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O USO DO CINEMA NO ENSINO DE CIÊNCIAS: UMA PROPOSTA A PARTIR DO
FILME “TÁ CHOVENDO HAMBÚRGUER”
Pedro Henrique Ribeiro de Souza (Laboratório de Divulgação Científica no Ensino de
Ciências LABDEC/CEFET-RJ – Colégio Pedro II )
Roberta Rodrigues da Matta (Secretaria Municipal de Educação – Itaguaí/RJ)
Carlos Alberto Andrade Monerat (LABDEC/CEFET-RJ – Centro Universitário Celso Lisboa)
Marcelo Borges Rocha (Programa de Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia e Educação –
LABDEC/CEFET-RJ)
Marcelo Diniz Monteiro de Barros (Departamento de Ciências Biológicas – PUC/MG)
RESUMO
O uso de filmes em sala de aula configura um valioso recurso pedagógico no processo de
ensino-aprendizagem, ao despertar o interesse dos estudantes. A animação “Tá chovendo
hambúrguer” foi escolhida por abordar questões científicas e tecnológicas, como produção de
alimentos, de lixo e a natureza da ciência. A construção de um guia do filme para utilização
dos professores é um relevante instrumento educativo, pois propicia a discussão de diversos
aspectos científicos, tecnológicos e sociais e problematiza suas potencialidades para aplicação
no Ensino de Ciências e Biologia. Conclui-se que é importante utilizar filmes com este perfil,
pois permitem a construção do pensamento crítico do aluno, habilitando o indivíduo a
argumentar sobre temas abordados no filme que afetam a sociedade atual.
Palavras-chave: Ensino de Ciências, Cinema e Ensino, filme como estratégia de ensino.
Introdução
O cinema, através da sua ótica, a qual costuma retratar personagens, personalidades,
fatos históricos e acontecimentos em geral, cotidianos ou não, está diretamente ligado com a
percepção de mundo que os indivíduos possuem. Estes mesmos fatores sempre foram
retratados em filmes e reproduzidos no imaginário das pessoas (COELHO & VIANA, 2011).
Logo, conforme relata Duarte (2002), a história da humanidade e muito do que as
pessoas têm em termos da sua compreensão está inevitavelmente caracterizada pelo contato
que o público possui com as imagens cinematográficas.
A educação vai ao encontro desses fatores, já que procura ampliar a percepção do
mundo dos indivíduos, mostrando o que é desconhecido e estimulando o aprender. Neste
entendimento, o cinema pode ser um valioso recurso pedagógico para o processo de ensino-
aprendizagem, uma vez que o interesse e o estímulo dos estudantes, sejam crianças ou
adultos, provocados pelos filmes, podem incentivá-los a buscar leituras mais complexas,
desenvolvendo pensamentos críticos e instigando-os à reflexão.
Revista da SBEnBio - Número 9 - 2016 VI Enebio e VIII Erebio Regional 3
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689
O educador, por sua vez, deve encontrar nos filmes o processo necessário a uma
adequada escolarização, extraindo deles reflexões que associem suas mensagens ao
conhecimento construído em sala de aula. Desse modo, a seleção das obras cinematográficas
com propósito educativo deve levar em consideração a articulação entre os conteúdos e os
conceitos que serão ou que já foram trabalhados.
Portanto, segundo Coelho e Viana (2011), o ambiente escolar vincula-se facilmente ao
cinema, pois o ato de assistir a filmes é um hábito comum em quase todas as sociedades,
sendo comum encontrar nesses a emergência de questões científicas e tecnológicas de apelo
social e, com isto, contribuir para a atividade de ensino-aprendizagem na contextualização do
conteúdo escolar.
Articulando Cinema e Ciência
Cinema e ciência caminham juntos por muito tempo, havendo registros desta
articulação desde o século XIX, como forma de entretenimento e de divulgar seus propósitos
científicos (OLIVEIRA, 2006). Para este autor:
(...) a vivacidade das imagens e sua reprodutibilidade facilitaram sua
aceitação como pura representação da realidade. Mesmo sabendo que
são montadas, a magia e o encantamento do fluxo de imagens fazem o
espectador reagir como se fosse a própria realidade (OLIVEIRA,
2006, p. 134).
O cinema pode ser encarado como uma das inovações da modernidade, dessa forma
assumindo-se como um meio pelo qual o conhecimento circula, e onde novas experiências e
valores culturais são difundidos (OLIVEIRA, 2006). Por meio do cinema é possível visualizar
cenas do cotidiano, retratações históricas, conhecer a biografia de personalidades e reconhecer
histórias e personagens literários, oriundas de adaptações de obras literárias (BRIDI et al,
2012). Dessa forma percebe-se as múltiplas funções atribuídas a sétima arte. Ainda que seja
reconhecido o importante papel atribuído por si só ao cinema e em atividades que o
incorporem, há dificuldades que são vivenciadas, como a perda da audiência. Oliveira (2006)
destaca que, a respeito do cinema na cultura brasileira:
Perdeu parte do glamour e da preponderância que possuía na vida
social com a difusão da televisão. Porém, ainda detém um poder
enorme e continua mobilizando cifras e audiências monumentais, para
as quais segue vendendo estilos de vida, construindo e legitimando
determinadas identidades sociais e desautorizando outras (OLIVEIRA,
2006, p. 136).
Revista da SBEnBio - Número 9 - 2016 VI Enebio e VIII Erebio Regional 3
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690
A sétima arte no Ensino de Ciências
No Brasil, um importante marco para o uso de filmes no ensino ocorreu em 1936,
quando foi criado o Instituto Nacional do Cinema Educativo (INCE), sob a direção do
antropólogo Roquette Pinto. O instituto esteve ativo durante 30 anos e contou com a
colaboração de cineastas como Humberto Mauro, realizando em torno de quatrocentos curtas-
metragens até sua extinção, em 1966. Aproximadamente um terço de sua produção foi voltada
para temas que abordassem a educação científica e divulgação de ciência e tecnologia
(GALVÃO, 2004).
Desde então, filmes comerciais têm sido utilizados como ferramenta de ensino em
diferentes campos do conhecimento. É possível encontrar na literatura relatos a respeito do
uso de filmes comerciais no ensino para abordar temas diversos, incluindo conteúdos
adicionais, além daqueles trazidos pelos currículos tradicionais, como conhecimentos básicos
de genética e fisiologia humana (MAESTRELLI & FERRARI, 2006; NASCIMENTO et al.,
2016); AIDS e homossexualidade (CAMPOS et al., 2015); humanismo na prática médica
(BLASCO et al, 2005); conflitos religiosos (OLIVEIRA, TRINDADE & QUEIROZ, 2013); e
ética (DUIM et al, 2007).
No Ensino Superior, propostas utilizando o cinema foram elaboradas gerando o que os
autores chamam de ação sócio-discursiva, sendo capazes ainda de emocionar, conscientizar e
chocar (BRIDI et al., 2012). Em sua proposta para utilização do cinema como recurso
afetivo/efetivo na educação humanística, Blasco e colaboradores (2005) apontam que através
do uso do cinema na educação pode-se obter o ensino de valores humanos, virtudes e atitudes;
a promoção da reflexão individual, de forma a trabalhá-la educacionalmente e fomentar
atitudes, elementos essenciais na formação de um indivíduo; a criação de uma linguagem de
comunicação rápida e eficaz para educadores e educandos, dessa forma, prolongando o
aprendizado do cotidiano.
O uso de filmes constitui um recurso válido no ensino de Ciências, pois a utilização
deste material com potencial para ser trabalhados em sala de aula contribui para práticas
interculturais críticas e numa perspectiva interdisciplinar (OLIVEIRA, TRINDADE &
QUEIROZ, 2013).
Mediante tais argumentos, Barros, Girasole & Zanella (2013) indicam uma lista com
83 filmes que podem ser utilizados no Ensino de Ciências e Biologia, oferecendo também os
possíveis conteúdos que podem ser trabalhados em cada filme. Esta lista foi elaborada com o
Revista da SBEnBio - Número 9 - 2016 VI Enebio e VIII Erebio Regional 3
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auxílio de professores que foram entrevistados a respeito da utilização dos filmes em sala de
aula.
Dada esta grande diversidade de filmes que podem ser utilizados no Ensino de
Ciências, além de diferentes abordagens temáticas e problematizadoras que os mesmos
oferecem, a construção de um guia do educador permite que o professor possa adequar a
exibição de uma obra cinematográfica pretendida à sua proposta pedagógica. Desta forma, o
educador é direcionado por pesquisadores da área de Ensino de Ciências a adotar uma
metodologia que o permita discutir e propor atividades com seus alunos, contemplando todas
as possíveis problematizações que relacionam o conteúdo do filme escolhido ao conteúdo
escolar.
Dentre os exemplos de produção de guias do educador, há o projeto pedagógico para a
exibição do filme “As melhores coisas do mundo”, de 2010, cujo objetivo é unir cultura e
educação, cinema e aprendizado, em um filme cuja temática consiste no universo da
adolescência, apresentando diversas discussões sociais a respeito da vida dos jovens (AS
MELHORES COISAS DO MUNDO, 2010). Outro exemplo de guia foi elaborado para a
exibição do filme “Eu Christiane F, treze anos, drogada e prostituída”, que também relaciona-
se com o período da adolescência, mas que está focado em discutir a utilização abusiva de
drogas psicotrópicas e todos os conflitos que isto acarreta na vida dos jovens (CAIXETA,
MARTINS & BARROS, 2010). Outros guias do educador discutem questões que relacionam
aspectos éticos da ciência, sejam eles pertinentes à Genética, conforme destacam Nascimento
e colaboradores (2016), que construíram um guia do educador sobre o filme “X-Men Primeira
Classe”, e pertinentes à Saúde, conforme ilustram Campos e colaboradores (2015) na
construção do guia do educador para o filme “Filadélfia”.
Assim sendo, o objetivo deste trabalho consiste na elaboração de um guia do educador
para o filme “Tá chovendo hambúrguer”, discutindo aspectos científicos, tecnológicos e
sociais que o filme aborda e as suas potencialidades para o Ensino de Ciências e Biologia.
O filme e a construção do guia do educador
A construção do guia do educador foi realizada como proposta de avaliação para a
disciplina “Os recursos audiovisuais como estratégias para a educação em ciências e em
biologia”, ministrada pelos Professores Marcelo Diniz Monteiro de Barros e Marcelo Borges
Rocha, para o curso de Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia e Educação do CEFET – RJ.
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Para tal, ficou a cargo dos participantes a escolha de um filme que pudesse ser utilizado para
as aulas de Ciências da Educação Básica ou do Ensino Superior.
A animação “Tá chovendo hambúrguer” (CLOUDY WITH A CHANCE OF
MEATBALLS, 2009) foi selecionada por abordar questões científicas e tecnológicas
pertinentes, como produção de alimentos, de lixo e natureza da ciência. A figura 1 representa
o encarte do filme no Brasil. Baseado no livro homônimo de Judi e Ron Barrett, publicado em
1978, o filme narra a história do cientista Flint Lockwood, morador da pequena ilha Boca da
Maré (Chewandswallow no original), cujo principal alimento é o peixe. Flint concebe projetos
científicos desde sua infância, porém nunca foi reconhecido como deveria pelos seus
conterrâneos e, em especial, pelo seu pai.
Figura 1: Cartaz do filme “Tá chovendo hambúrguer”.
Fonte: http://www.jornaldacapital.com.br/2011/upload/100693.jpg
A partir de então, Flint produz uma máquina que tem a capacidade de transformar
água em alimento, o que garantiria o seu reconhecimento enquanto inventor de algo que pode
mudar a história da produção de alimentos. Porém, devido à ganância do prefeito da cidade,
que tenta se aproveitar do sucesso do invento, Flint acaba perdendo o controle de sua
máquina, que começa a produzir verdadeiras “tempestades de comida”, como chuvas de
almôndegas, furacões de macarrão, dentre outros fenômenos meteorológicos envolvendo
alimentos. Com o auxílio de amigos e de seu pai, o cientista tenta controlar o seu invento para
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que a ilha Boca da Maré não seja completamente soterrada pela comida produzida pela
máquina.
Embora indicado para o público infanto-juvenil, o filme apresenta passagens que
contribuem para a reflexão de diferentes aspectos da Ciência e da Tecnologia, os quais
nortearam a confecção do guia do educador, cujo objetivo almeja promover uma percepção a
respeito da temática abordada no filme, sobre a produção e consumo dos alimentos.
O guia sugere a entrega de um questionário previamente à exibição da animação, para
que os alunos o respondam enquanto assistem ao filme. Em seguida é proposto um debate de
forma a discutir as questões norteadoras, que tratam de diferentes passagens do filme. O guia
também recomenda que os alunos sejam criativos e elaborem perguntas complementares, de
modo a enriquecer o debate com suas concepções acerca das temáticas exibidas no filme
(figuras 2, 3 e 4).
Figura 2: Capa do guia do educador para o filme “Tá chovendo hambúrguer”.
Fonte: Guia do educador para o filme “Tá chovendo hambúrguer”.
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Figura 3: Apresentação do guia do educador para o filme “Tá chovendo hambúrguer”.
Fonte: Guia do educador para o filme “Tá chovendo hambúrguer”.
Figura 4: Sumário do guia do educador para o filme “Tá chovendo hambúrguer”.
Fonte: Guia do educador para o filme “Tá chovendo hambúrguer”.
Em seguida, o guia indica uma série de atividades envolvendo as diversas temáticas
desenvolvidas pela animação, sendo um total de sete atividades, cada uma podendo ser
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695
desenvolvida em uma aula. Deste modo, o aluno pode transpor o que foi abordado no filme
com diferentes aspectos científicos e tecnológicos (quadro 1).
Quadro 1: Atividades propostas no guia do educador para o filme “Tá chovendo
hambúrguer”.
Objetivo: promover uma percepção a respeito da temática abordada no filme, sobre a
produção e consumo dos alimentos
Procedimentos: Essa atividade pode ser dividida em dois momentos:
1º momento: exibição, em duas aulas de 50 minutos, do filme.
O professor deve entregar o questionário (atividade 1) aos alunos antes da exibição para que
eles fiquem atentos aos elementos a serem discutidos posteriormente.
2º momento: debate, a partir do questionário proposto.
O segundo momento, com uma aula de 50 minutos (sugestão), constitui-se do debate baseado
nas questões do questionário entregue aos alunos.
Conteúdos que podem ser explorados pelo professor: produção de alimentos; alimentos
naturais, industrializados e orgânicos; bioquímica dos alimentos; desperdício e produção de
lixo; e natureza da Ciência e CTS (Ciência, Tecnologia e Sociedade).
Atividade 1: Questionário para o debate – Perguntas sugeridas aos alunos:
- Qual era o sonho do personagem principal?
- Por que a ilha de Boca da Maré era famosa?
- Que problema a ilha enfrentou em relação as sardinhas?
- Qual a solução encontrada por Flint?
- Como Flint é visto por seus conterrâneos?
- O que começa a acontecer com a comida? Por quê?
- Que tipos de alimentos você consegue identificar nesta “chuva”? Há uma ocorrência maior
de alimentos naturais ou industrializados?
- Por que a Sam diz “e se estivermos com os olhos maiores que a barriga”?
- Você acha possível que chova comida como no filme? Por quê?
- Quando o Flint precisa da senha desativadora, o pai dele consegue enviar? Por quê?
- O que o bebê Brant queria?
- De que maneira o prefeito encarou a situação e qual sua postura ao perceber que o desastre
era irreversível?
Nota: estimule os alunos a criarem suas perguntas!
Atividade 2: Produção de alimentos
Nesta atividade, busca-se que o aluno possa relacionar a produção dos alimentos e a
desigualdade na sua distribuição. Propostas de perguntas e tarefas para os alunos:
- Segundo a ONU, a população mundial tem mais de 7 bilhões de habitantes, muitos dos
quais não possuem alimento. De que maneira a situação do filme poderia contribuir nessa
questão?
- Você acha que a solução proposta no filme seria segura?
- Construa um mapa destacando os países de maior população, os maiores produtores de
gêneros alimentícios e os maiores consumidores. O que é possível perceber?
- Relacione, com base no filme, a produção de alimentos com características culturais,
ambientais e comerciais da região geográfica descrita no filme.
Atividade 3: Características dos alimentos
Nesta atividade, propõem-se que os alunos identifiquem as principais características dos
principais gêneros alimentícios que ocorrem no filme, percebendo quais são naturais e quais
passam por processo de industrialização. As seguintes tarefas são propostas nesta atividade:
- Faça uma listagem contendo pelo menos 20 alimentos identificados no filme, diferenciando
os naturais (frutas, legumes, carnes não processadas) dos industrializados (macarrão, carnes
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696
processadas, pães).
- Cite vantagens e desvantagens de cada tipo de alimento, considerando prazo de validade e
presença ou não de conservantes.
- Pesquise a respeito da agricultura orgânica, identificando suas vantagens e desvantagens (o
professor pode desenvolver um debate adicional neste momento, com a criação de um júri
simulado, por exemplo).
Atividade 4: Bioquímica dos alimentos
Neste momento, os alunos podem identificar a principal composição bioquímica da maioria
dos alimentos que surgem no filme, relacionando com a demanda do organismo humano e
transtornos alimentares. Os alunos podem desenvolver as seguintes tarefas:
- Identificar a constituição bioquímica básica dos alimentos listados na atividade 3,
considerando se são mais ricos em carboidratos, em lipídios ou em proteínas, verificando
também a presença de sais minerais e vitaminas.
- Comparar a ocorrência destas substâncias químicas, relacionando com o que um organismo
humano adulto e saudável necessita e com o surgimento de transtornos alimentares, como a
obesidade, e doenças cardiovasculares, renais e hepáticas.
Atividade 5: Desperdício
Nesta atividade, o intuito é possibilitar que os alunos desenvolvam uma postura crítica em
relação à quantidade de alimentos desperdiçados, desde sua produção até seu consumo nos
grandes centros urbanos, promovendo uma relação com a quantidade de lixo produzida e os
impactos ambiental e social decorrentes deste desperdício. Propostas de perguntas e tarefas
para os alunos:
- Imagine uma cidade com tanta comida produzida. Os habitantes conseguem consumir tudo?
- Como ficam as ruas dessa cidade?
- Compare com a produção de lixo que produzimos. Faça um levantamento da quantidade de
lixo produzida em uma residência e na escola. Os resultados podem ser expressos em
exposições fotográficas, gráficos, tabelas, etc..
- O lixo decorrente do desperdício de alimentos é produzido apenas pelos consumidores?
- Pesquise a respeito do desperdício de alimento ainda em sua produção.
- Observe quanto do lixo é orgânico. Proponha soluções para minimizar o desperdício.
Atividade 6: Natureza da Ciência
Nesta etapa, os alunos podem identificar elementos que ilustram e/ou distorcem a natureza do
trabalho científico, permeada por estereótipos que podem ser corroborados ou refutados pelo
filme. Para isso, sugerem-se as seguintes propostas de tarefas:
- Flint vive vários momentos ao longo do filme. Ele recebe apoio das pessoas? Qual o
principal interesse da população e do prefeito em relação a Flint? Você acha que essas
características são atribuídas a muitos cientistas?
- Realize uma pesquisa a respeito de um dos cientistas brasileiros. Aponte que problemas eles
encontraram ao longo da vida, destacando, também, os avanços e possibilidades que os seus
legados deixaram para a ciência.
Atividade 7: Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS)
Nesta conclusão do trabalho, os alunos podem perceber de que maneira ciência e tecnologia
impactam a sociedade e o ambiente. Considerando o caráter dual do conhecimento científico
e tecnológico – que pode acarretar em consequências boas ou ruins para a vida das pessoas e
dos seres vivos –, os alunos podem desenvolver o senso crítico, criando bases para a
alfabetização científica e tecnológica. São sugeridas as seguintes propostas de atividades:
- De que maneira a máquina de Flint alterou a vida das pessoas na ilha de Boca da Maré?
- Que impactos ambientais podem ser percebidos após as anomalias produzidas pela
máquina?
- Devido ao transtorno gerado, você considera que a ciência e a tecnologia são essencialmente
negativas para as pessoas e para o ambiente?
- O que pode ser feito para reverter a situação na ilha?
Nota: estimule os alunos a criarem suas perguntas!
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697
Considerações Finais
O cinema, produtor em grande escala dos chamados filmes comerciais, pode se
destacar em muitos momentos como um precioso subsídio pedagógico no contexto
educacional. A prática de articular o cinema ao ensino, ressalta a procura por diferentes
metodologias que possam valorizar o lúdico, tendo nos filmes poderosos recursos
audiovisuais, que por meio da narrativa, dos personagens, do cenário, da trilha sonora e da
história em si, podem, quando utilizados de modo correto, gerar excelentes experiências de
aprendizado, as quais ainda podem envolver as emoções, desenvolvendo a aprendizagem
afetiva.
É importante destacar que a prática da projeção de filmes em instituições de ensino,
seja no ambiente escolar, ou mesmo em universidades, deve estar fundamentada no
planejamento. O professor deve conhecer o conteúdo do filme a ser exibido para que possa, se
necessário, selecionar os trechos, as cenas ou os elementos que expressem o conteúdo
pedagógico proposto, de modo a apontar estes itens durante a execução do filme. Esta parte
também é relevante para que se evitem surpresas desagradáveis devido ao desconhecimento
do conteúdo exibido, evitando-se a perda do planejamento ao projetar um conteúdo
inapropriado a um determinado público ou fora da temática em questão. A preparação dos
alunos para o filme também é parte do planejamento e, assim, a sala de aula deve ser
aproveitada como local para comentários prévios em relação aos temas que serão abordados
no filme em questão e a sua associação com o conteúdo programático. Desse modo, professor
e estudantes podem tirar o melhor proveito da atividade proposta.
O filme “Tá chovendo hambúrguer” foi escolhido devido à sua temática, que mostrou
potencialidades nas diversas abordagens de matérias científicas e tecnológicas pertinentes ao
ensino de ciências e biologia, como os excessos na produção e o desperdício de alimentos, a
geração de lixo, os exageros na ingestão alimentar e as suas implicações na saúde, além da
natureza da ciência. É pertinente registrar a presença de questões que levavam a impasses,
dilemas e dúvidas necessários para o desenvolvimento de uma educação científica. Dessa
maneira, além da aprendizagem dos conteúdos curriculares, a associação dos temas
relacionados no filme com o ensino de ciências poderá favorecer a construção de um
pensamento mais crítico, habilitando-o a argumentar sobre os temas relacionados à
tecnologia, às mudanças ambientais, à produção de alimentos, dentre outros, mostrados no
filme e que afetam substancialmente o modo como vivemos na sociedade atual.
Revista da SBEnBio - Número 9 - 2016 VI Enebio e VIII Erebio Regional 3
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698
Referências Bibliográficas
AS MELHORES COISAS DO MUNDO. Guia de discussão para educadores e pais. Casa
Redonda, 2010.
BARROS, M.D.M.; GIRASOLE, M.; ZANELLA, P.G. O uso do cinema como estratégia
pedagógica para o ensino de ciências e de biologia: o que pensam alguns professores da
região metropolitana de Belo Horizonte. Revista Práxis, v. 5, n. 10, p. 97-115, 2013.
BLASCO, P.G.; GALLIAN, D.M.C.; RONCOLETTA, A.F.T.; MORETO, G. Cinema para o
Estudante de Medicina: um Recurso Afetivo/Efetivo na Educação Humanística. Revista
Brasileira de Educação Médica. Rio de Janeiro, v .29, n. 2, p. 119-128, 2005.
BRIDI, J.P.M.; NOGUEIRA, M.T.; SILVA, V.M.; CAMARGO, M.A.S. Cinema
extraordinário: o documentário enquanto mote gerador de reflexões. In: XVII Seminário
Interinstitucional de Ensino, Pesquisa e Extensão. Anais... Cruz Alta: UNICRUZ, 2012.
CAIXETA, A.F.C.; MARTINS, L.M.A.; BARROS, M.D.M. O cinema na sala de aula: a construção
de um guia do educador para o filme Eu Christiane F., treze anos, drogada e prostituída. In: V
Encontro Regional de Ensino de Biologia, 2010, Vitória. Resumos..., Vitória: SBEnBIO, 2010.
CAMPOS, P.M.C.; SOARES, R.C.C.; BATISTA, S;M.; BARROS, M.D.M. Guia do
educador para o filme Filadélfia. Tecnologia e Cultura, n. 26, ano 17, p. 62-73, 2015.
CLOUDY WITH A CHANCE OF MEATBALLS. Direção: Phil Lord, Christopher Miller.
Intérpretes: Bill Hader, Anna Faris, James Caan, entre outros. Roteiro: Phil Lord, Chris
Miller, baseado em livro de Judi e Ron Barrett. Sony Pictures Animation: EUA, 2009. (95
min.), DVD.
COELHO, R. M. de F.; VIANA, M.C.V.; A utilização de filmes em sala de aula: um breve
estudo no instituto de ciências exatas e biológicas da UFOP. Revista da Educação
Matemática da UFOP, v. 1, p 89-97, 2011.
DUARTE, R. Cinema & Educação. Editora Autêntica. 3ª ed. Belo Horizonte: 2002.
DUIM, A.C.L.; ROSISCA, J.R.; MACHADO, E.M.; CARAMORI, L.P.C. Ética na pesquisa:
Uma abordagem em sala de aula utilizando o filme “Cobaias”. Terra e Cultura, n. 45, ano 23,
p. 157-166, 2007.
GALVÃO, E. A ciência vai ao cinema: uma análise dos filmes educativos e de divulgação
científica do INCE. Dissertação de Mestrado. Departamento de Bioquímica – Universidade
Federal do Rio de Janeiro, 2004.
MAESTRELLI, S.R.P.; FERRARI, N. O Óleo de Lorenzo: o uso do cinema para
contextualizar o ensino de genética e discutir construção do conhecimento científico.
Genética na Escola, v. 2, p. 35-39, 2006.
NASCIMENTO, J.M.L; MEIRELLES, R.M.S.; SILVA, M.M.; NASCIMENTO, R.L.;
BARROS, M.D.M. Guia do educador para o filme “X-Men Primeira Classe”. Genética na
Escola, v. 13, n. 1, p. 28-35, 2016.
Revista da SBEnBio - Número 9 - 2016 VI Enebio e VIII Erebio Regional 3
SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia
699
OLIVEIRA, B.J. Cinema e imaginário científico. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, v.
13, p. 133-150, 2006.
OLIVEIRA, R.D.V.L.; TRINDADE, Y.R.A.; QUEIROZ, G.R.P.C. O filme “Jardim das
Folhas Sagradas” e a possibilidade de uma abordagem intercultural em aulas de Ciências. In:
IX ENPEC, 2013, Águas de Lindóia. Atas... Águas de Lindoia: ABRAPEC, 2013.
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Ensino de Ciências com o filme Tá Chovendo Hambúrguer

  • 1. 688 O USO DO CINEMA NO ENSINO DE CIÊNCIAS: UMA PROPOSTA A PARTIR DO FILME “TÁ CHOVENDO HAMBÚRGUER” Pedro Henrique Ribeiro de Souza (Laboratório de Divulgação Científica no Ensino de Ciências LABDEC/CEFET-RJ – Colégio Pedro II ) Roberta Rodrigues da Matta (Secretaria Municipal de Educação – Itaguaí/RJ) Carlos Alberto Andrade Monerat (LABDEC/CEFET-RJ – Centro Universitário Celso Lisboa) Marcelo Borges Rocha (Programa de Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia e Educação – LABDEC/CEFET-RJ) Marcelo Diniz Monteiro de Barros (Departamento de Ciências Biológicas – PUC/MG) RESUMO O uso de filmes em sala de aula configura um valioso recurso pedagógico no processo de ensino-aprendizagem, ao despertar o interesse dos estudantes. A animação “Tá chovendo hambúrguer” foi escolhida por abordar questões científicas e tecnológicas, como produção de alimentos, de lixo e a natureza da ciência. A construção de um guia do filme para utilização dos professores é um relevante instrumento educativo, pois propicia a discussão de diversos aspectos científicos, tecnológicos e sociais e problematiza suas potencialidades para aplicação no Ensino de Ciências e Biologia. Conclui-se que é importante utilizar filmes com este perfil, pois permitem a construção do pensamento crítico do aluno, habilitando o indivíduo a argumentar sobre temas abordados no filme que afetam a sociedade atual. Palavras-chave: Ensino de Ciências, Cinema e Ensino, filme como estratégia de ensino. Introdução O cinema, através da sua ótica, a qual costuma retratar personagens, personalidades, fatos históricos e acontecimentos em geral, cotidianos ou não, está diretamente ligado com a percepção de mundo que os indivíduos possuem. Estes mesmos fatores sempre foram retratados em filmes e reproduzidos no imaginário das pessoas (COELHO & VIANA, 2011). Logo, conforme relata Duarte (2002), a história da humanidade e muito do que as pessoas têm em termos da sua compreensão está inevitavelmente caracterizada pelo contato que o público possui com as imagens cinematográficas. A educação vai ao encontro desses fatores, já que procura ampliar a percepção do mundo dos indivíduos, mostrando o que é desconhecido e estimulando o aprender. Neste entendimento, o cinema pode ser um valioso recurso pedagógico para o processo de ensino- aprendizagem, uma vez que o interesse e o estímulo dos estudantes, sejam crianças ou adultos, provocados pelos filmes, podem incentivá-los a buscar leituras mais complexas, desenvolvendo pensamentos críticos e instigando-os à reflexão. Revista da SBEnBio - Número 9 - 2016 VI Enebio e VIII Erebio Regional 3 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia
  • 2. 689 O educador, por sua vez, deve encontrar nos filmes o processo necessário a uma adequada escolarização, extraindo deles reflexões que associem suas mensagens ao conhecimento construído em sala de aula. Desse modo, a seleção das obras cinematográficas com propósito educativo deve levar em consideração a articulação entre os conteúdos e os conceitos que serão ou que já foram trabalhados. Portanto, segundo Coelho e Viana (2011), o ambiente escolar vincula-se facilmente ao cinema, pois o ato de assistir a filmes é um hábito comum em quase todas as sociedades, sendo comum encontrar nesses a emergência de questões científicas e tecnológicas de apelo social e, com isto, contribuir para a atividade de ensino-aprendizagem na contextualização do conteúdo escolar. Articulando Cinema e Ciência Cinema e ciência caminham juntos por muito tempo, havendo registros desta articulação desde o século XIX, como forma de entretenimento e de divulgar seus propósitos científicos (OLIVEIRA, 2006). Para este autor: (...) a vivacidade das imagens e sua reprodutibilidade facilitaram sua aceitação como pura representação da realidade. Mesmo sabendo que são montadas, a magia e o encantamento do fluxo de imagens fazem o espectador reagir como se fosse a própria realidade (OLIVEIRA, 2006, p. 134). O cinema pode ser encarado como uma das inovações da modernidade, dessa forma assumindo-se como um meio pelo qual o conhecimento circula, e onde novas experiências e valores culturais são difundidos (OLIVEIRA, 2006). Por meio do cinema é possível visualizar cenas do cotidiano, retratações históricas, conhecer a biografia de personalidades e reconhecer histórias e personagens literários, oriundas de adaptações de obras literárias (BRIDI et al, 2012). Dessa forma percebe-se as múltiplas funções atribuídas a sétima arte. Ainda que seja reconhecido o importante papel atribuído por si só ao cinema e em atividades que o incorporem, há dificuldades que são vivenciadas, como a perda da audiência. Oliveira (2006) destaca que, a respeito do cinema na cultura brasileira: Perdeu parte do glamour e da preponderância que possuía na vida social com a difusão da televisão. Porém, ainda detém um poder enorme e continua mobilizando cifras e audiências monumentais, para as quais segue vendendo estilos de vida, construindo e legitimando determinadas identidades sociais e desautorizando outras (OLIVEIRA, 2006, p. 136). Revista da SBEnBio - Número 9 - 2016 VI Enebio e VIII Erebio Regional 3 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia
  • 3. 690 A sétima arte no Ensino de Ciências No Brasil, um importante marco para o uso de filmes no ensino ocorreu em 1936, quando foi criado o Instituto Nacional do Cinema Educativo (INCE), sob a direção do antropólogo Roquette Pinto. O instituto esteve ativo durante 30 anos e contou com a colaboração de cineastas como Humberto Mauro, realizando em torno de quatrocentos curtas- metragens até sua extinção, em 1966. Aproximadamente um terço de sua produção foi voltada para temas que abordassem a educação científica e divulgação de ciência e tecnologia (GALVÃO, 2004). Desde então, filmes comerciais têm sido utilizados como ferramenta de ensino em diferentes campos do conhecimento. É possível encontrar na literatura relatos a respeito do uso de filmes comerciais no ensino para abordar temas diversos, incluindo conteúdos adicionais, além daqueles trazidos pelos currículos tradicionais, como conhecimentos básicos de genética e fisiologia humana (MAESTRELLI & FERRARI, 2006; NASCIMENTO et al., 2016); AIDS e homossexualidade (CAMPOS et al., 2015); humanismo na prática médica (BLASCO et al, 2005); conflitos religiosos (OLIVEIRA, TRINDADE & QUEIROZ, 2013); e ética (DUIM et al, 2007). No Ensino Superior, propostas utilizando o cinema foram elaboradas gerando o que os autores chamam de ação sócio-discursiva, sendo capazes ainda de emocionar, conscientizar e chocar (BRIDI et al., 2012). Em sua proposta para utilização do cinema como recurso afetivo/efetivo na educação humanística, Blasco e colaboradores (2005) apontam que através do uso do cinema na educação pode-se obter o ensino de valores humanos, virtudes e atitudes; a promoção da reflexão individual, de forma a trabalhá-la educacionalmente e fomentar atitudes, elementos essenciais na formação de um indivíduo; a criação de uma linguagem de comunicação rápida e eficaz para educadores e educandos, dessa forma, prolongando o aprendizado do cotidiano. O uso de filmes constitui um recurso válido no ensino de Ciências, pois a utilização deste material com potencial para ser trabalhados em sala de aula contribui para práticas interculturais críticas e numa perspectiva interdisciplinar (OLIVEIRA, TRINDADE & QUEIROZ, 2013). Mediante tais argumentos, Barros, Girasole & Zanella (2013) indicam uma lista com 83 filmes que podem ser utilizados no Ensino de Ciências e Biologia, oferecendo também os possíveis conteúdos que podem ser trabalhados em cada filme. Esta lista foi elaborada com o Revista da SBEnBio - Número 9 - 2016 VI Enebio e VIII Erebio Regional 3 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia
  • 4. 691 auxílio de professores que foram entrevistados a respeito da utilização dos filmes em sala de aula. Dada esta grande diversidade de filmes que podem ser utilizados no Ensino de Ciências, além de diferentes abordagens temáticas e problematizadoras que os mesmos oferecem, a construção de um guia do educador permite que o professor possa adequar a exibição de uma obra cinematográfica pretendida à sua proposta pedagógica. Desta forma, o educador é direcionado por pesquisadores da área de Ensino de Ciências a adotar uma metodologia que o permita discutir e propor atividades com seus alunos, contemplando todas as possíveis problematizações que relacionam o conteúdo do filme escolhido ao conteúdo escolar. Dentre os exemplos de produção de guias do educador, há o projeto pedagógico para a exibição do filme “As melhores coisas do mundo”, de 2010, cujo objetivo é unir cultura e educação, cinema e aprendizado, em um filme cuja temática consiste no universo da adolescência, apresentando diversas discussões sociais a respeito da vida dos jovens (AS MELHORES COISAS DO MUNDO, 2010). Outro exemplo de guia foi elaborado para a exibição do filme “Eu Christiane F, treze anos, drogada e prostituída”, que também relaciona- se com o período da adolescência, mas que está focado em discutir a utilização abusiva de drogas psicotrópicas e todos os conflitos que isto acarreta na vida dos jovens (CAIXETA, MARTINS & BARROS, 2010). Outros guias do educador discutem questões que relacionam aspectos éticos da ciência, sejam eles pertinentes à Genética, conforme destacam Nascimento e colaboradores (2016), que construíram um guia do educador sobre o filme “X-Men Primeira Classe”, e pertinentes à Saúde, conforme ilustram Campos e colaboradores (2015) na construção do guia do educador para o filme “Filadélfia”. Assim sendo, o objetivo deste trabalho consiste na elaboração de um guia do educador para o filme “Tá chovendo hambúrguer”, discutindo aspectos científicos, tecnológicos e sociais que o filme aborda e as suas potencialidades para o Ensino de Ciências e Biologia. O filme e a construção do guia do educador A construção do guia do educador foi realizada como proposta de avaliação para a disciplina “Os recursos audiovisuais como estratégias para a educação em ciências e em biologia”, ministrada pelos Professores Marcelo Diniz Monteiro de Barros e Marcelo Borges Rocha, para o curso de Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia e Educação do CEFET – RJ. Revista da SBEnBio - Número 9 - 2016 VI Enebio e VIII Erebio Regional 3 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia
  • 5. 692 Para tal, ficou a cargo dos participantes a escolha de um filme que pudesse ser utilizado para as aulas de Ciências da Educação Básica ou do Ensino Superior. A animação “Tá chovendo hambúrguer” (CLOUDY WITH A CHANCE OF MEATBALLS, 2009) foi selecionada por abordar questões científicas e tecnológicas pertinentes, como produção de alimentos, de lixo e natureza da ciência. A figura 1 representa o encarte do filme no Brasil. Baseado no livro homônimo de Judi e Ron Barrett, publicado em 1978, o filme narra a história do cientista Flint Lockwood, morador da pequena ilha Boca da Maré (Chewandswallow no original), cujo principal alimento é o peixe. Flint concebe projetos científicos desde sua infância, porém nunca foi reconhecido como deveria pelos seus conterrâneos e, em especial, pelo seu pai. Figura 1: Cartaz do filme “Tá chovendo hambúrguer”. Fonte: http://www.jornaldacapital.com.br/2011/upload/100693.jpg A partir de então, Flint produz uma máquina que tem a capacidade de transformar água em alimento, o que garantiria o seu reconhecimento enquanto inventor de algo que pode mudar a história da produção de alimentos. Porém, devido à ganância do prefeito da cidade, que tenta se aproveitar do sucesso do invento, Flint acaba perdendo o controle de sua máquina, que começa a produzir verdadeiras “tempestades de comida”, como chuvas de almôndegas, furacões de macarrão, dentre outros fenômenos meteorológicos envolvendo alimentos. Com o auxílio de amigos e de seu pai, o cientista tenta controlar o seu invento para Revista da SBEnBio - Número 9 - 2016 VI Enebio e VIII Erebio Regional 3 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia
  • 6. 693 que a ilha Boca da Maré não seja completamente soterrada pela comida produzida pela máquina. Embora indicado para o público infanto-juvenil, o filme apresenta passagens que contribuem para a reflexão de diferentes aspectos da Ciência e da Tecnologia, os quais nortearam a confecção do guia do educador, cujo objetivo almeja promover uma percepção a respeito da temática abordada no filme, sobre a produção e consumo dos alimentos. O guia sugere a entrega de um questionário previamente à exibição da animação, para que os alunos o respondam enquanto assistem ao filme. Em seguida é proposto um debate de forma a discutir as questões norteadoras, que tratam de diferentes passagens do filme. O guia também recomenda que os alunos sejam criativos e elaborem perguntas complementares, de modo a enriquecer o debate com suas concepções acerca das temáticas exibidas no filme (figuras 2, 3 e 4). Figura 2: Capa do guia do educador para o filme “Tá chovendo hambúrguer”. Fonte: Guia do educador para o filme “Tá chovendo hambúrguer”. Revista da SBEnBio - Número 9 - 2016 VI Enebio e VIII Erebio Regional 3 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia
  • 7. 694 Figura 3: Apresentação do guia do educador para o filme “Tá chovendo hambúrguer”. Fonte: Guia do educador para o filme “Tá chovendo hambúrguer”. Figura 4: Sumário do guia do educador para o filme “Tá chovendo hambúrguer”. Fonte: Guia do educador para o filme “Tá chovendo hambúrguer”. Em seguida, o guia indica uma série de atividades envolvendo as diversas temáticas desenvolvidas pela animação, sendo um total de sete atividades, cada uma podendo ser Revista da SBEnBio - Número 9 - 2016 VI Enebio e VIII Erebio Regional 3 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia
  • 8. 695 desenvolvida em uma aula. Deste modo, o aluno pode transpor o que foi abordado no filme com diferentes aspectos científicos e tecnológicos (quadro 1). Quadro 1: Atividades propostas no guia do educador para o filme “Tá chovendo hambúrguer”. Objetivo: promover uma percepção a respeito da temática abordada no filme, sobre a produção e consumo dos alimentos Procedimentos: Essa atividade pode ser dividida em dois momentos: 1º momento: exibição, em duas aulas de 50 minutos, do filme. O professor deve entregar o questionário (atividade 1) aos alunos antes da exibição para que eles fiquem atentos aos elementos a serem discutidos posteriormente. 2º momento: debate, a partir do questionário proposto. O segundo momento, com uma aula de 50 minutos (sugestão), constitui-se do debate baseado nas questões do questionário entregue aos alunos. Conteúdos que podem ser explorados pelo professor: produção de alimentos; alimentos naturais, industrializados e orgânicos; bioquímica dos alimentos; desperdício e produção de lixo; e natureza da Ciência e CTS (Ciência, Tecnologia e Sociedade). Atividade 1: Questionário para o debate – Perguntas sugeridas aos alunos: - Qual era o sonho do personagem principal? - Por que a ilha de Boca da Maré era famosa? - Que problema a ilha enfrentou em relação as sardinhas? - Qual a solução encontrada por Flint? - Como Flint é visto por seus conterrâneos? - O que começa a acontecer com a comida? Por quê? - Que tipos de alimentos você consegue identificar nesta “chuva”? Há uma ocorrência maior de alimentos naturais ou industrializados? - Por que a Sam diz “e se estivermos com os olhos maiores que a barriga”? - Você acha possível que chova comida como no filme? Por quê? - Quando o Flint precisa da senha desativadora, o pai dele consegue enviar? Por quê? - O que o bebê Brant queria? - De que maneira o prefeito encarou a situação e qual sua postura ao perceber que o desastre era irreversível? Nota: estimule os alunos a criarem suas perguntas! Atividade 2: Produção de alimentos Nesta atividade, busca-se que o aluno possa relacionar a produção dos alimentos e a desigualdade na sua distribuição. Propostas de perguntas e tarefas para os alunos: - Segundo a ONU, a população mundial tem mais de 7 bilhões de habitantes, muitos dos quais não possuem alimento. De que maneira a situação do filme poderia contribuir nessa questão? - Você acha que a solução proposta no filme seria segura? - Construa um mapa destacando os países de maior população, os maiores produtores de gêneros alimentícios e os maiores consumidores. O que é possível perceber? - Relacione, com base no filme, a produção de alimentos com características culturais, ambientais e comerciais da região geográfica descrita no filme. Atividade 3: Características dos alimentos Nesta atividade, propõem-se que os alunos identifiquem as principais características dos principais gêneros alimentícios que ocorrem no filme, percebendo quais são naturais e quais passam por processo de industrialização. As seguintes tarefas são propostas nesta atividade: - Faça uma listagem contendo pelo menos 20 alimentos identificados no filme, diferenciando os naturais (frutas, legumes, carnes não processadas) dos industrializados (macarrão, carnes Revista da SBEnBio - Número 9 - 2016 VI Enebio e VIII Erebio Regional 3 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia
  • 9. 696 processadas, pães). - Cite vantagens e desvantagens de cada tipo de alimento, considerando prazo de validade e presença ou não de conservantes. - Pesquise a respeito da agricultura orgânica, identificando suas vantagens e desvantagens (o professor pode desenvolver um debate adicional neste momento, com a criação de um júri simulado, por exemplo). Atividade 4: Bioquímica dos alimentos Neste momento, os alunos podem identificar a principal composição bioquímica da maioria dos alimentos que surgem no filme, relacionando com a demanda do organismo humano e transtornos alimentares. Os alunos podem desenvolver as seguintes tarefas: - Identificar a constituição bioquímica básica dos alimentos listados na atividade 3, considerando se são mais ricos em carboidratos, em lipídios ou em proteínas, verificando também a presença de sais minerais e vitaminas. - Comparar a ocorrência destas substâncias químicas, relacionando com o que um organismo humano adulto e saudável necessita e com o surgimento de transtornos alimentares, como a obesidade, e doenças cardiovasculares, renais e hepáticas. Atividade 5: Desperdício Nesta atividade, o intuito é possibilitar que os alunos desenvolvam uma postura crítica em relação à quantidade de alimentos desperdiçados, desde sua produção até seu consumo nos grandes centros urbanos, promovendo uma relação com a quantidade de lixo produzida e os impactos ambiental e social decorrentes deste desperdício. Propostas de perguntas e tarefas para os alunos: - Imagine uma cidade com tanta comida produzida. Os habitantes conseguem consumir tudo? - Como ficam as ruas dessa cidade? - Compare com a produção de lixo que produzimos. Faça um levantamento da quantidade de lixo produzida em uma residência e na escola. Os resultados podem ser expressos em exposições fotográficas, gráficos, tabelas, etc.. - O lixo decorrente do desperdício de alimentos é produzido apenas pelos consumidores? - Pesquise a respeito do desperdício de alimento ainda em sua produção. - Observe quanto do lixo é orgânico. Proponha soluções para minimizar o desperdício. Atividade 6: Natureza da Ciência Nesta etapa, os alunos podem identificar elementos que ilustram e/ou distorcem a natureza do trabalho científico, permeada por estereótipos que podem ser corroborados ou refutados pelo filme. Para isso, sugerem-se as seguintes propostas de tarefas: - Flint vive vários momentos ao longo do filme. Ele recebe apoio das pessoas? Qual o principal interesse da população e do prefeito em relação a Flint? Você acha que essas características são atribuídas a muitos cientistas? - Realize uma pesquisa a respeito de um dos cientistas brasileiros. Aponte que problemas eles encontraram ao longo da vida, destacando, também, os avanços e possibilidades que os seus legados deixaram para a ciência. Atividade 7: Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS) Nesta conclusão do trabalho, os alunos podem perceber de que maneira ciência e tecnologia impactam a sociedade e o ambiente. Considerando o caráter dual do conhecimento científico e tecnológico – que pode acarretar em consequências boas ou ruins para a vida das pessoas e dos seres vivos –, os alunos podem desenvolver o senso crítico, criando bases para a alfabetização científica e tecnológica. São sugeridas as seguintes propostas de atividades: - De que maneira a máquina de Flint alterou a vida das pessoas na ilha de Boca da Maré? - Que impactos ambientais podem ser percebidos após as anomalias produzidas pela máquina? - Devido ao transtorno gerado, você considera que a ciência e a tecnologia são essencialmente negativas para as pessoas e para o ambiente? - O que pode ser feito para reverter a situação na ilha? Nota: estimule os alunos a criarem suas perguntas! Revista da SBEnBio - Número 9 - 2016 VI Enebio e VIII Erebio Regional 3 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia
  • 10. 697 Considerações Finais O cinema, produtor em grande escala dos chamados filmes comerciais, pode se destacar em muitos momentos como um precioso subsídio pedagógico no contexto educacional. A prática de articular o cinema ao ensino, ressalta a procura por diferentes metodologias que possam valorizar o lúdico, tendo nos filmes poderosos recursos audiovisuais, que por meio da narrativa, dos personagens, do cenário, da trilha sonora e da história em si, podem, quando utilizados de modo correto, gerar excelentes experiências de aprendizado, as quais ainda podem envolver as emoções, desenvolvendo a aprendizagem afetiva. É importante destacar que a prática da projeção de filmes em instituições de ensino, seja no ambiente escolar, ou mesmo em universidades, deve estar fundamentada no planejamento. O professor deve conhecer o conteúdo do filme a ser exibido para que possa, se necessário, selecionar os trechos, as cenas ou os elementos que expressem o conteúdo pedagógico proposto, de modo a apontar estes itens durante a execução do filme. Esta parte também é relevante para que se evitem surpresas desagradáveis devido ao desconhecimento do conteúdo exibido, evitando-se a perda do planejamento ao projetar um conteúdo inapropriado a um determinado público ou fora da temática em questão. A preparação dos alunos para o filme também é parte do planejamento e, assim, a sala de aula deve ser aproveitada como local para comentários prévios em relação aos temas que serão abordados no filme em questão e a sua associação com o conteúdo programático. Desse modo, professor e estudantes podem tirar o melhor proveito da atividade proposta. O filme “Tá chovendo hambúrguer” foi escolhido devido à sua temática, que mostrou potencialidades nas diversas abordagens de matérias científicas e tecnológicas pertinentes ao ensino de ciências e biologia, como os excessos na produção e o desperdício de alimentos, a geração de lixo, os exageros na ingestão alimentar e as suas implicações na saúde, além da natureza da ciência. É pertinente registrar a presença de questões que levavam a impasses, dilemas e dúvidas necessários para o desenvolvimento de uma educação científica. Dessa maneira, além da aprendizagem dos conteúdos curriculares, a associação dos temas relacionados no filme com o ensino de ciências poderá favorecer a construção de um pensamento mais crítico, habilitando-o a argumentar sobre os temas relacionados à tecnologia, às mudanças ambientais, à produção de alimentos, dentre outros, mostrados no filme e que afetam substancialmente o modo como vivemos na sociedade atual. Revista da SBEnBio - Número 9 - 2016 VI Enebio e VIII Erebio Regional 3 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia
  • 11. 698 Referências Bibliográficas AS MELHORES COISAS DO MUNDO. Guia de discussão para educadores e pais. Casa Redonda, 2010. BARROS, M.D.M.; GIRASOLE, M.; ZANELLA, P.G. O uso do cinema como estratégia pedagógica para o ensino de ciências e de biologia: o que pensam alguns professores da região metropolitana de Belo Horizonte. Revista Práxis, v. 5, n. 10, p. 97-115, 2013. BLASCO, P.G.; GALLIAN, D.M.C.; RONCOLETTA, A.F.T.; MORETO, G. Cinema para o Estudante de Medicina: um Recurso Afetivo/Efetivo na Educação Humanística. Revista Brasileira de Educação Médica. Rio de Janeiro, v .29, n. 2, p. 119-128, 2005. BRIDI, J.P.M.; NOGUEIRA, M.T.; SILVA, V.M.; CAMARGO, M.A.S. Cinema extraordinário: o documentário enquanto mote gerador de reflexões. In: XVII Seminário Interinstitucional de Ensino, Pesquisa e Extensão. Anais... Cruz Alta: UNICRUZ, 2012. CAIXETA, A.F.C.; MARTINS, L.M.A.; BARROS, M.D.M. O cinema na sala de aula: a construção de um guia do educador para o filme Eu Christiane F., treze anos, drogada e prostituída. In: V Encontro Regional de Ensino de Biologia, 2010, Vitória. Resumos..., Vitória: SBEnBIO, 2010. CAMPOS, P.M.C.; SOARES, R.C.C.; BATISTA, S;M.; BARROS, M.D.M. Guia do educador para o filme Filadélfia. Tecnologia e Cultura, n. 26, ano 17, p. 62-73, 2015. CLOUDY WITH A CHANCE OF MEATBALLS. Direção: Phil Lord, Christopher Miller. Intérpretes: Bill Hader, Anna Faris, James Caan, entre outros. Roteiro: Phil Lord, Chris Miller, baseado em livro de Judi e Ron Barrett. Sony Pictures Animation: EUA, 2009. (95 min.), DVD. COELHO, R. M. de F.; VIANA, M.C.V.; A utilização de filmes em sala de aula: um breve estudo no instituto de ciências exatas e biológicas da UFOP. Revista da Educação Matemática da UFOP, v. 1, p 89-97, 2011. DUARTE, R. Cinema & Educação. Editora Autêntica. 3ª ed. Belo Horizonte: 2002. DUIM, A.C.L.; ROSISCA, J.R.; MACHADO, E.M.; CARAMORI, L.P.C. Ética na pesquisa: Uma abordagem em sala de aula utilizando o filme “Cobaias”. Terra e Cultura, n. 45, ano 23, p. 157-166, 2007. GALVÃO, E. A ciência vai ao cinema: uma análise dos filmes educativos e de divulgação científica do INCE. Dissertação de Mestrado. Departamento de Bioquímica – Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2004. MAESTRELLI, S.R.P.; FERRARI, N. O Óleo de Lorenzo: o uso do cinema para contextualizar o ensino de genética e discutir construção do conhecimento científico. Genética na Escola, v. 2, p. 35-39, 2006. NASCIMENTO, J.M.L; MEIRELLES, R.M.S.; SILVA, M.M.; NASCIMENTO, R.L.; BARROS, M.D.M. Guia do educador para o filme “X-Men Primeira Classe”. Genética na Escola, v. 13, n. 1, p. 28-35, 2016. Revista da SBEnBio - Número 9 - 2016 VI Enebio e VIII Erebio Regional 3 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia
  • 12. 699 OLIVEIRA, B.J. Cinema e imaginário científico. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, v. 13, p. 133-150, 2006. OLIVEIRA, R.D.V.L.; TRINDADE, Y.R.A.; QUEIROZ, G.R.P.C. O filme “Jardim das Folhas Sagradas” e a possibilidade de uma abordagem intercultural em aulas de Ciências. In: IX ENPEC, 2013, Águas de Lindóia. Atas... Águas de Lindoia: ABRAPEC, 2013. Revista da SBEnBio - Número 9 - 2016 VI Enebio e VIII Erebio Regional 3 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia