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Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
Núcleo de Educação à Distância - Universidade de Pernambuco - Recife
Rêgo, Luciane Borges do
Didática / Luciane Borges do Rêgo, Maria Vitória Ribas de Oliveira
Lima. – Recife: UPE, 2010
44 p.
ISBN - 978-85-7856-077-5
1. Didática - Fundamentos. 2. Pedagogia e educação. 3. Planejamento Peda-
gógico. I. Lima, Maria Vitória Ribas de Oliveira. II. Universidade de Pernambuco
- UPE. III. Título.
CDU 37.026
R343d
Universidade
de
Pernambuco
-
UPE
NEAD
-
NÚCLEO
DE
EDUCAÇÃO
A
DISTÂNCIA
REITOR
Prof. Carlos Fernando de Araújo Calado
VICE-REITOR
Prof. Rivaldo Mendes de Albuquerque
PRÓ-REITOR ADMINISTRATIVO
Prof. José Thomaz Medeiros Correia
PRÓ-REITOR DE PLANEJAMENTO
Prof. Béda Barkokébas Jr.
PRÓ-REITOR DE GRADUAÇÃO
Profa. Izabel Christina de Avelar Silva
PRÓ-REITORA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
Profa. Viviane Colares Soares de Andrade Amorim
PRÓ-REITOR DE DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL E EXTENSÃO
Prof. Rivaldo Mendes de Albuquerque
COORDENADOR GERAL
Prof. Renato Medeiros de Moraes
COORDENADOR ADJUNTO
Prof. Walmir Soares da Silva Júnior
ASSESSORA DA COORDENAÇÃO GERAL
Profa. Waldete Arantes
COORDENAÇÃO DE CURSO
Profa. Giovanna Josefa de Miranda Coelho
COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA
Profa. Maria Vitória Ribas de Oliveira Lima
COORDENAÇÃO DE REVISÃO GRAMATICAL
Profa. Angela Maria Borges Cavalcanti
Profa. Eveline Mendes Costa Lopes
Profa. Geruza Viana da Silva
GERENTE DE PROJETOS
Profa. Patrícia Lídia do Couto Soares Lopes
ADMINISTRAÇÃO DO AMBIENTE
Igor Souza Lopes de Almeida
COORDENAÇÃO DE DESIGN E PRODUÇÃO
Prof. Marcos Leite
EQUIPE DE DESIGN
Anita Sousa
Gabriela Castro
Rafael Efrem
Renata Moraes
Rodrigo Sotero
COORDENAÇÃO DE SUPORTE
Afonso Bione
Prof. Jáuvaro Carneiro Leão
EDIÇÃO 2010
Impresso no Brasil - Tiragem 180 exemplares
Av. Agamenon Magalhães, s/n - Santo Amaro
Recife / PE - CEP. 50103-010
Fone: (81) 3183.3691 - Fax: (81) 3183.3664
DIDÁTICA
Profa. Luciane Borges do Rêgo
Profa. Maria Vitória Ribas de Oliveira Lima | 45 horas
Objetivo geral
Apresentação da disciplina
Ementa
Concepção, histórico, fundamentos; organização
do trabalho pedagógico na escola básica; tendên-
cias pedagógicas da educação brasileira; plane-
jamento e avaliação do ensino – aprendizagem;
abordagens interativas mediadas pela tecnologia
educacional.
Apropriar-se dos fundamentos teórico-metodoló-
gicos dos processos de ensino e de aprendizagem,
para desenvolver ações pedagógicas no atual con-
texto educacional.
As informações apresentadas nos quatro capítulos da disciplina DIDÁTICA propõem diversas abor-
dagens, a fim de que possam favorecer a elaboração de conhecimentos pedagógicos relevantes à
formação do docente. Por se tratar de uma disciplina, cujos enfoques somente se efetivam com a
contextualização dos conteúdos específicos das áreas de ensino (Língua portuguesa, Matemática,
Ciência, História, Geografia etc), as abordagens pedagógicas preveem:
• leituras e interpretações de textos;
• pesquisas bibliográficas em fontes diversas: sites, vídeos, periódicos e livros;
• solicitação de atividades para reflexão, ampliação dos conhecimentos práticos e avaliação da
aprendizagem.
A AVALIAÇÃO
A avaliação será desenvolvida de forma processual, realizada ao longo do curso, através de di-
versas atividades, tanto com a finalidade do redimensionar do conhecimento como de atender
o controle acadêmico. Nesse sentido, serão realizadas atividades de acompanhamento da apro-
priação dos conhecimentos, via ambiente virtual (fóruns e Webquest) e dois exercícios presenciais,
mais a avaliação final para os alunos que não obtiverem aprovação por média.
CONTEÚDO
CAPÍTULO I - DIDÁTICA: Conceito e concepções
	
CAPÍTULO II - PLANEJAMENTO NA DINÂMICA DO
TRABALHO DOCENTE
	
CAPÍTULO III - RECURSOS DIDÁTICOS E TECNOLÓGICOS
E A ORGANIZAÇÃO ESCOLAR
	
CAPÍTULO IV - AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM E OS
PROCESSOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
•	 Identificar novos paradigmas da educação no mun-
do contemporâneo;
	
•	 Relacionar os conceitos de educação, pedagogia e
didática;
	
•	 Diferenciar as principais concepções sobre a aquisi-
ção do conhecimento pelo sujeito aprendente;
	
•	 Planejar ações educativo-pedagógicas viabilizadoras
da formação pedagógica do aluno;
	
•	 Reconhecer a importância da utilização dos recursos
tecnológicos no processo de mediação do conheci-
mento;
	
•	 Construir um perfil profissional do educador exigido
pelo contexto atual da sociedade.
capítulo 1 7
Profa. Luciane Borges do Rêgo
Profa. Maria Vitória Ribas de Oliveira Lima
Carga Horária | 15 horas
INTRODUÇÃO
	
Caro professor!
Para que possamos desempenhar, de modo competente, a docência na escola básica (Educação
Infantil, Ensino Fundamental e Médio) não basta, apenas, o domínio dos conteúdos na área em
questão mas também conhecer alguns recursos pedagógicos que concorrem como fatores favorá-
veis à elaboração e/ou à (re)elaboração de conhecimentos necessários para a integralização de sua
formação de educador/docente. Para tanto, alguns temas são fundamentais para a compreensão
da prática a ser desenvolvida. Outros itens abordam situações que remetem à prática desenvol-
vida em sala de aula. Portanto, numa perspectiva teórico-prática, este capítulo apresenta temas
básicos em relação à apropriação de conceitos importantes, a fim de que possam ser efetivados
na prática escolar, de forma consciente e crítica.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
•	 Identificar novos paradigmas da educa-
ção no mundo contemporâneo;
•	 Relacionar os conceitos de educação,
pedagogia e didática;
•	 Diferenciar as principais concepções so-
bre a aquisição do conhecimento pelo
sujeito aprendente;
•	 Definir um perfil necessário ao docente
da escola básica no contexto socioedu-
cativo contemporâneo.
DIDÁTICA:
CONCEITOS E
CONCEPÇÕES
capítulo 1
8
Para melhor entender os quatro pilares
da educação, acesse o link:
http://4pilares.net/text-cont/delors-pilares.htm
1. CONCEITO
DE EDUCAÇÃO,
PEDAGOGIA E
DIDÁTICA
O termo EDUCAÇÃO origina-se do latim “edu-
care”, que significa alimentar, criar, fazer sair,
conduzir para fora.
Do ponto de vista social, a educação refere-
-se à transmissão através das gerações adultas,
de valores, normas, usos, costumes e conheci-
mentos aos mais jovens; os fins da educação
têm variado conforme a época e as sociedades.
Do ponto de vista individual, pode-se conside-
rar que a educação é um processo contínuo e
permanente de desenvolvimento e de huma-
nização.
Segundo Delors (2003), a Educação surge
como um trunfo indispensável à humanidade
na sua construção dos ideais de PAZ, de LIBER-
DADE e de JUSTIÇA SOCIAL.
No contexto do mundo atual, a educação deve
vir ao encontro das necessidades contemporâ-
neas, contribuindo para:
•	 articular progressos científicos e tecnológi-
cos e o desenvolvimento econômico e so-
cial, favorecendo a inclusão de todos;
	
•	 a preservação do ambiente natural do pla-
neta;
	
•	 superar as tensões entre a tradição cultural
e a contemporaneidade e a competição e
a igualdade de oportunidades;
	
•	 construção de valores éticos e morais;
	
•	 respeitar a pluralidade de ideias.
O conceito de educação ao longo da vida apa-
rece como uma das chaves de acesso ao sé-
culo XXI, segundo o relatório da UNESCO, no
ano de 2003, que coloca quatro pilares con-
siderados como bases da educação do futu-
ro: aprender a conviver, aprender a conhecer,
aprender a fazer e aprender a ser.
A educação deve, pois, constantemente,
acompanhar as transformações da sociedade,
sem deixar de reconhecer as aquisições e os
saberes construídos pela humanidade, frutos
da experiência humana, contribuindo para a
construção da cidadania.
A sociedade humana, ao longo dos anos, criou
a instituição escolar por entendê-la como um
meio pelo qual são assegurados os valores, os
saberes, as crenças e as tradições de sua cultu-
ra de forma sistemática.
A educação escolar, portanto, dependendo da
compreensão de mundo e de homem, pode
desenvolver ações educativas mantenedoras
ou transformadoras da sociedade.
Pedagogia:o termo vem do grego (pais, paidós
= criança; agein = conduzir; logos = tratado,
ciência), significa “conduzir o aprendiz”.
Porém, constitui-se em um estudo sistemático
sobre a educação, com direcionamento para
agir. Uma concepção pedagógica é um con-
junto de princípios e diretrizes que orientam
a ação educativa. O seu objeto de estudo é a
prática educativa como ponto central de refe-
rência de sua investigação e consequentes di-
reções teórico-práticas.
A DIDÁTICA tem a sua origem na língua gre-
Saiba Mais:
capítulo 1 9
Na histórica da Didática, o filósofo tcheco Comê-
nius é o primeiro pedagogo dos tempos moder-
nos. Também foi considerado o pai da Didática
moderna: A Didática Magna ou Tratado da Arte
Universal de ensinar tudo a todos, escrita em
tcheco, em 1629-1632, traduzida para o latim
em 1640 e só publicada em 1657. A Didática
Magna é uma obra de referência para todos os
que buscam compreender o sentido mais pro-
fundo do humanismo na educação, ressaltando
que ‘não se deve, pois, excluir ninguém dos be-
nefícios da educação e da instrução’. Comênius
revolucionou o modelo de educação da época e
que continua a despertar um interesse por todos
que buscam compreender a
melhor forma de conduzir o en-
sino para todos. Conduziu seu
método de ensino com o princí-
pio de que não existe mau alu-
no, o que deve existir sim: boas
bibliotecas, bons professores e
bons métodos.
aprendizagem do aluno e outros aspectos que
dizem respeito ao ato educativo são tratados
pela Didática de forma crítica e comprometi-
da com a formação da CIDADANIA e com o
modo de aquisição do CONHECIMENTO. Com
a preocupação de enfatizar a importância des-
ses dois processos na educação, a DIDÁTICA
compromete-se com a reflexão dos caminhos
que levam à construção do conhecimento em
todas as áreas do currículo escolar.
2. CONHECIMENTO
E APRENDIZAGEM:
algumas considerações
O ser humano apreende a realidade do mundo
ao seu redor num processo que se realiza em
variadas situações contextualizadas, participa-
tivas e, sobretudo, culturais.
É importante para o educador refletir sobre
o processo de aquisição do conhecimento no
sentido de auxiliar a mediação entre o aluno
(sujeito) e o que ele aprende (objeto de conhe-
cimento).
O professor não é um simples executor das
prescrições do currículo. O professor tem um
papel muito mais importante que o de sim-
plesmente transmitir conhecimentos aos seus
alunos. Nesse sentido, o professor tem o papel
de mediar, porque ele está no meio, como um
agente de ligação entre o conhecimento e os
aprendentes. Assim, o professor deve interpre-
tar como um agente de ligação entre o currí-
culo e os alunos.
A concepção que o professor tem do conhe-
cimento e os valores que ele julga importante
trabalhar constituem as bases da prática pe-
ga, significando “fazer aprender”, “instruir”,
“ensinar”. A Didática, por muitos anos, foi
compreendida como um conjunto de proce-
dimentos técnicos cujo objetivo principal era o
de garantir o bom ensino, técnicas pedagógi-
cas eficientes e bem conduzidas produziam a
eficácia educativa.
Atualmente, sabe-se que a Didática tem como
objetivo os processos de ensino e de apren-
dizagem, ultrapassando a técnica, sendo um
meio de compreensão crítica da educação e
dos processos de ensino e de aprendizagem. A
Didática, em termos técnicos e práticos, possui
um conteúdo implícito, uma concepção de so-
ciedade, de homem e de educação.
Nesse sentido, vamos distinguir, nessa dis-
ciplina, as diferenças e implicações teórico -
práticas entre a visão da didática como uma
simples aplicação de técnicas ou como uma
compreensão crítica dos processos de ensino e
de aprendizagem, tendo o professor como um
mediador no processo didático de ensino e de
aprendizagem.
As reflexões sobre educação, a escola como
instituição social, os procedimentos pedagógi-
cos, a avaliação dos processos de ensino e de
Saiba Mais:
http://static.infoescola.com/wp-content/
uploads/2010/08/Jan-Amos-Comenius.jpg
capítulo 1
10
dagógica. Esta se concretiza nas relações que
ocorrem nos espaços pedagógicos. Os espaços
pedagógicos, como você sabe, são aqueles em
que as pessoas estabelecem relação com o co-
nhecimento. A escola é um deles, mas, na atu-
alidade, há outros espaços como os espaços
virtuais, pelo qual você vai estabelecer interati-
vidade com o conhecimento.
Agora vamos estudar as diversas práticas de-
senvolvidas nos espaços pedagógicos e as ten-
dências pedagógicas que orientam tais práti-
cas.
2.1. O paradigma conservador
Nas últimas décadas do século XX, o ensino
nas instituições educativas tem-se apresentado
por uma prática pedagógica, em muitos casos,
conservadora e tradicional. Na realidade, os
professores vêm sofrendo uma forte influência
do paradigma newtoniano-cartesiano que ca-
racterizou a ciência no século XIX e grande par-
te do século XX. Esse paradigma contaminou,
por muitos anos, a sociedade e, em especial,
a escola, em todos os níveis de ensino. Este
pensamento propôs a fragmentação do todo
e, por conseqüência, as escolas repartiram o
conhecimento em áreas, as áreas em cursos,
Figura 01
os cursos em disciplinas, as disciplinas em es-
pecificidades. A repartição foi tão contunden-
te que levou os professores a realizarem um
trabalho docente completamente isolado em
suas salas de aula.
A influência deste paradigma na ação docen-
te é a busca da reprodução do conhecimento.
Caracterizada pela fragmentação, a prática pe-
dagógica propõe ações mecânicas aos alunos,
provocando um ensino que prioriza o escute,
leia, decore e repita. Estas quatro ações têm
sido propostas como metodologia no ensino
por um longo período na história da educa-
ção. Em sua grande maioria, os professores ex-
plicam o conteúdo e a classe acompanha em
silêncio. A pesquisa do conteúdo e elaboração
do conhecimento é realizada pelo professor
para ministrar as aulas. Na explicação do con-
teúdo, cabe aos alunos o papel de espectado-
res passivos para assimilar, memorizar e repro-
duzir os conteúdos propostos. Nesse contexto,
podemos indagar:
Quem está no processo de aprendizagem? O
aluno ou o professor ? A resposta ideal seria:
os dois são sujeitos do processo. Mas, infeliz-
mente, o aluno tem sido tratado como objeto,
passivo e receptivo no trato pedagógico. Sal-
vo raras exceções, os docentes conservadores
aliam a competência ao autoritarismo. O si-
lêncio e a disciplina são essenciais para desen-
cadear o ensino reprodutivo e conservador. A
avaliação tem o seu foco na memorização e na
O paradigma Newtoniano-Cartesiano que in-
fluencia até hoje os campos do conhecimento
científico partem do pressuposto de que, para
conhecer o todo, é preciso fragmentá-lo. O todo
seria, então, resultado da união destas partes me-
nores. Este fato levou a ciência, mais especifica-
mente, ocidental a fragmentar o mundo e criou
em todos os segmentos tecnólogos especialistas,
que não veem o mundo como um todo. Tal mo-
delo tem como princípios o racionalismo, o con-
trole, o individualismo, a hierarquia e outros.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Paradigma_holistico
http://cegueiracientifica.blogspot.com/2009/01/
paradigma-newtoniano-cartesiano.html
Saiba Mais:
capítulo 1 11
assimilação, e, em algumas áreas, o professor
adquire credibilidade pelo número de alunos
que são reprovados na sua disciplina.
A grande ênfase no produto permitiu aos pro-
fessores que, muitas vezes, ingenuamente,
formassem homens dóceis, acéticos e repro-
dutores do conhecimento alheio.
Para fins didáticos, caberia colocar dentro dos
paradigmas conservadores as tendências pe-
dagógicas: tradicional, escolanovista e tecni-
cista. Todas essas abordagens, respeitando as
caracterizações próprias para cada época em
que foram propostas, apresentam como es-
sência a reprodução do conhecimento.
Você costuma refletir sobre sua prática peda-
gógica? Na verdade, poucos professores refle-
tem sobre a sua ação docente. A formação pe-
dagógica dos docentes deve ser permeada por
uma reflexão contínua entre teoria e prática.
Não basta instrumentalizar o professor com
procedimentos técnicos, para que prática seja
renovada. É necessária a reflexão crítica e con-
textualizada nas necessidades sociais e educa-
cionais dos estudantes.
2.2. Um novo modelo
Os avanços tecnológicos e científicos provo-
caram mudanças na sociedade. A grande velo-
cidade e o impressionante volume de informa-
ções que são produzidos, além da facilidade
Texto complementar:
http://www.ufsm.br/lec/01_00/DelcioL&C3.htm
1.	Construa um quadro, situando o papel do
professor e do aluno nas concepções conser-
vadoras (tradicional, escolanovista e tecnicis-
ta).
Saiba Mais:
Atividades:
de acesso a elas, tornam os paradigmas con-
servadores obsoletos. O final do século 20 car-
acteriza-se pelo advento da sociedade do con-
hecimento, da revolução da informação e da
exigência da produção do conhecimento. Esse
processo de mudança afeta profundamente
os profissionais de todas as áreas do conheci-
mento e, por consequência, exige o repensar
dos seus papéis e suas funções na sociedade.
A sociedade passa a exigir profissionais que
tenham capacidade de tomar decisões, que
sejam autônomos, que produzam com inicia-
tiva própria, que saibam trabalhar em grupo,
que partilhem suas conquistas e que estejam
em constante formação. Nesse movimento de
mudança, o professor passa a ter um papel
fundamental de articulador e mediador entre
o conhecimento elaborado e o conhecimento
a ser produzido.
O novo paradigma da ciência, gerado com
base na teoria da relatividade e na teoria da
física quântica, implica um repensar sobre o
papel da educação na vida dos homens. A
abordagem que analisa o mundo em partes
independentes já não funciona.
No campo educacional, há uma valorização
da importância de diálogos que precisam ser
restabelecidos, com base em um enfoque mais
holístico e em um modo menos fragmentado
de ver um mundo e nos posicionarmos diante
dele. Já não podemos prescindir de uma visão
mais ampla, global para que a mente humana
funcione de modo mais harmonioso no sen-
tido de colaborar para a construção de uma
sociedade mais ordenada, justa, humana, fra-
terna e estável. A superação da visão cartesi-
ana de mundo demanda repensar o sistema de
valores que estão subjacentes a esse paradig-
ma. O novo modelo na ciência, com uma visão
Figura 02
capítulo 1
12
quântica, demanda reconhecer que todos os
seres são interdependentes e que “nossas vi-
das estão entrelaçadas com o mundo atual,
dependem de nossa atuação e nosso contexto,
em nossa realidade, que será revelada medi-
ante uma construção ativa em que o indivíduo
participe” (MORAES, 1997, p. 22).
Buscando uma visão de totalidade, de con-
exão, de interdependência, a escola nesse
paradigma é articuladora do saber. Não é só
um espaço físico, mas, sim, um estado perma-
nente do indivíduo, onde o trabalho colabora-
tivo está sempre presente.
O novo paradigma tem como pressuposto es-
sencial uma prática pedagógica que possibil-
ite a produção do conhecimento. Embora se
apresentem variadas denominações, o novo
paradigma caracteriza-se pela produção do
conhecimento e permite um encontro de abor-
dagens e tendências pedagógicas que possam
atender às exigências da sociedade do conhe-
cimento ou da informação. O mundo mudou,
e, com ele, as expectativas e necessidades dos
homens passaram a ter outras perspectivas.
Não se pode apontar uma única abordagem
pedagógica para contemplar o paradigma
emergente. Por exemplo, Moraes (1997)
propõe o encontro das abordagens construtiv-
ista, interacionista e sociocultural.
O ponto de encontro dessas abordagens
é a superação da reprodução e a busca da
produção do conhecimento. Na realidade, é
uma produção do conhecimento que permite
aos homens serem éticos, autônomos, reflexi-
vos, críticos e transformadores; que, ao inovar
os profissionais e, em especial, os professores,
preocupem-se em oferecer uma melhor quali-
dade de vida para os homens, provocando,
nesse processo, uma reflexão de que se vive
num mundo global, portanto, são respon-
sáveis pela construção de uma sociedade mais
justa e igualitária.
Como diz Franco (1995), o professor precisa compre-
ender que, como toda a realidade, a “sala de aula”
bem como o aluno e o próprio professor estão inse-
ridos em uma rede de relações e que tudo o que está
ocorrendo na sala de aula faz parte de um processo
interminável e impossível de ser controlado, e o pro-
fessor precisa participar desse processo, a fim de con-
tribuir para que ele se dê da melhor forma possível.
3. APRENDIZAGEM
SIGNIFICATIVA
Você, aluno, lembra-se de um “rap”, do com-
positor Gabriel, o Pensador sobre a escola bra-
sileira? O texto referente a este item inicia-se
com um trecho da música “Estudo errado”
que possibilitará situá-lo melhor no tema a ser
estudado.
ESTUDO ERRADO
Autor: Gabriel, o Pensador
Eu to aqui. Pra quê?
Será que é pra aprender?
Ou será que é pra aceitar, me acomodar e
obedecer?...
Tô cansado de estudar, de madrugada, que
Sacrilégio (Vai pro Colégio!!).
Então eu fui relendo tudo até a prova
começar.
A realização das atividades de estudo propostas
nesse capítulo o ajudará compreender o assunto
e, assim, interagir com seus colegas e professores
no primeiro fórum temático da disciplina no
qual iremos discutir as implicações teórico-práti-
cas entre a visão da didática como uma simples
aplicação de técnicas ou como uma compreensão
crítica dos processos de ensino e de aprendiza-
gem, tendo o professor como um mediador no
processo didático de ensino e de aprendizagem,
com base nas abordagens construtivistas.
2.	Construa um quadro, situando o papel do
professor e do aluno no âmbito das concep-
ções construtivistas.
Atividades:
capítulo 1 13
Voltei louco pra contar: Manhê! Tirei um dez
na prova. Me dei bem, tirei um cem.
E eu quero ver quem me reprova. Decorei
toda a lição.
Não errei nenhuma questão. Não aprendi
nada de bom. Mas tirei dez (boa filhão).
Quase tudo que aprendi, amanhã já esqueci.
Decorei, copiei, memorizei, mas não entendi.
Quase tudo que aprendi, amanhã já esqueci.
Decorei, copiei, memorizei, mas não entendi.
Decoreba: esse é o método de ensino.
Eles me tratam como ameba e assim eu nem
raciocino.
Não aprendo as causas e conseqüências, só
decoro os fatos
Desse jeito até história fica chato...
Mas o ideal é que a escola me prepara para
vida.
Discutindo e ensinando os problemas atuais.
E não me dando as mesmas aulas que eles
deram pro meus pais...
Leu ou cantou o “rap” de Gabriel? Percebeu a
mensagem dos versos?
Então, reflita um pouco sobre alguns aspectos
do texto musical que são alvos da crítica do
autor e os relacione para si, a fim de que, após
a leitura do texto que vem a seguir, você possa
ampliar a sua leitura crítica com a avaliação de
suas experiências como estudante, ao longo
de sua vida escolar.
No texto a seguir, você identificará algumas
ideias importantes sobre a aprendizagem.
Atualmente a escola tem sido muito avaliada;
os métodos e as abordagens de ensino são
objetos de crítica assim como seus resultados
avaliativos. Apesar do surgimento de ideias
educacionais, visando à melhoria da apren-
dizagem e do desempenho docente, a escola
continua, conforme expressão da professora
Smole (2007), “dominada por uma concepção
pedagógica tradicional”.
Os alunos continuam memorizando conteú-
dos muitas vezes desconectados de suas ex-
periências, e os professores expondo os assun-
tos e aplicando exercícios; em consequência , a
indisciplina e o desinteresse ocorrem.
Como a escola, através das atividades ped-
agógicas, pode se organizar, a fim de envolver
o aluno na sua própria aprendizagem, tornan-
do-o mais autônomo?
Há muitas contribuições teóricas no campo da
Psicologia e da Pedagogia; uma delas é a que
trata da APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA. A
teoria inicial foi delineada por Ausubel (1980),
psicólogo nascido nos Estados Unidos.
São alguns princípios norteadores da teoria:
•	 o conhecimento humano é construído;
	
•	 o sujeito somente aprende, quando existe
a interação de uma informação com um
aspecto relevante da sua estrutura cogniti-
va (mente humana). Isso significa incorpo-
ração do novo conhecimento às estruturas
cognitivas.
	
•	 relação entre as ideias novas com as idé-
ias preexistentes na mente do sujeito. Isso
significa que os conhecimentos prévios dos
aprendizes têm grande influência sobre a
aprendizagem significativa de novos con-
hecimentos. Aqueles são denominados de
ideias, conceitos, fatos denominados inte-
gradores ou subsunçores.
	
•	 ao aprender de forma significativa, o su-
jeito retém a substância (o essencial) das
novas ideias.
	
•	 a predisposição favorável do sujeito é um
elemento relevante para o domínio dos
conceitos e para a solução de problemas
reais (NOVAK, 1980).
capítulo 1
14
•	 o conhecimento deve ser visto como uma
rede de significados em permanente pro-
cesso de transformação, a cada nova INTE-
RAÇÃO.
4. UMA NOVA
ABORDAGEM DIDÁTICA
Uma nova abordagem didática – metodológi-
ca deve ser vivenciada, tendo como objetivo
a construção da cidadania social, política e
econômica.
Quando se fala a palavra cidadania, logo sur-
gem ideias, como: participação, direitos e de-
veres da pessoa na sociedade. A conquista da
cidadania passa pela conscientização do ser
humano sobre a sua identidade política, isto é,
reconhecer-se como um membro participante
dos destinos do seu país, de sua comunidade,
bem como ter acesso a uma vida de qualidade
e poder usufruir do progresso humano.
Atualmente, fala-se constantemente em in-
clusão social, porém, para se sentir incluso, é
necessário não só “estar no mundo” mas “com
o mundo”, como diz Paulo Freire (1981). Ai-
nda citando o grande educador, “estar com
o mundo resulta de sua abertura à realidade,
que o faz ser o ente de relações que é” (FREIRE,
1981).
Como está situada a escola como uma institu-
ição social em face a essa realidade colocada?
Sabe-se que a educação escolar não pode
ser dissociada do todo da sociedade, conse-
quentemente apresenta contradições e deter-
minantes, que nem sempre permitem sua au-
tonomia plena. Porém, é relevante seu papel
transformador e a sua função de assegurar os
conhecimentos científicos e culturais a todos
os cidadãos, elevando-os culturalmente.
A escola, como instituição social e que deseja
ser CIDADÃ, deve:
•	 ser dialógica (vivenciar o diálogo);
	
•	 desenvolver a autonomia (preparar o aluno
para a independência intelectual);
	
•	 praticar a autogestão democrática (toma-
da de decisões coletivas/abertura de canais
de participação);
	
•	 ser comunitária (envolver-se nos problemas
e nas soluções da comunidade);
	
•	 ser democrática (abrir os seus espaços para
todos em sua heterogeneidade);
	
•	 ser pluralista (conviver com diversas ideias
e conflitos e discuti-los);
- ter um projeto coletivo (discussão entre todos
os membros com decisões políticas e
pedagógica para as ações).
Portanto, para que se possibilite uma escola
para todos, e, em especial, uma escola pública
democrática, deve-se não só oferecer acesso
à permanência, mas “construir a cultura do
sucesso escolar, no trato dado ao conheci-
mento, na superação dos preconceitos e nas
práticas” (SANTIAGO, 1998).
5. CONSEQUÊNCIAS
PEDAGÓGICAS
Podemos registrar alguns aspectos relaciona-
dos às consequências didático-pedagógicas do
estudo deste capítulo, tais como:
•	 o aluno pode aprender por múltiplos
caminhos e usar diversos meios e modos
de expressões (SMOLE, 2007);
	
•	 o processo de ensino e aprendizagem deve
possibilitar o desenvolvimento e a valoriza-
ção de todas as competências intelectuais:
espaciais, corporais, pictóricas (pinturas),
inter e intrapessoais, além das linguísticas
e lógico-matemáticas (ibid).
capítulo 1 15
•	 o professor é um mediador para a aqui-
sição e para o desenvolvimento da apren-
dizagem, orientando a busca de diversas
fontes, além das tradicionais, os melhores
sites, indicando links, etc.
	
•	 a aprendizagem escolar é um processo
ativo do ponto de vista do aluno; ele con-
strói, modifica, enriquece seus esquemas
de conhecimento a respeito de diferentes
conteúdos escolares.
	
•	 o ponto de partida da aprendizagem é o
significado; deve estar ligado à prática so-
cial, à importância do contexto.
	
•	 a aprendizagem é um processo resultante
do cruzamento da rede de saberes con-
struídos (prévios) pelos alunos, saberes so-
ciais de referências e saberes escolares.
	
•	 a habilidade de aprender a aprender e a
pensar é possibilitada ao aluno através da
INVESTIGAÇÃO. Os desafios devem pro-
vocar questionamentos e modificação dos
esquemas prévios, ou seja, na maneira de
ver, interpretar e atuar no mundo.
	
•	 Professor e estudantes se consideram
como pessoas e não, como papéis; hipóte-
ses e pensamento divergentes fazem parte
do processo criativo; o professor é também
aluno, aprendiz dos estudantes.
GLOSSÁRIO
Interatividade: participação;intervenção;
bidirecionalidade;hibridação; permutabilida-
de. (SILVA, Marco. 2000).
Paradigma: modelo, padrão ou norma, algo
que serve como parâmetro de referência,
como um semáforo ou uma estrutura conside-
rada ideal ou merecedora de ser seguida.
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Revista de Educação. AEC do Brasil, a.27,
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SMOLER, Kátia Cristina Stocco. Aprendizagem
Significativa: o lugar do conhecimento e da
inteligência. Revista Construir Notícias, n.34,
Ano 06, Recife, maio/jun, 2007.
capítulo 2 17
Profa. Luciane Borges do Rêgo
Profa. Maria Vitória Ribas de Oliveira Lima
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INTRODUÇÃO
	
O planejamento pedagógico é uma tarefa que inclui tanto a previsão das atividades didáticas em
termos da sua organização e coordenação em fase dos objetivos propostos quanto a sua revisão
e adequação no decorrer do processo de ensino (LIBÂNEO,1991). Desse modo, este capítulo abor-
da o tema, mostrando a importância do planejamento na estruturação do trabalho pedagógico,
evidenciando as vantagens da organização do trabalho docente, as etapas de construção (moda-
lidade de planejamento), os procedimentos (dinâmica do processo de ensino e aprendizagem),
enfatizando a coerência entre a prática desenvolvida e as referências que a fundamentam.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
•	 Definir uma concepção de Planejamen-
to Educacional numa visão transforma-
dora.
•	 Diferenciar tipos de planejamento edu-
cacional.
•	 Reconhecer a importância da previsão
de situações didáticas e de recursos ne-
cessários às aprendizagens.
•	 Organizar planos de ensino a partir de
referenciais teóricos e da realidade do
contexto educativo.
•	 Relacionar o Projeto Político-Pedagógi-
co da escola às atividades curriculares.
O PLANEJAMENTO
PEDAGÓGICO NA
DINÂMICA
DO TRABALHO
DOCENTE
capítulo 2
18
1. PLANEJAMENTO
EDUCACIONAL
O ato de planejar faz parte da história do ser
humano, pois o desejo de transformar sonhos
em realidade objetiva é uma preocupação
marcante de toda pessoa. Em nosso dia-a-dia,
sempre estamos enfrentando situações que
necessitam de planejamento, mas nem sem-
pre as nossas atividades diárias são delineadas
em etapas concretas da ação, uma vez que já
pertencem ao contexto de nossa rotina. Entre-
tanto, para a realização de atividades que não
estão inseridas em nosso cotidiano, usamos os
processos racionais para alcançar o que dese-
jamos.
As ideias que envolvem o planejamento são
amplamente discutidas nos dias atuais, mas
um dos complicadores para o exercício da prá-
tica de planejar parece ser a compreensão de
conceitos e o uso adequado destes. Assim o
objetivo deste capítulo é o de procurar explici-
tar o significado básico de termos, tais como
planejamento, plano, programa, projeto e ou-
tros. Cabe ressaltar que, neste breve texto, não
se pretende abordar todos os níveis de plane-
jamento, mesmo porque, como aponta Gan-
din (2001, p. 83),
é impossível enumerar todos os tipos e níveis de pla-
nejamento necessários à atividade humana. Sobretu-
do porque, sendo a pessoa humana condenada, por
sua racionalidade, a realizar algum tipo de planeja-
mento, está sempre ensaiando processos de transfor-
mar suas idéias em realidade. Embora não o faça de
maneira consciente e eficaz, a pessoa humana possui
uma estrutura básica que a leva a divisar o futuro, a
analisar a realidade, a propor ações e atitudes para
transformá-la.
Refletindo sobre o planejamento, Rubens Al-
ves (1982) estabelece uma conexão com a his-
tória de um escoteiro...
Um escoteiro, tendo ido com os seus companheiros
para um passeio na floresta, ficou sozinho; quando
eles voltaram sem aviso, para o acampamento. Per-
dido, poderia ter começado a chorar ou, o que seria
mais comum, a andar sem rumo para cá e para lá, na
esperança de encontrar uma saída. Mas, inteligente-
mente organiza sua mente e sua ação: - abre o seu
mapa (reconhece o contexto/compreende a situa-
ção); - estabelece o rumo (alcançar o acampamento);
- verifica a distância(em que está e que meios dispõe
para chegar ao destino) e define o caminho (estabe-
lece o roteiro).
Qual a comparação que pode ser estabelecida
entre a história e as ações de planejamento?
No planejamento educacional, também a pro-
posta de ação, à semelhança do escoteiro, é
uma interferência na realidade (na prática), a
fim de transformá-la ou de construir uma nova
realidade (ações, atitudes e comportamentos,
normas).
O planejamento educacional constitui-se em
um processo de organização do trabalho pe-
dagógico, tendo como elemento mediador a
prática social.
Para melhor compreender o processo de pla-
nejamento, vamos diferenciar planos, progra-
mas e projetos.
PLANO
Plano é um documento utilizado para o regis-
tro de decisões do tipo: o que se pensa fazer,
como fazer, quando fazer, com que fazer, com
quem fazer.
O plano é a “apresentação sistematizada e jus-
tificada das decisões tomadas relativas à ação
a realizar” (FERREIRA apud PADILHA, 2001, p.
36).
TIPOS DE PLANOS
Plano Nacional de Educação é um plano que
reflete toda a política educacional de um povo,
inserido no contexto histórico, que é desenvol-
vida a longo, médio ou curto prazo.
Plano Escolar é onde se registram os resultados
do planejamento da educação escolar. “É o
documento mais global; expressa orientações
capítulo 2 19
gerais que sintetizam, de um lado, as ligações
do projeto pedagógico da escola com os pla-
nos de ensino propriamente ditos”. (Libâneo
,1993, p 225).
Plano de Curso é a organização de um con-
junto de matérias que vão ser ensinadas e de-
senvolvidas em uma instituição educacional,
durante o período de duração de um curso.
Segundo Vasconcellos (1999, p. 117), esse
tipo de plano é a “sistematização da propos-
ta geral de trabalho do professor naquela de-
terminada disciplina ou área de estudo, numa
dada realidade”.
Plano de Ensino é o plano de disciplinas,
de unidades e experiências propostas pela es-
cola, professores, alunos ou pela comunidade.
Situa-se no nível bem mais específico e concre-
to em relação aos outros planos, pois define
e operacionaliza toda a ação escolar existente
no plano curricular da escola. (SANT’ANNA,
1995).
PROGRAMAS
Padilha (2001) explica que um programa pode
ser constituído de um ou mais projetos de de-
terminados órgãos ou setores num período de
tempo definido. Para Gandin (1995), o progra-
ma, dentro de um plano, é o espaço onde são
registradas as propostas de ação do planeja-
dor, visando aproximar a realidade existente da
realidade desejada. Desse modo, na elabora-
ção de um programa, é necessário considerar
as ações concretas a realizar, as orientações
para toda a ação (atitudes, comportamentos),
as determinações gerais as atividades perma-
nentes.
PROJETOS
Projeto é também um documento produto do
planejamento, porque nele são registradas as
decisões mais concretas de propostas futuris-
tas. Como o próprio nome indica, projetar é
lançar para a frente, dando sempre a ideia de
mudança, de movimento. Projeto representa o
laço entre o presente e o futuro, sendo ele a
marca da passagem do presente para o futuro.
Nas seções a seguir, você verá melhor o que
são os projetos didáticos e o projeto político-
pedagógico.
2. PLANEJAMENTO
PEDAGÓGICO
Para a compreensão da importância do plane-
jamento das atividades de ensino e de apren-
dizagem na escola, faz-se necessário explicitar
algumas características dos planos de ensino
(planos de curso, de aula e projetos didáticos):
•	 partem do conhecimento da realidade
(contexto social, necessidades do aluno e
seus conhecimentos prévios);
	
•	 estabelecem objetivos específicos;
	
•	 identificam e explicitam questões que a
prática social e o conhecimento colocam;
	
•	 identificam os instrumentos metodológi-
cos adequados à busca das respostas e aos
problemas levantados (fontes diversas/ati-
vidades diversas);
	
•	 integram as diferentes contribuições na
construção e ou reconstrução do saber
(sistematização dos conhecimentos);
	
Figura 01
capítulo 2
20
•	 partem da visão do aluno, global e am-
pliada da realidade.
O plano de ensino ou de curso é um guia que
organiza as unidades para um ano ou semestre
e geralmente contém os seguintes elementos:
•	 dados de identificação (instituição/curso/
disciplina/série/carga-horária)
	
•	 objetivos (geral e específicos)
	
•	 temas de estudo (conteúdo)
	
•	 procedimentos metodológicos (atividades
do professor e do aluno, inclusive avalia-
ção)
	
•	 referências
O plano de aula é um detalhamento do plano
de curso, tendo como referenciais os objetivos
específicos necessários, os quais devem ser
centrados nos alunos.
Nesta perspectiva de trabalho, o professor
deve adotar os seguintes procedimentos:
•	 problematização (questionamentos inte-
ressantes, charadas, músicas,dúvidas, etc,
de tal modo que mobilizem a curiosidade
e a busca)
	
•	 considerar os conhecimentos prévios (o
que o aluno sabe sobre o assunto)
	
•	 busca de informações (fontes diversas - lei-
turas, pesquisas individuais ou em grupos,
pesquisa de campo e na Internet, exposi-
ções, excursões, análises de vídeo, entre
outras)
	
•	 sistematização do conhecimento ( cons-
trução conjunta – professores e alunos, de
conhecimentos sistematizados)
	
•	 procedimentos avaliativos (informação dos
critérios, dos procedimentos e instrumen-
tos de avaliação)
	
•	 referências utilizadas
Vale ressaltar que as denominações relativas
às etapas dos planos podem variar, de acordo
com as instituições, autores e propostas peda-
gógicas.
Outras situações didáticas para a aprendiza-
gem de conhecimentos são planejadas através
dos PROJETOS DIDÁTICOS: eles se constituem
de planos de ensino, a partir de temas gerado-
res coerentes com objetivos básicos das apren-
dizagens previstas.
Os projetos didáticos apresentam, de um
modo geral, as seguintes características:
•	 definição conjunta do tema de estudo;
	
•	 levantamento de questões sobre o tema
(alunos e professores);
	
•	 negociação compartilhada entre alunos e
professor em relação aos objetivos do es-
tudo e às fontes de pesquisa (bibliográfi-
cas, entrevistas, excursões, seminários) e às
avaliações;
	
•	 interdisciplinaridade (compreensão global
da realidade do saber escolar e interação
com outros conhecimentos).
	
•	 compreensão dos conhecimentos pelo en-
volvimento crítico no tema do estudo.
3. O PROJETO
POLÍTICO/
PEDAGÓGICO
DA ESCOLA
Para iniciar o estudo,
vamos PROBLEMATIZÁ-LO?
•	 Qual o significado do termo Político-Peda-
gógico?
•	 Por que o seu planejamento é importante?
•	 Qual a sua relação com o processo de en-
sino-aprendizagem?
•	 Quem dele participa como projeto?
capítulo 2 21
A escola, segundo Veiga (1996), é o lugar da
concepção, realização e avaliação do seu pro-
jeto educativo e, por isso mesmo, é mister que
ela assuma essa responsabilidade e, também,
reivindique das instâncias superiores às condi-
ções para seu desenvolvimento.
Para que você, aluno, compreenda o que é
PROJETO POLÍTICO- PEDAGÓGICO, faz-se ne-
cessário que entenda o significado de cada
palavra:
•	 projeto – é o que lança para adiante, é mo-
vimento; é ação organizada que articula as
práticas, segundo esquemas estabelecidos,
que arranja o presente e o liga à visão do
futuro.
	
•	 político – dimensão de compromisso com
a formação do sujeito cidadão.
	
•	 pedagógico – dimensão do “saber fazer”
dos processos de ensino e de aprendiza-
gem / organização do processo de traba-
lho, a prática docente, as ações coletivas.
A importância em ser definido um projeto pe-
dagógico pela instituição escolar é fundamen-
tal para que sejam estabelecidos os rumos que
norteiam a prática; os fundamentos educacio-
nais, a coerência entre o que quer atingir em
termos de educação com os procedimentos
organizacionais e pedagógicos.
Alguns aspectos são considerados relevantes
no processo de construção do projeto peda-
gógico de uma escola:
•	 ser participativo (envolve todos os mem-
bros da comunidade escolar);
•	 deve indicar as finalidades da educação e
propor objetivos a médio e longo prazo;
	
•	 deve propor um currículo coerente com
os objetivos educacionais: a organização
das atividades curriculares, principalmen-
te, a gestão da sala de aula, conforme as
necessidades dos alunos (possibilidades e
limitações para a formação da cidadania),
a superação da rigidez dos espaços e tem-
pos escolares (novas formas de apropria-
ção dos saberes em novos cenários educa-
cionais - ambiente virtual / mídias diversas
/ atividades extraclasses).
	
•	 deve expor, com clareza e coerência, o
seu conceito de avaliação e consequentes
procedimentos e critérios de aprovação do
aluno.
1.	 Visite uma escola para conhecer o seu Proje-
to Político-Pedagógico
2.	 Questione sobre os princípios que conduzem
as atividades de aprendizagem dos alunos e
como são avaliados. Verifique a coerência.
Atividades:
Figura 02
capítulo 2
22
Texto complementar:
O artigo 13 da LDB é reservado exclusivamente
aos docentes. A primeira incumbência prevista
no inciso I do artigo 13 da LDB determina que
cada docente deva participar da elaboração da
proposta pedagógica do estabelecimento de
ensino. A participação ativa do docente se faz ne-
cessária à elaboração da proposta pedagógica da
instituição escolar.
A segunda incumbência, prevista no inciso II do
artigo 13 da LDB, determina que cada docente
deva elaborar e cumprir plano de trabal-
ho, segundo a proposta pedagógica do estabele-
cimento de ensino. O plano de trabalho docente
é, ao certo, uma das atividades mais acadêmicas,
produtivas e interessantes dos profissionais de
ensino. A partir do plano de trabalho, o docente
pode assinalar, no período letivo, suas metas cur-
riculares e educacionais. Por exemplo, é a opor-
tunidade de o docente propor e perseguir metas
como o fim da evasão escolar e melhorar a qua-
lidade do seu serviço educacional através de uma
didática eficiente e eficaz, que tenha por principal
finalidade o desenvolvimento da capacidade de
aprender e de aprendizagem dos alunos.
A terceira incumbência, prevista no inciso III da
artigo 13 da LDB, prescreve que cabe ao docen-
te zelar pela aprendizagem dos alunos.
Aqui, decerto, reforça, no processo ensino-apren-
dizagem, a aprendizagem como princípio do
bom fazer pedagógico. O componente ensino,
centrado no professor, refere-se à organização do
material curricular a ser transmitido em sala de
aula , em prol da aprendizagem que, aqui, passa
a ser entendida como a construção e reconstru-
ção dos conhecimentos e saberes historicamente
acumulados pela sociedade.
Saiba Mais:
4. CURRÍCULO ESCOLAR
Você sabe o que significa CURRÍCULO?
Segundo o dicionário de Aurélio da Língua
Portuguesa, a palavra currículo significa “ata-
lho”, “ato de correr”.
No sentido educacional, o termo currículo re-
fere-se ao caminho percorrido pelo aluno na
construção do conhecimento. Percebe-se, en-
tão, a diferença entre essa forma de entender
o currículo como um processo dinâmico em
contraposição à ideia de currículo como sequ-
ência de disciplina de um curso.
O currículo, conforme o conceito exposto aci-
ma resulta na organização dos conhecimentos
na escola, com reflexos relacionados ao modo
de conduzir a aprendizagem, ou no redimen-
sionamento das ações, conforme as linhas
condutoras delineadas pelo projeto pedagó-
gico.
Atualmente, fala-se em INTERDISCIPLINARIDA-
DE CURRICULAR, logo você precisa ter com-
preensão do que é uma atividade curricular
interdisciplinar.
Observe que todos os cursos têm uma matriz
de disciplina curricular. Essa organização se-
qüencial de disciplina expõe, apenas, o que se
deseja que seja ensinado em termos de conte-
údos. Se cada professor responsável pela coor-
denação dos processos de ensino e de apren-
dizagem trabalhar os conhecimentos em sua
sala de aula, com os seus alunos, de modo a
não integrar os conhecimentos a outros, liga-
dos à realidade prática do contexto social, ele
apenas estará desenvolvendo informações.
Porém, se cada professor, ultrapassando os co-
nhecimentos restritos à disciplina ministrada
tentar o diálogo com outras formas de conhe-
cimentos (senso comum, conhecimento cien-
tífico e com outros objetos de conhecimentos,
transpondo as barreiras entre as disciplinas,
significa que estará tentando uma construção
de novos saberes, através da pesquisa coletiva,
das trocas e do diálogo; nessa perspectiva, a
Interdisciplinaridade é uma dinâmica curricular
que ultrapassa o pensar fragmentado na pro-
dução do conhecimento (FERREIRA, 2001).
capítulo 2 23
3.	 Com base nessa reflexão, conclua sua leitu-
ra, expondo, de forma clara, como se dão as
construções e (re) construções dos conheci-
mentos num curso, numa visão interdiscipli-
nar.
Textos complementares, leia:
Interdisciplinaridade: o que é isso?
http://vsites.unb.br/ppgec/dissertacoes/proposi-
coes/proposicao_jairocarlos.pdf
http://www.anped.org.br/reunioes/32ra/arqui-
vos/trabalhos/GT12-5478--Int.pdf
Atividades:
5. OBJETIVOS
E CONTEÚDOS
Todo tipo de planejamento educacional precisa
determinar objetivos ou finalidades de educa-
ção. Sabe-se que, na atualidade, a escola deve
promover a formação integral dos estudantes;
é preciso definir claramente os objetivos que
desenvolvam a autonomia e as competências
necessárias para aprender a aprender, apren-
der a ser e aprender a conviver.
O termo “conteúdo” normalmente sempre foi
utilizado para expressar os conhecimentos das
matérias ou disciplinas clássicas. No entan-
to, segundo Zabala (1998), os conteúdos de
aprendizagem não se reduzem às contribui-
ções das disciplinas ou matérias tradicionais.
Eles dizem respeito a todos aqueles conheci-
mentos que possibilitem o desenvolvimento
das capacidades motoras, afetivas, de relação
interpessoal e de inserção social.
Assim, os conteúdos dizem respeito a: dados,
habilidades, técnicas, atitudes, conceitos, etc.
Segundo Cool (1986 apud ZABALA, 1998), os
conteúdos podem ser agrupados em conceitu-
ais, procedimentais ou atitudinais. “Esta clas-
sificação corresponde respectivamente às per-
guntas: O que devo saber? O que devo saber
fazer? E como se deve ser?” (ZABALA, 1998,
p 31).
Em geral, os conteúdos estão associados e são
aprendidos em conjunto. Por exemplo: a apren-
dizagem factual da soma (código e símbolos)
é aprendida juntamente com os conceitos de
soma (união e conjunto), com os procedimen-
tos dos algoritmos (calculo mental e escrito) e
os atitudinais (sentido e valor). Assim, as situa-
ções didáticas numa perspectiva construtivista
têm que integrar, ao máximo, os diversos tipos
de conteúdos para que a aprendizagem seja
realmente significativa para os alunos.
4.	 Analise a afirmativa de Paulo Freire (1977, p.
81):
“A tarefa do professor é a de problematizar aos
educandos o conteúdo que os mediatiza e não,
a de dissertar sobre ele, de dá-lo, de entendê-lo,
de entregá-lo, como se tratasse de algo já feito,
elaborado, acabado, terminado”.
Atividades:
6. A ATUAÇÃO DO
PROFESSOR /
EDUCADOR
Segundo o educador Libâneo (1998), diante
das realidades do mundo contemporâneo, são
Figura 03
capítulo 2
24
exigidas novas atitudes docentes; o autor põe
em evidência que, nos dias atuais, o aluno está
em contato constante com as informações
provenientes de diversas agências educacionais
além da escola (meios de comunicação, em-
presas, clubes, igrejas, sindicatos, movimentos
sociais), portanto a educação acontece em vá-
rios lugares. A escola deve ter a capacidade de
fazer a síntese da cultura formal (conhecimen-
to sistematizado) com a cultura da experiência.
São alguns desafios para o docente:
•	 planejar as ações pedagógicas a partir da
realidade na qual atua;
	
•	 problematizar o estudo (conteúdos de
aprendizagem, coordenando as discussões
coletivas (interação com colegas e profes-
sores, a investigação, as reflexões críticas,
a interpretação de informações e a pro-
dução dos conhecimentos como sujeito
aprendente);
	
•	 prover os meios necessários às mediações
cognitivas e interacionais, para introduzir
os alunos no significado da cultura e da
ciência;
	
•	 organizar as situações de ensino, articulan-
do as aprendizagens prévias dos alunos, a
comunicação e a transposição dos conhe-
cimentos universais para os saberes escola-
res, possibilitando a construção de novos
conhecimentos;
	
•	 empregar o diálogo presencial ou em am-
bientes virtuais, garantindo uma pedago-
gia interativa;
	
•	 utilizar a avaliação como um recurso de
desenvolvimento da aprendizagem e da
autonomia intelectual do aluno;
•	 atualizar os conhecimentos na sua área
específica de atuação para adequá-los ao
nível de escolaridade dos alunos.
Espera-se ainda como atitudes desenvolvidas
pelo professor/educador que ele deva:
•	 ser ético;
	
•	 ter compromisso com a educação;
	
•	 ter respeito à heterogeneidade dos edu-
candos em termos de raça, de crenças, de
limitações cognitivas ou físicas e de classe
social;
	
•	 ser disponível para o trabalho coletivo;
	
•	 ser aberto às inovações pedagógicas;
	
•	 ser reflexivo sobre a sua prática, avaliando-
a constantemente, para redirecioná-la;
	
•	 ter compromisso político com a preserva-
ção do meio-ambiente.
A atuação do professor/educador na perspec-
tiva da mediação pedagógica é de fundamen-
tal importância, articulando os conhecimentos
construídos socialmente com as possibilidades
de aprendizagem dos estudantes, tendo os
seus planos de trabalho como fundamento
para a melhoria das aprendizagens, através de
uma didática eficiente e eficaz. Nesse enfoque,
discutiremos esse tema no segundo fórum te-
mático da disciplina.
7. INTERVENÇÃO
PEDAGÓGICA
A docência requer que o professor tenha o
domínio dos conhecimentos específicos de
sua área de atuação, além do conhecimento
dos aspectos mais importantes da intervenção
pedagógica na educação infantil e no Ensino
Fundamental.
São princípios básicos da intervenção pedagó-
gica:
capítulo 2 25
1 - Os conhecimentos
a serem aprendidos so-
mente terão significa-
do para o aluno, se fo-
rem contextualizados
2 - A capacidade de
atualização dos conhe-
cimentos prévios está
vinculada à sua riqueza
e versatilidade, para se
relacionar com os no-
vos conteúdos.
3 - A apreensão dos
conhecimentos depen-
de da natureza das
situações de aprendi-
zagem como ajuda pe-
dagógica.
4 - As capacidades
para apropriação do
conhecimento estão
ligadas ao domínio de
aprender a apreender.
Portanto, as intervenções pedagógicas, para
que promovam atitudes favoráveis à aprendi-
zagem, devem manter uma sequência didática
focalizada:
•	 em atividades motivadoras;
	
•	 na criação do conflito cognitivo, com a ati-
vação dos conhecimentos prévios;
	
•	 na negociação compartilhada da definição
de objetivos e das atividades que devam
ser realizadas (leituras, pesquisas bibli-
ográficas e de campo, Internet e outros;
	
•	 na realização de tarefas que desenvol-
vam a atividade mental necessária à con-
strução de significados (conceitos, noções,
princípios ).
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jan./jun., 2001, pp. 81-95.
LIBÂNEO, J. C. Organização e gestão escolar:
teoria e prática. 4. ed. Goiânia: Editora alter-
nativa, 2001
5.	 Pesquise, no documento “Parâmetros Curri-
culares do Ensino Fundamental”, os objeti-
vos do ensino fundamental no primeiro ciclo
e reflita sobre a coerência do que está previs-
to nos PCNs e a sua prática pedagógica.
6.	Trace um perfil para o docente/educador,
incluindo capacidades desenvolvidas e atri-
butos necessários à nossa realidade socioe-
ducacional.
Atividades:
capítulo 2
26
LIBÂNEO, José Carlos. Adeus Professor, adeus
professora? Novas exigências educacionais e
profissão docente. São Paulo: Papirus, 1998.
PADILHA, R. P. Planejamento dialógico: como
construir o projeto político-pedagógico da es-
cola. São Paulo: Cortez; Instituto Paulo Freire,
2001
SANT’ANNA, F. M.; ENRICONE, D.; ANDRÉ, L.;
TURRA, C. M. Planejamento de ensino e avalia-
ção. 11. ed. Porto Alegre: Sagra / DC Luzzatto,
1995.
VEIGA, I. P. (Org.). Projeto político-pedagógico
da escola: uma construção possível. 13. ed.
Campinas: Papirus, 2001.
VASCONCELOS, Celso. Planejamento, Projeto
de Ensino-aprendizagem e Projeto Pedagógi-
co. São Paulo: Libertas, 1999.
ZABALA, A. A Prática Educativa: como ensinar.
Porto Alegre: Artmed, 1998.
capítulo 3 27
Profa. Luciane Borges do Rêgo
Profa. Maria Vitória Ribas de Oliveira Lima
Carga Horária | 15 horas
INTRODUÇÃO
	
Os processos de ensino e de aprendizagem tiveram sua principal revolução tecnológica provocada
por Comenius (1592-1670) quando transformou o livro impresso em um artefato didático, sur-
gindo, assim, a cartilha e o chamado livro texto.
O uso de recursos pedagógico/tecnológicos, nos processos de ensino e de aprendizagem, é algo
comum e corriqueiro no cotidiano escolar. Recursos do tipo impresso, quadro de giz, flanelógrafo,
livro didático e retroprojetor são os mais conhecidos e aceitos pelos educadores.
As recentes mudanças socioculturais e tecnológicas têm gerado incessantes avanços na organi-
zação social e no pensamento humano. Recentemente, com a disseminação das tecnologias da
informação e da comunicação, todos estão de certa forma envolvidos e desafiados, e a escola não
fica fora desse contexto.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
•	 Perceber a mediação pedagógica como
um processo que envolve professor-co-
nhecimento – aluno e recursos didáti-
cos;
•	 Utilizar recursos pedagógicos e tecnoló-
gicos numa perspectiva criativa;
•	 Relacionar a utilização do livro didático
de forma significativa para o aluno;
•	 Identificar formas de utilização dos re-
cursos tecnológicos nos processos de
ensino e de aprendizagem;
•	 Definir o papel do professor diante dos
desafios sócio – educacionais da atuali-
dade.
•	 Diferenciar modelos e concepções de
organização escolar
RECURSOS
DIDÁTICOS E
TECNOLÓGICOS E
A ORGANIZAÇÃO
ESCOLAR
capítulo 3
28
No contexto da sala de aula, ocorrem os pro-
cessos de ensino e de aprendizagem, e, como
diz Freire,
“Quando entro em uma sala de aula devo estar sendo
um ser aberto a indagações, à curiosidade, às per-
guntas dos alunos, a suas inibições; um ser crítico e
inquiridor, inquieto em face da tarefa que tenho – a
de ensinar e não a de transferir conhecimento” (Frei-
re, 1996).
Assim, o professor deve ter o compromisso
de ensinar para que o aluno aprenda e, nessa
perspectiva, deve atuar como um mediador. Os
professores são mediadores pedagógicos entre
conhecimento e aluno. Nesse processo de me-
diação, encontram-se envolvidos: professores,
alunos e os meios e os recursos didáticos que
podem favorecer os processos de ensino e de
aprendizagem.
Os educadores precisam aprender a incorpo-
rar essas tecnologias no cotidiano escolar, in-
tegrando-as aos demais recursos comumente
utilizados nas suas atividades didático-peda-
gógicas.
Neste capítulo, abordaremos concepções e
formas de utilização dos recursos pedagógicos
nos processos de ensino e de aprendizagem e
a importância da mediação do professor para
construção do conhecimento pelos alunos.
Texto complementar:
Link para livro de Paulo Freire- Pedagogia da Au-
tonomia.
http://portal.mda.gov.br/portal/saf/arquivos/view/
ater/livros/Pedagogia_da_Autono
mia.pdf
Saiba Mais:
1. O PROCESSO
DE MEDIAÇÃO
PEDAGÓGICA
A mediação pedagógica envolve professor
conhecimento aluno. Nesse
processo, o professor, além de conhecer muito
bem sua disciplina (o objeto de conhecimen-
to), precisa entender como o aluno aprende e
considera o contexto social no qual está inseri-
do e, assim, situar-se perante as teorias peda-
gógicas e as recentes descobertas da psicolo-
gia da aprendizagem.
Nos processos de ensino e de aprendizagem,
comumente, utilizam-se diversos instrumentos
mediadores, como textos, folhetos, giz, lápis
e caneta, rádio, TV e vídeo, tendo por meta a
participação, a criatividade, a expressividade e
a relacionalidade.
Segundo Paul Ricoeur (1983:40 apud GOMEZ
2004), “a mediação é simbólica, é uma síntese
da experiência com a linguagem e com o mun-
do”. Dessa forma, as mediações são realizadas
pelo sujeito cognoscente, num processo de in-
teração com seus pares e com o mundo.
Então, para exercer sua atividade mediado-
ra com sucesso, o professor sempre utilizou
recursos pedagógicos, ou seja, instrumentos
mediadores. Contudo, a cada dia, os desafios
aumentam e exigem que o professor esteja an-
tenado com todos os recursos de que dispõe e
que rodeiam a escola e o cotidiano dos alunos.
Ultimamente a preocupação maior tem sido
com um ensino e uma educação de qualidade
que integrem todas as dimensões do ser hu-
mano, no que se refere aos aspectos senso-
rial, intelectual, emocional, ético e tecnológi-
co, possibilitando que, em suas palavras e nas
ações, estejam sempre evoluindo, mudando,
avançando.
A apropriação do educador das descobertas
científicas, reconhecendo as mediações da
cultura contemporânea e contribuindo para a
criação de novas descobertas, pode contribuir
com a qualidade do ensino e da aprendiza-
gem.
capítulo 3 29
MEDIAÇÃO - é o conceito-chave de Vygotsky.
Segundo a teoria vygotskiana, toda relação do in-
divíduo com o mundo é feita por meio de instru-
mentos técnicos – por exemplo, as ferramentas
agrícolas, que transformam a natureza – e a da
linguagem – que traz consigo conceitos consoli-
dados da cultura à qual pertence o sujeito.
Todo aprendizado é necessariamente mediado – e
isso torna o papel do ensino e do professor mais
ativo e determinante que o previsto por Piaget e
outros pensadores da educação, para quem cabe
à escola facilitar um processo que só pode ser con-
duzido pelo próprio aluno. Segundo Vygotsky, ao
contrário, o primeiro contato da criança com no-
vas atividades, habilidades ou informações deve
ter a participação de um adulto que atue como
mediador e contribua para o desenvolvimento e a
aprendizagem do infante.
Saiba Mais:
2. A CONSTRUÇÃO DO
CONHECIMENTO NA
SOCIEDADE DA
INFORMAÇÃO
Construir conhecimento significa a forma
própria e pessoal que cada pessoa conhece e
compreende todas as dimensões da realida-
de e como expressa essa totalidade de forma
mais ampla. Aprendemos mais e construímos
melhor as informações à medida que conec-
tamos, juntamos, relacionamos, acessando o
conhecimento de todos os pontos de vista, por
todos os meios, integrando-os da forma mais
rica possível (MORAN, 2000).
Conforme Moran, processamos informações
de várias formas, segundo nosso objetivo e o
nosso universo cultural. Comumente conhece-
mos o processamento lógico-sequencial, mas,
no mundo atual, rodeado das tecnologias da
informação e da comunicação, as formas de
processar a aprendizagem ocorrem também
de forma hipertextual e multimídica.
PROCESSAMENTO DE FORMA LÓGICO – SE-
QUENCIAL é a forma mais habitual que conhe-
cemos, expressa na linguagem falada e escrita,
construindo-se o sentido aos poucos. A cons-
trução se dá paulatinamente, em sequência
concatenada.
PROCESSAMENTO DE FORMA HIPERTEXTUAL
pode ser lógico, coerente, mas não segue uma
única trilha previsível, sequencial e, sim, em
“ondas”, por meio de diversos links. Ele ocorre
quando trabalhamos com pesquisa, projetos
de médio prazo, utiliza-se o processamento
hipertextual com muitas conexões, convergên-
cias e divergências.
PROCESSAMENTO DE FORMA MULTIMÍDICA é
mais livre, menos rígido, com conexões mais
abertas, que passam pelo sensorial, pelo emo-
cional e pela organização racional. Em geral,
ocorre de forma provisória e se modifica com
facilidade, cria convergências e divergências
instantâneas e precisa de respostas imediatas,
acrescentando trechos de várias linguagens
(telecomunicativas e informatizadas).
Na sociedade atual, convivemos com essas
diferentes formas de processamento que uti-
lizamos, conforme nossa bagagem cultural,
nosso interesse e nossos objetivos. Não pode-
mos permanecer em uma ou em outra forma
de lidar com a informação, podemos utilizar
todas em diversos momentos, mas, com certe-
za, teremos mais resultados, se, com base nas
informações multimídicas, buscarmos a hiper-
textualidade e, por fim, nos concentrarmos no
lógico sequencial. O professor, nesse contexto,
deve criar e/ou usar meios que favoreçam es-
sas conexões. Deve-se colocar como um pro-
fissional que aprende com a prática e ensina
valendo-se do que aprende.
Mas o uso adequado de qualquer tecnologia
exige de professores e de alunos uma postura
crítica perante todos os recursos de que dis-
põe para, assim, poder realizar uma escolha
consciente, conforme a necessidade e os ob-
jetivos de aprendizagem dos alunos. Sabe-se
que todos os recursos pedagógicos não são
meros artefatos, mas estão carregados de
significados culturais e exercem influência no
nosso comportamento pessoal e profissional,
definindo nossas escolhas.
No processo de planejamento e de utilização
dos recursos didáticos e tecnológicos, o pro-
fessor deve adotar alguns princípios didático-
-metodológicos, como:
•	 integrar tecnologias, metodologias, ativi-
dades.
capítulo 3
30
•	 integrar textos escritos, comunicações
orais, escritas, hipertextuais e multimídi-
cas, transitando de uma mídia para outra,
experimentando as mesmas atividades em
diversas mídias.
	
•	 diversificar a forma de trabalhar o conheci-
mento, utilizando-se das diversas técnicas
e dinâmicas em sala de aula e no processo
de avaliação.
	
•	 valorizar os recursos mais comuns, como
os impressos no que têm de melhor e as
mais recentes tecnologias da informação e
da comunicação no que elas podem favo-
recer a melhoria da aprendizagem do alu-
no.
3. RELAÇÃO ENTRE
INFORMAÇÃO E
CONHECIMENTO
E O USO DAS
TECNOLOGIAS
O processo de ensino é sempre mediado por
tecnologias, mas a forma como vamos utilizá-
-las pode manter as relações verticais entre
professor - aluno ou possibilitar a interação
com as informações e com a construção indivi-
dual e coletiva do conhecimento.
TECNOLOGIA - do grego tekhno (de tékhné,
arte) e logía ( de logos, ou “linguagem proposi-
ção”).
Tecnologia é um termo usado para atividades de
domínio humano, embasada no conhecimento,
manuseio de um processo e ou de uma ferra-
menta, e que tem possibilidade de acrescentar
mudanças aos meios por resultados adicionais
à competências natural, proporcionando, desta
forma, uma revolução na capacidade das ativida-
des humanas, desde os primórdios do tempo.
Você sabia que TECNOLOGIA, no sentido am-
plo do termo, possuía esse significado?
INTERATIVIDADE - não apenas como poten-
cialidade dos suportes digitais, mas como possi-
bilidade de o usuário participar, ativamente, inter-
ferindo no processo com ações e reações. (Lèvy,
1999).
TEXTO COMPLEMENTAR
Link para texto que diferencia informação e co-
nhecimento.
http://www.energiabalneario.com.br/antunes/
texto5.pdf
Saiba Mais: Saiba Mais:
Importante - Não são os recursos utilizados
que vão ampliar o conhecimento, mas a ma-
neira como será utilizado para favorecer a me-
diação entre professor - aluno - conhecimento
ou, apenas, para a transmissão de conteúdos.
Os processos de ensino e de aprendizagem de-
pendem muito mais das pessoas envolvidas,
das interações que das tecnologias, seja o li-
vro, o giz ou o computador e as redes.
Existem vários tipos de interação e de comu-
nicação com o apoio de recursos tecnológi-
cos. A interação pressupõe envolvimento. A
princípio, pode-se dizer que interagimos com
pessoas, animais, plantas, ambiente que nos
cerca; aluno, colegas, professor, livro que le-
mos, conteúdo divulgado na televisão, no
jornal, na revista, no rádio e no computador
e com todos os meios de informação a que
possamos ter acesso. Essas interações podem
ser do tipo unidirecional ou bidirecional. Nas
situações em que o sujeito permanece passivo
frente aos recursos tecnológicos, a interação é
unilateral. Nos casos em que há troca comuni-
cativa, ela é bidirecional e pode ser de forma
presencial ou a distância, por meio de recursos
tecnológicos. Na comunicação a distância, por
meios tecnológicos, há, entre os participantes,
interatividade.
“Contudo, para transformar informações em
conhecimento, é preciso um trabalho proces-
sual de interação, reflexão, discussão, crítica e
ponderações que é mais facilmente conduzi-
do, quando partilhado com pessoas”. (KENSKI,
2003).
capítulo 3 31
O Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) é
o mais antigo dos programas voltados à distri-
buição de obras didáticas aos estudantes da rede
pública de ensino brasileira e se iniciou com outra
denominação, em 1929. Ao longo desses quase
70 anos, o programa se aperfeiçoou e teve dife-
rentes nomes e formas de execução. O PNLD é
voltado para o ensino fundamental público, in-
cluindo as classes de alfabetização infantil.
A partir de 2001, o PNLD ampliou sua área de
atuação e começou a atender, de forma gradati-
va, os alunos portadores de deficiência visual que
estão na sala de aula do ensino regular das esco-
las públicas, com livros didáticos em Braille.
Em 2004, com a Resolução nº 40, de 24/8/2004,
ficou instituído o atendimento também aos es-
tudantes deficientes das escolas de educação es-
pecial públicas, comunitárias e filantrópicas, de-
finidas no censo escolar, com livros didáticos de
língua portuguesa, matemática, ciências, história,
geografia e dicionários.
Maiores informações acesse o site do
MEC:
http://portal.mec.gov.br/indexphp?option=com_
content&view=article&id=12391&Itemid=668
Saiba Mais:
4. O USO DOS
RECURSOS DIDÁTICO/
TECNOLÓGICOS NOS
PROCESSOS DE
ENSINO E DE
APRENDIZAGEM
4.1. O LIVRO DIDÁTICO
É o material que exerce maior influência na
prática de ensino e de aprendizagem. Sua uti-
lização tem sido motivo de muitas críticas. É
preciso que professores estejam atentos à qua-
lidade, à coerência e aos objetivos propostos
nos livros-textos. Além disso, o Livro Didático
não deve ser utilizado como a única ou princi-
pal fonte de informações, pois a variedade de
meios favorece o aluno a adquirir uma visão
ampla do conhecimento trabalhado.
O livro didático continua sendo um importante
instrumento de trabalho e de pesquisa, mas o
sucesso de uma turma depende da capacidade
de o professor e de o aluno utilizá-lo. Ele deve
ser considerado como um dos meios didáti-
cos para alcançar bons resultados na apren-
dizagem dos alunos. Caso o livro didático seja
tratado como um fim, o professor perderá a
essência do seu fazer pedagógico.
O ideal é que sejam trabalhados vários títulos
em cada disciplina e, assim, poder comparar e
perceber como mudam as visões sobre o mes-
mo fato.
Deve-se analisar o livro didático quanto aos
(às):
•	 erros conceituais;
	
•	 preconceitos de crença, de etnia, de gêne-
ro, de classes sociais, dentre outros;
	
•	 transposições didáticas inadequadas e des-
contextualizadas;
	
•	 exercícios que priorizem a memorização.
4.2. MEIOS DE COMUNICAÇÃO
AUDIOVISUAL
Somos educados, também, pelas mídias,
como o rádio, o cinema e, principalmente, a
televisão.
capítulo 3
32
Segundo Moran (2000), os meios de comuni-
cação, como a televisão, o cinema e o vídeo,
exploram a comunicação sensorial, emocional
e racional, superpondo linguagens e mensa-
gens que facilitam a interação com o público.
A força da comunicação audiovisual está no
fato de ela dizer mais do que podemos captar,
pois trabalha simultaneamente com som, ima-
gem, textos escritos e orais. A escola precisa
compreender e incorporar mais as novas lin-
guagens, desvendando códigos, possibilidades
de expressão e possíveis manipulações ideoló-
gicas.
4.3. A UTILIZAÇÃO DA
TELEVISÃO E DO VÍDEO
NA ESCOLA
A utilização de televisão e de vídeos na escola
não é novidade, mas ainda há muita resistên-
cia, além de a forma de utilização ser inade-
MÍDIAS - termo usado para referenciar um vasto
e complexo sistema de expressão e de comuni-
cação.
Literalmente “mídia” é o plural da palavra “meio”,
cujos correspondentes em latim são “media” e
“medium”, respectivamente.
Na atualidade, mídias é uma terminologia usada
para: suporte de difusão e de veiculação da infor-
mação (rádio, televisão, jornal), para gerar infor-
mação (máquina fotográfica e filmadora).
A mídia também é organizada pela maneira
como uma informação é transformada e disse-
minada (mídia impressa, mídia eletrônica, mídia
digital...), além do seu aparato físico ou tecnoló-
gico empregado no registro de informações (fitas
de videocassete, CD-ROM, DVDs).
Saiba Mais:
quada, muitas vezes só para ocupar o tempo
pedagógico, sem nenhum objetivo de ensino e
de aprendizagem.
O Programa TV Escola, do Ministério da Edu-
cação foi implantado desde 1996, na maioria
das escolas públicas de níveis fundamental e
médio, equipadas com TV, vídeo, antena pa-
rabólica, catálogos da programação e revistas
que debatem temas educativos e divulgam as
experiências bem sucedidas com o uso da TV e
do vídeo na Escola Básica. Mas a TV Escola não
alcançou o resultado esperado e, em muitas
escolas, a TV e o vídeo continuam subutiliza-
dos.
Considera-se necessário que os cursos de for-
mação dos professores contemplem, em suas
Matrizes Curriculares, disciplinas que funda-
mentem e que preparem os professores para
utilizar adequadamente os recursos tecnoló-
gicos. Vejamos, a seguir, algumas sugestões
de utilização da TV e do vídeo na educação
escolar.
4.4. O USO DO VÍDEO
E SUAS FUNÇÕES
O vídeo pode ser utilizado na:
Sensibilização – para introduzir um novo as-
sunto, para despertar curiosidade, motivação
para novos temas.
Ilustração – para mostrar e compor cenários
desconhecidos dos alunos. Vídeos históricos
ou que trazem realidades distantes dos alunos.
Simulação – em geral, para apresentar simu-
lações mais sofisticadas. Exemplos: simulação
de experiências de química que seriam peri-
gosas em laboratórios ou na área de ciências,
que mostram o crescimento acelerado de uma
planta – da semente até a maturidade.
Conteúdo de ensino – para apresentar um
determinado assunto de forma expositiva ou
problematizadora. De forma expositiva trata o
tema específico e orienta a interpretação; de
forma problematizadora mostra o tema, per-
mitindo abordagens múltiplas e interdiscipli-
nares.
capítulo 3 33
Produção – como documentação, registrar au-
las, eventos, experiências e, como intervenção,
quando professores e alunos modificam um
programa, editando o material e/ou introdu-
zindo novas cenas ou trilha sonora.
Vídeo/espelho – para realizar análise do grupo
e dos papéis de cada um. Possibilita compre-
ender comportamentos, gestos e posturas.
4.5. A TELEVISÃO
A programação da televisão aberta, também,
pode ser analisada por professores e alunos
para refletirem o conhecimento necessário à
formação de um cidadão, tendo como base a
realidade sociocultural.
Um fenômeno da natureza, por exemplo: o au-
mento do calor no nosso planeta pode ser um
bom motivo para interpretações e explicações
numa perspectiva interdisciplinar, envolvendo
conhecimento das Ciências Biológicas, da Físi-
ca, da Química, dentre outras. Para isso, o pro-
fessor pode desenvolver dinâmica de análise
em conjunto, destacando as cenas mais impor-
tantes e comentando-as com os alunos. Uma
análise da linguagem, destacando as principais
ideias que o programa transmite; os aspectos
não esclarecidos; mensagens questionáveis e a
ideologia perpassada pelo programa em foco.
4.6. O COMPUTADOR
E A INTERNET
O computador é um objeto cada dia mais po-
deroso em recursos, velocidade, programas e
comunicação. Mas seu uso no cotidiano es-
colar ainda não é algo frequente. Precisamos
1.	 Assista a dois telejornais de canais diferentes
e leia um jornal impresso sobre uma mesma
notícia, de preferência sobre educação. Ob-
serve as variações entre os três, o tratamento
dado às notícias e à relação entre os textos e
as imagens.
Atividades:
de projetos políticos que busquem diminuir a
distância, separando os que podem e os que
não podem pagar pelo acesso à informação
virtual; e, também, que favoreçam o acesso de
professores e de alunos aos laboratórios de in-
formática, ajudando-os na familiarização com
o computador e na utilização de atividades
cotidianas da sala de aula, nos processos de
ensino e de aprendizagem.
Conforme o objetivo de aprendizagem, o com-
putador pode ser utilizado em atividades que
explorem desde os aplicativos, como Word, Ex-
cel, PowerPoint, até a Internet.
Sugestões didático-metodológicas para utilizar
a Internet:
1.	 Aulas-pesquisa – nas quais professores
e alunos acessam a Internet, procuram
novas informações, buscam resolver um
problema, desenvolvem uma experiência,
avançam em um tema desconhecido. Nes-
se ambiente, o professor deve ser o geren-
ciador do processo de aprendizagem, o
coordenador de todo andamento da pes-
quisa, do ritmo adequado.
	
	 A pesquisa na Internet deve ser orientada
pelo professor e pode ser realizada em gru-
pos ou individualmente, a qual deve come-
çar de forma aberta, dando os temas sem
referências a sites específicos, para que os
alunos pesquisem conforme suas experiên-
cias e conhecimentos prévios. Eles devem
guardar os endereços acessados, os artigos
e as imagens mais interessantes e depois
socializar com os demais grupos. Deve se
destacar a importância de aprender por
meio da colaboração, da cooperação, e
não da competição.
capítulo 3
34
	 Num segundo momento, a pesquisa deve
ser mais focada. O tema pode ser pesqui-
sado no mesmo endereço, por todos. A
troca de informações é importante à divul-
gação dos principais resultados. Em outro
momento, vários temas e endereços de si-
tes devem ser distribuídos para cada grupo
de alunos, possibilitando sempre a sociali-
zação dos temas pesquisados.
		
	 Em qualquer atividade de pesquisa, seja na
Biblioteca ou na Internet, o importante é
que os alunos sejam estimulados a desen-
volver a argumentação e a explicar os re-
sultados das pesquisas para certificar-se de
que não são cópias e, assim, garantir uma
reflexão sobre o trabalho.
		
2.	 Construção de espaço de interação - o
professor pode criar uma local na Internet,
para encontros e divulgação, um ponto
de referência para os alunos. Local onde o
aluno encontre uma lista de discussão ou
fórum. Mensagens instantâneas. Uma cen-
tral de documentos, na qual é colocado o
material de estudo do curso ou da discipli-
na e a produção dos alunos.
5. ORGANIZAÇÃO
ESCOLAR E O USO
DAS TECNOLOGIAS
A gestão e organização escolares, para serem
eficazes no contexto educacional da atuali-
dade, de acordo com a Lei 9396/96, devem
ser democráticas e participativas, tendo a ne-
cessidade de construir e de implementar um
projeto político pedagógico que possibilite a
prática profissional coletiva, discutindo os as-
pectos multidimensionais das inovações e das
mudanças em gestão da educação e as possi-
bilidades de uso dos recursos tecnológicos na
escola, entre outras problemáticas.
Assim, na construção do projeto pedagógico
da escola, a comunidade escolar deve discutir
as formas de uso das tecnologias nos proces-
sos de ensino e de aprendizagem, questionan-
do: que tecnologias precisam utilizar, para que
e como.
Essas questões devem ser levantadas, para
que todos os atores envolvidos tenham co-
nhecimento das possibilidades de uso, como
e quando podem utilizar os recursos didáticos/
tecnológicos disponíveis na escola.
Nesse contexto, o plano de ação escolar preci-
sa atender ao diagnóstico da realidade escolar,
definindo os objetivos, as metas e as atividades
a serem desenvolvidas em função das priori-
dades. Deve ser consolidado em um documen-
to que detalhe as diretrizes de todo o processo
e as expectativas da comunidade escolar.
O projeto político pedagógico constitui-se num
processo democrático de decisões, não apenas
de um mero documento, mas da execução co-
letiva desse processo de ação e de reflexão. Ele
instaura formas de organização pedagógica e
diminui a fragmentação do trabalho em sua
globalidade, alcançando, assim, uma gestão
participativa e consciente do que dispõe e do
que é capaz de realizar.
Portanto, as tecnologias, na escola, precisam
ser inseridas no projeto pedagógico da escola
e nos projetos de ação dos professores para
que sejam utilizadas com finalidades educa-
tivas construtivas e não para ocuparem um
tempo pedagógico sem planejamento e sem
objetivos de ensino e de aprendizagem.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Introdução aos Parâmetros Curricula-
res Nacionais do Ensino Fundamental -Vol 1.
Brasília: MEC/SEF. 1997.
capítulo 3 35
BRASIL. Proinfo. Informática e Formação de
Professores Vol. 1. SEED/MEC. Brasília: Minis-
térios da Educação. 2000.
GOMES. M. V. Educação em Rede. Uma visão
emancipatória. São Paulo: Cortez: 2004.
KENSKI, V. M. Tecnologias e Ensino Presencial e
a Distância. Campinas: Papirus, 2003
LIBÂNEO. J. C. Didática. São Paulo. Cortez,
1992 (Coleção Magistério).
MORAN. J. M ; MAZETTO, M.T; BEHRENS,
M.A. Novas Tecnologias e Mediação Pedagó-
gica. Campinas: Papirus, 2000.
RICARDO. Paulo. Os Bons Companheiros. Re-
vista Nova Escola. Ed. Abril. Ano XVI. Nº 140.
Março. 2001.
PARA REFLETIR E DISCUTIR NO 3º FÓRUM
TEMÁTICO.
As tecnologias têm sido utilizadas mais para ilus-
trar o conteúdo do professor que para criar novos
desafios didáticos que favoreçam a aprendiza-
gem. (MORAN 2005)
SUGESTÃO DE SITES
www.abt-br.org.br
www.nied.unicamp.br
http://www.eca.usp.br/prof/moran/
www.abed.org.br
http://www.wikipedia.org/wiki/
Saiba Mais:
capítulo 4 37
Profa. Luciane Borges do Rêgo
Profa. Maria Vitória Ribas de Oliveira Lima
Carga Horária | 15 horas
INTRODUÇÃO
	
Este capítulo aborda uma questão pedagógica muito discutida por alunos e por professores.
Trata-se da AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM.
Como recurso pedagógico, a avaliação tem sido objeto de estudos e de debates. Ao longo dos
anos, a escola tem compreendido o ato de avaliar com base em diversos parâmetros, tornando-
se, por vezes, motivo de punição, ora de “cobrança” do que o aluno pôde reter, quanto ao que
foi “ensinado”, ora para classificar por meio de uma simples pontuação, com base em questões
respondidas, ampliando até a visão mais complexa da relação entre os processos de ensino e de
aprendizagem numa perspectiva formativa.
Os textos a seguir colocam ideias sobre a avaliação da aprendizagem, considerando o sujeito que
aprende, suas possibilidades e limitações e o professor, que, na coordenação dos processos de en-
sino e de aprendizagem, é um observador que “vê” o aluno e o conhecimento em sua totalidade,
aberto ao diálogo, à negociação e ao redirecionamento das ações.
Apesar de todo ato avaliativo ser considerado arbitrário (pois “carrega” em si os vieses de quem
o desenvolve), a prática avaliativa atual, fundamentada em estudos consistentes, vem superar as
visões tradicionais e tecnicistas para avançar numa perspectiva que favoreça o aluno na apreensão
do seu conhecimento.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
•	 Elaborar uma concepção de avaliação
da aprendizagem numa perspectiva
construtiva.
•	 Identificar a diferença entre a avaliação
pontual classificatória e a avaliação pro-
cessual.
•	 Explicar como os instrumentos avaliati-
vos são recursos adequados para quali-
ficar a aprendizagem do aluno.
•	 Definir as funções da avaliação nos pro-
cessos de ensino e de aprendizagem.
AVALIAÇÃO DA
APRENDIZAGEM E
OS PROCESSOS
DE ENSINO E
APRENDIZAGEM
capítulo 4
38
1. A AVALIAÇÃO DA
APRENDIZAGEM:
ELABORANDO
UMA CONCEPÇÃO
É comum entre as pessoas, inclusive entre fa-
miliares de alunos, professor e mesmo entre os
próprios estudantes, conhecer a avaliação, na
escola, como um instrumento de mensuração
que o aluno apresenta em relação aos obje-
tivos previstos. Diferentemente do que afirma
Zabala (1998), ou seja, “o verdadeiro objetivo
da avaliação deve ser conhecer para ajudar”,
ainda perdura a concepção de que a avaliação
escolar é associada a padrões de excelência, a
partir dos quais os alunos são promovidos a
séries e/ou à modalidade de ensino posterior.
Segundo a visão acima referida, os aprendizes
são comparados aos demais alunos e classifi-
cados mediante diversos instrumentos, muitas
vezes, ao fim do processo. A preocupação com
os resultados avaliativos, em termos pontuais,
não dá margem aos professores conhecerem
como ocorreu o processo de apropriação do
conhecimento bem como o real desenvolvi-
mento de suas competências. Isso significa
que o professor precisa avaliar continuamen-
te, utilizando prova escrita, apresentação oral,
demonstração, relatórios, como instrumentos
auxiliares da aprendizagem.
Uma visão equivocada de avaliação, como
julgamento de resultados finais é considera-
da por Hoffman (1995) como aquela que se
apresenta como classificatória e burocrática.
Caracterizada por registros bimestrais ou se-
mestrais e, geralmente, após tarefa ou prova
desvinculada do processo de construção dos
saberes escolares pelo aluno, essa forma de
avaliação escolar segmenta o conhecimento,
além de não informar o professor sobre o real
desenvolvimento dos aprendentes.
Assim, a avaliação classificatória apresenta-
se como um procedimento de verificação por
meio de instrumentos burocraticamente exigi-
dos pelo controle ou pelo registro escolar.
Compreende-se, então, que a avaliação das
aprendizagens realizadas pelo aluno desenvol-
ve-se “ao longo dos processos de ensino e de
aprendizagem, possibilitando fornecer infor-
mações para regulação do trabalho do profes-
sor e dos alunos” (SILVA, 2003), no sentido de
que o auxilia a (re) elaborar o seu conhecimen-
to. Assim pensada, a avaliação é um recurso
pedagógico utilizado pelo professor, que, após
estabelecer uma relação próxima com o alu-
no e uma observação criteriosa, decide meios
adequados de intervir no processo de apren-
dizagem, atendendo às diferenças individuais.
Portanto, o processo de avaliação não se resu-
me, apenas, a exames e à atribuição de pon-
tuação e de notas, mas se propõe a fins for-
mativos.
2. AVALIAÇÃO
MEDIADORA
Nessa perspectiva, a AVALIAÇÃO DO ALUNO:
•	 faz parte do processo de elaboração do(s)
conhecimento(s), sendo, assim, considera-
da formativa;
	
•	 não deve ser um instrumento de punição,
mas um procedimento auxiliar da aprendi-
zagem;
	
•	 valoriza o que ele já sabe, portanto, desen-
volve a sua autoestima;
	
•	 busca compreender suas dificuldades,
favorecendo o seu avanço com base nas
observações relativas ao modo como ele
organiza o seu pensamento;
	
•	 prevê a diversificação das situações de en-
sino.
Avaliar não é só mensurar (medir) em termos
quantitativos, uma vez que são solicitados do
professor os resultados das aprendizagens por
meio de notas. Contudo, na interpretação des-
ses dados (pontuação/notas) o que importa,
é considerá-los em função da qualidade das
aprendizagens (produto do processo).
capítulo 4 39
Segundo o posicionamento de Hoffman
(2003), os professores não são “culpados”
dos resultados obtidos pelos alunos, mas são,
sim, responsáveis. Dando continuidade, a au-
tora afirma que o “conhecimento é construído
lentamente, sempre de uma visão menos di-
ferenciada e integrada dos objetos para uma
visão mais diferenciada e integrada”. Isso sig-
nifica que, no trajeto da aprendizagem, quem
aprende precisa realizar diferentes aproxima-
ções relativas às aquisições de um objeto de
conhecimento por meio de formas e de media-
ções diferenciadas.
Então, uma avaliação que se quer “mediado-
ra” suscita um acompanhamento pedagógico,
que inclui sucessivas provocações, propõe pro-
blemas, analisa as reações, adaptando novas
perguntas às respostas dos alunos e variando e
ampliando os meios de observação sobre eles.
Se a escola opta por uma avaliação no senti-
do de processo educacional, essa escolha vai
exigir a superação do paradigma centrado no
ensino linear e uniforme.
No ensino que temos, testa-se muito e avalia-se
pouco. A avaliação implica sempre aprendizagem
e nasce do desejo de conhecer. Pelo contrário,
com os testes, confirmamos o saber ou a igno-
rância, mas, como professores ou como alunos,
aprendemos pouco.
Exercida como atividade a serviço do conheci-
mento, a avaliação tem de desempenhar uma
importante função formativa no processo de
aprendizagem. Mas a avaliação não se limita a
testes, aqueles exercícios de aprendizagem que se
transformam em instrumentos de segregação e,
em muitos casos, dão origem à exclusão.
A preocupação com a ação ética da avaliação,
mais que com a sua objetividade, é a garantia de
que esta ficará a serviço daqueles que aprendem:
tanto do professor, que quer desenvolver o seu
saber-fazer docente, como do aluno, que tem
de assegurar uma aprendizagem que lhe abra as
portas da inclusão e da participação nos bens cul-
turais e científicos. Precisamos acabar com a ideia
de que a escola é um órgão de controle social e
lutar para que a sua função seja a promoção do
conhecimento daqueles que a frequentam.
Saiba Mais:
3. REFLETINDO A
PRÁTICA: COMO
PROPOR UMA
AVALIAÇÃO
QUALITATIVA
Ao propor à escola uma mudança na práti-
ca pedagógica e, em especial, na forma de
avaliar, surgem fortes questionamentos entre
professores. Alguns resistentes à mudança e
outros que, apesar de concordarem com as
propostas, adiam o momento de efetivá-las,
temendo os novos desafios.
A ânsia do ato de corrigir é produto de uma
escola que, no dizer de Luckesi (1998), cultua
a “pedagogia do exame”, quando, conforme
Hoffman (2003), “a magia do avaliar está na
descoberta da complexidade do ato de apren-
der”.
Valendo-se das ideias apresentadas nos textos,
alguns questionamentos podem surgir, tais
como:
•	 o que é necessário para que se avalie, de
forma qualitativa, o aluno?
	
•	 se a subjetividade está presente nas avalia-
ções escolares, como proceder o ato ava-
liativo, com base em qualquer instrumento
adotado no processo educativo-pedagógi-
co, que o aproxime da objetividade?
	
•	 como possibilitar uma avaliação funda-
mentada em critérios estabelecidos?
No cotidiano escolar, diversos tipos de instru-
mento são aplicados aos alunos, sendo con-
siderada a importância de cada um deles,
segundo a necessidade do momento e dos ob-
jetivos definidos no planejamento pedagógico.
A diversidade dos procedimentos e dos instru-
mentos avaliativos depende da constatação
face às aquisições realizadas pelo aluno bem
como da dinâmica da avaliação formativa. O
que é inaceitável é o uso autoritário dos proce-
dimentos avaliativos.
Portanto, vários tipos de atividade possibilitam
ao aluno ser avaliado: questões de múltipla es-
capítulo 4
40
colha, questões discursivas, trabalhos de pes-
quisa, exposições e debates orais, experimen-
tações e demonstrações, desenhos, esquemas,
maquetes, relatórios, dentre outros.
Deve-se ter clareza em relação aos critérios que
serão aplicados para avaliar com base nos pro-
cedimentos e nos instrumentos; isso implica
elaborá-los em consonância com os objetivos
e as competências previstos para a aprendi-
zagem e tendo em vista os aspectos mais ou
menos relevantes, expressos por conceitos ou
por representação numérica (pontuação). As
anotações (registros) referentes aos procedi-
mentos e aos instrumentos utilizados, indivi-
dualmente ou em grupo, devem expressar a
evolução do aluno ou as principais e reinciden-
tes dificuldades (HOFFMANN, 2003).
Na dinâmica avaliativa, o professor, ao esco-
lher uma atividade de múltipla escolha na ela-
boração das questões, deve:
•	 evitar o enfoque apenas memorístico;
	
•	 rejeitar as alternativas ambíguas;
	
•	 apresentar um enunciado contextualizado,
expressando uma situação-problema;
	
•	 descartar as questões chamadas “cascas
de banana”.
Na elaboração de questões dissertativas, de-
vem ser observados os seguintes aspectos:
•	 clareza na redação, face à solicitação ao
aluno;
	
•	 previsão de critérios de correção pelo pro-
fessor, a fim de minimizar a subjetividade.
TEXTO COMPLEMENTAR
(ampliando o conhecimento)
http://udemo.org.br/Avaliar.pdf
http://www.scielo.br/pdf/%0D/es/v26n90/
a13v2690.pdf
LEMBRETES
Princípios norteadores da avaliação dos processos
de ensino e de aprendizagem
TRANSPARÊNCIA – informações prévias acerca
dos critérios.
NEGOCIAÇÃO – não centrada apenas na emissão
do juízo de valor do professor; considera os sujei-
tos avaliados.
ARTICULAÇÃO – gestão, projeto pedagógico,
comunidade, professores, política educacional,
conselho escolar.
FLEXIBILIDADE – novas oportunidades de ensino.
POSITIVIDADE – ressignifica os “erros” as “verda-
des provisórias”; tem compromisso com o avanço
do aluno; amplia e preserva a autoestima do alu-
no; instiga a curiosidade e a descoberta.
PARA REFLETIR E DISCUTIR NO 3º FÓ-
RUM TEMÁTICO:
Avaliação processual e somativa: um dilema a ser
resolvido?
Saiba Mais:
4. O PAPEL
CONSTRUTIVO DO
ERRO NA AVALIAÇÃO
DA APRENDIZAGEM
O entendimento de que o “erro” pode resultar
de vários fatores, envolvendo escola, o currícu-
lo, a prática educativa do professor e o esforço
dos alunos tem levado os educadores a uma
nova concepção do processo de avaliação.
O “erro”, nessa perspectiva, era visto por De-
móstenes como uma esperança e, dessa for-
ma, busca-se o caminho a percorrer no senti-
do certo. OAERESHOT apud AQUINO (1997,
p.12) afirma “a aprendizagem não começa
com a ignorância, mas com o erro”.
capítulo 4 41
Dessa forma, o professor deve levar o aluno a
se conscientizar do “erro” cometido, levando-
-o a reconhecer que se trata de um problema
a ser superado.
Nesse sentido, ele não será visto como uma
derrota, mas um novo ponto de partida. O
professor deve avaliar o progresso de seu alu-
no com esse mesmo espírito positivo, refletin-
do sobre o que ele já sabe e não sobre o que
não sabe.
O “erro” deriva da existência de um padrão já
estabelecido. Caso a conduta não corresponda
ao padrão, o professor costuma avaliar como
desvio e não como caminho já percorrido em
direção ao acerto.
Nesse contexto, pode-se considerar a avaliação
como mediação do processo ensino-aprendi-
zagem e não como um fim em si mesmo, ou
como instrumento de coação, de punição e de
marginalização.
A avaliação deve ser um meio para professor e
aluno caminharem rumo aos objetivos, consi-
derando o progresso e o percurso em relação
ao que já aprendeu e o que falta aprender. As-
sim, a avaliação será exercida como mediação
entre professor, aluno e saber, servindo de re-
orientação do processo de ensino e de apren-
dizagem na direção dos objetivos propostos.
A avaliação pode e deve possibilitar continui-
dade do processo educacional, mas precisa ser
colocada a favor da aprendizagem.
REFERÊNCIAS
AFONSO, Almerindo Janela. Avaliação Educa-
cional: regulação e emancipação. São Paulo:
Cortez, 2000.
ALVES, Rubens. Filosofia da Ciência. São Paulo:
Edit Brasiliense, 1982.
BOAS, Benigna Maria de Freitas Villas (org.).
Avaliação: Políticas e Práticas. São Paulo: Papi-
rus, 2000.
DEMO. Pedro. A avaliação sob o olhar prope-
dêutico. São Paulo. Papirus.1996.
FRANCO. Maria L. P. B. Pressupostos Epistemo-
lógicos da Avaliação. In: Cadernos de Pesquisa.
São Paulo, nº 74, 1990.
MÉNDEZ, Juan Manuel Álvarez. Avaliar para
Conhecer – Examinar para Excluir. Porto Ale-
gre: Artmed Editora, 2002.
LIBANEO, José Carlos. Adeus Professor, Adeus
professora? Novas exigências educacionais e
profissão docente. São Paulo: Papirus, 1998.
LUCKESI, Cipriano C. Avaliação da Aprendiza-
gem Escolar. São Paulo: Cortez, 1998.180p.
HOFFMANN, Jussara Maria Lerch. Avaliação
Mediadora: uma prática em construção da
pré-escola à universidade. Porto Alegre: Me-
diação, 1998.
______. Avaliação Mito e Desafio: uma pers-
pectiva construtivista. Porto Alegre: Mediação,
1995.
______. Pontos e Contrapontos: do formar ao
agir em avaliação. Porto Alegre: Mediação,
2003.
SILVA, Janssen Felipe. Introdução: Avaliação
do Ensino e da Aprendizagem numa Pers-
pectiva Formativa Reguladora. In: ______;
HOFFMANN, Jussara; ESTEBAM, Maria Teresa
(Orgs). Práticas Avaliativas e Aprendizagens
Significativas: em diferentes áreas do currículo.
Porto Alegre: Mediação, 2003.
VASCONCELOS, Celso dos Santos. Avaliação:
concepção dialética – libertadora do processo
de avaliação escolar. 11ª. ed. São Paulo: Liber-
tad, 2000.
ZABALA, Antoni. A Prática Educativa: como
ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998.
capítulo 4
42
1.	 Elabore uma atividade avaliativa escrita em
uma área do conhecimento numa situação
hipotética.
•	 Escreva duas questões do tipo “múltipla es-
colha”, observando as orientações apresen-
tadas no capítulo. Lembre-se de que o enun-
ciado deve estar articulado às alternativas,
ter clareza e ser relevante.
•	 Elabore uma questão discursiva que não im-
plique resposta memorizadora, mas enseje
uma situação significativa. Explicite os cri-
térios em relação aos quais será avaliada a
questão.
Para aprofundar o estudo
Consulte os sites abaixo discriminados:
www.Luckesi.com.br/artigosavaliacao/htm
www.contemporaneo.com.br/leitura/artigos/
avaliacao.pdf
http://novaescola.abril.com.br/ed/138_
dezoo,htm/Celso.doc
PARA REFLETIR E DISCUTIR NO 3º
FÓRUM TEMÁTICO
Avaliação processual e somativa: um dilema a ser
resolvido?
Atividades:

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  • 1.
  • 2. Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP) Núcleo de Educação à Distância - Universidade de Pernambuco - Recife Rêgo, Luciane Borges do Didática / Luciane Borges do Rêgo, Maria Vitória Ribas de Oliveira Lima. – Recife: UPE, 2010 44 p. ISBN - 978-85-7856-077-5 1. Didática - Fundamentos. 2. Pedagogia e educação. 3. Planejamento Peda- gógico. I. Lima, Maria Vitória Ribas de Oliveira. II. Universidade de Pernambuco - UPE. III. Título. CDU 37.026 R343d
  • 3. Universidade de Pernambuco - UPE NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA REITOR Prof. Carlos Fernando de Araújo Calado VICE-REITOR Prof. Rivaldo Mendes de Albuquerque PRÓ-REITOR ADMINISTRATIVO Prof. José Thomaz Medeiros Correia PRÓ-REITOR DE PLANEJAMENTO Prof. Béda Barkokébas Jr. PRÓ-REITOR DE GRADUAÇÃO Profa. Izabel Christina de Avelar Silva PRÓ-REITORA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA Profa. Viviane Colares Soares de Andrade Amorim PRÓ-REITOR DE DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL E EXTENSÃO Prof. Rivaldo Mendes de Albuquerque COORDENADOR GERAL Prof. Renato Medeiros de Moraes COORDENADOR ADJUNTO Prof. Walmir Soares da Silva Júnior ASSESSORA DA COORDENAÇÃO GERAL Profa. Waldete Arantes COORDENAÇÃO DE CURSO Profa. Giovanna Josefa de Miranda Coelho COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA Profa. Maria Vitória Ribas de Oliveira Lima COORDENAÇÃO DE REVISÃO GRAMATICAL Profa. Angela Maria Borges Cavalcanti Profa. Eveline Mendes Costa Lopes Profa. Geruza Viana da Silva GERENTE DE PROJETOS Profa. Patrícia Lídia do Couto Soares Lopes ADMINISTRAÇÃO DO AMBIENTE Igor Souza Lopes de Almeida COORDENAÇÃO DE DESIGN E PRODUÇÃO Prof. Marcos Leite EQUIPE DE DESIGN Anita Sousa Gabriela Castro Rafael Efrem Renata Moraes Rodrigo Sotero COORDENAÇÃO DE SUPORTE Afonso Bione Prof. Jáuvaro Carneiro Leão EDIÇÃO 2010 Impresso no Brasil - Tiragem 180 exemplares Av. Agamenon Magalhães, s/n - Santo Amaro Recife / PE - CEP. 50103-010 Fone: (81) 3183.3691 - Fax: (81) 3183.3664
  • 4.
  • 5. DIDÁTICA Profa. Luciane Borges do Rêgo Profa. Maria Vitória Ribas de Oliveira Lima | 45 horas Objetivo geral Apresentação da disciplina Ementa Concepção, histórico, fundamentos; organização do trabalho pedagógico na escola básica; tendên- cias pedagógicas da educação brasileira; plane- jamento e avaliação do ensino – aprendizagem; abordagens interativas mediadas pela tecnologia educacional. Apropriar-se dos fundamentos teórico-metodoló- gicos dos processos de ensino e de aprendizagem, para desenvolver ações pedagógicas no atual con- texto educacional. As informações apresentadas nos quatro capítulos da disciplina DIDÁTICA propõem diversas abor- dagens, a fim de que possam favorecer a elaboração de conhecimentos pedagógicos relevantes à formação do docente. Por se tratar de uma disciplina, cujos enfoques somente se efetivam com a contextualização dos conteúdos específicos das áreas de ensino (Língua portuguesa, Matemática, Ciência, História, Geografia etc), as abordagens pedagógicas preveem: • leituras e interpretações de textos; • pesquisas bibliográficas em fontes diversas: sites, vídeos, periódicos e livros; • solicitação de atividades para reflexão, ampliação dos conhecimentos práticos e avaliação da aprendizagem. A AVALIAÇÃO A avaliação será desenvolvida de forma processual, realizada ao longo do curso, através de di- versas atividades, tanto com a finalidade do redimensionar do conhecimento como de atender o controle acadêmico. Nesse sentido, serão realizadas atividades de acompanhamento da apro- priação dos conhecimentos, via ambiente virtual (fóruns e Webquest) e dois exercícios presenciais, mais a avaliação final para os alunos que não obtiverem aprovação por média.
  • 6. CONTEÚDO CAPÍTULO I - DIDÁTICA: Conceito e concepções CAPÍTULO II - PLANEJAMENTO NA DINÂMICA DO TRABALHO DOCENTE CAPÍTULO III - RECURSOS DIDÁTICOS E TECNOLÓGICOS E A ORGANIZAÇÃO ESCOLAR CAPÍTULO IV - AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM E OS PROCESSOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Identificar novos paradigmas da educação no mun- do contemporâneo; • Relacionar os conceitos de educação, pedagogia e didática; • Diferenciar as principais concepções sobre a aquisi- ção do conhecimento pelo sujeito aprendente; • Planejar ações educativo-pedagógicas viabilizadoras da formação pedagógica do aluno; • Reconhecer a importância da utilização dos recursos tecnológicos no processo de mediação do conheci- mento; • Construir um perfil profissional do educador exigido pelo contexto atual da sociedade.
  • 7. capítulo 1 7 Profa. Luciane Borges do Rêgo Profa. Maria Vitória Ribas de Oliveira Lima Carga Horária | 15 horas INTRODUÇÃO Caro professor! Para que possamos desempenhar, de modo competente, a docência na escola básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio) não basta, apenas, o domínio dos conteúdos na área em questão mas também conhecer alguns recursos pedagógicos que concorrem como fatores favorá- veis à elaboração e/ou à (re)elaboração de conhecimentos necessários para a integralização de sua formação de educador/docente. Para tanto, alguns temas são fundamentais para a compreensão da prática a ser desenvolvida. Outros itens abordam situações que remetem à prática desenvol- vida em sala de aula. Portanto, numa perspectiva teórico-prática, este capítulo apresenta temas básicos em relação à apropriação de conceitos importantes, a fim de que possam ser efetivados na prática escolar, de forma consciente e crítica. OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Identificar novos paradigmas da educa- ção no mundo contemporâneo; • Relacionar os conceitos de educação, pedagogia e didática; • Diferenciar as principais concepções so- bre a aquisição do conhecimento pelo sujeito aprendente; • Definir um perfil necessário ao docente da escola básica no contexto socioedu- cativo contemporâneo. DIDÁTICA: CONCEITOS E CONCEPÇÕES
  • 8. capítulo 1 8 Para melhor entender os quatro pilares da educação, acesse o link: http://4pilares.net/text-cont/delors-pilares.htm 1. CONCEITO DE EDUCAÇÃO, PEDAGOGIA E DIDÁTICA O termo EDUCAÇÃO origina-se do latim “edu- care”, que significa alimentar, criar, fazer sair, conduzir para fora. Do ponto de vista social, a educação refere- -se à transmissão através das gerações adultas, de valores, normas, usos, costumes e conheci- mentos aos mais jovens; os fins da educação têm variado conforme a época e as sociedades. Do ponto de vista individual, pode-se conside- rar que a educação é um processo contínuo e permanente de desenvolvimento e de huma- nização. Segundo Delors (2003), a Educação surge como um trunfo indispensável à humanidade na sua construção dos ideais de PAZ, de LIBER- DADE e de JUSTIÇA SOCIAL. No contexto do mundo atual, a educação deve vir ao encontro das necessidades contemporâ- neas, contribuindo para: • articular progressos científicos e tecnológi- cos e o desenvolvimento econômico e so- cial, favorecendo a inclusão de todos; • a preservação do ambiente natural do pla- neta; • superar as tensões entre a tradição cultural e a contemporaneidade e a competição e a igualdade de oportunidades; • construção de valores éticos e morais; • respeitar a pluralidade de ideias. O conceito de educação ao longo da vida apa- rece como uma das chaves de acesso ao sé- culo XXI, segundo o relatório da UNESCO, no ano de 2003, que coloca quatro pilares con- siderados como bases da educação do futu- ro: aprender a conviver, aprender a conhecer, aprender a fazer e aprender a ser. A educação deve, pois, constantemente, acompanhar as transformações da sociedade, sem deixar de reconhecer as aquisições e os saberes construídos pela humanidade, frutos da experiência humana, contribuindo para a construção da cidadania. A sociedade humana, ao longo dos anos, criou a instituição escolar por entendê-la como um meio pelo qual são assegurados os valores, os saberes, as crenças e as tradições de sua cultu- ra de forma sistemática. A educação escolar, portanto, dependendo da compreensão de mundo e de homem, pode desenvolver ações educativas mantenedoras ou transformadoras da sociedade. Pedagogia:o termo vem do grego (pais, paidós = criança; agein = conduzir; logos = tratado, ciência), significa “conduzir o aprendiz”. Porém, constitui-se em um estudo sistemático sobre a educação, com direcionamento para agir. Uma concepção pedagógica é um con- junto de princípios e diretrizes que orientam a ação educativa. O seu objeto de estudo é a prática educativa como ponto central de refe- rência de sua investigação e consequentes di- reções teórico-práticas. A DIDÁTICA tem a sua origem na língua gre- Saiba Mais:
  • 9. capítulo 1 9 Na histórica da Didática, o filósofo tcheco Comê- nius é o primeiro pedagogo dos tempos moder- nos. Também foi considerado o pai da Didática moderna: A Didática Magna ou Tratado da Arte Universal de ensinar tudo a todos, escrita em tcheco, em 1629-1632, traduzida para o latim em 1640 e só publicada em 1657. A Didática Magna é uma obra de referência para todos os que buscam compreender o sentido mais pro- fundo do humanismo na educação, ressaltando que ‘não se deve, pois, excluir ninguém dos be- nefícios da educação e da instrução’. Comênius revolucionou o modelo de educação da época e que continua a despertar um interesse por todos que buscam compreender a melhor forma de conduzir o en- sino para todos. Conduziu seu método de ensino com o princí- pio de que não existe mau alu- no, o que deve existir sim: boas bibliotecas, bons professores e bons métodos. aprendizagem do aluno e outros aspectos que dizem respeito ao ato educativo são tratados pela Didática de forma crítica e comprometi- da com a formação da CIDADANIA e com o modo de aquisição do CONHECIMENTO. Com a preocupação de enfatizar a importância des- ses dois processos na educação, a DIDÁTICA compromete-se com a reflexão dos caminhos que levam à construção do conhecimento em todas as áreas do currículo escolar. 2. CONHECIMENTO E APRENDIZAGEM: algumas considerações O ser humano apreende a realidade do mundo ao seu redor num processo que se realiza em variadas situações contextualizadas, participa- tivas e, sobretudo, culturais. É importante para o educador refletir sobre o processo de aquisição do conhecimento no sentido de auxiliar a mediação entre o aluno (sujeito) e o que ele aprende (objeto de conhe- cimento). O professor não é um simples executor das prescrições do currículo. O professor tem um papel muito mais importante que o de sim- plesmente transmitir conhecimentos aos seus alunos. Nesse sentido, o professor tem o papel de mediar, porque ele está no meio, como um agente de ligação entre o conhecimento e os aprendentes. Assim, o professor deve interpre- tar como um agente de ligação entre o currí- culo e os alunos. A concepção que o professor tem do conhe- cimento e os valores que ele julga importante trabalhar constituem as bases da prática pe- ga, significando “fazer aprender”, “instruir”, “ensinar”. A Didática, por muitos anos, foi compreendida como um conjunto de proce- dimentos técnicos cujo objetivo principal era o de garantir o bom ensino, técnicas pedagógi- cas eficientes e bem conduzidas produziam a eficácia educativa. Atualmente, sabe-se que a Didática tem como objetivo os processos de ensino e de apren- dizagem, ultrapassando a técnica, sendo um meio de compreensão crítica da educação e dos processos de ensino e de aprendizagem. A Didática, em termos técnicos e práticos, possui um conteúdo implícito, uma concepção de so- ciedade, de homem e de educação. Nesse sentido, vamos distinguir, nessa dis- ciplina, as diferenças e implicações teórico - práticas entre a visão da didática como uma simples aplicação de técnicas ou como uma compreensão crítica dos processos de ensino e de aprendizagem, tendo o professor como um mediador no processo didático de ensino e de aprendizagem. As reflexões sobre educação, a escola como instituição social, os procedimentos pedagógi- cos, a avaliação dos processos de ensino e de Saiba Mais: http://static.infoescola.com/wp-content/ uploads/2010/08/Jan-Amos-Comenius.jpg
  • 10. capítulo 1 10 dagógica. Esta se concretiza nas relações que ocorrem nos espaços pedagógicos. Os espaços pedagógicos, como você sabe, são aqueles em que as pessoas estabelecem relação com o co- nhecimento. A escola é um deles, mas, na atu- alidade, há outros espaços como os espaços virtuais, pelo qual você vai estabelecer interati- vidade com o conhecimento. Agora vamos estudar as diversas práticas de- senvolvidas nos espaços pedagógicos e as ten- dências pedagógicas que orientam tais práti- cas. 2.1. O paradigma conservador Nas últimas décadas do século XX, o ensino nas instituições educativas tem-se apresentado por uma prática pedagógica, em muitos casos, conservadora e tradicional. Na realidade, os professores vêm sofrendo uma forte influência do paradigma newtoniano-cartesiano que ca- racterizou a ciência no século XIX e grande par- te do século XX. Esse paradigma contaminou, por muitos anos, a sociedade e, em especial, a escola, em todos os níveis de ensino. Este pensamento propôs a fragmentação do todo e, por conseqüência, as escolas repartiram o conhecimento em áreas, as áreas em cursos, Figura 01 os cursos em disciplinas, as disciplinas em es- pecificidades. A repartição foi tão contunden- te que levou os professores a realizarem um trabalho docente completamente isolado em suas salas de aula. A influência deste paradigma na ação docen- te é a busca da reprodução do conhecimento. Caracterizada pela fragmentação, a prática pe- dagógica propõe ações mecânicas aos alunos, provocando um ensino que prioriza o escute, leia, decore e repita. Estas quatro ações têm sido propostas como metodologia no ensino por um longo período na história da educa- ção. Em sua grande maioria, os professores ex- plicam o conteúdo e a classe acompanha em silêncio. A pesquisa do conteúdo e elaboração do conhecimento é realizada pelo professor para ministrar as aulas. Na explicação do con- teúdo, cabe aos alunos o papel de espectado- res passivos para assimilar, memorizar e repro- duzir os conteúdos propostos. Nesse contexto, podemos indagar: Quem está no processo de aprendizagem? O aluno ou o professor ? A resposta ideal seria: os dois são sujeitos do processo. Mas, infeliz- mente, o aluno tem sido tratado como objeto, passivo e receptivo no trato pedagógico. Sal- vo raras exceções, os docentes conservadores aliam a competência ao autoritarismo. O si- lêncio e a disciplina são essenciais para desen- cadear o ensino reprodutivo e conservador. A avaliação tem o seu foco na memorização e na O paradigma Newtoniano-Cartesiano que in- fluencia até hoje os campos do conhecimento científico partem do pressuposto de que, para conhecer o todo, é preciso fragmentá-lo. O todo seria, então, resultado da união destas partes me- nores. Este fato levou a ciência, mais especifica- mente, ocidental a fragmentar o mundo e criou em todos os segmentos tecnólogos especialistas, que não veem o mundo como um todo. Tal mo- delo tem como princípios o racionalismo, o con- trole, o individualismo, a hierarquia e outros. http://pt.wikipedia.org/wiki/Paradigma_holistico http://cegueiracientifica.blogspot.com/2009/01/ paradigma-newtoniano-cartesiano.html Saiba Mais:
  • 11. capítulo 1 11 assimilação, e, em algumas áreas, o professor adquire credibilidade pelo número de alunos que são reprovados na sua disciplina. A grande ênfase no produto permitiu aos pro- fessores que, muitas vezes, ingenuamente, formassem homens dóceis, acéticos e repro- dutores do conhecimento alheio. Para fins didáticos, caberia colocar dentro dos paradigmas conservadores as tendências pe- dagógicas: tradicional, escolanovista e tecni- cista. Todas essas abordagens, respeitando as caracterizações próprias para cada época em que foram propostas, apresentam como es- sência a reprodução do conhecimento. Você costuma refletir sobre sua prática peda- gógica? Na verdade, poucos professores refle- tem sobre a sua ação docente. A formação pe- dagógica dos docentes deve ser permeada por uma reflexão contínua entre teoria e prática. Não basta instrumentalizar o professor com procedimentos técnicos, para que prática seja renovada. É necessária a reflexão crítica e con- textualizada nas necessidades sociais e educa- cionais dos estudantes. 2.2. Um novo modelo Os avanços tecnológicos e científicos provo- caram mudanças na sociedade. A grande velo- cidade e o impressionante volume de informa- ções que são produzidos, além da facilidade Texto complementar: http://www.ufsm.br/lec/01_00/DelcioL&C3.htm 1. Construa um quadro, situando o papel do professor e do aluno nas concepções conser- vadoras (tradicional, escolanovista e tecnicis- ta). Saiba Mais: Atividades: de acesso a elas, tornam os paradigmas con- servadores obsoletos. O final do século 20 car- acteriza-se pelo advento da sociedade do con- hecimento, da revolução da informação e da exigência da produção do conhecimento. Esse processo de mudança afeta profundamente os profissionais de todas as áreas do conheci- mento e, por consequência, exige o repensar dos seus papéis e suas funções na sociedade. A sociedade passa a exigir profissionais que tenham capacidade de tomar decisões, que sejam autônomos, que produzam com inicia- tiva própria, que saibam trabalhar em grupo, que partilhem suas conquistas e que estejam em constante formação. Nesse movimento de mudança, o professor passa a ter um papel fundamental de articulador e mediador entre o conhecimento elaborado e o conhecimento a ser produzido. O novo paradigma da ciência, gerado com base na teoria da relatividade e na teoria da física quântica, implica um repensar sobre o papel da educação na vida dos homens. A abordagem que analisa o mundo em partes independentes já não funciona. No campo educacional, há uma valorização da importância de diálogos que precisam ser restabelecidos, com base em um enfoque mais holístico e em um modo menos fragmentado de ver um mundo e nos posicionarmos diante dele. Já não podemos prescindir de uma visão mais ampla, global para que a mente humana funcione de modo mais harmonioso no sen- tido de colaborar para a construção de uma sociedade mais ordenada, justa, humana, fra- terna e estável. A superação da visão cartesi- ana de mundo demanda repensar o sistema de valores que estão subjacentes a esse paradig- ma. O novo modelo na ciência, com uma visão Figura 02
  • 12. capítulo 1 12 quântica, demanda reconhecer que todos os seres são interdependentes e que “nossas vi- das estão entrelaçadas com o mundo atual, dependem de nossa atuação e nosso contexto, em nossa realidade, que será revelada medi- ante uma construção ativa em que o indivíduo participe” (MORAES, 1997, p. 22). Buscando uma visão de totalidade, de con- exão, de interdependência, a escola nesse paradigma é articuladora do saber. Não é só um espaço físico, mas, sim, um estado perma- nente do indivíduo, onde o trabalho colabora- tivo está sempre presente. O novo paradigma tem como pressuposto es- sencial uma prática pedagógica que possibil- ite a produção do conhecimento. Embora se apresentem variadas denominações, o novo paradigma caracteriza-se pela produção do conhecimento e permite um encontro de abor- dagens e tendências pedagógicas que possam atender às exigências da sociedade do conhe- cimento ou da informação. O mundo mudou, e, com ele, as expectativas e necessidades dos homens passaram a ter outras perspectivas. Não se pode apontar uma única abordagem pedagógica para contemplar o paradigma emergente. Por exemplo, Moraes (1997) propõe o encontro das abordagens construtiv- ista, interacionista e sociocultural. O ponto de encontro dessas abordagens é a superação da reprodução e a busca da produção do conhecimento. Na realidade, é uma produção do conhecimento que permite aos homens serem éticos, autônomos, reflexi- vos, críticos e transformadores; que, ao inovar os profissionais e, em especial, os professores, preocupem-se em oferecer uma melhor quali- dade de vida para os homens, provocando, nesse processo, uma reflexão de que se vive num mundo global, portanto, são respon- sáveis pela construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Como diz Franco (1995), o professor precisa compre- ender que, como toda a realidade, a “sala de aula” bem como o aluno e o próprio professor estão inse- ridos em uma rede de relações e que tudo o que está ocorrendo na sala de aula faz parte de um processo interminável e impossível de ser controlado, e o pro- fessor precisa participar desse processo, a fim de con- tribuir para que ele se dê da melhor forma possível. 3. APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA Você, aluno, lembra-se de um “rap”, do com- positor Gabriel, o Pensador sobre a escola bra- sileira? O texto referente a este item inicia-se com um trecho da música “Estudo errado” que possibilitará situá-lo melhor no tema a ser estudado. ESTUDO ERRADO Autor: Gabriel, o Pensador Eu to aqui. Pra quê? Será que é pra aprender? Ou será que é pra aceitar, me acomodar e obedecer?... Tô cansado de estudar, de madrugada, que Sacrilégio (Vai pro Colégio!!). Então eu fui relendo tudo até a prova começar. A realização das atividades de estudo propostas nesse capítulo o ajudará compreender o assunto e, assim, interagir com seus colegas e professores no primeiro fórum temático da disciplina no qual iremos discutir as implicações teórico-práti- cas entre a visão da didática como uma simples aplicação de técnicas ou como uma compreensão crítica dos processos de ensino e de aprendiza- gem, tendo o professor como um mediador no processo didático de ensino e de aprendizagem, com base nas abordagens construtivistas. 2. Construa um quadro, situando o papel do professor e do aluno no âmbito das concep- ções construtivistas. Atividades:
  • 13. capítulo 1 13 Voltei louco pra contar: Manhê! Tirei um dez na prova. Me dei bem, tirei um cem. E eu quero ver quem me reprova. Decorei toda a lição. Não errei nenhuma questão. Não aprendi nada de bom. Mas tirei dez (boa filhão). Quase tudo que aprendi, amanhã já esqueci. Decorei, copiei, memorizei, mas não entendi. Quase tudo que aprendi, amanhã já esqueci. Decorei, copiei, memorizei, mas não entendi. Decoreba: esse é o método de ensino. Eles me tratam como ameba e assim eu nem raciocino. Não aprendo as causas e conseqüências, só decoro os fatos Desse jeito até história fica chato... Mas o ideal é que a escola me prepara para vida. Discutindo e ensinando os problemas atuais. E não me dando as mesmas aulas que eles deram pro meus pais... Leu ou cantou o “rap” de Gabriel? Percebeu a mensagem dos versos? Então, reflita um pouco sobre alguns aspectos do texto musical que são alvos da crítica do autor e os relacione para si, a fim de que, após a leitura do texto que vem a seguir, você possa ampliar a sua leitura crítica com a avaliação de suas experiências como estudante, ao longo de sua vida escolar. No texto a seguir, você identificará algumas ideias importantes sobre a aprendizagem. Atualmente a escola tem sido muito avaliada; os métodos e as abordagens de ensino são objetos de crítica assim como seus resultados avaliativos. Apesar do surgimento de ideias educacionais, visando à melhoria da apren- dizagem e do desempenho docente, a escola continua, conforme expressão da professora Smole (2007), “dominada por uma concepção pedagógica tradicional”. Os alunos continuam memorizando conteú- dos muitas vezes desconectados de suas ex- periências, e os professores expondo os assun- tos e aplicando exercícios; em consequência , a indisciplina e o desinteresse ocorrem. Como a escola, através das atividades ped- agógicas, pode se organizar, a fim de envolver o aluno na sua própria aprendizagem, tornan- do-o mais autônomo? Há muitas contribuições teóricas no campo da Psicologia e da Pedagogia; uma delas é a que trata da APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA. A teoria inicial foi delineada por Ausubel (1980), psicólogo nascido nos Estados Unidos. São alguns princípios norteadores da teoria: • o conhecimento humano é construído; • o sujeito somente aprende, quando existe a interação de uma informação com um aspecto relevante da sua estrutura cogniti- va (mente humana). Isso significa incorpo- ração do novo conhecimento às estruturas cognitivas. • relação entre as ideias novas com as idé- ias preexistentes na mente do sujeito. Isso significa que os conhecimentos prévios dos aprendizes têm grande influência sobre a aprendizagem significativa de novos con- hecimentos. Aqueles são denominados de ideias, conceitos, fatos denominados inte- gradores ou subsunçores. • ao aprender de forma significativa, o su- jeito retém a substância (o essencial) das novas ideias. • a predisposição favorável do sujeito é um elemento relevante para o domínio dos conceitos e para a solução de problemas reais (NOVAK, 1980).
  • 14. capítulo 1 14 • o conhecimento deve ser visto como uma rede de significados em permanente pro- cesso de transformação, a cada nova INTE- RAÇÃO. 4. UMA NOVA ABORDAGEM DIDÁTICA Uma nova abordagem didática – metodológi- ca deve ser vivenciada, tendo como objetivo a construção da cidadania social, política e econômica. Quando se fala a palavra cidadania, logo sur- gem ideias, como: participação, direitos e de- veres da pessoa na sociedade. A conquista da cidadania passa pela conscientização do ser humano sobre a sua identidade política, isto é, reconhecer-se como um membro participante dos destinos do seu país, de sua comunidade, bem como ter acesso a uma vida de qualidade e poder usufruir do progresso humano. Atualmente, fala-se constantemente em in- clusão social, porém, para se sentir incluso, é necessário não só “estar no mundo” mas “com o mundo”, como diz Paulo Freire (1981). Ai- nda citando o grande educador, “estar com o mundo resulta de sua abertura à realidade, que o faz ser o ente de relações que é” (FREIRE, 1981). Como está situada a escola como uma institu- ição social em face a essa realidade colocada? Sabe-se que a educação escolar não pode ser dissociada do todo da sociedade, conse- quentemente apresenta contradições e deter- minantes, que nem sempre permitem sua au- tonomia plena. Porém, é relevante seu papel transformador e a sua função de assegurar os conhecimentos científicos e culturais a todos os cidadãos, elevando-os culturalmente. A escola, como instituição social e que deseja ser CIDADÃ, deve: • ser dialógica (vivenciar o diálogo); • desenvolver a autonomia (preparar o aluno para a independência intelectual); • praticar a autogestão democrática (toma- da de decisões coletivas/abertura de canais de participação); • ser comunitária (envolver-se nos problemas e nas soluções da comunidade); • ser democrática (abrir os seus espaços para todos em sua heterogeneidade); • ser pluralista (conviver com diversas ideias e conflitos e discuti-los); - ter um projeto coletivo (discussão entre todos os membros com decisões políticas e pedagógica para as ações). Portanto, para que se possibilite uma escola para todos, e, em especial, uma escola pública democrática, deve-se não só oferecer acesso à permanência, mas “construir a cultura do sucesso escolar, no trato dado ao conheci- mento, na superação dos preconceitos e nas práticas” (SANTIAGO, 1998). 5. CONSEQUÊNCIAS PEDAGÓGICAS Podemos registrar alguns aspectos relaciona- dos às consequências didático-pedagógicas do estudo deste capítulo, tais como: • o aluno pode aprender por múltiplos caminhos e usar diversos meios e modos de expressões (SMOLE, 2007); • o processo de ensino e aprendizagem deve possibilitar o desenvolvimento e a valoriza- ção de todas as competências intelectuais: espaciais, corporais, pictóricas (pinturas), inter e intrapessoais, além das linguísticas e lógico-matemáticas (ibid).
  • 15. capítulo 1 15 • o professor é um mediador para a aqui- sição e para o desenvolvimento da apren- dizagem, orientando a busca de diversas fontes, além das tradicionais, os melhores sites, indicando links, etc. • a aprendizagem escolar é um processo ativo do ponto de vista do aluno; ele con- strói, modifica, enriquece seus esquemas de conhecimento a respeito de diferentes conteúdos escolares. • o ponto de partida da aprendizagem é o significado; deve estar ligado à prática so- cial, à importância do contexto. • a aprendizagem é um processo resultante do cruzamento da rede de saberes con- struídos (prévios) pelos alunos, saberes so- ciais de referências e saberes escolares. • a habilidade de aprender a aprender e a pensar é possibilitada ao aluno através da INVESTIGAÇÃO. Os desafios devem pro- vocar questionamentos e modificação dos esquemas prévios, ou seja, na maneira de ver, interpretar e atuar no mundo. • Professor e estudantes se consideram como pessoas e não, como papéis; hipóte- ses e pensamento divergentes fazem parte do processo criativo; o professor é também aluno, aprendiz dos estudantes. GLOSSÁRIO Interatividade: participação;intervenção; bidirecionalidade;hibridação; permutabilida- de. (SILVA, Marco. 2000). Paradigma: modelo, padrão ou norma, algo que serve como parâmetro de referência, como um semáforo ou uma estrutura conside- rada ideal ou merecedora de ser seguida. REFERÊNCIAS AUSUBEL, David Paul; NOVAK, Joseph; HANE- SIAN, Helen. Psicologia Educacional. R.J.: Inte- ramericana, 1980. BEHRENS, Marilda Aparecida. A prática ped- agógica e o desafio do paradigma emergente. Revista Brasileira. Est. pedag., Brasília, v. 80, n. 196, p. 383-403, set./dez. 1999. Disponível em: http://www.emaberto.inep.gov.br/index. php/RBEP/article/viewFile/167/166. Acesso em: 02.10.2010. _________ Marilda Aparecida. O paradigma emergente e a prática pedagógica. 3 ed. Curi- tiba: Champagnat. 2003. DELORS, Jacques. Educação: um tesouro a descobrir. Relatório da UNESCO. São Paulo: Cortez, 2003. DAVIS, Cláudia. Psicologia na Educação. São Paulo:Cortez, 1990. FRANCO, Sérgio Roberto Kieling. O construtiv- ismo e a educação. Porto Alegre: Mediação, 1995. FREIRE, Paulo. Educação como prática da liber- dade. Rio Janeiro: Paz e Terra, 1981. ______, Paulo. Pedagogia da Esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido. 7 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000. ______, Paulo. Pedagogia da Autonomia: sa- beres necessários à prática educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997. GATOTTI, Moacir. Escola Cidadã. Coleção Questões da Nossa Época. São Paulo: Cortez Editora, 1995. GROSSI, Esther Pillar. Um Novo Paradigma so- bre a Aprendizagem. In, GROSSI, Esther Pillar;
  • 16. capítulo 1 16 BORDIN, Jussara. Paixão de Aprender. Petrópo- lis: Vozes, 1994. HICKEL, Neusa. A Inteligência é um Processo e não um Dom: fica-se inteligente porque se aprende. IN, GROSSI, Esther Pillar & BORDIN, Jussara. PAIXÃO DE APRENDER. Petrópolis: Ed. Vozes, 1994. MORAES, Maria Cândida. O paradigma emer- gente. Campinas: Papirus, 1997. MOREIRA, Marco Antonio; ELCIE, F.S.M. Apre- ndizagem Significativa: a teoria de David Aus- ubel. São Paulo: Ed. Moraes, 1982. NOVAK, Joseph David. A Teoria da Aprendiza- gem Significativa. Revista Construir Notícias, n. 34, Ano 06, Recife, maio/jun, 2007. SANTIAGO, Eliete. Paulo Freire e as questões curriculares: uma contribuição e reflexão. In, Revista de Educação. AEC do Brasil, a.27, n.106. Jan/març, 1998. SMOLER, Kátia Cristina Stocco. Aprendizagem Significativa: o lugar do conhecimento e da inteligência. Revista Construir Notícias, n.34, Ano 06, Recife, maio/jun, 2007.
  • 17. capítulo 2 17 Profa. Luciane Borges do Rêgo Profa. Maria Vitória Ribas de Oliveira Lima Carga Horária | 15 horas INTRODUÇÃO O planejamento pedagógico é uma tarefa que inclui tanto a previsão das atividades didáticas em termos da sua organização e coordenação em fase dos objetivos propostos quanto a sua revisão e adequação no decorrer do processo de ensino (LIBÂNEO,1991). Desse modo, este capítulo abor- da o tema, mostrando a importância do planejamento na estruturação do trabalho pedagógico, evidenciando as vantagens da organização do trabalho docente, as etapas de construção (moda- lidade de planejamento), os procedimentos (dinâmica do processo de ensino e aprendizagem), enfatizando a coerência entre a prática desenvolvida e as referências que a fundamentam. OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Definir uma concepção de Planejamen- to Educacional numa visão transforma- dora. • Diferenciar tipos de planejamento edu- cacional. • Reconhecer a importância da previsão de situações didáticas e de recursos ne- cessários às aprendizagens. • Organizar planos de ensino a partir de referenciais teóricos e da realidade do contexto educativo. • Relacionar o Projeto Político-Pedagógi- co da escola às atividades curriculares. O PLANEJAMENTO PEDAGÓGICO NA DINÂMICA DO TRABALHO DOCENTE
  • 18. capítulo 2 18 1. PLANEJAMENTO EDUCACIONAL O ato de planejar faz parte da história do ser humano, pois o desejo de transformar sonhos em realidade objetiva é uma preocupação marcante de toda pessoa. Em nosso dia-a-dia, sempre estamos enfrentando situações que necessitam de planejamento, mas nem sem- pre as nossas atividades diárias são delineadas em etapas concretas da ação, uma vez que já pertencem ao contexto de nossa rotina. Entre- tanto, para a realização de atividades que não estão inseridas em nosso cotidiano, usamos os processos racionais para alcançar o que dese- jamos. As ideias que envolvem o planejamento são amplamente discutidas nos dias atuais, mas um dos complicadores para o exercício da prá- tica de planejar parece ser a compreensão de conceitos e o uso adequado destes. Assim o objetivo deste capítulo é o de procurar explici- tar o significado básico de termos, tais como planejamento, plano, programa, projeto e ou- tros. Cabe ressaltar que, neste breve texto, não se pretende abordar todos os níveis de plane- jamento, mesmo porque, como aponta Gan- din (2001, p. 83), é impossível enumerar todos os tipos e níveis de pla- nejamento necessários à atividade humana. Sobretu- do porque, sendo a pessoa humana condenada, por sua racionalidade, a realizar algum tipo de planeja- mento, está sempre ensaiando processos de transfor- mar suas idéias em realidade. Embora não o faça de maneira consciente e eficaz, a pessoa humana possui uma estrutura básica que a leva a divisar o futuro, a analisar a realidade, a propor ações e atitudes para transformá-la. Refletindo sobre o planejamento, Rubens Al- ves (1982) estabelece uma conexão com a his- tória de um escoteiro... Um escoteiro, tendo ido com os seus companheiros para um passeio na floresta, ficou sozinho; quando eles voltaram sem aviso, para o acampamento. Per- dido, poderia ter começado a chorar ou, o que seria mais comum, a andar sem rumo para cá e para lá, na esperança de encontrar uma saída. Mas, inteligente- mente organiza sua mente e sua ação: - abre o seu mapa (reconhece o contexto/compreende a situa- ção); - estabelece o rumo (alcançar o acampamento); - verifica a distância(em que está e que meios dispõe para chegar ao destino) e define o caminho (estabe- lece o roteiro). Qual a comparação que pode ser estabelecida entre a história e as ações de planejamento? No planejamento educacional, também a pro- posta de ação, à semelhança do escoteiro, é uma interferência na realidade (na prática), a fim de transformá-la ou de construir uma nova realidade (ações, atitudes e comportamentos, normas). O planejamento educacional constitui-se em um processo de organização do trabalho pe- dagógico, tendo como elemento mediador a prática social. Para melhor compreender o processo de pla- nejamento, vamos diferenciar planos, progra- mas e projetos. PLANO Plano é um documento utilizado para o regis- tro de decisões do tipo: o que se pensa fazer, como fazer, quando fazer, com que fazer, com quem fazer. O plano é a “apresentação sistematizada e jus- tificada das decisões tomadas relativas à ação a realizar” (FERREIRA apud PADILHA, 2001, p. 36). TIPOS DE PLANOS Plano Nacional de Educação é um plano que reflete toda a política educacional de um povo, inserido no contexto histórico, que é desenvol- vida a longo, médio ou curto prazo. Plano Escolar é onde se registram os resultados do planejamento da educação escolar. “É o documento mais global; expressa orientações
  • 19. capítulo 2 19 gerais que sintetizam, de um lado, as ligações do projeto pedagógico da escola com os pla- nos de ensino propriamente ditos”. (Libâneo ,1993, p 225). Plano de Curso é a organização de um con- junto de matérias que vão ser ensinadas e de- senvolvidas em uma instituição educacional, durante o período de duração de um curso. Segundo Vasconcellos (1999, p. 117), esse tipo de plano é a “sistematização da propos- ta geral de trabalho do professor naquela de- terminada disciplina ou área de estudo, numa dada realidade”. Plano de Ensino é o plano de disciplinas, de unidades e experiências propostas pela es- cola, professores, alunos ou pela comunidade. Situa-se no nível bem mais específico e concre- to em relação aos outros planos, pois define e operacionaliza toda a ação escolar existente no plano curricular da escola. (SANT’ANNA, 1995). PROGRAMAS Padilha (2001) explica que um programa pode ser constituído de um ou mais projetos de de- terminados órgãos ou setores num período de tempo definido. Para Gandin (1995), o progra- ma, dentro de um plano, é o espaço onde são registradas as propostas de ação do planeja- dor, visando aproximar a realidade existente da realidade desejada. Desse modo, na elabora- ção de um programa, é necessário considerar as ações concretas a realizar, as orientações para toda a ação (atitudes, comportamentos), as determinações gerais as atividades perma- nentes. PROJETOS Projeto é também um documento produto do planejamento, porque nele são registradas as decisões mais concretas de propostas futuris- tas. Como o próprio nome indica, projetar é lançar para a frente, dando sempre a ideia de mudança, de movimento. Projeto representa o laço entre o presente e o futuro, sendo ele a marca da passagem do presente para o futuro. Nas seções a seguir, você verá melhor o que são os projetos didáticos e o projeto político- pedagógico. 2. PLANEJAMENTO PEDAGÓGICO Para a compreensão da importância do plane- jamento das atividades de ensino e de apren- dizagem na escola, faz-se necessário explicitar algumas características dos planos de ensino (planos de curso, de aula e projetos didáticos): • partem do conhecimento da realidade (contexto social, necessidades do aluno e seus conhecimentos prévios); • estabelecem objetivos específicos; • identificam e explicitam questões que a prática social e o conhecimento colocam; • identificam os instrumentos metodológi- cos adequados à busca das respostas e aos problemas levantados (fontes diversas/ati- vidades diversas); • integram as diferentes contribuições na construção e ou reconstrução do saber (sistematização dos conhecimentos); Figura 01
  • 20. capítulo 2 20 • partem da visão do aluno, global e am- pliada da realidade. O plano de ensino ou de curso é um guia que organiza as unidades para um ano ou semestre e geralmente contém os seguintes elementos: • dados de identificação (instituição/curso/ disciplina/série/carga-horária) • objetivos (geral e específicos) • temas de estudo (conteúdo) • procedimentos metodológicos (atividades do professor e do aluno, inclusive avalia- ção) • referências O plano de aula é um detalhamento do plano de curso, tendo como referenciais os objetivos específicos necessários, os quais devem ser centrados nos alunos. Nesta perspectiva de trabalho, o professor deve adotar os seguintes procedimentos: • problematização (questionamentos inte- ressantes, charadas, músicas,dúvidas, etc, de tal modo que mobilizem a curiosidade e a busca) • considerar os conhecimentos prévios (o que o aluno sabe sobre o assunto) • busca de informações (fontes diversas - lei- turas, pesquisas individuais ou em grupos, pesquisa de campo e na Internet, exposi- ções, excursões, análises de vídeo, entre outras) • sistematização do conhecimento ( cons- trução conjunta – professores e alunos, de conhecimentos sistematizados) • procedimentos avaliativos (informação dos critérios, dos procedimentos e instrumen- tos de avaliação) • referências utilizadas Vale ressaltar que as denominações relativas às etapas dos planos podem variar, de acordo com as instituições, autores e propostas peda- gógicas. Outras situações didáticas para a aprendiza- gem de conhecimentos são planejadas através dos PROJETOS DIDÁTICOS: eles se constituem de planos de ensino, a partir de temas gerado- res coerentes com objetivos básicos das apren- dizagens previstas. Os projetos didáticos apresentam, de um modo geral, as seguintes características: • definição conjunta do tema de estudo; • levantamento de questões sobre o tema (alunos e professores); • negociação compartilhada entre alunos e professor em relação aos objetivos do es- tudo e às fontes de pesquisa (bibliográfi- cas, entrevistas, excursões, seminários) e às avaliações; • interdisciplinaridade (compreensão global da realidade do saber escolar e interação com outros conhecimentos). • compreensão dos conhecimentos pelo en- volvimento crítico no tema do estudo. 3. O PROJETO POLÍTICO/ PEDAGÓGICO DA ESCOLA Para iniciar o estudo, vamos PROBLEMATIZÁ-LO? • Qual o significado do termo Político-Peda- gógico? • Por que o seu planejamento é importante? • Qual a sua relação com o processo de en- sino-aprendizagem? • Quem dele participa como projeto?
  • 21. capítulo 2 21 A escola, segundo Veiga (1996), é o lugar da concepção, realização e avaliação do seu pro- jeto educativo e, por isso mesmo, é mister que ela assuma essa responsabilidade e, também, reivindique das instâncias superiores às condi- ções para seu desenvolvimento. Para que você, aluno, compreenda o que é PROJETO POLÍTICO- PEDAGÓGICO, faz-se ne- cessário que entenda o significado de cada palavra: • projeto – é o que lança para adiante, é mo- vimento; é ação organizada que articula as práticas, segundo esquemas estabelecidos, que arranja o presente e o liga à visão do futuro. • político – dimensão de compromisso com a formação do sujeito cidadão. • pedagógico – dimensão do “saber fazer” dos processos de ensino e de aprendiza- gem / organização do processo de traba- lho, a prática docente, as ações coletivas. A importância em ser definido um projeto pe- dagógico pela instituição escolar é fundamen- tal para que sejam estabelecidos os rumos que norteiam a prática; os fundamentos educacio- nais, a coerência entre o que quer atingir em termos de educação com os procedimentos organizacionais e pedagógicos. Alguns aspectos são considerados relevantes no processo de construção do projeto peda- gógico de uma escola: • ser participativo (envolve todos os mem- bros da comunidade escolar); • deve indicar as finalidades da educação e propor objetivos a médio e longo prazo; • deve propor um currículo coerente com os objetivos educacionais: a organização das atividades curriculares, principalmen- te, a gestão da sala de aula, conforme as necessidades dos alunos (possibilidades e limitações para a formação da cidadania), a superação da rigidez dos espaços e tem- pos escolares (novas formas de apropria- ção dos saberes em novos cenários educa- cionais - ambiente virtual / mídias diversas / atividades extraclasses). • deve expor, com clareza e coerência, o seu conceito de avaliação e consequentes procedimentos e critérios de aprovação do aluno. 1. Visite uma escola para conhecer o seu Proje- to Político-Pedagógico 2. Questione sobre os princípios que conduzem as atividades de aprendizagem dos alunos e como são avaliados. Verifique a coerência. Atividades: Figura 02
  • 22. capítulo 2 22 Texto complementar: O artigo 13 da LDB é reservado exclusivamente aos docentes. A primeira incumbência prevista no inciso I do artigo 13 da LDB determina que cada docente deva participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino. A participação ativa do docente se faz ne- cessária à elaboração da proposta pedagógica da instituição escolar. A segunda incumbência, prevista no inciso II do artigo 13 da LDB, determina que cada docente deva elaborar e cumprir plano de trabal- ho, segundo a proposta pedagógica do estabele- cimento de ensino. O plano de trabalho docente é, ao certo, uma das atividades mais acadêmicas, produtivas e interessantes dos profissionais de ensino. A partir do plano de trabalho, o docente pode assinalar, no período letivo, suas metas cur- riculares e educacionais. Por exemplo, é a opor- tunidade de o docente propor e perseguir metas como o fim da evasão escolar e melhorar a qua- lidade do seu serviço educacional através de uma didática eficiente e eficaz, que tenha por principal finalidade o desenvolvimento da capacidade de aprender e de aprendizagem dos alunos. A terceira incumbência, prevista no inciso III da artigo 13 da LDB, prescreve que cabe ao docen- te zelar pela aprendizagem dos alunos. Aqui, decerto, reforça, no processo ensino-apren- dizagem, a aprendizagem como princípio do bom fazer pedagógico. O componente ensino, centrado no professor, refere-se à organização do material curricular a ser transmitido em sala de aula , em prol da aprendizagem que, aqui, passa a ser entendida como a construção e reconstru- ção dos conhecimentos e saberes historicamente acumulados pela sociedade. Saiba Mais: 4. CURRÍCULO ESCOLAR Você sabe o que significa CURRÍCULO? Segundo o dicionário de Aurélio da Língua Portuguesa, a palavra currículo significa “ata- lho”, “ato de correr”. No sentido educacional, o termo currículo re- fere-se ao caminho percorrido pelo aluno na construção do conhecimento. Percebe-se, en- tão, a diferença entre essa forma de entender o currículo como um processo dinâmico em contraposição à ideia de currículo como sequ- ência de disciplina de um curso. O currículo, conforme o conceito exposto aci- ma resulta na organização dos conhecimentos na escola, com reflexos relacionados ao modo de conduzir a aprendizagem, ou no redimen- sionamento das ações, conforme as linhas condutoras delineadas pelo projeto pedagó- gico. Atualmente, fala-se em INTERDISCIPLINARIDA- DE CURRICULAR, logo você precisa ter com- preensão do que é uma atividade curricular interdisciplinar. Observe que todos os cursos têm uma matriz de disciplina curricular. Essa organização se- qüencial de disciplina expõe, apenas, o que se deseja que seja ensinado em termos de conte- údos. Se cada professor responsável pela coor- denação dos processos de ensino e de apren- dizagem trabalhar os conhecimentos em sua sala de aula, com os seus alunos, de modo a não integrar os conhecimentos a outros, liga- dos à realidade prática do contexto social, ele apenas estará desenvolvendo informações. Porém, se cada professor, ultrapassando os co- nhecimentos restritos à disciplina ministrada tentar o diálogo com outras formas de conhe- cimentos (senso comum, conhecimento cien- tífico e com outros objetos de conhecimentos, transpondo as barreiras entre as disciplinas, significa que estará tentando uma construção de novos saberes, através da pesquisa coletiva, das trocas e do diálogo; nessa perspectiva, a Interdisciplinaridade é uma dinâmica curricular que ultrapassa o pensar fragmentado na pro- dução do conhecimento (FERREIRA, 2001).
  • 23. capítulo 2 23 3. Com base nessa reflexão, conclua sua leitu- ra, expondo, de forma clara, como se dão as construções e (re) construções dos conheci- mentos num curso, numa visão interdiscipli- nar. Textos complementares, leia: Interdisciplinaridade: o que é isso? http://vsites.unb.br/ppgec/dissertacoes/proposi- coes/proposicao_jairocarlos.pdf http://www.anped.org.br/reunioes/32ra/arqui- vos/trabalhos/GT12-5478--Int.pdf Atividades: 5. OBJETIVOS E CONTEÚDOS Todo tipo de planejamento educacional precisa determinar objetivos ou finalidades de educa- ção. Sabe-se que, na atualidade, a escola deve promover a formação integral dos estudantes; é preciso definir claramente os objetivos que desenvolvam a autonomia e as competências necessárias para aprender a aprender, apren- der a ser e aprender a conviver. O termo “conteúdo” normalmente sempre foi utilizado para expressar os conhecimentos das matérias ou disciplinas clássicas. No entan- to, segundo Zabala (1998), os conteúdos de aprendizagem não se reduzem às contribui- ções das disciplinas ou matérias tradicionais. Eles dizem respeito a todos aqueles conheci- mentos que possibilitem o desenvolvimento das capacidades motoras, afetivas, de relação interpessoal e de inserção social. Assim, os conteúdos dizem respeito a: dados, habilidades, técnicas, atitudes, conceitos, etc. Segundo Cool (1986 apud ZABALA, 1998), os conteúdos podem ser agrupados em conceitu- ais, procedimentais ou atitudinais. “Esta clas- sificação corresponde respectivamente às per- guntas: O que devo saber? O que devo saber fazer? E como se deve ser?” (ZABALA, 1998, p 31). Em geral, os conteúdos estão associados e são aprendidos em conjunto. Por exemplo: a apren- dizagem factual da soma (código e símbolos) é aprendida juntamente com os conceitos de soma (união e conjunto), com os procedimen- tos dos algoritmos (calculo mental e escrito) e os atitudinais (sentido e valor). Assim, as situa- ções didáticas numa perspectiva construtivista têm que integrar, ao máximo, os diversos tipos de conteúdos para que a aprendizagem seja realmente significativa para os alunos. 4. Analise a afirmativa de Paulo Freire (1977, p. 81): “A tarefa do professor é a de problematizar aos educandos o conteúdo que os mediatiza e não, a de dissertar sobre ele, de dá-lo, de entendê-lo, de entregá-lo, como se tratasse de algo já feito, elaborado, acabado, terminado”. Atividades: 6. A ATUAÇÃO DO PROFESSOR / EDUCADOR Segundo o educador Libâneo (1998), diante das realidades do mundo contemporâneo, são Figura 03
  • 24. capítulo 2 24 exigidas novas atitudes docentes; o autor põe em evidência que, nos dias atuais, o aluno está em contato constante com as informações provenientes de diversas agências educacionais além da escola (meios de comunicação, em- presas, clubes, igrejas, sindicatos, movimentos sociais), portanto a educação acontece em vá- rios lugares. A escola deve ter a capacidade de fazer a síntese da cultura formal (conhecimen- to sistematizado) com a cultura da experiência. São alguns desafios para o docente: • planejar as ações pedagógicas a partir da realidade na qual atua; • problematizar o estudo (conteúdos de aprendizagem, coordenando as discussões coletivas (interação com colegas e profes- sores, a investigação, as reflexões críticas, a interpretação de informações e a pro- dução dos conhecimentos como sujeito aprendente); • prover os meios necessários às mediações cognitivas e interacionais, para introduzir os alunos no significado da cultura e da ciência; • organizar as situações de ensino, articulan- do as aprendizagens prévias dos alunos, a comunicação e a transposição dos conhe- cimentos universais para os saberes escola- res, possibilitando a construção de novos conhecimentos; • empregar o diálogo presencial ou em am- bientes virtuais, garantindo uma pedago- gia interativa; • utilizar a avaliação como um recurso de desenvolvimento da aprendizagem e da autonomia intelectual do aluno; • atualizar os conhecimentos na sua área específica de atuação para adequá-los ao nível de escolaridade dos alunos. Espera-se ainda como atitudes desenvolvidas pelo professor/educador que ele deva: • ser ético; • ter compromisso com a educação; • ter respeito à heterogeneidade dos edu- candos em termos de raça, de crenças, de limitações cognitivas ou físicas e de classe social; • ser disponível para o trabalho coletivo; • ser aberto às inovações pedagógicas; • ser reflexivo sobre a sua prática, avaliando- a constantemente, para redirecioná-la; • ter compromisso político com a preserva- ção do meio-ambiente. A atuação do professor/educador na perspec- tiva da mediação pedagógica é de fundamen- tal importância, articulando os conhecimentos construídos socialmente com as possibilidades de aprendizagem dos estudantes, tendo os seus planos de trabalho como fundamento para a melhoria das aprendizagens, através de uma didática eficiente e eficaz. Nesse enfoque, discutiremos esse tema no segundo fórum te- mático da disciplina. 7. INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA A docência requer que o professor tenha o domínio dos conhecimentos específicos de sua área de atuação, além do conhecimento dos aspectos mais importantes da intervenção pedagógica na educação infantil e no Ensino Fundamental. São princípios básicos da intervenção pedagó- gica:
  • 25. capítulo 2 25 1 - Os conhecimentos a serem aprendidos so- mente terão significa- do para o aluno, se fo- rem contextualizados 2 - A capacidade de atualização dos conhe- cimentos prévios está vinculada à sua riqueza e versatilidade, para se relacionar com os no- vos conteúdos. 3 - A apreensão dos conhecimentos depen- de da natureza das situações de aprendi- zagem como ajuda pe- dagógica. 4 - As capacidades para apropriação do conhecimento estão ligadas ao domínio de aprender a apreender. Portanto, as intervenções pedagógicas, para que promovam atitudes favoráveis à aprendi- zagem, devem manter uma sequência didática focalizada: • em atividades motivadoras; • na criação do conflito cognitivo, com a ati- vação dos conhecimentos prévios; • na negociação compartilhada da definição de objetivos e das atividades que devam ser realizadas (leituras, pesquisas bibli- ográficas e de campo, Internet e outros; • na realização de tarefas que desenvol- vam a atividade mental necessária à con- strução de significados (conceitos, noções, princípios ). REFERÊNCIAS ALVES, Rubens. Filosofia da Ciência. São Paulo: Edit Brasiliense, 1982. _________. Integração como proposta de uma nova ordem na Educação. IN, Linguagens, Es- paços e Tempos no Ensinar e no Aprender. En- contro Nacional de Didática e Práticas de En- sino (ENDIPE). R.J.: DP&A, 2000. FERREIRA, Maria Elisa de M. P. Ciência e inter- disciplinaridade. IN. FAZENDA, Ivani C. Arante (org) Práticas Interdisciplinares na Escola. São Paulo: Cortez Ed., 2001. FREIRE, Paulo. Extensão ou Comunicação. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977. HERNANDEZ, Fernando; VENTURA, Montser- rat. A organização do currículo por projetos de trabalho. O conhecimento é um caleidoscópio. Porto Alegre: Artmed, 1998. GANDIN, D. A Prática do Planejamento Partici- pativo. Petrópolis: Vozes, 1995. ___________. CRUZ, Carlos Carrilho. Planeja- mento na sala de aula. Porto Alegre, 1995. ___________. Planejamento como prática edu- cativa. 7.ed. São Paulo: Loyola, 1994. __________ . Posição do planejamento partici- pativo entre as ferramentas de intervenção na realidade. Currículo sem Fronteira, v.1, n. 1, jan./jun., 2001, pp. 81-95. LIBÂNEO, J. C. Organização e gestão escolar: teoria e prática. 4. ed. Goiânia: Editora alter- nativa, 2001 5. Pesquise, no documento “Parâmetros Curri- culares do Ensino Fundamental”, os objeti- vos do ensino fundamental no primeiro ciclo e reflita sobre a coerência do que está previs- to nos PCNs e a sua prática pedagógica. 6. Trace um perfil para o docente/educador, incluindo capacidades desenvolvidas e atri- butos necessários à nossa realidade socioe- ducacional. Atividades:
  • 26. capítulo 2 26 LIBÂNEO, José Carlos. Adeus Professor, adeus professora? Novas exigências educacionais e profissão docente. São Paulo: Papirus, 1998. PADILHA, R. P. Planejamento dialógico: como construir o projeto político-pedagógico da es- cola. São Paulo: Cortez; Instituto Paulo Freire, 2001 SANT’ANNA, F. M.; ENRICONE, D.; ANDRÉ, L.; TURRA, C. M. Planejamento de ensino e avalia- ção. 11. ed. Porto Alegre: Sagra / DC Luzzatto, 1995. VEIGA, I. P. (Org.). Projeto político-pedagógico da escola: uma construção possível. 13. ed. Campinas: Papirus, 2001. VASCONCELOS, Celso. Planejamento, Projeto de Ensino-aprendizagem e Projeto Pedagógi- co. São Paulo: Libertas, 1999. ZABALA, A. A Prática Educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998.
  • 27. capítulo 3 27 Profa. Luciane Borges do Rêgo Profa. Maria Vitória Ribas de Oliveira Lima Carga Horária | 15 horas INTRODUÇÃO Os processos de ensino e de aprendizagem tiveram sua principal revolução tecnológica provocada por Comenius (1592-1670) quando transformou o livro impresso em um artefato didático, sur- gindo, assim, a cartilha e o chamado livro texto. O uso de recursos pedagógico/tecnológicos, nos processos de ensino e de aprendizagem, é algo comum e corriqueiro no cotidiano escolar. Recursos do tipo impresso, quadro de giz, flanelógrafo, livro didático e retroprojetor são os mais conhecidos e aceitos pelos educadores. As recentes mudanças socioculturais e tecnológicas têm gerado incessantes avanços na organi- zação social e no pensamento humano. Recentemente, com a disseminação das tecnologias da informação e da comunicação, todos estão de certa forma envolvidos e desafiados, e a escola não fica fora desse contexto. OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Perceber a mediação pedagógica como um processo que envolve professor-co- nhecimento – aluno e recursos didáti- cos; • Utilizar recursos pedagógicos e tecnoló- gicos numa perspectiva criativa; • Relacionar a utilização do livro didático de forma significativa para o aluno; • Identificar formas de utilização dos re- cursos tecnológicos nos processos de ensino e de aprendizagem; • Definir o papel do professor diante dos desafios sócio – educacionais da atuali- dade. • Diferenciar modelos e concepções de organização escolar RECURSOS DIDÁTICOS E TECNOLÓGICOS E A ORGANIZAÇÃO ESCOLAR
  • 28. capítulo 3 28 No contexto da sala de aula, ocorrem os pro- cessos de ensino e de aprendizagem, e, como diz Freire, “Quando entro em uma sala de aula devo estar sendo um ser aberto a indagações, à curiosidade, às per- guntas dos alunos, a suas inibições; um ser crítico e inquiridor, inquieto em face da tarefa que tenho – a de ensinar e não a de transferir conhecimento” (Frei- re, 1996). Assim, o professor deve ter o compromisso de ensinar para que o aluno aprenda e, nessa perspectiva, deve atuar como um mediador. Os professores são mediadores pedagógicos entre conhecimento e aluno. Nesse processo de me- diação, encontram-se envolvidos: professores, alunos e os meios e os recursos didáticos que podem favorecer os processos de ensino e de aprendizagem. Os educadores precisam aprender a incorpo- rar essas tecnologias no cotidiano escolar, in- tegrando-as aos demais recursos comumente utilizados nas suas atividades didático-peda- gógicas. Neste capítulo, abordaremos concepções e formas de utilização dos recursos pedagógicos nos processos de ensino e de aprendizagem e a importância da mediação do professor para construção do conhecimento pelos alunos. Texto complementar: Link para livro de Paulo Freire- Pedagogia da Au- tonomia. http://portal.mda.gov.br/portal/saf/arquivos/view/ ater/livros/Pedagogia_da_Autono mia.pdf Saiba Mais: 1. O PROCESSO DE MEDIAÇÃO PEDAGÓGICA A mediação pedagógica envolve professor conhecimento aluno. Nesse processo, o professor, além de conhecer muito bem sua disciplina (o objeto de conhecimen- to), precisa entender como o aluno aprende e considera o contexto social no qual está inseri- do e, assim, situar-se perante as teorias peda- gógicas e as recentes descobertas da psicolo- gia da aprendizagem. Nos processos de ensino e de aprendizagem, comumente, utilizam-se diversos instrumentos mediadores, como textos, folhetos, giz, lápis e caneta, rádio, TV e vídeo, tendo por meta a participação, a criatividade, a expressividade e a relacionalidade. Segundo Paul Ricoeur (1983:40 apud GOMEZ 2004), “a mediação é simbólica, é uma síntese da experiência com a linguagem e com o mun- do”. Dessa forma, as mediações são realizadas pelo sujeito cognoscente, num processo de in- teração com seus pares e com o mundo. Então, para exercer sua atividade mediado- ra com sucesso, o professor sempre utilizou recursos pedagógicos, ou seja, instrumentos mediadores. Contudo, a cada dia, os desafios aumentam e exigem que o professor esteja an- tenado com todos os recursos de que dispõe e que rodeiam a escola e o cotidiano dos alunos. Ultimamente a preocupação maior tem sido com um ensino e uma educação de qualidade que integrem todas as dimensões do ser hu- mano, no que se refere aos aspectos senso- rial, intelectual, emocional, ético e tecnológi- co, possibilitando que, em suas palavras e nas ações, estejam sempre evoluindo, mudando, avançando. A apropriação do educador das descobertas científicas, reconhecendo as mediações da cultura contemporânea e contribuindo para a criação de novas descobertas, pode contribuir com a qualidade do ensino e da aprendiza- gem.
  • 29. capítulo 3 29 MEDIAÇÃO - é o conceito-chave de Vygotsky. Segundo a teoria vygotskiana, toda relação do in- divíduo com o mundo é feita por meio de instru- mentos técnicos – por exemplo, as ferramentas agrícolas, que transformam a natureza – e a da linguagem – que traz consigo conceitos consoli- dados da cultura à qual pertence o sujeito. Todo aprendizado é necessariamente mediado – e isso torna o papel do ensino e do professor mais ativo e determinante que o previsto por Piaget e outros pensadores da educação, para quem cabe à escola facilitar um processo que só pode ser con- duzido pelo próprio aluno. Segundo Vygotsky, ao contrário, o primeiro contato da criança com no- vas atividades, habilidades ou informações deve ter a participação de um adulto que atue como mediador e contribua para o desenvolvimento e a aprendizagem do infante. Saiba Mais: 2. A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO NA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO Construir conhecimento significa a forma própria e pessoal que cada pessoa conhece e compreende todas as dimensões da realida- de e como expressa essa totalidade de forma mais ampla. Aprendemos mais e construímos melhor as informações à medida que conec- tamos, juntamos, relacionamos, acessando o conhecimento de todos os pontos de vista, por todos os meios, integrando-os da forma mais rica possível (MORAN, 2000). Conforme Moran, processamos informações de várias formas, segundo nosso objetivo e o nosso universo cultural. Comumente conhece- mos o processamento lógico-sequencial, mas, no mundo atual, rodeado das tecnologias da informação e da comunicação, as formas de processar a aprendizagem ocorrem também de forma hipertextual e multimídica. PROCESSAMENTO DE FORMA LÓGICO – SE- QUENCIAL é a forma mais habitual que conhe- cemos, expressa na linguagem falada e escrita, construindo-se o sentido aos poucos. A cons- trução se dá paulatinamente, em sequência concatenada. PROCESSAMENTO DE FORMA HIPERTEXTUAL pode ser lógico, coerente, mas não segue uma única trilha previsível, sequencial e, sim, em “ondas”, por meio de diversos links. Ele ocorre quando trabalhamos com pesquisa, projetos de médio prazo, utiliza-se o processamento hipertextual com muitas conexões, convergên- cias e divergências. PROCESSAMENTO DE FORMA MULTIMÍDICA é mais livre, menos rígido, com conexões mais abertas, que passam pelo sensorial, pelo emo- cional e pela organização racional. Em geral, ocorre de forma provisória e se modifica com facilidade, cria convergências e divergências instantâneas e precisa de respostas imediatas, acrescentando trechos de várias linguagens (telecomunicativas e informatizadas). Na sociedade atual, convivemos com essas diferentes formas de processamento que uti- lizamos, conforme nossa bagagem cultural, nosso interesse e nossos objetivos. Não pode- mos permanecer em uma ou em outra forma de lidar com a informação, podemos utilizar todas em diversos momentos, mas, com certe- za, teremos mais resultados, se, com base nas informações multimídicas, buscarmos a hiper- textualidade e, por fim, nos concentrarmos no lógico sequencial. O professor, nesse contexto, deve criar e/ou usar meios que favoreçam es- sas conexões. Deve-se colocar como um pro- fissional que aprende com a prática e ensina valendo-se do que aprende. Mas o uso adequado de qualquer tecnologia exige de professores e de alunos uma postura crítica perante todos os recursos de que dis- põe para, assim, poder realizar uma escolha consciente, conforme a necessidade e os ob- jetivos de aprendizagem dos alunos. Sabe-se que todos os recursos pedagógicos não são meros artefatos, mas estão carregados de significados culturais e exercem influência no nosso comportamento pessoal e profissional, definindo nossas escolhas. No processo de planejamento e de utilização dos recursos didáticos e tecnológicos, o pro- fessor deve adotar alguns princípios didático- -metodológicos, como: • integrar tecnologias, metodologias, ativi- dades.
  • 30. capítulo 3 30 • integrar textos escritos, comunicações orais, escritas, hipertextuais e multimídi- cas, transitando de uma mídia para outra, experimentando as mesmas atividades em diversas mídias. • diversificar a forma de trabalhar o conheci- mento, utilizando-se das diversas técnicas e dinâmicas em sala de aula e no processo de avaliação. • valorizar os recursos mais comuns, como os impressos no que têm de melhor e as mais recentes tecnologias da informação e da comunicação no que elas podem favo- recer a melhoria da aprendizagem do alu- no. 3. RELAÇÃO ENTRE INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO E O USO DAS TECNOLOGIAS O processo de ensino é sempre mediado por tecnologias, mas a forma como vamos utilizá- -las pode manter as relações verticais entre professor - aluno ou possibilitar a interação com as informações e com a construção indivi- dual e coletiva do conhecimento. TECNOLOGIA - do grego tekhno (de tékhné, arte) e logía ( de logos, ou “linguagem proposi- ção”). Tecnologia é um termo usado para atividades de domínio humano, embasada no conhecimento, manuseio de um processo e ou de uma ferra- menta, e que tem possibilidade de acrescentar mudanças aos meios por resultados adicionais à competências natural, proporcionando, desta forma, uma revolução na capacidade das ativida- des humanas, desde os primórdios do tempo. Você sabia que TECNOLOGIA, no sentido am- plo do termo, possuía esse significado? INTERATIVIDADE - não apenas como poten- cialidade dos suportes digitais, mas como possi- bilidade de o usuário participar, ativamente, inter- ferindo no processo com ações e reações. (Lèvy, 1999). TEXTO COMPLEMENTAR Link para texto que diferencia informação e co- nhecimento. http://www.energiabalneario.com.br/antunes/ texto5.pdf Saiba Mais: Saiba Mais: Importante - Não são os recursos utilizados que vão ampliar o conhecimento, mas a ma- neira como será utilizado para favorecer a me- diação entre professor - aluno - conhecimento ou, apenas, para a transmissão de conteúdos. Os processos de ensino e de aprendizagem de- pendem muito mais das pessoas envolvidas, das interações que das tecnologias, seja o li- vro, o giz ou o computador e as redes. Existem vários tipos de interação e de comu- nicação com o apoio de recursos tecnológi- cos. A interação pressupõe envolvimento. A princípio, pode-se dizer que interagimos com pessoas, animais, plantas, ambiente que nos cerca; aluno, colegas, professor, livro que le- mos, conteúdo divulgado na televisão, no jornal, na revista, no rádio e no computador e com todos os meios de informação a que possamos ter acesso. Essas interações podem ser do tipo unidirecional ou bidirecional. Nas situações em que o sujeito permanece passivo frente aos recursos tecnológicos, a interação é unilateral. Nos casos em que há troca comuni- cativa, ela é bidirecional e pode ser de forma presencial ou a distância, por meio de recursos tecnológicos. Na comunicação a distância, por meios tecnológicos, há, entre os participantes, interatividade. “Contudo, para transformar informações em conhecimento, é preciso um trabalho proces- sual de interação, reflexão, discussão, crítica e ponderações que é mais facilmente conduzi- do, quando partilhado com pessoas”. (KENSKI, 2003).
  • 31. capítulo 3 31 O Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) é o mais antigo dos programas voltados à distri- buição de obras didáticas aos estudantes da rede pública de ensino brasileira e se iniciou com outra denominação, em 1929. Ao longo desses quase 70 anos, o programa se aperfeiçoou e teve dife- rentes nomes e formas de execução. O PNLD é voltado para o ensino fundamental público, in- cluindo as classes de alfabetização infantil. A partir de 2001, o PNLD ampliou sua área de atuação e começou a atender, de forma gradati- va, os alunos portadores de deficiência visual que estão na sala de aula do ensino regular das esco- las públicas, com livros didáticos em Braille. Em 2004, com a Resolução nº 40, de 24/8/2004, ficou instituído o atendimento também aos es- tudantes deficientes das escolas de educação es- pecial públicas, comunitárias e filantrópicas, de- finidas no censo escolar, com livros didáticos de língua portuguesa, matemática, ciências, história, geografia e dicionários. Maiores informações acesse o site do MEC: http://portal.mec.gov.br/indexphp?option=com_ content&view=article&id=12391&Itemid=668 Saiba Mais: 4. O USO DOS RECURSOS DIDÁTICO/ TECNOLÓGICOS NOS PROCESSOS DE ENSINO E DE APRENDIZAGEM 4.1. O LIVRO DIDÁTICO É o material que exerce maior influência na prática de ensino e de aprendizagem. Sua uti- lização tem sido motivo de muitas críticas. É preciso que professores estejam atentos à qua- lidade, à coerência e aos objetivos propostos nos livros-textos. Além disso, o Livro Didático não deve ser utilizado como a única ou princi- pal fonte de informações, pois a variedade de meios favorece o aluno a adquirir uma visão ampla do conhecimento trabalhado. O livro didático continua sendo um importante instrumento de trabalho e de pesquisa, mas o sucesso de uma turma depende da capacidade de o professor e de o aluno utilizá-lo. Ele deve ser considerado como um dos meios didáti- cos para alcançar bons resultados na apren- dizagem dos alunos. Caso o livro didático seja tratado como um fim, o professor perderá a essência do seu fazer pedagógico. O ideal é que sejam trabalhados vários títulos em cada disciplina e, assim, poder comparar e perceber como mudam as visões sobre o mes- mo fato. Deve-se analisar o livro didático quanto aos (às): • erros conceituais; • preconceitos de crença, de etnia, de gêne- ro, de classes sociais, dentre outros; • transposições didáticas inadequadas e des- contextualizadas; • exercícios que priorizem a memorização. 4.2. MEIOS DE COMUNICAÇÃO AUDIOVISUAL Somos educados, também, pelas mídias, como o rádio, o cinema e, principalmente, a televisão.
  • 32. capítulo 3 32 Segundo Moran (2000), os meios de comuni- cação, como a televisão, o cinema e o vídeo, exploram a comunicação sensorial, emocional e racional, superpondo linguagens e mensa- gens que facilitam a interação com o público. A força da comunicação audiovisual está no fato de ela dizer mais do que podemos captar, pois trabalha simultaneamente com som, ima- gem, textos escritos e orais. A escola precisa compreender e incorporar mais as novas lin- guagens, desvendando códigos, possibilidades de expressão e possíveis manipulações ideoló- gicas. 4.3. A UTILIZAÇÃO DA TELEVISÃO E DO VÍDEO NA ESCOLA A utilização de televisão e de vídeos na escola não é novidade, mas ainda há muita resistên- cia, além de a forma de utilização ser inade- MÍDIAS - termo usado para referenciar um vasto e complexo sistema de expressão e de comuni- cação. Literalmente “mídia” é o plural da palavra “meio”, cujos correspondentes em latim são “media” e “medium”, respectivamente. Na atualidade, mídias é uma terminologia usada para: suporte de difusão e de veiculação da infor- mação (rádio, televisão, jornal), para gerar infor- mação (máquina fotográfica e filmadora). A mídia também é organizada pela maneira como uma informação é transformada e disse- minada (mídia impressa, mídia eletrônica, mídia digital...), além do seu aparato físico ou tecnoló- gico empregado no registro de informações (fitas de videocassete, CD-ROM, DVDs). Saiba Mais: quada, muitas vezes só para ocupar o tempo pedagógico, sem nenhum objetivo de ensino e de aprendizagem. O Programa TV Escola, do Ministério da Edu- cação foi implantado desde 1996, na maioria das escolas públicas de níveis fundamental e médio, equipadas com TV, vídeo, antena pa- rabólica, catálogos da programação e revistas que debatem temas educativos e divulgam as experiências bem sucedidas com o uso da TV e do vídeo na Escola Básica. Mas a TV Escola não alcançou o resultado esperado e, em muitas escolas, a TV e o vídeo continuam subutiliza- dos. Considera-se necessário que os cursos de for- mação dos professores contemplem, em suas Matrizes Curriculares, disciplinas que funda- mentem e que preparem os professores para utilizar adequadamente os recursos tecnoló- gicos. Vejamos, a seguir, algumas sugestões de utilização da TV e do vídeo na educação escolar. 4.4. O USO DO VÍDEO E SUAS FUNÇÕES O vídeo pode ser utilizado na: Sensibilização – para introduzir um novo as- sunto, para despertar curiosidade, motivação para novos temas. Ilustração – para mostrar e compor cenários desconhecidos dos alunos. Vídeos históricos ou que trazem realidades distantes dos alunos. Simulação – em geral, para apresentar simu- lações mais sofisticadas. Exemplos: simulação de experiências de química que seriam peri- gosas em laboratórios ou na área de ciências, que mostram o crescimento acelerado de uma planta – da semente até a maturidade. Conteúdo de ensino – para apresentar um determinado assunto de forma expositiva ou problematizadora. De forma expositiva trata o tema específico e orienta a interpretação; de forma problematizadora mostra o tema, per- mitindo abordagens múltiplas e interdiscipli- nares.
  • 33. capítulo 3 33 Produção – como documentação, registrar au- las, eventos, experiências e, como intervenção, quando professores e alunos modificam um programa, editando o material e/ou introdu- zindo novas cenas ou trilha sonora. Vídeo/espelho – para realizar análise do grupo e dos papéis de cada um. Possibilita compre- ender comportamentos, gestos e posturas. 4.5. A TELEVISÃO A programação da televisão aberta, também, pode ser analisada por professores e alunos para refletirem o conhecimento necessário à formação de um cidadão, tendo como base a realidade sociocultural. Um fenômeno da natureza, por exemplo: o au- mento do calor no nosso planeta pode ser um bom motivo para interpretações e explicações numa perspectiva interdisciplinar, envolvendo conhecimento das Ciências Biológicas, da Físi- ca, da Química, dentre outras. Para isso, o pro- fessor pode desenvolver dinâmica de análise em conjunto, destacando as cenas mais impor- tantes e comentando-as com os alunos. Uma análise da linguagem, destacando as principais ideias que o programa transmite; os aspectos não esclarecidos; mensagens questionáveis e a ideologia perpassada pelo programa em foco. 4.6. O COMPUTADOR E A INTERNET O computador é um objeto cada dia mais po- deroso em recursos, velocidade, programas e comunicação. Mas seu uso no cotidiano es- colar ainda não é algo frequente. Precisamos 1. Assista a dois telejornais de canais diferentes e leia um jornal impresso sobre uma mesma notícia, de preferência sobre educação. Ob- serve as variações entre os três, o tratamento dado às notícias e à relação entre os textos e as imagens. Atividades: de projetos políticos que busquem diminuir a distância, separando os que podem e os que não podem pagar pelo acesso à informação virtual; e, também, que favoreçam o acesso de professores e de alunos aos laboratórios de in- formática, ajudando-os na familiarização com o computador e na utilização de atividades cotidianas da sala de aula, nos processos de ensino e de aprendizagem. Conforme o objetivo de aprendizagem, o com- putador pode ser utilizado em atividades que explorem desde os aplicativos, como Word, Ex- cel, PowerPoint, até a Internet. Sugestões didático-metodológicas para utilizar a Internet: 1. Aulas-pesquisa – nas quais professores e alunos acessam a Internet, procuram novas informações, buscam resolver um problema, desenvolvem uma experiência, avançam em um tema desconhecido. Nes- se ambiente, o professor deve ser o geren- ciador do processo de aprendizagem, o coordenador de todo andamento da pes- quisa, do ritmo adequado. A pesquisa na Internet deve ser orientada pelo professor e pode ser realizada em gru- pos ou individualmente, a qual deve come- çar de forma aberta, dando os temas sem referências a sites específicos, para que os alunos pesquisem conforme suas experiên- cias e conhecimentos prévios. Eles devem guardar os endereços acessados, os artigos e as imagens mais interessantes e depois socializar com os demais grupos. Deve se destacar a importância de aprender por meio da colaboração, da cooperação, e não da competição.
  • 34. capítulo 3 34 Num segundo momento, a pesquisa deve ser mais focada. O tema pode ser pesqui- sado no mesmo endereço, por todos. A troca de informações é importante à divul- gação dos principais resultados. Em outro momento, vários temas e endereços de si- tes devem ser distribuídos para cada grupo de alunos, possibilitando sempre a sociali- zação dos temas pesquisados. Em qualquer atividade de pesquisa, seja na Biblioteca ou na Internet, o importante é que os alunos sejam estimulados a desen- volver a argumentação e a explicar os re- sultados das pesquisas para certificar-se de que não são cópias e, assim, garantir uma reflexão sobre o trabalho. 2. Construção de espaço de interação - o professor pode criar uma local na Internet, para encontros e divulgação, um ponto de referência para os alunos. Local onde o aluno encontre uma lista de discussão ou fórum. Mensagens instantâneas. Uma cen- tral de documentos, na qual é colocado o material de estudo do curso ou da discipli- na e a produção dos alunos. 5. ORGANIZAÇÃO ESCOLAR E O USO DAS TECNOLOGIAS A gestão e organização escolares, para serem eficazes no contexto educacional da atuali- dade, de acordo com a Lei 9396/96, devem ser democráticas e participativas, tendo a ne- cessidade de construir e de implementar um projeto político pedagógico que possibilite a prática profissional coletiva, discutindo os as- pectos multidimensionais das inovações e das mudanças em gestão da educação e as possi- bilidades de uso dos recursos tecnológicos na escola, entre outras problemáticas. Assim, na construção do projeto pedagógico da escola, a comunidade escolar deve discutir as formas de uso das tecnologias nos proces- sos de ensino e de aprendizagem, questionan- do: que tecnologias precisam utilizar, para que e como. Essas questões devem ser levantadas, para que todos os atores envolvidos tenham co- nhecimento das possibilidades de uso, como e quando podem utilizar os recursos didáticos/ tecnológicos disponíveis na escola. Nesse contexto, o plano de ação escolar preci- sa atender ao diagnóstico da realidade escolar, definindo os objetivos, as metas e as atividades a serem desenvolvidas em função das priori- dades. Deve ser consolidado em um documen- to que detalhe as diretrizes de todo o processo e as expectativas da comunidade escolar. O projeto político pedagógico constitui-se num processo democrático de decisões, não apenas de um mero documento, mas da execução co- letiva desse processo de ação e de reflexão. Ele instaura formas de organização pedagógica e diminui a fragmentação do trabalho em sua globalidade, alcançando, assim, uma gestão participativa e consciente do que dispõe e do que é capaz de realizar. Portanto, as tecnologias, na escola, precisam ser inseridas no projeto pedagógico da escola e nos projetos de ação dos professores para que sejam utilizadas com finalidades educa- tivas construtivas e não para ocuparem um tempo pedagógico sem planejamento e sem objetivos de ensino e de aprendizagem. REFERÊNCIAS BRASIL. Introdução aos Parâmetros Curricula- res Nacionais do Ensino Fundamental -Vol 1. Brasília: MEC/SEF. 1997.
  • 35. capítulo 3 35 BRASIL. Proinfo. Informática e Formação de Professores Vol. 1. SEED/MEC. Brasília: Minis- térios da Educação. 2000. GOMES. M. V. Educação em Rede. Uma visão emancipatória. São Paulo: Cortez: 2004. KENSKI, V. M. Tecnologias e Ensino Presencial e a Distância. Campinas: Papirus, 2003 LIBÂNEO. J. C. Didática. São Paulo. Cortez, 1992 (Coleção Magistério). MORAN. J. M ; MAZETTO, M.T; BEHRENS, M.A. Novas Tecnologias e Mediação Pedagó- gica. Campinas: Papirus, 2000. RICARDO. Paulo. Os Bons Companheiros. Re- vista Nova Escola. Ed. Abril. Ano XVI. Nº 140. Março. 2001. PARA REFLETIR E DISCUTIR NO 3º FÓRUM TEMÁTICO. As tecnologias têm sido utilizadas mais para ilus- trar o conteúdo do professor que para criar novos desafios didáticos que favoreçam a aprendiza- gem. (MORAN 2005) SUGESTÃO DE SITES www.abt-br.org.br www.nied.unicamp.br http://www.eca.usp.br/prof/moran/ www.abed.org.br http://www.wikipedia.org/wiki/ Saiba Mais:
  • 36.
  • 37. capítulo 4 37 Profa. Luciane Borges do Rêgo Profa. Maria Vitória Ribas de Oliveira Lima Carga Horária | 15 horas INTRODUÇÃO Este capítulo aborda uma questão pedagógica muito discutida por alunos e por professores. Trata-se da AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM. Como recurso pedagógico, a avaliação tem sido objeto de estudos e de debates. Ao longo dos anos, a escola tem compreendido o ato de avaliar com base em diversos parâmetros, tornando- se, por vezes, motivo de punição, ora de “cobrança” do que o aluno pôde reter, quanto ao que foi “ensinado”, ora para classificar por meio de uma simples pontuação, com base em questões respondidas, ampliando até a visão mais complexa da relação entre os processos de ensino e de aprendizagem numa perspectiva formativa. Os textos a seguir colocam ideias sobre a avaliação da aprendizagem, considerando o sujeito que aprende, suas possibilidades e limitações e o professor, que, na coordenação dos processos de en- sino e de aprendizagem, é um observador que “vê” o aluno e o conhecimento em sua totalidade, aberto ao diálogo, à negociação e ao redirecionamento das ações. Apesar de todo ato avaliativo ser considerado arbitrário (pois “carrega” em si os vieses de quem o desenvolve), a prática avaliativa atual, fundamentada em estudos consistentes, vem superar as visões tradicionais e tecnicistas para avançar numa perspectiva que favoreça o aluno na apreensão do seu conhecimento. OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Elaborar uma concepção de avaliação da aprendizagem numa perspectiva construtiva. • Identificar a diferença entre a avaliação pontual classificatória e a avaliação pro- cessual. • Explicar como os instrumentos avaliati- vos são recursos adequados para quali- ficar a aprendizagem do aluno. • Definir as funções da avaliação nos pro- cessos de ensino e de aprendizagem. AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM E OS PROCESSOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM
  • 38. capítulo 4 38 1. A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM: ELABORANDO UMA CONCEPÇÃO É comum entre as pessoas, inclusive entre fa- miliares de alunos, professor e mesmo entre os próprios estudantes, conhecer a avaliação, na escola, como um instrumento de mensuração que o aluno apresenta em relação aos obje- tivos previstos. Diferentemente do que afirma Zabala (1998), ou seja, “o verdadeiro objetivo da avaliação deve ser conhecer para ajudar”, ainda perdura a concepção de que a avaliação escolar é associada a padrões de excelência, a partir dos quais os alunos são promovidos a séries e/ou à modalidade de ensino posterior. Segundo a visão acima referida, os aprendizes são comparados aos demais alunos e classifi- cados mediante diversos instrumentos, muitas vezes, ao fim do processo. A preocupação com os resultados avaliativos, em termos pontuais, não dá margem aos professores conhecerem como ocorreu o processo de apropriação do conhecimento bem como o real desenvolvi- mento de suas competências. Isso significa que o professor precisa avaliar continuamen- te, utilizando prova escrita, apresentação oral, demonstração, relatórios, como instrumentos auxiliares da aprendizagem. Uma visão equivocada de avaliação, como julgamento de resultados finais é considera- da por Hoffman (1995) como aquela que se apresenta como classificatória e burocrática. Caracterizada por registros bimestrais ou se- mestrais e, geralmente, após tarefa ou prova desvinculada do processo de construção dos saberes escolares pelo aluno, essa forma de avaliação escolar segmenta o conhecimento, além de não informar o professor sobre o real desenvolvimento dos aprendentes. Assim, a avaliação classificatória apresenta- se como um procedimento de verificação por meio de instrumentos burocraticamente exigi- dos pelo controle ou pelo registro escolar. Compreende-se, então, que a avaliação das aprendizagens realizadas pelo aluno desenvol- ve-se “ao longo dos processos de ensino e de aprendizagem, possibilitando fornecer infor- mações para regulação do trabalho do profes- sor e dos alunos” (SILVA, 2003), no sentido de que o auxilia a (re) elaborar o seu conhecimen- to. Assim pensada, a avaliação é um recurso pedagógico utilizado pelo professor, que, após estabelecer uma relação próxima com o alu- no e uma observação criteriosa, decide meios adequados de intervir no processo de apren- dizagem, atendendo às diferenças individuais. Portanto, o processo de avaliação não se resu- me, apenas, a exames e à atribuição de pon- tuação e de notas, mas se propõe a fins for- mativos. 2. AVALIAÇÃO MEDIADORA Nessa perspectiva, a AVALIAÇÃO DO ALUNO: • faz parte do processo de elaboração do(s) conhecimento(s), sendo, assim, considera- da formativa; • não deve ser um instrumento de punição, mas um procedimento auxiliar da aprendi- zagem; • valoriza o que ele já sabe, portanto, desen- volve a sua autoestima; • busca compreender suas dificuldades, favorecendo o seu avanço com base nas observações relativas ao modo como ele organiza o seu pensamento; • prevê a diversificação das situações de en- sino. Avaliar não é só mensurar (medir) em termos quantitativos, uma vez que são solicitados do professor os resultados das aprendizagens por meio de notas. Contudo, na interpretação des- ses dados (pontuação/notas) o que importa, é considerá-los em função da qualidade das aprendizagens (produto do processo).
  • 39. capítulo 4 39 Segundo o posicionamento de Hoffman (2003), os professores não são “culpados” dos resultados obtidos pelos alunos, mas são, sim, responsáveis. Dando continuidade, a au- tora afirma que o “conhecimento é construído lentamente, sempre de uma visão menos di- ferenciada e integrada dos objetos para uma visão mais diferenciada e integrada”. Isso sig- nifica que, no trajeto da aprendizagem, quem aprende precisa realizar diferentes aproxima- ções relativas às aquisições de um objeto de conhecimento por meio de formas e de media- ções diferenciadas. Então, uma avaliação que se quer “mediado- ra” suscita um acompanhamento pedagógico, que inclui sucessivas provocações, propõe pro- blemas, analisa as reações, adaptando novas perguntas às respostas dos alunos e variando e ampliando os meios de observação sobre eles. Se a escola opta por uma avaliação no senti- do de processo educacional, essa escolha vai exigir a superação do paradigma centrado no ensino linear e uniforme. No ensino que temos, testa-se muito e avalia-se pouco. A avaliação implica sempre aprendizagem e nasce do desejo de conhecer. Pelo contrário, com os testes, confirmamos o saber ou a igno- rância, mas, como professores ou como alunos, aprendemos pouco. Exercida como atividade a serviço do conheci- mento, a avaliação tem de desempenhar uma importante função formativa no processo de aprendizagem. Mas a avaliação não se limita a testes, aqueles exercícios de aprendizagem que se transformam em instrumentos de segregação e, em muitos casos, dão origem à exclusão. A preocupação com a ação ética da avaliação, mais que com a sua objetividade, é a garantia de que esta ficará a serviço daqueles que aprendem: tanto do professor, que quer desenvolver o seu saber-fazer docente, como do aluno, que tem de assegurar uma aprendizagem que lhe abra as portas da inclusão e da participação nos bens cul- turais e científicos. Precisamos acabar com a ideia de que a escola é um órgão de controle social e lutar para que a sua função seja a promoção do conhecimento daqueles que a frequentam. Saiba Mais: 3. REFLETINDO A PRÁTICA: COMO PROPOR UMA AVALIAÇÃO QUALITATIVA Ao propor à escola uma mudança na práti- ca pedagógica e, em especial, na forma de avaliar, surgem fortes questionamentos entre professores. Alguns resistentes à mudança e outros que, apesar de concordarem com as propostas, adiam o momento de efetivá-las, temendo os novos desafios. A ânsia do ato de corrigir é produto de uma escola que, no dizer de Luckesi (1998), cultua a “pedagogia do exame”, quando, conforme Hoffman (2003), “a magia do avaliar está na descoberta da complexidade do ato de apren- der”. Valendo-se das ideias apresentadas nos textos, alguns questionamentos podem surgir, tais como: • o que é necessário para que se avalie, de forma qualitativa, o aluno? • se a subjetividade está presente nas avalia- ções escolares, como proceder o ato ava- liativo, com base em qualquer instrumento adotado no processo educativo-pedagógi- co, que o aproxime da objetividade? • como possibilitar uma avaliação funda- mentada em critérios estabelecidos? No cotidiano escolar, diversos tipos de instru- mento são aplicados aos alunos, sendo con- siderada a importância de cada um deles, segundo a necessidade do momento e dos ob- jetivos definidos no planejamento pedagógico. A diversidade dos procedimentos e dos instru- mentos avaliativos depende da constatação face às aquisições realizadas pelo aluno bem como da dinâmica da avaliação formativa. O que é inaceitável é o uso autoritário dos proce- dimentos avaliativos. Portanto, vários tipos de atividade possibilitam ao aluno ser avaliado: questões de múltipla es-
  • 40. capítulo 4 40 colha, questões discursivas, trabalhos de pes- quisa, exposições e debates orais, experimen- tações e demonstrações, desenhos, esquemas, maquetes, relatórios, dentre outros. Deve-se ter clareza em relação aos critérios que serão aplicados para avaliar com base nos pro- cedimentos e nos instrumentos; isso implica elaborá-los em consonância com os objetivos e as competências previstos para a aprendi- zagem e tendo em vista os aspectos mais ou menos relevantes, expressos por conceitos ou por representação numérica (pontuação). As anotações (registros) referentes aos procedi- mentos e aos instrumentos utilizados, indivi- dualmente ou em grupo, devem expressar a evolução do aluno ou as principais e reinciden- tes dificuldades (HOFFMANN, 2003). Na dinâmica avaliativa, o professor, ao esco- lher uma atividade de múltipla escolha na ela- boração das questões, deve: • evitar o enfoque apenas memorístico; • rejeitar as alternativas ambíguas; • apresentar um enunciado contextualizado, expressando uma situação-problema; • descartar as questões chamadas “cascas de banana”. Na elaboração de questões dissertativas, de- vem ser observados os seguintes aspectos: • clareza na redação, face à solicitação ao aluno; • previsão de critérios de correção pelo pro- fessor, a fim de minimizar a subjetividade. TEXTO COMPLEMENTAR (ampliando o conhecimento) http://udemo.org.br/Avaliar.pdf http://www.scielo.br/pdf/%0D/es/v26n90/ a13v2690.pdf LEMBRETES Princípios norteadores da avaliação dos processos de ensino e de aprendizagem TRANSPARÊNCIA – informações prévias acerca dos critérios. NEGOCIAÇÃO – não centrada apenas na emissão do juízo de valor do professor; considera os sujei- tos avaliados. ARTICULAÇÃO – gestão, projeto pedagógico, comunidade, professores, política educacional, conselho escolar. FLEXIBILIDADE – novas oportunidades de ensino. POSITIVIDADE – ressignifica os “erros” as “verda- des provisórias”; tem compromisso com o avanço do aluno; amplia e preserva a autoestima do alu- no; instiga a curiosidade e a descoberta. PARA REFLETIR E DISCUTIR NO 3º FÓ- RUM TEMÁTICO: Avaliação processual e somativa: um dilema a ser resolvido? Saiba Mais: 4. O PAPEL CONSTRUTIVO DO ERRO NA AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM O entendimento de que o “erro” pode resultar de vários fatores, envolvendo escola, o currícu- lo, a prática educativa do professor e o esforço dos alunos tem levado os educadores a uma nova concepção do processo de avaliação. O “erro”, nessa perspectiva, era visto por De- móstenes como uma esperança e, dessa for- ma, busca-se o caminho a percorrer no senti- do certo. OAERESHOT apud AQUINO (1997, p.12) afirma “a aprendizagem não começa com a ignorância, mas com o erro”.
  • 41. capítulo 4 41 Dessa forma, o professor deve levar o aluno a se conscientizar do “erro” cometido, levando- -o a reconhecer que se trata de um problema a ser superado. Nesse sentido, ele não será visto como uma derrota, mas um novo ponto de partida. O professor deve avaliar o progresso de seu alu- no com esse mesmo espírito positivo, refletin- do sobre o que ele já sabe e não sobre o que não sabe. O “erro” deriva da existência de um padrão já estabelecido. Caso a conduta não corresponda ao padrão, o professor costuma avaliar como desvio e não como caminho já percorrido em direção ao acerto. Nesse contexto, pode-se considerar a avaliação como mediação do processo ensino-aprendi- zagem e não como um fim em si mesmo, ou como instrumento de coação, de punição e de marginalização. A avaliação deve ser um meio para professor e aluno caminharem rumo aos objetivos, consi- derando o progresso e o percurso em relação ao que já aprendeu e o que falta aprender. As- sim, a avaliação será exercida como mediação entre professor, aluno e saber, servindo de re- orientação do processo de ensino e de apren- dizagem na direção dos objetivos propostos. A avaliação pode e deve possibilitar continui- dade do processo educacional, mas precisa ser colocada a favor da aprendizagem. REFERÊNCIAS AFONSO, Almerindo Janela. Avaliação Educa- cional: regulação e emancipação. São Paulo: Cortez, 2000. ALVES, Rubens. Filosofia da Ciência. São Paulo: Edit Brasiliense, 1982. BOAS, Benigna Maria de Freitas Villas (org.). Avaliação: Políticas e Práticas. São Paulo: Papi- rus, 2000. DEMO. Pedro. A avaliação sob o olhar prope- dêutico. São Paulo. Papirus.1996. FRANCO. Maria L. P. B. Pressupostos Epistemo- lógicos da Avaliação. In: Cadernos de Pesquisa. São Paulo, nº 74, 1990. MÉNDEZ, Juan Manuel Álvarez. Avaliar para Conhecer – Examinar para Excluir. Porto Ale- gre: Artmed Editora, 2002. LIBANEO, José Carlos. Adeus Professor, Adeus professora? Novas exigências educacionais e profissão docente. São Paulo: Papirus, 1998. LUCKESI, Cipriano C. Avaliação da Aprendiza- gem Escolar. São Paulo: Cortez, 1998.180p. HOFFMANN, Jussara Maria Lerch. Avaliação Mediadora: uma prática em construção da pré-escola à universidade. Porto Alegre: Me- diação, 1998. ______. Avaliação Mito e Desafio: uma pers- pectiva construtivista. Porto Alegre: Mediação, 1995. ______. Pontos e Contrapontos: do formar ao agir em avaliação. Porto Alegre: Mediação, 2003. SILVA, Janssen Felipe. Introdução: Avaliação do Ensino e da Aprendizagem numa Pers- pectiva Formativa Reguladora. In: ______; HOFFMANN, Jussara; ESTEBAM, Maria Teresa (Orgs). Práticas Avaliativas e Aprendizagens Significativas: em diferentes áreas do currículo. Porto Alegre: Mediação, 2003. VASCONCELOS, Celso dos Santos. Avaliação: concepção dialética – libertadora do processo de avaliação escolar. 11ª. ed. São Paulo: Liber- tad, 2000. ZABALA, Antoni. A Prática Educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998.
  • 42. capítulo 4 42 1. Elabore uma atividade avaliativa escrita em uma área do conhecimento numa situação hipotética. • Escreva duas questões do tipo “múltipla es- colha”, observando as orientações apresen- tadas no capítulo. Lembre-se de que o enun- ciado deve estar articulado às alternativas, ter clareza e ser relevante. • Elabore uma questão discursiva que não im- plique resposta memorizadora, mas enseje uma situação significativa. Explicite os cri- térios em relação aos quais será avaliada a questão. Para aprofundar o estudo Consulte os sites abaixo discriminados: www.Luckesi.com.br/artigosavaliacao/htm www.contemporaneo.com.br/leitura/artigos/ avaliacao.pdf http://novaescola.abril.com.br/ed/138_ dezoo,htm/Celso.doc PARA REFLETIR E DISCUTIR NO 3º FÓRUM TEMÁTICO Avaliação processual e somativa: um dilema a ser resolvido? Atividades: