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Discurso direto,Discurso direto,
Indireto e Indireto livreIndireto e Indireto livre
Material organizado por Eveline Peres
Professora de Língua Portuguesa e Literatura
IfSul – Câmpus Pelotas
Numa narrativa é possível distinguir pelo
menos dois níveis de linguagem: o do
narrador e o dos personagens.
Evidentemente, não se deve esquecer
que a linguagem dos personagens varia de
acordo com as condições socioeconômicas de
seu meio, a idade, o grau de instrução e
ainda a região em que vivem. Independente
disso é possível reconhecer o que é narração
(fala do narrador) e o que dizem os
personagens.
Chamam-se discursos às várias
possibilidades de que o narrador dispõe para
registrar as falas dos personagens.
Discurso direto
É o registro integral da fala do
personagem, do modo como ele a diz.
Isso equivale a afirmar que o personagem
fala diretamente, sem a interferência do
narrador, que se limita a introduzi-la. Há
duas maneiras principais de registrar o
discurso direto:
1. A mais convencional:
a)verbo de elocução (falar, dizer,
perguntar, retrucar etc.);
b) dois-pontos;
c) travessão (na outra linha).
Estirado por sobre a mesa, o administrador
gritava:
- Você já esteve no Alentejo?
(QUEIROZ, Eça de. A ilustre casa de Ramires. Rio de Janeiro,
Ed. Ouro, 1978. p. 43.)
Variantes da forma convencional
a)O personagem fala diretamente, isto é,
sem se introduzido, e o narrador se
encarrega de esclarecer quem falou, como
e por que falou.
—Sente-se—ordena a professora irritada.
ÂNGELO, Ivan. Menina. In: ____A face horrível. Rio de
Janeiro, Nova Fronteira, 1986.p. 16.)
b) Em vez dos travessões para isolar a fala
do personagem, encontramos outra
pontuação: vírgula, ponto etc. Só
permanece o travessão inicial.
— O meu projeto é curioso, insistiu o
sardento, mas parece que este povo não
me compreende.
(RAMOS, Graciliano. A terra dos meninos pelados. Rio de
Janeiro, Record, 1984. p. 31.)
c) Várias falas se sucedem sem a presença
notória do narrador; apenas se sabe o que
fala cada personagem, por que há mudança
de linha e novo travessão.
—O que é, meu rapaz?
—Eu queria conhecer a grande máquina.
—Não conhece ainda?
—Não.
—É novo na cidade?
—Nasci aqui.
—E como não conhece a máquina?
—Nunca me deixaram.
LOYOLA BRANDÃO, Ignácio de.O homem que procurava a máquina.
In: .0 homem do furo na mão. São Paulo Ática 1987, p 41.
2. Usando aspas no lugar dos travessões:
a) verbo de elocução;
b) dois-pontos;
c) aspas (na mesma linha).
Ao me despedir de Palor, no Aldebaran
vazio, eu disse:
“Vamos nos ver novamente?”
FONSECA, Rubem. Feliz Ano Novo. Rio de Janeiro, ArteNova,
1975. p. 100.)
Outras formas
Modernamente os autores de ficção
procuram inovar as formas de registrar a fala
dos personagens, isto é, o discurso direto.
Veja no exemplo abaixo, retirado do romance
O ano da morte de Ricardo Reis, do escritor
contemporâneo José Saramago, como
dialogam Ricardo Reis, personagem central
do livro, e Fernando Pessoa, recém-morto.
Perceba que não há distinção entre as falas
de cada personagem e a intervenção do
narrador; cabe ao leitor identificar quem fala
o quê.
(...) Fernando Pessoa explicou, É o comunismo, não
tarda, depois fez por parecer irônico, Pouca sorte,
meu caro Reis, veio você fugido do Brasil para ter
sossego no resto da vida e afinal alvorota-se o
vizinho do patamar, um dia desses entram- lhe aí
pela porta dentro, Quantas vezes será preciso
dizer-lhe que se regressei foi por sua causa, Ainda
não me convenceu, Não faço questão de convencê-
lo, apenas lhe peço que se dispense de dar opinião
sobre este assunto, Não fique zangado, Vivi no
Brasil, hoje estou em Portugal, em algum lugar
tenho de viver, você, em vida, era bastante
inteligente para perceber até mais do que isto, É
esse o drama, meu caro Reis, ter de viver em
algum lugar, compreender que não existe lugar
que não seja lugar, que a vida não pode ser não
vida. (...) (Lisboa, Caminho, 1984. p. 154.)
Discurso indireto
É o registro indireto da fala do
personagem através do narrador, isto é, o
narrador é o intermediário entre o instante
da fala do personagem e o leitor, de modo
que a linguagem do discurso indireto é a do
narrador:
(...) O outro objetou-lhe que por aqui só havia
febres e mosquitos; o major contestou-lhe
com estatísticas e até provou
exuberantemente que o Amazonas tinha um
dos melhores climas da terra. Era um clima
caluniado pelos viciosos que de lá vinham
doentes...
(BARRETO, Lima. Triste fim de Policarpo Quaresma. São Paulo, Ática, 1983
p. 23.)
Perceba que nesse exemplo o narrador
disse com Suas palavras o que disseram os
personagens.
Discurso direto
O outro objetou-lhe:
—Por aqui só há febres e mosquitos.
O major contestou-lhe com estatísticas e
até provou exuberantemente:
—O Amazonas tem um dos melhores climas da
terra. E um clima caluniado pelos viciosos
que de lá vêm doentes...
Do discurso direto para o indireto
DISCURSO DIRETO DISCURSO INDIRETO
Afirmação
Paulo disse:- Eu vou.
Que
Paulo disse que ia.
Interrogação
Paulo perguntou: - Choveu?
Se
Paulo perguntou se tinha
chovido.
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Paulo anunciou: - Estou rico.
Pretérito imperfeito
Paulo anunciou que estava rico
Pretérito perfeito
Paulo perguntou irritado:
- Quem mexeu na gaveta?
Pretérito mais-que-perfeito
Paulo perguntou irritado quem
mexera na gaveta.
Futuro do presente
Paulo falou:
- Farei uma viagem de
negócios.
Futuro do pretérito
Paulo falou que faria uma
viagem de
negócios.
Do discurso direto para o indireto
DISCURSO DIRETO DISCURSO INDIRETO
Adjuntos adverbiais
Lugar: aqui
Paulo apontou:
-Aqui é meu lugar.
Lá
Paulo apontou (dizendo) que
ali era seu lugar.
Tempo: hoje
Paulo perguntou:
-Hoje há reunião?
Naquele dia
Paulo perguntou se naquele
dia haveria reunião.
Ontem
Paulo exclamou:
-Ontem foi o dia mais feliz da
minha vida!
véspera/o do dia anterior
Paulo exclamou que o dia
anterior fora o mais feliz de
sua vida.
Amanhã
Paulo disse:
- Amanhã estarei de volta.
No dia seguinte
Paulo disse que no dia
seguinte estaria de volta.
Do discurso direto para o indireto
DISCURSO DIRETO DISCURSO INDIRETO
Pronomes
Pessoais: eu
Paulo retrucou:
- Eu estou com a razão.
Ele – ela
Paulo retrucou que ele
estava com a razão.
Demonstrativos: esse -
este
Paulo perguntou:
- Esse carro é meu?
Aquele
Paulo perguntou se
aquele era o seu
carro.
Possessivos: meu –
minha
Paulo murmurou:
-Meu amor é você.
Seu – Sua
Paulo murmurou que seu
amor era ela/ele.
Discurso indireto livre É um registro de
fala ou de pensamento de personagem, que
consiste num meio-termo entre o discurso direto
e o indireto, porque apresenta expressões típicas
do personagem mas também a mediação do
narrador.
Veja as diferenças entre o discurso direto, o
indireto e o indireto livre no quadro abaixo:
DISCURSO
DIRETO
DISCURSO
INDIRETO
DISCURSO
INDIRETO LIVRE
Ela andava e
pensava:
- Droga! Estou tão
cansada!
Ela andava e
pensava que (a
vida) era uma
droga e que estava
cansada.
Ela andava (e
pensava).
Droga! Estava tão
cansada.
Características do Discurso indireto livre
1.Geralmente é usado para transcrever
pensamentos.
2.Mantém as expressões peculiares do
personagem (por exemplo, “droga!”) e a
correspondente pontuação: interrogação,
exclamação.
3.Não apresenta o “que” e o ‘‘se”, típicos do
discurso indireto.
4. Não apresenta geralmente verbo de alocução.
5. A fala ou pensamento do personagem segue
tempos verbais, adjuntos adverbiais e pronomes
como no discurso direto (3ª pessoa).
(...) Ouviu o falatório desconexo do bêbado, caiu numa
indecisão dolorosa. Ele também dizia palavras sem sentido,
conversava à toa. Mas irou-se com a comparação, deu
marradas na parede. (NARRADOR)
Era bruto, sim Senhor, nunca havia aprendido, não
sabia explicar-se Estava preso por isso? Como era? Então
mete-se um homem na cadeia porque ele não sabe falar
direito? Que mal fazia a brutalidade dele? Vivia
trabalhando como um escravo. Desentupia bebedouro,
consertava as cercas, curava os animais — aproveitava um
casco de fazenda sem valor. Tudo em ordem, podiam ver.
Tinha culpa de ser bruto? Quem tinha culpa? (...)
( personagem – discurso indireto livre)
(RAMOS, Graciliano Vidas secas. Rio de Janeiro, Record, 1982. p.
35-6.)
Referência
GANCHO,CÂNDIDA. Como analisar
narrativas. 7ª edição. São Paulo: Ática,
2002.

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Discurso direto, indireto e indireto livre

  • 1. Discurso direto,Discurso direto, Indireto e Indireto livreIndireto e Indireto livre Material organizado por Eveline Peres Professora de Língua Portuguesa e Literatura IfSul – Câmpus Pelotas
  • 2. Numa narrativa é possível distinguir pelo menos dois níveis de linguagem: o do narrador e o dos personagens. Evidentemente, não se deve esquecer que a linguagem dos personagens varia de acordo com as condições socioeconômicas de seu meio, a idade, o grau de instrução e ainda a região em que vivem. Independente disso é possível reconhecer o que é narração (fala do narrador) e o que dizem os personagens. Chamam-se discursos às várias possibilidades de que o narrador dispõe para registrar as falas dos personagens.
  • 3. Discurso direto É o registro integral da fala do personagem, do modo como ele a diz. Isso equivale a afirmar que o personagem fala diretamente, sem a interferência do narrador, que se limita a introduzi-la. Há duas maneiras principais de registrar o discurso direto:
  • 4. 1. A mais convencional: a)verbo de elocução (falar, dizer, perguntar, retrucar etc.); b) dois-pontos; c) travessão (na outra linha). Estirado por sobre a mesa, o administrador gritava: - Você já esteve no Alentejo? (QUEIROZ, Eça de. A ilustre casa de Ramires. Rio de Janeiro, Ed. Ouro, 1978. p. 43.)
  • 5. Variantes da forma convencional a)O personagem fala diretamente, isto é, sem se introduzido, e o narrador se encarrega de esclarecer quem falou, como e por que falou. —Sente-se—ordena a professora irritada. ÂNGELO, Ivan. Menina. In: ____A face horrível. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1986.p. 16.)
  • 6. b) Em vez dos travessões para isolar a fala do personagem, encontramos outra pontuação: vírgula, ponto etc. Só permanece o travessão inicial. — O meu projeto é curioso, insistiu o sardento, mas parece que este povo não me compreende. (RAMOS, Graciliano. A terra dos meninos pelados. Rio de Janeiro, Record, 1984. p. 31.)
  • 7. c) Várias falas se sucedem sem a presença notória do narrador; apenas se sabe o que fala cada personagem, por que há mudança de linha e novo travessão. —O que é, meu rapaz? —Eu queria conhecer a grande máquina. —Não conhece ainda? —Não. —É novo na cidade? —Nasci aqui. —E como não conhece a máquina? —Nunca me deixaram. LOYOLA BRANDÃO, Ignácio de.O homem que procurava a máquina. In: .0 homem do furo na mão. São Paulo Ática 1987, p 41.
  • 8. 2. Usando aspas no lugar dos travessões: a) verbo de elocução; b) dois-pontos; c) aspas (na mesma linha). Ao me despedir de Palor, no Aldebaran vazio, eu disse: “Vamos nos ver novamente?” FONSECA, Rubem. Feliz Ano Novo. Rio de Janeiro, ArteNova, 1975. p. 100.)
  • 9. Outras formas Modernamente os autores de ficção procuram inovar as formas de registrar a fala dos personagens, isto é, o discurso direto. Veja no exemplo abaixo, retirado do romance O ano da morte de Ricardo Reis, do escritor contemporâneo José Saramago, como dialogam Ricardo Reis, personagem central do livro, e Fernando Pessoa, recém-morto. Perceba que não há distinção entre as falas de cada personagem e a intervenção do narrador; cabe ao leitor identificar quem fala o quê.
  • 10. (...) Fernando Pessoa explicou, É o comunismo, não tarda, depois fez por parecer irônico, Pouca sorte, meu caro Reis, veio você fugido do Brasil para ter sossego no resto da vida e afinal alvorota-se o vizinho do patamar, um dia desses entram- lhe aí pela porta dentro, Quantas vezes será preciso dizer-lhe que se regressei foi por sua causa, Ainda não me convenceu, Não faço questão de convencê- lo, apenas lhe peço que se dispense de dar opinião sobre este assunto, Não fique zangado, Vivi no Brasil, hoje estou em Portugal, em algum lugar tenho de viver, você, em vida, era bastante inteligente para perceber até mais do que isto, É esse o drama, meu caro Reis, ter de viver em algum lugar, compreender que não existe lugar que não seja lugar, que a vida não pode ser não vida. (...) (Lisboa, Caminho, 1984. p. 154.)
  • 11. Discurso indireto É o registro indireto da fala do personagem através do narrador, isto é, o narrador é o intermediário entre o instante da fala do personagem e o leitor, de modo que a linguagem do discurso indireto é a do narrador: (...) O outro objetou-lhe que por aqui só havia febres e mosquitos; o major contestou-lhe com estatísticas e até provou exuberantemente que o Amazonas tinha um dos melhores climas da terra. Era um clima caluniado pelos viciosos que de lá vinham doentes... (BARRETO, Lima. Triste fim de Policarpo Quaresma. São Paulo, Ática, 1983 p. 23.)
  • 12. Perceba que nesse exemplo o narrador disse com Suas palavras o que disseram os personagens. Discurso direto O outro objetou-lhe: —Por aqui só há febres e mosquitos. O major contestou-lhe com estatísticas e até provou exuberantemente: —O Amazonas tem um dos melhores climas da terra. E um clima caluniado pelos viciosos que de lá vêm doentes...
  • 13. Do discurso direto para o indireto DISCURSO DIRETO DISCURSO INDIRETO Afirmação Paulo disse:- Eu vou. Que Paulo disse que ia. Interrogação Paulo perguntou: - Choveu? Se Paulo perguntou se tinha chovido. Tempos verbais Presente (indicativo) Paulo anunciou: - Estou rico. Pretérito imperfeito Paulo anunciou que estava rico Pretérito perfeito Paulo perguntou irritado: - Quem mexeu na gaveta? Pretérito mais-que-perfeito Paulo perguntou irritado quem mexera na gaveta. Futuro do presente Paulo falou: - Farei uma viagem de negócios. Futuro do pretérito Paulo falou que faria uma viagem de negócios.
  • 14. Do discurso direto para o indireto DISCURSO DIRETO DISCURSO INDIRETO Adjuntos adverbiais Lugar: aqui Paulo apontou: -Aqui é meu lugar. Lá Paulo apontou (dizendo) que ali era seu lugar. Tempo: hoje Paulo perguntou: -Hoje há reunião? Naquele dia Paulo perguntou se naquele dia haveria reunião. Ontem Paulo exclamou: -Ontem foi o dia mais feliz da minha vida! véspera/o do dia anterior Paulo exclamou que o dia anterior fora o mais feliz de sua vida. Amanhã Paulo disse: - Amanhã estarei de volta. No dia seguinte Paulo disse que no dia seguinte estaria de volta.
  • 15. Do discurso direto para o indireto DISCURSO DIRETO DISCURSO INDIRETO Pronomes Pessoais: eu Paulo retrucou: - Eu estou com a razão. Ele – ela Paulo retrucou que ele estava com a razão. Demonstrativos: esse - este Paulo perguntou: - Esse carro é meu? Aquele Paulo perguntou se aquele era o seu carro. Possessivos: meu – minha Paulo murmurou: -Meu amor é você. Seu – Sua Paulo murmurou que seu amor era ela/ele.
  • 16. Discurso indireto livre É um registro de fala ou de pensamento de personagem, que consiste num meio-termo entre o discurso direto e o indireto, porque apresenta expressões típicas do personagem mas também a mediação do narrador. Veja as diferenças entre o discurso direto, o indireto e o indireto livre no quadro abaixo: DISCURSO DIRETO DISCURSO INDIRETO DISCURSO INDIRETO LIVRE Ela andava e pensava: - Droga! Estou tão cansada! Ela andava e pensava que (a vida) era uma droga e que estava cansada. Ela andava (e pensava). Droga! Estava tão cansada.
  • 17. Características do Discurso indireto livre 1.Geralmente é usado para transcrever pensamentos. 2.Mantém as expressões peculiares do personagem (por exemplo, “droga!”) e a correspondente pontuação: interrogação, exclamação. 3.Não apresenta o “que” e o ‘‘se”, típicos do discurso indireto. 4. Não apresenta geralmente verbo de alocução. 5. A fala ou pensamento do personagem segue tempos verbais, adjuntos adverbiais e pronomes como no discurso direto (3ª pessoa).
  • 18. (...) Ouviu o falatório desconexo do bêbado, caiu numa indecisão dolorosa. Ele também dizia palavras sem sentido, conversava à toa. Mas irou-se com a comparação, deu marradas na parede. (NARRADOR) Era bruto, sim Senhor, nunca havia aprendido, não sabia explicar-se Estava preso por isso? Como era? Então mete-se um homem na cadeia porque ele não sabe falar direito? Que mal fazia a brutalidade dele? Vivia trabalhando como um escravo. Desentupia bebedouro, consertava as cercas, curava os animais — aproveitava um casco de fazenda sem valor. Tudo em ordem, podiam ver. Tinha culpa de ser bruto? Quem tinha culpa? (...) ( personagem – discurso indireto livre) (RAMOS, Graciliano Vidas secas. Rio de Janeiro, Record, 1982. p. 35-6.)
  • 19. Referência GANCHO,CÂNDIDA. Como analisar narrativas. 7ª edição. São Paulo: Ática, 2002.