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INTRODUÇÃO
À DIDÁTICA
DE
EDUCAÇÃO
FÍSICA
LIVRO TÉCNICO EDITADO PELA DIVISÃO DE
EDUCAÇÃO FÍSICA DO M. E. C. E DESTINA-
DO A DISTRIBUIÇÃO GRATUITA AOS ESPE-
CIALIZADOS.


EDIÇÃO MAIO 1969




                      DIVISÃO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
                   MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA
                            BRASÍLIA, D. F.
                                BRASIL
ALFREDO GOMES DE FARIA JR.
      LICENCIADO EM EDUCAÇÃO FISICA E EM PEDAGOGIA




                     INTRODUÇÃO
                     À DIDÁTICA
                     DE
                     EDUCAÇÃO
                     FÍSICA




                       PROGRAMA DE PUBLICAÇÕES
EDITOR:   PROFESSOR LAMARTINE PEREIRA DA COSTA
DIVISÃO DE EDUCAÇÃO FISICA — PALÁCIO DA CULTURA — SALA 1111
RUA DA IMPRENSA, 16 — RIO DE JANEIRO - GB
APRESENTAÇÃO


            A iniciativa da Divisão de Educação Física do M.E.C. em
       publicar a presente obra tem por objetivo, primordialmente,
       oferecer subsídio aos alunos das Escolas Superiores de Educação
       Física e aos nossos especializados, de modo geral, no referente
       ao setor básico da Didática.
            Nesse propósito, as considerações em evidência foram:
            — as Escolas Superiores de Educação Física são as únicas
       que, entre as instituições qua preparam professores, não têm a
       Didática, cujo objetivo específico é justamente o estudo das téc-
       nicas de ensino, como disciplina constante de seus currículos;
            — a inclusão da Didática no currículo mínimo dessas Esco-
       las, estudada atualmente pelo Conselho Federal de Educação,
       exigirá, obviamente, material bibliográfico correspondente, e
            — o moderno conceito de Educação Física requer o que se
       pode chamar de uma "nova técnica de ensino", que traduz, no
       campo prático, os princípios teóricos já aceitos pela maioria dos
       nossos professores de Educação Física.
            O autor, salientando sempre a posição ocupada pelo educan-
       do, como centro de todo o processo educacional, e a do moderno
      professor de Educação Física, como autêntico educador, pro-
      curou, simplesmente, adequar algumas normas e procedimentos,
      aplicados, até hoje, empiricamente pelos professores de nossa
      especialidade, aos princípios básicos recomendados pela Didá-
      tica Geral.
            Assim, foram estudadas     prioritáriamente as três fases da
      atividade discente — o planejamento, a orientação e o controle
      da aprendizagem em Educação Física — ao mesmo tempo em
      que se procurou desenvolver algumas considerações sobre aspec-
      tos teóricos da Educação.                                    _ .. • '
           Cumpre relevar ainda que o trabalho ora apresentado cons-
      titui fase importante na evolução técnica do PROGRAMA DE
      PUBLICAÇÕES da Divisão de Educação Fisica, que busca o
      aperfeiçoamento dentro dos novos conceitos de comunicação.
      A experiência assimilada pautará certamente as nossas futuras
      publicações.
           Considerando nossa diretiva, à frente da Divisão, de apoiar
      decisivamente o aperfeiçoamento técnico da Educação Física
      e dos Desportos, esperamos, com esse empreendimento, cumprir
      mais uma etapa de nossos objetivos.




                Tenente-Coronel Arthur Orlando da Costa Ferreira
                Diretor da Divisão de Educação Física do M.E.C.
ÍNDICE


APRESENTAÇÃO

UNIDADE I


              —   NOÇÕES FUNDAMENTAIS                                       1
              —   A Pedagogia                                               2
              —   A Educação .,                                            10
              —   A Didática                                               23


UNIDADE II


              — O EDUCANDO                                                 27
              — Aspectos Evolutivos do Educando                            28
              — Considerações acerca dos exercícios físicos para crian-
                ças e adolescentes                                         39
              — O dimorfismo sexual do educando e suas influências
                nas práticas físicas                                       40

UNIDADE III


              — O PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA                             44
              — Requisitos Básicos do Professor de Educação Física . . .   46
              — O Professor de Educação Física e o Grupo Profissional
                Pedagógico                                                 51
              — O Professor de Educação Física e o Fenômeno da Lide-
                rança                                                      55
              — O Professor de Educação Física e a Ética Profissional ..   57


UNIDADE IV


              — FINALIDADES DA EDUCAÇÃO E OBJETIVOS DO
                ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA                                  60
              — Finalidades da Educação                                    61
              — Objetivos do Ensino                                        61
              — Finalidades da Educação Brasileira                         62
              — Objetivos da Educação Física                               63
UNIDADE V


             — OS CONTEÚDOS                                             69
             — Alguns Aspectos a Considerar na Seleção dos Conteúdos    71
             — Algumas formas pelas quais os conteúdos se apresentam    77


UNIDADE VI


             — MÉTODO E CICLO DOCENTE                                  107

               Primeira Parte

             1 — Método                                                108

             2 — Principais Métodos Empregados no Brasil               109

               Segunda Parte

               Ciclo Docente                                           142
            a) O Planejamento do Ensino da Educação Física             143
            b) Orientação da Aprendizagem                              194
            c) Controle da Aprendizagem                                287




CONCLUSÕES                                                             313
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS                                             314
ÍNDICE DA MATÉRIA                                                      319
UNIDADE !


               NOÇÕES FUNDAMENTAIS




A   PEDAGOGIA

     — Conceito de Pedagogia
     — Fontes e Evolução da Pedagogia
     — Objeto da Pedagogia
     — Características do Fenômeno Educativo
     — Divisão da Pedagogia
     — Disciplinas que Compõem a Pedagogia


A   EDUCAÇÃO


     — Conceito de Educação

     — Alguns Aspectos da Educação Sistemática no Brasil


A   DIDÁTICA


     — Conceitos de Didática
    — Objeto da Didática
    — Fontes da Didática
     — Âmbito da Didática
    — Didática Tradicional e Didática Moderna
    — Divisão da Didática
    — Didática de Educação Física
                         1
NOÇÕES FUNDAMENTAIS

                          A        PEDAGOGIA
CONCEITO DE PEDAGOGIA
     O têrmo Pedagogia existe desde a antigüidade clássica. Encontramo-lo,
uma das primeiras vezes, na tragédia "Orestes", de Eurípedes, passando a
ser empregado, a partir daí, por numerosos autores clássicos, modernos
ou contemporâneos.
    A palavra Pedagogia provém de duas palavras gregas: "pais, paidós"
— criança e "ago, agein" — conduzir, guiar, dirigir. "Ped" é contração de
"paid"; "agog" é a raiz com duplicação ática de "ago" e "ia" é o sufixo
grego que dá valor ao substantivo. Portanto, Pedagogia, etimològicamente,
significa "guia ou condução da criança".
     Por isso, na Grécia antiga, chamava-se pedagogo ao escravo liberto
encarregado de conduzir as crianças à palestra. Esta função existe desde
os tempos mais remotos da antiga civilização grega. No canto IX da Ilíada
é mencionada várias vezes a figura de Fênix, que, segundo os clássicos,
foi pedagogo de Aquiles.




                         O    pedagogo conduzindo   sua
                                pequena  senhora.
Com o passar do tempo, o conceito inicial de Pedagogia começou a
modificar-se. No século II, São Clemente de Alexandria, no seu livro "O
Pedagogo", já faz menção a quatro significados para Pedagogia.
     Uma vez abandonado o conceito etimológico por considerá-lo vago,
impreciso e insuficiente, procurou-se conceituá-lo como "arte de educar",
"ciência da educação" e até "ciência e técnica da educação". Estes concei-
tos, porém, são ainda confusos e limitativos.
     Evoluiu-se depois para "ciência da arte de educar". Ciência, por
envolver conhecimentos certos e sistemáticos adquiridos por métodos
idôneos, e arte porque supõe uma realização.
     Esta definição é ainda restritiva e unilateral, se estudados outros
aspectos da problemática. A Pedagogia, por exemplo, determina valores
éticos e sociais a serem atingidos pela educação, fazendo, assim, uma
especulação filosófica. Estabelece, também, como realizar a educação, po-
dendo, portanto, ser considerada uma técnica.




    Desta forma, Pedagogia "seria, ao mesmo tempo, a filosofia, a ciência
e a técnica da educação".
    Procura-se, atualmente, conceituá-la, também, tomando-se por base
o seu conteúdo: "Pedagogia é o conjunto de conhecimentos sistemáticos
sôbre o fenômeno educativo." Abrange, pois, o conjunto dos conhecimentos
acumulados, organizados e sistematizados com rigor científico, sôbre a
problemática da educação, através dos séculos.
FONTES E EVOLUÇÃO DA PEDAGOGIA




    — Fase do Empirismo Pedagógico
    A Pedagogia era, inicialmente, um complexo de tradições educativas
advindas da observação e da experiência empírica de antigos mestres.
    Sua única fonte era a experiência prática não metodizada. Apresen-
tava, de uma parte, grandes erros, princípios e normas contraproducentes,
onde predominavam a improvisação e o autodidatismo; de outra parte,
já estabelecia alguns princípios válidos e normas aceitáveis, que mais
tarde vieram a ser reavaliadas e reformuladas pela Pedagogia atual.
    — Fase da reflexão e crítica filosófica
    Esta fase teve como iniciadores Sócrates, Platão e Aristóteles e surgiu
da necessidade de uma interpretação dos fins da educação, do estabeleci-
mento de novas normas e diretrizes da ação educativa e de atender às exi-
gências humanas e sociais da educação.




                                 Platão.
Surge, a partir daí, a sistematização da Pedagogia, tornada uma disci-
plina racional e ordenada, possibilitando a elaboração da política educacio-
nal dos diferentes povos.
     — Fase da pesquisa científica
     Esta fase inicia-se em fins do Século XIX estimulada por três grandes
fatôres fundamentais:
     — expansão do pensamento positivista,
     — controvérsia evolucionista e
     — rápida democratização da educação.
     A expansão do positivismo teve como conseqüência no campo pedagó-
gico a pesquisa dos diversos aspectos da realidade e da natureza humana.
A controvérsia evolucionista, analisando tôda a evolução biológica e psi-
cológica da criança nas diferentes etapas evolutivas, proporcionou novos
dados psicológicos, sociológicos, higiênicos, biológicos, econômicos e artís-
ticos à educação. Foi quando surgiram os conhecimentos exatos e objetivos
sôbre os dados reais do fenômeno educativo. A democratização da educa-
ção aumentou a responsabilidade social da escola, exigindo a realização
de pesquisas sôbre os problemas concretos da infância e da adolescência.
     Desta forma, pode-se compreender a grande complexidade da Peda-
gogia moderna e a riqueza e densidade dos conhecimentos que ela en-
volve.
OBJETO DA PEDAGOGIA
     Pelo exposto, podemos compreender que o objeto específico da Peda-
gogia é o "estudo do fenômeno educativo".
CARACTERÍSTICAS DO FENÔMENO EDUCATIVO
O fenômeno educativo é constante por haver sempre uma geração
adulta atuando sôbre uma geração mais jovem. Desta forma, temos a
garantia de uma eficaz preservação da cultura e da continuidade da vida
social. É universal porque se processa através de todos os tempos e em
todas as comunidades do mundo, embora variando em intensidade e sis-
tematização. É irredutível por não se confundir nem se identificar com os
demais fenômenos da vida social.

DIVISÃO DA PEDAGOGIA




    A Pedagogia Teleológica (do grego "teleos" — fim; "logos"— tratado)
preocupa-se com os fins e objetivos educativos; a Pedagogia Ontológica
(do grego "ontos" — ser; "logos" — tratado) estuda o que é a educação,
sôbre quem atua e quem a realiza; e a Pedagogia Mesológica (de "mesos"
— meio; "logos" — tratado) cuida dos meios e das formas mais indicadas
na realização da obra educativa.

    Estes três aspectos da Pedagogia formam um todo inseparável tal o
seu íntimo relacionamento. Para maior esclarecimento, transcrevemos o
exemplo dado pela Professora Consuelo Buchon em seu livro "Pedagoga".

    "Tomemos, como exemplo, a educação física que, por sua natureza,
pode parecer a mais alheia ao aspecto teleológico; para propor a alguém
um exercício de ginástica ou jogo temos que começar por conhecê-lo para
que a qualidade, método e duração guardem proporção com a idade e o
estado constitutivo do sujeito, e, mais ainda, deverá ser de tal modo que
coopere com o bem intelectual, moral e religioso; tanto quanto assim fôr,
será educativo. Se não fôr assim, se não levar em conta o sujeito atual-
mente e o fim visado, não só tal exercício deixará de ser formativo, como
será aberração condenável."
DISCIPLINAS QUE COMPÕEM A PEDAGOGIA

     Adotado o conceito de Pedagogia como "o conjunto de conhecimentos
sistemáticos sôbre o fenômeno educativo", foi possível agrupar as diferen-
tes disciplinas que compõem a Pedagogia:




     I — Disciplinas Filosóficas (descritivas e normativas)
          História da Pedagogia
          Filosofia Educacional
          Política Educacional

    II — Disciplinas Científicas (descritivas ou experimentais)
          Biologia Educacional
          Psicologia Educacional
          Sociologia Educacional
          Estatística Educacional
          História da Educação
          Educação Comparada

   III — Disciplinas Técnicas (aplicadas)
          Higiene Escolar
          Administração Escolar
          Organização Escolar
          Didática Geral e Especial
          Orientação Educacional
          Psicoterapia Educacional
I — Disciplinas Filosóficas
     — História da Pedagogia
     A História da Pedagogia estuda a evolução da "teoria educacional"
relacionando suas diversas manifestações no curso da História com as
concepções religiosas ou filosóficas que lhe deram origem. Estuda, tam-
bém, o desenvolvimento do pensamento filosófico-pedagógico, através dos
tempos, caracterizando suas grandes etapas e os ideais que predominaram
em cada uma delas.
     — Filosofia Educacional
  j A Filosofia Educacional estuda os princípios básicos e as finalidades
que devem nortear a educação. Determina os valores a serem atingidos
pela educação.
     — Política Educacional
     Esta disciplina examina os problemas da educação em têrmos das ne-
cessidades sociais imediatas.
II — Disciplinas Científicas
     — Biologia Educacional
     A Biologia Educacional, objetivando garantir condições propícias à
educação das gerações mais jovens, estuda o desenvolvimento orgânico do
educando, suas diferenças individuais e as formas de atuar sôbre aquelas
diferenças. Analisa as influências da hereditariedade e do meio: os ca-
racteres herdados e adquiridos, o crescimento, o sistema glandular, as con-
dições ambientais, as atividades do sistema nervoso, a atividade muscular,
a fadiga, as doenças e suas profilaxias etc.
     — Psicologia Educacional
     A Psicologia Educacional estuda as etapas evolutivas da psique das
crianças e dos adolescentes, o fenômeno da aprendizagem, a personalidade
em relação à sua formação e a sua adaptação ao meio etc.
     — Sociologia Educacional
     A Sociologia Educacional estuda as relações entre o indivíduo e o
grupo, a natureza, do ponto de vista sociológico, do processo educativo,
os fins sociais da educação, as influências dos grupos sociais (família,
igreja, estado etc.) sôbre a educação. Analisa a correlação entre o sistema
escolar e os sistemas sociais.
     — Estatística Educacional
     Estuda a educação do ponto de vista quantitativo, fornecendo ele-
mentos que permitem uma série grande de avaliações, seja acerca dos
dados biológicos e psicológicos da educação, seja acerca dos dados so-
ciológicos.
     — História da Educação
     Estuda a evolução histórica dos sistemas e práticas educacionais, os
grandes educadores nos momentos históricos, a organização e o funciona
mento das experiências educacionais etc.
     — Educação Comparada
     Estuda e correlaciona as realidades educacionais: leis, sistemas, ins-
tituições, métodos etc; as tendências pedagógicas de cada povo, os focos
de irradiação dessas tendências, a extensão dessa irradiação.

                                     8
III — Disciplinas Técnicas
     — Higiene Escolar
     A Higiene Escolar estuda as condições materiais da escola, os regimes
de vida, de estudo e alimentação e as normas e cuidados de higiene física
e mental dos corpos docente, discente e administrativo da escola.
     — Administração Escolar
     Estuda a estrutura e o funcionamento dos órgãos de administração
escolar, a hierarquia e a distribuição de funções, enfim aplica as técnicas
administrativas ao problema educacional.
     — Organização Escolar
     Estuda a mobilização de todos os recursos (materiais, financeiros, de
pessoal etc.) de uma escola, com o objetivo de garantir maior eficiência,
maior rendimento e economia de tempo, de dinheiro e de trabalho.
     — Didática Geral e Especial
     A Didática objetiva o ensino ou a direção técnica da aprendizagem.
     A Didática Geral estuda as teorias, princípios e normas gerais, exa-
mina e critica os métodos de ensino, analisa e apresenta soluções para os
problemas comuns de diferentes níveis, ramos, disciplinas ou práticas
educativas.
     A Didática Especial estuda os objetivos de cada disciplina ou prática
 educativa, a programação dos conteúdos, os métodos e recursos específicos
e os problemas particulares inerentes ao ensino em questão.
     — Orientação Educacional ou Orientação Educativa (segundo a
L.D.B.)
      "A Orientação Educacional é uma atividade pedagógica organizada em
bases científicas com caráter permanente, visando essencialmente ao aluno
 e acidentalmente ao jovem, para integrar sua educação geral por meio da
 atividade do orientador em cooperação com vários agentes pedagógicos
 e mediante técnicas adequadas." (CADES)
      A Orientação Educativa procura promover um ambiente capaz de
 levar o educando a agir de forma positiva. É, ao mesmo tempo, uma pro-
 moção, um projeto e um programa de ideais e valores. Ela age sub-repti-
 ciamente de forma a modificar a conduta do educando dentro de um certo
 prazo.
      A Orientação Educativa é, também, uma aprendizagem de profundi-
 dade, pois visa a realizar no indivíduo a sua maturidade. Procura fazer
 com que o indivíduo ultrapasse níveis de aspirações próximos para atingir
 outros que o levem a uma performance melhor. Considera-se a Orientação
 Educacional como uma higiene mental, não no sentido vulgar da expres-
 são, mas sim como uma prática terapêutica com base científica para aliviar
 tensões ou conflitos do indivíduo, conduzindo ao equilíbrio.
      — Psicoterapia Educacional
      Estuda as diferentes formas de anomalia mental e os desvios psicoló-
 gicos da infância e da adolescência, estabelecendo técnicas de diagnóstico,
 tratamento e reorientação psicológica. Elabora métodos especiais de en-
 sino para alunos com problemas relacionados com a conduta, reatividade
 e escolaridade.
A          EDUCAÇÃO

CONCEITO DE EDUCAÇÃO

     Vulgarmente, usamos a palavra educação quando nos queremos referir
ao grau de cultura, às atitudes, aos costumes sociais, à urbanidade e à
polidez de um determinado indivíduo. Êste conceito vulgar, impreciso,
vago e incompleto, baseado em noções ingênuas, contém, todavia, três
tônicas que, analisadas, poderão servir para melhor compreensão do real
significado do têrmo: a educação é algo que se adquire, que implica num
processo perfectivo relacionado com o social.
     Não há perfeito acordo entre os estudiosos sôbre as origens etimológi-
cas do têrmo educação. Uns afirmam-no derivado de "educare", que signi-
fica criar, alimentar. Outros asseveram que êle se originou de "educere",
composto de "ex", que significa direção para fora, e do verbo "ducere",
conduzir. Desta forma, significaria "tirar de dentro para fora".
     Alguns dos grandes educadores do passado, baseando-se nas origens
etimológicas da palavra, emitiram conceitos distintos aparentemente
díspares.
     Desta forma, João Frederico Herbart "considera que o que se propõe
à educação é introduzir materiais no educando, "alimento" que é preciso
dar ao espírito para que se desenvolva".
     João Henrique Pestalozzi, partindo de outra origem do têrmo, assegura
que "a única coisa que o educador tem que conseguir é desenvolver os ger-
mens que se encontram no educando".
     Pode, assim, parecer à primeira vista, considerando-se aquelas duas
origens, que existam dois conceitos distintos e inconciliáveis de educação.
Tal, no entanto, não ocorre, pois os dois significados completam-se, indi-
cando-nos os dois movimentos da educação: um de dentro para fora, no
sentido de um desenvolvimento e maturação próprios, e outro de fora para
dentro, que auxiliará àquele desenvolvimento. Desta forma, o processo
 educativo obedece a dois princípios: um, intrínseco à natureza do educan-
 do; outro, extrínseco a ela.
     O conceito vulgar e o etimológico da educação não satisfizeram aos
 estudiosos que, desde a antigüidade, procuram melhor conceituá-la.
     Assim, encontramos uma série de conceitos para o têrmo em questão,
 alguns dos quais transcrevemos a seguir:
          "A educação tem por fim evitar o erro e descobrir a verdade."
      (Sócrates.)
          "Educação consiste em dar ao corpo e à alma tôda a perfeição de
     que são capazes." (Platão.)
          "O verdadeiro escopo da educação é a obtenção da felicidade por
     meio da virtude perfeita." (Aristóteles.)
          "Educar é instruir a juventude e formar almas virtuosas." (Cí-
     cero.)
Aristóteles   Locke




   Spencer    Kant
' ; Educar é saber dirigir e conter todos os movimentos da alma, de
     modo a realizar sómente atos dignos de um ser racional." (Marco
     Aurélio.)
         "A educação tem por finalidade unir um espírito sadio a um corpo
     sadio. A tarefa da educação não é aperfeiçoar os jovens nas ciências,
     mas prepará-los mentalmente de modo a serem capazes de abordar
     qualquer uma delas se aplicarem no seu estudo." (Locke.)
          'Educar é a arte de formar homens." (Rousseau.)
         "O fim da educação é a formação do homem integral, habilitado
     nas artes e indústrias." (Rabelaís)
          "Educação é a arte de formar homens e não especialistas." (Mon-
     taigne.)
          "A finalidade da educação é proporcionar serviços mais efetivos
     ao Estado e à Igreja." (Lutero.)
          "Educação é o desenvolvimento integral do homem. É o domínio
     de todas as coisas." (Comenius.)
         "Educar significa o desenvolvimento natural, progressivo e siste-
     mático de todas as forças." (Pestalozzi.)
          "Educar é desenvolver proporcional e regularmente todas as dis-
     posições do ser humano." (Kant.)
          "O objeto da educação é realizar a vida confiante, pura, inviolável
     e sagrada." (Froebel.)
         "A educação é a arte de construir, de edificar e de dar as forças
     necessárias." (Herbart.)
         "Preparar-nos para uma vida completa é a função que deve de-
     sempenhar a educação." (Spencer.)
     Inúmeros outros conceitos de educação poderiam ser aqui mencio-
nados. Só Rufino Blanco, em sua Enciclopédia Pedagógica, refere-se a
cento e oitenta e quatro conceitos distintos de educação.
     Como vimos, os conceitos de educação lançados até agora são ora des-
critivos, ora normativos. Os descritivos referem-se ao processo educacional
e os normativos aos fins a serem atingidos.
     William F. Cunningham chega a um conceito plenamente satisfatório
quando o faz baseado em três grupos de transformações que intervêm no
processo educativo: habilidades, conhecimentos e ideais.
     O homem, ao contrário dos animais, necessita de um longo período de
aprendizagem em substituição aos instintos existentes nos irracionais. Ins-
tintos significam "hábitos fixos de reação", não havendo, por conseguinte,
progresso na vida animal. O homem maduro não possui hábitos de com-
portamento hereditários não modificados pela aprendizagem. Possui, isto
sim, um sem-número de habilidades que inicialmente nada mais eram que
capacidades. Um segundo grupo de transformações no processo educacio-
nal é a do crescimento em conhecimentos. O nascituro ignora tôda a he-
rança social, ao passo que o adulto tem conhecimento dela. O terceiro e
último grupo de transformações é a passagem dos impulsos aos ideais. Por
ideais compreendem-se os controles racionais da conduta humana sôbre
os instintos.
Desta forma, podemos conceituar educação como "o processo de cres-
cimento e desenvolvimento pelo qual o indivíduo assimila um corpo de
conhecimentos, demarca os seus ideais e aprimora sua habilidade no trato
dos conhecimentos para a consecução daqueles ideais".

ALGUNS ASPECTOS DA EDUCAÇÃO SISTEMÁTICA NO BRASIL

    A educação, segundo suas influências, pode ser: assistemática, quando
é inconsciente, espontânea e ocasional, e sistemática, quando é intencio-
nal, consciente e seletiva.




    A educação assistemática desenvolve-se ao sabor dos incidentes e das
circunstâncias fortuitas, sem que haja um planejamento anterior. Não sen-
do ela seletiva, o indivíduo aprende coisas certas e coisas erradas, boas e
más, donde se pode aquilatar a responsabilidade educativa que pesa sôbre
es gerações adultas. O ser humano é assim, em grande parte, fruto dessa
educação assistemática.
     A educação sistemática é, ao contrário da anterior, consciente, com
objetivos previamente traçados, crítica e sobretudo intencional. A educa-
ção sistemática é ministrada numa complexa e especializada instituição
nitidamente seletiva — a Escola. De um modo geral, cada país congrega
os serviços escolares em sistemas de ensino, regionais e locais, que vão
constituir, no todo, o seu sistema nacional de ensino.
Os diferentes sistemas possuem, por sua vez, níveis ou graus de ensino
que nada mais são do que a sua articulação vertical.




                                               (adaptado de Lourenço Filho)
No Brasil, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei Fede-
ral n.° 4.024, procurando proporcionar uma "centralização de orientação"
permite à União criar um Sistema Federal de Ensino, ao mesmo tempo
que busca uma "descentralização de execução", quando permite aos Es-
tados e ao Distrito Federal organizarem seus próprios sistemas de ensino.
Esta Lei reconhece, ainda, três níveis ou graus de ensino: a Educação de
Grau Primário, a Educação de Grau Médio e a Educação de Grau Superior.

    Julgamos necessário desenvolver neste trabalho algumas considera-
ções acerca dos diferentes níveis ou graus de ensino, visto que o docente
de Educação Física, dada a sua formação, possui habilitação profissional
que lhe permite atuar nos diferentes níveis.
A Educação de Grau Primário
    Em nosso país, o critério geral escolhido para a graduação do ensino
é o das "idades sucessivas". Assim sendo, a educação de grau primário
é a que se destina à infância. Pela primeira vez, a Legislação brasileira
preocupou-se com a educação pré-primária quando a Lei n.º 4.024 a ela se




         Visita de uma sala de aula de uma moderna escola primária
                     (Escola Guatemala, Rio de Janeiro).
refere dizendo que "se destina aos menores até sete anos, e será ministrada
em escolas maternais ou jardins de infância".
    Quanto ao ensino primário, suas finalidades são "o desenvolvimento
do raciocínio e das atividades de expressão da criança e a sua integração
no meio físico e social".
    Procurou-se, também, tornar obrigatório o ensino primário a partir dos
sete anos e estender o curso a um mínimo de quatro anos e a um máximo
de seis.
    Pesquisas feitas, e dentre elas salientam-se as do INEP, mostram-nos
quão deficiente é o ensino primário brasileiro. Em 1963, çalculou-se a exis-
tência de pelo menos 10 milhões de crianças na faixa etária de 7 a 11 anos,
sendo que dos 7 milhões das matriculadas no ensino primário mais da
metade se encontrava na primeira série. Êste fato se agrava com o pro-
blema da evasão escolar tão evidente nas estatísticas de 1062, quando perto
de 1.200.000 crianças se evadiram durante o ano letivo, e mais de 1 milhão
delas o fizeram na primeira, segunda e terceira séries, sem que possuíssem
conhecimentos que nos permitissem afirmar que essas crianças estivessem
instruídas ou que fossem elementos produtivos do ponto de vista econô-
mico. Elas afastam-se da escola, por exemplo, sem ao menos conhecer a
História de sua Pátria, quando a evasão ocorre na primeira série. Outro




          Aula de Educação Física numa moderna Escola Primária.
grande problema é o da reprovação escolar, dado que o número de repro-
vados chega, por vezes, a ultrapassar o de aprovados.
     Desta forma,, considera-se o ensino que se restringe à primeira série
como um desperdício econômico.
     A situação do professorado primário apresenta, também, um quadro
desalentador. Segundo dados obtidos pelo Primeiro Censo Escolar do Bra-
sil, 44% dos professôres primários em regência de classe são leigos, isto
e, não possuem qualquer formação profissional, não podendo, muitas vezes,
lecionar além da segunda série primária, pois um passo mais adiante não
deram na sua formação.
     Assim sendo, é perfeitamente válido concluir que a Educação Física,
embora obrigatória por força de Lei neste nível de ensino, ficará prática-
mente esquecida por muito tempo em nossas escolas primárias. Nos gran-
des centros, entretanto, começamos a notar um maior interesse por parte
da direção das escolas em incluir efetivamente essa "prática educativa"
no currículo dos seus educandários.
Educação de Grau Médio
    "A educação de grau médio, em prosseguimento à ministrada na es-
cola primária, destina-se à formação do adolescente." Êste artigo da Lei




      Vista de uma sala de aula de um moderno Ginásio Secundário.
               (G. E. Nun'Álvares Pereira — Rio de Janeiro)
n.° 4.024 representa uma grande conquista para a educação brasileira, pois
começa a abandonar a idéia de que a escola média teria como finalidade
preparar jovens para os cursos superiores, substituindo-a pela idéia correta
de que sua finalidade é a formação da personalidade do educando.
     O ensino médio brasileiro é, como se sabe, ministrado, atualmente,
em dois ciclos: o GINASIAL e o COLEGIAL. Desta forma, o têrmo "gi-
násio" não mais significa um tipo de ensino, mas sim o ciclo de um nível
ou grau de ensino. Todo o primeiro ciclo de ensino médio chama-se giná-
 sio: há, portanto, ginásio secundário, ginásio comercial, ginásio indus-
trial etc.
      Da mesma forma, todo o segundo ciclo do ensino médio chama-se co-
 légio ou "curso colegial", havendo, assim, colegial comercial, colegial in-
 dustrial, colegial secundário etc.
      Esses ramos, hoje em dia, dão acesso à Universidade, ao contrário do
 que ocorria anteriormente, quando só os alunos oriundos do curso secun-
 dário podiam ingressar no nível superior.
      Quanto à extinção gradual do Curso Ginasial Agrícola e a conseqüente
.proibição de os atuais educandários agrícolas realizarem exames de admis-
 são a partir do ano letivo de 1969, não significa que o Govêrno pretenda
 acabar com o ensino agrícola de grau médio, mas sim passá-lo para a es-
 fera dos Ginásios Orientados para o Trabalho, isto porque só se recomenda
 a profissionalização a partir do segundo ciclo.
      No ensino médio, as condições são tão ruins ou até mesmo piores do
 que no ensino elementar. Entretanto, êste grau de ensino é considerado
 pelos especialistas como um dos fatôres básicos do desenvolvimento das
 nações. O povo brasileiro descobriu, também, que é possível a mobilidade
 vertical em nossa sociedade através dos conhecimentos e da formação que
  uma boa escola lhe pode oferecer. Assim, a procura da escola torna-se cada
  vez maior. A inexistência, porém, de todo um complexo social preparado
  para receber as explosões demográficas, econômicas e sociais leva a nossa
  rede escolar a uma situação angustiosa, onde nem a quantidade nem a
  qualidade são atendidas.
      Dos 12 milhões de jovens em faixa etária correspondente à educação
  de grau médio, somente 1.336.000 se matricularam em 1963 neste nível.
      Estas matrículas estavam assim distribuídas:
         Secundário                                         980.000
         Comercial                                          200.000
         Normal                     .                       110.000
         Industrial                                          39.000
         Agrícola                                             7.000
    Desta forma, num país de economia agrícola e onde se tenta uma rá-
pida industrialização, vemos quão irrisórias são as matrículas nos ramos
correspondentes a essas atividades. O baixo índice das matrículas na escola
normal não nos permitem uma esperança de ver melhoradas as deficiên-
cias do professorado da escola primária brasileira.
Aula de Educação Física num moderno Ginásio Secundário.

     A Educação Física, única "prática educativa" obrigatória existente nos
currículos de nossas escolas, para alunos até a idade de 18 anos, tem,
obviamente de se ressentir de tal problemática. Faltam instalações, ma-
terial didático e, sobretudo, o elemento humano altamente qualificado
para a tarefa de educar: o professor de Educação Física. Contudo, alguns
fatôres positivos começam a se fazer sentir em nossa especialidade. A ele-
vação da Educação Física à categoria de "prática educativa" despertou
um maior interesse de renovação no âmbito do magistério especializado,
visto que o êxito de sua missão passou a depender quase que exclusiva-
mente do interesse e prazer que consigam despertar em seus alunos, livres
da preocupação da nota para passar de ano, do conceito nas "provas prá-
ticas" e outros absurdos tão evidentes nas disciplinas obrigatórias, com-
plementares e Optativas. Esta renovação obriga a realização de cursos de
aperfeiçoamento e até de pós-graduação, estimula o surgimento de novas
revistas e boletins especializados e a publicação de novas obras didáticas
igualmente especializadas.
O Ensino de Grau Superior

     Nas diversas especialidades do ensino superior brasileiro, cujo objetivo
"é a pesquisa, o desenvolvimento das ciências, letras e artes, e a formação
de profissionais de nível universitário", estavam matriculados, em 1963,
100 mil estudantes, dos quais 20 mil concluíram os estudos.
     Êste quadro desolador, à luz dos dados estatísticos, mostra-nos a real
situação da educação no Brasil, em que nos esquecemos, com facilidade
de que o "desperdício de inteligência é fator primordial de subdesenvol-
vimento e pobreza".
     O ensino superior no Brasil felizmente começa a apresentar novas
perspectivas ao docente de Educação Física. Sua habilitação profissional
de nível superior permite-lhe lecionar em Escolas Superiores de Educação
Física e dirigir atividades físicas no seio das Universidades. Dá-lhe o di-
reito, ainda, de acesso aos cursos especiais de orientadores educativos
desde que possuidor de um estágio mínimo de três anos no magistério
público ou privado.




                 Atividades desportivas no Ensino Superior.

Conclusões

    Finalmente, podemos afirmar que, sómente com a eliminação do
analfabetismo, com a melhoria da capacidade produtiva de nossos jovens,
com currículos mais simples e menos pretensiosos e com o emprego de
novos métodos de trabalho, podemos modificar o quadro comparativo abai-
xo mencionado,onde avulta a deficiência de nosso sistema escolar, compa-
rado com o dos E.U.A. e da U.R.S.S.




                                                      (Nílton Nascimento)
A          DIDÁTICA

CONCEITOS DE DIDÁTICA

    A Didática pode ser conceituada de duas formas:
    — em função de sua natureza e objeto;
    — em função do seu conteúdo.
    Em função de sua natureza e objeto, a Didática "é a disciplina pedagó-
gica de caráter prático e normativo que tem por objeto específico a técnica
do ensino, isto é, a técnica de dirigir e orientar eficazmente os alunos na
sua aprendizagem".
    Considerada em função do seu conteúdo, Didática "é o conjunto sis-
temático de princípios, normas, recursos e procedimentos específicos que
todo professor deve conhecer e saber aplicar para orientar seus alunos na
aprendizagem das matérias, tendo em vista seus objetivos educativos".
    O primeiro conceito distingue a Didática das demais disciplinas pe-
dagógicas. O segundo, caracteriza o seu conteúdo específico.
OBJETO DA DIDÁTICA
    O objeto específico da Didática é o estudo das técnicas do ensino.

FONTES DA DIDÁTICA

     As principais fontes da Didática são:
     — a Filosofia Educacional, que contribui com as concepções, princí-
pios, diretrizes e conclusões;
     — a Biologia Educacional, a Sociologia Educacional e a Psicologia
Educacional, que contribuem com os resultados e conclusões de suas ex-
perimentações científicas;
     — a racionalização do trabalho, que contribui com as normas e cri-
térios;
     — a experiência prática.

ÂMBITO DA DIDÁTICA

     São cinco os "componentes fundamentais" que a Didática procura ana-
lisar:
   O educando;
   O professor;
   Os objetivos;
   Os conteúdos;
   Os métodos.
São esses cinco "componentes fundamentais" do ensino que a Didática
procura estudar, integrar funcionalmente e orientar.
     O educando, encarado como ser humano em desenvolvimento,, com
suas capacidades, limitações, peculiaridades, tendências e interesses, é o
fator principal na situação escolar.
     O professor, atuando como elemento incentivador, orientador e ava-
liador da aprendizagem dos alunos, tem a função verdadeira de educador
e não apenas de mero expositor ou instrutor.
     Os objetivos são os fatôres dinamizadores de todo o trabalho escolar
São as metas necessárias que devem nortear todo o trabalho na escola,
nas salas de aula ou nos campos ou quadras de esportes.
Os conteúdos, podemos considerá-los assim, são os reativos emprega-
dos na educação, os elementos formativos necessários ao desenvolvimento
integral do educando.
    Os conteúdos, também chamados de matéria de ensino, existem para
servir ao educando, na justa medida de sua capacidade.
    Os métodos de ensino conjugam de forma apropriada todos os proce-
dimentos, técnicas e recursos, de forma a colimar os objetivos propostos,
com maior segurança, rapidez e eficácia.
    "O bom método é a melhor maneira de fazer o aluno aprender." O
êxito de todo o trabalho escolar dependerá, em grande parte, da qualidade
do método usado.
    Desta forma, é válido concluir que Didática não é sinônimo de Me-
todologia.
    A Metodologia estuda o método em si, sendo, portanto, uma parte da
Didática. O estudo do método é uma investigação estéril e abstrata para
a prática do ensino, se isolado dos demais componentes fundamentais da
Didática.
     Por isso, são bem fundamentadas as inúmeras críticas que lhe são
movidas, pois ela "fragmenta a realidade vital que caracteriza o ensino
moderno".
DIDÁTICA TRADICIONAL E DIDÁTICA MODERNA
A Didática Tradicional
    Na Didática Tradicional, o mestre era o elemento humano preponde-
rante do processo de ensino. Despreocupado com as dificuldades de seus
discípulos, arbitrário e despótico, era, entretanto, um verdadeiro escravo
da própria matéria que lecionava.
     O aluno era o elemento humano passivo: competia-lhe, apenas, ouvir,
decorar e obedecer subservientemente.
     A matéria era um valor absoluto, que devia ser ensinada e aprendida
sem qualquer alteração ou revisão crítica. O método era a maneira de o
professor expor a matéria destituída de qualquer relacionamento humano.
A Didática Moderna
     A Didática Moderna coloca o educando no centro de todo o processo
educativo.
     Para êle, organiza-se a escola e ministra-se o ensino, os professôres
colocam-se a seu serviço.
     O mestre é, apenas, o fator humano incentivador, orientador, assessor
do aluno. É o educador no plano mais significativo do têrmo.
     Os objetivos dão sentido, valor e direção ao trabalho escolar; os con-
teúdos, os meios necessários à formação do educando.
     O método transfere-se do problema de ensino para o problema de
aprendizagem.
     O Professor Luiz Alves de Matos, em seu livro "Sumário de Didática
Geral", apresenta um interessante quadro acerca das cinco questões fun-
damentais da Didática, que transcrevemos, data vênia, na íntegra:
"Didática Tradicional"          "Didática Moderna"       Componentes
   a quem se ensina?       quem aprende?                   — Aluno
   quem ensina?            com quem o aluno aprende?       — Mestre
   para que se ensina?     para que o aluno aprende?       — Objetivo
   o que se ensina?        o que o aluno aprende?          .— Matéria
   como se ensina?         como o aluno aprende?           — Método

DIVISÃO DA DIDÁTICA
                                           Didática Geral e
       A Didática divide-se em
                                           Didática Especial
  - A Didática Geral
    — estabelece a teoria fundamental do ensino;
    — estabelece os princípios gerais, critérios e normas, que regulam o
trabalho docente;
    — examina criticamente os diferentes métodos e procedimentos de
ensino;
    — estuda os problemas comuns e os aspectos constantes do ensino nos
diferentes níveis, ramos, disciplinas ou práticas educativas;
    — analisa criticamente as grandes correntes do pensamento didático
hodierno e as tendências dominantes no ensino atual.
     A Didática Especial
     — estuda os objetivos e as funções de cada disciplina ou prática edu-
cativa;
     — orienta na programação, na dosagem, e na distribuição dos con-
teúdos;
     — relaciona os meios auxiliares, as normas e os procedimentos meto-
dológicos com a natureza especial de cada disciplina ou prática educativa;
     — analisa a problemática do ensino que cada disciplina ou prática
 educativa apresenta, e sugere os recursos e os procedimentos didáticos
 mais adequados para resolvê-la.
 DIDÁTICA DE EDUCAÇÃO FÍSICA
     Depreende-se, pelo exposto, que Didática de Educação Física é uma
 forma de Didática Especial.                                           , .
     Assim sendo, procura ela estudar: o educando em face desta pratica
 educativa; o professor de educação física; os objetivos e funções dessa
 prática, de acordo com os níveis ou graus de ensino, o tipo de experiência
 educacional e da etapa evolutiva e grau de treinamento dos alunos. Orienta
 na programação, na dosagem e distribuição dos conteúdos propostos. Es-
 tuda e relaciona os métodos, os meios auxiliares, os recursos e procedi-
 mentos didáticos.
      Desta forma, analisaremos cada um dos componentes fundamentais
 da Didática em face da Educação Física, nos capítulos subseqüentes.
UNIDADE II




            O            EDUCANDO




— Aspectos evolutivos do educando
           Infância
          Adolescência


— Considerações acerca dos exercícios físicos para crianças
  e adolescentes


— O dimorfismo sexual do educando e
  suas influências nas práticas físicas




                        27
O            EDUCANDO

     A Didática atual colocou, como vimos anteriormente, o educando como
o centro de todo o processo educativo. O aluno, na escola moderna, é o
elemento pessoal para onde convergem os ilimitados esforços dos educa-
dores e da escola própriamente dita. Êle é ativo e empreendedor, sendo
necessário, ainda assim, orientá-lo e estimulá-lo na educação e na aprendi-
zagem, de forma a desenvolver-lhe as capacidades biológicas e intelectuais
e, Outrossim, formar-lhe o caráter e a personalidade.
     Por isso, a escola é hoje em dia nitidamente pedocêntrica.
     O homem, no sentido lato, é educado desde o começo do uso da razão
até quando, por doença ou velhice, começa a perder o controle de suas
faculdades racionais ou quando sobrevier a morte.
     Desta maneira, isentamo-nos de erro quando dizemos que até o fim da
vida nos estamos aperfeiçoando. Inúmeros exemplos poderiam ser citados,
tais como a freqüência a cursos de aperfeiçoamento ou extensão, a pales-
tras culturais e científicas, a sermões e conferências, a Exercícios Espiri-
tuais, demonstrando que o próprio homem jamais considera encerrada a
sua formação espiritual.
     Em sentido estrito, sómente a criança e o adolescente são "sujeito-edu-
cando". Assim, só aquêles que ainda não chegaram à maturidade precisam
de uma ação aperfeiçoadora. Adulto considera-se educado, estando ter-
minada, portanto, a educação sistemática.
     Visto isso, o educando própriamente dito é o ser humano em seu estado
evolutivo, diferente do adulto em qualidade, quantidade e funcionalidade.
     O professor de Educação Física em exercício, seja na escola primária,
seja na escola de nível médio, ou de curso superior (onde ingressa hoje em
dia um número cada vez maior de adolescentes), precisa conhecer o edu-
cando com a maior profundidade possível para oferecer um desempenho
gradativamente melhor de suas funções.
     A seleção dos conteúdos e das formas de trabalho levadas a efeito
pelo professor de Educação Física depende do conhecimento do educando.
     Dois aspectos importantes encontramos no estudo do educando perante
a Educação Física:
     — a etapa evolutiva do educando;
     — o sexo dêste.
              ASPECTOS EVOLUTIVOS DO EDUCANDO
     Os aspectos evolutivos do Educando são estudados na Psicologia Evo-
lutiva, uma das divisões da Psicologia Educacional.
     A Psicologia Educacional, no entender de Charles Skinner, "ocupa-se
unicamente, da experiência e da conduta dos seres humanos, enquanto
constituem uma resposta às situações educacionais. Seleciona do campo
total da Psicologia aquêles fatos e princípios que possuem um significado
geral para a vida e para a marcha da sociedade e um significado especial
para a aprendizagem e o ensino. Da mesma forma, ela se interessa também
por todos os aspectos e níveis do crescimento do desenvolvimento hu-
mano".
   Divisão da Psicologia Educacional:




    Métodos da Psicologia Educacional:
OBJETIVOS (coleta de dados através de questionários e testes, de forma
a dar tratamento estatístico dos resultados).
CLÍNICOS (Estudo de casos: biografias, provas projetivas de persona-
lidade etc.)
Aos professôres sómente é permitido o emprego dos métodos objeti-
vos, assim mesmo limitando-se ao emprêgo de questionários de interesses.
Os demais tipos de testes como os de personalidade, por exemplo, são de
emprego exclusivo do Psicólogo, segundo a recente regulamentação desta
profissão.
     Não temos a pretensão de fazer neste trabalho um estudo sôbre Psico-
logia Educacional, desejamos, apenas, salientar para o estudante ou do-
cente de Educação Física alguns tópicos importantes, e mencionaremos,
também, uma orientação bibliográfica a fim de que estes possam desenvol-
ver os assuntos de maior interesse, de acordo com as suas necessidades.




    O ciclo vital pode ser dividido em três grandes períodos:
    — Período de crescimento;
    — Idade adulta;
    — Velhice.
   No período de crescimento temos duas grandes fases do desenvolvi-
mento:
    — Infância e
    — Adolescência.
INFÂNCIA

     A Infância é o período de vida que se prolonga do nascimento à ado-
lescência. É nesta fase que se formam os dinamismos fundamentais da
personalidade humana, respeitados os limites fixados pela hereditariedade.
     Em comparação com os demais elementos da escala biológica, sabemos
que o homem possui uma infância maior do que a de qualquer outro
animal.
     Do ponto de vista da satisfatória adaptação ecológica de tal forma
que permita uma existência autônoma, a criança recém-nascida encontra-
-se em inferioridade diante dos animais de outra espécie igualmente re-
cém-nascidos.
     Para competição com estes em igualdade de condições, seria necessá-
rio, segundo o biologista A. Portmam, que a fase intra-uterina do homem
durasse vinte meses. Disto se conclui que a criança nascida de nove meses
de gestação necessita, durante o primeiro ano de sua vida extra-uterina,
cie cuidados especiais que se assemelhem às condições de vida anterior,
quando o organismo materno ainda a protegia de todas as prejudiciais
influências exteriores.
     A Psicologia Educacional distingue duas posições no estudo dos pro-
blemas da Infância:
     — concepção da criança como adulto em miniatura (homúnculos);
     — concepção da criança como centro e objetivo final de qualquer con-
sideração pedagógica (pedocêntrica).
     A Pedagogia hodierna não aceita a criança como adulto em miniatura.
Os educadores modernos sómente aceitam a concepção pedocêntrica.
O Crescimento
    O organismo humano jamais deixa de crescer até chegar à sua com-
pleta maturação. É na infância, entretanto, que o crescimento predomina,
condicionando as demais funções do organismo. As modificações oriundas
do crescimento são mais intensas e rápidas na infância.
    Segundo Paul Godin, "o crescimento é a transformação contínua que
experimenta o corpo da criança em seu conjunto e em cada uma das suas
partes para tornar-se adulto." O crescimento absorve um terço da média
humana de vida.
    Normalmente, êle se manifesta de maneira irregular — acelerado, en-
tremeado de momentos de parada ou de crescimento.
    Alguns autores, como Paul Godin, enunciaram leis de crescimento,
cujo estudo deixamos de proceder aqui porque o consideramos excessivo
aos objetivos a que nos propusemos neste trabalho. Recomendamos, entre-
tanto, um estudo complementar, que se afigura bastante útil ao professor
de Educação Física, atuando nesta área do desenvolvimento do educando.
O estudo da fase da iniciação glóssica também foi por nós omitido, sendo
válida a recomendação acima apresentada.
As Necessidades da Criança

    Segundo André Rey, são as seguintes as necessidades da criança:
    a) Necessidade de Segurança.
    Necessidade de proteção contra os perigos, castigos, dores, enfermida-
des e solidão.
    Necessidades de auto-afirmação e autovalorização.
     O desenvolvimento adequado da criança depende da segurança inte-
rior, que resulta da "Liberdade do Medo", "Liberdade de Angústia" e da
"Liberdade de qualquer forma de ansiedade".
    A criança para conquistar essa segurança necessita de amparo afetivo,
carinho e ternura.
    b) Necessidade de captação ou gôzo.
    Através de formas materiais, captação de alimentos e da propriedade
e através de formas afetivas, captação de afetos, desejo de ser aprovado,
aceito, louvado e servido.
    c) Tendências erótico-sexuais.
    d) Necessidades de agressividade e de luta.
    e) Necessidade de Liberdade e de Autonomia.
    Vontade do poder, de ter independência, de isolar-se, às vêzes, de
vagabundear, de fazer gazeta.
    f) Necessidades construtivas e produtivas, imaginativas, intelectuais
ou artísticas.

A Psicologia do Jogo Infantil

    O jogo assume importância capital na fase lúdica da infância.
    Não nos deteremos aqui em estudar os diversos conceitos do jogo e
suas principais teorias, visto que tal estudo faz parte da Psicologia e não
da Didática.
    Existem excelentes trabalhos sôbre o assunto, como o do Professor
Inezil Penna Marinho, "Jogos — Principais Teorias", e o do Professor
Hanns Ludwig Lippmam, da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da
Universidade do Estado da Guanabara, "A Fase Lúdica da Infância e a
Psicologia do Jogo Infantil" (Unidade VI das súmulas de aula de Psico-
logia Evolutiva).
    Dêste modo, esquematizaremos, a seguir, apenas as teorias mais im-
portantes, para facilitar as pesquisas sôbre o assunto.
TEORIA               AUTOR            RESUMO DA TEORIA

                      Guts Muths,      0 jogo seria uma forma de re-
Teoria do Descanso                     creio, com o objetivo de propor-
ou do Recreio         Lazarus
                      e Schaller       cionar descanso ao organismo e
                                       ao espírito fatigados.
                                       Baseia-se na lei biogenética de
                                       Haeckel (a ontogênese recapitu-
                                       la a filogênese). Os jogos repre-
Teoria do Atavismo Granville           sentariam atividades das gera-
ou da Recapitulação Stanley Hall       ções passadas, a criança recapi-
                                       tularia aos estádios da civiliza-
                                       ção.
                                       A criança possuiria um excesso
                                       de vitalidade e, por não ter ati-
Teoria do Excesso                      vidades sérias, as energias se-
de Energia            Spencer          riam acumuladas e ela procura-
                      e Schiller       ria o jogo como forma de equi-
                                       líbrio.

Teoria de                              0 jogo é uma preparação para
Exercício                              a vida séria. Cada classe de ani-
                      Karl Gross       mal utilizaria certos jogos que
Preparatório
ou Prévio                              correspondem às atividades dos
                                       animais adultos de sua espécie.

Teoria do Exercício                    A infância existe "para" brincar.
Complementar ou       Konrad Lange     0 jogo teria por função desper-
da Compensação                         tar tendências que se encontras-
                                       sem latentes no indivíduo.

                                       A função do jogo seria purgar
Teoria Catártica      Harvey A. Carr   o indivíduo de tendências anti-
                                       sociais, sexuais etc.

                                       O jogo produziria no organismo,
                                       entre outros estímulos, o neces-
                                       sário ao crescimento dos órgãos.
Teoria do Jogo                         O sistema nervoso seria benefi-
Estimulante           H. Carr
                                       ciado com o jogo, que lhe ofe-
                                       receria os estímulos indispensá-
                                       veis ao exercício e ao desenvol-
                                       vimento das suas funções.
TEORIA             AUTOR             RESUMO DA TEORIA

                                        0 jogo representa uma adapta-
                                        ção incompleta que possui suas
Teoria Estrutural     F. J. J.          próprias leis, o que fica coeren-
                      Buytendijk        te consigo mesma no interior da
                                        dinâmica infantil. "0 jogo exis-
                                        te porque existe uma infância."

Teoria da derivação                     0 jogo seria um fenômeno da
pela ficção           Claparède         derivação pela ficção.
                                        A criança jogaria para se liber-
Teoria Hórmica        Taylor e (Curti   tar dos conflitos e satisfazer a
                                        razões próprias.
                                        A criança jogaria para "re-
Teoria da             Patrick           crear-se", isto é, "criar-se nova-
Recreação                               mente".

Teoria da                               O jogo existiria pela necessida-
                      Mc Douga11        de de satisfazer ao instinto de
Rivalidade
                                        rivalidade.
Teoria da                               O tipo de jogo é determinado
Necessidade                             de um lado pela necessidade da
                      Appleton          criança, de outro pelo estádio do
Biológica
                                        seu desenvolvimento orgânico.
                                        Pela Teoria da Transfiguração,
                                        o passado, o presente e o futu-
                                        ro estabelecem uma determina-
                                        da ordem de evolução nos jogos
Teoria da             Inezil Pen na     das crianças, evolução esta con-
Transfiguração        Marinho           dicionada aos seus interesses,
                                        que, em última análise, busca-
                                        riam oportunidades para satis-
                                        fazer ao instinto da transfigu-
                                        ração.
                                        O jogo seria "menos uma forma
                                        específica da conduta, do que
Teoria do Jogo        Jean Piag et      antes uma polarização da con-
Infantil                                duta geral, salvando-a entre as
                                        demais formas de comporta-
                                        mento em têrmos de assimila-
                                        ção e de acomodação".
O estudo da infância se completaria com uma análise da "psicologia
da idade escolar", onde a Psicologia Evolutiva examinaria a observação
infantil, a psicologia da mentira da criança e a sua inteligência.
ADOLESCÊNCIA
    Há pouco mais de meio século, apenas, é que os estudiosos de Psico-
logia Evolutiva passaram a admitir a existência de uma fase especial, com
características próprias, entre a infância e a idade adulta.




                          Adolescentes no recreio.
     Até então, os fenômenos da adolescência eram atribuídos à vida levada
na infância, ou confundidos com as formas de conduta da idade adulta.
     Abandonaram-se, hoje em dia,'as tentativas para delimitação crono-
lógica desta etapa do desenvolvimento.
     É, na verdade, um estágio evolutivo importante, embora, como vimos,
os dinamismos fundamentais da personalidade já estejam definidos.
     Etimològicamente, o têrmo adolescência vem de "adolescera", signifi-
cando a fase em que a gente cresce. É a fase da busca da maturidade e da
conquista da autonomia, em que o jovem descobre gradativamente o qua-
dro completo de suas possibilidades e limitações.
Todas as conclusões acerca da Psicologia da Adolescência assumem
um caráter temporário e condicional, visto que, em cada caso, depende do
sexo, dos fatôres de ordem física, cultural, étnicos, climáticos geográficos,
e, ainda, da situação sócio-econômica do ambiente.
A Adolescência Segundo os Psicólogos
    Conforme a palavra de William Stern, a adolescência é sobretudo "a
época da descoberta dos valores e da diferenciação entre o valor do EU e
os valores do mundo".
A Adolescência Para os Educadores
    Para os educadores, a adolescência é a "fase da realização progressiva
da personalidade através da escolha da existência".
    É a fase da aprendizagem do uso apropriado da liberdade, quer seja
pelo discernimento ("insight"), quer seja através de ensaios e erros.
    Este aprendizado só é possível, em grande parte, graças a acertada
ação de educadores pacientes e compreensivos.
    É a etapa que constitui um estágio de treinamento para as grandes
opções da vida humana.




Adolescência, Puberdade e Juventude
     Modernamente, tem-se adotado o critério estabelecido por Maurice
Debesse, que atribui ao têrmo adolescência um significado genérico, ou
utilizado quando se refere exclusivamente a dados psicológicos. Desta
forma, Puberdade emprega-se sómente para assinalar aspectos biológicos
resultantes das modificações fisiológicas do processo de maturação. A pa-
lavra Juventude, por fim, é utilizada, apenas, com referência aos aspectos
socioculturais.
Assim, dizemos "Juventude Transviada" e não "Puberdade Transvia-
 da"; "Movimento Cultural em Prol da Juventude" e não "em Prol da
 Puberdade".


     Em resumo:

                   usado com significação genérica ou referindo-se a da-
   Adolescência    dos psicológicos
   Puberdade       usado para os aspectos biológicos
   Juventude       usado para os aspectos socioculturais


 Dificuldades Encontradas no Estudo da Adolescência

      O estudo da adolescência é prejudicado por inúmeros fatôres, tais
 como:
      — Falta de uma delimitação precisa das características específicas
 desta fase evolutiva;
     — Impossibilidade de haver uma verdadeira intimidade entre adoles-
 centes e adultos devida à timidez e desconfiança daqueles;
     — A problemática da "luta das gerações";
     — Amnésia da Juventude. As reminiscências da adolescência diluem-
 -se em nossa memória muito mais do que em outras etapas evolutivas.

" A Hebelogia

    Os estudos sôbre a adolescência, segundo Maurice Debesse, constituem
a especialização da Hebelogia ou Hebeologia.
Métodos de investigação
   Os principais métodos de investigação da Hebelogia são:
    —   Recordações da adolescência evocadas por adultos;
    —   Questionários, redações e inquéritos;
    —   Anamnese da adolescência;
    —   Entrevistas;
    —   Testes sociométricôs;
    —   Testes projetivos;
    —   Análise de cartas e diários;
    —   Psicanálise etc.

                                   37
Manifestações da Puberdade

    A puberdade é marcada biològicamente por manifestações inconfun
díveis:
   —   Aumento de altura e de peso;
   —   Modificação da estrutura óssea;
   —   Modificações na pressão arterial;
   —   Modificações no metabolismo basal;
   —   Aperfeiçoamento da coordenação motora;
   —   Variações nas proporções das diferentes partes do corpo;
   —   Funcionamento das glândulas sexuais;
   —   Crescimento dos órgãos sexuais até as dimensões definitivas;
   —   Aparecimento dos caracteres sexuais secundários.
Influência de Fatôres da Esfera Social Sôbre os Adolescentes
   Principais influências que atuam sôbre os adolescentes:




    O meio socioinstitucional influi grandemente sôbre os adolescentes.
Como exemplo, temos a ação da família, da escola, da Igreja e da comu-
nidade que neles atuam considerávelmente.
    As idéias, ideologias e doutrinas constituem as principais influências
do meio sociocultural.
    A ação dos fatôres da natureza é um exemplo que podemos mencionar
da influência do meio físico no adolescente.
Principais problemas dos adolescentes
    Apresentamos abaixo os problemas dos adolescentes segundo o catálogo
elaborado por Ruth Stang, em "The Role of the Teacher in Personnell
Work", New York, Bureau Publications, Teacher College, Columbia Uni-
versity, 1953.
    a) Problemas de saúde e de desenvolvimento físico;
    b) Problemas escolares;
    c) Problemas econômicos;
    d) Problemas da esfera familiar;
    e) Problemas religiosos;
    f) Problemas morais e disciplinares;
    g) Dificuldades resultantes de problemas da personalidade do edu-
         cando;
    h) Problemas sociais.
    O conhecimento da problemática da adolescência é de capital impor-
tância para o professor de Educação Física.
    Resta-nos, por fim, mencionar os objetivos evolutivos da adolescência,
e o fazemos valendo-nos do "esquema dos objetivos evolutivos da adoles-
cência" de Luella Cole:
    a) A conquista da maturidade emocional;
    b) A fixação de interesses heterossexuais;
    c) A conquista da maturidade social;
    d) A emancipação do controle do lar;
     e) A conquista da maturidade intelectual;
    f) A seleção de uma ocupação profissional;
    g) O uso adequado das horas de lazer;
    h) A aquisição de uma filosofia da vida.
   CONSIDERAÇÕES ACERCA DOS EXERCÍCIOS FÍSICOS PARA
               CRIANÇAS E ADOLESCENTES
    Como dissemos, há nesta fase de crescimento um conjunto de trans-
formações corporais e psíquicas, um intenso movimento hormonal e situa-
ções biológicas que obrigam o educador a ter maiores cuidados na indica-
ção das atividades físicas. Entre outras, vale citar:
    a) Evitar traumatismos justa-articulares pelo perigo de serem atingi-
        das as cartilagens epifisárias numa fase em que é acentuado o
        crescimento ósseo.
    b) Orientar os exercícios chamados miogênicos, a fim de não levar o
        adolescente à excessiva hipertrofia muscular, com prejuízo do cres-
        cimento ósseo.
    c) Considerar a insegurança da coordenação neuromuscular, refletida
        na imprecisão dos movimentos dos membros, a fim de indicar os
        tipos de atividades apropriadas, impedindo os exercícios que soli-
        citem intensamente o sistema nervoso e as provas desportivas emi-
        nentemente técnicas.
d) Com referência ao aparelho circulatório, a adolescência é a época
       em que o volume e o peso do coração, em relação ao peso corporal,
       são os menores de tôda a vida. Há disparidade entre o crescimento
       do coração e o calibre da árvore arterial, e o coração apresenta
       um estado de verdadeira dilatação fisiológica, pelo fato de a túnica
       do miocárdio não acompanhar paralelamente o aumento do volu-
       me do órgão base. Deve ser evitado o trabalho físico intenso, de
       longa duração, pois que poderão acarretar uma irrigação periférica
       deficiente e prejudicial com todas as suas conseqüências. Evitar,
       também, as atividades de respiração retida, com bloqueio da caixa
        torácica, que exigem maior potência de contração do ventrículo
       direito para vencer a barreira pulmonar.
    e) Considerar que a adolescência é a fase anaplástica ( P r e y e r ) . Há
       necessidade de uma maior energia de crescimento, o que diminui-
       rá, evidentemente, a energia disponível para as atividades suple-
       mentares dentro da equação geral que regula as trocas metabólicas.
        En. Basal + En. de crescimento + En. disponível = En. total.
       Como é óbvio, devem ser impugnadas as atividades que provoquem
       grande dispêndio energético e com grande consumo e espoliação do
       armazenamento protéico.

O   DIMORFISMO      SEXUAL     DO EDUCANDO E            SUAS    INFLUÊNCIAS
                       NAS     PRÁTICAS FÍSICAS

NA FECUNDAÇÃO

    Várias teorias procuram explicar a razão de ser do sexo.
    A teoria mais aceita é a Singâmica, que admite que o sexo é condicio-
nado no momento da fecundação, ou melhor, da anfimixia (fusão dos ga-
metas). Dependeria, então, da natureza dos cromossomos existentes nos
gametas.
    Na mulher, o par de cromossomos sexuais apresenta dois cromossomos
iguais: XX — sua fórmula é 2(23) + XX.
     No homem, o par de cromossomos sexuais possui dois elementos di-
ferentes: o cromossomo X e um outro menor denominado Y. Formam, en-
tão, o par XY — sua fórmula é 2 (23) + XY.
     Por ocasião da mitose redutora da maturação, o homem produz dois
tipos de espermatozóides: um com o cromossomo X, outro com o cro-
mossomo Y.
     Se o óvulo é fecundado pelo primeiro, forma-se um ôvo XX e o pro-
duto é do sexo feminino.
     Se, ao contrário, é fecundado pelo portador de Y, forma-se um ôvo
XY e o produto é do sexo masculino.
     Até a sétima semana de vida intra-uterina, embora o sexo já esteja
definido, não há ainda uma distinção morfológica do sexo. Existe apenas
um esbôço embrionário composto de um tubérculo genital, um par de pre-
gas genitais, delimitando uma fenda ou abertura urogenital.
Gradativamente, verifica-se a ovulação para o lado masculino ou femi-
nino. Se para o lado masculino, o tubérculo genital cresce, transforman-
do-se no pênis, as pregas de cada lado se unem, formando os escrotos
que envolvem os testículos; se a ovulação é para o lado feminino, o tu-
bérculo genital mantém-se atrofiado com o nome de clitóris; a abertura
urogenital divide-se para formar a uretra e a vagina e as pregas genitais
transformam-se nos lábios, que delimitam a vulva.

    POR OCASIÃO DO NASCIMENTO

     O indivíduo ao nascer já apresenta diferenças evidentes não apenas
na morfologia genital. Outras diferenças já se acentuam, tais como as
diferenças evidentes entre as médias de peso e altura do recém-nascido.
As do sexo masculino são maiores.

    DURANTE O CICLO VITAL

    Durante a evolução, inúmeras são as diferenças evidentes, cada vez
mais acentuadas e caracterizadas.


             DIFERENÇAS NO APARELHO LOCOMOTOR
                  (Sistema Ósseo, Muscular e Articular)


               Sistema   Ósseo                      Conseqüências


   Tórax mais curto e mais estreito           Menores possibilidades
   Membros superiores mais curtos             nos arremessos
   Diâmetro biacromial menor que o bi-
   trocanteriano (menor envergadura)

   Região l o m b a r d a coluna vertebral    Cuidados especiais nas
   maior                                      indicações dos exercícios
   Ângulo sacrovertebral mais proeminen-
   te (condicionando maior propensão à
   lordose)

   Cintura pélvica — quadris mais largos,     Melhores condições de
   diâmetro bitrocanteriano maior              equilíbrio — maiores
   Membros inferiores mais curtos             facilidades nos exercícios
                                              na trave
Genu-valgum fisiológico em virtude da
maior largura da bacia e do diâmetro       Menor rendimento e me-
bitrocanteriano provocando uma con-        nor capacidade na marcha
vergência inferior dos fêmures             e na corrida



           Sistema Muscular                      Conseqüências



Os músculos na mulher constituem 36%       Menores possibilidades em
do peso, no homem 42% do peso — onde       algumas provas atléticas
há mais massa, mais força, mais ação.      Adaptação do peso, do dis-
Menor força manual                         co e do dardo


Menor velocidade de contração              Resultados inferiores nas
Menor tônus muscular                       provas atléticas (Eleonor
                                           Metheny)


                                           Cuidados especiais na es-
Músculos abdominais e do períneo (soa-     colha dos exercícios, bus-
lho do abdômen)                            cando uma hipertrofia sem
                                           hipertonia

Panículo a d i p o s o mais desenvolvido   Possibilidades mais próxi-
(28,2% na mulher, contra 18,27o no         mas das do homem na na-
homem)                                     tação



           Sistema Articular                     Conseqüências



                                           Maior cuidado na escolha
Ligamentos mais frágeis                    dos exercícios e das moda-
                                           lidades
DIFERENÇAS NO SISTEMA NERVOSO



            Principais   Diferenças                Conseqüências


  Reações psicomotoras diferentes das do      Predomínio da mulher nos
  homem                                       exercícios de equilíbrio


  Comparação proporcional entre o peso
  do cerebelo e o peso total do encéfalo      (trave, alguns exercícios
  — mulher com vantagem proporcional,         acrobáticos etc.)
  pois o cerebelo é o órgão coordenador
  dos movimentos voluntários



            DIFERENÇAS NO APARELHO CIRCULATÓRIO



           Principais    Diferenças                 Conseqüências



                                              Maiores cuidados na esco-
  Orifícios cardíacos menores                 lha dos exercícios e na in-
  Menor peso e volume do coração              dicação de modalidades
  Menor volume sistólico (na mulher 45        desportivas
  a 50 cc e no homem 75 a 80 cc)              Menores possibilidades nos
                                              trabalhos físicos




     Êste estudo sôbre o dimorfismo sexual e suas influências nas práticas
físicas feito pelo Dr. Waldemar Areno é a principal justificativa para a
necessidade de indicar atividades físicas diferentes ao sexo feminino. O
conhecimento do educando, tanto em seus aspectos gerais quanto em seus
aspectos particulares é uma das tônicas que orientam a moderna Didá-
tica de Educação Física.
UNIDADE III



              O PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA




REQUISITOS BÁSICOS DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA

  —   Cultura Geral
  —   Preparo Especializado em Educação Física e Habilitação Profissional
  —   Vocação Para o Magistério de Educação Física
  —   Aptidões Específicas Para o Trabalho Docente


O PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA E O GRUPO PROFISSIONAL
     PEDAGÓGICO

  — Formação do Grupo Profissional Pedagógico
  — O Fenômeno da Estratificação do Grupo Profissional Pedagógico
  — O Professor de Educação Física e o Fenômeno da Estratificação


O PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA E O FENÔMENO DA
     LIDERANÇA

  — Funções da Liderança
  — Tipos de Líderes


O PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA E A ÉTICA PROFISSIONAL

   — Conceito de Ética
   — A Ética Profissional
   — Relações do Professor
O        PROFESSOR          DE            EDUCAÇÃO        FÍSICA
     A Didática Tradicional considerava o professor como fator pessoal
preponderante no processo educativo. A Didática Moderna, ao contrário,
considera o educando como centro de tôda a obra educacional. O educador
passa a atuar como elemento incentivador, orientador e controlador das
atividades formativas e informativas dos alunos, auxiliando-os e esclare-
cendo-os, programando as atividades e assessorando a respectiva execução.
     À substituição do professor pelo aluno, como centro do processo edu-
cativo, John Dewey chamou com propriedade de "revolução copérnica",
em Educação.




                               John   Dewey
    Esta nova posição, ao contrário do que pode à primeira vista parecer,
passou a exigir dos mestres cada vez maiores responsabilidades. Assume
o educador importância capital em qualquer sistema ou planejamento
educacional, consideradas as suas responsabilidades para com o educando
e a sociedade.
    O professor especializado em Educação Física, autêntico educador,
considera antes de tudo a personalidade do aluno. Torna-se o elemento
de ligação entre a escola e a comunidade, desenvolvendo uma dinâmica
entre esses grupos sociais.
REQUISITOS BÁSICOS DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA

    São em número de cinco os requisitos básicos que deve possuir o do-
cente especializado em Educação Física:




    Êstes cinco requisitos nem sempre se encontram num mesmo membro
do magistério ou num candidato ao correspondente mister. É bastante
comum encontrar indivíduos que possuem vocação autêntica sem que, no
entanto, possuam as aptidões específicas para o exercício do magistério.
Outros indivíduos há, também, que, embora possuidores de verdadeira
vocação, com aptidões específicas para a profissão e de bom preparo
especializado, carecem de apreciável cultura geral, o que lhes dificulta a
perfeita comunicação com as crianças e adolescentes de hoje o muitas
vezes lhes impede o pleno sucesso profissional.
    É tese totalmente superada que o professor, mesmo o altamente es-
pecializado como o é o de Educação Física, não necessita de sólida cultura
geral. O autêntico professor de Educação Física é necessáriamente um
estudioso, leitor assíduo, ávido de novos conhecimentos, com entusiasmo
pelos mais recentes progressos de cultura, da ciência e das artes, jamais
se limitando aos estreitos quadros da especialização de sua formação
profissional.
     Cumpre-nos, ainda, fazer menção aos indivíduos que, embora dotados
de vocação inequívoca e possuidores de aptidões específicas para o exer-
cício do magistério altamente desenvolvidas, e que reúnem muitas vezes
um número regular de informações sôbre Educação Física, não possuem
a habilitação profissional correspondente à profissão. Formam estes in-
divíduos, no campo da Educação Física, a legião dos "curiosos", como a
dos "rábulas" na Advocacia e os "práticos" em Farmácia, Odontologia e
Agronomia. Com a criação das escolas de Educação Física em nível supe-
rior, não mais é possível admitir-se elementos "autodidatas" exercendo a
profissão sem a devida habilitação profissional. O impedimento do exer-
cício ilegal da profissão estimularia muitos dêsses elementos a realizarem
seus cursos regulares nas escolas superiores de Educação Física, para
obterem a indispensável habilitação profissional.


VOCAÇÃO PARA O MAGISTÉRIO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

    Kerschensteiner, notável pedagogo alemão, em seu livro "A Alma do
Educador", afirma que "se existe alguma profissão que exija vocação
profunda é a do mestre e educador, e que deve ser mestre unicamente
aquêle para quem esta profissão supõe o cumprimento de seu desígnio".
A atuação abnegada, as contrariedades surtas quando da busca do ideal,
as ingratidões sofridas, os baixos honorários e o labor oculto e silencioso
exigem no mestre a existência de u m a verdadeira vocação.
    A vocação gera-se no cerne da personalidade do homem. Poderíamos
conceituá-la como: "a propensão fundamental do espírito, sua inclinação
geral predominante para um determinado tipo de vida e de atividade, no
qual encontrará plena satisfação e melhores possibilidades de auto-reali-
zação".
    Ela revela-se através de um quádruplo aspecto: a personalidade do
indivíduo, seus interesses, suas atitudes em face dos valores e ideais da
sociedade em que vive e a fé no poder da Educação.
    A personalidade individual mais coerente com a vocação docente
caracteriza-se pelo temperamento áltero-cêntrico, forte equilíbrio emo-
cional, bom índice de inteligência, boa dose de sociabilidade, facilidade de
comunicação e, sobretudo, idealismo.
Os interesses individuais da verdadeira vocação para o magistério
manifestam-se pelas coisas do ensino, pela obra educativa, na aspiração
de um contínuo aperfeiçoamento cultural, na atração, simpatia e devoção
por crianças e adolescentes, pelo desejo de auxilia-los em suas lutas, na
resolução de seus problemas e na consecução de seus anseios, pelo in-
teresse específico do desenvolvimento total do educando, pelo estudo e
conhecimento dos objetivos da Educação Física na sociedade moderna.
     As atitudes do educador em face dos ideais e valores da sociedade em
que vivemos, reavaliadas a cada passo à luz dos novos estudos da Socio-
logia Educacional e da Filosofia da Educação, a fé no poder da Educação
de conduzir o homem para obter uma vida melhor e até mesmo a alcançar
a felicidade, fazem do verdadeiro professor de Educação Física um crente
no humanismo, um otimista em relação à utilidade de seu próprio tra-
balho.

APTIDÕES ESPECÍFICAS PARA O TRABALHO DOCENTE
    "As aptidões específicas são atributos ou qualidades pessoais que ex-
primem certa disposição natural ou potencial para um determinado tipo
de atividade ou trabalho."
    Estes atributos da personalidade ou qualidades individuais quase sem-
pre completam o quadro da vocação. A capacidade profissional do indiví-
duo depende em grande parte da consonância existente entre vocação e
aptidões específicas.
    As qualidades indispensáveis ao professor de Educação Física resul-
tam de uma soma de disposições psicofísicas, dentre as quais se destacam:
    — saúde e normalidade física;
    — postura correta;
    — voz audível, firme, agradável e convincente, dicção perfeita;
    -— domínio do vernáculo — linguagem fluente, simples e objetiva;
    — boa visão e audição;
    — gesticulação moderada;
    — execução regular;
    — higidez mental;
    — bom humor;
    •— inteligência;
    — boa memória;
    — atenção;
    — gosto pelas atividades físicas;
    — naturalidade e desembaraço;
    — imaginação, iniciativa, firmeza e perseverança;
    — habilidade em criar e conservar boas relações humanas com seus
        alunos.
    Os estudiosos da Didática Hodierna concordam em que as aptidões
específicas acima mencionadas são as principais para os professôres de
Educação Física.
    Desenvolveremos, aqui, portanto, apenas argumentação sôbre uma
delas: — a execução.
A evolução do conceito de Educação Física e a posição desta "prática
educativa" nos currículos das escolas modernas tornaram ultrapassada
a velha tese de que o professor de Educação Física deve ser primordial-
m e n t e um excelente executante, dando assim mais importância ao do-
mínio das habilidades físicas. Atualmente, dá-se mais importância à sua
formação didático-pedagógica, tornando-se, portanto, mais necessário pre-
parar o professor para que melhor possa compreender o educando, de
forma a lidar melhor com seus discípulos (individualmente ou em grupo),
e para que busque a formação integral do aluno e não apenas aspectos de
seu desenvolvimento, como o físico, por exemplo.
      Isto não significa que o docente abandone por completo o aspecto
"execução". Basta apenas que êle seja capaz de demonstrar com correção
as atividades, movimentações ou exercícios que propuser a seus alunos.
      É mais importante, à luz da Pedagogia Moderna, que o professor seja
mais um educador do que um exímio executante.

PREPARO ESPECIALIZADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E
HABILITAÇÃO PROFISSIONAL

    Até a criação das Faculdades de Filosofia e das Escolas Superiores de
Educação Física, todo o ensino médio de nosso País estava confiado a auto-
didatas, alguns dos quais, diga-se com reverência, autênticas revelações
de capacidade docente. A vocação e as aptidões específicas para o ma-
gistério, juntas ao esfôrço pessoal e ao estudo da especialidade, neles
supriam as lacunas oriundas da falta de uma formação sistemática para
o professorado.
     Entretanto, muitos concluem precipitadamente que um curso sistemá-
tico de formação n u m a escola superior de Educação Física bastaria para
tornar qualquer candidato num protótipo do professor ideal. Ora, o curso
de licenciatura de Educação Física, que assegura preparo especializado
e a respectiva habilitação profissional, supõe encontrar candidatos dota-
dos dêsses pré-requisitos da vocação, das aptidões específicas e da cultura
geral, sem os quais qualquer formação profissional, por melhor que seja,
se tornará infecunda.
     René Hubert, em seu "Traité de Pedagogie", exemplifica de forma
insofismável: "Um químico pode limitar seu horizonte ao conhecimento
da ciência química. Mas um professor de Química não pode fazer o mes-
mo: o que êste tem de manejar não são apenas provetas e alambiques,
mas consciências humanas em formação; a sua missão não é a de formar
químicos, mas homens que conheçam a Química."
     Assim, vemos quão importante é conhecer bem a nossa especialida-
de — Educação Física —, mas também o é conhecer o educando cuja
aprendizagem vamos dirigir e as técnicas mais apropriadas para bem
orientá-lo, através de esmerada e conscienciosa habilitação profissional.
     Quando a Didática fala em habilitação profissional, quer referir-se "ao
tirocínio teórico e prático das disciplinas que compõem o quadro da mo-
derna Pedagogia".
As disciplinas pedagógicas comparar-se-iam à estratégia e à tática,
para o militar, às ciências físicas e naturais, para o físico, às ciências jurí-
dicas e sociais, para o advogado.
     São elas que lhes garantem o domínio das técnicas mais recomendadas
para a sua atuação prática, que lhes asseguram a possibilidade de encon-
trar as soluções para os problemas de nossa profissão, que desenvolvem o
tino profissional indispensável ao bom êxito do trabalho docente.
     Na habilitação profissional para o magistério da Educação Física dis-
tinguimos três aspectos:
     — fundamentação pedagógica, onde o candidato desenvolveria um es-
tudo mais ou menos profundo de Filosofia da Educação, de Sociologia
Educacional, de História da Educação Física, de Administração Escolar,
de Psicologia Educacional e de Psicologia Aplicada à Educação Física;
     — fundamentação em assuntos biomédicos, onde o candidato travaria
contato com a Anatomia, a Fisiologia e Nutrição, a Cinesiologia, a Fisio-
terapia e a Traumatologia e os Socorros de Urgência;
     — habilitação técnica, em que o aluno, já familiarizado com a pro-
blemática educacional e com sólidos conhecimentos de assuntos biomédi-
cos, é iniciado no domínio das técnicas fundamentais da Ginástica e dos
Desportos.
     Os princípios, as diretrizes, as normas e os critérios práticos de
ação, os programas, os métodos e os procedimentos didáticos são estudados,
debatidos, experimentados e aplicados pelo aluno sob a orientação dos
professôres especializados, já habilitados. A Didática Geral e a Didática
de Educação Física tomam, então, um papel de destaque até que surge
a etapa derradeira da integração do candidato na carreira do magistério
através da "prática de ensino".
    A Educação Física passa, assim, do plano teórico para o plano concreto
de problemas práticos e imediatos a serem resolvidos pela ação direta
do candidato através de seu discernimento e de seus conhecimentos es-
pecíficos.
CULTURA GERAL
     A escola moderna coloca o professor de Educação Física frente a crian-
ças e adolescentes que estão de posse, através dos mais diversos meios de
comunicação — televisão, cinema, rádio, revistas, jornais etc. —, de um
sem-número de informações acerca das mais novas conquistas científicas,
culturais e artísticas. O mestre, nos seus diálogos com os jovens, é muitas
vezes interpelado sôbre acontecimentos de repercussão nacional ou mun-
dial. Faz-se necessário, pois, que êle se encontre preparado para satisfazer,
ainda que em linhas gerais, a curiosidade e o interesse dos alunos.
     Com isso não se pretende que o professor seja capaz de dar profundas
explicações sôbre, por exemplo, astronáutica, física nuclear, op-art. política
internacional, obra de Bach ou mesmo que mencione de cor todos os mais
recentes recordes mundiais das diferentes modalidades, mas sim que, pelo
menos, seus conhecimentos, mais aprofundados dos que os dos jovens, lhe
permitam dialogar com estes sôbre um tema proposto.
O trato com os professôres das demais "disciplinas" ou "práticas edu-
cativas" envolve, também, um sem-número de conhecimentos que fogem
ao quadro limitado de nossa especialização. Nas reuniões com a direção
ou coordenação dos estabelecimentos de ensino, nas sessões das congre-
gações, nos simples intervalos das aulas, o docente de Educação Física
e, várias vezes, instado a manifestar opiniões que envolvem informações
não especializadas, isto é, ligadas a problemas da cultura e da educação.
É necessário, portanto, que êle possua uma boa cultura geral, o que evi-
tará, por certo, um fatal bloqueio naquelas comunicações.
     Uma frágil cultura geral dificulta ou, até mesmo, impede o êxito
profissional do professor de Educação Física.


O   PROFESSOR    DE   EDUCAÇÃO FÍSICA E        O   GRUPO    PROFISSIONAL
                           PEDAGÓGICO


FORMAÇÃO DO GRUPO PROFISSIONAL PEDAGÓGICO

     A educação é um fenômeno social produzido e encontrado em todas
as sociedades humanas. É uma função essencial da vida comunitária
Inconsciente e involuntária entre os povos primitivos, torna-se, porém,
consciente, intencional e sistemática nas altas civilizações, que desenvol-
vem e aperfeiçoam essa educação fundamental, através de escolas e ins-
tituições similares.
     Os sistemas escolares, a escola e os mestres apenas desenvolvem, apri-
moram e enriquecem aquela educação original, inconsciente e involun-
tária.
     A educação, ensina Durkhein, é, em última análise, a ação exercida
pelas gerações adultas sôbre as gerações que ainda não se encontram pre-
paradas para a vida social, com objetivo de nestas últimas desenvolver
certo número de estados físicos, intelectuais e morais reclamados pela
sociedade ou meio a que particularmente se destinem.
     A tarefa educativa, a princípio função exclusiva da família, fixou-se
depois no grupo religioso. O sacerdote, intérprete das coisas sagradas, re-
positório das lendas e tradições do grupo, compilador dos ritos e dos cân-
ticos da grei, desprendido inteiramente das coisas materiais, reclamou
para si a tarefa de primeiro preceptor. Assim foi na antigüidade entre os
egípcios, caldeus e hindus.
     Na Idade Média, o ensino permaneceu em poder do grupo religioso,
nessa época apresentando uma orientação nitidamente cristã.
     Sòmente na Idade Moderna, com a aplicação dos princípios da ra-
cionalização do trabalho e a especialização de funções, é que a educação
começou a concentrar-se progressivamente num grupo profissional dis-
tinto, o grupo profissional pedagógico. Êste constitui u m a das formações
que tiveram origem e se desenvolveram dentro do grupo dos intelectuais,
distinguindo-se, entretanto, dos demais grupos desta categoria social.
O grupo dos intelectuais, segundo Alfred Weber, é uma ''formação
acima e fora das classes, caracterizando-se pela sua função social não só
de produção, de crítica e de aperfeiçoamento, mas de organização, trans-
missão e circulação de bens e valores espirituais, que constituem a heran-
ça social de u m a sociedade ou civilização determinada". Êste grupo não
constitui nem uma corporação nem uma classe, mas sim uma formação
social de caráter ocupacional. É um grupo aberto e em permanente reno-
vação, podendo organizar-se com elementos de todas as classes com a trí-
plice função social de criar, julgar e transmitir valores e ideais de deter-
minada sociedade.
     Os educadores, responsáveis pela transmissão dêsses valores e ideais
através da palavra e do exemplo, ocupam, sem dúvida, o ápice da hierar-
quia dentro da categoria dos intelectuais.

O FENÔMENO DA ESTRATIFICAÇÃO DO GRUPO PROFISSIONAL
PEDAGÓGICO

     Os princípios da divisão do trabalho e a crescente complexidade dos
sistemas escolares determinam uma especialização no próprio grupo pro-
fissional pedagógico. Surgem, portanto, subgrupos com suas característi-
cas e peculiaridades próprias, de acordo com os níveis, graus ou especia-
lidades do ensino.
     Os interesses particulares de cada subgrupo e a falta de unidade do
grupo profissional pedagógico fazem com que os profissionais especiali-
zados se organizem em associações de âmbito restrito (associação dos pro-
fessôres primários, dos professôres secundários, dos professôres de Edu-
cação Física, por exemplo).
     O crescimento quantitativo do grupo, a distribuição hierárquica de
seus elementos, de acordo com os níveis ou graus de ensino, e a organi-
zação racional do trabalho no campo da educação vêm dando origem ao
fenômeno de estratificação (formação de camadas) do grupo profissional
pedagógico.
     Segundo Sorokin, a estratificação manifesta-se de duas formas fun-
damentais, a saber:
— estratificação interprofissional, na forma de uma hierarquia entre
os diferentes grupos profissionais;
     — estratificação intraprofissional, ocorrida dentro de cada grupo pro-
fissional.
Pode-se determinar, através de diferentes processos de avaliação (in-
quéritos, dados estatísticos, questionários e t c ) , a posição que o grupo
profissional pedagógico ocupa em relação ao grupo dos intelectuais ou a
outros grupos: industriários, engenheiros, comerciários, bancários e outros
 (estratificação interprofissional).
     É possível, também, realizar estudos sôbre estratificação intrapro-
fissional, determinando-se a posição dos subgrupos, as diferenças de ho-
norários etc.
     A maioria dos problemas decorrentes dos processos de estratificação
não foi ainda solucionada nem ao menos suficientemente examinada.

O PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA E O FENÔMENO DA
ESTRATIFICAÇÃO

     O conhecimento dessas formas de estratificação é importante para
que o professor de Educação Física possa compreender a problemática
que envolve o grupo profissional especializado a que êle pertence.
     O estudo da estratificação interna do grupo profissional pedagógico
determinada pelas diferenças de nível de preparação profissional, de ho-
norários, de vantagens e regalias, as formas de inter-relacionamento entre
os diferentes grupos ou categorias de professôres, possibilita aos mestres
melhor interpretação de tôda esta problemática.
     O professor de Educação Física julga-se, muitas vezes, preterido ou
mesmo vítima de discriminação pessoal, quando o seu subgrupo é que
se encontra envolvido por um dos mais interessantes fenômenos estuda-
dos pela Sociologia Educacional.
     Evidencia-se claramente, hoje em dia, a superposição dos subgrupos
cujos elementos dão mais ênfase à instrução sôbre aquêles cujos membros
se preocupam mais com a educação, fruto, talvez, do domínio que a
ciência e a tecnologia exercem sôbre a vida moderna.
     A educação vê-se, assim, relegada a um plano secundário pela maior
ênfase dada à instrução. Mas é necessário ressaltar-se que educação não
é apenas instrução.
     Perde desta forma o professor, repetidamente, a consciência da obra
total da educação, limitando-se a atender, apenas, a aspectos ligados à sua
especialidade.
     O professor de Educação Física deve considerar que a especialização
excessiva tende a deformar o homem e que a rotina diária estreita cons-
tantemente a visão de conjunto que devemos ter acerca da obra educativa,
e procurar, portanto, meios para combater e superar estes problemas
inerentes ao magistério.
     No grupo profissional pedagógico distingue-se nitidamente a superpo-
sição de subgrupos em que é mais acentuada a exigência intelectual sôbre
aquêles em que esta parece menos marcante. Como exemplo, temos a for-
mação de subgrupos dos professôres de Física, Química, Matemática, His-
tória, superpondo-se aos de Educação Física, Educação Musical, Educação
Doméstica e outros.
Introdução à Didática da Educação Física
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Introdução à Didática da Educação Física

  • 1.
  • 3. LIVRO TÉCNICO EDITADO PELA DIVISÃO DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO M. E. C. E DESTINA- DO A DISTRIBUIÇÃO GRATUITA AOS ESPE- CIALIZADOS. EDIÇÃO MAIO 1969 DIVISÃO DE EDUCAÇÃO FÍSICA MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA BRASÍLIA, D. F. BRASIL
  • 4. ALFREDO GOMES DE FARIA JR. LICENCIADO EM EDUCAÇÃO FISICA E EM PEDAGOGIA INTRODUÇÃO À DIDÁTICA DE EDUCAÇÃO FÍSICA PROGRAMA DE PUBLICAÇÕES EDITOR: PROFESSOR LAMARTINE PEREIRA DA COSTA DIVISÃO DE EDUCAÇÃO FISICA — PALÁCIO DA CULTURA — SALA 1111 RUA DA IMPRENSA, 16 — RIO DE JANEIRO - GB
  • 5. APRESENTAÇÃO A iniciativa da Divisão de Educação Física do M.E.C. em publicar a presente obra tem por objetivo, primordialmente, oferecer subsídio aos alunos das Escolas Superiores de Educação Física e aos nossos especializados, de modo geral, no referente ao setor básico da Didática. Nesse propósito, as considerações em evidência foram: — as Escolas Superiores de Educação Física são as únicas que, entre as instituições qua preparam professores, não têm a Didática, cujo objetivo específico é justamente o estudo das téc- nicas de ensino, como disciplina constante de seus currículos; — a inclusão da Didática no currículo mínimo dessas Esco- las, estudada atualmente pelo Conselho Federal de Educação, exigirá, obviamente, material bibliográfico correspondente, e — o moderno conceito de Educação Física requer o que se pode chamar de uma "nova técnica de ensino", que traduz, no campo prático, os princípios teóricos já aceitos pela maioria dos nossos professores de Educação Física. O autor, salientando sempre a posição ocupada pelo educan- do, como centro de todo o processo educacional, e a do moderno professor de Educação Física, como autêntico educador, pro- curou, simplesmente, adequar algumas normas e procedimentos, aplicados, até hoje, empiricamente pelos professores de nossa especialidade, aos princípios básicos recomendados pela Didá- tica Geral. Assim, foram estudadas prioritáriamente as três fases da atividade discente — o planejamento, a orientação e o controle da aprendizagem em Educação Física — ao mesmo tempo em que se procurou desenvolver algumas considerações sobre aspec- tos teóricos da Educação. _ .. • ' Cumpre relevar ainda que o trabalho ora apresentado cons- titui fase importante na evolução técnica do PROGRAMA DE PUBLICAÇÕES da Divisão de Educação Fisica, que busca o aperfeiçoamento dentro dos novos conceitos de comunicação. A experiência assimilada pautará certamente as nossas futuras publicações. Considerando nossa diretiva, à frente da Divisão, de apoiar decisivamente o aperfeiçoamento técnico da Educação Física e dos Desportos, esperamos, com esse empreendimento, cumprir mais uma etapa de nossos objetivos. Tenente-Coronel Arthur Orlando da Costa Ferreira Diretor da Divisão de Educação Física do M.E.C.
  • 6. ÍNDICE APRESENTAÇÃO UNIDADE I — NOÇÕES FUNDAMENTAIS 1 — A Pedagogia 2 — A Educação ., 10 — A Didática 23 UNIDADE II — O EDUCANDO 27 — Aspectos Evolutivos do Educando 28 — Considerações acerca dos exercícios físicos para crian- ças e adolescentes 39 — O dimorfismo sexual do educando e suas influências nas práticas físicas 40 UNIDADE III — O PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA 44 — Requisitos Básicos do Professor de Educação Física . . . 46 — O Professor de Educação Física e o Grupo Profissional Pedagógico 51 — O Professor de Educação Física e o Fenômeno da Lide- rança 55 — O Professor de Educação Física e a Ética Profissional .. 57 UNIDADE IV — FINALIDADES DA EDUCAÇÃO E OBJETIVOS DO ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA 60 — Finalidades da Educação 61 — Objetivos do Ensino 61 — Finalidades da Educação Brasileira 62 — Objetivos da Educação Física 63
  • 7. UNIDADE V — OS CONTEÚDOS 69 — Alguns Aspectos a Considerar na Seleção dos Conteúdos 71 — Algumas formas pelas quais os conteúdos se apresentam 77 UNIDADE VI — MÉTODO E CICLO DOCENTE 107 Primeira Parte 1 — Método 108 2 — Principais Métodos Empregados no Brasil 109 Segunda Parte Ciclo Docente 142 a) O Planejamento do Ensino da Educação Física 143 b) Orientação da Aprendizagem 194 c) Controle da Aprendizagem 287 CONCLUSÕES 313 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 314 ÍNDICE DA MATÉRIA 319
  • 8. UNIDADE ! NOÇÕES FUNDAMENTAIS A PEDAGOGIA — Conceito de Pedagogia — Fontes e Evolução da Pedagogia — Objeto da Pedagogia — Características do Fenômeno Educativo — Divisão da Pedagogia — Disciplinas que Compõem a Pedagogia A EDUCAÇÃO — Conceito de Educação — Alguns Aspectos da Educação Sistemática no Brasil A DIDÁTICA — Conceitos de Didática — Objeto da Didática — Fontes da Didática — Âmbito da Didática — Didática Tradicional e Didática Moderna — Divisão da Didática — Didática de Educação Física 1
  • 9. NOÇÕES FUNDAMENTAIS A PEDAGOGIA CONCEITO DE PEDAGOGIA O têrmo Pedagogia existe desde a antigüidade clássica. Encontramo-lo, uma das primeiras vezes, na tragédia "Orestes", de Eurípedes, passando a ser empregado, a partir daí, por numerosos autores clássicos, modernos ou contemporâneos. A palavra Pedagogia provém de duas palavras gregas: "pais, paidós" — criança e "ago, agein" — conduzir, guiar, dirigir. "Ped" é contração de "paid"; "agog" é a raiz com duplicação ática de "ago" e "ia" é o sufixo grego que dá valor ao substantivo. Portanto, Pedagogia, etimològicamente, significa "guia ou condução da criança". Por isso, na Grécia antiga, chamava-se pedagogo ao escravo liberto encarregado de conduzir as crianças à palestra. Esta função existe desde os tempos mais remotos da antiga civilização grega. No canto IX da Ilíada é mencionada várias vezes a figura de Fênix, que, segundo os clássicos, foi pedagogo de Aquiles. O pedagogo conduzindo sua pequena senhora.
  • 10. Com o passar do tempo, o conceito inicial de Pedagogia começou a modificar-se. No século II, São Clemente de Alexandria, no seu livro "O Pedagogo", já faz menção a quatro significados para Pedagogia. Uma vez abandonado o conceito etimológico por considerá-lo vago, impreciso e insuficiente, procurou-se conceituá-lo como "arte de educar", "ciência da educação" e até "ciência e técnica da educação". Estes concei- tos, porém, são ainda confusos e limitativos. Evoluiu-se depois para "ciência da arte de educar". Ciência, por envolver conhecimentos certos e sistemáticos adquiridos por métodos idôneos, e arte porque supõe uma realização. Esta definição é ainda restritiva e unilateral, se estudados outros aspectos da problemática. A Pedagogia, por exemplo, determina valores éticos e sociais a serem atingidos pela educação, fazendo, assim, uma especulação filosófica. Estabelece, também, como realizar a educação, po- dendo, portanto, ser considerada uma técnica. Desta forma, Pedagogia "seria, ao mesmo tempo, a filosofia, a ciência e a técnica da educação". Procura-se, atualmente, conceituá-la, também, tomando-se por base o seu conteúdo: "Pedagogia é o conjunto de conhecimentos sistemáticos sôbre o fenômeno educativo." Abrange, pois, o conjunto dos conhecimentos acumulados, organizados e sistematizados com rigor científico, sôbre a problemática da educação, através dos séculos.
  • 11. FONTES E EVOLUÇÃO DA PEDAGOGIA — Fase do Empirismo Pedagógico A Pedagogia era, inicialmente, um complexo de tradições educativas advindas da observação e da experiência empírica de antigos mestres. Sua única fonte era a experiência prática não metodizada. Apresen- tava, de uma parte, grandes erros, princípios e normas contraproducentes, onde predominavam a improvisação e o autodidatismo; de outra parte, já estabelecia alguns princípios válidos e normas aceitáveis, que mais tarde vieram a ser reavaliadas e reformuladas pela Pedagogia atual. — Fase da reflexão e crítica filosófica Esta fase teve como iniciadores Sócrates, Platão e Aristóteles e surgiu da necessidade de uma interpretação dos fins da educação, do estabeleci- mento de novas normas e diretrizes da ação educativa e de atender às exi- gências humanas e sociais da educação. Platão.
  • 12. Surge, a partir daí, a sistematização da Pedagogia, tornada uma disci- plina racional e ordenada, possibilitando a elaboração da política educacio- nal dos diferentes povos. — Fase da pesquisa científica Esta fase inicia-se em fins do Século XIX estimulada por três grandes fatôres fundamentais: — expansão do pensamento positivista, — controvérsia evolucionista e — rápida democratização da educação. A expansão do positivismo teve como conseqüência no campo pedagó- gico a pesquisa dos diversos aspectos da realidade e da natureza humana. A controvérsia evolucionista, analisando tôda a evolução biológica e psi- cológica da criança nas diferentes etapas evolutivas, proporcionou novos dados psicológicos, sociológicos, higiênicos, biológicos, econômicos e artís- ticos à educação. Foi quando surgiram os conhecimentos exatos e objetivos sôbre os dados reais do fenômeno educativo. A democratização da educa- ção aumentou a responsabilidade social da escola, exigindo a realização de pesquisas sôbre os problemas concretos da infância e da adolescência. Desta forma, pode-se compreender a grande complexidade da Peda- gogia moderna e a riqueza e densidade dos conhecimentos que ela en- volve. OBJETO DA PEDAGOGIA Pelo exposto, podemos compreender que o objeto específico da Peda- gogia é o "estudo do fenômeno educativo". CARACTERÍSTICAS DO FENÔMENO EDUCATIVO
  • 13. O fenômeno educativo é constante por haver sempre uma geração adulta atuando sôbre uma geração mais jovem. Desta forma, temos a garantia de uma eficaz preservação da cultura e da continuidade da vida social. É universal porque se processa através de todos os tempos e em todas as comunidades do mundo, embora variando em intensidade e sis- tematização. É irredutível por não se confundir nem se identificar com os demais fenômenos da vida social. DIVISÃO DA PEDAGOGIA A Pedagogia Teleológica (do grego "teleos" — fim; "logos"— tratado) preocupa-se com os fins e objetivos educativos; a Pedagogia Ontológica (do grego "ontos" — ser; "logos" — tratado) estuda o que é a educação, sôbre quem atua e quem a realiza; e a Pedagogia Mesológica (de "mesos" — meio; "logos" — tratado) cuida dos meios e das formas mais indicadas na realização da obra educativa. Estes três aspectos da Pedagogia formam um todo inseparável tal o seu íntimo relacionamento. Para maior esclarecimento, transcrevemos o exemplo dado pela Professora Consuelo Buchon em seu livro "Pedagoga". "Tomemos, como exemplo, a educação física que, por sua natureza, pode parecer a mais alheia ao aspecto teleológico; para propor a alguém um exercício de ginástica ou jogo temos que começar por conhecê-lo para que a qualidade, método e duração guardem proporção com a idade e o estado constitutivo do sujeito, e, mais ainda, deverá ser de tal modo que coopere com o bem intelectual, moral e religioso; tanto quanto assim fôr, será educativo. Se não fôr assim, se não levar em conta o sujeito atual- mente e o fim visado, não só tal exercício deixará de ser formativo, como será aberração condenável."
  • 14. DISCIPLINAS QUE COMPÕEM A PEDAGOGIA Adotado o conceito de Pedagogia como "o conjunto de conhecimentos sistemáticos sôbre o fenômeno educativo", foi possível agrupar as diferen- tes disciplinas que compõem a Pedagogia: I — Disciplinas Filosóficas (descritivas e normativas) História da Pedagogia Filosofia Educacional Política Educacional II — Disciplinas Científicas (descritivas ou experimentais) Biologia Educacional Psicologia Educacional Sociologia Educacional Estatística Educacional História da Educação Educação Comparada III — Disciplinas Técnicas (aplicadas) Higiene Escolar Administração Escolar Organização Escolar Didática Geral e Especial Orientação Educacional Psicoterapia Educacional
  • 15. I — Disciplinas Filosóficas — História da Pedagogia A História da Pedagogia estuda a evolução da "teoria educacional" relacionando suas diversas manifestações no curso da História com as concepções religiosas ou filosóficas que lhe deram origem. Estuda, tam- bém, o desenvolvimento do pensamento filosófico-pedagógico, através dos tempos, caracterizando suas grandes etapas e os ideais que predominaram em cada uma delas. — Filosofia Educacional j A Filosofia Educacional estuda os princípios básicos e as finalidades que devem nortear a educação. Determina os valores a serem atingidos pela educação. — Política Educacional Esta disciplina examina os problemas da educação em têrmos das ne- cessidades sociais imediatas. II — Disciplinas Científicas — Biologia Educacional A Biologia Educacional, objetivando garantir condições propícias à educação das gerações mais jovens, estuda o desenvolvimento orgânico do educando, suas diferenças individuais e as formas de atuar sôbre aquelas diferenças. Analisa as influências da hereditariedade e do meio: os ca- racteres herdados e adquiridos, o crescimento, o sistema glandular, as con- dições ambientais, as atividades do sistema nervoso, a atividade muscular, a fadiga, as doenças e suas profilaxias etc. — Psicologia Educacional A Psicologia Educacional estuda as etapas evolutivas da psique das crianças e dos adolescentes, o fenômeno da aprendizagem, a personalidade em relação à sua formação e a sua adaptação ao meio etc. — Sociologia Educacional A Sociologia Educacional estuda as relações entre o indivíduo e o grupo, a natureza, do ponto de vista sociológico, do processo educativo, os fins sociais da educação, as influências dos grupos sociais (família, igreja, estado etc.) sôbre a educação. Analisa a correlação entre o sistema escolar e os sistemas sociais. — Estatística Educacional Estuda a educação do ponto de vista quantitativo, fornecendo ele- mentos que permitem uma série grande de avaliações, seja acerca dos dados biológicos e psicológicos da educação, seja acerca dos dados so- ciológicos. — História da Educação Estuda a evolução histórica dos sistemas e práticas educacionais, os grandes educadores nos momentos históricos, a organização e o funciona mento das experiências educacionais etc. — Educação Comparada Estuda e correlaciona as realidades educacionais: leis, sistemas, ins- tituições, métodos etc; as tendências pedagógicas de cada povo, os focos de irradiação dessas tendências, a extensão dessa irradiação. 8
  • 16. III — Disciplinas Técnicas — Higiene Escolar A Higiene Escolar estuda as condições materiais da escola, os regimes de vida, de estudo e alimentação e as normas e cuidados de higiene física e mental dos corpos docente, discente e administrativo da escola. — Administração Escolar Estuda a estrutura e o funcionamento dos órgãos de administração escolar, a hierarquia e a distribuição de funções, enfim aplica as técnicas administrativas ao problema educacional. — Organização Escolar Estuda a mobilização de todos os recursos (materiais, financeiros, de pessoal etc.) de uma escola, com o objetivo de garantir maior eficiência, maior rendimento e economia de tempo, de dinheiro e de trabalho. — Didática Geral e Especial A Didática objetiva o ensino ou a direção técnica da aprendizagem. A Didática Geral estuda as teorias, princípios e normas gerais, exa- mina e critica os métodos de ensino, analisa e apresenta soluções para os problemas comuns de diferentes níveis, ramos, disciplinas ou práticas educativas. A Didática Especial estuda os objetivos de cada disciplina ou prática educativa, a programação dos conteúdos, os métodos e recursos específicos e os problemas particulares inerentes ao ensino em questão. — Orientação Educacional ou Orientação Educativa (segundo a L.D.B.) "A Orientação Educacional é uma atividade pedagógica organizada em bases científicas com caráter permanente, visando essencialmente ao aluno e acidentalmente ao jovem, para integrar sua educação geral por meio da atividade do orientador em cooperação com vários agentes pedagógicos e mediante técnicas adequadas." (CADES) A Orientação Educativa procura promover um ambiente capaz de levar o educando a agir de forma positiva. É, ao mesmo tempo, uma pro- moção, um projeto e um programa de ideais e valores. Ela age sub-repti- ciamente de forma a modificar a conduta do educando dentro de um certo prazo. A Orientação Educativa é, também, uma aprendizagem de profundi- dade, pois visa a realizar no indivíduo a sua maturidade. Procura fazer com que o indivíduo ultrapasse níveis de aspirações próximos para atingir outros que o levem a uma performance melhor. Considera-se a Orientação Educacional como uma higiene mental, não no sentido vulgar da expres- são, mas sim como uma prática terapêutica com base científica para aliviar tensões ou conflitos do indivíduo, conduzindo ao equilíbrio. — Psicoterapia Educacional Estuda as diferentes formas de anomalia mental e os desvios psicoló- gicos da infância e da adolescência, estabelecendo técnicas de diagnóstico, tratamento e reorientação psicológica. Elabora métodos especiais de en- sino para alunos com problemas relacionados com a conduta, reatividade e escolaridade.
  • 17. A EDUCAÇÃO CONCEITO DE EDUCAÇÃO Vulgarmente, usamos a palavra educação quando nos queremos referir ao grau de cultura, às atitudes, aos costumes sociais, à urbanidade e à polidez de um determinado indivíduo. Êste conceito vulgar, impreciso, vago e incompleto, baseado em noções ingênuas, contém, todavia, três tônicas que, analisadas, poderão servir para melhor compreensão do real significado do têrmo: a educação é algo que se adquire, que implica num processo perfectivo relacionado com o social. Não há perfeito acordo entre os estudiosos sôbre as origens etimológi- cas do têrmo educação. Uns afirmam-no derivado de "educare", que signi- fica criar, alimentar. Outros asseveram que êle se originou de "educere", composto de "ex", que significa direção para fora, e do verbo "ducere", conduzir. Desta forma, significaria "tirar de dentro para fora". Alguns dos grandes educadores do passado, baseando-se nas origens etimológicas da palavra, emitiram conceitos distintos aparentemente díspares. Desta forma, João Frederico Herbart "considera que o que se propõe à educação é introduzir materiais no educando, "alimento" que é preciso dar ao espírito para que se desenvolva". João Henrique Pestalozzi, partindo de outra origem do têrmo, assegura que "a única coisa que o educador tem que conseguir é desenvolver os ger- mens que se encontram no educando". Pode, assim, parecer à primeira vista, considerando-se aquelas duas origens, que existam dois conceitos distintos e inconciliáveis de educação. Tal, no entanto, não ocorre, pois os dois significados completam-se, indi- cando-nos os dois movimentos da educação: um de dentro para fora, no sentido de um desenvolvimento e maturação próprios, e outro de fora para dentro, que auxiliará àquele desenvolvimento. Desta forma, o processo educativo obedece a dois princípios: um, intrínseco à natureza do educan- do; outro, extrínseco a ela. O conceito vulgar e o etimológico da educação não satisfizeram aos estudiosos que, desde a antigüidade, procuram melhor conceituá-la. Assim, encontramos uma série de conceitos para o têrmo em questão, alguns dos quais transcrevemos a seguir: "A educação tem por fim evitar o erro e descobrir a verdade." (Sócrates.) "Educação consiste em dar ao corpo e à alma tôda a perfeição de que são capazes." (Platão.) "O verdadeiro escopo da educação é a obtenção da felicidade por meio da virtude perfeita." (Aristóteles.) "Educar é instruir a juventude e formar almas virtuosas." (Cí- cero.)
  • 18. Aristóteles Locke Spencer Kant
  • 19. ' ; Educar é saber dirigir e conter todos os movimentos da alma, de modo a realizar sómente atos dignos de um ser racional." (Marco Aurélio.) "A educação tem por finalidade unir um espírito sadio a um corpo sadio. A tarefa da educação não é aperfeiçoar os jovens nas ciências, mas prepará-los mentalmente de modo a serem capazes de abordar qualquer uma delas se aplicarem no seu estudo." (Locke.) 'Educar é a arte de formar homens." (Rousseau.) "O fim da educação é a formação do homem integral, habilitado nas artes e indústrias." (Rabelaís) "Educação é a arte de formar homens e não especialistas." (Mon- taigne.) "A finalidade da educação é proporcionar serviços mais efetivos ao Estado e à Igreja." (Lutero.) "Educação é o desenvolvimento integral do homem. É o domínio de todas as coisas." (Comenius.) "Educar significa o desenvolvimento natural, progressivo e siste- mático de todas as forças." (Pestalozzi.) "Educar é desenvolver proporcional e regularmente todas as dis- posições do ser humano." (Kant.) "O objeto da educação é realizar a vida confiante, pura, inviolável e sagrada." (Froebel.) "A educação é a arte de construir, de edificar e de dar as forças necessárias." (Herbart.) "Preparar-nos para uma vida completa é a função que deve de- sempenhar a educação." (Spencer.) Inúmeros outros conceitos de educação poderiam ser aqui mencio- nados. Só Rufino Blanco, em sua Enciclopédia Pedagógica, refere-se a cento e oitenta e quatro conceitos distintos de educação. Como vimos, os conceitos de educação lançados até agora são ora des- critivos, ora normativos. Os descritivos referem-se ao processo educacional e os normativos aos fins a serem atingidos. William F. Cunningham chega a um conceito plenamente satisfatório quando o faz baseado em três grupos de transformações que intervêm no processo educativo: habilidades, conhecimentos e ideais. O homem, ao contrário dos animais, necessita de um longo período de aprendizagem em substituição aos instintos existentes nos irracionais. Ins- tintos significam "hábitos fixos de reação", não havendo, por conseguinte, progresso na vida animal. O homem maduro não possui hábitos de com- portamento hereditários não modificados pela aprendizagem. Possui, isto sim, um sem-número de habilidades que inicialmente nada mais eram que capacidades. Um segundo grupo de transformações no processo educacio- nal é a do crescimento em conhecimentos. O nascituro ignora tôda a he- rança social, ao passo que o adulto tem conhecimento dela. O terceiro e último grupo de transformações é a passagem dos impulsos aos ideais. Por ideais compreendem-se os controles racionais da conduta humana sôbre os instintos.
  • 20. Desta forma, podemos conceituar educação como "o processo de cres- cimento e desenvolvimento pelo qual o indivíduo assimila um corpo de conhecimentos, demarca os seus ideais e aprimora sua habilidade no trato dos conhecimentos para a consecução daqueles ideais". ALGUNS ASPECTOS DA EDUCAÇÃO SISTEMÁTICA NO BRASIL A educação, segundo suas influências, pode ser: assistemática, quando é inconsciente, espontânea e ocasional, e sistemática, quando é intencio- nal, consciente e seletiva. A educação assistemática desenvolve-se ao sabor dos incidentes e das circunstâncias fortuitas, sem que haja um planejamento anterior. Não sen- do ela seletiva, o indivíduo aprende coisas certas e coisas erradas, boas e más, donde se pode aquilatar a responsabilidade educativa que pesa sôbre es gerações adultas. O ser humano é assim, em grande parte, fruto dessa educação assistemática. A educação sistemática é, ao contrário da anterior, consciente, com objetivos previamente traçados, crítica e sobretudo intencional. A educa- ção sistemática é ministrada numa complexa e especializada instituição nitidamente seletiva — a Escola. De um modo geral, cada país congrega os serviços escolares em sistemas de ensino, regionais e locais, que vão constituir, no todo, o seu sistema nacional de ensino.
  • 21.
  • 22. Os diferentes sistemas possuem, por sua vez, níveis ou graus de ensino que nada mais são do que a sua articulação vertical. (adaptado de Lourenço Filho)
  • 23. No Brasil, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei Fede- ral n.° 4.024, procurando proporcionar uma "centralização de orientação" permite à União criar um Sistema Federal de Ensino, ao mesmo tempo que busca uma "descentralização de execução", quando permite aos Es- tados e ao Distrito Federal organizarem seus próprios sistemas de ensino. Esta Lei reconhece, ainda, três níveis ou graus de ensino: a Educação de Grau Primário, a Educação de Grau Médio e a Educação de Grau Superior. Julgamos necessário desenvolver neste trabalho algumas considera- ções acerca dos diferentes níveis ou graus de ensino, visto que o docente de Educação Física, dada a sua formação, possui habilitação profissional que lhe permite atuar nos diferentes níveis. A Educação de Grau Primário Em nosso país, o critério geral escolhido para a graduação do ensino é o das "idades sucessivas". Assim sendo, a educação de grau primário é a que se destina à infância. Pela primeira vez, a Legislação brasileira preocupou-se com a educação pré-primária quando a Lei n.º 4.024 a ela se Visita de uma sala de aula de uma moderna escola primária (Escola Guatemala, Rio de Janeiro).
  • 24. refere dizendo que "se destina aos menores até sete anos, e será ministrada em escolas maternais ou jardins de infância". Quanto ao ensino primário, suas finalidades são "o desenvolvimento do raciocínio e das atividades de expressão da criança e a sua integração no meio físico e social". Procurou-se, também, tornar obrigatório o ensino primário a partir dos sete anos e estender o curso a um mínimo de quatro anos e a um máximo de seis. Pesquisas feitas, e dentre elas salientam-se as do INEP, mostram-nos quão deficiente é o ensino primário brasileiro. Em 1963, çalculou-se a exis- tência de pelo menos 10 milhões de crianças na faixa etária de 7 a 11 anos, sendo que dos 7 milhões das matriculadas no ensino primário mais da metade se encontrava na primeira série. Êste fato se agrava com o pro- blema da evasão escolar tão evidente nas estatísticas de 1062, quando perto de 1.200.000 crianças se evadiram durante o ano letivo, e mais de 1 milhão delas o fizeram na primeira, segunda e terceira séries, sem que possuíssem conhecimentos que nos permitissem afirmar que essas crianças estivessem instruídas ou que fossem elementos produtivos do ponto de vista econô- mico. Elas afastam-se da escola, por exemplo, sem ao menos conhecer a História de sua Pátria, quando a evasão ocorre na primeira série. Outro Aula de Educação Física numa moderna Escola Primária.
  • 25. grande problema é o da reprovação escolar, dado que o número de repro- vados chega, por vezes, a ultrapassar o de aprovados. Desta forma,, considera-se o ensino que se restringe à primeira série como um desperdício econômico. A situação do professorado primário apresenta, também, um quadro desalentador. Segundo dados obtidos pelo Primeiro Censo Escolar do Bra- sil, 44% dos professôres primários em regência de classe são leigos, isto e, não possuem qualquer formação profissional, não podendo, muitas vezes, lecionar além da segunda série primária, pois um passo mais adiante não deram na sua formação. Assim sendo, é perfeitamente válido concluir que a Educação Física, embora obrigatória por força de Lei neste nível de ensino, ficará prática- mente esquecida por muito tempo em nossas escolas primárias. Nos gran- des centros, entretanto, começamos a notar um maior interesse por parte da direção das escolas em incluir efetivamente essa "prática educativa" no currículo dos seus educandários. Educação de Grau Médio "A educação de grau médio, em prosseguimento à ministrada na es- cola primária, destina-se à formação do adolescente." Êste artigo da Lei Vista de uma sala de aula de um moderno Ginásio Secundário. (G. E. Nun'Álvares Pereira — Rio de Janeiro)
  • 26. n.° 4.024 representa uma grande conquista para a educação brasileira, pois começa a abandonar a idéia de que a escola média teria como finalidade preparar jovens para os cursos superiores, substituindo-a pela idéia correta de que sua finalidade é a formação da personalidade do educando. O ensino médio brasileiro é, como se sabe, ministrado, atualmente, em dois ciclos: o GINASIAL e o COLEGIAL. Desta forma, o têrmo "gi- násio" não mais significa um tipo de ensino, mas sim o ciclo de um nível ou grau de ensino. Todo o primeiro ciclo de ensino médio chama-se giná- sio: há, portanto, ginásio secundário, ginásio comercial, ginásio indus- trial etc. Da mesma forma, todo o segundo ciclo do ensino médio chama-se co- légio ou "curso colegial", havendo, assim, colegial comercial, colegial in- dustrial, colegial secundário etc. Esses ramos, hoje em dia, dão acesso à Universidade, ao contrário do que ocorria anteriormente, quando só os alunos oriundos do curso secun- dário podiam ingressar no nível superior. Quanto à extinção gradual do Curso Ginasial Agrícola e a conseqüente .proibição de os atuais educandários agrícolas realizarem exames de admis- são a partir do ano letivo de 1969, não significa que o Govêrno pretenda acabar com o ensino agrícola de grau médio, mas sim passá-lo para a es- fera dos Ginásios Orientados para o Trabalho, isto porque só se recomenda a profissionalização a partir do segundo ciclo. No ensino médio, as condições são tão ruins ou até mesmo piores do que no ensino elementar. Entretanto, êste grau de ensino é considerado pelos especialistas como um dos fatôres básicos do desenvolvimento das nações. O povo brasileiro descobriu, também, que é possível a mobilidade vertical em nossa sociedade através dos conhecimentos e da formação que uma boa escola lhe pode oferecer. Assim, a procura da escola torna-se cada vez maior. A inexistência, porém, de todo um complexo social preparado para receber as explosões demográficas, econômicas e sociais leva a nossa rede escolar a uma situação angustiosa, onde nem a quantidade nem a qualidade são atendidas. Dos 12 milhões de jovens em faixa etária correspondente à educação de grau médio, somente 1.336.000 se matricularam em 1963 neste nível. Estas matrículas estavam assim distribuídas: Secundário 980.000 Comercial 200.000 Normal . 110.000 Industrial 39.000 Agrícola 7.000 Desta forma, num país de economia agrícola e onde se tenta uma rá- pida industrialização, vemos quão irrisórias são as matrículas nos ramos correspondentes a essas atividades. O baixo índice das matrículas na escola normal não nos permitem uma esperança de ver melhoradas as deficiên- cias do professorado da escola primária brasileira.
  • 27. Aula de Educação Física num moderno Ginásio Secundário. A Educação Física, única "prática educativa" obrigatória existente nos currículos de nossas escolas, para alunos até a idade de 18 anos, tem, obviamente de se ressentir de tal problemática. Faltam instalações, ma- terial didático e, sobretudo, o elemento humano altamente qualificado para a tarefa de educar: o professor de Educação Física. Contudo, alguns fatôres positivos começam a se fazer sentir em nossa especialidade. A ele- vação da Educação Física à categoria de "prática educativa" despertou um maior interesse de renovação no âmbito do magistério especializado, visto que o êxito de sua missão passou a depender quase que exclusiva- mente do interesse e prazer que consigam despertar em seus alunos, livres da preocupação da nota para passar de ano, do conceito nas "provas prá- ticas" e outros absurdos tão evidentes nas disciplinas obrigatórias, com- plementares e Optativas. Esta renovação obriga a realização de cursos de aperfeiçoamento e até de pós-graduação, estimula o surgimento de novas revistas e boletins especializados e a publicação de novas obras didáticas igualmente especializadas.
  • 28. O Ensino de Grau Superior Nas diversas especialidades do ensino superior brasileiro, cujo objetivo "é a pesquisa, o desenvolvimento das ciências, letras e artes, e a formação de profissionais de nível universitário", estavam matriculados, em 1963, 100 mil estudantes, dos quais 20 mil concluíram os estudos. Êste quadro desolador, à luz dos dados estatísticos, mostra-nos a real situação da educação no Brasil, em que nos esquecemos, com facilidade de que o "desperdício de inteligência é fator primordial de subdesenvol- vimento e pobreza". O ensino superior no Brasil felizmente começa a apresentar novas perspectivas ao docente de Educação Física. Sua habilitação profissional de nível superior permite-lhe lecionar em Escolas Superiores de Educação Física e dirigir atividades físicas no seio das Universidades. Dá-lhe o di- reito, ainda, de acesso aos cursos especiais de orientadores educativos desde que possuidor de um estágio mínimo de três anos no magistério público ou privado. Atividades desportivas no Ensino Superior. Conclusões Finalmente, podemos afirmar que, sómente com a eliminação do analfabetismo, com a melhoria da capacidade produtiva de nossos jovens,
  • 29. com currículos mais simples e menos pretensiosos e com o emprego de novos métodos de trabalho, podemos modificar o quadro comparativo abai- xo mencionado,onde avulta a deficiência de nosso sistema escolar, compa- rado com o dos E.U.A. e da U.R.S.S. (Nílton Nascimento)
  • 30. A DIDÁTICA CONCEITOS DE DIDÁTICA A Didática pode ser conceituada de duas formas: — em função de sua natureza e objeto; — em função do seu conteúdo. Em função de sua natureza e objeto, a Didática "é a disciplina pedagó- gica de caráter prático e normativo que tem por objeto específico a técnica do ensino, isto é, a técnica de dirigir e orientar eficazmente os alunos na sua aprendizagem". Considerada em função do seu conteúdo, Didática "é o conjunto sis- temático de princípios, normas, recursos e procedimentos específicos que todo professor deve conhecer e saber aplicar para orientar seus alunos na aprendizagem das matérias, tendo em vista seus objetivos educativos". O primeiro conceito distingue a Didática das demais disciplinas pe- dagógicas. O segundo, caracteriza o seu conteúdo específico. OBJETO DA DIDÁTICA O objeto específico da Didática é o estudo das técnicas do ensino. FONTES DA DIDÁTICA As principais fontes da Didática são: — a Filosofia Educacional, que contribui com as concepções, princí- pios, diretrizes e conclusões; — a Biologia Educacional, a Sociologia Educacional e a Psicologia Educacional, que contribuem com os resultados e conclusões de suas ex- perimentações científicas; — a racionalização do trabalho, que contribui com as normas e cri- térios; — a experiência prática. ÂMBITO DA DIDÁTICA São cinco os "componentes fundamentais" que a Didática procura ana- lisar: O educando; O professor; Os objetivos; Os conteúdos; Os métodos.
  • 31. São esses cinco "componentes fundamentais" do ensino que a Didática procura estudar, integrar funcionalmente e orientar. O educando, encarado como ser humano em desenvolvimento,, com suas capacidades, limitações, peculiaridades, tendências e interesses, é o fator principal na situação escolar. O professor, atuando como elemento incentivador, orientador e ava- liador da aprendizagem dos alunos, tem a função verdadeira de educador e não apenas de mero expositor ou instrutor. Os objetivos são os fatôres dinamizadores de todo o trabalho escolar São as metas necessárias que devem nortear todo o trabalho na escola, nas salas de aula ou nos campos ou quadras de esportes.
  • 32. Os conteúdos, podemos considerá-los assim, são os reativos emprega- dos na educação, os elementos formativos necessários ao desenvolvimento integral do educando. Os conteúdos, também chamados de matéria de ensino, existem para servir ao educando, na justa medida de sua capacidade. Os métodos de ensino conjugam de forma apropriada todos os proce- dimentos, técnicas e recursos, de forma a colimar os objetivos propostos, com maior segurança, rapidez e eficácia. "O bom método é a melhor maneira de fazer o aluno aprender." O êxito de todo o trabalho escolar dependerá, em grande parte, da qualidade do método usado. Desta forma, é válido concluir que Didática não é sinônimo de Me- todologia. A Metodologia estuda o método em si, sendo, portanto, uma parte da Didática. O estudo do método é uma investigação estéril e abstrata para a prática do ensino, se isolado dos demais componentes fundamentais da Didática. Por isso, são bem fundamentadas as inúmeras críticas que lhe são movidas, pois ela "fragmenta a realidade vital que caracteriza o ensino moderno". DIDÁTICA TRADICIONAL E DIDÁTICA MODERNA A Didática Tradicional Na Didática Tradicional, o mestre era o elemento humano preponde- rante do processo de ensino. Despreocupado com as dificuldades de seus discípulos, arbitrário e despótico, era, entretanto, um verdadeiro escravo da própria matéria que lecionava. O aluno era o elemento humano passivo: competia-lhe, apenas, ouvir, decorar e obedecer subservientemente. A matéria era um valor absoluto, que devia ser ensinada e aprendida sem qualquer alteração ou revisão crítica. O método era a maneira de o professor expor a matéria destituída de qualquer relacionamento humano. A Didática Moderna A Didática Moderna coloca o educando no centro de todo o processo educativo. Para êle, organiza-se a escola e ministra-se o ensino, os professôres colocam-se a seu serviço. O mestre é, apenas, o fator humano incentivador, orientador, assessor do aluno. É o educador no plano mais significativo do têrmo. Os objetivos dão sentido, valor e direção ao trabalho escolar; os con- teúdos, os meios necessários à formação do educando. O método transfere-se do problema de ensino para o problema de aprendizagem. O Professor Luiz Alves de Matos, em seu livro "Sumário de Didática Geral", apresenta um interessante quadro acerca das cinco questões fun- damentais da Didática, que transcrevemos, data vênia, na íntegra:
  • 33. "Didática Tradicional" "Didática Moderna" Componentes a quem se ensina? quem aprende? — Aluno quem ensina? com quem o aluno aprende? — Mestre para que se ensina? para que o aluno aprende? — Objetivo o que se ensina? o que o aluno aprende? .— Matéria como se ensina? como o aluno aprende? — Método DIVISÃO DA DIDÁTICA Didática Geral e A Didática divide-se em Didática Especial - A Didática Geral — estabelece a teoria fundamental do ensino; — estabelece os princípios gerais, critérios e normas, que regulam o trabalho docente; — examina criticamente os diferentes métodos e procedimentos de ensino; — estuda os problemas comuns e os aspectos constantes do ensino nos diferentes níveis, ramos, disciplinas ou práticas educativas; — analisa criticamente as grandes correntes do pensamento didático hodierno e as tendências dominantes no ensino atual. A Didática Especial — estuda os objetivos e as funções de cada disciplina ou prática edu- cativa; — orienta na programação, na dosagem, e na distribuição dos con- teúdos; — relaciona os meios auxiliares, as normas e os procedimentos meto- dológicos com a natureza especial de cada disciplina ou prática educativa; — analisa a problemática do ensino que cada disciplina ou prática educativa apresenta, e sugere os recursos e os procedimentos didáticos mais adequados para resolvê-la. DIDÁTICA DE EDUCAÇÃO FÍSICA Depreende-se, pelo exposto, que Didática de Educação Física é uma forma de Didática Especial. , . Assim sendo, procura ela estudar: o educando em face desta pratica educativa; o professor de educação física; os objetivos e funções dessa prática, de acordo com os níveis ou graus de ensino, o tipo de experiência educacional e da etapa evolutiva e grau de treinamento dos alunos. Orienta na programação, na dosagem e distribuição dos conteúdos propostos. Es- tuda e relaciona os métodos, os meios auxiliares, os recursos e procedi- mentos didáticos. Desta forma, analisaremos cada um dos componentes fundamentais da Didática em face da Educação Física, nos capítulos subseqüentes.
  • 34. UNIDADE II O EDUCANDO — Aspectos evolutivos do educando Infância Adolescência — Considerações acerca dos exercícios físicos para crianças e adolescentes — O dimorfismo sexual do educando e suas influências nas práticas físicas 27
  • 35. O EDUCANDO A Didática atual colocou, como vimos anteriormente, o educando como o centro de todo o processo educativo. O aluno, na escola moderna, é o elemento pessoal para onde convergem os ilimitados esforços dos educa- dores e da escola própriamente dita. Êle é ativo e empreendedor, sendo necessário, ainda assim, orientá-lo e estimulá-lo na educação e na aprendi- zagem, de forma a desenvolver-lhe as capacidades biológicas e intelectuais e, Outrossim, formar-lhe o caráter e a personalidade. Por isso, a escola é hoje em dia nitidamente pedocêntrica. O homem, no sentido lato, é educado desde o começo do uso da razão até quando, por doença ou velhice, começa a perder o controle de suas faculdades racionais ou quando sobrevier a morte. Desta maneira, isentamo-nos de erro quando dizemos que até o fim da vida nos estamos aperfeiçoando. Inúmeros exemplos poderiam ser citados, tais como a freqüência a cursos de aperfeiçoamento ou extensão, a pales- tras culturais e científicas, a sermões e conferências, a Exercícios Espiri- tuais, demonstrando que o próprio homem jamais considera encerrada a sua formação espiritual. Em sentido estrito, sómente a criança e o adolescente são "sujeito-edu- cando". Assim, só aquêles que ainda não chegaram à maturidade precisam de uma ação aperfeiçoadora. Adulto considera-se educado, estando ter- minada, portanto, a educação sistemática. Visto isso, o educando própriamente dito é o ser humano em seu estado evolutivo, diferente do adulto em qualidade, quantidade e funcionalidade. O professor de Educação Física em exercício, seja na escola primária, seja na escola de nível médio, ou de curso superior (onde ingressa hoje em dia um número cada vez maior de adolescentes), precisa conhecer o edu- cando com a maior profundidade possível para oferecer um desempenho gradativamente melhor de suas funções. A seleção dos conteúdos e das formas de trabalho levadas a efeito pelo professor de Educação Física depende do conhecimento do educando. Dois aspectos importantes encontramos no estudo do educando perante a Educação Física: — a etapa evolutiva do educando; — o sexo dêste. ASPECTOS EVOLUTIVOS DO EDUCANDO Os aspectos evolutivos do Educando são estudados na Psicologia Evo- lutiva, uma das divisões da Psicologia Educacional. A Psicologia Educacional, no entender de Charles Skinner, "ocupa-se unicamente, da experiência e da conduta dos seres humanos, enquanto constituem uma resposta às situações educacionais. Seleciona do campo total da Psicologia aquêles fatos e princípios que possuem um significado geral para a vida e para a marcha da sociedade e um significado especial para a aprendizagem e o ensino. Da mesma forma, ela se interessa também
  • 36. por todos os aspectos e níveis do crescimento do desenvolvimento hu- mano". Divisão da Psicologia Educacional: Métodos da Psicologia Educacional: OBJETIVOS (coleta de dados através de questionários e testes, de forma a dar tratamento estatístico dos resultados). CLÍNICOS (Estudo de casos: biografias, provas projetivas de persona- lidade etc.)
  • 37. Aos professôres sómente é permitido o emprego dos métodos objeti- vos, assim mesmo limitando-se ao emprêgo de questionários de interesses. Os demais tipos de testes como os de personalidade, por exemplo, são de emprego exclusivo do Psicólogo, segundo a recente regulamentação desta profissão. Não temos a pretensão de fazer neste trabalho um estudo sôbre Psico- logia Educacional, desejamos, apenas, salientar para o estudante ou do- cente de Educação Física alguns tópicos importantes, e mencionaremos, também, uma orientação bibliográfica a fim de que estes possam desenvol- ver os assuntos de maior interesse, de acordo com as suas necessidades. O ciclo vital pode ser dividido em três grandes períodos: — Período de crescimento; — Idade adulta; — Velhice. No período de crescimento temos duas grandes fases do desenvolvi- mento: — Infância e — Adolescência.
  • 38. INFÂNCIA A Infância é o período de vida que se prolonga do nascimento à ado- lescência. É nesta fase que se formam os dinamismos fundamentais da personalidade humana, respeitados os limites fixados pela hereditariedade. Em comparação com os demais elementos da escala biológica, sabemos que o homem possui uma infância maior do que a de qualquer outro animal. Do ponto de vista da satisfatória adaptação ecológica de tal forma que permita uma existência autônoma, a criança recém-nascida encontra- -se em inferioridade diante dos animais de outra espécie igualmente re- cém-nascidos. Para competição com estes em igualdade de condições, seria necessá- rio, segundo o biologista A. Portmam, que a fase intra-uterina do homem durasse vinte meses. Disto se conclui que a criança nascida de nove meses de gestação necessita, durante o primeiro ano de sua vida extra-uterina, cie cuidados especiais que se assemelhem às condições de vida anterior, quando o organismo materno ainda a protegia de todas as prejudiciais influências exteriores. A Psicologia Educacional distingue duas posições no estudo dos pro- blemas da Infância: — concepção da criança como adulto em miniatura (homúnculos); — concepção da criança como centro e objetivo final de qualquer con- sideração pedagógica (pedocêntrica). A Pedagogia hodierna não aceita a criança como adulto em miniatura. Os educadores modernos sómente aceitam a concepção pedocêntrica. O Crescimento O organismo humano jamais deixa de crescer até chegar à sua com- pleta maturação. É na infância, entretanto, que o crescimento predomina, condicionando as demais funções do organismo. As modificações oriundas do crescimento são mais intensas e rápidas na infância. Segundo Paul Godin, "o crescimento é a transformação contínua que experimenta o corpo da criança em seu conjunto e em cada uma das suas partes para tornar-se adulto." O crescimento absorve um terço da média humana de vida. Normalmente, êle se manifesta de maneira irregular — acelerado, en- tremeado de momentos de parada ou de crescimento. Alguns autores, como Paul Godin, enunciaram leis de crescimento, cujo estudo deixamos de proceder aqui porque o consideramos excessivo aos objetivos a que nos propusemos neste trabalho. Recomendamos, entre- tanto, um estudo complementar, que se afigura bastante útil ao professor de Educação Física, atuando nesta área do desenvolvimento do educando. O estudo da fase da iniciação glóssica também foi por nós omitido, sendo válida a recomendação acima apresentada.
  • 39. As Necessidades da Criança Segundo André Rey, são as seguintes as necessidades da criança: a) Necessidade de Segurança. Necessidade de proteção contra os perigos, castigos, dores, enfermida- des e solidão. Necessidades de auto-afirmação e autovalorização. O desenvolvimento adequado da criança depende da segurança inte- rior, que resulta da "Liberdade do Medo", "Liberdade de Angústia" e da "Liberdade de qualquer forma de ansiedade". A criança para conquistar essa segurança necessita de amparo afetivo, carinho e ternura. b) Necessidade de captação ou gôzo. Através de formas materiais, captação de alimentos e da propriedade e através de formas afetivas, captação de afetos, desejo de ser aprovado, aceito, louvado e servido. c) Tendências erótico-sexuais. d) Necessidades de agressividade e de luta. e) Necessidade de Liberdade e de Autonomia. Vontade do poder, de ter independência, de isolar-se, às vêzes, de vagabundear, de fazer gazeta. f) Necessidades construtivas e produtivas, imaginativas, intelectuais ou artísticas. A Psicologia do Jogo Infantil O jogo assume importância capital na fase lúdica da infância. Não nos deteremos aqui em estudar os diversos conceitos do jogo e suas principais teorias, visto que tal estudo faz parte da Psicologia e não da Didática. Existem excelentes trabalhos sôbre o assunto, como o do Professor Inezil Penna Marinho, "Jogos — Principais Teorias", e o do Professor Hanns Ludwig Lippmam, da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da Universidade do Estado da Guanabara, "A Fase Lúdica da Infância e a Psicologia do Jogo Infantil" (Unidade VI das súmulas de aula de Psico- logia Evolutiva). Dêste modo, esquematizaremos, a seguir, apenas as teorias mais im- portantes, para facilitar as pesquisas sôbre o assunto.
  • 40. TEORIA AUTOR RESUMO DA TEORIA Guts Muths, 0 jogo seria uma forma de re- Teoria do Descanso creio, com o objetivo de propor- ou do Recreio Lazarus e Schaller cionar descanso ao organismo e ao espírito fatigados. Baseia-se na lei biogenética de Haeckel (a ontogênese recapitu- la a filogênese). Os jogos repre- Teoria do Atavismo Granville sentariam atividades das gera- ou da Recapitulação Stanley Hall ções passadas, a criança recapi- tularia aos estádios da civiliza- ção. A criança possuiria um excesso de vitalidade e, por não ter ati- Teoria do Excesso vidades sérias, as energias se- de Energia Spencer riam acumuladas e ela procura- e Schiller ria o jogo como forma de equi- líbrio. Teoria de 0 jogo é uma preparação para Exercício a vida séria. Cada classe de ani- Karl Gross mal utilizaria certos jogos que Preparatório ou Prévio correspondem às atividades dos animais adultos de sua espécie. Teoria do Exercício A infância existe "para" brincar. Complementar ou Konrad Lange 0 jogo teria por função desper- da Compensação tar tendências que se encontras- sem latentes no indivíduo. A função do jogo seria purgar Teoria Catártica Harvey A. Carr o indivíduo de tendências anti- sociais, sexuais etc. O jogo produziria no organismo, entre outros estímulos, o neces- sário ao crescimento dos órgãos. Teoria do Jogo O sistema nervoso seria benefi- Estimulante H. Carr ciado com o jogo, que lhe ofe- receria os estímulos indispensá- veis ao exercício e ao desenvol- vimento das suas funções.
  • 41. TEORIA AUTOR RESUMO DA TEORIA 0 jogo representa uma adapta- ção incompleta que possui suas Teoria Estrutural F. J. J. próprias leis, o que fica coeren- Buytendijk te consigo mesma no interior da dinâmica infantil. "0 jogo exis- te porque existe uma infância." Teoria da derivação 0 jogo seria um fenômeno da pela ficção Claparède derivação pela ficção. A criança jogaria para se liber- Teoria Hórmica Taylor e (Curti tar dos conflitos e satisfazer a razões próprias. A criança jogaria para "re- Teoria da Patrick crear-se", isto é, "criar-se nova- Recreação mente". Teoria da O jogo existiria pela necessida- Mc Douga11 de de satisfazer ao instinto de Rivalidade rivalidade. Teoria da O tipo de jogo é determinado Necessidade de um lado pela necessidade da Appleton criança, de outro pelo estádio do Biológica seu desenvolvimento orgânico. Pela Teoria da Transfiguração, o passado, o presente e o futu- ro estabelecem uma determina- da ordem de evolução nos jogos Teoria da Inezil Pen na das crianças, evolução esta con- Transfiguração Marinho dicionada aos seus interesses, que, em última análise, busca- riam oportunidades para satis- fazer ao instinto da transfigu- ração. O jogo seria "menos uma forma específica da conduta, do que Teoria do Jogo Jean Piag et antes uma polarização da con- Infantil duta geral, salvando-a entre as demais formas de comporta- mento em têrmos de assimila- ção e de acomodação".
  • 42. O estudo da infância se completaria com uma análise da "psicologia da idade escolar", onde a Psicologia Evolutiva examinaria a observação infantil, a psicologia da mentira da criança e a sua inteligência. ADOLESCÊNCIA Há pouco mais de meio século, apenas, é que os estudiosos de Psico- logia Evolutiva passaram a admitir a existência de uma fase especial, com características próprias, entre a infância e a idade adulta. Adolescentes no recreio. Até então, os fenômenos da adolescência eram atribuídos à vida levada na infância, ou confundidos com as formas de conduta da idade adulta. Abandonaram-se, hoje em dia,'as tentativas para delimitação crono- lógica desta etapa do desenvolvimento. É, na verdade, um estágio evolutivo importante, embora, como vimos, os dinamismos fundamentais da personalidade já estejam definidos. Etimològicamente, o têrmo adolescência vem de "adolescera", signifi- cando a fase em que a gente cresce. É a fase da busca da maturidade e da conquista da autonomia, em que o jovem descobre gradativamente o qua- dro completo de suas possibilidades e limitações.
  • 43. Todas as conclusões acerca da Psicologia da Adolescência assumem um caráter temporário e condicional, visto que, em cada caso, depende do sexo, dos fatôres de ordem física, cultural, étnicos, climáticos geográficos, e, ainda, da situação sócio-econômica do ambiente. A Adolescência Segundo os Psicólogos Conforme a palavra de William Stern, a adolescência é sobretudo "a época da descoberta dos valores e da diferenciação entre o valor do EU e os valores do mundo". A Adolescência Para os Educadores Para os educadores, a adolescência é a "fase da realização progressiva da personalidade através da escolha da existência". É a fase da aprendizagem do uso apropriado da liberdade, quer seja pelo discernimento ("insight"), quer seja através de ensaios e erros. Este aprendizado só é possível, em grande parte, graças a acertada ação de educadores pacientes e compreensivos. É a etapa que constitui um estágio de treinamento para as grandes opções da vida humana. Adolescência, Puberdade e Juventude Modernamente, tem-se adotado o critério estabelecido por Maurice Debesse, que atribui ao têrmo adolescência um significado genérico, ou utilizado quando se refere exclusivamente a dados psicológicos. Desta forma, Puberdade emprega-se sómente para assinalar aspectos biológicos resultantes das modificações fisiológicas do processo de maturação. A pa- lavra Juventude, por fim, é utilizada, apenas, com referência aos aspectos socioculturais.
  • 44. Assim, dizemos "Juventude Transviada" e não "Puberdade Transvia- da"; "Movimento Cultural em Prol da Juventude" e não "em Prol da Puberdade". Em resumo: usado com significação genérica ou referindo-se a da- Adolescência dos psicológicos Puberdade usado para os aspectos biológicos Juventude usado para os aspectos socioculturais Dificuldades Encontradas no Estudo da Adolescência O estudo da adolescência é prejudicado por inúmeros fatôres, tais como: — Falta de uma delimitação precisa das características específicas desta fase evolutiva; — Impossibilidade de haver uma verdadeira intimidade entre adoles- centes e adultos devida à timidez e desconfiança daqueles; — A problemática da "luta das gerações"; — Amnésia da Juventude. As reminiscências da adolescência diluem- -se em nossa memória muito mais do que em outras etapas evolutivas. " A Hebelogia Os estudos sôbre a adolescência, segundo Maurice Debesse, constituem a especialização da Hebelogia ou Hebeologia. Métodos de investigação Os principais métodos de investigação da Hebelogia são: — Recordações da adolescência evocadas por adultos; — Questionários, redações e inquéritos; — Anamnese da adolescência; — Entrevistas; — Testes sociométricôs; — Testes projetivos; — Análise de cartas e diários; — Psicanálise etc. 37
  • 45. Manifestações da Puberdade A puberdade é marcada biològicamente por manifestações inconfun díveis: — Aumento de altura e de peso; — Modificação da estrutura óssea; — Modificações na pressão arterial; — Modificações no metabolismo basal; — Aperfeiçoamento da coordenação motora; — Variações nas proporções das diferentes partes do corpo; — Funcionamento das glândulas sexuais; — Crescimento dos órgãos sexuais até as dimensões definitivas; — Aparecimento dos caracteres sexuais secundários. Influência de Fatôres da Esfera Social Sôbre os Adolescentes Principais influências que atuam sôbre os adolescentes: O meio socioinstitucional influi grandemente sôbre os adolescentes. Como exemplo, temos a ação da família, da escola, da Igreja e da comu- nidade que neles atuam considerávelmente. As idéias, ideologias e doutrinas constituem as principais influências do meio sociocultural. A ação dos fatôres da natureza é um exemplo que podemos mencionar da influência do meio físico no adolescente.
  • 46. Principais problemas dos adolescentes Apresentamos abaixo os problemas dos adolescentes segundo o catálogo elaborado por Ruth Stang, em "The Role of the Teacher in Personnell Work", New York, Bureau Publications, Teacher College, Columbia Uni- versity, 1953. a) Problemas de saúde e de desenvolvimento físico; b) Problemas escolares; c) Problemas econômicos; d) Problemas da esfera familiar; e) Problemas religiosos; f) Problemas morais e disciplinares; g) Dificuldades resultantes de problemas da personalidade do edu- cando; h) Problemas sociais. O conhecimento da problemática da adolescência é de capital impor- tância para o professor de Educação Física. Resta-nos, por fim, mencionar os objetivos evolutivos da adolescência, e o fazemos valendo-nos do "esquema dos objetivos evolutivos da adoles- cência" de Luella Cole: a) A conquista da maturidade emocional; b) A fixação de interesses heterossexuais; c) A conquista da maturidade social; d) A emancipação do controle do lar; e) A conquista da maturidade intelectual; f) A seleção de uma ocupação profissional; g) O uso adequado das horas de lazer; h) A aquisição de uma filosofia da vida. CONSIDERAÇÕES ACERCA DOS EXERCÍCIOS FÍSICOS PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES Como dissemos, há nesta fase de crescimento um conjunto de trans- formações corporais e psíquicas, um intenso movimento hormonal e situa- ções biológicas que obrigam o educador a ter maiores cuidados na indica- ção das atividades físicas. Entre outras, vale citar: a) Evitar traumatismos justa-articulares pelo perigo de serem atingi- das as cartilagens epifisárias numa fase em que é acentuado o crescimento ósseo. b) Orientar os exercícios chamados miogênicos, a fim de não levar o adolescente à excessiva hipertrofia muscular, com prejuízo do cres- cimento ósseo. c) Considerar a insegurança da coordenação neuromuscular, refletida na imprecisão dos movimentos dos membros, a fim de indicar os tipos de atividades apropriadas, impedindo os exercícios que soli- citem intensamente o sistema nervoso e as provas desportivas emi- nentemente técnicas.
  • 47. d) Com referência ao aparelho circulatório, a adolescência é a época em que o volume e o peso do coração, em relação ao peso corporal, são os menores de tôda a vida. Há disparidade entre o crescimento do coração e o calibre da árvore arterial, e o coração apresenta um estado de verdadeira dilatação fisiológica, pelo fato de a túnica do miocárdio não acompanhar paralelamente o aumento do volu- me do órgão base. Deve ser evitado o trabalho físico intenso, de longa duração, pois que poderão acarretar uma irrigação periférica deficiente e prejudicial com todas as suas conseqüências. Evitar, também, as atividades de respiração retida, com bloqueio da caixa torácica, que exigem maior potência de contração do ventrículo direito para vencer a barreira pulmonar. e) Considerar que a adolescência é a fase anaplástica ( P r e y e r ) . Há necessidade de uma maior energia de crescimento, o que diminui- rá, evidentemente, a energia disponível para as atividades suple- mentares dentro da equação geral que regula as trocas metabólicas. En. Basal + En. de crescimento + En. disponível = En. total. Como é óbvio, devem ser impugnadas as atividades que provoquem grande dispêndio energético e com grande consumo e espoliação do armazenamento protéico. O DIMORFISMO SEXUAL DO EDUCANDO E SUAS INFLUÊNCIAS NAS PRÁTICAS FÍSICAS NA FECUNDAÇÃO Várias teorias procuram explicar a razão de ser do sexo. A teoria mais aceita é a Singâmica, que admite que o sexo é condicio- nado no momento da fecundação, ou melhor, da anfimixia (fusão dos ga- metas). Dependeria, então, da natureza dos cromossomos existentes nos gametas. Na mulher, o par de cromossomos sexuais apresenta dois cromossomos iguais: XX — sua fórmula é 2(23) + XX. No homem, o par de cromossomos sexuais possui dois elementos di- ferentes: o cromossomo X e um outro menor denominado Y. Formam, en- tão, o par XY — sua fórmula é 2 (23) + XY. Por ocasião da mitose redutora da maturação, o homem produz dois tipos de espermatozóides: um com o cromossomo X, outro com o cro- mossomo Y. Se o óvulo é fecundado pelo primeiro, forma-se um ôvo XX e o pro- duto é do sexo feminino. Se, ao contrário, é fecundado pelo portador de Y, forma-se um ôvo XY e o produto é do sexo masculino. Até a sétima semana de vida intra-uterina, embora o sexo já esteja definido, não há ainda uma distinção morfológica do sexo. Existe apenas um esbôço embrionário composto de um tubérculo genital, um par de pre- gas genitais, delimitando uma fenda ou abertura urogenital.
  • 48. Gradativamente, verifica-se a ovulação para o lado masculino ou femi- nino. Se para o lado masculino, o tubérculo genital cresce, transforman- do-se no pênis, as pregas de cada lado se unem, formando os escrotos que envolvem os testículos; se a ovulação é para o lado feminino, o tu- bérculo genital mantém-se atrofiado com o nome de clitóris; a abertura urogenital divide-se para formar a uretra e a vagina e as pregas genitais transformam-se nos lábios, que delimitam a vulva. POR OCASIÃO DO NASCIMENTO O indivíduo ao nascer já apresenta diferenças evidentes não apenas na morfologia genital. Outras diferenças já se acentuam, tais como as diferenças evidentes entre as médias de peso e altura do recém-nascido. As do sexo masculino são maiores. DURANTE O CICLO VITAL Durante a evolução, inúmeras são as diferenças evidentes, cada vez mais acentuadas e caracterizadas. DIFERENÇAS NO APARELHO LOCOMOTOR (Sistema Ósseo, Muscular e Articular) Sistema Ósseo Conseqüências Tórax mais curto e mais estreito Menores possibilidades Membros superiores mais curtos nos arremessos Diâmetro biacromial menor que o bi- trocanteriano (menor envergadura) Região l o m b a r d a coluna vertebral Cuidados especiais nas maior indicações dos exercícios Ângulo sacrovertebral mais proeminen- te (condicionando maior propensão à lordose) Cintura pélvica — quadris mais largos, Melhores condições de diâmetro bitrocanteriano maior equilíbrio — maiores Membros inferiores mais curtos facilidades nos exercícios na trave
  • 49. Genu-valgum fisiológico em virtude da maior largura da bacia e do diâmetro Menor rendimento e me- bitrocanteriano provocando uma con- nor capacidade na marcha vergência inferior dos fêmures e na corrida Sistema Muscular Conseqüências Os músculos na mulher constituem 36% Menores possibilidades em do peso, no homem 42% do peso — onde algumas provas atléticas há mais massa, mais força, mais ação. Adaptação do peso, do dis- Menor força manual co e do dardo Menor velocidade de contração Resultados inferiores nas Menor tônus muscular provas atléticas (Eleonor Metheny) Cuidados especiais na es- Músculos abdominais e do períneo (soa- colha dos exercícios, bus- lho do abdômen) cando uma hipertrofia sem hipertonia Panículo a d i p o s o mais desenvolvido Possibilidades mais próxi- (28,2% na mulher, contra 18,27o no mas das do homem na na- homem) tação Sistema Articular Conseqüências Maior cuidado na escolha Ligamentos mais frágeis dos exercícios e das moda- lidades
  • 50. DIFERENÇAS NO SISTEMA NERVOSO Principais Diferenças Conseqüências Reações psicomotoras diferentes das do Predomínio da mulher nos homem exercícios de equilíbrio Comparação proporcional entre o peso do cerebelo e o peso total do encéfalo (trave, alguns exercícios — mulher com vantagem proporcional, acrobáticos etc.) pois o cerebelo é o órgão coordenador dos movimentos voluntários DIFERENÇAS NO APARELHO CIRCULATÓRIO Principais Diferenças Conseqüências Maiores cuidados na esco- Orifícios cardíacos menores lha dos exercícios e na in- Menor peso e volume do coração dicação de modalidades Menor volume sistólico (na mulher 45 desportivas a 50 cc e no homem 75 a 80 cc) Menores possibilidades nos trabalhos físicos Êste estudo sôbre o dimorfismo sexual e suas influências nas práticas físicas feito pelo Dr. Waldemar Areno é a principal justificativa para a necessidade de indicar atividades físicas diferentes ao sexo feminino. O conhecimento do educando, tanto em seus aspectos gerais quanto em seus aspectos particulares é uma das tônicas que orientam a moderna Didá- tica de Educação Física.
  • 51. UNIDADE III O PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA REQUISITOS BÁSICOS DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA — Cultura Geral — Preparo Especializado em Educação Física e Habilitação Profissional — Vocação Para o Magistério de Educação Física — Aptidões Específicas Para o Trabalho Docente O PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA E O GRUPO PROFISSIONAL PEDAGÓGICO — Formação do Grupo Profissional Pedagógico — O Fenômeno da Estratificação do Grupo Profissional Pedagógico — O Professor de Educação Física e o Fenômeno da Estratificação O PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA E O FENÔMENO DA LIDERANÇA — Funções da Liderança — Tipos de Líderes O PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA E A ÉTICA PROFISSIONAL — Conceito de Ética — A Ética Profissional — Relações do Professor
  • 52. O PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA A Didática Tradicional considerava o professor como fator pessoal preponderante no processo educativo. A Didática Moderna, ao contrário, considera o educando como centro de tôda a obra educacional. O educador passa a atuar como elemento incentivador, orientador e controlador das atividades formativas e informativas dos alunos, auxiliando-os e esclare- cendo-os, programando as atividades e assessorando a respectiva execução. À substituição do professor pelo aluno, como centro do processo edu- cativo, John Dewey chamou com propriedade de "revolução copérnica", em Educação. John Dewey Esta nova posição, ao contrário do que pode à primeira vista parecer, passou a exigir dos mestres cada vez maiores responsabilidades. Assume o educador importância capital em qualquer sistema ou planejamento educacional, consideradas as suas responsabilidades para com o educando e a sociedade. O professor especializado em Educação Física, autêntico educador, considera antes de tudo a personalidade do aluno. Torna-se o elemento de ligação entre a escola e a comunidade, desenvolvendo uma dinâmica entre esses grupos sociais.
  • 53. REQUISITOS BÁSICOS DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA São em número de cinco os requisitos básicos que deve possuir o do- cente especializado em Educação Física: Êstes cinco requisitos nem sempre se encontram num mesmo membro do magistério ou num candidato ao correspondente mister. É bastante comum encontrar indivíduos que possuem vocação autêntica sem que, no entanto, possuam as aptidões específicas para o exercício do magistério. Outros indivíduos há, também, que, embora possuidores de verdadeira vocação, com aptidões específicas para a profissão e de bom preparo especializado, carecem de apreciável cultura geral, o que lhes dificulta a
  • 54. perfeita comunicação com as crianças e adolescentes de hoje o muitas vezes lhes impede o pleno sucesso profissional. É tese totalmente superada que o professor, mesmo o altamente es- pecializado como o é o de Educação Física, não necessita de sólida cultura geral. O autêntico professor de Educação Física é necessáriamente um estudioso, leitor assíduo, ávido de novos conhecimentos, com entusiasmo pelos mais recentes progressos de cultura, da ciência e das artes, jamais se limitando aos estreitos quadros da especialização de sua formação profissional. Cumpre-nos, ainda, fazer menção aos indivíduos que, embora dotados de vocação inequívoca e possuidores de aptidões específicas para o exer- cício do magistério altamente desenvolvidas, e que reúnem muitas vezes um número regular de informações sôbre Educação Física, não possuem a habilitação profissional correspondente à profissão. Formam estes in- divíduos, no campo da Educação Física, a legião dos "curiosos", como a dos "rábulas" na Advocacia e os "práticos" em Farmácia, Odontologia e Agronomia. Com a criação das escolas de Educação Física em nível supe- rior, não mais é possível admitir-se elementos "autodidatas" exercendo a profissão sem a devida habilitação profissional. O impedimento do exer- cício ilegal da profissão estimularia muitos dêsses elementos a realizarem seus cursos regulares nas escolas superiores de Educação Física, para obterem a indispensável habilitação profissional. VOCAÇÃO PARA O MAGISTÉRIO DE EDUCAÇÃO FÍSICA Kerschensteiner, notável pedagogo alemão, em seu livro "A Alma do Educador", afirma que "se existe alguma profissão que exija vocação profunda é a do mestre e educador, e que deve ser mestre unicamente aquêle para quem esta profissão supõe o cumprimento de seu desígnio". A atuação abnegada, as contrariedades surtas quando da busca do ideal, as ingratidões sofridas, os baixos honorários e o labor oculto e silencioso exigem no mestre a existência de u m a verdadeira vocação. A vocação gera-se no cerne da personalidade do homem. Poderíamos conceituá-la como: "a propensão fundamental do espírito, sua inclinação geral predominante para um determinado tipo de vida e de atividade, no qual encontrará plena satisfação e melhores possibilidades de auto-reali- zação". Ela revela-se através de um quádruplo aspecto: a personalidade do indivíduo, seus interesses, suas atitudes em face dos valores e ideais da sociedade em que vive e a fé no poder da Educação. A personalidade individual mais coerente com a vocação docente caracteriza-se pelo temperamento áltero-cêntrico, forte equilíbrio emo- cional, bom índice de inteligência, boa dose de sociabilidade, facilidade de comunicação e, sobretudo, idealismo.
  • 55. Os interesses individuais da verdadeira vocação para o magistério manifestam-se pelas coisas do ensino, pela obra educativa, na aspiração de um contínuo aperfeiçoamento cultural, na atração, simpatia e devoção por crianças e adolescentes, pelo desejo de auxilia-los em suas lutas, na resolução de seus problemas e na consecução de seus anseios, pelo in- teresse específico do desenvolvimento total do educando, pelo estudo e conhecimento dos objetivos da Educação Física na sociedade moderna. As atitudes do educador em face dos ideais e valores da sociedade em que vivemos, reavaliadas a cada passo à luz dos novos estudos da Socio- logia Educacional e da Filosofia da Educação, a fé no poder da Educação de conduzir o homem para obter uma vida melhor e até mesmo a alcançar a felicidade, fazem do verdadeiro professor de Educação Física um crente no humanismo, um otimista em relação à utilidade de seu próprio tra- balho. APTIDÕES ESPECÍFICAS PARA O TRABALHO DOCENTE "As aptidões específicas são atributos ou qualidades pessoais que ex- primem certa disposição natural ou potencial para um determinado tipo de atividade ou trabalho." Estes atributos da personalidade ou qualidades individuais quase sem- pre completam o quadro da vocação. A capacidade profissional do indiví- duo depende em grande parte da consonância existente entre vocação e aptidões específicas. As qualidades indispensáveis ao professor de Educação Física resul- tam de uma soma de disposições psicofísicas, dentre as quais se destacam: — saúde e normalidade física; — postura correta; — voz audível, firme, agradável e convincente, dicção perfeita; -— domínio do vernáculo — linguagem fluente, simples e objetiva; — boa visão e audição; — gesticulação moderada; — execução regular; — higidez mental; — bom humor; •— inteligência; — boa memória; — atenção; — gosto pelas atividades físicas; — naturalidade e desembaraço; — imaginação, iniciativa, firmeza e perseverança; — habilidade em criar e conservar boas relações humanas com seus alunos. Os estudiosos da Didática Hodierna concordam em que as aptidões específicas acima mencionadas são as principais para os professôres de Educação Física. Desenvolveremos, aqui, portanto, apenas argumentação sôbre uma delas: — a execução.
  • 56. A evolução do conceito de Educação Física e a posição desta "prática educativa" nos currículos das escolas modernas tornaram ultrapassada a velha tese de que o professor de Educação Física deve ser primordial- m e n t e um excelente executante, dando assim mais importância ao do- mínio das habilidades físicas. Atualmente, dá-se mais importância à sua formação didático-pedagógica, tornando-se, portanto, mais necessário pre- parar o professor para que melhor possa compreender o educando, de forma a lidar melhor com seus discípulos (individualmente ou em grupo), e para que busque a formação integral do aluno e não apenas aspectos de seu desenvolvimento, como o físico, por exemplo. Isto não significa que o docente abandone por completo o aspecto "execução". Basta apenas que êle seja capaz de demonstrar com correção as atividades, movimentações ou exercícios que propuser a seus alunos. É mais importante, à luz da Pedagogia Moderna, que o professor seja mais um educador do que um exímio executante. PREPARO ESPECIALIZADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E HABILITAÇÃO PROFISSIONAL Até a criação das Faculdades de Filosofia e das Escolas Superiores de Educação Física, todo o ensino médio de nosso País estava confiado a auto- didatas, alguns dos quais, diga-se com reverência, autênticas revelações de capacidade docente. A vocação e as aptidões específicas para o ma- gistério, juntas ao esfôrço pessoal e ao estudo da especialidade, neles supriam as lacunas oriundas da falta de uma formação sistemática para o professorado. Entretanto, muitos concluem precipitadamente que um curso sistemá- tico de formação n u m a escola superior de Educação Física bastaria para tornar qualquer candidato num protótipo do professor ideal. Ora, o curso de licenciatura de Educação Física, que assegura preparo especializado e a respectiva habilitação profissional, supõe encontrar candidatos dota- dos dêsses pré-requisitos da vocação, das aptidões específicas e da cultura geral, sem os quais qualquer formação profissional, por melhor que seja, se tornará infecunda. René Hubert, em seu "Traité de Pedagogie", exemplifica de forma insofismável: "Um químico pode limitar seu horizonte ao conhecimento da ciência química. Mas um professor de Química não pode fazer o mes- mo: o que êste tem de manejar não são apenas provetas e alambiques, mas consciências humanas em formação; a sua missão não é a de formar químicos, mas homens que conheçam a Química." Assim, vemos quão importante é conhecer bem a nossa especialida- de — Educação Física —, mas também o é conhecer o educando cuja aprendizagem vamos dirigir e as técnicas mais apropriadas para bem orientá-lo, através de esmerada e conscienciosa habilitação profissional. Quando a Didática fala em habilitação profissional, quer referir-se "ao tirocínio teórico e prático das disciplinas que compõem o quadro da mo- derna Pedagogia".
  • 57. As disciplinas pedagógicas comparar-se-iam à estratégia e à tática, para o militar, às ciências físicas e naturais, para o físico, às ciências jurí- dicas e sociais, para o advogado. São elas que lhes garantem o domínio das técnicas mais recomendadas para a sua atuação prática, que lhes asseguram a possibilidade de encon- trar as soluções para os problemas de nossa profissão, que desenvolvem o tino profissional indispensável ao bom êxito do trabalho docente. Na habilitação profissional para o magistério da Educação Física dis- tinguimos três aspectos: — fundamentação pedagógica, onde o candidato desenvolveria um es- tudo mais ou menos profundo de Filosofia da Educação, de Sociologia Educacional, de História da Educação Física, de Administração Escolar, de Psicologia Educacional e de Psicologia Aplicada à Educação Física; — fundamentação em assuntos biomédicos, onde o candidato travaria contato com a Anatomia, a Fisiologia e Nutrição, a Cinesiologia, a Fisio- terapia e a Traumatologia e os Socorros de Urgência; — habilitação técnica, em que o aluno, já familiarizado com a pro- blemática educacional e com sólidos conhecimentos de assuntos biomédi- cos, é iniciado no domínio das técnicas fundamentais da Ginástica e dos Desportos. Os princípios, as diretrizes, as normas e os critérios práticos de ação, os programas, os métodos e os procedimentos didáticos são estudados, debatidos, experimentados e aplicados pelo aluno sob a orientação dos professôres especializados, já habilitados. A Didática Geral e a Didática de Educação Física tomam, então, um papel de destaque até que surge a etapa derradeira da integração do candidato na carreira do magistério através da "prática de ensino". A Educação Física passa, assim, do plano teórico para o plano concreto de problemas práticos e imediatos a serem resolvidos pela ação direta do candidato através de seu discernimento e de seus conhecimentos es- pecíficos. CULTURA GERAL A escola moderna coloca o professor de Educação Física frente a crian- ças e adolescentes que estão de posse, através dos mais diversos meios de comunicação — televisão, cinema, rádio, revistas, jornais etc. —, de um sem-número de informações acerca das mais novas conquistas científicas, culturais e artísticas. O mestre, nos seus diálogos com os jovens, é muitas vezes interpelado sôbre acontecimentos de repercussão nacional ou mun- dial. Faz-se necessário, pois, que êle se encontre preparado para satisfazer, ainda que em linhas gerais, a curiosidade e o interesse dos alunos. Com isso não se pretende que o professor seja capaz de dar profundas explicações sôbre, por exemplo, astronáutica, física nuclear, op-art. política internacional, obra de Bach ou mesmo que mencione de cor todos os mais recentes recordes mundiais das diferentes modalidades, mas sim que, pelo menos, seus conhecimentos, mais aprofundados dos que os dos jovens, lhe permitam dialogar com estes sôbre um tema proposto.
  • 58. O trato com os professôres das demais "disciplinas" ou "práticas edu- cativas" envolve, também, um sem-número de conhecimentos que fogem ao quadro limitado de nossa especialização. Nas reuniões com a direção ou coordenação dos estabelecimentos de ensino, nas sessões das congre- gações, nos simples intervalos das aulas, o docente de Educação Física e, várias vezes, instado a manifestar opiniões que envolvem informações não especializadas, isto é, ligadas a problemas da cultura e da educação. É necessário, portanto, que êle possua uma boa cultura geral, o que evi- tará, por certo, um fatal bloqueio naquelas comunicações. Uma frágil cultura geral dificulta ou, até mesmo, impede o êxito profissional do professor de Educação Física. O PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA E O GRUPO PROFISSIONAL PEDAGÓGICO FORMAÇÃO DO GRUPO PROFISSIONAL PEDAGÓGICO A educação é um fenômeno social produzido e encontrado em todas as sociedades humanas. É uma função essencial da vida comunitária Inconsciente e involuntária entre os povos primitivos, torna-se, porém, consciente, intencional e sistemática nas altas civilizações, que desenvol- vem e aperfeiçoam essa educação fundamental, através de escolas e ins- tituições similares. Os sistemas escolares, a escola e os mestres apenas desenvolvem, apri- moram e enriquecem aquela educação original, inconsciente e involun- tária. A educação, ensina Durkhein, é, em última análise, a ação exercida pelas gerações adultas sôbre as gerações que ainda não se encontram pre- paradas para a vida social, com objetivo de nestas últimas desenvolver certo número de estados físicos, intelectuais e morais reclamados pela sociedade ou meio a que particularmente se destinem. A tarefa educativa, a princípio função exclusiva da família, fixou-se depois no grupo religioso. O sacerdote, intérprete das coisas sagradas, re- positório das lendas e tradições do grupo, compilador dos ritos e dos cân- ticos da grei, desprendido inteiramente das coisas materiais, reclamou para si a tarefa de primeiro preceptor. Assim foi na antigüidade entre os egípcios, caldeus e hindus. Na Idade Média, o ensino permaneceu em poder do grupo religioso, nessa época apresentando uma orientação nitidamente cristã. Sòmente na Idade Moderna, com a aplicação dos princípios da ra- cionalização do trabalho e a especialização de funções, é que a educação começou a concentrar-se progressivamente num grupo profissional dis- tinto, o grupo profissional pedagógico. Êste constitui u m a das formações que tiveram origem e se desenvolveram dentro do grupo dos intelectuais, distinguindo-se, entretanto, dos demais grupos desta categoria social.
  • 59. O grupo dos intelectuais, segundo Alfred Weber, é uma ''formação acima e fora das classes, caracterizando-se pela sua função social não só de produção, de crítica e de aperfeiçoamento, mas de organização, trans- missão e circulação de bens e valores espirituais, que constituem a heran- ça social de u m a sociedade ou civilização determinada". Êste grupo não constitui nem uma corporação nem uma classe, mas sim uma formação social de caráter ocupacional. É um grupo aberto e em permanente reno- vação, podendo organizar-se com elementos de todas as classes com a trí- plice função social de criar, julgar e transmitir valores e ideais de deter- minada sociedade. Os educadores, responsáveis pela transmissão dêsses valores e ideais através da palavra e do exemplo, ocupam, sem dúvida, o ápice da hierar- quia dentro da categoria dos intelectuais. O FENÔMENO DA ESTRATIFICAÇÃO DO GRUPO PROFISSIONAL PEDAGÓGICO Os princípios da divisão do trabalho e a crescente complexidade dos sistemas escolares determinam uma especialização no próprio grupo pro- fissional pedagógico. Surgem, portanto, subgrupos com suas característi- cas e peculiaridades próprias, de acordo com os níveis, graus ou especia- lidades do ensino. Os interesses particulares de cada subgrupo e a falta de unidade do grupo profissional pedagógico fazem com que os profissionais especiali- zados se organizem em associações de âmbito restrito (associação dos pro- fessôres primários, dos professôres secundários, dos professôres de Edu- cação Física, por exemplo). O crescimento quantitativo do grupo, a distribuição hierárquica de seus elementos, de acordo com os níveis ou graus de ensino, e a organi- zação racional do trabalho no campo da educação vêm dando origem ao fenômeno de estratificação (formação de camadas) do grupo profissional pedagógico. Segundo Sorokin, a estratificação manifesta-se de duas formas fun- damentais, a saber:
  • 60. — estratificação interprofissional, na forma de uma hierarquia entre os diferentes grupos profissionais; — estratificação intraprofissional, ocorrida dentro de cada grupo pro- fissional.
  • 61. Pode-se determinar, através de diferentes processos de avaliação (in- quéritos, dados estatísticos, questionários e t c ) , a posição que o grupo profissional pedagógico ocupa em relação ao grupo dos intelectuais ou a outros grupos: industriários, engenheiros, comerciários, bancários e outros (estratificação interprofissional). É possível, também, realizar estudos sôbre estratificação intrapro- fissional, determinando-se a posição dos subgrupos, as diferenças de ho- norários etc. A maioria dos problemas decorrentes dos processos de estratificação não foi ainda solucionada nem ao menos suficientemente examinada. O PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA E O FENÔMENO DA ESTRATIFICAÇÃO O conhecimento dessas formas de estratificação é importante para que o professor de Educação Física possa compreender a problemática que envolve o grupo profissional especializado a que êle pertence. O estudo da estratificação interna do grupo profissional pedagógico determinada pelas diferenças de nível de preparação profissional, de ho- norários, de vantagens e regalias, as formas de inter-relacionamento entre os diferentes grupos ou categorias de professôres, possibilita aos mestres melhor interpretação de tôda esta problemática. O professor de Educação Física julga-se, muitas vezes, preterido ou mesmo vítima de discriminação pessoal, quando o seu subgrupo é que se encontra envolvido por um dos mais interessantes fenômenos estuda- dos pela Sociologia Educacional. Evidencia-se claramente, hoje em dia, a superposição dos subgrupos cujos elementos dão mais ênfase à instrução sôbre aquêles cujos membros se preocupam mais com a educação, fruto, talvez, do domínio que a ciência e a tecnologia exercem sôbre a vida moderna. A educação vê-se, assim, relegada a um plano secundário pela maior ênfase dada à instrução. Mas é necessário ressaltar-se que educação não é apenas instrução. Perde desta forma o professor, repetidamente, a consciência da obra total da educação, limitando-se a atender, apenas, a aspectos ligados à sua especialidade. O professor de Educação Física deve considerar que a especialização excessiva tende a deformar o homem e que a rotina diária estreita cons- tantemente a visão de conjunto que devemos ter acerca da obra educativa, e procurar, portanto, meios para combater e superar estes problemas inerentes ao magistério. No grupo profissional pedagógico distingue-se nitidamente a superpo- sição de subgrupos em que é mais acentuada a exigência intelectual sôbre aquêles em que esta parece menos marcante. Como exemplo, temos a for- mação de subgrupos dos professôres de Física, Química, Matemática, His- tória, superpondo-se aos de Educação Física, Educação Musical, Educação Doméstica e outros.