SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 3
Baixar para ler offline
Revista Óleos & Gorduras
38
caderno técnico 02
A
degomagem é o processo para
remoção de fosfatídeos presentes nos
óleos vegetais e que podem interferir
nos processos subsequentes. Além disto,
em alguns casos, as gomas removidas neste
processo podem ser aproveitadas devido ao
seu valor econômico.
A degomagem pode ser considerada
como o primeiro passo no processo de refino
de óleos vegetais, porém nem sempre é um
processo a parte, visto que os fosfatídeos
podem ser retirados de forma eficaz em
outras etapas do processo.
As etapas de processamento de óleos
vegetais (degomagem, neutralização,
branqueamento, desacidificação/
desodorização, etc.) são definidas em função
da composição de cada óleo, principalmente
os teores de fosfatídeos (muitas vezes
expresso como fósforo “P”) e ácidos graxos
livres (AGL). A combinação de fatores como
composição do óleo, qualidade do produto
final, perdas e custos de processo, custo
de investimento e utilização e valor dos
subprodutos gerados é que vai definir a
necessidade ou não da etapa dedicada de
degomagem do óleo.
Existem situações específicas onde alguns
processadores (como é o caso nos EUA e
Canadá com óleos de soja e canola) preferem
refinar o óleo bruto não degomado.
O fato é que hoje, os principais motivos
para a degomagem são: para atender o
mercado existente de comercialização de
óleo degomado, para produção de um óleo
degomado adequado para armazenagem ou
transporte, para preparar o óleo para o refino
físico ou para produzir lecitina. Refinarias
operando de forma independente das plantas
de extração consideram como vantajoso o
degomagemO importante processo para a remoção de fosfatídeos presentes nos óleos vegetais.
por Paulo Telles
Óleo
Teor de
fosfatídeos
Como
fosforo
(P)
Teor de
Ácidos Graxos
Livres (AGL)
% Ppm %
Coco 0.025-0.05 10-20 0.5-5.0
Palma 0.04-0.1 15-40 1.5-5.0
Girassol 0.8-1.8 300-700 0.5-2.0
Milho 0.7-2.0 300-800 1.0-4.0
Canola 0.5-2.3 200-900 0.5-1.5
Algodão 1.0-2.5 400-1000 1.0-10
Soja 1.0-3.0 400-1200 0.3-0.8
processamento de óleo degomado já que o
menor teor de fosfatídeos do óleo representa
uma redução na carga de subprodutos gerados
no refino.
Existem diversos processos para
degomagem dos óleos vegetais, cada um deles
com características e aplicações especificas
dependendo do tipo de óleo a ser tratado e
objetivos a se alcançar.
Os óleos de girassol, canola e soja, que
apresentam o maior teor de fosfatídeos são
os que normalmente passam pelo processo
dedicado de degomagem principalmente para
atender o mercado de óleos degomados e, além
disto, as gomas oriundas do óleo de soja são as
mais utilizadas para produção de lecitina.
Os óleos com baixo teor de fosfatídeos como
os óleos de coco e palma normalmente são dego-
Revista Óleos & Gorduras
39
mados “a seco”, ou seja, estes fosfatídeos residuais
são removidos do óleo na etapa de branqueamento
do processo de refino físico destes óleos.Este proces-
so envolve a dosagem de ácido, geralmente fosfórico
ou cítrico seguido de breve retenção em temperatura
alta e agitação intensa ou retenção longa em tempe-
ratura baixa e agitação menos vigorosa. O ácido e os
fosfatídeos precipitados são removidos na subse-
quente operação de branqueamento.
A degomagem tradicional com água é eficaz
somente para remoção de fosfatídeos hidratá-
veis; aqueles que possuem mais afinidade para
permanecer na fase de água do que na fase do óleo.
No entanto, existem quantidades significativas
de fosfatídeos não hidratáveis (NHP em inglês)
que não podem ser efetivamente removidos sem
tratamentos especiais. A presença de quantidades
significativas de NHP geralmente indica uma má
qualidade do óleo. Para óleo de soja proveniente
de sementes de boa qualidade, aproximadamente
90% dos fosfatídeos são geralmente hidratáveis.
No entanto, quando as sementes são seriamente
danificadas, o teor de fosfatídeos não hidratáveis
é maior do que normalmente se encontra em óleos
oriundos de sementes de boa qualidade.
Tipos de fosfatídeos
• Hidratáveis (removidos por água)
	 – Phosphatidylcholine (PC)
	 – Phosphatodylinositol (PI)
• Nãohidratáveis (reagidos com um acido para
então serem removidos)
	 – Phosphatiticacid (PA)
	 – Phosphatidyletholamine (PE)
• Fosfatídeos não hidratáveis contem sais de
cálcio e magnésio
A Figura 1 ilustra um processo típico de degoma-
gem integrado com o processo de produção de leci-
tina. Se a lecitina é produzida para fins comestíveis,
o óleo bruto é primeiramente filtrado (ou clarificado
por centrifugação) para remover partículas finas de
farelo e outras impurezas insolúveis. Se o processo
for somente de degomagem (sem a produção da
lecitina), os finos no óleo vindo da extração deverão
estar dentro das quantidades máximas especificadas
para remoção por centrifugação junto com as gomas.
Uma quantidade calculada de água (correspondente
a quantidade de fosfatídeos) é dosada e misturada ao
óleo a temperatura de processo que segue para um
tanque de hidratação com agitação suave. Durante o
período de retenção no tanque de hidratação (geral-
mente em torno de 20-30 minutos), as gomas aglome-
ram-se e começam a se separar da fase óleo. A mistura
então segue a separadora centrifuga onde as fases
leve (óleo) e pesada (gomas) serão separadas. A fase
leve (óleo) segue para o secador a vácuo para remoção
de umidade, é resfriado e finalmente transferido para
o armazenamento.
Quando não utilizadas para produção de lecitina,
as gomas podem voltar para o farelo através do DT,
acrescentando energia à farinha. Quando vendidas
como lecitina de grau não comestível, as gomas são
simplesmente secadas a partir de uma umidade ini-
cial entre 35 e 50 % e são utilizadas ou como umprodu-
to em estado físico “plástico”e com alto teor de Insolú-
veis em Acetona (AI em inglês), ou como um produto
mais fluido,seforemmisturadas com óleo degomado
Processos de Degomagem
Teor de fósforo
no óleo
degomado / ppm
Degomagem com agua 100-200
Degomagem acida 20-50
Degomagem especial, um
estagio.
20-30
Degomagem especial com
lavagem
15-20
Degomagem especial com
sílica
5
Super/Uni Degumming (*) 5-15
TOP Degumming (*) 5-10
Degomagem enzimática PLA 5-20
Degomagem enzimática PLC 50-100
(*) patentes Westfalia
Faixas de teor de fosforo no óleo degomado para
diferentes tipos de processo de degomagem.
Figura 1. Processos de
degomagem e lecitina
Revista Óleos  Gorduras
40
Figura 2. Sistema “MultiPure” de
degomagem/neutralização Crown
caderno técnico 02
sistemas estão ganhando atenção mais recentemen-
te. Um dos sistemas que tem sido foco de atenção é a
degomagem enzimática, com o apelo de aumento de
rendimento em óleo e a possibilidade de remoção de
fosfatídeos para um nível tal que possibilite o envio
do óleo degomado para as etapas de branqueamento
e desodorização no caso de óleos comestíveis ou
diretamente para a desacidificação para utilização do
óleo como matéria prima de uma planta de biodiesel.
Os processos de degomagem enzimática reque-
rem o uso de diferentes tipos de enzimas em função
do objetivo do processo; as enzimas PLA permitem
a degomagem “total” do óleo, porem com um au-
mento na acidez do óleo degomado. As enzimas PLC
reduzem o teor de fosfatídeos no óleo degomado
para valores baixos sem aumento de acidez do óleo
(há uma conversão dos fosfatídeos em digliceríde-
os), porem não atinge a degomagem total (P5ppm).
Os processos enzimáticos exigem o uso de
misturadores de alta forca de cisalhamento com
grande potencia instalada e tempos de reação do
óleo com as enzimas entre 2 a 6 horas, dependendo
do tipo de enzima utilizada.
Durante a reação do óleo com as enzimas, há
a formação de liso-gomas diluídas em agua, que
serão separadas do óleo por centrifugação. Estas
liso-gomas não são utilizadas para produção de
lecitina e devem ser descartadas. O óleo degomado
pode seguir para a etapa de lavagem ou tratamento
com sílica ou diretamente para a próxima etapa do
processo ou para armazenagem.
Degomagem é uma parte integrante da ope-
ração de refino físico, que continuara crescendo
em resposta às pressões ambientais e a busca de
melhores índices de desempenho das plantas de
processamento de óleos vegetais.
Paulo Telles
Gerente de aplicações
Crown Iron Works Co., USA
ou com ácidos graxos destilados.
Muitos tratamentos ácidos e outros processos ga-
nharam aceitação na produção de óleo degomado com
baixo teor de fósforo. Estes processos, incluindo a Super
Degomagem da Unilever, o processo TOP, Degomagem
Total, e outros, concentram-se no fato de que o cálcio,
o magnésio, e os sais de ferro de ácido fosfatídico têm
mais afinidade pela fase do óleo do que pela fase de
água e devem ser removidos do óleo por um processo
especial. O pré-tratamento do óleo com ácido fosfórico,
ácido cítrico ou outro agente a temperatura apropriada,
tempo de retenção e condições de agitação, seguido
pela hidratação com água como descrito acima, é geral-
mente eficaz na remoção de compostos com fosfatí-
deos. Os processos de absorção por sílica também são
eficazes na precipitação destes fosfatídeos. A utilização
destes sistemas de pré-tratamento podem produzir um
óleo degomado que quando branqueado adequada-
mente terão níveis de conteúdo de fosforo menores do
que 3ppmapesar de que estes processos normalmente
não são tão flexíveis como os processos tradicionais de
refino alcalino.Aqualidade destes óleos é geralmente
aceitável como matéria-prima para o refino físico, tema
que será tratado em outra oportunidade.
Enquanto sistemas de superdegomagem apresen-
tam vantagens tanto em termos de reduções de cus-
to de investimento e de operação, o impacto sobre
as gomas deve ser considerado. A lecitina resultante
do sistema utilizando ácido é geralmente de cor mais
escura e geralmente considerada inadequada para
fins comestíveis. Gomas úmidas do sistema de dego-
magem com ácido devem ser neutralizadas antes da
introdução no farelo.
Enquanto os fundamentos do processo de degoma-
gem permanecem os mesmos por vários anos, novos
Figura 3 Ação de diferentes enzimas (PLA1, PLA2 e PLC)
sobre os fosfatídeos.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

02 A produção e produtividade de cana-de-açúcar no Brasil e no mundo
02 A produção e produtividade de cana-de-açúcar no Brasil e no mundo02 A produção e produtividade de cana-de-açúcar no Brasil e no mundo
02 A produção e produtividade de cana-de-açúcar no Brasil e no mundoClauber Dalmas Rodrigues
 
Pasteurização de frutas e hortaliças
Pasteurização de frutas e hortaliçasPasteurização de frutas e hortaliças
Pasteurização de frutas e hortaliçasGeraldo Henrique
 
Tecnologia de frutas: pectina
Tecnologia de frutas: pectinaTecnologia de frutas: pectina
Tecnologia de frutas: pectinaAlvaro Galdos
 
Aula 09 processos de conversão
Aula 09   processos de conversãoAula 09   processos de conversão
Aula 09 processos de conversãoAnderson Pontes
 
Desmineralização troca iônica 2
Desmineralização troca iônica 2Desmineralização troca iônica 2
Desmineralização troca iônica 2confidencial
 
Questões de tecnologia de produção de origem vegetal
Questões de tecnologia de produção de origem vegetalQuestões de tecnologia de produção de origem vegetal
Questões de tecnologia de produção de origem vegetalAndré Fontana Weber
 
Processamento de gas natural
Processamento de gas naturalProcessamento de gas natural
Processamento de gas naturalGabriel Costa
 
Operações unitárias
Operações unitárias Operações unitárias
Operações unitárias Maria Teixiera
 
Aula 09 tecnologia da engenharia química - operações unitárias ii - 01.04
Aula 09   tecnologia da engenharia química - operações unitárias ii - 01.04Aula 09   tecnologia da engenharia química - operações unitárias ii - 01.04
Aula 09 tecnologia da engenharia química - operações unitárias ii - 01.04Nelson Virgilio Carvalho Filho
 
Producao de Sabao e Detergente
Producao de Sabao e DetergenteProducao de Sabao e Detergente
Producao de Sabao e DetergenteRock Dellura
 
Biodiesel slide
Biodiesel slideBiodiesel slide
Biodiesel slidewddan
 

Mais procurados (20)

02 A produção e produtividade de cana-de-açúcar no Brasil e no mundo
02 A produção e produtividade de cana-de-açúcar no Brasil e no mundo02 A produção e produtividade de cana-de-açúcar no Brasil e no mundo
02 A produção e produtividade de cana-de-açúcar no Brasil e no mundo
 
Pasteurização de frutas e hortaliças
Pasteurização de frutas e hortaliçasPasteurização de frutas e hortaliças
Pasteurização de frutas e hortaliças
 
Tecnologia de frutas: pectina
Tecnologia de frutas: pectinaTecnologia de frutas: pectina
Tecnologia de frutas: pectina
 
Aula 09 processos de conversão
Aula 09   processos de conversãoAula 09   processos de conversão
Aula 09 processos de conversão
 
Desmineralização troca iônica 2
Desmineralização troca iônica 2Desmineralização troca iônica 2
Desmineralização troca iônica 2
 
Produtos embutidos
Produtos embutidosProdutos embutidos
Produtos embutidos
 
Antraquinonas
AntraquinonasAntraquinonas
Antraquinonas
 
Questões de tecnologia de produção de origem vegetal
Questões de tecnologia de produção de origem vegetalQuestões de tecnologia de produção de origem vegetal
Questões de tecnologia de produção de origem vegetal
 
Torres de separação
Torres de separação Torres de separação
Torres de separação
 
Aula 1 armgraos
Aula 1 armgraosAula 1 armgraos
Aula 1 armgraos
 
Biorreatores
BiorreatoresBiorreatores
Biorreatores
 
Geleia Real
Geleia RealGeleia Real
Geleia Real
 
Processamento de gas natural
Processamento de gas naturalProcessamento de gas natural
Processamento de gas natural
 
Operações unitárias
Operações unitárias Operações unitárias
Operações unitárias
 
Aula 09 tecnologia da engenharia química - operações unitárias ii - 01.04
Aula 09   tecnologia da engenharia química - operações unitárias ii - 01.04Aula 09   tecnologia da engenharia química - operações unitárias ii - 01.04
Aula 09 tecnologia da engenharia química - operações unitárias ii - 01.04
 
H processamento mínimo
H  processamento mínimoH  processamento mínimo
H processamento mínimo
 
Producao de Sabao e Detergente
Producao de Sabao e DetergenteProducao de Sabao e Detergente
Producao de Sabao e Detergente
 
Pectinases
PectinasesPectinases
Pectinases
 
Filtração
FiltraçãoFiltração
Filtração
 
Biodiesel slide
Biodiesel slideBiodiesel slide
Biodiesel slide
 

Destaque

Quimica Alimentos Lipideos Iii
Quimica Alimentos Lipideos IiiQuimica Alimentos Lipideos Iii
Quimica Alimentos Lipideos IiiRicardo Stefani
 
Produção Sustentável de Óleos Vegetais - Agropalma
Produção Sustentável de Óleos Vegetais - AgropalmaProdução Sustentável de Óleos Vegetais - Agropalma
Produção Sustentável de Óleos Vegetais - Agropalmaequipeagroplus
 
Refining process of fat and oil
Refining process of fat and oilRefining process of fat and oil
Refining process of fat and oilArmia Naguib
 
Oil refinery(degumming process)
Oil refinery(degumming process)Oil refinery(degumming process)
Oil refinery(degumming process)Izyan Hanis
 

Destaque (9)

óLeos e derivados
óLeos e derivadosóLeos e derivados
óLeos e derivados
 
Refinariaesquema
RefinariaesquemaRefinariaesquema
Refinariaesquema
 
Quimica Alimentos Lipideos Iii
Quimica Alimentos Lipideos IiiQuimica Alimentos Lipideos Iii
Quimica Alimentos Lipideos Iii
 
Produção Sustentável de Óleos Vegetais - Agropalma
Produção Sustentável de Óleos Vegetais - AgropalmaProdução Sustentável de Óleos Vegetais - Agropalma
Produção Sustentável de Óleos Vegetais - Agropalma
 
oleos e gorduras
oleos e gordurasoleos e gorduras
oleos e gorduras
 
Objetivos do refino
Objetivos do refinoObjetivos do refino
Objetivos do refino
 
Refining process of fat and oil
Refining process of fat and oilRefining process of fat and oil
Refining process of fat and oil
 
Oil refinery(degumming process)
Oil refinery(degumming process)Oil refinery(degumming process)
Oil refinery(degumming process)
 
Trabalho de lubrificantes
Trabalho de lubrificantesTrabalho de lubrificantes
Trabalho de lubrificantes
 

Semelhante a degomagem

LIPIDIOS-ENZIMA.pptx
LIPIDIOS-ENZIMA.pptxLIPIDIOS-ENZIMA.pptx
LIPIDIOS-ENZIMA.pptxNataliaHata
 
Indices de Identidade e Qualidade: Legislação Brasileira para Azeite de Oliva.
Indices de Identidade e Qualidade: Legislação Brasileira para Azeite de Oliva.Indices de Identidade e Qualidade: Legislação Brasileira para Azeite de Oliva.
Indices de Identidade e Qualidade: Legislação Brasileira para Azeite de Oliva.Agricultura Sao Paulo
 
Capítulo 13 óleos e graxas, detergentes e fenóis
Capítulo 13   óleos e graxas, detergentes e fenóisCapítulo 13   óleos e graxas, detergentes e fenóis
Capítulo 13 óleos e graxas, detergentes e fenóisRhafael Evangelista Leite
 
Processo de refino do óleo de polpa de macaúba propriedades de identidade e q...
Processo de refino do óleo de polpa de macaúba propriedades de identidade e q...Processo de refino do óleo de polpa de macaúba propriedades de identidade e q...
Processo de refino do óleo de polpa de macaúba propriedades de identidade e q...AcessoMacauba
 
áCidos graxos carotenoides totais e teor de gordura sólida em óleo de polpa d...
áCidos graxos carotenoides totais e teor de gordura sólida em óleo de polpa d...áCidos graxos carotenoides totais e teor de gordura sólida em óleo de polpa d...
áCidos graxos carotenoides totais e teor de gordura sólida em óleo de polpa d...AcessoMacauba
 
9 oleos e gorduras
9   oleos e gorduras9   oleos e gorduras
9 oleos e gordurasFranke Teste
 
Compostos polares totais e estabilidade oxidativa em óleo de polpa de macaúba...
Compostos polares totais e estabilidade oxidativa em óleo de polpa de macaúba...Compostos polares totais e estabilidade oxidativa em óleo de polpa de macaúba...
Compostos polares totais e estabilidade oxidativa em óleo de polpa de macaúba...AcessoMacauba
 
Produção e análise de biodiesel do óleo frito
Produção e análise de biodiesel do óleo fritoProdução e análise de biodiesel do óleo frito
Produção e análise de biodiesel do óleo fritoCarlos Kramer
 
Base da refinação de petróleo
Base da refinação de petróleoBase da refinação de petróleo
Base da refinação de petróleoJoaoSandoval
 
Aocs short course bleaching quebec city 5 07 esp
Aocs short course bleaching quebec city 5 07 espAocs short course bleaching quebec city 5 07 esp
Aocs short course bleaching quebec city 5 07 espconfidencial
 
Fundamentos da Lubrificação
Fundamentos da LubrificaçãoFundamentos da Lubrificação
Fundamentos da LubrificaçãoAthamir
 
Reciclagem e reutilização de óleos usados
Reciclagem e reutilização de óleos usadosReciclagem e reutilização de óleos usados
Reciclagem e reutilização de óleos usadosboaera
 
áCidos graxos em óleo
áCidos graxos em óleoáCidos graxos em óleo
áCidos graxos em óleoallisonthome
 
Aula 06 classificação do petroleo e introdução ao refino
Aula 06   classificação do petroleo e introdução ao refinoAula 06   classificação do petroleo e introdução ao refino
Aula 06 classificação do petroleo e introdução ao refinoAnderson Pontes
 

Semelhante a degomagem (20)

Tecnologia de óleos e gorduras
Tecnologia de óleos e gordurasTecnologia de óleos e gorduras
Tecnologia de óleos e gorduras
 
LIPIDIOS-ENZIMA.pptx
LIPIDIOS-ENZIMA.pptxLIPIDIOS-ENZIMA.pptx
LIPIDIOS-ENZIMA.pptx
 
Booommmm petroleo
Booommmm petroleoBooommmm petroleo
Booommmm petroleo
 
Aula1a Introducao
Aula1a IntroducaoAula1a Introducao
Aula1a Introducao
 
Neutralizacao
NeutralizacaoNeutralizacao
Neutralizacao
 
Indices de Identidade e Qualidade: Legislação Brasileira para Azeite de Oliva.
Indices de Identidade e Qualidade: Legislação Brasileira para Azeite de Oliva.Indices de Identidade e Qualidade: Legislação Brasileira para Azeite de Oliva.
Indices de Identidade e Qualidade: Legislação Brasileira para Azeite de Oliva.
 
Capítulo 13 óleos e graxas, detergentes e fenóis
Capítulo 13   óleos e graxas, detergentes e fenóisCapítulo 13   óleos e graxas, detergentes e fenóis
Capítulo 13 óleos e graxas, detergentes e fenóis
 
Processo de refino do óleo de polpa de macaúba propriedades de identidade e q...
Processo de refino do óleo de polpa de macaúba propriedades de identidade e q...Processo de refino do óleo de polpa de macaúba propriedades de identidade e q...
Processo de refino do óleo de polpa de macaúba propriedades de identidade e q...
 
áCidos graxos carotenoides totais e teor de gordura sólida em óleo de polpa d...
áCidos graxos carotenoides totais e teor de gordura sólida em óleo de polpa d...áCidos graxos carotenoides totais e teor de gordura sólida em óleo de polpa d...
áCidos graxos carotenoides totais e teor de gordura sólida em óleo de polpa d...
 
9 oleos e gorduras
9   oleos e gorduras9   oleos e gorduras
9 oleos e gorduras
 
Compostos polares totais e estabilidade oxidativa em óleo de polpa de macaúba...
Compostos polares totais e estabilidade oxidativa em óleo de polpa de macaúba...Compostos polares totais e estabilidade oxidativa em óleo de polpa de macaúba...
Compostos polares totais e estabilidade oxidativa em óleo de polpa de macaúba...
 
Produção e análise de biodiesel do óleo frito
Produção e análise de biodiesel do óleo fritoProdução e análise de biodiesel do óleo frito
Produção e análise de biodiesel do óleo frito
 
Base da refinação de petróleo
Base da refinação de petróleoBase da refinação de petróleo
Base da refinação de petróleo
 
6 refino-de-petrc3b3leo
6 refino-de-petrc3b3leo6 refino-de-petrc3b3leo
6 refino-de-petrc3b3leo
 
Aocs short course bleaching quebec city 5 07 esp
Aocs short course bleaching quebec city 5 07 espAocs short course bleaching quebec city 5 07 esp
Aocs short course bleaching quebec city 5 07 esp
 
Fundamentos da Lubrificação
Fundamentos da LubrificaçãoFundamentos da Lubrificação
Fundamentos da Lubrificação
 
Reciclagem e reutilização de óleos usados
Reciclagem e reutilização de óleos usadosReciclagem e reutilização de óleos usados
Reciclagem e reutilização de óleos usados
 
Lipideos2
Lipideos2Lipideos2
Lipideos2
 
áCidos graxos em óleo
áCidos graxos em óleoáCidos graxos em óleo
áCidos graxos em óleo
 
Aula 06 classificação do petroleo e introdução ao refino
Aula 06   classificação do petroleo e introdução ao refinoAula 06   classificação do petroleo e introdução ao refino
Aula 06 classificação do petroleo e introdução ao refino
 

degomagem

  • 1. Revista Óleos & Gorduras 38 caderno técnico 02 A degomagem é o processo para remoção de fosfatídeos presentes nos óleos vegetais e que podem interferir nos processos subsequentes. Além disto, em alguns casos, as gomas removidas neste processo podem ser aproveitadas devido ao seu valor econômico. A degomagem pode ser considerada como o primeiro passo no processo de refino de óleos vegetais, porém nem sempre é um processo a parte, visto que os fosfatídeos podem ser retirados de forma eficaz em outras etapas do processo. As etapas de processamento de óleos vegetais (degomagem, neutralização, branqueamento, desacidificação/ desodorização, etc.) são definidas em função da composição de cada óleo, principalmente os teores de fosfatídeos (muitas vezes expresso como fósforo “P”) e ácidos graxos livres (AGL). A combinação de fatores como composição do óleo, qualidade do produto final, perdas e custos de processo, custo de investimento e utilização e valor dos subprodutos gerados é que vai definir a necessidade ou não da etapa dedicada de degomagem do óleo. Existem situações específicas onde alguns processadores (como é o caso nos EUA e Canadá com óleos de soja e canola) preferem refinar o óleo bruto não degomado. O fato é que hoje, os principais motivos para a degomagem são: para atender o mercado existente de comercialização de óleo degomado, para produção de um óleo degomado adequado para armazenagem ou transporte, para preparar o óleo para o refino físico ou para produzir lecitina. Refinarias operando de forma independente das plantas de extração consideram como vantajoso o degomagemO importante processo para a remoção de fosfatídeos presentes nos óleos vegetais. por Paulo Telles Óleo Teor de fosfatídeos Como fosforo (P) Teor de Ácidos Graxos Livres (AGL) % Ppm % Coco 0.025-0.05 10-20 0.5-5.0 Palma 0.04-0.1 15-40 1.5-5.0 Girassol 0.8-1.8 300-700 0.5-2.0 Milho 0.7-2.0 300-800 1.0-4.0 Canola 0.5-2.3 200-900 0.5-1.5 Algodão 1.0-2.5 400-1000 1.0-10 Soja 1.0-3.0 400-1200 0.3-0.8 processamento de óleo degomado já que o menor teor de fosfatídeos do óleo representa uma redução na carga de subprodutos gerados no refino. Existem diversos processos para degomagem dos óleos vegetais, cada um deles com características e aplicações especificas dependendo do tipo de óleo a ser tratado e objetivos a se alcançar. Os óleos de girassol, canola e soja, que apresentam o maior teor de fosfatídeos são os que normalmente passam pelo processo dedicado de degomagem principalmente para atender o mercado de óleos degomados e, além disto, as gomas oriundas do óleo de soja são as mais utilizadas para produção de lecitina. Os óleos com baixo teor de fosfatídeos como os óleos de coco e palma normalmente são dego-
  • 2. Revista Óleos & Gorduras 39 mados “a seco”, ou seja, estes fosfatídeos residuais são removidos do óleo na etapa de branqueamento do processo de refino físico destes óleos.Este proces- so envolve a dosagem de ácido, geralmente fosfórico ou cítrico seguido de breve retenção em temperatura alta e agitação intensa ou retenção longa em tempe- ratura baixa e agitação menos vigorosa. O ácido e os fosfatídeos precipitados são removidos na subse- quente operação de branqueamento. A degomagem tradicional com água é eficaz somente para remoção de fosfatídeos hidratá- veis; aqueles que possuem mais afinidade para permanecer na fase de água do que na fase do óleo. No entanto, existem quantidades significativas de fosfatídeos não hidratáveis (NHP em inglês) que não podem ser efetivamente removidos sem tratamentos especiais. A presença de quantidades significativas de NHP geralmente indica uma má qualidade do óleo. Para óleo de soja proveniente de sementes de boa qualidade, aproximadamente 90% dos fosfatídeos são geralmente hidratáveis. No entanto, quando as sementes são seriamente danificadas, o teor de fosfatídeos não hidratáveis é maior do que normalmente se encontra em óleos oriundos de sementes de boa qualidade. Tipos de fosfatídeos • Hidratáveis (removidos por água) – Phosphatidylcholine (PC) – Phosphatodylinositol (PI) • Nãohidratáveis (reagidos com um acido para então serem removidos) – Phosphatiticacid (PA) – Phosphatidyletholamine (PE) • Fosfatídeos não hidratáveis contem sais de cálcio e magnésio A Figura 1 ilustra um processo típico de degoma- gem integrado com o processo de produção de leci- tina. Se a lecitina é produzida para fins comestíveis, o óleo bruto é primeiramente filtrado (ou clarificado por centrifugação) para remover partículas finas de farelo e outras impurezas insolúveis. Se o processo for somente de degomagem (sem a produção da lecitina), os finos no óleo vindo da extração deverão estar dentro das quantidades máximas especificadas para remoção por centrifugação junto com as gomas. Uma quantidade calculada de água (correspondente a quantidade de fosfatídeos) é dosada e misturada ao óleo a temperatura de processo que segue para um tanque de hidratação com agitação suave. Durante o período de retenção no tanque de hidratação (geral- mente em torno de 20-30 minutos), as gomas aglome- ram-se e começam a se separar da fase óleo. A mistura então segue a separadora centrifuga onde as fases leve (óleo) e pesada (gomas) serão separadas. A fase leve (óleo) segue para o secador a vácuo para remoção de umidade, é resfriado e finalmente transferido para o armazenamento. Quando não utilizadas para produção de lecitina, as gomas podem voltar para o farelo através do DT, acrescentando energia à farinha. Quando vendidas como lecitina de grau não comestível, as gomas são simplesmente secadas a partir de uma umidade ini- cial entre 35 e 50 % e são utilizadas ou como umprodu- to em estado físico “plástico”e com alto teor de Insolú- veis em Acetona (AI em inglês), ou como um produto mais fluido,seforemmisturadas com óleo degomado Processos de Degomagem Teor de fósforo no óleo degomado / ppm Degomagem com agua 100-200 Degomagem acida 20-50 Degomagem especial, um estagio. 20-30 Degomagem especial com lavagem 15-20 Degomagem especial com sílica 5 Super/Uni Degumming (*) 5-15 TOP Degumming (*) 5-10 Degomagem enzimática PLA 5-20 Degomagem enzimática PLC 50-100 (*) patentes Westfalia Faixas de teor de fosforo no óleo degomado para diferentes tipos de processo de degomagem. Figura 1. Processos de degomagem e lecitina
  • 3. Revista Óleos Gorduras 40 Figura 2. Sistema “MultiPure” de degomagem/neutralização Crown caderno técnico 02 sistemas estão ganhando atenção mais recentemen- te. Um dos sistemas que tem sido foco de atenção é a degomagem enzimática, com o apelo de aumento de rendimento em óleo e a possibilidade de remoção de fosfatídeos para um nível tal que possibilite o envio do óleo degomado para as etapas de branqueamento e desodorização no caso de óleos comestíveis ou diretamente para a desacidificação para utilização do óleo como matéria prima de uma planta de biodiesel. Os processos de degomagem enzimática reque- rem o uso de diferentes tipos de enzimas em função do objetivo do processo; as enzimas PLA permitem a degomagem “total” do óleo, porem com um au- mento na acidez do óleo degomado. As enzimas PLC reduzem o teor de fosfatídeos no óleo degomado para valores baixos sem aumento de acidez do óleo (há uma conversão dos fosfatídeos em digliceríde- os), porem não atinge a degomagem total (P5ppm). Os processos enzimáticos exigem o uso de misturadores de alta forca de cisalhamento com grande potencia instalada e tempos de reação do óleo com as enzimas entre 2 a 6 horas, dependendo do tipo de enzima utilizada. Durante a reação do óleo com as enzimas, há a formação de liso-gomas diluídas em agua, que serão separadas do óleo por centrifugação. Estas liso-gomas não são utilizadas para produção de lecitina e devem ser descartadas. O óleo degomado pode seguir para a etapa de lavagem ou tratamento com sílica ou diretamente para a próxima etapa do processo ou para armazenagem. Degomagem é uma parte integrante da ope- ração de refino físico, que continuara crescendo em resposta às pressões ambientais e a busca de melhores índices de desempenho das plantas de processamento de óleos vegetais. Paulo Telles Gerente de aplicações Crown Iron Works Co., USA ou com ácidos graxos destilados. Muitos tratamentos ácidos e outros processos ga- nharam aceitação na produção de óleo degomado com baixo teor de fósforo. Estes processos, incluindo a Super Degomagem da Unilever, o processo TOP, Degomagem Total, e outros, concentram-se no fato de que o cálcio, o magnésio, e os sais de ferro de ácido fosfatídico têm mais afinidade pela fase do óleo do que pela fase de água e devem ser removidos do óleo por um processo especial. O pré-tratamento do óleo com ácido fosfórico, ácido cítrico ou outro agente a temperatura apropriada, tempo de retenção e condições de agitação, seguido pela hidratação com água como descrito acima, é geral- mente eficaz na remoção de compostos com fosfatí- deos. Os processos de absorção por sílica também são eficazes na precipitação destes fosfatídeos. A utilização destes sistemas de pré-tratamento podem produzir um óleo degomado que quando branqueado adequada- mente terão níveis de conteúdo de fosforo menores do que 3ppmapesar de que estes processos normalmente não são tão flexíveis como os processos tradicionais de refino alcalino.Aqualidade destes óleos é geralmente aceitável como matéria-prima para o refino físico, tema que será tratado em outra oportunidade. Enquanto sistemas de superdegomagem apresen- tam vantagens tanto em termos de reduções de cus- to de investimento e de operação, o impacto sobre as gomas deve ser considerado. A lecitina resultante do sistema utilizando ácido é geralmente de cor mais escura e geralmente considerada inadequada para fins comestíveis. Gomas úmidas do sistema de dego- magem com ácido devem ser neutralizadas antes da introdução no farelo. Enquanto os fundamentos do processo de degoma- gem permanecem os mesmos por vários anos, novos Figura 3 Ação de diferentes enzimas (PLA1, PLA2 e PLC) sobre os fosfatídeos.