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1. I ntrodução
O processo de preparação das equipas no Futebol envolve um conjunto
de procedimentos e decisões que resulta da forma como se vê o jogo e o
treino.

Em consequência disso, Filipe Martins (2003) identificou a existência de
várias tendências de treino: a originária do Leste da Europa (LE), a
originária dos países do Norte da Europa e América do Norte (NE), a
originária dos países Latino- Americanos (TI) e por último, uma
“tendência” denominada de «Periodização Táctica».

A primeira tendência, oriunda dos países de Leste da Europa, caracterizase
pela divisão da época desportiva em «períodos», estruturados para atingir
“picos de forma” em determinados momentos competitivos. Para além
disso, este modelo de preparação confere primazia à variável «física»,
assente numa preparação geral e sem qualquer ligação com a forma de
jogar. Deste modo, preconiza um processo abstracto centrado nos «factores
da carga física», através de métodos analíticos.

A segunda tendência de treino, com origem nos países do Norte da Europa
e América do Norte (NE), tentou transcender o carácter universal da
primeira
tendência, dando grande importância ao desenvolvimento das capacidades
«físicas» exigidas na competição, definindo-as de «específicas». A partir
daqui, exacerbou-se a avaliação das «cargas» através dos testes «físicos»
procurando conhecer assim, a «forma» dos jogadores. Para além disso, esta
tendência de treino caracteriza-se por desenvolver a variável «física»,
técnica e psicológica em separado.

Contrariando este carácter analítico, surge nos países Latino-Americanos
uma tendência designada de “Treino Integrado” onde os aspectos «físicos»,
técnicos e tácticos são desenvolvidos conjuntamente. Deste modo, procura
promover uma maior semelhança com as exigências da competição
conferindo uma grande importância ao Jogo e à sua especificidade.
Contudo, esta concepção não deixa de ser abstracta uma vez que se refere a
um Jogo geral a partir do qual se faz a estruturação do processo de treino.

A denominada “Periodização Táctica” é uma concepção de treino e
competição para o futebol que tem sido preconizada pelo professor Vítor
Frade. De acordo com este autor, o processo de preparação deve centrar-se
na operacionalização de um “jogar” através da criação e desenvolvimento
contínuo do Modelo de Jogo e portanto, dos seus princípios. Neste
contexto, a periodização e programação do processo confere primazia à
Táctica ou seja, regula-se no desenvolvimento de uma organização
colectiva que sobrecondiciona a variável física, técnica e psicológica. O
processo centrase na aquisição de determinadas regularidades no “jogar” da
equipa através da operacionalização dos princípios do Modelo de Jogo
assumindo-se por isso, num Treino Específico.

No sentido de melhor esclarecer esta forma de operacionalizar o processo
de treino procuramos num primeiro momento sistematizar os aspectos
conceptometodológicos que a definem. Contudo, a “Periodização Táctica”
é uma concepção que se encontra pouco retratada na literatura e por isso,
deparamo-nos com escassas referências bibliográficas levando-nos a
reequacionar o teor deste trabalho. Neste seguimento, decidimos incidir
nos fundamentos conceptometodológicos que a definem, a partir de dados
empíricos do processo de treino-competição do treinador José Guilherme
Oliveira . A escolha deste treinador deve-se ao facto de ser reconhecido
pelo professor Vítor Frade como um dos treinadores que operacionaliza o
proceso de treino tendo em conta as premissas da “Periodização Táctica”.

Para abordar os conceitos da Periodização Táctica sentimos que era
fundamental desenvolver uma concepção complexa do «jogar» para
transcender a fragmentação reduccionista da teoria Convencional e superar
o holismo abstracto do Treino Integrado para evidenciar uma «nova» forma
de ver o jogo e portanto, o treino. A partir daqui iremos sistematizar os
princípios metodológicos que regem a operacionalização de um “jogar” de
acordo com a Periodização Táctica para reconhecer os procedimentos que
tornam esta concepção diferente das demais.

Com este objectivo, realizamos uma entrevista ao treinador José Guilherme
com o intuito de conhecer as suas ideias, Intenções e portanto, o modo
como pretende jogar. Com esta conversa – em anexo – contextualizamos
a lógica do processo deste treinador e percebemos assim o sentido da
operacionalização do seu jogar.
_____________________________________________________________________
1 Este treinador trabalha na formação do Futebol Clube do Porto, encontrando-se no
escalão sub-15 nesta época de 2007/2008. Para além disso, é professor na Faculdade
de Desporto da Universidade do Porto.
2 Divide a preparação em «física», técnica, táctica e psicológica e trabalha-as
isoladamente.
3 Defende uma preparação «integral» de todas as componentes mas não se referem a
um Modelo de Jogo e por isso, assume contornos abstractos.
13
Contudo, iniciamos esta obra com a abordagem sistémica no futebol.
Entendendo que a Periodização Táctica assenta num paradigma diferente
do Convencional, era de todo importante que fizéssemos uma elucidação
simples e sintética dos conceitos - chave para se entender o jogo e portanto,
o treino.
Decidimos entrar por uma porta diferente para que possamos desde logo
partir de um pensamento e uma lógica que nos permite ter um
entendimento credível ainda que diverso ou até «marginal». Com este
ponto procuramos desde logo traçar um caminho alternativo na abordagem
dos conteúdos que entendemos fundamentais para elucidar e permitir uma
compreensão orientada para os fenómenos colectivos que se desenvolvem
continuamente como é o caso do futebol.

No entanto, este enquadramento conceptual já se orienta nas ideias do
treinador José Guilherme, a partir das quais operacionaliza o processo.
Equacionamos o sentido de adequação empírica das suas escolhas e
procedimentos no desenvolvimento do processo. Para isso exploramos a
entrevista para perceber o modo como entende a problemática do jogo e do
processo de treino, condizente com o paradigma sistémico.

Posto isto, fazemos a análise do processo de treino-competição concebido
e gerido pelo treinador José Guilherme ao longo de uma semana,
assumindose num microciclo-padrão do processo. Contextualizando os
problemas empíricos com que este treinador se deparou numa dada semana,
analizamos o que foi feito para atingir os objectivos traçados. O modo
como dá sentido à operacionalização dos objectivos traçados, ou seja, na
operacionalização do «seu jogar». A partir daqui percebemos a sua lógica
conceptual e a metodologia com que desenvolve as suas ideias e é assim
que depreendemos a singularidade do seu processo, em virtude da
singularidade do seu jogar.

Num momento posterior incidimos no desenvolvimento de aspectos
decisivos que tornam a Periodização Táctica diferente das demais. E para
reforçar a viabilidade deste novo paradigma, deixamos propositadamente
para o final, um capítulo dedicado à importância desta concepção
metodológica tendo em conta a forma como pensamos, como agimos e
sentimos. Após a exposição de toda a lógica achamos que seria o momento
adequado para reflectirmos nos contributos das neurociências para a
legitimidade e entendimento da Periodização Táctica.

Com este trabalho procuramos esclarecer que a Periodização Táctica não
é uma teoria do treino. Assume-se numa nova concepção de jogo e
portanto, de treino na qual a Especificidade dinâmica dos acontecimentos
lhe dá uma singularidade que o treinador tem de contemplar para conseguir
o seu jogar.
14
Isto porque a Periodização Táctica é isso mesmo, é o desenvolvimento do
seu jogar através de um caminho que se faz fazendo…deste modo, a
premissa fundamental é, primeiro, saber o que se quer e depois, traçar um
camino através de um processo ESPECÍFICO. O trabalho do treinador
assemelhase ao do cozinheiro que começa por definir a receita (o jogar),
analizando posteriormente os ingredientes e condições de realização que
dispõe (a cozinha e utensílios que precisa) e a partir daqui, desenvolve a
receita manuseando os ingredientes para conseguir o gosto que pretende.
Esperemos que ao longo deste livro possamos aguçar o «apetite» para
novas formas de jogar e sobretudo, desenvolver a capacidade de manusear
os ingredientes para aperfeiçoar o sabor desse jogar…

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A Periodização Táctica no Futebol

  • 1. 1. I ntrodução O processo de preparação das equipas no Futebol envolve um conjunto de procedimentos e decisões que resulta da forma como se vê o jogo e o treino. Em consequência disso, Filipe Martins (2003) identificou a existência de várias tendências de treino: a originária do Leste da Europa (LE), a originária dos países do Norte da Europa e América do Norte (NE), a originária dos países Latino- Americanos (TI) e por último, uma “tendência” denominada de «Periodização Táctica». A primeira tendência, oriunda dos países de Leste da Europa, caracterizase pela divisão da época desportiva em «períodos», estruturados para atingir “picos de forma” em determinados momentos competitivos. Para além disso, este modelo de preparação confere primazia à variável «física», assente numa preparação geral e sem qualquer ligação com a forma de jogar. Deste modo, preconiza um processo abstracto centrado nos «factores da carga física», através de métodos analíticos. A segunda tendência de treino, com origem nos países do Norte da Europa e América do Norte (NE), tentou transcender o carácter universal da primeira tendência, dando grande importância ao desenvolvimento das capacidades «físicas» exigidas na competição, definindo-as de «específicas». A partir daqui, exacerbou-se a avaliação das «cargas» através dos testes «físicos» procurando conhecer assim, a «forma» dos jogadores. Para além disso, esta tendência de treino caracteriza-se por desenvolver a variável «física», técnica e psicológica em separado. Contrariando este carácter analítico, surge nos países Latino-Americanos uma tendência designada de “Treino Integrado” onde os aspectos «físicos», técnicos e tácticos são desenvolvidos conjuntamente. Deste modo, procura promover uma maior semelhança com as exigências da competição conferindo uma grande importância ao Jogo e à sua especificidade. Contudo, esta concepção não deixa de ser abstracta uma vez que se refere a um Jogo geral a partir do qual se faz a estruturação do processo de treino. A denominada “Periodização Táctica” é uma concepção de treino e competição para o futebol que tem sido preconizada pelo professor Vítor Frade. De acordo com este autor, o processo de preparação deve centrar-se na operacionalização de um “jogar” através da criação e desenvolvimento
  • 2. contínuo do Modelo de Jogo e portanto, dos seus princípios. Neste contexto, a periodização e programação do processo confere primazia à Táctica ou seja, regula-se no desenvolvimento de uma organização colectiva que sobrecondiciona a variável física, técnica e psicológica. O processo centrase na aquisição de determinadas regularidades no “jogar” da equipa através da operacionalização dos princípios do Modelo de Jogo assumindo-se por isso, num Treino Específico. No sentido de melhor esclarecer esta forma de operacionalizar o processo de treino procuramos num primeiro momento sistematizar os aspectos conceptometodológicos que a definem. Contudo, a “Periodização Táctica” é uma concepção que se encontra pouco retratada na literatura e por isso, deparamo-nos com escassas referências bibliográficas levando-nos a reequacionar o teor deste trabalho. Neste seguimento, decidimos incidir nos fundamentos conceptometodológicos que a definem, a partir de dados empíricos do processo de treino-competição do treinador José Guilherme Oliveira . A escolha deste treinador deve-se ao facto de ser reconhecido pelo professor Vítor Frade como um dos treinadores que operacionaliza o proceso de treino tendo em conta as premissas da “Periodização Táctica”. Para abordar os conceitos da Periodização Táctica sentimos que era fundamental desenvolver uma concepção complexa do «jogar» para transcender a fragmentação reduccionista da teoria Convencional e superar o holismo abstracto do Treino Integrado para evidenciar uma «nova» forma de ver o jogo e portanto, o treino. A partir daqui iremos sistematizar os princípios metodológicos que regem a operacionalização de um “jogar” de acordo com a Periodização Táctica para reconhecer os procedimentos que tornam esta concepção diferente das demais. Com este objectivo, realizamos uma entrevista ao treinador José Guilherme com o intuito de conhecer as suas ideias, Intenções e portanto, o modo como pretende jogar. Com esta conversa – em anexo – contextualizamos a lógica do processo deste treinador e percebemos assim o sentido da operacionalização do seu jogar. _____________________________________________________________________ 1 Este treinador trabalha na formação do Futebol Clube do Porto, encontrando-se no escalão sub-15 nesta época de 2007/2008. Para além disso, é professor na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. 2 Divide a preparação em «física», técnica, táctica e psicológica e trabalha-as isoladamente. 3 Defende uma preparação «integral» de todas as componentes mas não se referem a um Modelo de Jogo e por isso, assume contornos abstractos. 13
  • 3. Contudo, iniciamos esta obra com a abordagem sistémica no futebol. Entendendo que a Periodização Táctica assenta num paradigma diferente do Convencional, era de todo importante que fizéssemos uma elucidação simples e sintética dos conceitos - chave para se entender o jogo e portanto, o treino. Decidimos entrar por uma porta diferente para que possamos desde logo partir de um pensamento e uma lógica que nos permite ter um entendimento credível ainda que diverso ou até «marginal». Com este ponto procuramos desde logo traçar um caminho alternativo na abordagem dos conteúdos que entendemos fundamentais para elucidar e permitir uma compreensão orientada para os fenómenos colectivos que se desenvolvem continuamente como é o caso do futebol. No entanto, este enquadramento conceptual já se orienta nas ideias do treinador José Guilherme, a partir das quais operacionaliza o processo. Equacionamos o sentido de adequação empírica das suas escolhas e procedimentos no desenvolvimento do processo. Para isso exploramos a entrevista para perceber o modo como entende a problemática do jogo e do processo de treino, condizente com o paradigma sistémico. Posto isto, fazemos a análise do processo de treino-competição concebido e gerido pelo treinador José Guilherme ao longo de uma semana, assumindose num microciclo-padrão do processo. Contextualizando os problemas empíricos com que este treinador se deparou numa dada semana, analizamos o que foi feito para atingir os objectivos traçados. O modo como dá sentido à operacionalização dos objectivos traçados, ou seja, na operacionalização do «seu jogar». A partir daqui percebemos a sua lógica conceptual e a metodologia com que desenvolve as suas ideias e é assim que depreendemos a singularidade do seu processo, em virtude da singularidade do seu jogar. Num momento posterior incidimos no desenvolvimento de aspectos decisivos que tornam a Periodização Táctica diferente das demais. E para reforçar a viabilidade deste novo paradigma, deixamos propositadamente para o final, um capítulo dedicado à importância desta concepção metodológica tendo em conta a forma como pensamos, como agimos e sentimos. Após a exposição de toda a lógica achamos que seria o momento adequado para reflectirmos nos contributos das neurociências para a legitimidade e entendimento da Periodização Táctica. Com este trabalho procuramos esclarecer que a Periodização Táctica não é uma teoria do treino. Assume-se numa nova concepção de jogo e portanto, de treino na qual a Especificidade dinâmica dos acontecimentos
  • 4. lhe dá uma singularidade que o treinador tem de contemplar para conseguir o seu jogar. 14 Isto porque a Periodização Táctica é isso mesmo, é o desenvolvimento do seu jogar através de um caminho que se faz fazendo…deste modo, a premissa fundamental é, primeiro, saber o que se quer e depois, traçar um camino através de um processo ESPECÍFICO. O trabalho do treinador assemelhase ao do cozinheiro que começa por definir a receita (o jogar), analizando posteriormente os ingredientes e condições de realização que dispõe (a cozinha e utensílios que precisa) e a partir daqui, desenvolve a receita manuseando os ingredientes para conseguir o gosto que pretende. Esperemos que ao longo deste livro possamos aguçar o «apetite» para novas formas de jogar e sobretudo, desenvolver a capacidade de manusear os ingredientes para aperfeiçoar o sabor desse jogar…