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MATERIAIS PEDAGÓGICOS ALTERNATIVOS: O USO DA CRIATIVIDAE NAS
AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA
CARDOSO, Sarita1
SOARES, Thaís Caroline2
SILVEIRA, Diná Corbetta da3
RESUMO
Cientes de que a Educação Física é uma disciplina fundamental no processo do desenvolvimento da
criança, devido a sua importância no que diz respeito ao desenvolvimento motor, assim como na
formação integral do indivíduo, nos preocupamos com as impossibilidades de desenvolver a mesma no
contexto da Educação Infantil, pois com a ausência da disciplina no currículo dos Centros de
Educação Infantil existe uma conseqüente falta de recursos próprios para o desenvolvimento de
atividades referentes ao eixo movimento, como materiais didáticos pedagógicos por exemplo. Neste
sentido, o estudo ressalta a importância da Educação Física no contexto da Educação Infantil, assim
como a construção e utilização de materiais alternativos confeccionados ou adaptados para favorecer a
promoção das habilidades motoras das crianças. Diante destas intenções, o presente estudo esteve
pautado na perspectiva da pesquisa-ação e foi desenvolvida no Centro de Educação Infantil Adélia
Russi Silva, na cidade de Itajaí durante o 1º semestre de 2008. Após a realização das intervenções, foi
possível constatar que as crianças da devida instituição necessitam desse espaço da Educação Física:
das vivências, da construção, da criatividade, do desenvolvimento, ou seja, necessitam que
aprendizagens anteriores a instituição/escola e/ou fora desta, sejam reforçadas e aprimoradas no
decorrer do desenvolvimento do trabalho com o eixo movimento, não como um complemento aos
demais eixos de trabalho, mas como um aprimoramento das habilidades e possibilidades dentro e fora
do ambiente educacional.
Palavras chave: Educação Física – Educação Infantil – Material alternativo.
1 INTRODUÇÃO
A Educação Física escolar tem como principal meta despertar o desenvolvimento das
habilidades motoras e, como fundamento, estimular a criatividade, além de auxiliar a
formação integral do aluno, utilizando-se das atividades físicas para a formação de todas as
suas possibilidades de vivência e compreensão corporal (VALADARES e ARAÚJO, 1999).
Entretanto, muitas crianças, prioritariamente da rede municipal de ensino de Itajaí, não estão
tendo a oportunidade de desenvolver essas habilidades no que se refere àquelas propiciadas
pela Educação Física na Educação Infantil. Através de intervenções na referida rede de ensino
constatamos que a mesma não tem no seu quadro de professores o profissional de Educação
Física. Entendendo que para a promoção do desenvolvimento global do educando, a Educação
1
Acadêmica do 7º período do Curso de Educação Física – Universidade do Vale do Itajaí/UNIVALI
2
Acadêmica do 7º período do Curso de Educação Física – Universidade do Vale do Itajaí/UNIVALI
3
Professora do Curso de Educação Física, Professora Orientadora na disciplina de Estágio Supervisionado:
Pesquisa da Prática Pedagógica.
Física desempenha um papel de suma importância, devido ao fato que esta área do
conhecimento tem como foco de estudo a cultura corporal do movimento, torna-se perceptível
que a Educação Física este presente no contexto da Educação Infantil, pois a mesma é
fundamental para o desenvolvimento motor da criança.
Não se pretende aqui, desmerecer os demais eixos de trabalho do currículo da Educação
Infantil, mas o eixo movimento trabalhado pelas professoras regentes, acaba não tendo o
devido atendimento, assim como a Educação Física não tem o seu devido reconhecimento e
conseqüentemente sofre mais com a falta de investimentos. Principalmente, porque muitos
educadores pensam que somente bolas bastam para se aplicar uma aula de Educação Física.
Sendo assim, é preciso ressaltar que quando as professoras regentes trabalham atividades
dirigidas ao eixo movimento com certeza estas são fundamentais para o desenvolvimento
global das crianças, mas não da forma como vem sendo trabalhados, onde acabam sendo
pouco exploradas as possibilidades motoras das crianças.
Todos estes fatores levam a uma desvalorização da Educação Física no contexto da
Educação Infantil o que deixa como reflexo a dura realidade da falta de materias, e/ou alguns
em condições precárias, mesmo sabendo que o eixo do movimento também faz parte da
função do professor regente, pois tais materiais facilitariam muito no processo ensino-
aprendizagem e conseqüentemente no desenvolvimento global dos alunos, compreendendo a
criança em sua totalidade.
Nossa proposta é justamente estar em contato com essas duas dificuldades, a
importância da Educação Física na Educação Infantil e a falta de materiais para estar
desenvolvendo as aulas.
Uma alternativa para esta situação na Educação Física é a utilização de materiais
alternativos confeccionados com sucata ou com a adaptação dos já existentes. Pois a
contribuição da sucata para as aulas de Educação Física é evidente, além de suprir a falta de
materiais, o professor tem a possibilidade de criar momentos para o desenvolvimento global
das crianças, ou seja, durante a confecção dos materiais as crianças estão em um processo
criativo e posteriormente as mesmas estarão utilizando desses materiais em atividades que
favorecem o desenvolvimento da motricidade. Sendo que a sucata pode ser todo o material ou
objeto que tenha quebrado ou tenha perdido sua utilidade, todavia, qualquer coisa que tenha
perdido sua finalidade original de uso (MACHADO, 2001). Além disso, como colocado
anteriormente, os materiais que não serão confeccionados serão justamente aqueles que
buscaremos no ambiente escolar que são na verdade utilizados em outras funções, como
bancos, colchões, carteiras, cadeiras, escadas, dentre outros materiais alternativos, pois de
acordo com Silva e Saldanha (2006), é possível vislumbrar alternativas para o
desenvolvimento do trabalho docente. Como exemplo, destaca – se a proposta de construir,
resgatar e ampliar o arsenal de brinquedos que são viabilizados a partir de materiais
alternativos.
Os objetivos deste estudo buscam demonstrar a importância das aulas de Educação
Física na Educação Infantil e alternativas para a falta de materiais nas escolas da rede
municipal de ensino, sendo que utilizaremos a busca por materiais alternativos ou adaptados
para favorecer a promoção da criatividade, imaginação e habilidades motoras das crianças por
intermédio destes materiais. Para tanto, desenvolvemos nossas intervenções no período de
março a junho (2008), totalizando 60 horas de atuação em campo, seja trabalhando com as
turmas de jardim I, II e pré-escolar, do Centro de Educação Infantil Adélia Russi Silva, seja,
produzindo os materiais, ou acompanhando as crianças e professores em atividades
determinadas pela instituição.
2 A CRIANÇA E SUA RELAÇÃO COM O BRINQUEDO E SEUS MOVIMENTOS
Partindo do entendimento que vivenciar uma prática requer compreender sobre seus
construtos teóricos, cabe aqui resgatarmos como ao longo do tempo vem se organizando a
educação da criança pequena.
O surgimento da educação infantil tem relação com o nascimento da escola e do
pensamento pedagógico moderno, que ocorreu entre os séculos XVI e XVII. A escola surgiu
por um conjunto de possibilidades: as mudanças ocorridas na sociedade européia com a
descoberta de novas terras, os novos mercados, o desenvolvimento científico, a invenção da
imprensa, a disputa entre católicos e protestantes que procuravam dominar o mínimo da
escrita e da leitura e a implantação da sociedade industrial que exigia evoluções educativas
para as ocupações no mercado de trabalho (ARIÈS, 1981).
Já a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) Lei n. 9394/96, a
educação da criança de 0 a 6 anos passa a fazer parte da Educação Básica, e em seu currículo
surge outras formas de compreender a criança, passando a envolver, dois processos
indissociáveis: educar e cuidar. Isto porque, é nessa faixa etária que a criança começa a ter
contato com o mundo além da família, em função do trabalho dos pais, e, portanto, passa a ser
inserida no contexto escolar por intermédio das experiências que vivenciam com as pessoas
que as cercam (BUJES, 2001)
Nesta etapa de seu desenvolvimento as crianças necessitam de carinho, segurança e
atenção, o que faz com que o cuidar, neste caso, deva ser considerado desde situações como,
higiene, sono, alimentação até as providências que a sociedade deva tomar a partir do
momento que faz exigências de trabalho às mães e aos pais de crianças pequenas, como o
horário de funcionamento da creche compatível com a jornada de trabalho dos pais, a atenção
com os materiais e objetos oferecidos à criança, respeitando assim, as manifestações e
necessidades da mesma. Para Bujes (2001, p.16) “[...] esses cuidados se organizam para que
homens e mulheres que também são pais e mães possam exercer de forma mais ampla seus
papéis como tal, mas também como cidadãos/ãs, trabalhadores/as”. Por outro lado, a criança,
vive neste período de sua vida, um momento em que a interação com as pessoas e aspectos do
seu contexto social vão fazendo-a atribuir significados àquilo que está a sua volta, o que
atribui ao seu atendimento o caráter educativo, e cabe ao profissional que com ela estiver
envolvido possibilitar-lhe vivencias que atendam suas necessidades, levando-as a
aprimorarem e construírem novos conhecimentos.
Cabe aqui considerar o papel da Educação Física nestes ambientes educacionais, pois
como enfatiza os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN’s (Brasil, 2001, p.15), é função
primordial desta área do conhecimento, promover o desenvolvimento das “[...] habilidades
motoras e, instigar a criatividade e a sociabilização, auxiliando na formação integral da
criança utilizando-se das práticas corporais como instrumento para a promoção da cultura
corporal do movimento”.
Contudo, ainda há várias complicações no que se refere à disciplina da Educação
Física no âmbito da Educação Infantil. Um dos problemas ressaltados por Metzner (2006), é a
falta de clareza dos conteúdos abordados na matriz curricular da Educação Física para estas
crianças. Por esse motivo a Educação Física na Educação Infantil, em muitas regiões do país
se atêm somente ao aspecto lúdico, o que na realidade não atende a todas as possibilidades da
prática desta disciplina.
De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil – RCNEI
(Brasil, 1998), no que diz respeito às crianças na faixa etária entre 4 e 6anos, constata-se uma
ampliação do repertório de gestos instrumentais, os quais contam com progressiva precisão.
Isto vem posto como objetivos de ensino-aprendizagem para um de seus eixos de trabalho o
“movimento”. Em virtude dessas evidências, podemos dizer que a Educação Física na
Educação Infantil, tem como foco das suas atividades, o eixo “movimento” como
intencionalidade de seus trabalhos, o que pode ser considerado como fundamental para a
criança pequena, pois conforme afirma Mello (apud Metzner, 2006, p.5), trabalhar o
“Movimento de forma consciente propiciará ao indivíduo refletir, fazer associações, exercer e
desenvolver sua autonomia, questionar, confrontar-se com situações-problema e encontrar
soluções por si próprio”.
Em relação aos conteúdos abordados no eixo do movimento os RCNEI (Brasil, 1998,
p.29) afirmam que:
Os conteúdos deverão priorizar o desenvolvimento das capacidades
expressivas e instrumentais do movimento, possibilitando a apropriação
corporal pelas crianças de forma que possam agir com cada vez mais
intencionalidade. Devem ser organizados num processo contínuo e
integrado que envolve múltiplas experiências corporais, possíveis de
serem realizadas pela criança sozinha ou em situações de interação.
Sendo assim, pode-se dizer que o profissional inserido no contexto escolar da
Educação Infantil, necessita compreender o processo de desenvolvimento da criança pequena.
No entanto, sabe-se que este, o processo de desenvolvimento da criança, pode ser visto sob a
ótica de diversas teorias. Analisando as literaturas relacionada a Educação Física e a
Educação Infantil, constatamos grande influência de Vygotsky, Piaget e Wallon, sendo todos
eles considerados como interacionistas. Isto porque, o processo ensino-aprendizagem para a
criança pequena vem embasado, segundo o RCNEI (Brasil, 1998) sob tres pilares: o brincar, o
interagir e o manifestar-se através de diferentes linguagens, ou seja, como a base da teoria
trazida por estes pensadores é a intereção, a forma como eles vêm o desenvolvimento das
crianças é que deverão nortear o trabalho do profissional que atua na Educação Infantil.
Não desconsiderando as idéias postas por Vygotsky, nem tão pouco, as postas por
Piaget, daremos um enfoque nos estudos de Wallon, pois este estabelece uma relação mais
direta com a área da Educação Física quando enfatiza que compreende a criança em seu
domínio afetivo, social e motor.
Para Wallon a criança é um ser totalmente emocional e por meio das emoções ela vai
gradativamente constituindo-se e construindo-se como um ser social e cognitivo. Isto porque,
ela percebe o mundo que a rodeia a partir das trocas relacionais que estabelece, seja com o
outro, ou com o objeto. Segundo Galvão (1994), Wallon argumenta que as trocas relacionais
da criança com os outros são fundamentais para o desenvolvimento da pessoa. As crianças
nascem imersas em um mundo cultural e simbólico, no qual ficarão envolvidas em um
"sincretismo subjetivo", pelo menos três anos. Durante esse período, de completa
indiferenciação entre a criança e o ambiente humano, sua compreensão das coisas dependerá
dos outros, que darão às suas ações e movimentos formato e expressão.
Portanto, podemos dizer que para Wallon, o movimento, ou linguagem gestual surge
antes mesmo da oralidade, pois a criança utiliza-se de gestos para estabelecer a comunicação
com o outro e com as coisas (objetos), ou seja, o movimento faz parte da vida do ser humano
desde seu nascimento. É o que verificamos nas colocações de Metzner (2006) quando enfatiza
que na concepção de Wallon (1968) os bebês, por meio de seus movimentos se expressam
sendo este o seu primeiro canal de comunicação. Assim, através dos gestos, ele mobiliza o
adulto para o atendimento de suas necessidades.
Outro ponto a ser considerado são os estágios de desenvolvimento que segundo
Mahoney (2003), estão alicerçados na compreensão de que para Wallon, o processo de
formação do ser humano passa por crises, ou seja, tanto a criança quanto o adulto não se
desenvolvem sem “contraposições”. Os estágios postulados por Wallon para o
desenvolvimento infantil são: Impulsivo Emocional (de 0 a 1 ano), Sensório Motor (de 1 a 3
anos), Personalismo (de 3 a 6 anos), Categorial (de 6 a 11 ano) e Puberdade e Adolescência (a
partir dos 11 anos).
Nesse estudo vamos considerar somente o estágio do Personalismo, pois nossa
pesquisa foi realizada com criança entre 4 e 6 anos de idade. Este estágio, segundo afirma
Bastos e Dér (2003, p.13) é caracterizado pela:
[...] capacidade de a criança conhecer e perceber a si mesmo, como um ser
diferente de outros seres, construção da própria subjetividade por meio das
atividades de oposição (expulsão do outro) e ao mesmo tempo de sedução
(assimilação do outro), de imitação. Inicia-se assim o processo de
discriminação entre o eu e o outro, tarefa central do personalismo
(separando-se, distinguindo-se do outro) que se revela no uso insistente de
expressões como eu, meu, não etc.
Como enfatiza Mahoney (2003), atividades que possibilitem a criança todas essas
possibilidades, são muito significativas para seu processo de desenvolvimento, o que mais
uma vez nos remete as colocações do RCNEI (Brasil, 1998) quando enfatiza que o brincar é a
forma pela qual a criança se percebe como sujeito e constrói assim sua identificação social.
Portanto, podemos entender que brincar faz parte das características da criança, e que o
brinquedo é o objeto (palpável) que ela utiliza quando coloca seu brincar em prática, fazendo
uso de seu imaginário. Sendo assim, definir brinquedo não é algo fácil e estamos longe de nos
situar em um campo de certezas.
É importante considerar o brinquedo a partir de duas dimensões, uma refere-se à
função, e a outra à simbologia. Sendo que o brinquedo é marcado pelo domínio do valor
simbólico sobre a sua função, ou pode-se dizer que a dimensão simbólica é a sua principal
função (BROUGÈRE, 2004).
Para Brougère (2004), o brinquedo é um objeto que a criança manipula livremente,
sem uma função definida, sendo que o mesmo está diretamente relacionado à infância, e é um
dos meios para desencadear a brincadeira. Sem dúvida, esse fato favoreceu a tentativa de
definições em torno das idéias de futilidade e gratuidade. No entanto, cabe ressaltar que a
brincadeira não deve ser limitada ao agir, pois tudo o que a criança faz tem “sentido”, é a
lógica do fazer que é conhecida como brincadeira simbólica, isto porque o objeto tem o papel
de despertar imagens que permitirão dar sentido a essas ações (BROUGERE, 2004). O autor
nos coloca ainda que é por isso que o brinquedo pode ser considerado um objeto extremo,
devido a superposição do valor simbólico à sua função. Sendo que o termo objeto extremo
seria, em outras palavras, “[...] aqueles que expressam na criança a atribuição de significados”
(BROUGÈRE, 2004, p.20).
A imagem que o brinquedo transmite, é um aspecto que também deve ser levado em
consideração. Diante disso pode-se afirmar que “[...] a imagem do brinquedo não é qualquer
imagem: ela deve ser manipulável no interior da atividade lúdica da criança e corresponder à
lógica da brincadeira” (BROUGÈRE, 2004, p. 20). O autor enfatiza ainda que o brinquedo,
muitas vezes não apresenta a função que parece ter, mas a imagem atrai a representação que
induz aos significados da realidade, ou seja, os brinquedos evoluem seus acessórios de acordo
com o mundo real, como no caso das bonecas, que vem sendo modificadas para atender as
necessidades das meninas, ao ainda dos carrinhos, bonequinhos, que vem se modificando para
atenderem as necessidades dos meninos (BROUGÈRE, 2004). Portanto, torna-se fundamental
que se compreenda que a função deriva da imagem e não o contrário. Porém, muitas vezes a
imagem pode ser a função ou ter participação direta com ela. Neste contexto Brougère (2004,
p.23) nos diz que “Criar um brinquedo é propor uma imagem que vale por si mesma e que
dispõe, assim, de um potencial de sedução, que permite ações e manipulações, em harmonia
com as representações sugeridas”.
Sendo assim, é possível entender, segundo nos coloca Brougère (2004) que o
brinquedo é considerado objeto de representações, de formas de a criança se aproximar da
realidade, e um meio de estar mais próximo do seu futuro, de suas necessidades e limitações.
Porém, é preciso ressaltar que “Trata-se de uma realidade selecionada, isolada e, na maior
parte das vezes, adaptada e modificada. A criança não se encontra diante de uma reprodução
fiel do mundo real, mas sim de uma imagem cultural que lhe é particularmente destinada.”
(BROUGÈRE, 2004, p. 42-43).
Isso nos remete a uma reflexão em torno da indeterminação do objetivo do brinquedo,
da brincadeira, destacando a importância da orientação e o contexto em que ela se realiza.
Nessa perspectiva Brougère (2004, p.105) aponta que:
O educador pode, portanto, construir um ambiente que estimule a
brincadeira em função dos resultados desejados [...]. Não há somente o
material, é preciso levar em conta as outras contribuições, tudo aquilo que
propicie à criança pontos de apoio para a sua atividade lúdica.
Sendo assim, entendemos que o brinquedo é um objeto cheio de mistério e fantasias, é
um dos meios para desencadear a brincadeira. A brincadeira, por sua vez, está diretamente
relacionada à indeterminação e a eventualidade, pois conforme destaca Brougère (2004,
p.106-107) “[...] à sua indeterminação, que é ao mesmo tempo, seu atrativo e seu limite [...].
A eventualidade da brincadeira corresponde, intimamente, à imprevisibilidade de um futuro
aberto”.
Isto nos remete as colocações feitas por Machado (2001) quando o autor destaca que
brincar e criar com materiais é algo que favorece a função do brincar, o que torna a sucata, um
material interessante para se propiciar estes momentos para as crianças pequenas. Mas brincar
e criar brinquedos a partir do uso de sucata ou com o “lixo”, diante da sociedade capitalista e
consumista instalada na vida urbana, traz até certa ironia, mas o uso desses materiais pode
mostrar outro ponto de vista a essa realidade e também enriquecê-la.
Entretanto observando os valores da sociedade capitalista quando os adultos tendem a
dar maior valor aos brinquedos industrializados, sofisticados e caros. Com essa idéia
transmitida para as crianças muitas vezes pode leva-lá a entender que o mundo “real” (onde
“os bens materiais” têm valor maior), que seu mundo interior/imaginário (suas emoções como
forma de expressividade).
A valorização do brinquedo-sucata pela criança acontece com a capacidade de
transformação empregada no referido material. Ou seja, o brinquedo não apresenta uma
função definida, o mesmo é um objeto que a criança manuseia livremente, sem estar ligado às
regras e/ou a princípios de utilização ou finalidade.
Outra vantagem que o trabalho com a sucata traz para desenvolvimento integral das
crianças é promover a exploração das habilidades motoras, da criatividade, e da imaginação
empregados na construção e reconstrução do brinquedo, pois de acordo com Machado (2001)
a sucata é um brinquedo não-estruturado em que é preciso haver a ação da criança para a que
brincadeira aconteça, entendimento este que nos remete as palavras de Gonzales e Santos (s/d,
s/p) quando afirmam que:
Para a criança, o brinquedo é objeto de representação, de fantasia,
de se aproximar da realidade, é objeto de construção e um meio de
estar mais próximo do seu futuro e de suas necessidades
irrealizáveis. É o que segue nas próximas linhas; o modo como cada
uma dessas funções está presente na relação da criança com o seu
objeto, o brinquedo. E também, como esta relação é importante para
a cultura geral e a cultura lúdica das crianças.
Sendo assim, a sucata deve ser considerada como de grande valia para a produção de
materiais didáticos principalmente na Educação Infantil, o que não é diferente para a
Educação Física quando se pensa essa prática a partir do entendimento de trabalhar a criança
na sua totalidade.
Entendendo que as colocações de Silva e Saldanha (2006, p.3) quando afirmam que a
criatividade é um meio de solucionar problemas, pois envolvem “[...] tanto a intuição como
uma combinação de idéias de diferentes domínios do conhecimento [...]” influenciam o
aprendizado e nestes momentos se faz necessário um pensamento criador, “[...] uma vez que a
falta de materiais e recursos didático-pedagógicos têm dificultado o processo ensino-
aprendizagem na escola [...]” percebemos que este foco seria interessante para ser pesquisado
em nossas intervenções.
Partindo da idéia de que a pesquisa aconteceria e aconteceu numa relação constante
entre sujeitos, pesquisadoras (acadêmicas), ação-reflexão-ação, pois estaríamos vivenciando,
observando, intervindo, criando e permitindo a criação pelas crianças tanto de brinquedos,
como de brincadeiras, entendemos que o desenvolvimento desse trabalho deveria ser e foi
utilizada a metodologia de pesquisa e análise qualitativa do tipo pesquisa-ação. Isto porque
enquanto pesquisadoras nos envolvemos com os sujeitos pesquisados de forma colaborativa e
cooperativa, o que segundo Thiollent (1998) são as característica de uma coleta de
informações denominada como pesquisa-ação.
Os procedimentos para coleta e análise dos dados foram os planos de aula, as
intervenções diretas nas escolas, as intervenções feitas pela supervisão da professora
orientadora, e os registros dos relatórios das aulas, sempre relacionados as teorias estudadas
sejam, sobre a prática docente, ou sobre a temática em questão.
O campo da pesquisa foi o Centro de Educação Infantil Adélia Russi Silva, que
encontra-se situado na Rua Santa Luzia n.150, no bairro Dom Bosco, na cidade de Itajaí/SC.
O C.E.I atende criança do berçário I ao pré-escolar. Sua metodologia de trabalho conforme
consta no Projeto Político Pedagógico (PPP) da instituição, é de acordo com o compromisso
com a comunidade situada, tendo como missão a promoção das mais diversas vivências por
intermédio de atividades lúdicas/brincadeiras oportunizando qualidade visando o
desenvolvimento integral do educando. Ainda com base no PPP a unidade escolar tem como
objetivo ser reconhecida como ambiente de qualidade, abrangendo nesse contexto, educação,
cuidado e brincadeiras.
Quanto às intervenções, as referidas foram realizadas com as turmas de jardim I,
jardim II e pré – escolar. As turmas possuem em média de 10 a 22 crianças com a faixa etária
variando entre 2 anos e 6 meses a 5 anos de idade. Entre esses alunos encontram-se 20
meninos e 36 meninas. Todos os dados obtidos nessas intervenções, juntamente com a
fundamentação teórica foram organizados, interpretados, discutidos e analisados o que nos
possibilitou destacar situações como as que seguem.
Inicialmente o tema proposto para a realização das intervenções girava em torno da
temática da utilização dos desenhos animados para a promoção das habilidades motoras.
Entretanto, nos deparamos com a realidade e constatamos que na instituição não havia
materiais didáticos para a realização das aulas de Educação Física, pelo fato de a disciplina
não estar presente no cotidiano da instituição. Dessa forma, entendemos que teríamos muitas
dificuldades, desde o tempo para a exibição dos desenhos até mesmo os materiais e os
recursos utilizados para a realização das aulas posteriores. Sendo assim, percebemos que a
falta de recursos de materiais didático pedagógicos poderia ser um caminho para as nossas
intervenções, foi quando resolvemos trabalhar com a utilização de materiais alternativos
confeccionados com sucata ou adaptados, para favorecer a promoção das habilidades motoras,
a criatividade e imaginação das crianças. Nessa perspectiva, Amaral (1988 apud Silva e
Saldanha, 2006, p.3), salientam que: “[...] muitos materiais podem ser desenvolvidos de
maneira alternativa e que proporcionem o desenvolvimento das habilidades motoras, uma vez
que todo e qualquer objeto que não esteja sendo utilizado em sua função primária, pode ser
transformado em um material que auxilie [...] o processo de ensino-aprendizagem.”
Dando continuidade a temática, iniciamos o processo de intervenções e análises.
Realizamos a atividade denominada “Linha do Movimento”, um pequeno circuito em que tem
por objetivo promover: equilíbrio dinâmico, esquema corporal, atenção, noção espacial e
algumas habilidades secundárias. Sendo que os materiais utilizados foram adaptados à nossa
aula, como um banco comum que se encontrava no corredor do Centro Educacional, um
colchão utilizado para a hora do “soninho” e bambolês que se encontravam no depósito da
escola.
Na primeira etapa, os alunos teriam que passar por cima do banco equilibrando-se.
Nesse momento contamos com a imaginação deles, dizendo que o banco era uma pequena e
estreita ponte e que por baixo desta passava muita água por isso eles deveriam se concentrar e
se equilibrar para passar sobre essa. Pudemos perceber que as crianças tiveram um
desempenho motor adequado, que poucos se sentiram inseguros, o que os levou a realizarem
o exercício e aprimorarem suas habilidades motoras, mas ao mesmo tempo, brincaram.
Após, eles deveriam realizar um rolamento frontal no colchonete, novamente
utilizamos do simbolismo, pedindo então, para que ficasse na posição inicial como um sapo,
queixo encostado no peito, para executarem o movimento com os cuidados necessários. Nesta
etapa as crianças demonstraram não ter domínio do movimento, a maioria não sabia executá-
lo. Mas também houveram crianças que por já terem vivenciado este tipo de movimento, seja
por experimentação própria, seja por estimulação de familiares ou pessoas próximas,
conseguiram aproveitar mais que os outros seus movimentos. Estes fatos nos remetem as
idéias de Brougère (2004, p.105) quando escreve que é possível perceber a “[...] dimensão
circular da brincadeira[...]”, pois é quando a criança já sabe algo ela aprimora seus saberes ao
brincar novamente, ou seja, essa dimensão circular da brincadeira permite que se entenda que
“[...] aprendizagens anteriores reforçam a riqueza potencial da brincadeira. Ela não é um
ponto de partida. A brincadeira sem dúvida, traz mais àqueles que tem mais, o que não é uma
razão para que dela se privem aqueles que têm menos, pelo contrário” (p.105). A terceira
etapa seria pular, como um coelho, com os pés simultaneamente dentro de três bambolês que
estavam dispostos no chão um frente ao outro. Sendo que os alunos não obtiveram
dificuldades em realizá-la.
Pode-se comprovar que esse tipo de atividade é fundamental no ambiente educacional,
seja realizada por profissionais da Educação Física ou pedagogas, como aponta o RCNEI
(Brasil, 1998, p.36) ao afirmar: “O professor pode organizar atividades que exijam o
aperfeiçoamento das capacidades motoras das crianças, ou que lhes tragam novos desafios,
considerando seus progressos”.
Outra situação a ser pontuada foi a realização da brincadeira rouba rabo com
adaptações, devido a faixa etária em que se encontram os escolares participantes da pesquisa.
Os alunos foram divididos em dois grupos; sendo que um dos grupos possuía “rabo” (feitos
de jornal), tendo a missão de defendê-lo do grupo que não possuía o mesmo. Este por sua vez,
tinha o objetivo de roubar o rabo do outro grupo, sendo que posteriormente os papéis se
inverteram.
As crianças gostaram da atividade e participaram sem maiores dificuldades de
assimilação, porém alguns alunos ficaram “chateados” quando perdiam o “rabo”, pois vêem a
situação como verdadeira, como se possuíssem realmente rabo. Isto foi possível de perceber
na fala de uma das meninas quando disse, “ele tirou meu rabo, agora to machucada”, ou na
de sua coleguinha quando disse “deixa que cuido de ti”. Neste contexto, compreendemos as
colocações de Machado (2001), quando afirma que a princípio a sucata traz consigo o
elemento transformação. No caso a folha de jornal recortadas em tiras juntamente com o
elemento imaginação, transforma-se em um “rabo”. Ainda com base nesta situação
resgatamos as colocações de Brougère (2004) quando o autor nos coloca que o brinquedo
pode ser considerado um objeto extremo, e que a criança vincula a ele uma superposição do
valor simbólico à sua função, ou seja, ela atribui ao brinquedo ou a brincadeira um significado
Todavia, orientamos então esses alunos, a auxiliarem os outros colegas a proteger o
“rabo”, estimulando a cooperação e solidariedade entre os mesmos. Sendo que é importante
ressaltar ainda, que esta situação se remete ao fato de que as crianças no estágio do
“Personalismo” encontram-se no início do processo de discriminação entre o eu e o outro,
tarefa central do personalismo, isto é, separando-se e distinguindo-se do outro conforme
aponta Mahoney (2003).
Outra intervenção que marcou nossa prática pedagógica foi a que abrangeu a
realização da atividade “Revezamento de Jornal” e a confecção de barquinhos de papel.
Iniciamos dizendo que o pátio havia se transformado em mar e que eles teriam que ir até a
outra margem com auxílio das folhas de jornal, sendo que estas seriam barquinhos e que com
eles poderiam chegar ao seu destino. Os alunos não apresentaram dificuldades, realizando a
atividade com muita cautela e alegria. Em seguida, questionamos os alunos se já haviam
confeccionado barquinhos de papel, e a maioria respondeu que não. Comprovamos então, que
realmente a cultura em relação aos “velhos” brinquedos e brincadeiras, brinquedos
tradicionais, vem se degradando. Esse fato é resultado muitas vezes da industrialização, da
mídia, entre outros, e neste sentido, o professor pode proporcionar a construção e utilização de
brinquedos tradicionais, que não favoreça a vivência da criança somente como expectador do
brinquedo, da brincadeira, como ressalta Gonzales e Santos (s/d, s/p), mas sim que considere:
“[...] a importância da construção dos brinquedos tradicionais e [...]” incentivem as crianças a
valorizarem outros brinquedos que não somente aqueles industrializados, onde ela apena
observa o brinquedo agir sozinho, como no caso de robôs, e outros, onde basta apertar um
“[...] botão e tudo funciona sozinho”.
Após, entregamos a cada aluno uma folha de papel, fizemos um círculo e fomos
seguindo os passos para confeccionar os barquinhos juntamente com as crianças. Muitas delas
apresentaram dificuldades e percebemos que não bastava falar e demonstrar os passos da
dobradura, pois necessitavam de auxílio. Diante desta situação, observamos que era
necessário tomarmos uma atitude para que a atividade pudesse se concretizar. Decidimos que
dividiríamos a turma em dois grupos, cada um disposto em um círculo juntamente com uma
das professoras. Assim, falávamos os passos, ajudávamos quem tinha dificuldade e estávamos
todos mais próximos, facilitando assim a integração, a socialização e a ajuda ao próximo, pois
além de ajudarmos os alunos eles também se ajudavam entre si. Essa forma de resolvermos a
situação didática metodológica, segundo consta nos PCN’s (Brasil, 200, p.82) é fundamental,
pois um dos objetivos da educação é propiciar atividades que ajude as crianças a “[...]
conviverem em grupo de maneira produtiva, de modo cooperativo, é preciso proporcionar
situações em que aprendam a dialogar, a ouvir o outro, ajudá-lo, pedir ajuda, trocar idéias e
experiências, aproveitar críticas e sugestões sejam atitudes possíveis de serem exercidas”.
Dessa forma, a medida que iam finalizando a confecção do barquinho poderiam pintá-
lo e/ou enfeitá-lo livremente. Ao término da aula, uma aluna disse: “Tia, nunca fizemos uma
coisa tão legal!”. Neste momento pudemos refletir sobre como uma atividade simples poderia
se tornar tão especial para eles. Isto nos fez compreender que não basta somente o material,
tudo vai depender também da orientação do professor, da motivação, do simbolismo
empregado, do ambiente. Sobre isso Brougère (2004, p. 105) nos reporta que: “O educador
pode, portanto, construir um ambiente que estimule a brincadeira em função dos resultados
desejados. Não há somente o material, é preciso levar em conta as outras contribuições, tudo
aquilo que propicie à criança pontos de apoio para sua atividade lúdica.”
Promovemos também, dentre tantas confecções de brinquedos, a confecção de um
“cavalo-de-pau” nos utilizando de um desenho impresso em folha A4 e cabos de vassouras.
Pedimos que os alunos colorissem o desenho e posteriormente realizassem o recorte e
colagem das ilustrações com nosso auxílio e também das professoras de cada turma. Em
seguida a ilustração foi fixada em um cabo de vassoura, formando assim o “cavalo-de-pau. Os
alunos que iam terminando o processo de construção brincavam no espaço da sala, simulando
estar cavalgando empregando o simbolismo no ato de brincar com o brinquedo. Neste
momento compreendemos as colocações de Brougère (2004, p.23) quando diz que “Criar um
brinquedo é propor uma imagem que vale por si mesma e que dispõe, assim, de um potencial
de sedução, que permite ações e manipulações, em harmonia com as representações
sugeridas”. Sendo assim, foi possível constatar que o brinquedo é um objeto de representação
que aproxima a criança da realidade, ou seja, o esquema simbólico por si próprio é suficiente
para assegurar a superioridade da representação sobre uma ação pura, o que nos mostrou que
o ato motor para a criança é provido de significado, e este está relacionado a sua
integralidade, totalidade como sujeito.
Finalizando nossas intervenções no Centro de Educação Infantil, preparamos e
disponibilizamos todos os brinquedos confeccionados no decorrer da nossa pesquisa. Ou seja,
pensamos em um ambiente em que as crianças pudessem desfrutar livremente de todo o
material produzido por elas. Expomos então, “cavalinhos de pau”, uma grande bandeja com
água e barquinhos de papel, pés de lata, vai e vem, fitilho, boliche, petecas de jornal, entre
outros. Sendo que ao lado, expomos os materiais alternativos adaptados que foram utilizados
nas aulas de Educação Física no decorrer da pesquisa. Além de dispor, na seqüência, materiais
para que posteriormente os alunos pudessem produzir seus próprios brinquedos e/ou brincar
com os materiais da forma que imaginassem, como caixa de leite, palito de picolé, rolinho de
papel, jornal, latas, barbante, fita adesiva, cola entre outros.
Neste contexto, as crianças puderam brincar livremente com os brinquedos sendo que
após um determinado tempo elas deveriam confeccionar algo que desejassem com o material
que havia exposto. É importante ressaltar que esse momento foi muito rico para a nossa
pesquisa, pois os alunos puderam divertir e aprimorar suas habilidades motoras, com muito
entusiasmo e desinibição, aspectos que vínhamos trabalhando no decorrer das intervenções.
Posteriormente, no momento da livre transformação dos materiais em brinquedos ou
brincadeiras, percebemos que os alunos precisavam de auxílio neste processo, pois
apresentaram dificuldade em criar algo. Porém, é necessário esclarecer que não criamos ou
fizemos o brinquedo para os escolares, mas sim, instigamos a criatividade dos mesmos,
questionando sobre determinados objetos, o que poderiam confeccionar com os mesmos, no
que poderiam se transformar. Pois percebemos que a maioria dos alunos estão acostumados a
reproduzir aspectos que realizam ou vivenciam diariamente, como casas, escolas, carro, etc.
Verifica-se novamente, a importância de instigar o aluno, favorecer esse processo de criação,
criatividade e liberdade, fato não muito presenciado no ambiente educacional em foco.
Todavia, é preciso ressaltar que algumas crianças surpreenderam com a capacidade de
criar e imaginar diante dos materiais. Podemos citar como exemplo, uma aluna que pegou
uma caixa de leite abriu bem a parte de abertura para a saída do leite e colocou um palito,
logo, colou mais dois palitos na caixa, um de cada lado. Perguntei então, o que ela estava
fazendo e ela me disse que era um lindo pássaro. Outro aluno pegou dois palitos, cruzou os
mesmos em forma de X e pediu para que olhássemos a sua tesoura. Houve também, uma
criança que colou cinco pedacinhos de palito de picolé em um único palito e disse que era
uma mão. Podemos buscar respaldo novamente em Brougère (2004), quando ressalta que tudo
o que a criança faz tem sentido, é a lógica do fazer que chamamos de brincadeira simbólica.
Sendo que o objeto tem o papel de despertar imagens que permitirão dar sentido a essas ações.
(BROUGÈRE, 2004).
Neste contexto, pudemos finalizar nossa proposta com um resultado positivo em
relação ao tema de pesquisa, confirmando a importância de o aluno ser sujeito primordial no
processo de ensino e aprendizagem e não somente receptor de informações.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Perante as intervenções e análises realizadas, constatou-se a importância da presença
da Educação Física na Educação Infantil, favorecendo a formação de todas as possibilidades e
vivências corporais das crianças pequenas. Todavia, em nossas intervenções nos deparamos
com situações que apontam para a desvalorização da Educação Física e do eixo movimento,
em relação aos demais eixos de trabalho propostos para a Educação Infantil. Pois por diversas
vezes, as professoras da instituição intervinham em nossas aulas, chamando a atenção das
crianças para que parassem se correr, pular, enfim de se movimentarem, o que entendemos
como uma compreensão inadequada destas profissionais quando a questão é o trabalho com o
movimento.
No que diz respeito aos materiais didáticos pedagógicos para um trabalho dirigido ao
eixo movimento, podemos dizer que a sua falta, ou mesmo os poucos recurso materiais da
instituição, dificultam o processo ensino aprendizagem, pois este é para a criança um
brinquedo e, portanto um recurso necessário para que se possibilite o desenvolvimento das
habilidades motoras da criança, e ainda favoreça o desenvolvimento integral das mesmas. No
entanto, pudemos verificar que a falta de materiais, ou os poucos recursos, não são obstáculos
para a realização de um trabalho eficaz, pois enquanto professores comprometidos com nossa
prática devemos e podemos vislumbrar alternativas, buscar soluções, sermos criativo diante
dessas situações. Neste sentido, pode-se confirmar que desenvolver estes materiais ou adaptar
outros à Educação Física, facilita muito no que diz respeito ao desenvolvimento global dos
alunos.
Outro fator a ser considerado, é que a prática, ou seja, o exercício da ação docente,
embora tenha sido por nós compreendido ao longo deste estágio, e em conjunção com todos
os outros, o que nos deixa mais seguras enquanto futuras profissionais, não nos tornou
completas, pois percebemos que é nesta relação diária entre professores e alunos que vamos
aos poucos nos descobrindo, construindo e reconstruindo como professoras e profissionais.
REFERÊNCIA
ARIÈS, Philippe. História social da criança e da família. Rio de Janeiro: LTC, 1981.
BASTOS, A.B.B.I.; DÉR, L.C.S. Estágio do Personalismo. In: ALMEIDA, L.R. de; MAHONEY,
A.A. Henri Wallon: psicologia e educação. São Paulo: Loyola, 2003.
BRASIL, MEC. Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física. Secretaria de Educação
Fundamental. Brasília: MEC/SEF, v.7, 2001.
BRASIL, MEC. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil: Conhecimento de
mundo. Brasília: MEC/SEI, v.3, 1998.
BROUGÈRE, G. Brinquedo e cultura. São Paulo: Cortez, 2004.
BUJES, M.I.E. Escola Infantil: pra que te quero? In: CAIDY, C.M. Educação Infantil pra que te
quero? Porto Alegre: Artmed, 2001.
MACHADO, M.M. O brinquedo-sucata e a criança. São Paulo: Loyola, 2001.
MAHONEY, A.A. Introdução. In: ALMEIDA, L.R. de; MAHONEY, A.A. Henri Wallon: psicologia
e educação. São Paulo: Loyola, 2003.
GALVÃO, I. Uma reflexão sobre o pensamento pedagógico de Henri Wallon. Rev. Serié Idéias, n.20.
São Paulo: FDE, p.33-39, 1994.
GONZALES, E.S.; SANTOS, J.C. Brinquedo na Educação Física: propostas de trabalho para o
ensino infantil e fundamental. Disponível em: www.profala.com/arteducesp97.htm. Acesso em:
21/04/08 às 14:47hs
METZNER, A.C. A Educação Física na Educação Infantil: Uma breve reflexão. Bebedouro:
Faculdades Integradas/Fafibe, 2006.
SILVA, M.S. da; SALDANHA, A.M. Educação Física Escolar: possibilidades de construção de
materiais didático-pedagógicos, 2006. Disponível em http://www.teleduc.univali.br/cursos/a.
php?cod_curso=1657 Acesso em: 25/04/08 às 10:30hs.
THIOLLENT, Michel. Metodologia da Pesquisa-ação. São Paulo: Cortez, 1988.
VALADARES, S.; ARAÚJO, R. Educação Física no Cotidiano Escolar: Jogos e Brincadeiras ao Ar
Livre. Belo Horizonte: Fapi, 1999.

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  • 1. MATERIAIS PEDAGÓGICOS ALTERNATIVOS: O USO DA CRIATIVIDAE NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA CARDOSO, Sarita1 SOARES, Thaís Caroline2 SILVEIRA, Diná Corbetta da3 RESUMO Cientes de que a Educação Física é uma disciplina fundamental no processo do desenvolvimento da criança, devido a sua importância no que diz respeito ao desenvolvimento motor, assim como na formação integral do indivíduo, nos preocupamos com as impossibilidades de desenvolver a mesma no contexto da Educação Infantil, pois com a ausência da disciplina no currículo dos Centros de Educação Infantil existe uma conseqüente falta de recursos próprios para o desenvolvimento de atividades referentes ao eixo movimento, como materiais didáticos pedagógicos por exemplo. Neste sentido, o estudo ressalta a importância da Educação Física no contexto da Educação Infantil, assim como a construção e utilização de materiais alternativos confeccionados ou adaptados para favorecer a promoção das habilidades motoras das crianças. Diante destas intenções, o presente estudo esteve pautado na perspectiva da pesquisa-ação e foi desenvolvida no Centro de Educação Infantil Adélia Russi Silva, na cidade de Itajaí durante o 1º semestre de 2008. Após a realização das intervenções, foi possível constatar que as crianças da devida instituição necessitam desse espaço da Educação Física: das vivências, da construção, da criatividade, do desenvolvimento, ou seja, necessitam que aprendizagens anteriores a instituição/escola e/ou fora desta, sejam reforçadas e aprimoradas no decorrer do desenvolvimento do trabalho com o eixo movimento, não como um complemento aos demais eixos de trabalho, mas como um aprimoramento das habilidades e possibilidades dentro e fora do ambiente educacional. Palavras chave: Educação Física – Educação Infantil – Material alternativo. 1 INTRODUÇÃO A Educação Física escolar tem como principal meta despertar o desenvolvimento das habilidades motoras e, como fundamento, estimular a criatividade, além de auxiliar a formação integral do aluno, utilizando-se das atividades físicas para a formação de todas as suas possibilidades de vivência e compreensão corporal (VALADARES e ARAÚJO, 1999). Entretanto, muitas crianças, prioritariamente da rede municipal de ensino de Itajaí, não estão tendo a oportunidade de desenvolver essas habilidades no que se refere àquelas propiciadas pela Educação Física na Educação Infantil. Através de intervenções na referida rede de ensino constatamos que a mesma não tem no seu quadro de professores o profissional de Educação Física. Entendendo que para a promoção do desenvolvimento global do educando, a Educação 1 Acadêmica do 7º período do Curso de Educação Física – Universidade do Vale do Itajaí/UNIVALI 2 Acadêmica do 7º período do Curso de Educação Física – Universidade do Vale do Itajaí/UNIVALI 3 Professora do Curso de Educação Física, Professora Orientadora na disciplina de Estágio Supervisionado: Pesquisa da Prática Pedagógica.
  • 2. Física desempenha um papel de suma importância, devido ao fato que esta área do conhecimento tem como foco de estudo a cultura corporal do movimento, torna-se perceptível que a Educação Física este presente no contexto da Educação Infantil, pois a mesma é fundamental para o desenvolvimento motor da criança. Não se pretende aqui, desmerecer os demais eixos de trabalho do currículo da Educação Infantil, mas o eixo movimento trabalhado pelas professoras regentes, acaba não tendo o devido atendimento, assim como a Educação Física não tem o seu devido reconhecimento e conseqüentemente sofre mais com a falta de investimentos. Principalmente, porque muitos educadores pensam que somente bolas bastam para se aplicar uma aula de Educação Física. Sendo assim, é preciso ressaltar que quando as professoras regentes trabalham atividades dirigidas ao eixo movimento com certeza estas são fundamentais para o desenvolvimento global das crianças, mas não da forma como vem sendo trabalhados, onde acabam sendo pouco exploradas as possibilidades motoras das crianças. Todos estes fatores levam a uma desvalorização da Educação Física no contexto da Educação Infantil o que deixa como reflexo a dura realidade da falta de materias, e/ou alguns em condições precárias, mesmo sabendo que o eixo do movimento também faz parte da função do professor regente, pois tais materiais facilitariam muito no processo ensino- aprendizagem e conseqüentemente no desenvolvimento global dos alunos, compreendendo a criança em sua totalidade. Nossa proposta é justamente estar em contato com essas duas dificuldades, a importância da Educação Física na Educação Infantil e a falta de materiais para estar desenvolvendo as aulas. Uma alternativa para esta situação na Educação Física é a utilização de materiais alternativos confeccionados com sucata ou com a adaptação dos já existentes. Pois a contribuição da sucata para as aulas de Educação Física é evidente, além de suprir a falta de materiais, o professor tem a possibilidade de criar momentos para o desenvolvimento global das crianças, ou seja, durante a confecção dos materiais as crianças estão em um processo criativo e posteriormente as mesmas estarão utilizando desses materiais em atividades que favorecem o desenvolvimento da motricidade. Sendo que a sucata pode ser todo o material ou objeto que tenha quebrado ou tenha perdido sua utilidade, todavia, qualquer coisa que tenha perdido sua finalidade original de uso (MACHADO, 2001). Além disso, como colocado anteriormente, os materiais que não serão confeccionados serão justamente aqueles que buscaremos no ambiente escolar que são na verdade utilizados em outras funções, como bancos, colchões, carteiras, cadeiras, escadas, dentre outros materiais alternativos, pois de
  • 3. acordo com Silva e Saldanha (2006), é possível vislumbrar alternativas para o desenvolvimento do trabalho docente. Como exemplo, destaca – se a proposta de construir, resgatar e ampliar o arsenal de brinquedos que são viabilizados a partir de materiais alternativos. Os objetivos deste estudo buscam demonstrar a importância das aulas de Educação Física na Educação Infantil e alternativas para a falta de materiais nas escolas da rede municipal de ensino, sendo que utilizaremos a busca por materiais alternativos ou adaptados para favorecer a promoção da criatividade, imaginação e habilidades motoras das crianças por intermédio destes materiais. Para tanto, desenvolvemos nossas intervenções no período de março a junho (2008), totalizando 60 horas de atuação em campo, seja trabalhando com as turmas de jardim I, II e pré-escolar, do Centro de Educação Infantil Adélia Russi Silva, seja, produzindo os materiais, ou acompanhando as crianças e professores em atividades determinadas pela instituição. 2 A CRIANÇA E SUA RELAÇÃO COM O BRINQUEDO E SEUS MOVIMENTOS Partindo do entendimento que vivenciar uma prática requer compreender sobre seus construtos teóricos, cabe aqui resgatarmos como ao longo do tempo vem se organizando a educação da criança pequena. O surgimento da educação infantil tem relação com o nascimento da escola e do pensamento pedagógico moderno, que ocorreu entre os séculos XVI e XVII. A escola surgiu por um conjunto de possibilidades: as mudanças ocorridas na sociedade européia com a descoberta de novas terras, os novos mercados, o desenvolvimento científico, a invenção da imprensa, a disputa entre católicos e protestantes que procuravam dominar o mínimo da escrita e da leitura e a implantação da sociedade industrial que exigia evoluções educativas para as ocupações no mercado de trabalho (ARIÈS, 1981). Já a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) Lei n. 9394/96, a educação da criança de 0 a 6 anos passa a fazer parte da Educação Básica, e em seu currículo surge outras formas de compreender a criança, passando a envolver, dois processos indissociáveis: educar e cuidar. Isto porque, é nessa faixa etária que a criança começa a ter contato com o mundo além da família, em função do trabalho dos pais, e, portanto, passa a ser inserida no contexto escolar por intermédio das experiências que vivenciam com as pessoas que as cercam (BUJES, 2001)
  • 4. Nesta etapa de seu desenvolvimento as crianças necessitam de carinho, segurança e atenção, o que faz com que o cuidar, neste caso, deva ser considerado desde situações como, higiene, sono, alimentação até as providências que a sociedade deva tomar a partir do momento que faz exigências de trabalho às mães e aos pais de crianças pequenas, como o horário de funcionamento da creche compatível com a jornada de trabalho dos pais, a atenção com os materiais e objetos oferecidos à criança, respeitando assim, as manifestações e necessidades da mesma. Para Bujes (2001, p.16) “[...] esses cuidados se organizam para que homens e mulheres que também são pais e mães possam exercer de forma mais ampla seus papéis como tal, mas também como cidadãos/ãs, trabalhadores/as”. Por outro lado, a criança, vive neste período de sua vida, um momento em que a interação com as pessoas e aspectos do seu contexto social vão fazendo-a atribuir significados àquilo que está a sua volta, o que atribui ao seu atendimento o caráter educativo, e cabe ao profissional que com ela estiver envolvido possibilitar-lhe vivencias que atendam suas necessidades, levando-as a aprimorarem e construírem novos conhecimentos. Cabe aqui considerar o papel da Educação Física nestes ambientes educacionais, pois como enfatiza os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN’s (Brasil, 2001, p.15), é função primordial desta área do conhecimento, promover o desenvolvimento das “[...] habilidades motoras e, instigar a criatividade e a sociabilização, auxiliando na formação integral da criança utilizando-se das práticas corporais como instrumento para a promoção da cultura corporal do movimento”. Contudo, ainda há várias complicações no que se refere à disciplina da Educação Física no âmbito da Educação Infantil. Um dos problemas ressaltados por Metzner (2006), é a falta de clareza dos conteúdos abordados na matriz curricular da Educação Física para estas crianças. Por esse motivo a Educação Física na Educação Infantil, em muitas regiões do país se atêm somente ao aspecto lúdico, o que na realidade não atende a todas as possibilidades da prática desta disciplina. De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil – RCNEI (Brasil, 1998), no que diz respeito às crianças na faixa etária entre 4 e 6anos, constata-se uma ampliação do repertório de gestos instrumentais, os quais contam com progressiva precisão. Isto vem posto como objetivos de ensino-aprendizagem para um de seus eixos de trabalho o “movimento”. Em virtude dessas evidências, podemos dizer que a Educação Física na Educação Infantil, tem como foco das suas atividades, o eixo “movimento” como intencionalidade de seus trabalhos, o que pode ser considerado como fundamental para a criança pequena, pois conforme afirma Mello (apud Metzner, 2006, p.5), trabalhar o
  • 5. “Movimento de forma consciente propiciará ao indivíduo refletir, fazer associações, exercer e desenvolver sua autonomia, questionar, confrontar-se com situações-problema e encontrar soluções por si próprio”. Em relação aos conteúdos abordados no eixo do movimento os RCNEI (Brasil, 1998, p.29) afirmam que: Os conteúdos deverão priorizar o desenvolvimento das capacidades expressivas e instrumentais do movimento, possibilitando a apropriação corporal pelas crianças de forma que possam agir com cada vez mais intencionalidade. Devem ser organizados num processo contínuo e integrado que envolve múltiplas experiências corporais, possíveis de serem realizadas pela criança sozinha ou em situações de interação. Sendo assim, pode-se dizer que o profissional inserido no contexto escolar da Educação Infantil, necessita compreender o processo de desenvolvimento da criança pequena. No entanto, sabe-se que este, o processo de desenvolvimento da criança, pode ser visto sob a ótica de diversas teorias. Analisando as literaturas relacionada a Educação Física e a Educação Infantil, constatamos grande influência de Vygotsky, Piaget e Wallon, sendo todos eles considerados como interacionistas. Isto porque, o processo ensino-aprendizagem para a criança pequena vem embasado, segundo o RCNEI (Brasil, 1998) sob tres pilares: o brincar, o interagir e o manifestar-se através de diferentes linguagens, ou seja, como a base da teoria trazida por estes pensadores é a intereção, a forma como eles vêm o desenvolvimento das crianças é que deverão nortear o trabalho do profissional que atua na Educação Infantil. Não desconsiderando as idéias postas por Vygotsky, nem tão pouco, as postas por Piaget, daremos um enfoque nos estudos de Wallon, pois este estabelece uma relação mais direta com a área da Educação Física quando enfatiza que compreende a criança em seu domínio afetivo, social e motor. Para Wallon a criança é um ser totalmente emocional e por meio das emoções ela vai gradativamente constituindo-se e construindo-se como um ser social e cognitivo. Isto porque, ela percebe o mundo que a rodeia a partir das trocas relacionais que estabelece, seja com o outro, ou com o objeto. Segundo Galvão (1994), Wallon argumenta que as trocas relacionais da criança com os outros são fundamentais para o desenvolvimento da pessoa. As crianças nascem imersas em um mundo cultural e simbólico, no qual ficarão envolvidas em um "sincretismo subjetivo", pelo menos três anos. Durante esse período, de completa indiferenciação entre a criança e o ambiente humano, sua compreensão das coisas dependerá dos outros, que darão às suas ações e movimentos formato e expressão.
  • 6. Portanto, podemos dizer que para Wallon, o movimento, ou linguagem gestual surge antes mesmo da oralidade, pois a criança utiliza-se de gestos para estabelecer a comunicação com o outro e com as coisas (objetos), ou seja, o movimento faz parte da vida do ser humano desde seu nascimento. É o que verificamos nas colocações de Metzner (2006) quando enfatiza que na concepção de Wallon (1968) os bebês, por meio de seus movimentos se expressam sendo este o seu primeiro canal de comunicação. Assim, através dos gestos, ele mobiliza o adulto para o atendimento de suas necessidades. Outro ponto a ser considerado são os estágios de desenvolvimento que segundo Mahoney (2003), estão alicerçados na compreensão de que para Wallon, o processo de formação do ser humano passa por crises, ou seja, tanto a criança quanto o adulto não se desenvolvem sem “contraposições”. Os estágios postulados por Wallon para o desenvolvimento infantil são: Impulsivo Emocional (de 0 a 1 ano), Sensório Motor (de 1 a 3 anos), Personalismo (de 3 a 6 anos), Categorial (de 6 a 11 ano) e Puberdade e Adolescência (a partir dos 11 anos). Nesse estudo vamos considerar somente o estágio do Personalismo, pois nossa pesquisa foi realizada com criança entre 4 e 6 anos de idade. Este estágio, segundo afirma Bastos e Dér (2003, p.13) é caracterizado pela: [...] capacidade de a criança conhecer e perceber a si mesmo, como um ser diferente de outros seres, construção da própria subjetividade por meio das atividades de oposição (expulsão do outro) e ao mesmo tempo de sedução (assimilação do outro), de imitação. Inicia-se assim o processo de discriminação entre o eu e o outro, tarefa central do personalismo (separando-se, distinguindo-se do outro) que se revela no uso insistente de expressões como eu, meu, não etc. Como enfatiza Mahoney (2003), atividades que possibilitem a criança todas essas possibilidades, são muito significativas para seu processo de desenvolvimento, o que mais uma vez nos remete as colocações do RCNEI (Brasil, 1998) quando enfatiza que o brincar é a forma pela qual a criança se percebe como sujeito e constrói assim sua identificação social. Portanto, podemos entender que brincar faz parte das características da criança, e que o brinquedo é o objeto (palpável) que ela utiliza quando coloca seu brincar em prática, fazendo uso de seu imaginário. Sendo assim, definir brinquedo não é algo fácil e estamos longe de nos situar em um campo de certezas. É importante considerar o brinquedo a partir de duas dimensões, uma refere-se à função, e a outra à simbologia. Sendo que o brinquedo é marcado pelo domínio do valor simbólico sobre a sua função, ou pode-se dizer que a dimensão simbólica é a sua principal função (BROUGÈRE, 2004).
  • 7. Para Brougère (2004), o brinquedo é um objeto que a criança manipula livremente, sem uma função definida, sendo que o mesmo está diretamente relacionado à infância, e é um dos meios para desencadear a brincadeira. Sem dúvida, esse fato favoreceu a tentativa de definições em torno das idéias de futilidade e gratuidade. No entanto, cabe ressaltar que a brincadeira não deve ser limitada ao agir, pois tudo o que a criança faz tem “sentido”, é a lógica do fazer que é conhecida como brincadeira simbólica, isto porque o objeto tem o papel de despertar imagens que permitirão dar sentido a essas ações (BROUGERE, 2004). O autor nos coloca ainda que é por isso que o brinquedo pode ser considerado um objeto extremo, devido a superposição do valor simbólico à sua função. Sendo que o termo objeto extremo seria, em outras palavras, “[...] aqueles que expressam na criança a atribuição de significados” (BROUGÈRE, 2004, p.20). A imagem que o brinquedo transmite, é um aspecto que também deve ser levado em consideração. Diante disso pode-se afirmar que “[...] a imagem do brinquedo não é qualquer imagem: ela deve ser manipulável no interior da atividade lúdica da criança e corresponder à lógica da brincadeira” (BROUGÈRE, 2004, p. 20). O autor enfatiza ainda que o brinquedo, muitas vezes não apresenta a função que parece ter, mas a imagem atrai a representação que induz aos significados da realidade, ou seja, os brinquedos evoluem seus acessórios de acordo com o mundo real, como no caso das bonecas, que vem sendo modificadas para atender as necessidades das meninas, ao ainda dos carrinhos, bonequinhos, que vem se modificando para atenderem as necessidades dos meninos (BROUGÈRE, 2004). Portanto, torna-se fundamental que se compreenda que a função deriva da imagem e não o contrário. Porém, muitas vezes a imagem pode ser a função ou ter participação direta com ela. Neste contexto Brougère (2004, p.23) nos diz que “Criar um brinquedo é propor uma imagem que vale por si mesma e que dispõe, assim, de um potencial de sedução, que permite ações e manipulações, em harmonia com as representações sugeridas”. Sendo assim, é possível entender, segundo nos coloca Brougère (2004) que o brinquedo é considerado objeto de representações, de formas de a criança se aproximar da realidade, e um meio de estar mais próximo do seu futuro, de suas necessidades e limitações. Porém, é preciso ressaltar que “Trata-se de uma realidade selecionada, isolada e, na maior parte das vezes, adaptada e modificada. A criança não se encontra diante de uma reprodução fiel do mundo real, mas sim de uma imagem cultural que lhe é particularmente destinada.” (BROUGÈRE, 2004, p. 42-43).
  • 8. Isso nos remete a uma reflexão em torno da indeterminação do objetivo do brinquedo, da brincadeira, destacando a importância da orientação e o contexto em que ela se realiza. Nessa perspectiva Brougère (2004, p.105) aponta que: O educador pode, portanto, construir um ambiente que estimule a brincadeira em função dos resultados desejados [...]. Não há somente o material, é preciso levar em conta as outras contribuições, tudo aquilo que propicie à criança pontos de apoio para a sua atividade lúdica. Sendo assim, entendemos que o brinquedo é um objeto cheio de mistério e fantasias, é um dos meios para desencadear a brincadeira. A brincadeira, por sua vez, está diretamente relacionada à indeterminação e a eventualidade, pois conforme destaca Brougère (2004, p.106-107) “[...] à sua indeterminação, que é ao mesmo tempo, seu atrativo e seu limite [...]. A eventualidade da brincadeira corresponde, intimamente, à imprevisibilidade de um futuro aberto”. Isto nos remete as colocações feitas por Machado (2001) quando o autor destaca que brincar e criar com materiais é algo que favorece a função do brincar, o que torna a sucata, um material interessante para se propiciar estes momentos para as crianças pequenas. Mas brincar e criar brinquedos a partir do uso de sucata ou com o “lixo”, diante da sociedade capitalista e consumista instalada na vida urbana, traz até certa ironia, mas o uso desses materiais pode mostrar outro ponto de vista a essa realidade e também enriquecê-la. Entretanto observando os valores da sociedade capitalista quando os adultos tendem a dar maior valor aos brinquedos industrializados, sofisticados e caros. Com essa idéia transmitida para as crianças muitas vezes pode leva-lá a entender que o mundo “real” (onde “os bens materiais” têm valor maior), que seu mundo interior/imaginário (suas emoções como forma de expressividade). A valorização do brinquedo-sucata pela criança acontece com a capacidade de transformação empregada no referido material. Ou seja, o brinquedo não apresenta uma função definida, o mesmo é um objeto que a criança manuseia livremente, sem estar ligado às regras e/ou a princípios de utilização ou finalidade. Outra vantagem que o trabalho com a sucata traz para desenvolvimento integral das crianças é promover a exploração das habilidades motoras, da criatividade, e da imaginação empregados na construção e reconstrução do brinquedo, pois de acordo com Machado (2001) a sucata é um brinquedo não-estruturado em que é preciso haver a ação da criança para a que brincadeira aconteça, entendimento este que nos remete as palavras de Gonzales e Santos (s/d, s/p) quando afirmam que:
  • 9. Para a criança, o brinquedo é objeto de representação, de fantasia, de se aproximar da realidade, é objeto de construção e um meio de estar mais próximo do seu futuro e de suas necessidades irrealizáveis. É o que segue nas próximas linhas; o modo como cada uma dessas funções está presente na relação da criança com o seu objeto, o brinquedo. E também, como esta relação é importante para a cultura geral e a cultura lúdica das crianças. Sendo assim, a sucata deve ser considerada como de grande valia para a produção de materiais didáticos principalmente na Educação Infantil, o que não é diferente para a Educação Física quando se pensa essa prática a partir do entendimento de trabalhar a criança na sua totalidade. Entendendo que as colocações de Silva e Saldanha (2006, p.3) quando afirmam que a criatividade é um meio de solucionar problemas, pois envolvem “[...] tanto a intuição como uma combinação de idéias de diferentes domínios do conhecimento [...]” influenciam o aprendizado e nestes momentos se faz necessário um pensamento criador, “[...] uma vez que a falta de materiais e recursos didático-pedagógicos têm dificultado o processo ensino- aprendizagem na escola [...]” percebemos que este foco seria interessante para ser pesquisado em nossas intervenções. Partindo da idéia de que a pesquisa aconteceria e aconteceu numa relação constante entre sujeitos, pesquisadoras (acadêmicas), ação-reflexão-ação, pois estaríamos vivenciando, observando, intervindo, criando e permitindo a criação pelas crianças tanto de brinquedos, como de brincadeiras, entendemos que o desenvolvimento desse trabalho deveria ser e foi utilizada a metodologia de pesquisa e análise qualitativa do tipo pesquisa-ação. Isto porque enquanto pesquisadoras nos envolvemos com os sujeitos pesquisados de forma colaborativa e cooperativa, o que segundo Thiollent (1998) são as característica de uma coleta de informações denominada como pesquisa-ação. Os procedimentos para coleta e análise dos dados foram os planos de aula, as intervenções diretas nas escolas, as intervenções feitas pela supervisão da professora orientadora, e os registros dos relatórios das aulas, sempre relacionados as teorias estudadas sejam, sobre a prática docente, ou sobre a temática em questão. O campo da pesquisa foi o Centro de Educação Infantil Adélia Russi Silva, que encontra-se situado na Rua Santa Luzia n.150, no bairro Dom Bosco, na cidade de Itajaí/SC. O C.E.I atende criança do berçário I ao pré-escolar. Sua metodologia de trabalho conforme consta no Projeto Político Pedagógico (PPP) da instituição, é de acordo com o compromisso com a comunidade situada, tendo como missão a promoção das mais diversas vivências por intermédio de atividades lúdicas/brincadeiras oportunizando qualidade visando o
  • 10. desenvolvimento integral do educando. Ainda com base no PPP a unidade escolar tem como objetivo ser reconhecida como ambiente de qualidade, abrangendo nesse contexto, educação, cuidado e brincadeiras. Quanto às intervenções, as referidas foram realizadas com as turmas de jardim I, jardim II e pré – escolar. As turmas possuem em média de 10 a 22 crianças com a faixa etária variando entre 2 anos e 6 meses a 5 anos de idade. Entre esses alunos encontram-se 20 meninos e 36 meninas. Todos os dados obtidos nessas intervenções, juntamente com a fundamentação teórica foram organizados, interpretados, discutidos e analisados o que nos possibilitou destacar situações como as que seguem. Inicialmente o tema proposto para a realização das intervenções girava em torno da temática da utilização dos desenhos animados para a promoção das habilidades motoras. Entretanto, nos deparamos com a realidade e constatamos que na instituição não havia materiais didáticos para a realização das aulas de Educação Física, pelo fato de a disciplina não estar presente no cotidiano da instituição. Dessa forma, entendemos que teríamos muitas dificuldades, desde o tempo para a exibição dos desenhos até mesmo os materiais e os recursos utilizados para a realização das aulas posteriores. Sendo assim, percebemos que a falta de recursos de materiais didático pedagógicos poderia ser um caminho para as nossas intervenções, foi quando resolvemos trabalhar com a utilização de materiais alternativos confeccionados com sucata ou adaptados, para favorecer a promoção das habilidades motoras, a criatividade e imaginação das crianças. Nessa perspectiva, Amaral (1988 apud Silva e Saldanha, 2006, p.3), salientam que: “[...] muitos materiais podem ser desenvolvidos de maneira alternativa e que proporcionem o desenvolvimento das habilidades motoras, uma vez que todo e qualquer objeto que não esteja sendo utilizado em sua função primária, pode ser transformado em um material que auxilie [...] o processo de ensino-aprendizagem.” Dando continuidade a temática, iniciamos o processo de intervenções e análises. Realizamos a atividade denominada “Linha do Movimento”, um pequeno circuito em que tem por objetivo promover: equilíbrio dinâmico, esquema corporal, atenção, noção espacial e algumas habilidades secundárias. Sendo que os materiais utilizados foram adaptados à nossa aula, como um banco comum que se encontrava no corredor do Centro Educacional, um colchão utilizado para a hora do “soninho” e bambolês que se encontravam no depósito da escola. Na primeira etapa, os alunos teriam que passar por cima do banco equilibrando-se. Nesse momento contamos com a imaginação deles, dizendo que o banco era uma pequena e estreita ponte e que por baixo desta passava muita água por isso eles deveriam se concentrar e
  • 11. se equilibrar para passar sobre essa. Pudemos perceber que as crianças tiveram um desempenho motor adequado, que poucos se sentiram inseguros, o que os levou a realizarem o exercício e aprimorarem suas habilidades motoras, mas ao mesmo tempo, brincaram. Após, eles deveriam realizar um rolamento frontal no colchonete, novamente utilizamos do simbolismo, pedindo então, para que ficasse na posição inicial como um sapo, queixo encostado no peito, para executarem o movimento com os cuidados necessários. Nesta etapa as crianças demonstraram não ter domínio do movimento, a maioria não sabia executá- lo. Mas também houveram crianças que por já terem vivenciado este tipo de movimento, seja por experimentação própria, seja por estimulação de familiares ou pessoas próximas, conseguiram aproveitar mais que os outros seus movimentos. Estes fatos nos remetem as idéias de Brougère (2004, p.105) quando escreve que é possível perceber a “[...] dimensão circular da brincadeira[...]”, pois é quando a criança já sabe algo ela aprimora seus saberes ao brincar novamente, ou seja, essa dimensão circular da brincadeira permite que se entenda que “[...] aprendizagens anteriores reforçam a riqueza potencial da brincadeira. Ela não é um ponto de partida. A brincadeira sem dúvida, traz mais àqueles que tem mais, o que não é uma razão para que dela se privem aqueles que têm menos, pelo contrário” (p.105). A terceira etapa seria pular, como um coelho, com os pés simultaneamente dentro de três bambolês que estavam dispostos no chão um frente ao outro. Sendo que os alunos não obtiveram dificuldades em realizá-la. Pode-se comprovar que esse tipo de atividade é fundamental no ambiente educacional, seja realizada por profissionais da Educação Física ou pedagogas, como aponta o RCNEI (Brasil, 1998, p.36) ao afirmar: “O professor pode organizar atividades que exijam o aperfeiçoamento das capacidades motoras das crianças, ou que lhes tragam novos desafios, considerando seus progressos”. Outra situação a ser pontuada foi a realização da brincadeira rouba rabo com adaptações, devido a faixa etária em que se encontram os escolares participantes da pesquisa. Os alunos foram divididos em dois grupos; sendo que um dos grupos possuía “rabo” (feitos de jornal), tendo a missão de defendê-lo do grupo que não possuía o mesmo. Este por sua vez, tinha o objetivo de roubar o rabo do outro grupo, sendo que posteriormente os papéis se inverteram. As crianças gostaram da atividade e participaram sem maiores dificuldades de assimilação, porém alguns alunos ficaram “chateados” quando perdiam o “rabo”, pois vêem a situação como verdadeira, como se possuíssem realmente rabo. Isto foi possível de perceber na fala de uma das meninas quando disse, “ele tirou meu rabo, agora to machucada”, ou na
  • 12. de sua coleguinha quando disse “deixa que cuido de ti”. Neste contexto, compreendemos as colocações de Machado (2001), quando afirma que a princípio a sucata traz consigo o elemento transformação. No caso a folha de jornal recortadas em tiras juntamente com o elemento imaginação, transforma-se em um “rabo”. Ainda com base nesta situação resgatamos as colocações de Brougère (2004) quando o autor nos coloca que o brinquedo pode ser considerado um objeto extremo, e que a criança vincula a ele uma superposição do valor simbólico à sua função, ou seja, ela atribui ao brinquedo ou a brincadeira um significado Todavia, orientamos então esses alunos, a auxiliarem os outros colegas a proteger o “rabo”, estimulando a cooperação e solidariedade entre os mesmos. Sendo que é importante ressaltar ainda, que esta situação se remete ao fato de que as crianças no estágio do “Personalismo” encontram-se no início do processo de discriminação entre o eu e o outro, tarefa central do personalismo, isto é, separando-se e distinguindo-se do outro conforme aponta Mahoney (2003). Outra intervenção que marcou nossa prática pedagógica foi a que abrangeu a realização da atividade “Revezamento de Jornal” e a confecção de barquinhos de papel. Iniciamos dizendo que o pátio havia se transformado em mar e que eles teriam que ir até a outra margem com auxílio das folhas de jornal, sendo que estas seriam barquinhos e que com eles poderiam chegar ao seu destino. Os alunos não apresentaram dificuldades, realizando a atividade com muita cautela e alegria. Em seguida, questionamos os alunos se já haviam confeccionado barquinhos de papel, e a maioria respondeu que não. Comprovamos então, que realmente a cultura em relação aos “velhos” brinquedos e brincadeiras, brinquedos tradicionais, vem se degradando. Esse fato é resultado muitas vezes da industrialização, da mídia, entre outros, e neste sentido, o professor pode proporcionar a construção e utilização de brinquedos tradicionais, que não favoreça a vivência da criança somente como expectador do brinquedo, da brincadeira, como ressalta Gonzales e Santos (s/d, s/p), mas sim que considere: “[...] a importância da construção dos brinquedos tradicionais e [...]” incentivem as crianças a valorizarem outros brinquedos que não somente aqueles industrializados, onde ela apena observa o brinquedo agir sozinho, como no caso de robôs, e outros, onde basta apertar um “[...] botão e tudo funciona sozinho”. Após, entregamos a cada aluno uma folha de papel, fizemos um círculo e fomos seguindo os passos para confeccionar os barquinhos juntamente com as crianças. Muitas delas apresentaram dificuldades e percebemos que não bastava falar e demonstrar os passos da dobradura, pois necessitavam de auxílio. Diante desta situação, observamos que era necessário tomarmos uma atitude para que a atividade pudesse se concretizar. Decidimos que
  • 13. dividiríamos a turma em dois grupos, cada um disposto em um círculo juntamente com uma das professoras. Assim, falávamos os passos, ajudávamos quem tinha dificuldade e estávamos todos mais próximos, facilitando assim a integração, a socialização e a ajuda ao próximo, pois além de ajudarmos os alunos eles também se ajudavam entre si. Essa forma de resolvermos a situação didática metodológica, segundo consta nos PCN’s (Brasil, 200, p.82) é fundamental, pois um dos objetivos da educação é propiciar atividades que ajude as crianças a “[...] conviverem em grupo de maneira produtiva, de modo cooperativo, é preciso proporcionar situações em que aprendam a dialogar, a ouvir o outro, ajudá-lo, pedir ajuda, trocar idéias e experiências, aproveitar críticas e sugestões sejam atitudes possíveis de serem exercidas”. Dessa forma, a medida que iam finalizando a confecção do barquinho poderiam pintá- lo e/ou enfeitá-lo livremente. Ao término da aula, uma aluna disse: “Tia, nunca fizemos uma coisa tão legal!”. Neste momento pudemos refletir sobre como uma atividade simples poderia se tornar tão especial para eles. Isto nos fez compreender que não basta somente o material, tudo vai depender também da orientação do professor, da motivação, do simbolismo empregado, do ambiente. Sobre isso Brougère (2004, p. 105) nos reporta que: “O educador pode, portanto, construir um ambiente que estimule a brincadeira em função dos resultados desejados. Não há somente o material, é preciso levar em conta as outras contribuições, tudo aquilo que propicie à criança pontos de apoio para sua atividade lúdica.” Promovemos também, dentre tantas confecções de brinquedos, a confecção de um “cavalo-de-pau” nos utilizando de um desenho impresso em folha A4 e cabos de vassouras. Pedimos que os alunos colorissem o desenho e posteriormente realizassem o recorte e colagem das ilustrações com nosso auxílio e também das professoras de cada turma. Em seguida a ilustração foi fixada em um cabo de vassoura, formando assim o “cavalo-de-pau. Os alunos que iam terminando o processo de construção brincavam no espaço da sala, simulando estar cavalgando empregando o simbolismo no ato de brincar com o brinquedo. Neste momento compreendemos as colocações de Brougère (2004, p.23) quando diz que “Criar um brinquedo é propor uma imagem que vale por si mesma e que dispõe, assim, de um potencial de sedução, que permite ações e manipulações, em harmonia com as representações sugeridas”. Sendo assim, foi possível constatar que o brinquedo é um objeto de representação que aproxima a criança da realidade, ou seja, o esquema simbólico por si próprio é suficiente para assegurar a superioridade da representação sobre uma ação pura, o que nos mostrou que o ato motor para a criança é provido de significado, e este está relacionado a sua integralidade, totalidade como sujeito.
  • 14. Finalizando nossas intervenções no Centro de Educação Infantil, preparamos e disponibilizamos todos os brinquedos confeccionados no decorrer da nossa pesquisa. Ou seja, pensamos em um ambiente em que as crianças pudessem desfrutar livremente de todo o material produzido por elas. Expomos então, “cavalinhos de pau”, uma grande bandeja com água e barquinhos de papel, pés de lata, vai e vem, fitilho, boliche, petecas de jornal, entre outros. Sendo que ao lado, expomos os materiais alternativos adaptados que foram utilizados nas aulas de Educação Física no decorrer da pesquisa. Além de dispor, na seqüência, materiais para que posteriormente os alunos pudessem produzir seus próprios brinquedos e/ou brincar com os materiais da forma que imaginassem, como caixa de leite, palito de picolé, rolinho de papel, jornal, latas, barbante, fita adesiva, cola entre outros. Neste contexto, as crianças puderam brincar livremente com os brinquedos sendo que após um determinado tempo elas deveriam confeccionar algo que desejassem com o material que havia exposto. É importante ressaltar que esse momento foi muito rico para a nossa pesquisa, pois os alunos puderam divertir e aprimorar suas habilidades motoras, com muito entusiasmo e desinibição, aspectos que vínhamos trabalhando no decorrer das intervenções. Posteriormente, no momento da livre transformação dos materiais em brinquedos ou brincadeiras, percebemos que os alunos precisavam de auxílio neste processo, pois apresentaram dificuldade em criar algo. Porém, é necessário esclarecer que não criamos ou fizemos o brinquedo para os escolares, mas sim, instigamos a criatividade dos mesmos, questionando sobre determinados objetos, o que poderiam confeccionar com os mesmos, no que poderiam se transformar. Pois percebemos que a maioria dos alunos estão acostumados a reproduzir aspectos que realizam ou vivenciam diariamente, como casas, escolas, carro, etc. Verifica-se novamente, a importância de instigar o aluno, favorecer esse processo de criação, criatividade e liberdade, fato não muito presenciado no ambiente educacional em foco. Todavia, é preciso ressaltar que algumas crianças surpreenderam com a capacidade de criar e imaginar diante dos materiais. Podemos citar como exemplo, uma aluna que pegou uma caixa de leite abriu bem a parte de abertura para a saída do leite e colocou um palito, logo, colou mais dois palitos na caixa, um de cada lado. Perguntei então, o que ela estava fazendo e ela me disse que era um lindo pássaro. Outro aluno pegou dois palitos, cruzou os mesmos em forma de X e pediu para que olhássemos a sua tesoura. Houve também, uma criança que colou cinco pedacinhos de palito de picolé em um único palito e disse que era uma mão. Podemos buscar respaldo novamente em Brougère (2004), quando ressalta que tudo o que a criança faz tem sentido, é a lógica do fazer que chamamos de brincadeira simbólica.
  • 15. Sendo que o objeto tem o papel de despertar imagens que permitirão dar sentido a essas ações. (BROUGÈRE, 2004). Neste contexto, pudemos finalizar nossa proposta com um resultado positivo em relação ao tema de pesquisa, confirmando a importância de o aluno ser sujeito primordial no processo de ensino e aprendizagem e não somente receptor de informações. 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS Perante as intervenções e análises realizadas, constatou-se a importância da presença da Educação Física na Educação Infantil, favorecendo a formação de todas as possibilidades e vivências corporais das crianças pequenas. Todavia, em nossas intervenções nos deparamos com situações que apontam para a desvalorização da Educação Física e do eixo movimento, em relação aos demais eixos de trabalho propostos para a Educação Infantil. Pois por diversas vezes, as professoras da instituição intervinham em nossas aulas, chamando a atenção das crianças para que parassem se correr, pular, enfim de se movimentarem, o que entendemos como uma compreensão inadequada destas profissionais quando a questão é o trabalho com o movimento. No que diz respeito aos materiais didáticos pedagógicos para um trabalho dirigido ao eixo movimento, podemos dizer que a sua falta, ou mesmo os poucos recurso materiais da instituição, dificultam o processo ensino aprendizagem, pois este é para a criança um brinquedo e, portanto um recurso necessário para que se possibilite o desenvolvimento das habilidades motoras da criança, e ainda favoreça o desenvolvimento integral das mesmas. No entanto, pudemos verificar que a falta de materiais, ou os poucos recursos, não são obstáculos para a realização de um trabalho eficaz, pois enquanto professores comprometidos com nossa prática devemos e podemos vislumbrar alternativas, buscar soluções, sermos criativo diante dessas situações. Neste sentido, pode-se confirmar que desenvolver estes materiais ou adaptar outros à Educação Física, facilita muito no que diz respeito ao desenvolvimento global dos alunos. Outro fator a ser considerado, é que a prática, ou seja, o exercício da ação docente, embora tenha sido por nós compreendido ao longo deste estágio, e em conjunção com todos os outros, o que nos deixa mais seguras enquanto futuras profissionais, não nos tornou completas, pois percebemos que é nesta relação diária entre professores e alunos que vamos aos poucos nos descobrindo, construindo e reconstruindo como professoras e profissionais.
  • 16. REFERÊNCIA ARIÈS, Philippe. História social da criança e da família. Rio de Janeiro: LTC, 1981. BASTOS, A.B.B.I.; DÉR, L.C.S. Estágio do Personalismo. In: ALMEIDA, L.R. de; MAHONEY, A.A. Henri Wallon: psicologia e educação. São Paulo: Loyola, 2003. BRASIL, MEC. Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, v.7, 2001. BRASIL, MEC. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil: Conhecimento de mundo. Brasília: MEC/SEI, v.3, 1998. BROUGÈRE, G. Brinquedo e cultura. São Paulo: Cortez, 2004. BUJES, M.I.E. Escola Infantil: pra que te quero? In: CAIDY, C.M. Educação Infantil pra que te quero? Porto Alegre: Artmed, 2001. MACHADO, M.M. O brinquedo-sucata e a criança. São Paulo: Loyola, 2001. MAHONEY, A.A. Introdução. In: ALMEIDA, L.R. de; MAHONEY, A.A. Henri Wallon: psicologia e educação. São Paulo: Loyola, 2003. GALVÃO, I. Uma reflexão sobre o pensamento pedagógico de Henri Wallon. Rev. Serié Idéias, n.20. São Paulo: FDE, p.33-39, 1994. GONZALES, E.S.; SANTOS, J.C. Brinquedo na Educação Física: propostas de trabalho para o ensino infantil e fundamental. Disponível em: www.profala.com/arteducesp97.htm. Acesso em: 21/04/08 às 14:47hs METZNER, A.C. A Educação Física na Educação Infantil: Uma breve reflexão. Bebedouro: Faculdades Integradas/Fafibe, 2006. SILVA, M.S. da; SALDANHA, A.M. Educação Física Escolar: possibilidades de construção de materiais didático-pedagógicos, 2006. Disponível em http://www.teleduc.univali.br/cursos/a. php?cod_curso=1657 Acesso em: 25/04/08 às 10:30hs. THIOLLENT, Michel. Metodologia da Pesquisa-ação. São Paulo: Cortez, 1988. VALADARES, S.; ARAÚJO, R. Educação Física no Cotidiano Escolar: Jogos e Brincadeiras ao Ar Livre. Belo Horizonte: Fapi, 1999.