Bullying, automutilação, publicações constrangedoras sobre colegas em redes sociais, clima negativo entre funcionários e alunos. Que escola nunca enfrentou um desses problemas?
O relatório Um Rosto Familiar: A Violência na Vida de
Crianças e Adolescentes, do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), aponta que cerca de 130 milhões de
estudantes entre 13 e 15 anos (pouco mais de um em cada três) sofrem bullying regularmente no mundo. Esse é só um dos problemas que afetam o clima escolar e impactam a saúde
mental dos diferentes atores que circulam pela escola.
O desenvolvimento das competências socioemocionais
podem ajudar a transformar esse cenário. Entendendo a importância de empoderar os educadores para essas discussões e de fazer das escolas espaços mais acolhedores,
NOVA ESCOLA, com o apoio do Facebook, produziu este
material. Nele, exploramos como competências como abertura ao novo, autogestão, engajamento com os outros, amabilidade e resiliência emocional podem colaborar na formação e saúde
mental de crianças, adolescentes e até mesmo adultos.
Parabéns pela iniciativa!
Excelente publicação!
Prof. Marcus Renato de Carvalho
O que é Saúde Mental?
A Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhece diferentes
definições de saúde mental. O termo é usado para descrever o nível de qualidade de vida cognitiva ou emocional e pode incluir a capacidade de um indivíduo de apreciar a vida e procurar um equilíbrio entre as atividades e os esforços para atingir a resiliência psicológica. Resiliência é a capacidade de enfrentar adversidades com o mínimo de sofrimento ou de voltar a se sentir bem após um estado de aflição.
...
Essa publicação é uma grande iniciativa para a saúde escolar. Foi desenvolvida pelo grupo de pesquisas do PPG da Psicologia da UNISINOS, coordenado pela Professora Angela Marin.
Parabéns!
Prof. Marcus Renato de Carvalho
Palestra para OE da SME de Pinheiral, RJ sobre como incentivar a Cultura de Paz em um ambiente de conflitos geracionais. Relaxar o corpo e a mente como caminho
“Educação socioemocional em sala de aula: o que é, como fazer e em que medida...Editora Moderna
Ricardo Paes de Barros, economista-chefe do Instituto Ayrton Senna e professor no Insper, apresenta o valor das “competências para a vida” e a eficácia dos programas de aprendizagem socioemocional nas escolas.
Para reconectar o indivíduo ao mundo onde vive passa pelo desenvolvimento de competências socioemocionais. Nesse processo, tanto crianças como adultos aprendem a colocar em prática as melhores atitudes e habilidades para controlar emoções, alcançar objetivos, demonstrar empatia, manter relações sociais positivas e tomar decisões de maneira responsável.
O que é Saúde Mental?
A Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhece diferentes
definições de saúde mental. O termo é usado para descrever o nível de qualidade de vida cognitiva ou emocional e pode incluir a capacidade de um indivíduo de apreciar a vida e procurar um equilíbrio entre as atividades e os esforços para atingir a resiliência psicológica. Resiliência é a capacidade de enfrentar adversidades com o mínimo de sofrimento ou de voltar a se sentir bem após um estado de aflição.
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Essa publicação é uma grande iniciativa para a saúde escolar. Foi desenvolvida pelo grupo de pesquisas do PPG da Psicologia da UNISINOS, coordenado pela Professora Angela Marin.
Parabéns!
Prof. Marcus Renato de Carvalho
Palestra para OE da SME de Pinheiral, RJ sobre como incentivar a Cultura de Paz em um ambiente de conflitos geracionais. Relaxar o corpo e a mente como caminho
“Educação socioemocional em sala de aula: o que é, como fazer e em que medida...Editora Moderna
Ricardo Paes de Barros, economista-chefe do Instituto Ayrton Senna e professor no Insper, apresenta o valor das “competências para a vida” e a eficácia dos programas de aprendizagem socioemocional nas escolas.
Para reconectar o indivíduo ao mundo onde vive passa pelo desenvolvimento de competências socioemocionais. Nesse processo, tanto crianças como adultos aprendem a colocar em prática as melhores atitudes e habilidades para controlar emoções, alcançar objetivos, demonstrar empatia, manter relações sociais positivas e tomar decisões de maneira responsável.
Palestra inicial sobre Cultura de Paz, para as articuladoras do projeto Viva a Paz, da Casa da Criança e do Adolescente de Volta Redonda, patrocinado pela Petrobrás S.A.
Respeitar os colegas, os pais, os professores é um dever de todas as pessoas e a educação vem de casa, os pais devem ensinar os filhos a respeitar as pessoas, ter educação, independente de sua classe social, raça ou etnia.
O papel da família na educação dos filhosMarta Lemos
Elaborado para apresentação e grupos de pais em escolas e/ou outras instituições que pretendam discutir o papel da família na educação dos filhos. o Slide 25 traz o vídeo criança vê, criança aprende disponível em https://www.youtube.com/watch?v=qZL2ZBl1nkU
Palestra inicial sobre Cultura de Paz, para as articuladoras do projeto Viva a Paz, da Casa da Criança e do Adolescente de Volta Redonda, patrocinado pela Petrobrás S.A.
Respeitar os colegas, os pais, os professores é um dever de todas as pessoas e a educação vem de casa, os pais devem ensinar os filhos a respeitar as pessoas, ter educação, independente de sua classe social, raça ou etnia.
O papel da família na educação dos filhosMarta Lemos
Elaborado para apresentação e grupos de pais em escolas e/ou outras instituições que pretendam discutir o papel da família na educação dos filhos. o Slide 25 traz o vídeo criança vê, criança aprende disponível em https://www.youtube.com/watch?v=qZL2ZBl1nkU
Desenvolvimento afetivo a aprendizagem e o atraso escolarIuri Silva
O artigo apresenta algumas considerações sobre o atraso escolar, abordando a multiplicidade de fatores internos e externos envolvidos neste, destacando a aprendizagem como um indicador do processo de desenvolvimento e funcionamento afetivo das crianças. O atraso escolar caracteriza-se como uma das principais queixas dos pais que procuram os serviços de psicologia para o atendimento de crianças.
Recomendações da OMS sobre cuidados maternos e neonatais para uma experiência pós-natal positiva.
Em consonância com os ODS – Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e a Estratégia Global para a Saúde das Mulheres, Crianças e Adolescentes, e aplicando uma abordagem baseada nos direitos humanos, os esforços de cuidados pós-natais devem expandir-se para além da cobertura e da simples sobrevivência, de modo a incluir cuidados de qualidade.
Estas diretrizes visam melhorar a qualidade dos cuidados pós-natais essenciais e de rotina prestados às mulheres e aos recém-nascidos, com o objetivo final de melhorar a saúde e o bem-estar materno e neonatal.
Uma “experiência pós-natal positiva” é um resultado importante para todas as mulheres que dão à luz e para os seus recém-nascidos, estabelecendo as bases para a melhoria da saúde e do bem-estar a curto e longo prazo. Uma experiência pós-natal positiva é definida como aquela em que as mulheres, pessoas que gestam, os recém-nascidos, os casais, os pais, os cuidadores e as famílias recebem informação consistente, garantia e apoio de profissionais de saúde motivados; e onde um sistema de saúde flexível e com recursos reconheça as necessidades das mulheres e dos bebês e respeite o seu contexto cultural.
Estas diretrizes consolidadas apresentam algumas recomendações novas e já bem fundamentadas sobre cuidados pós-natais de rotina para mulheres e neonatos que recebem cuidados no pós-parto em unidades de saúde ou na comunidade, independentemente dos recursos disponíveis.
É fornecido um conjunto abrangente de recomendações para cuidados durante o período puerperal, com ênfase nos cuidados essenciais que todas as mulheres e recém-nascidos devem receber, e com a devida atenção à qualidade dos cuidados; isto é, a entrega e a experiência do cuidado recebido. Estas diretrizes atualizam e ampliam as recomendações da OMS de 2014 sobre cuidados pós-natais da mãe e do recém-nascido e complementam as atuais diretrizes da OMS sobre a gestão de complicações pós-natais.
O estabelecimento da amamentação e o manejo das principais intercorrências é contemplada.
Recomendamos muito.
Vamos discutir essas recomendações no nosso curso de pós-graduação em Aleitamento no Instituto Ciclos.
Esta publicação só está disponível em inglês até o momento.
Prof. Marcus Renato de Carvalho
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Existem cada vez mais evidências de que os setores de bebidas e alimentos ultra processados, fórmulas infantis, micronutrientes, pesticidas e manipulação genética de alimentos, além de atores associados, frequentemente tentam atrasar, enfraquecer, distorcer e/ou impedir o desenvolvimento de políticas e programas de alimentação e nutrição que possam contribuir efetivamente para sistemas alimentares mais saudáveis e sustentáveis.
Este documento estabelece um roteiro para introduzir e implementar, na Região das Américas, o Projeto de abordagem da OMS para a prevenção e gestão de conflitos de interesse na formulação de políticas e implementação de programas de nutrição no âmbito nacional, publicado pela OMS em dezembro de 2017.
Conflito de interesse segundo a OMS é uma situação em que o interesse primário de uma instituição pode ser indevidamente influenciado pelo interesse de um ator não estatal, de tal forma que afete (ou possa parecer afetar) a independência e objetividade do trabalho do governo no campo da saúde pública.
O projeto de abordagem da OMS é um processo decisório cujo objetivo é ajudar os Estados a identificar, prevenir e gerenciar potenciais conflitos de interesse quando da sua interação com atores não estatais (principalmente comerciais) nas políticas e programas de nutrição.
Considerando a complexidade do projeto de abordagem da OMS, este documento também fornece uma 'ferramenta de triagem' simplificada para apoiar e permitir sua aplicação.
Essa ferramenta de triagem foi desenvolvida pela OPAS, com o apoio de funcionários de ministérios da saúde e de organizações da sociedade civil.
Este roteiro tem como objetivos:
- apresentar os princípios fundamentais da abordagem da OMS aos tomadores de decisão das agências governamentais relevantes;
- adaptar e desenvolver formatos complementares da abordagem da OMS que se encaixem nos processos decisórios existentes em nível nacional;
- e complementar a ferramenta completa da OMS com uma ferramenta de triagem mais curta para aumentar a acessibilidade e possibilitar um envolvimento e uso mais efetivos na tomada de decisões relativas a potenciais interações com atores não estatais.
A publicação explica como esses objetivos podem ser abordados usando um método em 3 estágios. Ela também inclui anexos que cobrem estudos de caso, programas para oficinas e uma ferramenta de triagem para avaliar potenciais interações com atores não estatais: indústrias, comerciantes, empresas... Inclusive, no patrocínio de Congressos, Encontros, Reuniões científicas e apoio as Associações e Sociedades de profissionais de saúde.
Recomendamos!
Prof. Marcus Renato de Carvalho
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Promoção comercial dos ditos substitutos do leite materno:
Implementação do Código Internacional -
relatório de situação mundial em 2024
Esta publicação fornece informações atualizadas sobre o estado de implementação do Código Internacional de Comercialização de Substitutos do Leite Materno (de 1981) e subsequentes resoluções da Assembleia Mundial da Saúde (relacionadas com o “Código”) por países. Apresenta o estatuto jurídico do Código, incluindo até que ponto as disposições de recomendação foram incorporadas nas legislações nacionais.
O relatório centra-se na forma como as medidas legais delineiam processos de monitorização e aplicação para garantir a eficácia das disposições incluídas.
Também destaca exemplos importantes de interferência de fabricantes e distribuidores de substitutos do leite materno nos esforços para enfraquecer e atrasar a implementação de proteções contra o marketing antiético.
O Brasil aparece classificado como “substancialmente alinhado com o Código” devido à NBCAL – Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes e Crianças de Primeira Infância, Bicos, Chupetas e Mamadeiras, que está em constante atualização desde sua primeira versão de 1988.
Esse status no traz esperança de continuar avançando, principalmente contra o marketing digital perpetrado pelas redes sociais e pelas ditas “influenciadoras”.
Prof. Marcus Renato de Carvalho
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Maternidade pública de Salvador lança caderneta específica para acompanhamento da gestação de Homens Trans. A Unidade de saúde da Universidade Federal da Bahia mantém ações de acolhimento à população transexual. Medida visa preencher lacuna do sistema de saúde.
A iniciativa foi idealizada e produzida pela Maternidade Climério de Oliveira da UFBA em Salvador.
“A caderneta tem como objetivo promover inclusão social, visibilidade e pertencimento, além de produzir dados qualitativos e quantitativos sobre gestações transmasculinas. O uso do instrumento pode contribuir na elaboração de políticas públicas que propiciem o acesso, o cuidado seguro e a garantia de direitos, conforme estabelecido nos princípios do SUS (universalidade, equidade e integralidade)”, disse Sinaide Coelho, superintendente da MCO-UFBA.
TRANSGESTA
Trata-se de uma iniciativa voltada às pessoas que se reconhecem e se declaram transexuais, travestis, transgêneras, intersexo e outras denominações que representam formas diversas de vivência e de expressão de identidade de gênero. Desde o início, o programa realizou o acompanhamento de 7 homens trans gestantes, que resultou no nascimento de nove bebês na maternidade.
Parabéns!
Todo o nosso apoio: essa Caderneta será citada no V Seminário online anual preparatório para a SMAM 2024 em www.agostodourado.com
Prof. Marcus Renato de Carvalho
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ALIMENTAÇÃO DE LACTENTES E CRIANÇAS PEQUENAS EM SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA:
manual de orientações para a comunidade, profissionais de saúde e gestores de programas de assistência humanitária.
*Tema da SMAM 2009 e que abordaremos novamente no www.agostodourado.com desse ano.
As calamidades e emergências complexas têm um impacto devastador sobre a vida das pessoas. Repentinamente, elas perdem suas casas e são obrigadas a viver fora de seu local de origem, muitas vezes com a cisão abrupta da unidade familiar. O acesso aos serviços de saúde primários costuma ficar prejudicado ou completamente inviabilizado e os sistemas de saúde podem entrar em colapso. A água potável e os alimentos geralmente se tornam escassos, as condições de segurança precárias. Durante os desastres é preciso enfrentar o desafio de lidar com um grande número de pessoas em choque, muitas delas doentes, feridas ou traumatizadas por suas experiências. As mulheres e crianças são as vítimas que mais necessitam de cuidados. Muitas mulheres perdem seus maridos/companheiras, filhos, pais ou parentes e, mesmo assim, precisam iniciar imediatamente o trabalho de reconstruir seus lares, de organizar o espaço para continuar vivendo e de cuidar dos membros mais frágeis da família. O impacto sobre as mulheres pode ser imenso, tanto físico quanto emocional e social. Atenção extra e cuidados especiais precisam ser oferecidos às mulheres com crianças pequenas, órfãos e gestantes.
A Amamentação cruzada não é recomendada e as lactantes devem receber um acolhimento carinhoso para que possam continuar amamentando ou serem apoiadas para a relactação.
Prof. Marcus Renato de Carvalho
www.aleitamento.com
Você gostaria de saber mais sobre como ter uma amamentação prazerosa?
Tirar as principais dúvidas sobre aleitamento?
Como doar seu leite com segurança e ter apoio de um Bancos de Leite Humano?
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Watanabe
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Curadoria de conteúdo: Prof. Marcus Renato de Carvalho @marcus.decarvalho
Amamentação e desenvolvimento sensório psico-motor dos lactentes: “Trilhos anatômicos”, bases neurais da motricidade do sistema estomatognático e suas repercussões sistêmicas.
O lactente é preparado para a amamentação desde a décima segunda semana de gestação, quando inicia o ato reflexo de deglutir o líquido amniótico. A região do encéfalo responsável pela elaboração desses primitivos atos motores é o tronco encefálico. O RN adquire controle motor no sentido céfalo caudal. Isso se dá porque a deposição de mielina obedece à mesma direção. Acrescente-se o fato de o aumento expressivo dos prolongamentos de neurônios ocorrer, principalmente, até os 2 anos de idade. A amamentação, que deve ser mantida pelo menos até que o lactente complete 24 meses de vida, ou mais, funcionaria como uma forma de estimulação perfeita durante esse período crítico do desenvolvimento motor. No lactente, fase em que predominam as ações motoras do orbicular dos lábios e do bucinador (inervados pelo facial), a deglutição é visceral. Entre 7 e 8 meses de idade ocorre a erupção dos dentes incisivos decíduos. O contato inter incisal deflagra a mudança de dominância motora do facial para a do trigêmeo. O padrão de deglutição muda de visceral para somático. Os músculos masseter, pterigoideo medial e temporal (inervados pelo trigêmeo) fazem parte da linha profunda anterior e se comunicam com o occipto frontal (inervado pelo facial), limite cranial da linha superficial posterior. A atuação conjunta dessas duas linhas miofasciais permite que o lactente abandone sua postura flexora com o fortalecimento gradual da musculatura extensora. A amamentação promove, portanto, um adequado sincronismo das ações motoras estimuladas pelos nervos facial e trigêmeo, cujos núcleos se situam no tronco encefálico e estabelecem contato com diversas vias neurais importantes para a organização dos movimentos. Influência o tônus neuromuscular, a postura e o desenvolvimento motor do lactente.
Juliana de Magalhães Faria, Antonio de Padua Ferreira Bueno, Marcus Renato de Carvalho.
Publicado na Revista Fisioterapia Ser • vol. 18 - nº 4 • 2023.
Juliana é Fisioterapeuta em instituições públicas e/ou
privadas há 22 anos, onde adquiriu experiência na área da Saúde e Educação, Pediatria, Fisioterapia em reabilitação de bebês e crianças com problemas neurológicos, estimulação sensório psicomotora, correção postural, reabilitação de pacientes com limitações ortopédicas e neurológicas...
Especialista em Atenção Integral à Saúde Materno-infantil na Maternidade Escola da UFRJ onde iniciou esse artigo que começou com o seu TCC em 2006-7.
Os Princípios de Yogyakarta são um documento sobre direitos humanos nas áreas de orientação sexual e identidade de gênero, publicado em novembro de 2006 como resultado de uma reunião internacional de grupos de direitos humanos na cidade de Joguejacarta (em indonésio: Yogyakarta), na Indonésia.
Os Princípios foram complementados em 2017, expandindo-se para incluir mais formas de expressão de gênero e características sexuais, além de vários novos princípios.
Os Princípios, e sua extensão de 2017, contêm um conjunto de preceitos destinados a aplicar os padrões da lei internacional de direitos humanos ao tratar de situações de violação dos direitos humanos – LGBTQIA+ - de lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros, intersexuais e demais expressões de gênero.
São 29 princípios:
1. Direito ao Gozo Universal dos Direitos Humanos
2. Direito à Igualdade e a Não-Discriminação
3. Direito ao Reconhecimento Perante a Lei
4. Direito à Vida
Direito à Segurança Pessoal
6. Direito à Privacidade
7. Direito de Não Sofrer Privação Arbitrária da Liberdade
8. Direito a um Julgamento Justo
9. Direito a Tratamento Humano durante a Detenção
10. Direito de Não Sofrer Tortura e Tratamento ou Castigo Cruel, Desumano e Degradante
11. Direito à Proteção Contra todas as Formas de Exploração, Venda ou Tráfico de Seres Humanos
12. Direito ao Trabalho
13. Direito à Seguridade Social e outras Medidas de Proteção Social
14. Direito a um Padrão de Vida Adequado
15. Direito à Habitação Adequada
16. Direito à Educação
17. Direito ao Padrão mais Alto Alcançável de Saúde
18. Proteção contra Abusos Médicos
19. Direito à Liberdade de Opinião e Expressão
20. Direito à Liberdade de Reunião e Associação Pacíficas
21. Direito à Liberdade de Pensamento, Consciência e Religião
22. Direito à Liberdade de Ir e Vir
23. Direito de Buscar Asilo
24. Direito de Constituir uma Família
25. Direito de Participar da Vida Pública
26. Direito de Participar da Vida Cultural
27. Direito de Promover os Direitos Humanos
28. Direito a Recursos Jurídicos e Medidas Corretivas Eficazes
29. Responsabilização (“Accountability”).
Fonte: Wikipedia + JusBrasil
"Amamentação, sistemas de primeira alimentação
e poder corporativo: um estudo de caso sobre o mercado e as práticas políticas da indústria
transnacional de alimentação infantil no Brasil"
Artigo original: Breastfeeding, first-food systems and corporate power: a case study
on the market and political practices of the transnational baby food industry in Brazil.
Métodos da pesquisa: Usamos um desenho de estudo de caso, extraindo dados de documentos e entrevistas com informantes-chave (N=10).
Resultados: As taxas de amamentação despencaram no Brasil para um mínimo histórico na década de 1970. O ressurgimento da amamentação a partir
de meados da década de 1980 refletiu o fortalecimento do compromisso para a política nacional e uma lei de proteção da amamentação, resultante, por sua vez, de ações coletivas levadas a cabo por coligações de amamentação, defensores e mães. No entanto, mais
recentemente, as melhorias na amamentação estabilizaram no Brasil, enquanto a indústria aumentou as vendas de CMF
( Fórmulas Lácteas Comerciais) no Brasil em 750% entre 2006 e
2020. À medida que as regulamentações se tornaram mais rigorosas, a indústria promoveu de forma mais agressiva os CMF para bebés mais velhos e crianças pequenas, bem como para produtos especializados. fórmulas. A indústria de alimentos para bebés é fortalecida através da associação com grupos industriais poderosos e emprega lobistas com bom acesso aos decisores políticos.
A indústria conquistou a profissão pediátrica no Brasil através de sua associação de longa data com a Sociedade Brasileira de Pediatria.
...
Parabenizamos os autores: Cindy Alejandra Pachón Robles, Mélissa Mialon, Laís Amaral Mais, Daniela Neri, Kimielle Cristina Silva e Phillip
Baker.
Tradução: Moises Chencinski
* Referência: Robles et al. Globalization and Health (2024) 20:12
https://doi.org/10.1186/s12992-024-01016-0
GLOBAL BREASTFEEDING SCORECARD 2023
As taxas de amamentação estão aumentando em todo mundo através da melhoria dos sistemas de promoção, proteção e apoio.
A amamentação é essencial para a sobrevivência e saúde infantil. O leite materno é um produto seguro, natural, nutritivo e sustentável. O padrão ouro para a alimentação dos lactentes. O leite materno contém anticorpos que ajudam a proteger contra muitas doenças infantis, como como diarreia e doenças respiratórias. Estima-se que o desmame precoce seja responsável por 16% das mortes infantis a cada ano.
As crianças amamentadas têm melhor desempenho em testes de inteligência e têm menos probabilidade de ter excesso de peso ou obesidade na vida adulta. As mulheres que amamentam também têm um risco reduzido de câncer e diabetes tipo II.
O “Global Breastfeeding Scorecard” examina as práticas atuais de amamentação em todo o mundo, considerando o momento de iniciação, exclusividade nos primeiros seis meses de vida e continuação até os dois anos de idade.
Além disso, documenta o desempenho nacional em indicadores-chave de como a amamentação é protegida e apoiada. Essa edição 2023 registra o progresso e os desafios na melhoria da amamentação. O relatório destaca histórias de sucesso em vários países que reforçaram as suas políticas e programas de amamentação.
Oito iniciativas fundamentais e seus impactos são analisadas:
1. Assegurar e ampliar o financiamento de políticas para aumentar as taxas de amamentação desde o nascimento até aos dois anos de vida dos lactentes;
2. Implementar integralmente o Código de Comercialização de Substitutos do Leite Materno (NBCAL no Brasil);
3. Garantir legalmente licença parentalidade (licença maternidade e paternidade) remunerada e políticas de apoio à amamentação no local de trabalho;
4. Implementar os Dez Passos para o Sucesso da Amamentação nas maternidades – a IHAC;
5. Melhorar o acesso as capacitações em Aconselhamento em amamentação;
6. Fortalecer os vínculos entre as unidades de saúde e as comunidades;
7. Fortalecer os sistemas de monitoramento que acompanham o progresso das políticas, programas de aleitamento, e o seu financiamento;
8. Apoio IYCF (Infant and Young Child Feeding / Alimentação de lactentes e pré-escolares) em Emergências
...
CONCLUSÃO
O Scorecard demonstra que há progressos na proteção e no apoio à amamentação. Mas, ainda temos desafios significativos no aleitamento materno. São necessários mais investimentos e ações políticas ousadas para melhorar os ambientes propícios à proteção, promoção e apoio à amamentação.
Essa importantíssima publicação é do GLOBAL BREASTFEEDING COLLECTIVE, um conjunto de dezenas de instituições e experts no tema com o apoio do UNICEF.
Tradução livre do Prof. Marcus Renato de Carvalho www.aleitamento.com
Workplace breastfeeding support for working women: A scale
development study
Artigo científico publicado no European Journal of Obstetrics & Gynecology and
Reproductive Biology: X
O objetivo deste estudo foi desenvolver uma escala para avaliar o apoio ao aleitamento materno no local de trabalho.
Métodos
O estudo foi realizado com 490 mulheres trabalhadoras que se inscreveram nos ambulatórios da mulher e da criança de um hospital na Turquia. Os dados do estudo foram coletados por meio de um 'Formulário de Informações Pessoais' e da 'Escala de Apoio à Amamentação no Local de Trabalho para Mulheres Trabalhadoras'. Os dados foram analisados nos softwares SPSS 25 e AMOS 21. No processo de desenvolvimento da escala; Utilizaram-se a validade de conteúdo, a análise fatorial exploratória, os métodos de correlação item escore total e o coeficiente alfa de Cronbach.
Resultados
O índice de validade de conteúdo da escala foi de 0,90 e o valor de alfa de Cronbach foi de 0,93. O valor da escala de Kaiser-Meyer-Olkin foi de 0,91, o teste de Bartlett foi χ2 = 11.573,924 e p < 0,000. De acordo com os resultados da análise fatorial exploratória para a validade de construto da escala, a escala foi composta por 31 itens e 6 fatores.
Conclusões
A escala desenvolvida pode ser utilizada para avaliar o apoio à amamentação no local de trabalho para mulheres trabalhadoras como um instrumento de medida válido e confiável.
Excelente instrumento: tema da SMAM 2023 - Amamentação / Direito da Mulher Trabalhadora.
Profa. Carla Taddei afirma nessa entrevista que a AMAMENTAÇÃO modula a MICROBIOTA, e, portanto, se sobrepõe ao parto normal na transmissão materno infantil de “bactérias do bem”.
E em outra pesquisa mostrou que os prematuros de UTI Neonatal que tomavam leite materno tinham menos tempo de internação, independentemente se receberam leite da própria mãe ou leite humano pasteurizado do Banco de Leite da maternidade.
Está comprovado cientificamente que a Amamentação dá resiliência para a microbiota e, mesmo que a criança precise de antibiótico ou que tenha alguma outra enfermidade, o Aleitamento humano vai garantir a estrutura daquela comunidade microbiana (que antigamente chamávamos de flora intestinal).
Dra. Carla Taddei é Professora Associada do Laboratório de Microbiologia Molecular do HU da USP.
Fonte: Super Saudável, Ano XXIII, número 100 – outubro a dezembro de 2023.
Leia mais sobre esse tema no nosso portal www.aleitamento.com
As bactérias do leite humano - Microbioma do leite materno tem um efeito protetor contra infecções.
Prof. Marcus Renato de Carvalho
Esse é o capítulo sobre políticas públicas de promoção, proteção e apoio ao aleitamento da 4ª edição do livro “Amamentação – bases científicas” – GEN Editora, 2017.
“Manejo Ampliado” é um conjunto de saberes que vão mais além dos conhecimentos biomédicos necessários para a assistência clínica ao binômio lactante-lactente.
É a capacitação de profissionais para elaborarem programas, políticas, eventos em prol da amamentação, com enfoque de gênero, interseccionalidade, diversidade e inclusão.
São apresentadas várias iniciativas internacionais e nacionais das ONGs e dos governos municipais, estaduais e federal.
Inclui um histórico das Semanas Mundiais de Aleitamento e dos Encontros Nacionais de Aleitamento desde 1991.
É o aleitamento pela ótica da saúde coletiva.
Mande suas críticas, sugestões e outras iniciativas não citadas.
Prof. Marcus Renato de Carvalho
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Orientação sobre regulamentação de medidas destinadas a restringir o marketing digital de substitutos do leite materno (em tradução livre)
É urgente a proteção da amamentação nas redes sociais
"Guidance on regulatory measures aimed at restricting digital marketing of breast-milk substitutes".
As redes sociais se tornaram rapidamente a fonte predominante de exposição à promoção de substitutos do leite materno a nível mundial. O marketing digital amplifica o alcance e o poder da publicidade e de outras formas de promoção em ambientes digitais, e a exposição a promoção comercial digital aumenta a compra e a utilização dos ditos substitutos do leite materno.
À luz destas evidências, a 75ª. Assembleia Mundial da Saúde solicitou que a OMS desenvolvesse orientações para os Estados-Membros sobre medidas regulamentares destinadas a restringir a comercialização digital de substitutos do leite materno. Esta orientação aplica-se à comercialização de produtos abrangidos pelo Código Internacional de Comercialização de Substitutos do Leite Materno (NBCAL no Brasil), bem como a alimentos para lactentes e crianças pequenas que não sejam substitutos do leite materno.
Parabenizamos o nosso colega e amigo Cristiano Boccolini (Institute of Scientific and Technological Communication—ICICT, Oswaldo Cruz Foundation—Fiocruz, Brazil) um dos autores dessa inédita publicação.
Prof. Marcus Renato de Carvalho
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Este Guia, “Alimentação complementar de bebês e crianças pequenas de 6 a 23 meses de idade”, substitui os Princípios Orientadores para Alimentação Complementar do Lactente Amamentado e princípios orientadores para alimentação crianças não amamentadas de 6 a 24 meses de idade.
A alimentação complementar saudável é definida como o processo de fornecimento de alimentos além do leite materno ou fórmula láctea quando por si só não são mais suficientes para atender necessidades nutricionais. Geralmente começa aos 6 meses de idade e continua até 24 meses de idade, embora a amamentação deve permanecer além deste período.
Essa etapa é um momento crítico para o desenvolvimento para as crianças aprenderem a aceitar alimentos e bebidas saudáveis a longo prazo. Também coincide com o período de pico para o risco de crescimento insuficiente e deficiências nutricionais.
As consequências imediatas, como a desnutrição durante estes anos de formação –
bem como no útero e nos primeiros 6 meses de
vida - incluem crescimento insuficiente significativo, morbidades e mortalidade e atraso motor, retardo do desenvolvimento cognitivo e sócio emocional.
Mais tarde, pode levar a um risco aumentado de doenças não transmissíveis (DNT). No
longo prazo, desnutrição na primeira infância causa redução da capacidade de trabalho e dos rendimentos e, entre as meninas, redução da capacidade reprodutiva. A Alimentação Complementar inadequada com alimentos ultra processados pode resultar em Obesidade, Diabetes tipo 2, hipertensão…
Os primeiros dois anos de vida também são um período crítico para o desenvolvimento do cérebro, a aquisição de linguagem e maturação das vias sensoriais para a visão
e audição, e o desenvolvimento de melhor desempenho das funções cognitivas.
Estas novas diretrizes estão atualizadas com evidências mais sólidas e têm muitos princípios em comum com o que preconiza o “Guia Alimentar para Crianças Brasileiras menores de 2 anos”. (Baixe aqui no nosso SlideShare).
Prof. Marcus Renato de Carvalho
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Apresentamos a Carta do Recife: Por uma política pública de atenção integral aos homens na saúde para promoção da paternidade e do cuidado no Brasil que apresenta uma breve síntese das reflexões e discussões desenvolvidas ao longo do Seminário Nacional e Internacional "Paternidade e Cuidado" que aconteceu em Recife, entre 30 de agosto e 1º de setembro de 2023.
Nesta carta, apresentamos algumas notas e proposições a toda a sociedade brasileira, dialogando especialmente com gestores/as da União, estados e municípios, legisladores/as, órgãos do poder judiciário, empresas, empregadores/as, sindicatos, movimentos sociais, pesquisadores/as, entidades vinculadas ao controle social e à sociedade em geral.
Abraços,
Coordenação de Atenção à Saúde do Homem (COSAH/CGACI/DGCI/SAPS/MS)
Núcleo de Pesquisas Feministas em Gênero e Masculinidades - GEMA/UFPE
Núcleo GenSex/Fiocruz
Núcleo Tramas/UFPA
UFMT
Estivemos presentes e ratificamos essas análises e recomendações.
Prof. Marcus Renato de Carvalho
Representante do Parents in Science / Faculdade de Medicina - UFRJ
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A Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO) reconhece a Amamentação
como uma prática protetora que pode salvar vidas e recomenda que seja iniciada dentro da 1ª hora de vida (conhecida como “hora mágica” ou "hora de ouro").
Através das recomendações do
melhores práticas, a OMS sugere que a amamentação “temprana” e oportuna na sala de parto pode trazer grandes benefícios para ambos – tanto para a mãe quanto para o bebê.
Alguns aspectos importantes da hora mágica, como o contato pele a pele e o início
no início do aleitamento materno, pode prevenir a hemorragia pós-parto, facilita a involução uterina e produz amenorreia lactacional, que é um método contraceptivo (LAM) útil.
A amamentação no início da vida traz benefícios a longo prazo para a mãe e para a criança.
...
Parabéns a FIGO!
Amamentação na primeira hora: proteção sem demora!
Prof. Marcus Renato de Carvalho
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O atendimento ambulatorial de Puericultura é destinado à criança saudável, para a prevenção, e não para o tratamento de doenças. Sendo
assim, diante dos novos conceitos de programming
e epigenética, fica clara a necessidade da assistência à saúde da criança se iniciar antes
mesmo de seu nascimento.
A ANS em 2013, pela Resolução Normativa nº 338, incluiu o procedimento pediátrico “atendimento ambulatorial em puericultura” no rol de consultas, passando a valer desde janeiro de 2014. Uma vez incluído, o procedimento passou a fazer parte da cobertura assistencial mínima
obrigatória pelos planos privados de assistência
à saúde suplementar: operadoras, Unimed...
O atendimento pediátrico a gestantes (terceiro trimestre) foi contemplado pelo Código
nº 1.01.06.04-9 com indicação de remuneração pelo Porte 2B, lembrando aos pediatras a importância do preenchimento correto do código da ANS nas guias de consulta para o devido reembolso desse valor diferenciado.
Vamos incentivar as gestantes a marcarem uma Consulta Pediátrica Pré-Natal?
Prof. Marcus Renato de Carvalho
Este documento apresenta a posição conjunta e a visão de um grupo de trabalho especializado, global e multissetorial sobre a implementação da Metodologia Mãe Canguru (MCC) para todos os bebês prematuros ou com baixo peso ao nascer (BPN), como base para o cuidado de recém-nascidos prematuros e/ou doentes.
O documento resume as informações básicas, as evidências e a justificativa para disponibilizar o MMC para todos os recém-nascidos prematuros ou de BPN e busca mobilizar a comunidade internacional de saúde materna, neonatal e infantil e as famílias para se unirem para apoiar a implementação do MMC para todos os prematuros ou bebês com baixo peso ao nascer para melhorar a saúde e o bem-estar deles e de suas mães e famílias.
Este documento de posição destina-se a ser utilizado por gestores, parceiros de desenvolvimento, lideranças do pessoal de saúde, pediatras neonatologistas, lideranças da sociedade civil (por exemplo, organizações de pais e profissionais) e organizações de pesquisa envolvidos na pesquisa de implementação do MMC.
O MMC é uma intervenção que permite à mãe assumir um papel central em sua própria vida
e os cuidados do seu recém-nascido, revertendo assim a mudança de poder entre a mãe e o responsável pelos cuidados de saúde, prestadores ou sistemas de saúde. Humaniza os cuidados maternos e neonatais, capacitando e envolvendo
aqueles que mais cuidam do RN, em vez de focar predominantemente em soluções tecnológicas.
Assim, o MMC pode servir como ponto de partida para uma reformulação mais ampla do sistema de saúde e para a prestação de serviços,
transformação dos cuidados maternos e neonatais, e um modelo do que pode ser realizado quando
as partes interessadas relevantes têm o poder de desempenhar os papéis que lhes são naturalmente confiados no cuidado dos seus
recém-nascidos.
Esse documento mostra como o Cuidado Mãe-Canguru pode ser revolucionário na atenção neonatal.
Prof. Marcus Renato de Carvalho
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Este "Guia do Pré-Natal do Parceiro para Profissionais
de Saúde" foi originalmente publicado em 2016 para apresentar a Estratégia Pré-Natal do Parceiro (EPNP), que, em linhas gerais, visa orientar
profissionais e gestores(as) do SUS sobre a importância do envolvimento masculino em todo o ciclo gravídico-puerperal.
Mais recentemente, entre 2021 e 2023, este material passou por processo de revisão/atualização
conduzido pela Coordenação de Atenção à Saúde do Homem (Cosah/CGACI/DGCI/Saps/MS), com a participação de pesquisadores/as vinculados/
as a instituições públicas de pesquisa e formação acadêmica (Gema/UFPE; UFPA; UFMT e IFF/Fiocruz).
Esse processo contou também com diálogos e a apreciação de gestores(as), das Coordenações
Estaduais e Municipais de Saúde do Homem, das áreas técnicas da Secretaria de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde, além de
trabalhadores(as) da atenção primária à saúde (APS)
e representantes da sociedade civil.
Para ampliarmos a participação dos homens na APS é necessário que trabalhadores(as) e gestores(as) revejam práticas e ideias e estejam mais atentos(as)
às construções socioculturais de gênero e às singularidades das pessoas e dos territórios, a fim
de garantir espaços de reflexão sobre as práticas de cuidado em saúde.
Parabéns ao Ministério da Saúde e parceiros.
Notamos a falta de conteúdo da Amamentação - informações básicas devem ser dadas nessa fase gestacional para que mães e pais se preparem para esse ato de cuidado e proteção da infância.
Prof. Marcus Renato de Carvalho
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Prevenção de Acidentes de Trabalho na Enfermagem.pdfHELLEN CRISTINA
Trabalho em equipe, comunicação e escrita.
Pensamento crítico, científico e criativo.
Análise crítica de dados e informações.
Atitude ética.
Bibliografia
B1 MORAES, Márcia Vilma Gonçalvez de. Enfermagem do Trabalho - Programas,
Procedimentos e Técnicas. São Paulo: IÁTRIA, 2012. E-book. ISBN 9788576140825
B2 LUCAS, Alexandre Juan. O Processo de Enfermagem do Trabalho. São Paulo:
IÁTRIA, 2004. E-book. ISBN 9788576140832
B3 CHIRMICI, Anderson; OLIVEIRA, Eduardo Augusto Rocha de. Introdução à
Segurança e Saúde no Trabalho. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. E-book.
ISBN 9788527730600
C1 CAMISASSA, Mara Queiroga. Segurança e Saúde no Trabalho: NRs 1 a 37
Comentadas e Descomplicadas. Rio de Janeiro: Método, 2022. E-book. ISBN
9786559645893
C2 OGUISSO, Taka; ZOBOLI, Elma Lourdes Campos Pavone. Ética e bioética: desafios
para a enfermagem e a saúde. Barueri: Manole, 2017. E-book. ISBN 9788520455333
C3 KURCGANT, Paulina. Gerenciamento em Enfermagem. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2016. E-book. ISBN 9788527730198
C4 GUIMARÃES, Raphael Mendonça; MESQUITA, Selma Cristina de Jesus. GPS - Guia
Prático de Saúde - Enfermagem. Rio de Janeiro: AC Farmacêutica, 2015. E-book.
ISBN 978-85-8114-321-7
C5 BECKER, Bruna; OLIVEIRA, Simone Machado Kühn de. Gestão em enfermagem na
atenção básica. Porto Alegre: SAGAH, 2019. E-book. ISBN 9788595029637
A palavra PSICOSSOMATICA tem como raiz as palavras gregas: Psico (alma, mente), somática (corpo).
É a parte da medicina que estuda os efeitos da mente sobre o corpo.
Pessoas desajustadas emocionalmente tendem a ficarem mais doentes.
Exemplo do efeito da mente sobre o corpo: uma pessoa recebe uma notícia da morte de um parente. O choque emocional é muitas vezes tão forte que o cérebro desarma o "disjuntor" e a pessoa desmaia. Em alguns casos a descarga de hormônios e adrenalina no coração é tão forte que a pessoa morre na hora ao receber uma notícia terrível.
O que entra na sua mente ou coração pode em um instante te matar.
Maus sentimentos de rancor e mágoa podem envenenar o organismo lentamente.
A medicina psicossomática é uma concepção “holística” da medicina pluricausal que tem como objetivo estudar não a doença isolada, mas o homem doente, que é o paciente humanizado na sua mais completa perspectiva nosológica e ecológica. Numerosos argumentos parecem indicar a realidade das ligações clínicas e experimentais entre a vida emocional, os problemas psíquicos e o disfuncionamento de órgãos ou o aparecimento de lesões viscerais. Os estudos anatómicos e fisiológicos desempenham um papel capital ao nível do hipotálamo, do sistema límbico e dos diferentes sistemas neuroendocrinológicos (hipófise, corticoadrenal e medulloadrenal). No nível experimental, além de limitar as úlceras obtidas por diferentes técnicas no rato de laboratório, deve-se insistir nos experimentos de Weiss que mostraram que as úlceras pépticas do rato, sob certas condições, dependem de duas variáveis: o número de estímulos que o animal deve enfrentar e os feedbacks informativos mais ou menos úteis que recebe em troca. As investigações realizadas no doente mostram a importância dos problemas funcionais em relação às anomalias do sistema nervoso autônomo ou às anomalias dos gânglios intramurais, o que talvez explique a noção de órgãos-alvo dos problemas. Considerando os conceitos mais recentes que valorizam o papel dos fatores genéticos na determinação das doenças psicossomáticas, pode-se conceber que os determinantes psicológicos, afetivos ou ambientais, são cofatores que se integram a fatores somáticos, genéticos, constitucionais e nutricionais para produzir o quadro mórbido final.
2. Índice
PÁGINA 3
Introdução
PÁGINA 4
Capítulo 1
Competências para
além do conteúdo
PÁGINA 11
Capítulo 2
Uma escola
mais saudável
PÁGINA 18
Capítulo 3
O ambiente digital
PÁGINA 29
Capítulo 4
Como eles fazem
na prática
3. INTRODUÇÃO
Bullying, automutilação, publicações
constrangedoras sobre colegas
em redes sociais, clima negativo
entre funcionários e alunos. Que
escola nunca enfrentou um desses
problemas? O relatório Um Rosto
Familiar: A Violência na Vida de
Crianças e Adolescentes, do Fundo das
Nações Unidas para a Infância (Unicef),
aponta que cerca de 130 milhões de
estudantes entre 13 e 15 anos (pouco
mais de um em cada três) sofrem
bullying regularmente no mundo. Esse
é só um dos problemas que afetam
o clima escolar e impactam a saúde
mental dos diferentes atores que
circulam pela escola.
O desenvolvimento das
competências socioemocionais
podem ajudar a transformar esse
cenário. Entendendo a importância
de empoderar os educadores para
essas discussões e de fazer das
escolas espaços mais acolhedores,
NOVA ESCOLA, com o apoio
do FACEBOOK, produziu este
material. Nele, exploramos como
competências como abertura ao
novo, autogestão, engajamento
com os outros, amabilidade e
resiliência emocional podem
colaborar na formação e saúde
mental de crianças, adolescentes e
até mesmo adultos.
Há escolas que já desenvolvem as
competências socioemocionais com
a sua equipe e seus alunos. Neste
e-book, compartilhamos algumas
dessas histórias para inspirar mais
educadores a ajudar na construção
de uma escola saudável e com
clima positivo.
5. Éum dia comum. Na hora de
acordar você se irrita com o
despertador, desliga o aparelho e acaba
levantando meia hora depois do que
havia previsto. Esse pequeno deslize
tem consequências: você vai ter que
rever toda a sua agenda. Precisará ter
mais foco nas tarefas – não vai dar
para checar o celular milhões de vezes
ao longo do dia –,desmarcar alguns
compromissos, reagendar outros e
reorganizar o dia.
Uma situação cotidiana como
essa mostra a importância de
conhecimentos, habilidades e
competências de diversas ordens. Para
lidar com um problema simples – cinco
minutinhos a mais de sono que se
transformaram em 30 –, é preciso, por
exemplo, fazer diversos cálculos (com
resultados exatos ou aproximados)
envolvendo medidas de tempo. Você
também terá de dominar a leitura
e a produção de gêneros textuais
que lhe permitam se comunicar
com as pessoas com quem tinha
compromissos (sejam eles escritos,
como um e-mail ou uma mensagem
de texto, ou orais, como o pedido de
desculpas e de remarcação), além dos
conhecimentos que entrariam em jogo
em cada um dos seus compromissos.
Mas há atitudes que são igualmente
fundamentais para contornar toda a
situação: a capacidade de lidar com
frustrações, de estar aberto para
mudanças no percurso, de ter foco e
saber se organizar, além de lidar bem
com relações interpessoais.
O primeiro grupo de aptidões faz
parte das habilidades cognitivas,
que incluem conhecimentos,
conteúdos e procedimentos que
já são tradicionalmente ensinados
nas escolas e estão relacionados
à memorização, à assimilação e à
compreensão de informações. Já o
segundo grupo, o das competências
socioemocionais (CSE),tem ganhado
destaque recentemente. Elas são parte
do desenvolvimento individual pelo
qual todos passamos ao longo da vida e
que engloba também aspectos físicos
(bem-estar) e culturais (identidade e
diversidade), além do intelectual. Por
isso, são frequentemente associadas
a pesquisas e trabalhos que tratam de
Educação Integral.
6. Afinal, o que são
as competências
socioemocionais?
Os trabalhos sobre as CSE vêm do
campo da psicologia. Depois dos
anos 1930, pesquisas se debruçaram
sobre quais seriam as palavras
usadas para descrever os traços da
personalidade humana e, a partir
da década de 1980, essa lista foi
reduzida a cinco principais eixos:
abertura ao novo (curiosidade
para aprender, imaginação criativa
e interesse artístico), consciência
ou autogestão (determinação,
organização, foco, persistência e
responsabilidade), extroversão
ou engajamento com os outros
(iniciativa social, assertividade
e entusiasmo), amabilidade
(empatia, respeito e confiança)
e estabilidade ou resiliência
emocional (autoconfiança, tolerância
ao estresse e à frustração). Cada um
dos eixos abriga diversas qualidades,
também chamados de traços de
caráter, que podem se entrelaçar com
competências cognitivas, criando
capacidades híbridas – a criatividade e
o pensamento crítico, por exemplo.
Na Educação, a relação entre
aspectos morais e comportamentais
e a aprendizagem não é novidade.
O biólogo suíço Jean Piaget (1896-
1980), por exemplo, realizou
estudos aprofundados sobre o
desenvolvimento moral. Mas, nas
duas últimas décadas, o espaço
dedicado a essas questões aumentou
a ponto de instituições como a
Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE)
se debruçar sobre elas em diversos
estudos e inclusive inserir aspectos
sobre o desenvolvimento das CSE no
Programa Internacional de Avaliação
de Alunos (Pisa).
7. Por que falar sobre
as CSE agora
No texto introdutório da Base Nacional
Comum Curricular (BNCC), são
definidas dez competências gerais que
todos os alunos devem desenvolver ao
longo da escolarização. Elas resumem
o que as escolas devem ter como
norte. As CSE estão contempladas
dentro das competências listadas no
documento. Ainda que sempre tenham
sido abordadas por pensadores,
especialistas e professores, a
importância dada a elas – que a levou
à principal diretriz curricular do país
– cresceu nos últimos anos devido a
diversos fatores. Primeiro, o século 21
e o avanço vertiginoso das tecnologias
fizeram com que diversas funções de
trabalho fossem automatizadas. Como
resultado, cada vez mais pessoas
que antes trabalhavam na indústria
passam a trabalhar com serviços,
lidando com outras pessoas, o que
exige novas competências. “Não basta
apenas ter conhecimento e não saber
usá-lo se você não tiver atitudes e
valores que façam dele algo positivo
para você e para o mundo”, afirma
Anna Penido, diretora do Instituto
Inspirare. Além disso, o aumento de
casos de pessoas com transtornos
psicológicos na vida adulta acendeu
o sinal amarelo para que questões
de personalidade, comportamento
e temperamento fossem mais bem
trabalhadas com os mais jovens.
Uma segunda explicação é o
aumento no número de pesquisas
que mostram – com números – o
impacto do trabalho com as CSE.
“Isso muda todo o quadro. Uma coisa
é você saber o que são os modelos
teóricos, pois isso importa e muito na
hora de ensinar. Outra coisa é você
ter evidências”, analisa Simone André,
gerente executiva de Educação do
Instituto Ayrton Senna. O professor
Robert Selman, da Universidade de
Harvard, resume bem o movimento
pelo qual o trabalho com as CSE
passou nos últimos anos:
8. “Há algumas décadas, acreditava-
se que o ensino de competências
relacionadas à convivência cabia
exclusivamente às famílias e que as
escolas deveriam se debruçar apenas
sobre o conhecimento acadêmico.
Com o tempo, passou-se a acreditar
que o papel da escola também era
formar cidadãos, mas sem clareza
sobre o que era necessário para isso.
Por essa razão, ainda havia resistência
à incorporação de competências
como amabilidade, estabilidade
emocional e consciência. Quando, nas
décadas de 1980 e 1990, epidemias
de violência e conflitos se espalharam
pela sociedade, o cenário começou a
mudar, pois esses problemas também
atingiam as escolas. Como é comum
acontecer, coube à Educação lidar com
esses problemas, o que o mundo não
conseguia. Nesse contexto, o papel
que era das famílias passou a ser
considerado também um papel das
instituições escolares. Começaram
a surgir, então, diversas propostas
para trabalhar com essas questões.
Recentemente, o movimento da
aprendizagem socioemocional levou
vantagem porque algumas pesquisas
mostram que, quando colocamos essas
habilidades no currículo, o desempenho
acadêmico também melhora”.
Leia a entrevista completa em
bit.ly/Selman-CSE
Um desses estudos foi realizado pela
OCDE e publicado em 2015. A análise
Competências para o Progresso
Social – O poder das Competências
Socioemocionais verificou que, adultos
com as CSE mais desenvolvidas
tendem a ser mais bem-sucedidos: eles
têm mais chances de concluir o Ensino
Superior, escapar do subemprego e
receber um bom salário. Com relação
à renda, por exemplo, um jovem aluno
norueguês tem 33% mais chances de
alcançar um patamar superior de renda
se for incentivado a compreender CSE.
O mesmo estudo aponta que uma
criança que frequenta nos Estados
Unidos a pré-escola com ensino das
CSE com ênfase no autocontrole tem
12% menos risco de sofrer bullying
até o final do Ensino Fundamental.
O relatório ressalva que diferentes
contextos socioeconômicos podem
afetar a comparação de análises.
Associando ainda mais à vida escolar,
relatório do Pisa 2015 recomenda que
autoconfiança e motivação levam a um
melhor domínio da língua materna.
9. CSE como política pública
Antes do Brasil, outros países e regiões
já haviam apostado na inserção das
CSE em seus currículos e no cotidiano
das escolas. Uma experiência exitosa é
a da província de Ontário, no Canadá,
onde o conselho escolar definiu que
alunos do Ensino Médio têm de sair da
escola compreendendo e expressando
competências para melhorar o bem-
estar e construir um senso de cidadania
ativa. A definição sobre quais seriam,
especificamente, essas competências
se deu pela construção coletiva de um
plano de ação da comunidade escolar.
Outros casos estrangeiros semelhantes
que privilegiam as CSEs de forma
institucional e intencional são a Austrália
e a Finlândia – ambos apresentam
reformas curriculares que especificam
CSE, com destaque para os finlandeses,
que se distanciaram consistentemente
de aulas somente expositivas.
Nas escolas daqui, a avaliação pioneira
de impacto das CSE foi realizada
no Rio de Janeiro em 2013, com
a parceria da Secretaria Estadual
de Educação e o Instituto Ayrton
Senna. Cerca de 25 mil alunos, do 5º
ao 9º ano do Ensino Fundamental
e do 3º ano do Ensino Médio,
responderam a um questionário e
tiveram informações socioeconômicas
coletadas para permitir o cruzamento
com resultados cognitivos. Entre os
resultados, conclui-se que alunos
mais responsáveis, focados e
organizados aprendem em um ano
letivo cerca de um terço a mais de
Matemática do que os colegas. Em
Língua Portuguesa, quem apresentou
PARA FICAR CLARO
As competências
socioemocionais (CSE) e
as competências gerais
da Base Nacional Comum
Curricular (BNCC) estão
relacionadas, mas não são
a mesma coisa. As CSE
compõem um modelo
teórico vindo do campo
da psicologia. Elas são
utilizadas por entidades
brasileiras e estrangeiras
para estudar como aspectos
da personalidade podem
influenciar no processo de
ensino e aprendizagem.
Já as competências da
BNCC determinam o norte
para todo o processo de
escolarização: envolvem
tanto aspectos atitudinais
quanto procedimentais e de
conteúdos que os estudantes
brasileiros precisam desenvolver.
maiores níveis de abertura a novas
experiências obteve desempenho
melhor, mesmo vindo de famílias
menos favorecidas economicamente.
Juntamente com os ganhos
cognitivos, observou-se, por exemplo,
que o incentivo ao estudo pelos
familiares estimulou aspectos como
consciência e amabilidade e que filhos
de mães menos escolarizadas são tão
ou mais conscienciosos (responsáveis)
que filhos de mães mais escolarizadas.
10. PARA SABER MAIS
Especial Socioemocionais
Guia de Competências Gerais
da Base
“Quando as emoções entram
no currículo”
“Como aplicar na prática as
competências socioemocionais”
“O desenvolvimento das
habilidades socioemocionais
como caminho para a aprendizagem
e o sucesso escolar de alunos da
educação básica”
Intencionalidade
Pode ser fácil entender que um aluno
mais instável emocionalmente e
isolado socialmente provavelmente
vai ter um desempenho escolar
aquém de seus colegas. Basta então
o professor incorporar as CSE em aula
para a situação mudar efetivamente?
Não é tão simples assim. Há, sim,
de acordo com Vygotsky, Wallon e
outros (Abed, 2014), a possibilidade
de direcionar, por meio do professor,
capacidades afetivas de acordo com
princípios pedagógicos de mediação
de aprendizagem, preferindo
“ações concretas que o professor
deve planejar e executar para que
esses objetivos atinjam os alunos,
gerando assim a reciprocidade, ou
seja, o engajamento do aluno no
processo”. (Abed, 2014; 59). Isso
não significa, porém, que práticas
pedagógicas que ressaltem as CSEs
dependam somente do professor para
serem intencionais. Pelo contrário:
currículo, gestão, formação de
professores, avaliação, recursos e
práticas pedagógicas são dimensões
institucionais que devem enfatizar
as CSEs em diversos contextos de
aprendizagem (OCDE, p. 41), como de
escola, família, comunidade e trabalho.
Para oferecer as competências de
forma eficaz e intencional, a escola
deve gerar contribuições diretas
(práticas pedagógicas e trabalho em
equipe); lidar com fatores ambientais
(espaço, recursos e segurança);
e promover incentivos políticos
(currículo e formação de professores),
segundo estudo da OCDE.
12. Brigas,bullying, variações
de humor entre alunos e
professores, falta de interesse
nas aulas e tarefas, notas ruins.
O trabalho com as competências
socioemocionais NÃO vai resolver
magicamente todos esses problemas,
mas pode ajudar.
Um exemplo corriqueiro: um aluno
geralmente extrovertido chega
cabisbaixo às aulas da semana.
Você percebe que algo o está
incomodando e gerando tristeza.
Como proceder? Há diversas
intervenções possíveis que podem
buscar aliviar esse sofrimento
pontual e animar ou distrair o
estudante. Mas a perspectiva das
CSE propõe que esse não seja o
único objetivo. A tristeza funciona,
via de regra, de forma adaptativa.
Isso significa que esse sentimento
pode ser utilizado para se extrair
aprendizagens importantes sobre
as suas causas e sobre como lidar
com ele. Essa aprendizagem será
fundamental em diversas outras
situações em que essa emoção
retornará. Além disso, esse mesmo
aluno poderá espalhar essa
aprendizagem, ajudando colegas de
dentro e fora da escola e familiares
a também se relacionar de maneira
saudável com suas emoções. A
longo prazo, isso pode ter efeitos
benéficos à saúde mental dele e das
pessoas que o cercam.
Agora imagine que aprendizagens
como essa podem se dar com relação
a diversas emoções e também em
várias esferas da escola. Longe de só
“cuidar dos problemas” dos alunos, a
incorporação das CSEs nas práticas
pedagógicas reverbera na melhora da
saúde mental de crianças, famílias,
professores, gestores e funcionários.
A organização norte-americana
Casel (sigla em inglês para o Coletivo
para Aprendizagem Acadêmica,
Social e Emocional) defende
outros benefícios do trabalho com
socioemocionais: além de melhorias
nas notas das disciplinas escolares,
instituições que seguem essa
abordagem têm redução da taxa de
evasão escolar e menor ocorrência
de casos de comportamentos
destrutivos (como na geração
de conflitos). Segundo estudo da
American Institutes for Research de
2016 abrangendo período de quatro
anos, entre nove distritos de ensino
norte-americanos que dedicam
atenção ao tema quatro registraram
maior presença de alunos e seis viram
menos ocorrências de suspensão.
“Se o aluno tem um aprendizado
em habilidades socioemocionais na
escola, ele é capaz de compreender
melhor algumas questões que podem
surgir em sua casa. Ele aprende a
ter boas relações com os colegas,
professores e mentores”, disse a
NOVA ESCOLA a especialista norte-
americana Pamela Bruening, diretora
de aprendizado profissional no
programa Cloud9World, que adota
13. um projeto desenhado pela Casel.
Emoções para cada fase
do desenvolvimento
A sensibilidade do professor é
importante para que situações
cotidianas – como variações de
humor e conflitos espontâneos
entre os alunos – se transformem
em matéria-prima para o trabalho
com as socioemocionais. Ainda
mais importante é planejar esse
trabalho. Isso é possível conhecendo
as características de cada faixa
etária e criando situações em que
os alunos precisem aliar as CSE ao
desenvolvimento de habilidades
cognitivas.
De acordo com a trajetória
organizada por Christopher Peterson
e Martin E.P. Seligman no livro
Character Strengths and Virtues:
A Handbook and Classification,
nossa vida emocional pode ser
dividida em quatro fases: primeira
infância, infância e pré-adolescência,
adolescência e vida adulta.
Na primeira infância, há um
agrupamento pouco integrado de
habilidades que serão base para o
desenvolvimento, mas já existem
mostras de paciência, autocontrole
e empatia no contato com os
outros, observadas por exemplo por
meio de jogos.
Na infância e pré-adolescência,
a criança já apresenta um senso
de equilíbrio socioemocional que
permite buscar objetivos e “se
enturmar”. A vergonha tende a
emergir nessa fase. Também é
comum que as crianças se afastem
um pouco de seus sentimentos
para exercer habilidades sociais e
compreender como funcionam os
seus grupos.
Na adolescência, começa um
processo de internalização das
emoções e o questionamento
desses sentimentos (“Por que me
sinto culpado de sentir raiva?”).
A comunicação incorpora essas
emoções e existe a formação de
uma moral e uma identidade.
Finalmente, na vida adulta, o
indivíduo se sente, em geral,
como quer se sentir. Aqui, o ideal
é haver um processo de aceitação
das experiências emocionais
alinhadas a crenças, criando
um equilíbrio das emoções. O
objetivo final desse percurso
seria, para os autores, perceber
“um eu altamente desenvolvido
e totalmente diferenciado dos
outros”. Entendendo nossas
14. qualidades e fragilidades,
podemos inspirar outros a viver
vidas mais significativas.
A maior parte dessa montanha-
russa que é o desenvolvimento
psicológico se dá durante os anos
de escolarização. É uma trajetória
sinuosa e complexa, mas que ainda
assim apresenta pontos de transição
destacados e características que
permanecem conosco, de pequenos
a adultos. O trabalho com as CSE
na escola não tem como objetivo
acelerar esse processo – que tende a
ser natural e pelo qual todos passam
–, mas, sim, garantir que ele seja
mais rico. Por isso, assegurar que elas
sejam trabalhadas transversalmente
aos conteúdos é fundamental.
A Casel, além de oferecer assistência
e treinamento específicos aos
professores, também recomenda
um conjunto de práticas, conhecido
em inglês pela sigla SAFE Eles
são sequenciados: implementam
diferentes atividades coordenadas
para chegar aos objetivos de
aprendizagem, num percurso
passo a passo de complexidade.
São ativos: o que significando que
formas dinâmicas de ensino devem
colocar os alunos em situações
reais, incentivando a apropriação do
conteúdo e oferecendo devolutivas
frequentes. São focados: além dos
efeitos do clima escolar, têm pelo
menos um componente específico
do programa dedicado a desenvolver
habilidades interpessoais, adequando
tempo, dedicação e atenção a
construir essas habilidades. Por fim,
são explícitos: buscam um modelo
de aprendizado claro e específico
de CSE, e não apenas resultados
positivos generalizados, ou seja,
definem as competências específicas
que se pretende promover. Exemplo:
o caso do Canadá, visto no primeiro
capítulo, priorizou a resiliência e a
colaboração como competências
essenciais aos seus alunos.
O impacto desse trabalho se dá em
diversas esferas: da dinâmica em sala
de aula à gestão escolar. Conheça
algumas estratégias utilizadas.
Trabalhos em grupo
Entre os alunos, praticar a
colaboração é essencial para a
formação de consciência social,
já que todo trabalho necessita de
cooperação para ser bem feito.
Os alunos terão que saber ouvir
atentamente a discussão dos colegas;
vão precisar se colocar no lugar do
outro para entender um raciocínio
que é, a princípio, incomum (ou seja:
é novo) e, na hora de se expressar,
não apenas opinar com base no que
pensava antes mas argumentar de
maneira respeitosa, levando em
conta as ideias de todos, além de
ter ética para dividir bem o trabalho
e ninguém se sobrecarregar. Como
15. resultado, mais pontos de vista são
considerados e, se bem organizados,
fundamentam melhor as respostas
aos colegas e ao professor.
Aula expositiva vs.
colaborativa
Calma, professor, a aula expositiva
não tem que desaparecer. Mas ela
deve passar de protagonista para
coadjuvante porque as metodologias
ativas, que colocam as atividades
realizadas pelos estudantes como
o ponto principal da aula, são
fundamentais para o desenvolvimento
das CSE. A resolução de problemas
é uma delas, principalmente em
Matemática e Ciências. Em vez de
o professor abastecer os alunos
de perguntas a ser solucionadas
após a explicação de um conceito, o
caminho é inverso. O aluno acessa
a problematização, discute, levanta
hipóteses e tenta estratégias de
solução antes de o conceito ter
sido ”ensinado” pelo professor. Essa
pode ser uma oportunidade de
compreender os níveis de tolerância à
frustração dos alunos. Para isso, eles
precisam saber que têm autonomia
para escolher o tema a ser trabalhado
e se engajar nas atividades.
Feedback
No ensino tradicional, fazer
devolutivas aos alunos pode
significar mais advertir sobre
os erros nas atividades do que
incentivar sobre os acertos. Com as
CSE, o professor tem de expressar
as expectativas de aprendizagem
de forma que os alunos se sintam
motivados a participar das
atividades e, ao fim de cada aula,
se mostrem capazes de falar sobre
o que aprenderam. Dessa forma,
uma relação de confiança entre
docente e aluno é possível. Mas,
cuidado: essa relação não pode
ser de amizade ou paternalismo.
Ao exercer sua autoridade como
mentor, o professor deve então
influenciar e ser influenciado pelas
experiências com os alunos. Tendo
um compromisso com o ensino,
pode demonstrar estabilidade
emocional e responsabilidade com
seus feedbacks.
16. Clima escolar: gestão mais
democrática?
O professor não deve
carregar sozinho nas costas a
responsabilidade de promover
o desenvolvimento integral dos
alunos. Outros fatores que guiam
o aprendizado, como a gestão
democrática da escola, são tão
essenciais quanto o trabalho
do docente. “Um processo
participativo permite a pluralidade
de pensamentos e pontos de vista.
Nesse sentido, o investimento
em práticas de Educação moral,
ética, cidadania e habilidades
socioemocionais contribui para
que todos aprendam a conviver
com a diversidade de modo mais
natural”, afirmam os especialistas
Bruno Cavalcante e Bárbara Dias, da
consultoria educacional Evoluir. Com
isso, o surgimento de novas vozes vai
legitimar, por exemplo, as decisões
da gestão e a elaboração do projeto
político-pedagógico (PPP). Contudo,
conflitos e discordâncias devem
acontecer mais naturalmente. Para
não tomar o dissenso como coisa
negativa, a gestão deve organizar a
participação dos atores da escola.
Por exemplo: alunos podem elaborar
uma pesquisa sobre o que debater
no PPP e acompanhar um plano de
ação coletivo implementado pela
gestão. Diversas CSE, como a
abertura a novas experiências,
são desenvolvidas nesse
processo democrático.
O que pode funcionar
Tão importante quanto desenvolver
as CSEs dos alunos é estimulá-las
de forma integral, espelhando-
as com uma situação real. Foi o
que fez a professora de Ciências
Milena Fabrini, da Escola Municipal
Professor Francisco de Assis Varela
Cavalcanti, de Natal. Com alunos
do 8º ano do Ensino Fundamental,
Fabrini trabalhou a extroversão
e a tolerância por meio de rodas
de conversa e dinâmicas de
planejamento pessoal para incentivar
um debate sobre educação sexual.
Questionamentos iniciais, geralmente
constrangedores, eram feitos por
meio de bilhetes anônimos. Em
meio a risadas da classe, Milena foi
ganhando a confiança dos alunos até
não precisar mais dos bilhetes. “Aos
poucos, eles criaram uma relação de
afetividade com o professor e entre
eles e deixaram de ter vergonha de
perguntar. Agora estão mais abertos,
sabem agir de forma natural e tiram
qualquer dúvida”, conta.
Para chegar a esse ponto, recorreu-
se a algumas estratégias. Os
alunos puderam – em situações de
jogos e dinâmicas – discutir sobre
tomadas de decisões responsáveis
relacionadas à vida sexual, como o
uso de contraceptivos. Rodas de
conversa foram montadas para
debater incertezas e estimular a
empatia nos estudantes. No fim
do projeto, diz Milena, ao ouvir o
17. relato de uma menina sobre sua
decisão de não fazer “sexo como
prova de amor”, ninguém mais
riu. “Isso é muito gratificante”.
A professora também aponta
a melhora no desempenho dos
alunos nas avaliações escritas ao
responderem questões subjetivas,
que requerem mais interpretação
do que memorização. Eles se
tornaram mais resilientes e não
deixavam mais a resposta em
branco, segundo Milena.
Mas nem tudo são flores nas
atividades de compreensão
das CSE. Gustavo Estanislau,
especialista em psiquiatria da
infância e adolescência e integrante
do grupo Cuca Legal, da Unifesp,
conta que questionários ou
rodas de conversa após uma aula
expositiva podem deixar a atividade
previsível. Se o aluno percebe
que a atitude empática é a coisa
“certa” a fazer, ele pode apenas
verbalizar aquele direcionamento,
e não refletir genuinamente sobre
o traço de caráter. “A empatia pode
acabar se resumindo à habilidade
de manipular a pesquisa que está
sendo feita”, alerta.
Outro engano seria avaliar as CSE
do mesmo modo que as habilidades
cognitivas, estabelecendo objetivos
ideais de pontuação a uma turma ou
escola. Como diz o psicólogo Ricardo
Primi em relatório do Instituto
Ayrton Senna, é “importante lembrar
que nesse tema não podemos
definir qual competência é bom ter
em maior ou menor grau. Trata-se
de um conjunto de características
que cada pessoa tem em uma
combinação diferente”.
19. N ão faz muito tempo que,
para conhecer uma pessoa,
dependíamos de interações
feitas ao vivo: encontrá-la
pessoalmente, conversar e fazer
passeios juntos, compartilhar com
outros conhecidos impressões
que você colheu com base nesses
momentos. Mas a internet mudou
muita coisa. Hoje, nossos perfis
e publicações online, assim como
as informações sobre nós que
circulam no perfil de outras
pessoas, podem ser uma das únicas
formas de contato que algumas
pessoas possuem conosco.
Com identidades criadas unicamente
online, pensar em como as relações
se dão nesse espaço também é
essencial. Na Base Nacional Comum
Curricular (BNCC), uma das suas dez
competências gerais diz respeito a
esse tema:
“Compreender, utilizar e
criar tecnologias digitais de
informação e comunicação de
forma crítica, significativa,
reflexiva e ética nas
diversas práticas sociais
(incluindo as escolares)
para se comunicar, acessar
e disseminar informações,
produzir conhecimentos,
resolver problemas e exercer
protagonismo e autoria na
vida pessoal e coletiva”.
Competência Número 10 da BNCC
Dados da pesquisa TIC Educação
2017 mostram um panorama
surpreendente: apesar do alto
uso da internet por professores e
alunos de escolas urbanas (69% dos
estudantes dizem acessá-la mais de
uma vez por dia), apenas 44% dos
jovens entrevistados afirmaram ter
aprendido com os educadores sobre
como utilizá-la de maneira segura.
Parece haver um descompasso entre
a vida virtual dos alunos e a vida dos
profissionais da escola.
20. Para mudar a situação, diversas
organizações têm produzido
materiais que ajudam o professor
a incorporar esse tema. Um dos
mais interessantes foi desenvolvido
pela organização norte-americana
DQ Institute (Instituto Inteligência
Digital, na sigla em inglês). Segundo
eles, a inteligência digital pode ser
dividida em oito áreas, com subáreas.
São elas:
• Uso digital, que incorpora a
saúde digital, o tempo de tela e
a participação na comunidade.
• Identidade digital, relacionada
ao empreendedorismo digital, à
cocriação no ambiente virtual e
à cidadania digital.
• Direitos digitais, que abordam
a liberdade de expressão, o
direito à propriedade intelectual
e à privacidade.
• Letramento digital, que
envolve o pensamento
computacional, a criação de
conteúdo e o pensamento
crítico.
• Comunicação digital, com as
subdimensões de colaboração e
comunicação online e pegadas
digitais.
• Inteligência emocional digital,
que aborda a conscientização
social e emocional, a regulação
emocional e a empatia.
• Segurança digital e as
subáreas de proteção de senhas,
segurança na internet e em
dispositivos móveis.
• Proteção digital, que trabalha
com comportamentos de risco,
conteúdos de risco e contatos
de risco.
21. Boa parte das áreas listadas pelo GQ
Institute diz respeito a diferentes
dimensões das competências
socioemocionais (CSE). Alguns
exemplos: empatia para lidar com
as opiniões expostas pelos colegas e
por problemas que eles possam viver
na internet, autorregulação para
controlar não só o tempo utilizado
em frente a telas mas também para
fazer uma curadoria seletiva das
informações que compartilha online
e pensamento crítico para saber ler
e analisar os conteúdos com que se
tem contato.
Prevenção é o melhor caminho
Buscar soluções quando surgem
problemas como o bullying e
vazamento de fotos íntimas é
importantíssimo (falaremos disso
mais adiante). Mas, em um trabalho
na perspectiva das CSE, apagar
incêndios não basta. O planejamento
deve ser estruturado para que
habilidades como as mostradas acima
sejam desenvolvidas pelos alunos
antes que esses casos ocorram.
Dois elementos fundamentais de
serem trabalhados são os conceitos
de privacidade e identidade digitais.
Ambos estão relacionados às
informações que são disponibilizadas
online a respeito de uma pessoa, o
que pode ser feito por ela mesma
ou por terceiros. Por isso, tanto
autorregulação, quanto empatia e
respeito são conceitos-chave.
O uso de diversas plataformas
virtuais transita entre esses dois
conceitos. A identidade digital pode
ser entendida como o conjunto de
informações pessoais disponíveis
online e a maneira como elas afetam
suas interações. Ela é construída, por
exemplo, a cada nova conta aberta
em uma nova rede social ou serviço
de compra com base nas informações
que são compartilhadas com as
pessoas que têm acesso a esse perfil.
Fazem parte da nossa identidade
digital as informações colocadas em
perfis nas redes sociais, mas também
curtidas que distribuímos, os itens
que compartilhamos, as fotos que
publicamos e as atualizações de
status que fazemos. E não apenas
em uma plataforma, mas em
toda a internet: também conta
nossa presença em redes sociais
profissionais, acadêmicas e assim por
diante. Esse todo constitui quem nós
somos dentro do ambiente virtual.
A privacidade é um direito e
também um controle sobre o
que outras pessoas ou empresas
sabem sobre você. Ela diz respeito
à definição de quais informações
22. você NÃO gostaria que fossem
disponibilizadas abertamente.
Nesse tema, é importante ser
cuidadoso ao analisar quais dados,
sites e aplicativos serão coletados
e aprender a criar relações de
confiança e respeito com quem você
compartilha conteúdos privados.
Para se apresentar de forma
consciente e positiva nas interações
digitais, identidade e privacidade
devem se complementar. Em uma
rede social, se conteúdos pessoais
são expostos equilibradamente, com
o usuário sabendo quem vê cada
conteúdo publicado e como vê, as
informações são protegidas por esse
grupo de pessoas confiáveis. A escola
não precisa recomendar regras do que
é certo ou errado postar, nesse caso,
e sim enaltecer em rodas de conversa
a consciência de sempre avaliar o
contexto e o destinatário de um post
ou mensagem antes de compartilhar
uma foto, vídeo ou informação
pessoal em ambientes digitais.
Junto a isso, também deve-
se considerar a perenidade do
conteúdo da internet. Em outras
palavras, uma quantidade enorme
de informação publicada todos os
dias pode ser localizada depois de
dois, cinco ou dez anos da postagem
original – é o chamado rastro digital
– e, se for descontextualizada, usada
contra a pessoa.
Para evitar esse risco, a identidade
digital deve ser construída com
atenção e precaução, realçando
características positivas sobre a vida
social do usuário. Uma boa maneira
de conduzir uma reflexão desse tema
pode surgir de uma autoanálise sobre
as características que os alunos mais
admiram em si mesmos – os colegas
também podem ser convidados a
participar. Depois, proponha a eles
olhar as próprias redes sociais e
observar se essas características
estão contempladas ou não, além de
tentar imaginar quais informações
presentes ali são passíveis de uma
interpretação equivocada sobre a
personalidade deles. O professor
pode servir de exemplo e contar
como usa as mídias sociais de forma
segura, equilibrada e saudável. É
importante ressaltar que segurança
não é o oposto de liberdade, mas
uma condição para que as liberdades
dos alunos sejam respeitadas em
variados contextos.
Para esse processo se tornar efetivo,
a voz dos alunos deve ser ampliada
e tomada como válida. Casos reais
podem aparecer durante o debate.
Use-os como base, mas fique
atento para que a discussão em
23. sala não acabe expondo jovens e
amplificando problemas que possam
ter acontecido. Durante rodas de
conversa, é importante que os
alunos saibam ouvir, apresentem
argumentos bem embasados e
exercitem a empatia. Além disso, a
autocrítica é fundamental. Leve-os a
pensar sobre quais comportamentos
tidos por eles podem violar a
privacidade de outras pessoas.
Abordar esses aspectos não é
algo trivial Exige um planejamento
cuidadoso, que estimule o
uso de diversas competências
socioemocionais. Criar coletivamente
combinados para as discussões (não
interromper, não citar nomes nem
características que permitam que
as pessoas sejam identificadas, não
revelar perfis de colegas presentes
podem ser pontos levantados pelos
alunos com base na questão: “Como
debater esse tema sem causar
constrangimentos aos colegas?”),
estimular que eles se preparem
previamente para o debate e fazer
uma avaliação coletiva da atividade
(destacar maneiras mais adequadas
de se colocar, bons exemplos de
argumentos etc.) são maneiras de
estimular o desenvolvimento das CSE
em um contexto em que a cultura
digital é discutida.
Por fim, as atividades podem estar
ligadas a discussões pertinentes aos
objetivos de aprendizagem de cada
ano. O tema é um bom tópico para
a realização de produções textuais
de diversos tipos nas aulas de Língua
Portuguesa e Língua Inglesa, mas
também há outros componentes
curriculares que podem ser envolvidos.
Resolvendo problemas
Em contextos em que as CSE
ainda não estão plenamente
implementadas, é natural que surjam
ocasiões em que seja necessário
apagar algum incêndio. Há três
principais grupos com maiores
ocorrências relacionadas à internet.
1) Bullying
O bullying (ou intimidação
sistemática) se manifesta como
violência física ou psicológica em
atos de intimidação, humilhação
ou discriminação. É importante
dizer: é uma forma de violência
e pode acontecer de maneiras
diferentes e com jovens de
todos os tipos. O assunto é
sério porque traz repercussões
desastrosas para a vida de
todos os envolvidos, seja para
a vítima ou agressor, para a
família, escola e até para os
amigos. No ambiente virtual,
o bullying também ocorre de
formas variadas, desde espalhar
rumores e publicar fotos
impróprias até ameaçar alguém
são algumas delas.
24. 2) Vazamento de imagens
e conversas
É cada vez mais comum que
jovens utilizem aplicativos de
conversas e redes sociais para
fazer experimentações com o
despertar da sexualidade. Trocas
de mensagens e imagens podem
acontecer e, em determinadas
situações, ser espalhadas
por um dos envolvidos. Além
disso, também é comum que
montagens sejam feitas com o
intuito de difamar uma pessoa.
É o chamado usualmente de
revenge porn ou pornografia de
vingança. Segundo a SaferNet
Brasil, organização que trabalha
para promoção e defesa dos
Direitos Humanos na Internet no
Brasil, a pornografia de revanche
pode ser definido como “um
conteúdo sexualmente explícito
compartilhado publicamente
online sem o consentimento”
com o objetivo de causar
vergonha e constrangimento à
vítima. A motivação de espalhar
conteúdos comprometedores
sobre a outra pode ser um
conflito, como uma briga na
escola ou o término de um
relacionamento.
3) Participação em desafios
e correntes
De tempos em tempos, são
criados desafios na internet.
Alguns deles podem envolver
comportamentos de risco e auto-
injuria. Em geral, um grupo – as
vezes anônimo – cria “tarefas”
para que as pessoas envolvidas
participem. Essas tarefas podem
assumir diversas funções: desde
fazer com que o jovem pareça
descolado perante os colegas,
estimulando a ingestão de
bebidas ou que eles preguem
peças em colegas e adultos,
até situações que envolvem
automutilação e os façam colocar
a própria vida em risco.
O surgimento dessas ocorrências
é um sinal vermelho para a escola:
elas evidenciam um ambiente
pouco saudável. Isso porque
geralmente ocorrem em situações
em que os jovens se sentem
vulneráveis, têm necessidade de
se reafirmar entre os colegas,
competem ou entram em intensos
e duradouros conflitos entre si.
As vítimas são, com frequência,
adolescentes e crianças em
situação de maior vulnerabilidade,
25. como aqueles que se sentem
mais inseguros, são mais tímidos
e possuem menos amigos.
Aspectos sociais entram em jogo,
já que essas violências podem
ter caráter machista, racista ou
homofóbico. Também é importante
compreender que elas costumam
envolver um grupo grande de
pessoas: além do agressor e da
vítima, a plateia é fundamental
para que a violência aconteça,
ganhe repercussão e se repita.
O primeiro passo para lidar com o
problema é ser capaz de identificá-
lo. O olhar atento da equipe escolar,
nesse caso, é fundamental. Parte
das agressões pode ser flagrada
por algum adulto, mas como a
maioria tende a acontecer longe
dos olhos de educadores, pais ou
funcionários da escola – sobretudo
as que ocorrem online – é importante
estar ligado para mudanças
repentinas de comportamento:
alunos com desempenho alterado
repentinamente, que se tornam
mais quietos e parecem mais tristes
podem estar passando por algum
sofrimento psicológico. “Também
é comum que eles procurem um
professor de quem eles gostem
apenas para estar perto mesmo.
Nesses momentos, com frequência
elas fazem perguntas ou puxam
assuntos que parecem não fazer
muito sentido para o contexto”,
explica Telma Vilma, professora de
Psicologia Educacional da Unicamp.
Contudo, só a intervenção dos
adultos não basta. Pode-se criar
canais de comunicação anônimos,
como uma caixa onde alunos podem
deixar bilhetes sem se identificar, e
dar formação para que os próprios
estudantes atuem. Como já dito, a
plateia é fundamental para que as
violências ocorram. O agressor busca
legitimação pelo grupo e, embora
esconda dos adultos, faz questão que
jovens da mesma idade participem
dos atos como espectadores.
Os estudantes devem ser
estimulados a intervir nessas
situações e tomar, eles próprios,
ações que impeçam que as violências
continuem: conversar com os
amigos, incentivá-los a pensar
empaticamente e se colocar ao lado
do colega agredido são algumas
ações que podem ser estimuladas.
26. Eles também precisam ser
encorajados a comunicar situações
graves aos adultos: não se trata, aqui,
de se tornar dedo-duro, mas de fazer
uma denúncia, procurando promover
o bem-comum.
Problema identificado, as
intervenções devem destacar
aspectos como empatia e
autocontrole emocional. Seja qual
for o papel no conflito (agressor,
agredido ou colegas servindo de
espectadores), se colocar no lugar
do outro para tentar compreender
como ele se sente e reconhecer sua
perspectiva sem fazer julgamentos
faz com que os alunos percebam as
consequências de seus atos e revejam
sua participação nessas ações. Já
o autocontrole surge para que os
alunos possam segurar impulsos. Se
não há esse filtro, raiva, vergonha e
inveja podem se manifestar como
agressão. Quando bem assimilados e
praticados, empatia e autocontrole
emocional podem ser elementos de
inibição ou redução da agressividade,
além de estreitar relações
interpessoais positivas.
“Mesmo se não acontece na escola,
as agressões virtuais são problema
da escola porque repercutem nela”,
afirma a psicóloga Maria Tereza
Maldonado e autora do livro Bullying
e Cyberbullying -– o Que Fazemos
com o Que Fazem Conosco?. A
especialista afirma que programas
de conscientização e prevenção
precisam ser inseridos no projeto
político-pedagógico (PPP) da
instituição. “Palestras e campanhas
isoladas não funcionam”, destaca ela.
Especificamente sobre os atos que
acontecem em meios digitais, apenas
impedir o uso do celular ou do acesso
à internet não são alternativas
eficazes. Segundo a Safernet Brasil,
a formação socioemocional do
jovem sobre como responder a esses
riscos leva a melhores resultados.
27. Habilidade central para isso, a
resiliência só pode ser desenvolvida
enfrentando riscos num ambiente
onde o jovem possa pedir ajuda
e com espaço para falar sem
prejulgamentos e reprimendas.
Recursos para ajudar no
trabalho
As próprias plataformas digitais e
organizações civis estão investindo
na produção de materiais e
orientações para que os usuários
conheçam mais profundamente
as possibilidades que elas
disponibilizam para aumentar a
segurança e a privacidade no uso
da internet, assim como denunciar
abusos. Conheça, a seguir, alguns
exemplos de materiais que podem
trazer informações relevantes para
pais, educadores e alunos:
1. Central de Segurança do
Facebook
Há um guia sobre bullying feito
para educadores e outro guia
sobre como usar a plataforma de
maneira segura. Há indicações de
recursos como as configurações
de privacidade, formas de
notificação da rede sobre
conteúdo impróprio e sobre
como remover marcações feitas
por um amigo em uma foto.
Ainda na Central, o documento
“Sem meu consentimento,
não” oferece dicas para lidar e
denunciar o compartilhamento
não consensual de imagens
íntimas. Algumas dicas práticas
de como se proteger, segundo o
site pornografiadevinganca.com,
são: fazer as fotos sem mostrar
o rosto, não usar o celular de
outros para fotografar e não
mandar a mesma foto para
muitas pessoas (isso dificulta
identificar quem vazou a imagem
de forma criminosa).
2) Iniciativa Seja Incrível na
Internet, do Google
Entre os materiais, há um
documento que estimula a
reflexão sobre compartilhamento
excessivo online. Ensina a
se prevenir quanto a golpes
identificando conteúdos falsos e
a proteger informações pessoais.
Há planos de aulas e sugestões
de atividades que estimulam os
alunos a, em uma situação de
bullying, serem testemunhas
proativas (apoiem quem sofreu
a agressão, em particular ou em
28. público) e saberem como fazer
denúncias nas redes e aos adultos.
3) #Internet com Responsa
Conteúdo produzido pelo CGI.
br (Comitê Gestor da Internet
no Brasil) apresenta, entre
outras orientações, dicas
para aumentar a segurança
de uma conta. Senhas fortes
(difíceis de ser adivinhadas
ou memorizadas), não usar
uma senha para todos os
sites que acessa e, se utilizar
computadores públicos, sempre
fazer log out (sair da página)
para evitar que estranhos
acessem suas redes são
algumas delas. A verificação
em duas etapas, processo de
segurança que, por exemplo,
pede a senha e um código
único que chega no seu celular,
também deve ser configurada
nas contas quando disponível.
4) Safernet Brasil
A organização produz diversos
materiais relacionados à
segurança digital. Também
oferece um serviço de
orientação a adolescentes e
jovens em situação de violência
on-line no site helpline.org.br
e sugere um modelo de carta
para solicitar a remoção de um
conteúdo abusivo ao site de
onde ele tiver sido publicado.
30. N ão há um método específico
para que o trabalho com as
Competências Socioemocionais
(CSE) aconteça. As diversas
organizações que pesquisam e
advogam o assunto propõem
estratégias e atividades, sim,
mas não há um único jeito de
encaminhar esse trabalho. Isso
se dá principalmente por causa
da necessidade de que aspectos
como a abertura para o novo
e a empatia sejam abordados
transversalmente, ou seja, estejam
presentes em todas as disciplinas,
séries e conteúdos.
Os projetos são uma das formas
de organizar o trabalho em sala
de aula que mais permitem que
as CSE venham à tona. Ao colocar
os alunos como protagonistas
do processo e incentivá-los a
trabalhar em grupo, a resolução
de problemas, o relacionamento
interpessoal, a organização e a
argumentação são fundamentais.
No Colégio Dante Alighieri,
tradicional instituição paulistana,
há o programa Cientista Aprendiz,
uma espécie de iniciação científica
focada em aprimorar habilidades
para diferentes áreas da pesquisa
e em propiciar aos jovens vivência
real dentro do setor de pesquisa e
desenvolvimento. “Aqui no colégio,
muitos dos alunos buscam respostas
para aquilo que eles vivenciam.
Nosso papel é dar dicas e condições
para orientar o projeto, a ponto de
eles caminharem com as próprias
pernas”, afirma Ian Bastos, professor
de Filosofia e orientador do projeto.
Quando estavam chegando ao
final do Ensino Fundamental, as
jovens de então 13 anos Alessandra
Hister, Catharina Faria e Maria Clara
Batista ainda não se conheciam.
Mas cada uma, a seu jeito, passava
por algum sofrimento emocional:
automutilação, ansiedade e bulimia
são lembranças de um tempo em
que não conseguiam dar vazão
para o que estavam sentindo. “O
negócio era meio sombrio”, diz hoje
Catharina, três anos depois, em meio
a uma gargalhada.
31. As jovens decidiram abordar a
questão da saúde mental de jovens
e adolescentes em seu trabalho do
programa Cientista Aprendiz. Agora
no Ensino Médio, o trio de alunas
fala com propriedade sobre temas
como padrões sociais, sociedade
de consumo, pós-modernidade e
formação de identidade. “A partir do
momento em que nos envolvemos
no projeto, ele me ajudou a reparar
essas coisas. Era algo que nos
afetava gravemente e era o que
queríamos trabalhar: discutir um
tema e falar direito sobre o que
estava acontecendo com a gente”,
conta Alessandra.
O trabalho ainda está em curso. A
primeira fase fez um mapeamento,
em diferentes escolas, sobre como
jovens avaliavam fatores sociais,
a percepção sobre o próprio
corpo, o consumo (ter roupas
caras, por exemplo), a necessidade
de popularidade na escola e o
desempenho escolar. “Vimos uma
correlação entre a identidade de
corpo e a saúde mental”, afirma
Maria Clara. Elas notaram que
jovens que tinham mais latente
a necessidade da busca por um
corpo ideal também apresentavam
maiores dificuldades de fazer
amigos, por exemplo.
Na segunda fase, que acontece
agora, o projeto foca em dar
subsídios (conversas e material
elaborado pelo grupo) para alunos
representantes de classes do
colégio onde elas estudam. Esses
jovens “multiplicadores” passam a
mediar conversas com os próprios
32. colegas em nove classes do 1º
ano do Ensino Médio, nas aulas
da disciplina Gestão Pessoal e
Interpessoal (onde são trabalhadas
as CSE). “Fazer isso de jovem para
jovem gera uma identificação. É
mais válida a persuasão em uma
conversa. É diferente quando é
palestra de adulto. Acho aquilo
muito esquisito”, diz Catharina. O
objetivo central aqui é responder
se essa intervenção pode
conscientizar os adolescentes
com a troca de ideias entre eles e
os critérios adotados na primeira
fase do projeto.
Para as estudantes que encaminham
o projeto, a própria identidade
foi ressignificada. Perder o medo
de falar em público, saber falar
de temas complexos, montar um
projeto de pesquisa e compreender
a linguagem científica são alguns
dos impactos pessoais das
pesquisadoras-aprendizes do Dante.
Os resultados do projeto fizeram
com que a própria gestão escolar
repensasse as soluções que vinha
propondo para lidar com questões
como saúde mental. “Como não
tivemos formação específica de CSE,
a tendência é buscar no mercado
especialistas que deem palestras na
escola. Não que não seja válido para
os gestores e professores, mas para
os alunos nem tanto. As meninas
passaram um questionário depois
de uma intervenção feita no colégio
com duas especialistas [em saúde
mental]. A pesquisa delas mostrou
que a ação é mais eficiente quando
os alunos mesmos falam, quando há
uma liderança jovem para justificar
a questão. Alunos da própria idade,
orientados por um especialista.
A escola tem uma estrutura que
acredita que a melhor forma de
intervenção é com especialistas e
muito aprofundamento teórico, mas
feita pelos alunos”, afirma Sandra
Tonidandel, coordenadora-geral
pedagógica do colégio.
33. O lúdico e as emoções, da
Educação Infantil ao Ensino
Médio
O aspecto lúdico tem muitas
funções socioemocionais.
Identificar sentimentos, gerenciá-
los de acordo com diferentes
contextos, construir hábitos
saudáveis e ajudar a tomar decisões
são algumas delas. Na Educação
Infantil, o trabalho com atividades
que estimulam a imaginação pode
trazer esses conceitos, muitas vezes
distantes das crianças e dos pais,
para perto de uma estrutura de
aprendizado por meio do encanto –
incorporado pela ação de bonecos e
fantoches de animais.
É o que o Laboratório Inteligência
de Vida (LIV) programa elaborado
e aplicado na Eleva, escola de elite
no Rio de Janeiro, propõe para
desenvolver aspectos de inteligência
emocional para crianças da Educação
Infantil. Trabalhando emoções
básicas, como medo, alegria,
tristeza, raiva e amor, com bonecos
de lobo e ovelha, por exemplo, que
fogem de estereótipos, as ações
baseiam-se em histórias contadas
pelos personagens, com a intenção
de recriar situações vividas na escola
e com a família para gerar vínculos
com os alunos. Compartilhando,
aliás, intencionalidades semelhantes
ao programa “Amigos do Zippy”, da
Associação pela Saúde Emocional de
Crianças (ASEC).
“Importante nessa faixa etária,
tanto na Educação Infantil
quanto nos anos iniciais do Ensino
Fundamental, é a criação de
linguagem. Muitas vezes, o aluno
sente, mas não consegue colocar
em palavras o que está sentindo.
Não queremos explicar o que é
amor, mas criar o ambiente onde
eles possam falar sobre esses
sentimentos. E assim vai se criando
a relação com os alunos e entre
eles mesmos”, conta Caio Lo Bianco,
coordenador do LIV. Atividades de
expressão artística, sensorialidade e
exploração do espaço também são
realizadas com as crianças.
No Ensino Fundamental 2 e
no Ensino Médio, há para o LIV
uma necessidade de aproximar
características como a colaboração
e a comunicação com base em
um gênero muito conhecido pelos
jovens, os seriados da internet.
As atividades inseridas na grade
curricular têm para os alunos
do 6º ao 9º ano a função de
34. apresentar a diversidade humana
e estimular a argumentação. Em
um episódio da série – elaborada
especificamente para o material do
LIV –, há um blackout numa cidade
fictícia e expressões artísticas e
de entretenimento, como funk e
games, correm o risco de serem
deletados. “A intenção não é
trazer uma resposta a eles, mas
colocar discussões de democracia,
representatividade, cultura e
preconceitos”, diz Lo Bianco.
Atividade realizada no EF 2, o
Círculo da Confiança é um espaço
de resolução de conflitos que
pode ser adaptado para qualquer
escola, segundo Lo Bianco. O
professor levanta temas ligados à
turma e incentiva respostas com
perguntas específicas, como: “O
que o incomoda nessa turma? O
que gosta na turma? Que palavra
define a turma? Que momento
engraçado vocês já passaram
juntos?”. As temáticas devem ser
preferencialmente decididas por
todos, mas também podem ser
sugeridas por um aluno: “Pode falar
de algo que se arrepende? O que
fez de especial no fim de semana?”.
A condução dos temas e das
perguntas depende da capacitação
do professor. Como mediador,
buscando um debate democrático,
ele tem que priorizar questões
do coletivo sobre o individual e,
ao gerir o tempo das respostas e
das rodadas temáticas, como diz o
coordenador Lo Bianco, deve “saber
fechar o círculo”. A gestão também
deve trabalhar as CSE com o próprio
professor, com base em suas
necessidades com a turma.
Com os jovens do Ensino Médio,
o foco são as escolhas e o
planejamento do que pode ser
a vida adulta. Com o objetivo
de manter o protagonismo dos
estudantes nessa preparação
e motivar debates em aula, os
alunos usam vídeos da popular
youtuber Jout Jout para refletir
sobre padrões de beleza, amizade e
preconceito. Por meio dos debates,
pretende-se iniciar um processo
diverso de formação de identidade.
Sobre o impacto dessas práticas,
Lo Bianco admite ser difícil fazer
qualquer estimativa, mas aponta
a redução de casos de bullying e
indisciplina. Juntamente com a
organização de palestras e materiais
para responsáveis, o envolvimento
entre escola, família e alunos se
tornou, segundo ele, mais presente.
Iniciativa privada da rede Eleva
desde 2015, o LIV realiza atividades
como essas uma vez por semana,
dentro da grade curricular. É
aplicado em 60 escolas, atendendo
25 mil alunos.
35. Matemática e autoestima
Em 2012, o CE Chico Anysio, na
Zona Norte do Rio, estava se
preparando para iniciar o trabalho
com uma proposta que envolvesse
as CSE – algo ainda pouco presente
no país naquele momento.
Quando a experiente professora
de Matemática Denise Oliveira
participou de uma entrevista para
pleitear uma vaga nesse novo
projeto, pensou: “Não vão me
escolher, pois não vão achar que eu
com essa idade possa ser inovadora”.
Não podia estar mais errada. Hoje,
ela ainda brinca: “Chamaram uma
pessoa experiente para tocar uma
proposta extremamente nova”.
Denise conta que antes exercitava
uma presença pedagógica
incentivando os alunos a se
autoavaliarem, mas sem objetivos
claros de trabalho com as CSE. Na
Chico Anysio, o trabalho todo é
dividido em três núcleos, que são
abordados pelos professores em
diferentes momentos em suas
disciplinas. São eles:
• Projeto de Vida (PV), em que
os alunos são incentivados
a pensar no seu futuro, nos
seus desejos, sonhos e no
planejamento para atingi-los.
• Projeto de Intervenção
e Pesquisa (PIP): parecido
com o programa do Colégio
Dante Alighieri, os alunos
concebem e aplicam um
projeto, acompanhados pelos
professores.
• Estudos Orientados (EO): em
que está em jogo a própria
rotina de estudos, que é
discutida em conjunto entre
aluno e professor.
“As dificuldades que tive [no início]
foram com as atividades do núcleo
de PV. Porque você se vê com os
alunos conversando sobre sonhos,
sobre a sua identidade, sobre
a sua carreira. A professora se
desconstrói. Antes, era uma ideia
de professora de Matemática que
36. não sofre, que não tem dor, que não
sabe conversar sobre determinados
temas – só Matemática”, conta
Denise. Mas, segundo a professora,
essa abertura foi importante para
quebrar o estigma dos alunos de
que a Matemática é uma matéria
difícil. “O comportamento dos
alunos muda. Começam a ver que
a relação entre eles e o professor é
mais importante do que o acerto e o
erro. As CSE mudariam a minha vida
como professora de Matemática. Eu
seria vista de outra maneira, daria
um outro tipo de aula, e isso tira
um pouco esse peso que a gente,
professor de Matemática, carrega.
Porque a professora compartilha
com eles sonhos, medos. Então, a
gente é vista de outra forma.”
Denise viu colegas de profissão
mais jovens “com medo” de dar
aula por não acreditar nas novas
metodologias. Conta que poderia
teroferecido resistência à proposta
pedagógica do colégio por sua
experiência. Não aconteceu. Suas
aulas mudaram: cálculos isolados
deram lugar a problematizações que
buscam caminhos diferentes para
gerar debate. O debate matemático
pode ser incentivado por meio de
imagens, enigmas e esquemas de
lógica. Problemas assim levam a
ponderações e suposições a serem
contestadas. “Meus alunos leem
os problemas uma segunda vez
para tirar o que não importa”,
diz, orgulhosa. Denise conta que
geralmente todos chegam juntos
a uma solução. Mas, quando há
diferentes formas de resolução, a
professora inicia uma conversa para
avaliar, anonimamente, as respostas
dos alunos com todos. Álgebra,
aritmética e desenhos podem ser
usados para chegar a uma mesma
resposta, sugerindo diferentes
potencialidades dos alunos.
Mas o que tem a ver com as CSE?
“Quando falamos em diversidade
de problemas, isso para de frustrar
os alunos. Ele pode não resolver um
problema algébrico, mas ele resolve
um de lógica ou um de visão espacial.
Vou desmistificando essa dificuldade
com problemas de níveis diferentes.
Visando descobrir no aluno onde ele
é bom. Eles vão percebendo que é
possível”, diz Denise.
37. A resiliência e a correlata tolerância
à frustração, competências
frequentemente relacionadas a um
melhor desempenho de Matemática
em provas nacionais e internacionais,
também apresentam na experiência
de Denise uma conexão com o
autoconhecimento e a autoestima.
“Aprender com o erro é muito
melhor do que aprender com o
acerto porque a gente passa pelo
acerto. Os erros nos marcam de
forma positiva. Se erramos hoje, não
vamos errar amanhã. A causa de
desistências é quando o aluno nunca
consegue resolver. Não permito isso.
Trago coisas do simples ao mais
complicado e incentivo a resolução
em grupo, o que ajuda muito na
frustração, pois um auxilia o outro.”
A mesma diversidade que minimiza
frustrações também promove
momentos de cooperação e vitória.
Denise diz que tem alunos que dão
“pulos absurdos” quando resolvem
um problema que aquele que tira boa
nota não conseguiu. Isso acontece
pela variação de tipos de problemas
propostos e também, segundo ela,
pela base de pensamento crítico
desenvolvido nas aulas das Ciências
Humanas, que descondiciona o aluno
a esperar uma resposta apenas com
uma fórmula dada.
Hoje, com 40 alunos por sala –
quando entrou na escola eram
menos de 30 –, a tarefa ficou mais
difícil. Denise diz que, com a nova
carga horária semanal, que caiu de
30 horas para 16 horas, há poucos
projetos comuns entre professores.
“Tem professor que eu nem vejo
na escola”, diz Denise. “A gente não
atinge os alunos da mesma forma”,
pondera. “Mas deixar de tentar seria
um retrocesso.”
Ceará: gestão e autogestão
Localizada no noroeste cearense,
próxima ao litoral, a cidade de Bela
Cruz tem 30 mil habitantes. Ela faz
parte da expansão do programa
de promoção das CSE no Ceará.
Geralmente, os principais programas
ficam concentrados na capital,
Fortaleza, mas a gestora da EEM
Marieta Santos, Dourisete, chamou
a atenção da coordenação estadual
por se interessar pelo tema e
engajar sua equipe de professores.
38. A instituição teve a ideia de criar um
jogo interno sobre as CSE, o que a
fez entrar para o rol de escolas que
participam de um programa para
incluir o tema na rotina escolar.
Em seu 4º ano de atuação, a EEM
Marieta Santos reserva um espaço
na grade curricular para a promoção
de práticas pedagógicas de CSE.
Demandando uma reorganização
de 4 horas/aula na grade curricular
antiga, são realizadas aulas
específicas de Projeto de Vida, que,
no início, geraram conflito interno. A
defesa de Dourisete aos professores
incomodados eraquando não se
via impactos na escola: “Eu dizia
que essa não era uma perda de
conteúdo, e sim uma nova forma de
ensinar”.
A aluna Quecyane Gomes da Silva,
17 anos, por sua vez, lembra que,
quando conheceu o programa
das CSE em Bela Cruz, não sabia o
que era ao certo, “se era uma aula
de escrever ou ficar em grupo”.
Hoje, aponta a importância da
cooperação. “A gente vê o porquê de
se engajar com o próximo. Você vê a
colaboração de quem está com você,
quanto estão empenhados. A gente
perde muito tempo quando faz tudo
sozinho”, finaliza.
39. Realização
Nova Escola
Apoio
Facebook
Parcerias
Helena Velloso, Raquel Gehling e
Paloma Mello
Coordenação-geral
Laís Semis
Texto
Renan Castilho Borges Simão
Edição
Wellington Soares
Coordenação de Arte e
Projeto Gráfico
Alice Vasconcellos
Ilustrações
Bruno Nunes
Revisão
Sidney Cerchiaro