. Acordávamos com os sininhos tocando, rezávamos, arrumávamos as camas, íamos para o refeitório e rezávamos, íamos para a aula e rezávamos antes de começar e no final, para cada atividade tínhamos que rezar. Nunca rezei tanto! Só podia ir para casa no final de semana e se as notas fossem boas. Eu era muito boa em matemática, só tirava notas boas, até que apareceu uma freira, professora, substituindo a antiga professora que havia saído do colégio. Tirei nota baixa e não pude ir para casa, chorei muito, mas no outro mês já recuperei. Lembro-me de que as meninas que não eram internas iam com as saias mais curtas que a nossa. Usávamos camisa branca, saia plissada azul-marinho abaixo dos joelhos, meias brancas três quartos e sapatos pretos. Um dia enrolei minha saia para ficar bem mais curta e a irmã Maria, brava que só, veio e deu um puxão para desenrolá-la, mas eu não me dei por vencida enrolava a saia de novo e ficava cuidando se a freira estava por perto. Tive aula de francês e minha professora vinha com sapato de salto e meia soquete, era muito diferente. Sempre tive dificuldade de falar em público e nas aulas de seminários eu chorava, algo que ainda faço nos dias atuais. No colégio ajudávamos a preparar a festa de Corpus Christi enfeitando as ruas, fazíamos hóstias para as missas e tínhamos que tomar cuidado para não queimá-las. Em algumas datas comemorativas desfilávamos pela cidade com nosso uniforme de gala: camisa de mangas compridas e um chapéu de feltro branco na cabeça, que os meninos chamavam de cata ovo, eu odiava usá-lo! Em junho preparávamos a festa junina, ficávamos nas barraquinhas e era quando entrávamos em contato com as pessoas externas, principalmente para ver os meninos. Eu era extremamente tímida, quando alguém me apresentava um menino eu ficava vermelha igual a uma cereja. Fui pela primeira vez a uma festa, era de 15 anos da minha amiga, Maria das Graças, na cidade de Apucarana e no outro dia durante a tarde adormeci na banheira do colégio e todas as internas pensaram que eu havia morrido,
  • 10. 9 tiveram que chamar a freira responsável para abrir a porta. Acordei com a irmã chamando “Perim?” (naquela época já me chamavam pelo sobrenome) e todo mundo me olhando, passei a maior vergonha! No ano de 1967, saí do internato e vinha com meu pai do sítio para o colégio. Muitas vezes chovia e sempre que passávamos por uma ponte meu pai tinha que parar para eu atravessar a ponte a pé porque tinha medo que a camionete caísse no rio. Por isso, muitas vezes cheguei ao colégio com o pé e as meias sujos de barro. Mudamos para a cidade no dia 01/05/1967, na casa onde, por usucapião, continuo morando. Nesta época já havia saído do internato e ia para o colégio com minha amiga Fernanda que morava bem pertinho de casa e ia contando minhas estórias e piadas pelo caminho e ríamos tanto que um dia urinamos na rua. Sempre fui muito alegre e curiosa e queria sempre aprender tudo que aparecia pela frente. Fiz curso de culinária, aprendi a fazer crochê, mas datilografia não. Estudei o científico no Colégio Londrinense. Era uma aluna nível médio e que gostava muito de festas! No terceiro ano fui para o Colégio Canadá e lá concluí o ensino médio. Prestei vestibular para o curso de Medicina na UEL e passei na terceira opção em Ciências Biológicas que funcionava onde atualmente é o prédio do curso de Odontologia. No inicio era tudo muito novo, mas não era o que eu queria. Conheci na faculdade uma amiga, Neusa Franchini, que desistiu do curso e me chamou para fazer cursinho a noite no colégio universitário e lá fui eu. Estudávamos bastante e passeávamos também! Ela trazia papel de embrulhar pão, pois o pai tinha uma mercearia e escrevíamos nossos rascunhos, um monte deles, nestes papéis. Hoje não consigo falar sem estar com um papel e caneta por perto, talvez devido a esta época! Prestei novamente vestibular para o curso de Medicina e mais uma vez não fui aprovada, mas como na época uma amiga, Cida Morini, havia me falado sobre um curso novo de “laboratório” com o nome de Farmácia e Bioquímica que era muito legal, eu o coloquei entre as minhas opções e fui aprovada. Na época estava em dúvida se fazia a matrícula ou não, e meu pai, um italiano
  • 11. 10 conservador, deu seu parecer: “acho que para mulher este curso está bom” e então me matriculei. 4 IV TURMA DE FARMÁCIA E BIOQUÍMICA NA UEL O primeiro ano na UEL foi duro, aulas com os cursos de Medicina, Odontologia, Biologia e Biomedicina, na maioria das vezes no anfiteatro Pinicão com muitos alunos e com professores que usavam microfones. Várias provas foram aplicadas lá. Durante todo o curso fiquei para exame em duas disciplinas: bioestatística e físico-química. Aprendi a gostar de química com a ajuda de uma amiga ainda no cursinho, Elizabeth Simeão, que cursou medicina. Com isso, química também se tornou o meu forte assim como já era biologia. Estive sempre muito envolvida em organizar festas e reuniões de estudos na minha casa. No terceiro ano comecei a gostar mais do curso, pois era prático e voltado à profissão. Neste período meu irmão, Rui, namorava uma menina a qual o médico havia receitado injeções endovenosas de fortificante e ele prontamente ofereceu a irmã, eu no caso, para prestar este favor. Na época só tinha treinado, ou melhor, aplicado uma injeção endovenosa em uma amiga na aula prática. Mas não titubeei, fui lá e fiz o papel de farmacêutica experiente. Envolvi-me bastante durante o curso, fui representante de alunos no colegiado, participei e organizei cursos e congressos, mas continuava chorando durante os seminários! No segundo semestre do quarto ano eu era responsável por uma farmácia, pois já havia terminado o curso de Farmácia e cursava a Habilitação em Análises Clínicas. As aulas eram no prédio da Odontologia no centro, e as atividades práticas no Hospital Universitário na Rua Alagoas. Lembro-me principalmente dos setores de Bioquímica e Hematologia onde ficávamos, além do tempo normal da aula, ajudando na rotina. Participava também de um projeto de extensão do curso, em Paiquerê, onde experimentávamos todas as oportunidades que nos eram oferecidas, tais como: colheita de material biológico e realização de exames parasitológicos. A convivência da nossa equipe era muito divertida.
  • 12. 11 Fui aprovada em um concurso interno para atuar como aluna plantonista no Hospital Universitário em troca da mensalidade do curso, que naquela época era pago. Fizemos a mudança do laboratório do HU da Alagoas para o HU no endereço atual. Formei-me em 19 de dezembro de 1975 e recebi a medalha de honra ao mérito do Conselho Regional de Farmácia por ter sido a melhor aluna. Organizei a festa de formatura junto com minhas amigas Regina M Borsato, hoje docente da disciplina de Microbiologia e Regiane Maria Crippa, já falecida. 5 CAPACITAÇÃO E VIDA PROFISSIONAL Formada, parti para São Paulo com minhas amigas Aparecida Rondem e Regiane Crippa para cumprir estágio no Hospital do Servidor Público Estadual. Morávamos em uma pensão, e logo que começamos o estágio surgiu o convite para darmos aula para técnicos de laboratório no período noturno. E lá foi o primeiro contato com o ensinar. A Cidinha teve que abandonar porque o pai adoeceu e a Regiane porque tinha que trabalhar e eu terminei sozinha o estágio. Aprendi muito e saí com uma boa experiência em coleta de materiais biológicos. Em 1976 prestei prova de especialidade pela Sociedade Brasileira de Análises Clínicas e recebi o título de Especialista em Análises Clínicas. Em Londrina tentei arrumar emprego em laboratório, porém só consegui em Farmácia. Na verdade, na época emprestávamos o nome e pouco fazíamos dentro de uma farmácia. No final de 1976, fui contratada para trabalhar no Laboratório Dra Eresvita Bettoni Bortolloti na Rua Espírito Santo. Uma veterana minha, Maria Amélia, trabalhava lá e estava saindo. A Dra Eresvita e a Maria Amélia estavam organizando a mudança do laboratório para a nova sede na Rua Souza Naves e eu ficava no Laboratório antigo praticamente sozinha. Ela tinha convênio com um zoológico da cidade - pois é, já tivemos um zoológico em Londrina - e eu com um olho no microscópio e outro num atlas veterinário tentava descobrir os parasitas, que experiência!
  • 13. 12 A maioria dos exames era de Bioquímica onde as leituras eram realizadas em um fotocolorímetro. Também realizávamos hemogramas e um número considerável de parasitológicos. Pela manhã eu ajudava a Marlene (uma técnica experiente do laboratório) na coleta. Esta vida é mesmo muito interessante, em 2010 a minha filha Isadora cursava arquitetura e ficou amiga de uma neta da Marlene, a Danhara. Bom, voltando ao laboratório, de manhã eu e a Marlene colhíamos sangue e outros materiais, depois eu entrava na rotina, realizando os exames. No final da tarde, quando eu saia do laboratório e chegava em casa, fechava os olhos e aqueles ovos e larvas de parasitas não saiam da minha cabeça, pois os parasitológicos eram realizados à tarde e eram muitos! Vivi muitas experiências interessantes, montei o setor de microbiologia, fiz todas as curvas de calibração em um espectofotômetro novo, enfim, pude aprender e exercer de fato minha profissão. No início do ano de 1978 me casei e no mesmo ano uma professora da disciplina de Hematologia, profª Roza Hara Manaka, foi ao laboratório onde eu trabalhava me convidar para prestar concurso na disciplina de Hematologia. Recebi o convite com surpresa, alegria e preocupação, pois eu nunca tinha imaginado ser professora. Na verdade, eu dizia quando me formei: faço qualquer coisa menos ser professora! A Rozinha pediu para que eu acompanhasse pelo jornal, pois o edital do concurso iria ser publicado. No final do mês de novembro de 1978 descobri com imensa felicidade que estava grávida do meu filho Luiz Antonio, e pensei que não daria mais para fazer o concurso. O tempo passou, vieram as férias e eu fui para a praia em Itapema-SC, descansar. Naquela época o jornal chegava às praias dois dias após ser publicado. Um dia pela manhã eu estava bela e formosa tomando um solzinho, quando meu ex-marido, veio com o jornal e me falou: o edital do concurso na UEL já foi publicado e o sorteio do ponto da tua prova é amanhã pela manhã. Liguei para o departamento e o chefe, na época o professor José Luis Ketzer, confirmou que o concurso estava aberto. Saí correndo, arrumei minhas coisas e viajei o dia inteiro para chegar a Londrina e no outro dia de manhã fui sortear o ponto. Preparei a aula “Interpretação do Hemograma” em transparências, tomei um calmante porque eu não podia chorar, e fui dar a aula. Fizeram parte da minha banca a professora Roza Hara Manaka, o
  • 14. 13 professor Alair Berbert e o professor José Luiz Ketzer de Souza. Éramos dois candidatos. Saiu o resultado e eu havia passado! Pedi demissão do laboratório e no dia 07 de março de 1979 iniciei minha nova carreira. 6 DOCENTE DA DISCIPLINA DE EXAMES HEMATOLÓGICOS DA UEL Não me lembro como cheguei, o que aconteceu e nem como foi minha primeira aula. Só me lembro que assistia as aulas da professora Rozinha, hoje madrinha de batismo da minha filha Adelma. Ministrava algumas aulas práticas e logo no início dividimos as aulas, e entres estas assumi as aulas de Interpretação do Hemograma e Leucemias que foram as quais eu mais me destaquei e aprimorei como docente de Hematologia. Lembro-me que eu preparava as aulas em umas fichas que eram para usar como lembrete. Um belo dia perdi as fichas e me vi louca, então comecei a preparar as aulas em um caderno. Como eu já comentei que quando ia pra escola eu esquecia minha bolsa em casa e só levava a lancheira, também perdi o caderno, pois o coloquei no teto do carro, e fui embora... Bom depois deste tempo eu já estava preparada e à partir daí nunca mais usei fichas e cadernos, só estudava e normalmente o assunto que não tinha nada a ver com a aula. Logo após ter assumido a disciplina e o setor de hematologia do LAC saí de licença gestação para ganhar meu primogênito Luiz Antonio, que nasceu no mês de julho. Entre fraldas e choros, entre alegrias e inexperência curti estes momentos mágicos que é ter um filho...mas era hora de voltar. Em 11 de outubro reassumi e no período de férias escolares a Rozinha foi descansar. Nas férias não havia estudantes mas havia a rotina do laboratório, que naquele período quase me deixou louca, com casos que eu nunca tinha visto e tive que aprender na “marra”. 7 ESPECIALIZAÇÃO I Bom a vida seguiu e em 1982 eu resolvi fazer Especialização em Metodologia do Ensino Superior, pois sentia que faltava algo a mais para poder ensinar. Minha preocupação maior era com a elaboração de provas. E naquele mesmo ano fiquei grávida do meu segundo filho Rômulo Henrique e com o bebezinho na barriga lá ia eu prá escola à noite. Minha orientadora da
  • 15. 14 monografia intitulada: ‘A avaliação em disciplina teórico-pratica’ foi a profª Vera Lúcia Lemos Bastos Echenique, um amor de pessoa, muito dinâmica e com uma velocidade de pensamentos e ações parecida com a minha, talvez um pouco mais calma e menos ansiosa! Confesso que não foi fácil ler aqueles textos extensos, para quem amava a parte técnica. Ainda tinha o professor Geir que em toda a aula me chamava com aquele vozeirão para responder questões filosóficas e eu nem podia mais ouvir “Perim” que já me dava um arrepio. Mas, uma disciplina me chamou a atenção “Técnicas de Micro-Ensino”. Baseada em uma prática da década de 60, desenvolvida nos Estados Unidos da América, onde vendedores eram filmados enquanto tentavam vender um produto a clientes em lojas, esta técnica também foi utilizada para a sala de aula. Quando vi o resultado da minha aula, passando a língua em volta dos lábios fui acometida por uma vergonha extrema, mas analisando a aula como um todo eu só precisava andar um pouco mais na sala, porque segurança de conteúdo eu já demonstrava. É claro que a ciência evolui e temos que acompanhar as mudanças, mas isto prá mim na época era fácil, porque gostava de aprender e o ensinar na verdade é estar disposto a aprender. Mais tarde aqui também recebi o título de melhor aluna da minha turma do curso de Especialização em Metodologia do Ensino! 8 ADMINISTRAÇÃO I Em 1989 concorri a chefia do departamento de Patologia Legislação e Deontologia (PALD) e em janeiro de 1990 assumi a chefia do departamento, com muito medo, mas como muita vontade de efetivar mudanças. No final de 1990 fizemos uma confraternização muito bonita no hotel Bourbon, eu estava grávida de 8 meses da minha terceira filha, Isadora. Em maio de 1991, tive que pedir demissão porque estava cursando o mestrado e com minha filha para cuidar. Concorri novamente à chefia de departamento em Novembro de 1995, tendo como vice a professora Alda Maria Losi Guembarovski e em janeiro de 1996 assumi novamente o departamento PALD. Na época concorremos e ganhamos da chapa concorrente, após uma disputa acirrada por 1 voto de diferença 16 a 15 votos. Anexei a este memorial a nossa plataforma eleitoral que achei meio amarelada nos meus arquivos, e pude ver que com o passar
  • 16. 15 dos anos as chefias que me sucederam puderam concretizar aqueles nossos sonhos que passaram a fazer parte dos sonhos dos docentes do nosso departamento. Com aquela diferença de 01 (hum) voto o nosso compromisso era ainda maior, tínhamos que reunir o departamento e tentar concretizar os novos desafios. Em uma visita a Universidade de São Paulo pude conhecer uma sala de microscopia e fiquei fascinada com a possibilidade de termos uma. Conversei com o diretor do Centro de Ciências da Saúde Dr. Pedro Gordan e com a vice-diretora, a saudosa profª Ana Ito, que concordaram em me ajudar e à partir daí fiquei no pé deles até conseguir comprar 20 microscópios, mas 4 foram doados ao CCB. A chegada dos microscópios e a instalação da sala de microscopia aconteceu na chefia da professora Edna Reiche. Na reunião de departamento de junho de 1996, como estávamos tendo problemas com as disciplinas de Deontologia propus ao departamento passar aos poucos estas disciplinas para os devidos cursos. No início alguns até duvidaram, mas com o passar dos anos esta proposta se concretizou e o departamento passou a se chamar Departamento de Patologia, Análises Clínicas e Toxicológicas. Tivemos alguns problemas de início porque já existia um departamento PAC no CCB, Psicanálise e Análise Comportamental. Não pudemos utilizar a sigla PAC, mas usamos a LAC de Laboratório de Análises Clinícas. Nesta época também passei a integrar o conselho deliberativo do Laboratório de Produção de Medicamentos LPM, junto com professora Ana Ito. Participamos de vários embates nesta gestão e em várias porque falava em LPM e lá ia eu como representante do PALD. Ainda na minha gestão conseguimos que a vaga de Citologia Clínica deveria ser destinada a um farmacêutico e no ano de 1997 abrimos o teste seletivo. Em fevereiro de 1997 o departamento discutiu a necessidade de contratação de 02 docentes para ministrar a disciplina de estágios e aprovamos duas vagas. 9 MESTRADO Em 1989 resolvi me inscrever no mestrado em Histologia no Centro de Ciências Biológicas. Como eu não queria sair de Londrina e meus filhos já estavam com 7 e 10 anos, fui tentar uma vaga mesmo sabendo que havia 5 vagas e 5 alunos matriculados como especiais ou seja chance quase zero. Não
  • 17. 16 tinha orientador e nem projeto. Tinha um bom nível de inglês em leitura e uma força de vontade ímpar. Fiz a prova de inglês e fui muito bem, saí rapidinho. Fui classificada fiz a entrevista e passei. Na época eu nem acreditava, pois tinha acabado de ser eleita a primeira mulher chefe do departamento PALD. Pensei com meus botões, vou encarar este desafio e lá fui eu com duas metas acadêmica e administrativa. Comecei com força total em fevereiro a cursar os créditos e em março descobri que estava grávida da minha terceira filha Isadora. Fiquei desesperada devido a minha idade quase 36 anos. Com 31 anos havia engravidado e tive um aborto, que me traumatizou muito. Mesmo assim segui em frente, sob a orientação da professora Nilce Marzolla Ideriha, comecei a montar o projeto piloto. Tive que aprender a cuidar de ratos, sacrificá-los, preparar matriz óssea desmineralizada (MOD) cortanto com tesourinha, e implantar intramuscular, dar pontos, manejar o micrótomo... uma rotina maluca, e... ainda havia a chefia do departamento. Tinha que ir todos os dias no campus durante os experimentos, sábados, domingos, feriados, Natal...e foi no Natal de 1990 que minha bonequinha chegou, adiantadinha porque a previsão era 6 de janeiro. Bom, fui cuidar do meu nenê e em março lá estava eu de volta em meio a mamadeira, ratinhos e seminários e então tive que pedir demissão da chefia porque minhas forças se foram e meu sonho enquanto chefe teria que esperar. Saí com o compromisso de retornar após o mestrado e a professora Monica Bastos Paolielo minha vice, foi eleita a nova chefe. Mais leve segui em frente, agora já no projeto definitivo. Em dezembro, em meio aos experimentos e preparo da festa de aniversário de 01 ano da Isadora, notei que estava acontecendo algo estranho, minha menstruação estava atrasada. Então no dia 21 de Dezembro levei uma tira de teste rápido de gravidez e um tubo de ensaio para o laboratório. Urinei no tubo coloquei a fita e fui anestesiar o lote de ratos. Passado um tempo voltei lá e quando vi duas faixinhas na fita, me bateu um desespero absurdo. Mestrado, velha, agora com 38, uma pequeninha me esperando lá em casa, dois filhotes préadolescentes e eu grávida de novo!! Fiquei tão transtornada que me esqueci do rato que acabou morrendo e era do lote experimental...chorei desesperadamente. Mas a vida continuou, terminei meus créditos e fui ganhar a minha outra bonequinha. Com as duas bebezinhas achei que não daria conta, e tive que ir com mais calma. Só consegui terminar o mestrado em 1995
  • 18. 17 e defendi a dissertação intitulada “ Influência da Clonidina no Crescimento de Ratos Jovens” cujos objetivos eram estudar os efeitos do uso crônico desta droga, em ratos, por meio de parâmetros biométricos e morfométricos e estudar a influência da droga na osteogênese ectópica induzida por matriz óssea desmineralizada. A Clonidina, uma droga anti-hipertensiva e agonista central α2-adrenérgico utilizada como potente estimulador do hormônio de crescimento foi utilizada anteriormente em crianças com baixa estatura para promover crescimento e havia resultados contraditórios na literatura. Realizei meu extensivo trabalho e conclui que o tratamento prolongado com Clonidina em ratos, não promoveu o aumento de crescimento do esqueleto e da osteogênese induzida por MOD. Deste período ficaram as boas lembranças dos docentes e servidores do Departamento de Histologia da UEL a quem eu sou eternamente grata e a má lembrança ao descobrir dois anos mais tarde que eu não teria o diploma porque o curso não era reconhecido pela CAPES. Uma decepção que perturbou minha carreira, porque apesar do reconhecimento financeiro, não pude no ínício do Curso de Especialização em Análises Clínicas orientar os especializandos. Acho que nesta época eu deveria ter ido a uma psicóloga...sofri muito. Mais tarde o curso foi reconhecido pela UEL e me deram um diploma interno. Passei então a orientar na especialização, mas continuava com a sensação de ter sido enganada. Algumas amigas daquela época partiram para USP e UNESP e concluíram seus doutorados, mas eu com quatro filhos não quis arriscar. Quando o doutorado em Ciências da Saúde foi implantado fiquei animada em fazer o doutorado, mas tinha um impedimento, eu não havia publicado meu trabalho, só publiquei o resumo “Effects of clonidine on osteogenesis induced by mineralized bone matrix DBM” no V Congresso Brasileiro de Biologia Molecular. Pensei, não vou retomar e publicar dez anos depois e então conclui que não faria mais o doutorado. 10 LABORATÓRIO CIÊNCIA Em 1990, já grávida da Isadora, fazendo mestrado e chefe do departamento PALD, surgiu a possibilidade de assumir um laboratório de Análises Clínicas e Toxicológicas. Tive como sócio e responsável técnico pelo laboratório meu ex-aluno, amigo e hoje docente da UEL e meu namorado. Por
  • 19. 18 12 anos transitei por esta nova fase da vida, trabalhar de dia e à noite. Saí do regime TIDE e vivi a profissão como proprietária de laboratório e com foco numa área que eu tinha muito que aprender, Toxicologia. Importamos um cromatógrafo a gás e um espectrofotômetro de absorção atômica, nos capacitamos e começamos atender as empresas que fabricam baterias e várias outras indústrias. Eu ficava na UEL e nos finais de dia e de semana ajudava no laboratório. Muitas vezes eu ficava à noite no laboratório escrevendo minha dissertação de mestrado e ao mesmo tempo aprendendo a utilizar um computador. Como não pretendíamos expandir a área de Análises Clínicas, implementamos a Toxicologia. Esta área era de difícil retorno financeiro pelo volume de exames que era sazonal e não era o suficiente para compensar. Em 1996 o Custodio saiu, porque ele e a esposa tinham recebido uma proposta de trabalho em Rondônia. Fiquei um tempo sozinha com o laboratório e muito doente nesta época, porque não conseguia dar conta das atividades. Foi quando o laboratório Oswaldo Cruz comprou a parte do Custodio e assumiu a responsabilidade técnica do laboratório. Permaneci ainda até 2002 e vendi o laboratório, porque senti que era hora de uma definição e eu optei pelo que me dava maior prazer, a docência. 11 ADMINISTRAÇÃO II Em 2000 fui eleita vice-coordenadora do colegiado de Farmácia e a partir daí comecei uma fase da minha carreira bastante desafiadora. Vice da professora Irene Popper, não foi fácil! Briguei mais do que já brigava, e comecei a ir a Conferências Nacionais de Educação Farmacêutica, pois as leis de diretrizes nacionais estavam sendo discutidas. Aprendi muito observando a Irene, principalmente definindo o que eu não deveria fazer. Implantamos a avaliação para verificar quais as fragilidades e pontos fortes do curso. Sempre defendi meu departamento e naquela época eu tinha que ajudar o curso de Farmácia, sem departamento específico, eu acreditava que a criação do departamento era a solução para que o curso se consolidasse. Para a criação do departamento era necessário ter 440h segundo o regimento da UEL e só tínhamos 6 docentes alocados no departamento de Tecnologia, Alimentos e Medicamentos TAM no Centro de Ciências Agrárias. Lutamos para a implantação da Habilitação em Indústria e solicitamos 2 vagas docentes. Com
  • 20. 19 a criação da Habilitação em 2001 e a contratação de dois docentes contávamos com 8 docentes e necessitávamos de mais 3. Em 2000 em concomitância com a vice-coordenadoria do colegiado assumi a chefia do setor de Hematologia do Laboratório de Análises Clínicas, como encarregada do setor. Em 2002 fui eleita coordenadora do Curso e me joguei de cabeça. Lembro-me de que depois da eleição, a professora Irene Popper que era minha vice, me procurou e me disse que nas reuniões nos órgãos colegiados superiores era ela quem iria. Foi o meu primeiro enfrentamento, pois disse a ela que eu tinha sido eleita para coordenar e não para ser mandada. Voltando ao departamento que tinha que ser criado, mas não tinha docentes em número suficiente, seriam necessárias 440h para se criar um departamento e não havia possibilidade de expansão de vagas. No PAC as duas docentes da área Farmacêutica Dora e Sirlei que no início até se propuseram a ir para o departamento de Farmácia, declinaram do convite. Nesta época, tive um desentendimento no meu departamento com a alteração de falas em uma ata que tive que ir até ao departamento jurídico da UEL para solicitar que a chefia do PAC fizesse a retratação do ocorrido, pois a ata tinha sido adulterada. Voltando a novela da criação do departamento de Farmácia, o departamento TAM, onde os docentes de Farmácia eram alocados, cederam a vaga da professora que iria se aposentar e que era responsável em ministrar aulas de nutrição para o curso de Enfermagem e mais uma vaga conseguida pela professora Marcela numa reunião de Conselho Diretor do CCA. Tínhamos 10 docentes e 400h, como na época, os docentes eram 44h semanais pensamos 10 docentes e finalmente o departamento iria ser criado. Nesta época o estatuto e regimento da UEL estavam passando por reformulações. Eram muitas reuniões, pois além de tudo o coordenador de colegiado à época participava de 7 reuniões oficiais mensais a saber: Departamento, Colegiado, Centro, câmaras de ensino, pesquisa e extensão, Conselho de ensino, pesquisa e extensão (C.E.P.E.) e do Conselho Universitário (C.U.). Na época tínhamos reuniões de CU toda semana devido a mudança do estatuto e regimento. Parafraseando o professor Décio em seu memorial eram “reuniões infindáveis (muitas vezes com discussões estéreis, porém outras memoráveis) e calhamaços de papel para cada uma delas”. Tínhamos reuniões cansativas e
  • 21. 20 em uma delas no anfiteatro de morfologia quando estava para votar este artigo no estatuto questionei a professora Lygia reitora à época, e esta até concordou comigo que eram 10 docentes de 40h porque nosso regime de trabalho anteriormente era de 44h semanais daí o porquê das 440h, mas a reitora resolveu pedir a opinião do professor Piau que deu o parecer, tem que ser 11. Saí da reunião chorando, olhei pro Piau e disse “te odeio” e segui meu rumo desolada. Apesar da pancada, não desistimos e conseguimos a 11ª vaga, pois a professora Marcela minha vice na época conseguiu na PRORH uma vaga temporária que foi aprovada pelo Conselho de Administração. Neste período eu estava no segundo mandato, pois fui reeleita coordenadora de colegiado. Em agosto de 2006 o departamento de Ciências Farmacêuticas foi criado no CCS, com onze docentes e com a promessa de 1 vaga para técnico administrativo, solicitamos duas mas aprovaram somente uma e dois técnicos de laboratório que viriam do CCA. Resgatando meu discurso (anexado), já como chefe do departamento PAC, em 07 de agosto de 2006 hoje percebo que mesmo sem que saibamos, algumas coisas acontecem na nossa vida com um propósito. Em uma parte daquele discurso falei: “É imprescindível também que a próxima direção do CCS dê continuidade aos trabalhos da atual direção abraçando esta causa e lutando conosco para a construção dos laboratórios de Habilidades Farmacêuticas e o espaço para o novo departamento.” Eu ainda não sabia que faria parte da nova direção do CCS, pois o convite do professor Isaias viria em seguida. O departamento veio em 2008 para o CCS e os laboratórios que à principio ficariam no CCA por mais dois anos, foram alocados no CCS em 2013. E as vagas do ténico até hoje não temos e os dois técnicos de laboratório o CCA não liberou. Voltando ao período 2002-2004 em meio a estes acontecimentos segui coordenando a equipe responsável para implantar a reforma curricular, pois as diretrizes foram aprovadas em 2002 e tínhamos que implantar o novo currículo até 2005. Na comissão de reforma tínhamos que colocar três habilitações dentro de um currículo com 4.800h, para o farmacêutico com a formação generalista. Tínhamos várias deficiências no currículo a corrigir e não sabíamos como proceder.
  • 22. 21 Tentamos capacitar os professores ao máximo, com diversas palestras com a Dra. Zilamar Fernandes e outros docentes da UEL da área da Educação. Trabalhei com uma equipe empenhada e o resultado que conseguimos, apesar de criticado, até que deu certo. Tive muita ajuda de vários professores dentre eles o da professora Hissae (já falecida), craque em construir planilhas com horários. A professora Marlene Fregonezi e a professora Irene Popper também foram peças chaves na elaboração deste currículo, sem exame e com segunda época! Claro que um currículo exige constantes modificações e elas foram realizadas ainda que em menor proporção. Só sei que fiquei um bom tempo indo às reuniões mesmo depois do término do meu mandato porque realmente era muito complicado. Lembro-me dos professores do básico quando queríamos juntar conteúdos de duas ou três áreas para formar um módulo, era uma discussão sem fim. Tínhamos que usar umas frases de efeito sugeridas pela professora Zilamar “O sr professor é muito importante, é a peça chave para nos ajudar neste desafio”, no início eles recuavam, mas muitos deles voltaram e nos ajudaram muito. Em 2004, numa reunião no CCS com a presença da reitora à época professora Lygia Puppato, sob a direção do professor Waldir Garcia, na qual participavam chefes de departamento e coordenadores de colegiado, foi anunciado pela reitora que seria liberado recursos para a construção do laboratório de Fisioterapia Aquática. Lembro-me que fui até a reitora e argumentei que tantos cursos haviam sido contemplados com recursos e que o Curso de Farmácia necessitava tanto de uma Farmácia-escola, pois seu novo currículo iria ser implantado em 2005 e não tínhamos perspectivas de construção. Ela acenou com a possibilidade de gestionar para conseguir o recurso e no final de 2004 já possuíamos um projeto e perguntamos então se ela não poderia liberar recursos para construção da Farmácia. Ela acenou com a possibilidade de gestionar para conseguir o recurso. No final de 2004, na liberação do recurso para a Fisioterapia com a presença da reitora e do secretário da SETI Aldair Rizzi, em seu discurso o Dr Aldair me surpreendeu ao dizer: “Professora Perim estamos fazendo o possível para liberar recursos para a Farmácia-escola”, lembro que todo mundo ficou me cutucando e me olhando e eu toda cheia. Bom nos últimos dias antes do recesso de final do ano, recebo uma ligação de Curitiba da professora Lygia me comunicando que teríamos
  • 23. 22 que fazer um projeto urgente, pois seria liberado R$200.000,00 reais para a Farmácia. Saí pulando à procura da professora Marcela para que adaptasse um projeto formulado pelos docentes da Farmácia para que pudéssemos enviar à Proplan. O projeto foi enviado, o dinheiro liberado e a nossa tortura começou. Com aquele recurso só poderíamos fazer a reforma de um espaço, porque no local antigo da Farmácia, naquela época interditada, não era possível. Após várias tentativas no HC, no Campus, não conseguimos. Só em 2008 por meio de outro recurso liberado a obra foi executada mas a Farmáciaescola foi inaugurada somente em 2012. O recurso de 2005 foi utilizado para equipamentos e mobiliários da nova Farmácia construída. Em 2005 fui convidada pelo professor Eversum Krunn, ex-presidente do Conselho Regional de Farmácia e membro da diretoria para me candidatar como conselheira. Recebi o convite com surpresa porque até então nunca havia participado em nenhuma comissão e tinha a impressão de que conselheiros só eram os velhinhos aposentados, pelo menos na minha época do exercício em farmácia era assim. Mas resolvi submeter meu nome e tive uma votação surpreendente, e em janeiro de 2006 assumi como conselheira do Conselho Regional de Farmácia e fiquei até 2009. Fiz muitos amigos, vivi a realidade do outro lado, fiscalizando os profissionais. Mais uma vez chorei muito ao me colocar diante dos problemas de meus colegas de profissão. Mas foi muito bom! Pude constatar que o CRF-PR é um órgão que faz o papel não só de fiscalizador, mas promove cursos de atualização e se envolve nas discussões polêmicas da profissão. Queriam que eu ficasse, mas tive que sair porque tinha outros desafios pela frente. Saí do colegiado em 2006 e assumi novamente o departamento PAC tendo como vice o professor Décio Sabattini Barbosa. O Décio que dizia “vou ser o seu vice, veja lá como está sua saúde” e eu dizia a ele: “não se preocupe, se não infartei até aqui, agora vai bem, é tranqüilo” mal sabia ele e eu. Logo que assumi a chefia alguns estudantes me procuraram para coordenar a IX Jornada de Análises Clínicas realizada praticamente em 6 meses, e eu topei, um outro desafio! Não fiquei muito no meu departamento como era minha pretensão. Em agosto o professor Isaias Dichi a quem eu conhecia superficialmente, me perguntou se eu não queria ser vice-diretora do CCS. Juro que na hora eu disse um não veêmente e indiquei minha amiga
  • 24. 23 professora Edna Reiche, que não aceitou o convite, pois iria cursar doutorado que era o que eu também pretendia. Com o Dr. Isaias insistindo, consultei alguns docentes do meu departamento entre eles o professor Décio e Edna, que deram o maior apoio e me disseram da importância do cargo para o nosso departamento e lá fui eu para mais uma batalha. 12 ESPECIALIZAÇÃO II Em 2005, envolvida com as mudanças que aconteciam no curso resolvi cursar à distância uma especialização gerenciada pela Fundação Osvaldo Cruz: Ativação em processos de mudança no Ensino Superior. Foi uma experiência gratificante com aulas presenciais em São Paulo, compartilhadas com professores da região sul e sudeste de vários cursos. Foi ali que nós quarentões à época tivemos a primeira experiência com a plataforma Moodle. Todos desajeitados resolvemos que o MSN era bem melhor. Moodle durante as aulas e messenger fora delas, até nossa tutora uma psicóloga cinquentona preferiu o MSN. Nossa equipe, composta de enfermeiras, fisioterapeutas, um odontólogo e eu farmacêutica era muito boa e divertida. Meu trabalho de conclusão sob o título “Projeto de parceria ensino-serviço para a inserção de estudantes de Farmácia no estágio Habilidades Farmacêuticas III” foi orientado pela profª Dra. Maria Cezira Fantin Nogueira Martins. 13 ADMINISTRAÇÃO III Ao aceitar o convite do Dr Isaias, sentamos prá construir nossas metas e começar nossa campanha para a direção do CCS. Neste ínterim o professor Décio meu vice assumiu a chefia do departamento PAC. Fomos à primeira reunião no departamento de Enfermagem e quando o Dr Isaias passou-me a palavra...chorei...e pensei, isto não vai dar certo. Continuamos nossa campanha, mesmo com chapa única, entregando nossos panfletos, orientados professor pelo ex-diretor Márcio de Almeida. Fomos eleitos e em 10 de outubro de 2006 assumimos a direção do CCS com direito a posse, jantar dançante e com muita força de vontade. Eu estava ligada ao PAC por conta da jornada que coordenava e assumi a vice-direção que no inicio era muito difícil, com aquele burburinho típico dos
  • 25. 24 estudantes que faziam parte da comissão organizadora e que sempre me perguntavam se eu tinha lavado o cabelo com xampu de laranja, porque estava “um bagaço”, e eu com trocentas coisas para fazer ao mesmo tempo, tive a impressão de estar levitando, mas foi muito bom e divertido! O Dr. Isaias fazia a parte mais política e eu fiquei na administração interna apesar de que quando o assunto era polêmico lá íamos os dois tentar resolver. Eu era sempre mais afoita e ele mais ponderado e deu muito certo. Quando assumimos a maioria dos departamentos estavam com a infraestrutura muito ruim, então vimos com o HU à possibilidade de utilizar os recursos para viagem, que se não gastos no ano não mais retornavam, para adquirimos computadores, impressoras, data-show, mesas, ar-condicionado, e materiais para os departamentos. Todos foram reestruturados inclusive os da Odontologia, estes com recursos dos cursos de especialização da própria Odontologia que vem para o Centro. Compramos carteiras novas, para as salas inauguradas e para outras já existentes. No Planejamento do Centro seguimos o Planejamento Estratégico Institucional e a próxima prioridade era o Laboratório de Habilidades Farmacêuticas, pois num acordo com o CCA os laboratórios deveriam vir ao CCS em dois anos e era meta do PAC que os laboratórios alocados no HC viessem para o CCS, devido aos inúmeros problemas que tínhamos de aulas teóricas e práticas em locais distantes. Quando assumimos juntamente com a chefe de departamento de Ciências Farmacêuticas fomos a reitoria conversar com o professor reitor Wilmar S. Marçal, para solicitar a liberação de recursos para a Farmácia- escola e ele prontamente disse que iria liberar recurso da Caixa Econômica Federal que a UEL tinha ganho devido aos contratos com os bancos, pois a caixa havia vencido a concorrência. Saí de licença e quando voltei os diretores tinham discutido os recursos da Unidade Gestora do Fundo Paraná (UGF) de 2007 destinados ao CCS e o reitor informou ao Isaias que a parte do CCS era a Farmácia-escola. Fiquei muito brava na época porque na verdade a prioridade no Planejamento Estratégico Institucional (PEI) do CCS eram as salas de aula e os laboratórios. Com os recursos da UGF de 2008, 2009 e 2010 foram priorizadas as salas de aulas, um anfiteatro e os laboratórios. Paralelamente a estas obras, o
  • 26. 25 laboratório aquático começou a ser construído. Após várias intervenções e reuniões acaloradas, com demora entre 6 a 8 anos estas obras foram inauguradas, sempre com muito choro! O Centro de fisioterapia Aquática e o prédio dos laboratórios foram inaugurados em 2012 e a Farmácia em 2013. Não vou relatar todos os problemas, mas enfrentamos muitos e nos desgastamos além das nossas forças. Salas de madeira no chão, docentes sem salas para aulas, obras construídas em várias etapas, inauguradas sem banheiros, enfim um caos! Tivemos que reestruturar e readequar espaços, estabelecer critérios para utilização das salas, mas com todo esforço conseguimos colocar multimídia e computadores em quase elas. O prédio das salas de aulas que deveria ser o primeiro a ficar pronto será inaugurado daqui há um mês. Para o novo prédio teremos carteiras? Os tablados do anfiteatro que cobrei desde a elaboração do projeto, me informaram esta semana que não foi previsto e agora? Nestas salas teremos que colocar ar condicionado e insufilme, e recursos para isso? Neste prédio está previsto um elevador, já solicitado há 01 ano, será adquirido? A rede lógica do CCS que recebeu recursos da Fundação Araucária em 2005 para ser reestruturada e não foi e há um ano estão adquirindo os equipamentos, será finalmente reestruturada? Voltando no tempo, em 2006 começamos a pensar num espaço para a pós-graduação o Centro de pesquisa e pós-graduação do CCS (CEPPOS), ajudando nas negociações de um projeto inicialmente coordenado pelos professores Darli e Cordoni e depois pelos coordenadores da pós-graduação. Atualmente, o professor Décio está como representante da direção nas negociações com as pro-reitorias Proplan e Proppg. O CEPPOS a ser construído com recursos da FINEP com previsão de início em 2007, ainda está dependendo de liberação de recursos. Devido às dificuldades nas negociações entre o CCS e o HU, quanto ao local para a construção do prédio e tantos outros problemas, a previsão para o início da obra é 2014. Como os projetos estavam em andamento, eu que já estava cursando o doutorado e com quase todos os créditos concluídos, resolvi me candidatar a direção do CCS tendo como vice o Dr. Luiz Carlos Lúcio de Carvalho.
  • 27. 26 Não tivemos chapa concorrente e em 10 de outubro de 2010 assumi como a primeira mulher não médica a administrar o CCS. Parece fácil, mas não é. Administrar um Centro com 11 departamentos e 5 cursos, participar de reuniões da Administração da UEL, vivenciar o dia a dia de pessoas, tentar apaziguar, resolver conflitos que são muitos, fazer toda a manutenção de salas e equipamentos e prédios, decidir na incerteza, realmente uma experiência e tanto! Nesta nova fase resolvemos que teríamos que implementar os laboratórios e raspando recursos de pedras, compramos vários equipamentos e manequins para todos os cursos do CCS. Priorizamos a UGF de 2012, R$ 600.000,00, em decisão de Conselho de Centro e orientados pelo novo PEI elaborado em 2009, para equipar os laboratórios dos cursos de Farmácia, Fisioterapia e Odontologia. Além deste recurso, um outro liberado pela SETI específico para implementação dos laboratórios foram destinados aos 5 cursos e estamos em processo árduo de compra após cadastrar e atualizar os preços no SICOR. Alguns departamentos e docentes não acreditaram e não atualizaram preços, mas alertamos nestes 7 anos de administração que esta é a única maneira de comprar. Com a informação que teremos redução e que os recursos da UGF de 2013 e 2014 serão liberados no início do ano, a nossa meta é de construir um Centro de Simulação realística no CCS, para atender os cinco cursos e o projeto já está pronto. Saio em outubro de 2014 feliz porque pude concretizar algumas metas importantes para o curso de Farmácia e para o CCS. 14 DOUTORADO Em 2009, resolvi me matricular no doutorado em Patologia Experimental e cursar duas disciplinas como aluna especial e escrever um projeto orientada pela professora Maria Angelica Watanabe. Lembro-me quando defendi o projeto e ela foi à PROPPG entregar os documentos e descobriu que o mestrado não era reconhecido me ligou., . No primeiro dia de aula do professor Philenno Pinge Filho, ainda como aluna especial, pensei em desistir. A Imunologia não tinha nada a ver com aquela que eu sabia e eu senti que seria muito difícil. Mas conversando com minha amiga Elaine Delicato, uma ex-aluna e professora da disciplina de
  • 28. 27 Imunologia Clínica, ela me falou que também estava apavorada...e eu mais uma vez pensei e decidi encarar... e seja o que Deus quiser! O tempo passou rapidinho e um dia no CA, outro sentada numa sala assistindo aula, outro colhendo material e falando com mães e crianças com leucemia, outro no CCS resolvendo pepinos, outro no laboratório discutindo o andamento do projeto os resultados e outros chorando esgotada...e falando não vou conseguir. Mas tudo passou muito rápido, realmente a minha orientadora tem uma equipe que vale ouro. Umas me ameaçavam, outras incentivavam e empurravam e assim foi. A Maria Angelica me via e falava: Vamos marcar a qualificação? Eu gelava e pensava “só depois do primeiro artigo ser aceito” e ele foi aceito e publicado! Bom tirei 18 dias de férias fiquei de pijama dia e noite escrevendo e quando eu liguei prá ela no dia 1 de julho e ela me perguntou: Vamos marcar a qualificação? Respondi “vamos para o dia 15” e ela me perguntou: de que mês? E eu respondi que seria em julho e ela retrucou: mas hoje é dia primeiro, e eu disse a ela que tinha tirado férias para terminar que estava quase tudo pronto e eu não poderia voltar sem qualificar. Ela imediatamente marcou e assim fiz a minha qualificação, claro deixando a minha banca composta pela Marla Amarante e Roberta Guembarovski malucas. Terminei e marquei a defesa para o dia 23 de agosto. Voltei ao CCS por 2 semanas, conduzi a reunião de CC no dia 8 e no dia 9 saí de licença para a defesa. Pijama de novo e com a Roberta, filha da Alda me assessorando e a Marla também na retaguarda, finalmente obtive o título de doutora e chorei! Voltei ao CCS na segunda entreguei a documentação do doutorado na ProRH e já comecei a escrever este memorial contando minha vida até aqui! É claro que paralelamente à UEL minha vida seguiu, me separei, arrumei um namorado, meu filho Rômulo se casou e me deu dois netos maravilhosos. A minha vida foi cada minuto um flash, me dediquei mais à minha vida profissional do que pessoal, mas foi me refugiando nas pessoas que eu amo que encontrei forças nas adversidades. 15 CONSIDERAÇÕES FINAIS
  • 29. 28 Escrever este memorial foi muito gratificante. Relembrar a minha vida e poder partilhar fatos de minha infância, adolescência e juventude foi muito gostoso. Como diz o meu pai... só percebo o quanto envelheci quando olho no espelho. E é verdade! Claro que ao ficar sexy e crocante algumas dores também aparecem e não as vejo no espelho. A inquietude, a força de vontade e a alegria fazem parte de mim e tomara que eu nunca as perca. Claro que nem tudo na vida acontece como planejamos, apesar de colhermos tudo o que plantamos. Não imaginei ser professora e sou, não pensei em ser diretora de um Centro e fui e até o doutorado que achei que não daria mais tempo de fazer ..deu. Nestes anos dentro desta Universidade que é mais minha casa do que a minha própria pude compartilhar sonhos e ensinar muitos a sonhar. Muitas vezes fui rígida e muitas vezes amoleci. Este poder de envergar e não quebrar me acompanha e fiz o que estava ao meu alcance e o que não estava também. Aprendi que se não gosta de alguma coisa, e tem que fazer, tem que aprender a gostar, porque a vida torna-se mais prazeirosa. Sempre lutei por todos e muitas vezes deixei a vida profissional ultrapor a minha vida familiar. Hoje, aqui estou diante de mais um sonho que pensei não poderia mais alcançar, professor associado! Fui feliz ensinando, amei ser professora e lutei pela graduação e pela excelência no ensino e fico ainda fascinada quando percebo os jovens professores lutando e sentindo prazer no que fazem. Pena que são poucos! Relendo este memorial confesso que fiquei admirada do tanto de coisas que já realizei e muitas outras não de menor importância, mas que não relatei porque o contexto era outro. Hoje me policio para ir um pouco mais devagar. Sinto ao descrever a minha história que alguma coisa se perdeu em meio a tantas atividades, e com certeza esta atribulação foi para suprir o lado pessoal, que nem sempre foi como eu sonhei. Se andei rápido agora é hora de repensar a vida. Será difícil não me meter de novo numa boa briga embora, ao se envelhecer, o pensamento e a agilidade corporal andem na velocidade inversa. Estar na gerontolescência, ser sexy e crocante vai me ajudar com o bom humor que me é peculiar a enfrentar minha nova fase à partir de outubro de 2014 quando me desligar das atividades administrativas. Ainda tenho alguns trabalhos de pesquisa para concluir que correrão junto com a administração. Sei que muitos terminam um memorial estipulando metas e sonhos na vida
  • 30. 29 acadêmica. O meu momento é outro. Sei que até sair serei uma referência viva para muitos assuntos e procurarei ajudar. Deixo aqui aos que estão iniciando nesta arte que é muito bom ao olhar para trás relembrar das batalhas travadas, nem sempre ganhas, mas que mesmo perdidas tiveram um gostinho de vitória porque a justiça e o amor estiveram lado a lado. 16 CURRICULUM LATTES