STOP DSM - evento ocorrido na UNIPAC/MG abril 2014
Fundamentos da Psicanálise
1. Fundamentos da Psicanálise
Tema:
O inconsciente e seu sujeito
Coordenação Alexandre Simões
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2. Anteriormente, vimos que
Inconsciente não é um termo absolutamente novo, proposto de
forma original por Freud.
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3. Todavia, a partir de Freud, o
inconsciente recebe um lugar conceitual
inédito, comportando também
repercussões clínicas originais
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4. “Sujeito”, “Sujeito do Inconsciente” não são
designações presentes no texto de Freud
São os efeitos do
‘retorno a Freud’
proposto por
Jacques Lacan, ao
início dos anos
50.
São referências introduzidas nesse momento e desenvolvidas
diretamente por Lacan até o final dos anos 70.
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5. Todavia, se não presenciamos o termo propriamente dito,
encontramos a noção de sujeito introduzida por Freud:
Inicialmente, temos os argumentos contido n‟A interpretação dos
sonhos, nos quais Freud, ao falar de inconsciente, refere-se a
„pensamentos inconscientes‟.
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6. Em outros textos nos quais Freud
retorna a essa discussão, ele dá a
entender que o inconsciente é da
ordem de uma cogitação.
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7. Ao mesmo tempo, como já vimos
Freud é bastante cuidadoso quanto ao estatuto
desses pensamentos, na medida em que sempre
deixou bem claro que o inconsciente não é uma
inconsciência.
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8. Em outros momentos, Freud também nos indica que o
inconsciente é da ordem de uma intencionalidade
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9. Porém, essa
‘intencionalidade’
tem algo de
bastante
ela tem como
específico: modelo a
ignorância
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10. Temos, assim:
pensamentos -> intencionalidade -> ignorância
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11. Um bom exemplo que Freud nos oferece
para ilustrar essa circunstância clínica é a
culpabilidade:
um paciente pode não apresentar nenhuma queixa evidente sobre a
culpa ou pode não expressar nenhuma formulação ou
questionamento que o exponha nitidamente a isso.
Todavia, ele pode se deparar em sua vida com uma série de atos nos
quais sempre se coloca no limite de sua integridade física, sempre se
agride ou se fere, de algum modo. ALEXANDRE
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12. Por outro lado, há pacientes que diante do
melhor se sentem - muitas vezes de maneira
perplexa – entristecidos, pouco entusiasmados
com o que a vida lhes reserva.
13. Em um dado momento de sua
análise, uma jovem
profissional, recém formada e
já atuante há algum tempo na
área da saúde, chegou a dizer,
por conta de um sonho no
qual ela, vestida de branco,
tentava correr mas não
conseguia sair do lugar:
“... sempre que eu conquisto uma nova
função ou uma posição de destaque nas
instituições em que trabalho, eu arrumo
um meio de ser posta de lado, de ser
preterida, de perder meu lugar, e acabo
saindo do emprego, levando o meu dom
de sempre: criar inimizades!”
14. Isto, quando os pacientes não se deparam com o pior assim que se
percebem bem próximos de algumas realizações
15. Em situações dessa
ordem, nas quais o
valor do paciente é
depreciado, Freud nos
elucida que o paciente,
apesar da lisura de sua
consciência, está
arrebatado por uma
intensa culpabilidade.
Culpabilidade cujo motivo e cuja expressão lhe
escapam.
“Obscuro sentimento de culpa” é a expressão cunhada por Freud no
artigo Alguns tipos de caráter encontrados no trabalho psicanalítico (1916)
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16. É precisamente aí que Freud reconhece o ethos do
inconsciente e nos propõe a mencionada
intencionalidade associada à ignorância
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17. Ser tomado por algo do qual o próprio paciente não
sabe muito ao certo; estar embaraçado com uma
circunstância que lhe escapa.
Relembremos o que já observamos junto a
Freud: “... os dados da consciência têm
muitas lacunas”
(FREUD, S. O inconsciente, p. 19 [1915; tradução de Luiz Hanns, Rio de
Janeiro: Imago, 2006]);
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18. Assim, podemos fazer uma primeira aproximação
mais específica do sujeito que é atribuído ao
inconsciente:
o inconsciente é aquele pensar, fazer, sentir, desejar e
falar que nos ultrapassa
19. Em outros termos:
“O inconsciente é o fato de que pensamos,
fazemos, desejamos e dizemos sem saber. Mais
ainda, o inconsciente é o fato de que estamos
despertos quando dormimos (é o caso dos
sonhos) e estamos dormindo quando
20. Quando Jacques Lacan nos propõe a
subversão do sujeito,
devemos compreender que a experiência clínica que
Freud nos possibilita comporta o avesso do sujeito
cartesiano
22. atividades mentais, tais como refletir sobre
algo ou concentrar a atenção, não
solucionam nenhum dos enigmas de uma
neurose
(FREUD. Recomendações aos médicos que exercem a psicanálise, p. 153)
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23. Lembremo-nos aqui das discussões já bem
difundidas sobre o descentramento do
sujeito ou, em outros termos, a „revolução
copernicana empreendida pela psicanálise‟
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24. Nas primeiras etapas de suas pesquisas, o homem acreditou, de início,
que o seu domicílio, a Terra, era o centro estacionário do universo, com o
sol, a lua e os planetas girando ao seu redor. Seguia, assim,
ingenuamente, os ditames das percepções dos seus sentidos, pois não
sentia o movimento da Terra e, todas as vezes que conseguia uma visão
sem obstáculos, encontrava-se no centro de um círculo que abarcava o
mundo exterior. A posição central da Terra, de mais a mais, era para ele
um sinal do papel dominante desempenhado por ela no universo e
parecia-lhe ajustar muito bem à sua propensão a considerar-se o senhor
do mundo.
A destruição dessa ilusão narcisista associa-se, em nossas mentes, com
o nome de Copérnico, no século XVI. (...) Quando essa descoberta atingiu
um reconhecimento geral, o amor-próprio da humanidade sofreu o seu
primeiro golpe, o golpe cosmológico.
(FREUD. Uma dificuldade no caminho da psicanálise, p. 336)
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25. “Na sequência, dentre outras coisas, Freud nos propõe
considerar a psicanálise como um golpe semelhante ao
estabelecido inicialmente por Copérnico. Um golpe, segundo ele,
sobre o narcisismo dos homens, cuja consequência final seria a
disjunção entre o ser e o pensamento (o saber). Assim, ele chega
às seguintes proposições:
O que está em sua mente não coincide com aquilo de que você
está consciente; o que acontece realmente e aquilo que você
sabe, são duas coisas distintas. [...]
... O eu não é o senhor da sua própria casa...”
(ALEXANDRE SIMÕES. O litoral d’aporia, p. 191)
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26. Prosseguiremos com o tema:
A clínica das neuroses na contemporaneidade
Até lá!
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www.alexandresimoes.com.br
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