Este documento discute as relações entre ciência, tecnologia e sociedade, abordando tópicos como: 1) o modelo linear de desenvolvimento da ciência e as críticas a ele; 2) a demanda por maior regulação social da ciência e tecnologia e formas de democratizar o processo decisório; 3) limites da regulação e exemplos de controvérsias científicas.
CTS-Relações entre Ciência, Tecnologia e Sociedade
1. Ciência, Tecnologia e Sociedade
Aula 2 – Ciência e Sociedade
Vitor Vieira Vasconcelos
BC0602
Fevereiro de 2017
2. Conteúdo
Recapitulação da aula anterior
Relações entre Ciência, Tecnologia e
Sociedade (continuação)
Controvérsias Científicas
Posicionamentos sobre a Ciência e a
Tecnologia
3. Ciência, Tecnologia e Sociedade
Modelo linear de desenvolvimento
Premissa: ciência busca a verdade e por isso precisa ficar
livre da interferência de valores sociais
CAMPOS, Fernando Rosseto Gallego. Ciência, tecnologia e sociedade. Florianópolis: IFSC, 2010
4. Imediato pós guerra trouxe otimismo para a C&T:
Computadores, transplantes, energia nuclear
reivindicação de autonomia da instituição científica diante
do controle político (financiamento público de longo prazo)
A partir da década de 1970, movimentos sociais e
políticos fazem da tecnologia moderna e do Estado
Tecnocrático alvos de sua luta
acidentes nucleares, contaminação, derramamento de óleo,
levam à identificação de tecnologia com armamentos,
cobiça e degradação ambiental
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Da C&T para CTS
CAMPOS, Fernando Rosseto Gallego. Ciência, tecnologia e sociedade. Florianópolis: IFSC, 2010
5. • Esforços em pesquisa básica se concentram em
campos muito esotéricos, completamente distantes
dos problemas sociais cotidianos
Inúteis?
• C&T aplicada vinculadas ao benefício imediato - a
serviço dos ricos, de governos e empresas poderosas
• Consulta sobre decisões de política científica ou
tecnológica somente a cientistas ou interesses
econômicos
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Da C&T para CTS
CAMPOS, Fernando Rosseto Gallego. Ciência, tecnologia e sociedade. Florianópolis: IFSC, 2010
6. Essa reação reflete a Síndrome de Frankenstein: as
mesmas forças utilizadas para controlar a natureza
se voltem contra nós destruindo o ser humano
Disse o monstro a Victor Frankenstein:
“Tu és meu criador, mas eu sou o teu senhor”
Parque dos Dinossauros: temor das forças
desencadeadas pelo poder do conhecimento
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Avanço de visão crítica
LE BRENTON, D. A Síndrome de Frankenstein. In: SANT'ANNA, D. Políticas do
Corpo. São Paulo: Estação Liberdade,1995. p. 49-67.
7. Demanda para supervisionar efeitos da tecnologia
sobre a natureza e a sociedade
=> demanda por regulação social da política de C&T
Surgiu movimento pró-tecnologia alternativa
• Exemplo: movimento ecologista -> energia solar vs
outras fontes não renováveis
Reivindicação: novo contrato social => reorientar
prioridades e objetivos para as autênticas
necessidades sociais
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Avanço de visão crítica
CAMPOS, Fernando Rosseto Gallego. Ciência, tecnologia e sociedade. Florianópolis: IFSC, 2010
8. Da crítica ao novo campo de pesquisa
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A Ciência & Tecnologia como um
processo ou produto inerentemente
sociais
10. Democratizar processo decisório?
Visões opostas:
1) Deixar com os especialistas as decisões com
relação à gestão do risco gerado pela aplicação
do conhecimento
argumento da complexidade das questões/
argumento tecnocrático
ou
2) Defesa da participação na gestão das mudanças
científico- tecnológicas
regular socialmente a ciência.
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11. Argumentos para democratização
das políticas de C&T
1) Realismo tecnossocial
as decisões tecnocientíficas nunca são neutras: são
influenciadas pela sociedade, política e grupos de interesse
2) Necessidade de construir consenso social
a participação pública levará a melhores resultados
participação educará os indivíduos
3) Ajuda a neutralizar reações negativas/ evitar
desconfiança
4) Princípio democrático:
os diretamente afetados pelas decisões técnicas têm direito
de dizer algo sobre o que lhes afeta (autonomia moral)
11CEREZO, J. A. L. et al. Introdução aos estudos CTS. Cadernos de Ibero-América. Ed. OEI, v. 1, p. 172, 2003
12. Quem participa?
Critérios para definir atores relevantes
pessoas diretamente afetadas pela inovação
tecnológica
consumidores dos produtos da C&T
público interessado por motivos políticos e
tecnológicos
comunidade científica
outros?
12CEREZO, J. A. L. et al. Introdução aos estudos CTS. Cadernos de Ibero-América. Ed. OEI, v. 1, p. 172, 2003
13. Como organizar a participação?
1) Audiências públicas
programa previamente determinado pelos
representantes da administração
público é convidado a escutar as propostas
governamentais e a comentá-las
2) Gestão negociada
comitê negociador composto por representantes
da administração e por grupos de interesse
envolvidos
procurar consenso
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14. Como organizar a participação?
3) Pesquisa de opinião
percepção pública sobre um assunto determinado
4) Consultas públicas
documentos preliminares são disponibilizados
publicamente e recebem sugestões de interessados
5) Questionar em juízo (âmbito judicial)
6) Consumo diferencial de produtos
efetividade do controle social depende de informação
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15. Como organizar a participação?
Importância da Educação em C&T
• Formar opinião pública informada e
crítica
Democracia pressupõe capacidade
para entender alternativas,
expressar opiniões, tomar decisões
fundamentadas
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16. Limites da Regulação de C&T
Não impor a priori restrições ao
desenvolvimento da ciência e da
tecnologia
Não estabelecer alguma classe de
controle político ou social sobre as
atividades dos cientistas
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17. Controvérsias Científicas
Exercício
Explique que critérios a comunidade acadêmica
utiliza para resolver controvérsias científicas. Cite
exemplos históricos ou contemporâneos
Referência: ASSAD, L. (2013) Controvérsias, debates,
disputas e farsas: a ciência não é feita por deuses.
ComCiência, n. 152
18. Controvérsias científicas
Thomas Kuhn
• Teorias científicas precisam ser aprovadas pela
comunidade acadêmica
• A história da ciência é uma sucessão de novas
teorias científicas (paradigmas)
• Incomensurabilidade de paradigmas
o Novas teorias utilizam princípios diferentes, não
comparáveis
o Controvérsias são afetadas e decididas por elementos
exteriores à ciência
KUHN, Thomas S. A estrutura das revoluções científicas. Tradução de
Beatriz Vianna Boeira e Nelson Boeira. 2011 [1962]
20. Critérios para Resolução de Controvérsias
Correção
• Análise de dados e experimentos
Consenso em debate
• Dados não são conclusivos, mas levam a consenso
momentâneo na comunidade
Processual
• Votação, decisão judicial ou governamental
Morte natural
• Esquecimento, por falta de debatedores
Negociação
• Procura de um “meio termo”
BEAUCHAMP, T. L. Ethical Theory and the Problem of Closure. p.27-48.. In:, Jr., H. T.; Caplan, A. L. (Org.) Scientific controversies: Case
studies in resolution and closure of disputes in science and technology. Cambridge, MA: Cambridge University Press. 1987
21. Video – Sociologia da Ciência
Correntes da Filosofia da Ciência
Como tornar as proposições científicas objetivas, retirando a
influência externa
Como analisar a Ciência a partir do seu contexto social
Controvérsia entre Criacionismo X Evolucionismo
• Dificuldade inicial de aceitação do Evolucionismo devido
aos princípios religiosos
• Seria possível hoje conciliar o Criacionismo com a Teoria da
Evolução?
• Debate atual:
Competição X Cooperação X Aleatoriedade
na Teoria da Evolução
22. Posicionamentos sobre Ciência e Tecnologia
Leia o texto:
Dagnino, Renato. Qual o seu tipo tecnológico?
Jornal da Unicamp. Maio de 2005.
Disponível em:
https://app.box.com/s/np3zkkkcri9ttp0y9lqt9skyxqfj0p0z
Responda, com base no texto, qual é o seu
tipo tecnológico. Justifique a sua escolha e
explique em quê você não se alinha com os
demais tipos.
Mínimo de 20 linhas