2. No romance “O Cortiço” 1890 de Aluízio Azevedo, as perso-
nagens são observadas como elementos coletivos caracte-
rizados por condicionantes de origem social, sexo e etnia.
Na passagem transcrita, o confronto entre brasileiros e por-
tugueses revela prevalência do elemento brasileiro, pois
01. (ENEM-2011)
(A) Aestaca o nome de personagens brasileiras e omite o
de personagens portuguesas.
Guardar
(B) Exalta a força do cenário natural brasileiro e conside-
ra o do português inexpressivo.
Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.
(C) Costra o poder envolvente da música brasileira, que
Em cofre não se guarda coisa alguma.
cala o fado português.
Em cofre perde-se a coisa à vista.
(D) Destaca o sentimentalismo brasileiro, contrário à tris-
Guarda uma coisa é olhá-la, fita-la, mirá-la por .
teza dos portugueses.
admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado.
(E) Atribui aos brasileiros uma habilidade maior com ins-
Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por
trumentos musicais.
ela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela,
isto é, estar por ela ou ser por ela.
Por isso melhor se guarda o voo de um pássaro 03.
Do que um pássaro sem voos. Entre ideia e tecnologia
Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica,
por isso se declara e declama um poema: O grande conceito por trás do Museu da Língua é apresen-
Para guardá-lo: tar o idioma como algo vivo e fundamental para o entendi-
Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda: mento do que é ser brasileiro. Se nada nos define com cla-
Guarde o que quer que guarda um poema: reza, a forma como falamos o português nas mais diversas
Por isso o lance do poema: situações cotidianas é talvez a melhor expressão da brasili-
Por guardar-se o que se quer guardar. dade. SCARDOVELI, E. “’. São Paulo: Segmento, Ano II, nº 6, 2006.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2001
O texto propõe uma reflexão acerca da língua portuguesa
A memória é um importante recurso do patrimônio cultural ressaltando para o leitor a
de uma nação. Ela está presente nas lembranças o passa-
do e no acervo cultural de um povo. Ao tratar o fazer poético (A) Inauguração do museu e o grande investimento em
como uma das maneiras de se guardar o que se quer, o cultura no país.
texto (B) Importância da língua para a construção da identida-
de nacional.
(A) Ressalta a importância dos estudos históricos para a (C) Afetividade tão comum ao brasileiro, retratada atra-
construção da memória social deum povo. vés da língua.
(B) Valoriza as lembranças individuais em detrimento das (D) Delação entre o idioma e as políticas públicas na
narrativas populares ou coletivas. área de cultura.
(C) Reforça a capacidade da literatura em promover a (E) Diversidade étnica e linguística existente no território
subjetividade e os valores humanos. nacional.
(D) Destaca a importância de reservar o texto literário
àqueles que possuem maior repertório cultural
(E) Revela a superioridade da escrita poética como for- 04. Há certos usos consagrados na fala, e até mesmo
ma ideal de preservação da memória cultural. na escrita, que, a depender do estrato social e do nível de
escolaridade do falante, são, sem dúvida, previsíveis. Oco-
rrem até mesmo em falantes que dominam a variedade pa-
02.
drão, pois, na verdade, revelam tendências existentes na
Abatidos pelo fadinho harmonioso e nostálgico língua em seu processo de mudança que não podem ser
dos desterrados, iam todos, até mesmo os brasileiros, se bloqueadas em nome de um “ideal linguístico” que estaria
concentrando e caindo em tristeza; mas, de repente, o ca- representado pelas regras da gramática normativa. Usos
vaquinho de Porfiro , acompanhado pelo violão do Firmo, como ter por haver em construções existenciais (tem mui-
romperam vibrantemente com um chorado baiano. Nada tos livros na estante), o do pronome objeto na posição de
mais que os primeiros acordes da música crioula para que sujeito (para mim fazer o trabalho), a não-concordância das
o sangue de toda aquela gente despertasse logo, como se passivas com se aluga-se casas) são indícios da existên-
alguém lhe fustigasse o corpo com urtigas bravas. E se- cia, não de uma norma única, mas de uma pluralidade de
guiram-se outras notas, e outras, cada vez mais ardentes normas, entendida, mais uma vez, norma como conjunto de
e mais delirantes. Já não eram dois instrumentos que soa- hábitos linguísticos, sem implicar juízo de valor.
vam, eram lúbricos gemidos e suspiros soltos em torren- CALLOU, D. Gramática, variação e nor-
te, a correrem serpenteando, como cobras numa floresta mas. In: VIEIRA, S. R.; BRANDÃO, S.
(orgs). Ensino de Gramática descrição e
incendiada “ eram ais convulsos, chorados em frenesi de
uso. São Paulo: Contexto, 2007 (fragmen-
amor: música feita de beijos e soluços gostosos; carícia de to).
fera, carícia de doer, fazendo estalar de gozo. AZEVEDO, A.
O Cortiço:
01
3. Considerando a reflexão trazida pelo texto a respeito da Dá-me os sítios gentis onde eu brincava
multiplicidade do discurso, verifica-se que : Lá na quadra infantil;
Dá que eu veja uma vez o céu da pátria,
(A) Estudantes que não conhecem as diferenças entre O céu de meu Brasil!
língua escrita e língua falada empregam, indistinta-
mente, usos aceitos na conversa com amigos quan- Se eu tenho de morrer na flor dos anos!
do vão elaborar um texto escrito. Meu Deus! Não seja já!
(B) Falantes que dominam a variedade padrão do por- Eu quero ouvir cantar na laranjeira, à tarde,
tuguês do Brasil demonstram usos que confirmam a Cantar o sabiá!
diferença entre a norma idealizada e a efetivamente ABREU, C. Poetas românticos brasileiros.
praticada, mesmo por falantes mais escolarizados. São Paulo: Scipione, 1993.
(C) Moradores de diversas regiões do país que enfren-
tam dificuldades de se expressar na escrita revelam Texto II
a constante modificação das regras de emprego de A ideologia romântica, argamassada ao longo do sécu-
pronomes e os casos especiais de concordância. lo XVIII e primeira metade do século XIX, introduziu-se
(D) Pessoas que se julgam no direito de contrariar a gra- em 1836. Durante quatro decênios, imperaram o “eu”,
mática ensinada na escola gostam de apresentar a anarquia, o liberalismo, o sentimentalismo, o nacio-
usos não aceitos socialmente para esconderem seu nalismo, através da poesia, do romance, do teatro e do
desconhecimento da norma padrão. jornalismo (que fazia sua aparição nessa época).
(E) Usuários que desvendam os mistérios e sutilezas da
MOISÉS, M. A literatura brasileira através
língua portuguesa empregam formas do verbo ter
dos textos. São Paulo: Cultrix, 1971 (frag-
quando, na verdade, deveriam usar formas do verbo mento).
haver, contrariando as regras gramaticais.
De acordo com as considerações de Massaud Moisés no
05. No Brasil colonial, os portugueses procuravam ocu-
Texto II, o Texto I centra-se
par e explorar os territórios descobertos, nos quais viviam (A) No imperativo do “eu”, reforçando a ideia de que es-
índios, que eles queriam cristianizar e usar como força de
tar longe do Brasil é uma forma de estar bem, já que
trabalho. Os missionários aprendiam os idiomas dos nativos
o país sufoca o eu lírico.
para catequizá-los nas suas próprias línguas. Ao longo do (B) No nacionalismo, reforçado pela distância da pátria e
tempo, as línguas se influenciaram. O resultado desse pro-
pelo saudosismo em relação à paisagem agradável
cesso foi a formação de uma língua geral, desdobrada em
onde o eu lírico vivera a infância.
duas variedades: o abanheenga, ao sul, e o nheengatu, ao (C) Na liberdade formal, que se manifesta na opção por
norte. Quase todos se comunicavam na língua geral, sendo
versos sem métrica rigorosa e temática voltada para
poucos aqueles que falavam apenas o português. De acor-
o nacionalismo.
do com o texto, a língua geral formou-se e consolidou-se no (D) No fazer anárquico, entendida a poesia como ne-
contexto histórico do Brasil-Colônia. Portanto, a formação
gação do passado e da vida, seja pelas opções for-
desse idioma e suas variedades foi condicionada...
mais, seja pelos temas.
(E) No sentimentalismo, por meio do qual se reforça a
(A) Pelo interesse dos indígenas em aprender a religião
alegria presente em oposição à infância, marcada
dos portugueses.
pela tristeza.
(B) Pelo interesse dos portugueses em aprimorar o saber
linguístico dos índios.
(C) Pela percepção dos indígenas de que as suas lín-
guas precisavam aperfeiçoar-se.
(D) Pelo interesse unilateral dos indígenas em aprender
uma nova língua com os portugueses.
(E) Pela distribuição espacial das línguas indígenas, que
era anterior à chegada dos portugueses.
06.
Texto I
Se eu tenho de morrer na flor dos anos.
Meu Deus! não seja já;
Eu quero ouvir na laranjeira, à tarde,
Cantar o sabiá!
Meu Deus, eu sinto e bem vês que eu morro
Respirando esse ar;
Faz que eu viva, Senhor! dá-me de novo
Os gozos do meu lar!
02
4. Texto para as questões 07 e 08
Tampe a panela
Parece conselho de mãe para a comida não esfriar, mas a ciência explica como é possível ser um cidadão ecos-
sustentável adotando o simples ato de tampar a panela enquanto esquenta a água para o macarrão ou para o
cafezinho. Segundo o físico Cláudio Furukawa, da USP, a cada minuto que a água ferve em uma panela
sem tampa, cerca de 20 gramas do líquido evaporam.
Com o vapor, vão embora 11 mil calorias. Como o poder de conferir calor do GLP, aquele gás utilizado no botijão
de cozinha, é de 11 mil calorias por grama, será preciso 1 grama a mais de gás por minuto para aquecer a mes-
ma quantidade de água. Isso pode não parecer nada para você ou para um botijão de 13 quilos, mas imagine o
potencial de devastação que um cafezinho despretensioso e sem os devidos cuidados pode provocar em uma
população como a do Brasil: 54,6 toneladas de gás desperdiçado por minuto de aquecimento da água, conside-
rando que cada família brasileira faça um cafezinho por dia. Ou 4 200 botijões desperdiçados.
Superinteressante. São Paulo: Abril, n° 247, dez. 2007
07. Segundo o físico da USP, Cláudio Furukawa, é pos- região de Santo Antônio do Içá (AM), mostra o proble-
ma atual: “Nosso povo se rendeu às pessoas brancas
sível ser um cidadão ecossustentável adotando atos sim-
ples. É um argumento utilizado pelo físico, para sustentar a pela dificuldade de sobrevivência. O contato com a
ideia de que podemos contribuir para melhorar a Língua Portuguesa foi exterminando e dificultando a
qualidade de vida no planeta, prática da nossa língua. Há poucos falantes, e com
vergonha de falar. A língua é muito preconceituada
(A) Tampar a panela para a comida não esfriar, seguindo entre nós mesmos”.
Revista Língua Portuguesa. São Paulo:
os conselhos da mãe.
Segmento, nº 26 , 2007.
(B) Reduzir a quantidade de calorias, fervendo a água
em recipientes tampados.
O desaparecimento gradual ou abrupto de partes importan-
(C) Analisar o calor do GLP, enquanto a água estiver em
tes do patrimônio linguístico e cultural do país possui causas
processo de ebulição.
variadas. Segundo o professor Leonel, da região de Santo
(D) Aquecer líquidos utilizando os botijões de 13 quilos,
Antônio do Içá (AM), os idiomas indígenas sobreviventes
pois consomem menos.
estão ameaçados de extinção devido ao
(E) Diminuir a chama do fogão, para aquecer quantida-
des maiores de líquido.
(A) Medo que as pessoas tinham de serem castigadas
por falarem a sua língua.
08. O contato com textos exercita a capacidade de re- (B) Número reduzido de índios que continuam falando
entre si nas suas reservas.
conhecer os fins para os quais este ou aquele texto é pro-
duzido. Esse texto tem por finalidade : (C) Contato com falantes de outras línguas e a imposição
de um outro idioma.
(A) Apresentar um conteúdo de natureza científica. (D) Desaparecimento das reservas indígenas em deco-
(B) Divulgar informações da vida pessoal do pesquisa- rrência da influência do branco.
dor. (E) Descaso dos governantes em preservar esse patri-
(C) Anunciar um determinado tipo de botijão de gás. mônio cultural brasileiro.
(D) Solicitar soluções para os problemas apresentados.
(E) Instruir o leitor sobre como utilizar corretamente o bo-
tijão.
09.
Riqueza ameaçada
Boa parte dos 180 idiomas sobreviventes está
ameaçada de extinção – mais da metade (110) é
falada por pelo menos 500 pessoas. No passado,
era comum pessoas serem amarradas em árvores
quando se expressavam em suas línguas, lembra o
cacique Felisberto Kokama, um analfabeto para os
nossos padrões e um guardião da pureza de seu idio-
ma (caracterizado por uma diferença marcante entre
a fala masculina e a feminina), lá no Amazonas, no
Alto Solimões. Outro Kokama, o professor Leonel, da
03
5. Texto para as questões de 10 a 14
Um livro para um tempo de múltiplas vozes
[1] Livros foram, até hoje, a forma mais eficaz que a humanidade encontrou para absorver, armazenar e transmitir
conhecimento. Eles se tornaram, ao longo da história, um meio de mitigar os limites de memória, inteligência e
imaginação de cada um dos nossos cérebros. Lineares como o passar do tempo. Portáteis como nossas roupas.
Íntimos como o pensamento. Houve quem quisesse queimá-los em nome de crenças políticas ou religiosas, quem
quisesse transformá-los em tecnologia obsoleta e mesmo quem tentasse proclamar sua irrelevância no frenético
mundo moderno. Mas os livros resistiram a todo tipo de ameaça e intempérie. Nunca se publicou tanto como hoje,
nunca se venderam tantos livros.
[2] Eis, então, que a tão festejada revolução digital, depois de abalar os negócios da música, das imagens e – na-
turalmente – das notícias, se abate sobre o universo dos livros. Sim, é verdade que um tablete como o iPad não
tem aquele delicioso cheiro de papel. Mas, se você tiver as mesmas limitações oculares que o autor deste texto,
sentirá o indescritível prazer de aumentar o tamanho da letra para tornar a leitura mais confortável. Ou de comprar
um livro digital sem sair de casa e, em questão de minutos, ler o maior poema do século XX, The Waste Land, de
T. S. Eliot, ao mesmo tempo em que escolhe se prefere ouvi-lo recitado pelo próprio autor ou por alguma dentre as
outras tantas interpretações disponíveis. E no futuro ainda haverá, no novo formato, dezenas de compensações
de outra natureza para a falta do cheiro do papel. Pelo menos é essa a promessa trazida por algo tão intangível
quanto o conteúdo dos livros – mas, ao contrário dele, dinâmico e cambiante: os programas de computador.
[3] Estaríamos, então, prestes a testemunhar a lenta derrocada dos livros impressos, derrubados gradualmente
pelos softwares interativos para as tabuletas digitais? Difícil fazer previsões. O tempo continuará linear. O pensa-
mento, talvez não. Mas as palavras continuarão sendo escritas e lidas, provavelmente, umas após as outras – re-
curso de que nem Eliot conseguiu se desfazer para fazer ecoar as múltiplas vozes de seu poema. Rupturas serão
a província de criadores geniais como ele ou dos programadores que tornaram sua obra-prima mais acessível às
novas gerações, por meio dessa nova forma de absorver, armazenar e transmitir conhecimento. Tomara que ela
perdure tanto quanto o livro.
GUROVITZ, Helio. Carta do Diretor de Re-
dação. Revista Época. Disponível em: http://
cbld.com.br/blog/2011/07/um-livropara- um-
tempo-de-multiplas-vozes/Acesso em 22 de
jul. 2011. (com adaptações)
10. De acordo com o conteúdo do texto 1, é CORRETO 11. Quanto aos aspectos semânticos do vocabulário
afirmar que empregado no texto 1, analise o significado que as palavras
destacadas assumem no texto e marque V para verdadeiro
(A) Com o passar do tempo, certamente os livros impres- ou F para falso.
sos serão substituídos graças ao desenvolvimento e
ao aperfeiçoamento de softwares de leitura para ta- [ ] “tecnologia obsoleta” (1º parágrafo) – tecnologia
blets. avançada
(B) No passado, os livros foram importantes por veicula- [ ] “as mesmas limitações oculares” (2º parágrafo) – as
rem crenças políticas ou religiosas; hoje, no frenético mesmas limitações de visão
mundo moderno, são considerados artefatos irrele- [ ] “as outras tantas interpretações disponíveis” (2º pa-
vantes. rágrafo) – as outras tantas explicações disponíveis
(C) Embora a revolução digital tenha chegado ao univer- [ ] “dezenas de compensações de outra natureza” (2º
so dos livros, práticas de escrita e leitura continuarão parágrafo) – dezenas de compensações de outra
a existir. espécie
(D) Alguns programas de computador conseguem imitar [ ] “a lenta derrocada dos livros impressos” (3º pará-
o cheiro do papel, tornando tablets como o iPad bas- grafo) – a lenta evolução dos livros impressos
tante semelhantes aos livros impressos.
(E) Devido à revolução digital, livros digitais podem ser Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRE-
comprados sem precisarmos sair de casa, ao contrá- TA.
rio dos livros impressos.
(A) F, V, V, V, F.
(B) F, V, F, V, F.
(C) V, F, V, F, V.
(D) V, V, V, F, F.
(E) F, V, F, V, V.
04
6. 12. No texto 1, o livro é apresentado como algo de es-
15.
pecial importância para a humanidade. Assinale a alterna-
tiva em que o adjetivo selecionado pelo autor indica essa As margens da alegria
valorização do livro.
(A) acessível (3º parágrafo) ESTA É A ESTÓRIA. Ia um menino, com os tios,
(B) cambiante (2º parágrafo) passar dias no lugar onde se construía a grande ci-
(C) dinâmico (2º parágrafo) dade. Era uma viagem inventada no feliz; para ele,
(D) intangível (2º parágrafo) produzia-se em caso de sonho. Saíam ainda com o
(E) linear (3º parágrafo) escuro, o ar fino de cheiros desconhecidos. A mãe e
o pai vinham trazê-lo ao aeroporto. A tia e o tio toma-
vam conta dele, justínhamente. Sorria-se, saudava-
se, todos se ouviam e falavam.
13. Sobre os recursos lexicais e gramaticais que pro-
movem a coesão e a coerência do texto, analise as afirma- O avião era da Companhia, especial, de quatro lu-
tivas a seguir: gares. Respondiam-lhe a todas as perguntas, até o
piloto conversou com ele. O vôo ia ser pouco mais
1. No fragmento “Lineares como o passar do tempo. Por- de duas horas. O menino fremia no acorçôo, alegre
táteis como nossas roupas. Íntimos como o pensamen- de se rir para si, confortavelzinho, com um jeito de
to” (1º parágrafo), o paralelismo favorece não só a pro- folha a cair. A vida podia às vezes raiar numa ver-
gressão e continuidade do texto mas também garante dade extraordinária. Mesmo o afivelarem-lhe o cinto
qualidade estética à linguagem. de segurança virava forte afago, de proteção, e logo
2. O recurso da repetição da palavra “livro”, ao longo dos novo senso de esperança: ao não-sabido, ao mais.
três parágrafos, é responsável por tornar o texto circu- Assim um crescer e desconter-se – certo como o ato
lar, isto é, suas ideias avançam em ritmo lento. de respirar – o de fugir para o espaço em branco. O
3. O fato de o fragmento “absorver, armazenar e transmitir menino.
ROSA, João Guimarães. Primeiras es-
conhecimento” aparecer no início do 1º parágrafo e no tórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
final do 3º evidencia um processo coesivo eficiente que 2005.
fecha a ideia principal defendida ao longo do texto.
4. Um conceito que perpassa o texto, a historicidade do Considerando a estrutura do texto narrativo em prosa (na-
livro, é desenvolvido por meio de vocabulário relaciona- rrador, personagens, foco narrativo, tempo, espaço, confli-
do ao campo semântico “tempo”, como se pode ver em to, clímax, desfecho), assinale a alternativa CORRETA.
palavras como “hoje” (1º parágrafo), “então” (2º pará-
grafo), “futuro” (2º parágrafo). (A) No fragmento de “As margens da alegria”, as perso-
5. A promessa a que se refere o fragmento “É essa a pro- nagens apresentadas ao leitor traduzem, de modo
messa” (2º parágrafo) é ler o maior poema do século muito claro e explícito, uma linearidade de pensa-
XX, The Waste Land, de T. S. Eliot. mento, de comportamento que as torna quase a mes-
ma pessoa.
Estão CORRETAS (B) “Saíam ainda com o escuro, o ar fino de cheiros des-
(A) 1, 2 e 3 conhecidos” é uma frase do texto indicando o horário
(B) 1, 2 e 4 em que alguma ação ocorre na narrativa, logo pode
(C) 1, 3 e 4 levar o leitor a compreender que a viagem do “Meni-
(D) 1, 3 e 5 no” ocorrerá entre 13h e 18h.
(E) 2, 4 e 5 (C) Numa narrativa, o espaço é um elemento muito im-
portante para a ocorrência das ações realizadas pe-
las personagens. No texto em análise, são citados
14. No fragmento “Tomara que ela perdure tanto quan-
(D)
alguns espaços concretos e abstratos.
No fragmento em análise, o “clímax” e o “desfecho”
to o livro” (3º parágrafo), o pronome destacado retoma o
segmento da história escrita por Guimarães Rosa são elemen-
tos da narrativa que se tornam facilmente identifica-
a promessa. dos, como também são facilmente pontuados.
(A)
(E) O conto “As margens da alegria”, assim como outros
(B) a lenta derrocada dos livros
a província. contos de Guimarães Rosa, possui um vocabulário
(C)
sua obra-prima. bastante ordinário, comum, sem a quase presença
(D)
essa nova forma de absorver, armazenar e transmitir de palavras inventadas pela licença poética.
(E)
conhecimento.
05
7. Uma geração descobre o prazer de ler Ler obras juvenis ou best-sellers é apenas o começo de uma longa e pro-
dutiva convivência com os livros. Essa é a lição que anima os jovens a se aventurarem na boa literatura atual e
nos clássicos. (Bruno Méier)
[1] Em janeiro, a universitária Iris Figueiredo, de 18 anos, anunciou em seu blog a intenção de organizar encontros
para discutir clássicos da literatura. A ideia era reunir jovens que estavam cansados de ler as séries de ficção que
lideram as vendas nas livrarias e passar a ler obras de grandes autores. Trinta respostas chegaram rapidamente.
No mês seguinte, o evento notável de Iris começou: vinte adolescentes procuraram uma sombra no Museu de
Arte Contemporânea de Niterói – cada um com seu exemplar de Orgulho e Preconceito, da inglesa Jane Austen,
debaixo do braço – e sentaram-se para conversar. Durante duas horas, leram os trechos de sua preferência, ana-
lisaram a influência da autora sobre escritores contemporâneos (descobriram, por exemplo, que certas frases do
romance foram emuladas em diálogos da série O Diário de Bridget Jones, de Helen Fielding) e destrincharam os
dilemas pelos quais passaram a vivaz Elizabeth Bennett e o arrogante Mr. Darcy, os protagonistas do romance.
[2] Iris se entusiasma ao falar do sucesso de suas reuniões – que já abordaram títulos como O Retrato de Dorian
Gray, de Oscar Wilde, 1984, de George Orwell, e Feliz Ano Novo, de Rubem Fonseca. Desde pequena, ela é boa
leitora. Mas foi só ao descobrir a série Harry Potter que se apaixonou pela leitura e a transformou em parte central
de seu dia a dia. Quando a saga do bruxinho virou mania entre as crianças e os adolescentes, uma década atrás,
vários céticos apressaram-se em decretar que esse seria um fenômeno de resultados nulos. Com o eminente
crítico americano Harold Bloom à frente, argumentavam que Harry Potter só formaria mais leitores de Harry Potter
– os livros da inglesa J. K. Rowling seriam incapazes de conduzir a outras leituras e propiciar a evolução desses
iniciantes. Jovens como Iris desmentem essa tese de forma cabal. Ler é prazer. E, uma vez que se prova desse
deleite, ele é mais e mais desejado. Basta um pequeno empurrãozinho – como o que a universitária ofereceu por
meio do convite em seu blog – para que o leitor potencial deslanche e, guiado por sua curiosidade, se aventure
pelos caminhos infinitos que, em 3 000 anos de criação literária, incontáveis autores foram abrindo para seus
pares. (...)
Revista Veja, edição 2217, 18 de maio de
2011, p. 98-108. (com adaptações)
16. Sobre o modo como se organiza o texto 3 e os tipos 17. Ao longo do texto 3, são utilizadas palavras e ex-
textuais utilizados na sua composição, leia as afirmativas a pressões que ajudam a promover a coesão e a construir os
seguir: efeitos de sentido pretendidos. Em relação ao uso desses
recursos, assinale a afirmação CORRETA.
1. O subtítulo, recurso bastante comum em certos gêne-
ros jornalísticos, amplia a informação apresentada no (A) Nos trechos “a universitária [...] anunciou em seu blog
título e sintetiza os conteúdos fundamentais do texto. a intenção de organizar encontros para discutir clás-
2. Expressões temporais ajudam a organizar as sequên- sicos da literatura” (1º parágrafo), a expressão subli-
cias narrativas no 1º parágrafo, em que são apresenta- nhada indica “finalidade” e pode ser substituída pelo
dos os passos dados pela adolescente até a realização conectivo “com o intuito de”, sem prejuízo sintático-
de seu primeiro encontro literário. semântico.
3. Pode-se dizer que o texto não apresenta traços argu- (B) No fragmento “leram os trechos de sua preferência”
mentativos, pois está situado entre a narração de fatos (1º parágrafo), o pronome possessivo retoma a in-
ao longo do tempo e a descrição dos encontros literá- glesa Jane Austen, autora do livro Orgulho e Precon-
rios e da paixão de Iris Figueiredo pela leitura. ceito.
4. A tese de que leitores de Harry Potter não conseguem (C) No fragmento “destrincharam os dilemas pelos quais
investir em outro tipo de literatura e evoluir em suas prá- passaram a vivaz Elizabeth Bennett e o arrogante Mr.
ticas de leitura é ratificada pelo depoimento da adoles- Darcy” (1º parágrafo), a expressão sublinhada, em-
cente. bora esteja no plural, pode ser substituída pelo pro-
5. O texto tem caráter eminentemente científico, por expor nome relativo “que”, sem prejuízos à norma padrão
com objetividade e rigor formal dados sobre o compor- escrita.
tamento do adolescente brasileiro. (D) No fragmento “Iris se entusiasma ao falar do sucesso
de suas reuniões – que já abordaram títulos como
Está CORRETO o que se afirma em [...]” (2º parágrafo), o relativo sublinhado pode ser
substituído por “o qual”, concordando com o núcleo
(A) 1e2 “sucesso”.
(B) 1e4 (E) No trecho “Desde pequena, ela é boa leitora. Mas foi
(C) 2e4 só ao descobrir a série Harry Potter que se apaixonou
(D) 2, 3 e 5 pela leitura” (2º parágrafo), a conjunção sublinhada
(E) 3e5 indica “oposição” e pode ser substituída, sem neces-
sidade de alteração morfossintática no enunciado,
pelo conectivo “Embora”.
06
8. 18. Sobre as relações de concordância verbo-nominal
no texto 3, e considerando o que prescreve a norma padrão Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrin-
do português, leia as seguintes considerações: do, não os olhos, mas a sua infinidade de portas e jane-
las alinhadas. Um acordar alegre e farto de quem dor-
1. No fragmento “Ler obras juvenis ou best-sellers é ape- miu de uma assentada, sete horas de chumbo. [...]
nas o começo” (subtítulo), o padrão de concordância
verbal respeita a prescrição da gramática normativa em O rumor crescia, condensando-se; o zunzum de todos
relação aos núcleos do sujeito unidos pela conjunção os dias acentuava-se; já se não destacavam vozes dis-
“ou”, indicativa de exclusão. persas, mas um só ruído compacto que enchia todo o
2. O padrão de concordância verbal pode auxiliar na iden- cortiço. Começavam a fazer compras na venda; ensa-
tificação do responsável pela ação verbal em casos rilhavam-se discussões e rezingas; ouviam-se gargal-
de sujeito elíptico, como no trecho “descobriram, por hadas e pragas; já se não falava, gritava-se. Sentia-se
exemplo, que certas frases do romance foram emula- naquela fermentação sanguínea, naquela gula viçosa de
das em diálogos da série O Diário de Bridget Jones [...]” plantas rasteiras que mergulham os pés vigorosos na
(1º parágrafo). lama preta e nutriente da vida, o prazer animal de existir,
3. Conforme a prescrição gramatical, no trecho “e destrin- a triunfante satisfação de respirar sobre a terra.
charam os dilemas pelos quais passaram a vivaz Eliza-
beth Bennett e o arrogante Mr. Darcy” (1º parágrafo), a AZEVEDO, Aluísio. O cortiço. 15 ed.
São Paulo: Ática, 1984.
forma verbal sublinhada admite, também, a forma sin-
gular.
4. No trecho “Com o eminente crítico americano Harold
Bloom à frente, argumentavam que Harry Potter [...]” (2º
20. Considerando o fragmento acima, assinale a alter-
nativa INCORRETA.
parágrafo), a flexão de terceira pessoa do plural é admi-
tida, tendo em vista um sujeito que não se conhece ou (A) O trecho nos mostra a força do coletivo, personificada
não se quer declarar. pelo cortiço, que acorda similar a uma colmeia huma-
5. Na estrutura “E, uma vez que se prova desse deleite, ele na. Por meio da personificação e também das des-
é mais e mais desejado” (2º parágrafo), a forma verbal crições, é perceptível a visão do homem como um ser
destacada obedece à gramática padrão, que preconiza degradado dentro de um organismo vivo, que cresce,
a harmonia sintática entre verbo e sujeito apassivado se desenvolve, amadurece e se deteriora.
(desse deleite). (B) No texto, elementos visuais, olfativos e auditivos, re-
presentados por expressões como “zunzum de todos
Estão CORRETAS os dias ” e “fermentação sanguínea”, também enfati-
A) 1 e 2 B) 1, 2 e 3 C) 2 e 3 D) 3 e 4 E) 3, 4 e 5 zam o ideal determinista da estética do Naturalismo
que trabalha com a decadência dos valores sociais
19. Quanto aos efeitos de sentido decorrentes da pon- em seres, que agem sob a influência da hereditarie-
tuação empregada no texto 3, considere as afirmações a dade.
seguir: (C) O discurso naturalista do autor de O Cortiço, centra-
do nos elementos introspectivos das personagens,
1. Recurso recorrente ao longo do texto, o travessão pode, valoriza um lirismo acentuado, típico do romance
em certas passagens, ser corretamente substituído por experimental ou de tese, cujas ideias refletem princi-
parênteses. palmente o determinismo de Taine e o evolucionismo
2. Outra possibilidade de pontuar corretamente o 2º perío- de Darwin.
do do 1º parágrafo é: “A ideia era reunir jovens, que es- (D) O trecho nos coloca diante de situações grotescas e
tavam cansados de ler as séries de ficção, que lideram antagônicas as quais mostram o aspecto animales-
as vendas nas livrarias [...]”. co e “rasteiro” do ser humano e, ao mesmo tempo,
3. No trecho “No mês seguinte, o evento notável de Iris revela também a sua vitalidade e energia naturais,
começou: vinte adolescentes procuraram [...]” (1º pará- oriundas do prazer de existir, embora em condições
grafo), os dois pontos podem ser substituídos por con- adversas.
junções explicativas, como “pois” e “porque”. (E) A visão determinista de Aluísio Azevedo, tão bem re-
4. Outra forma de se pontuar o 1º período do 2º parágra- presentada em O Cortiço, se confirma não só no uso
fo é: “Iris se entusiasma ao falar do sucesso de suas recorrente de expressões metafóricas, hiperbólicas e
reuniões, que já abordaram títulos como: O Retrato de sinestésicas mas também no processo de zoomorfi-
Dorian Gray, de Oscar Wilde; 1984, de George Orwell; zação a que o autor submete as personagens.
e Feliz Ano Novo, de Rubem Fonseca”.
5. O enunciado “Jovens como Iris desmentem essa tese
de forma cabal.” (2º parágrafo) pode também ser pon-
tuado da seguinte forma: “Jovens como Iris, desmen-
tem essa tese de forma cabal.”.
Está CORRETO o que se afirma em
A) 1 e 3 B) 1 e 4 C) 2 e 4 D) 2 e 5 E) 2, 3 e 5
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9. 21. Considerando a escola literária Romantismo, analise as afirmativas a seguir:
1. “Minha terra tem palmeiras,/ Onde canta o sabiá;/ As aves que aqui gorjeiam,/ Não gorjeiam como lá.” Nesta estrofe,
Castro Alves pretende trazer à tona o espírito nacionalista que tomou conta do Brasil durante conturbado período
histórico.
2. Em “Se eu morresse amanhã, viria ao menos/ Fechar meus olhos minha triste irmã;/ Minha mãe de saudades morreria/
Se eu morresse amanhã”, Álvares de Azevedo apresenta um eu lírico tomado pela dor e pela tristeza, sentimentos
comuns a sua poesia.
3. “São duas flores unidas,/ São duas rosas nascidas/ Talvez no mesmo arrebol,/ Vivendo no mesmo galho,/ Da mesma
gota de orvalho,/ Do mesmo raio de sol”. Nesta estrofe do poema “As duas flores”, Castro Alves dá indícios de uma
estética subjetivista.
4. Em “Meu canto de morte,/ Guerreiros, ouvi: Sou filho das selvas,/ Nas selvas, cresci;/ Guerreiros, descendo/ Da tribo
Tupi”, Gonçalves Dias assim como José de Alencar, em O guarani, tenta evidenciar a cultura indígena no Brasil.
5. Castro Alves, Álvares de Azevedo e Gonçalves Dias, a despeito de suas diferenças temporais e estéticas, podem ser
entendidos como poetas com a seguinte visão de mundo: A racionalidade humana deve ser o crivo da vida.
Está CORRETO o que se afirma em
(A) 1, 2 e 3 (B) 1, 4 e 5 (C) 1, 3 e 4 (D) 2, 3 e 4 (E) 2, 4 e 5
Senhora (fragmento)
– Vendido! Exclamou Seixas ferido dentro d’alma.
– Vendido sim; não tem outro nome. Sou rica, muito rica, sou milionária; precisava de um marido, traste indispen-
sável às mulheres honestas. O senhor estava no mercado; comprei-o. Custou-me cem mil cruzeiros, foi barato; não
se fez valer. Eu daria o dobro, o triplo, toda a minha riqueza por este momento.
Aurélia proferiu estas palavras desdobrando um papel no qual Seixas reconheceu a obrigação por ele passada ao
Lemos. Não se pode exprimir o sarcasmo que salpicava dos lábios da moça, nem a indignação que vazava dessa
alma profundamente revolta, no olhar implacável com que ela flagelava o semblante do marido. Seixas, trespassa-
do pelo cruel instinto, arremessado do êxtase da felicidade a esse abismo de humilhação, a princípio, ficara atônito.
Depois quando os assomos da irritação vinham sublevando-lhe a alma, recalcou-os esse poderoso sentimento do
respeito à mulher, que raro abandona o homem de fina educação.
Penetrado da impossibilidade de retribuir o ultraje à senhora a quem havia amado, escutava imóvel, cogitando no
que lhe cumpria fazer; se matá-la a ela, matar-se a si, ou matar a ambos.Aurélia como se lhe adivinhasse o pen-
samento, esteve por algum tempo afrontando-o com inexorável desprezo.
– Agora, meu marido, se quer saber a razão por que o comprei de preferência a qualquer outro, vou dizê-la; e peço
que não me interrompa. Deixe-me vazar o que tenho dentro desta alma, e que há um ano a está amargurando e
consumindo. A moça apontou a Seixas uma cadeira próxima.
– Sente-se, meu marido.
Com que tom acerbo e excruciante lançou a moça esta frase, meu marido, que nos seus lábios ríspidos acerava-se
como um dardo ervado de cáustica ironia! Seixas sentou-se.
Dominava-o estranha fascinação dessa mulher, e ainda mais a situação incrível a que fora arrastado.
ALENCAR, José de. Senhora. São Paulo,
22. Considerando o fragmento do romance Senhora, assinale a alternativa CORRETA.
(A) A linguagem erudita e sofisticada, utilizada no texto de Alencar, aponta que o romance Senhora representa exclusi-
vamente ideologias defendidas pelos ideários racionalistas do Romantismo brasileiro.
(B) Aurélia, diante da indiferença que Seixas demonstra para com ela, não se intimida e revela para o marido todas as
intenções que a motivaram a comprá-lo como se compra um objeto a ser adquirido.
(C) No segundo parágrafo do fragmento em análise, fica evidente que a estética do romance romântico fundamenta-se
nos princípios e nos pressupostos defendidos pelas teorias positivistas.
(D) Na expressão “Meu marido”, presente no texto, o chamado amor romântico, fundamentado na inter-relação subjeti-
vidade e objetividade exacerbada, é evidenciado de maneira contundente e irrefutável.
(E) No quarto parágrafo, revelando tensão em seus sentimentos, Aurélia, reconhecendo que vive, há um ano, amargura
e consumição, decide explicar para Seixas o que a motivou a fazer do seu casamento uma negociação comercial.
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10. 23. Assinale V para as afirmações verdadeiras e F para
25. Considerando o texto,assinale a alternativa
as falsas.
CORRETA.
Com o Romantismo, o gênero romance começou a des-
pontar no Brasil significativamente. Os enunciados abaixo Língua Portuguesa
se referem a esse gênero e a essa produção específica.
Analise-os. Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
[ ] Mesmo sendo um escrito em versos, e o outro, em Ouro nativo, que na ganga impura
prosa, os gêneros epopeia e romance mantêm as A bruta mina entre os cascalhos vela...
mesmas caracte¬rísticas estruturais e de conteúdo.
[ ] No Brasil, os romances românticos representavam Amo-te assim, desconhecida e obscura,
os interesses e desejos de uma sociedade com as- Tuba de alto clangor, lira singela,
pirações à vida burguesa. Que tens o trom e o silvo da procela
[ ] José de Alencar foi um romancista que produziu na E o arrolo da saudade e da ternura!
fase de transição entre o Romantismo e o Realismo,
daí o caráter menos idealista de sua obra. Amo o teu viço agreste e o teu aroma
[ ] O romance ‘Senhora’, de José de Alencar, foca a De virgens selvas e de oceano largo!
comercialização das relações humanas, particular- Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
mente do casa¬mento aos moldes burgueses.
[ ] Em ‘Senhora’, José de Alencar cria Aurélia Camar- Em que da voz materna ouvi: “meu filho!”
go para satirizar a figura da mocinha romântica, um E em que Camões chorou, no exílio amargo,
traço marcante da protagonista da obra. O gênio sem ventura e o amor sem brilho!
BILAC, Olavo. Antologia Poética. São
Paulo, 1990.
(A) FFVVF (B) VFFVF (A) O soneto, nas suas quatro estrofes, traduz um senti-
(C) VVFVF (D) FVFVF mento subjetivo e uma métrica despreocupada com a
(E) VFFFV forma comum aos textos de Olavo Bilac e de outros
autores parnasianos, como Alberto de Oliveira.
24. Considerando a escola literária Realismo, assinale (B) “Última flor do Lácio” é uma expressão que demonstra
as afirmativas a seguir: o quanto a poesia de Bilac, claramente de natureza
parnasiana, cuidadosamente metrificada, apresenta a
1. Na prosa realista, diferentemente da estética literária mesma atenção no trato com o vocabulário erudito.
que a antecedeu, uma das características mais eviden- (C) O eu lírico, em todas as estrofes, por meio de versos
tes é o desejo e a necessidade do autor de buscar e pouco metrificados e linguagem desatenta à sintaxe
encontrar, na linguagem verbal, representação fiel à lusitana, faz uma ode à língua portuguesa, enfocando
realidade na sua concretude mais exata. o amor à pátria.
2. Memórias de um Sargento de Milícias é um romance (D) No poema de Olavo Bilac, a língua portuguesa é ho-
considerado de transição entre a estética romântica e a menageada. Da mesma maneira, em quase todos os
estética realista, todavia as características da estética seus poemas, Cruz e Sousa também tece homena-
realista, no desenvolvimento da história, em sua totali- gens à língua portuguesa e à maneira europeia de ver
dade, são predominantes. a vida.
3. No romance O Cortiço, Aluísio Azevedo inaugura no (E) O eu lírico, em vários versos do poema, adjetiva o
Brasil, as linhas diretrizes que irão nortear toda a es- idioma português com palavras que deixam transpa-
cola literária realista, fazendo notar que o subjetivismo, recer a despreocupação da estética parnasiana em
o nacionalismo ufanista, o sentimentalismo e o Mal do relação à métrica poética.
século são questões pouco relevantes.
4. Memórias Póstumas de Brás Cubas, também em razão
de sua temática e da maneira como é narrado, ilustra as
pretensões de Machado de Assis no que diz respeito à
crítica social que é feita aos costumes e ao comporta-
mento da época.
5. O Realismo emerge no Brasil, sob o seguinte lema: A
linguagem romântica consegue retratar a realidade da
vida tal qual a vida é. Isso implica dizer que o Realismo
precisa se aproximar da estética romântica, visando al-
cançar seus objetivos literários.
Estão CORRETAS
(A) 1, 2 e 4 (B) 1, 3 e 4
(C) 1, 3 e 5 (D) 2, 3 e 4 (E) 3, 4 e 5
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