2. GESTÃO DO SERVIÇO DE ENFERMAGEM
“Para que a Enfermagem atue eficientemente, necessita desenvolver
metodologia de trabalho fundamentada em método científico”
Wanda Aguiar Horta
Instrutora: Arlete Florio
4. A função primordial da Enfermagem é “prestar assistência ao indivíduo
sadio ou doente, família ou comunidade, no desempenho de atividades
para promover, manter ou recuperar a saúde”.
5. Além da ação de cuidar, a outra atividade desenvolvida pela
enfermagem é a de administrar, sendo esta última realizada
exclusivamente pelo enfermeiro, cujo papel é organizar, controlar e
favorecer as práticas de cuidar. (ALMEIDA & ROCHA 2007).
6. O conjunto de saberes da enfermagem abrange os saberes teóricos,
necessários para a compreensão do fenômeno “cuidado” do seu objeto, o
indivíduo/família/comunidade, das situações específicas e únicas
constituintes das interações pessoais; das organizações e instituições de
saúde; dos processos de trabalho; da cultura organizacional; dos produtos
e equipamentos em uso; das estratégias; estruturas; procedimentos;
protocolos e, entre outros componentes, atualizados e baseados em
evidências, visando à consolidação das melhores práticas na atenção ao
ser humano (BALSANELLI et al; 2008).
7. O processo de trabalho da Enfermagem envolve:
• Cuidar/assisitir;
• Administrar/gerenciar;
• Pesquisar/ensinar
8. No contexto hospitalar, predominam o Cuidar e o Gerenciar.
Dentro de uma hierarquia onde o Técnico de Enfermagem atua no
cuidado de menor complexidade, ao Enfermeiro cabem os cuidados de
maior complexidade e a atividade gerencial das unidades assistenciais e
do serviço.
9. As atividades de Gestão são parte integrante da prática de Enfermagem.
A constituição do saber de Administração na Enfermagem deu-se a partir da
necessidade de organizar os hospitais.
Desde o século XIX, a organização do ambiente terapêutico é parte
importante do trabalho da Enfermagem e, em especial, do Enfermeiro.
10. A equipe de Enfermagem é composta por um grande número de pessoas,
que executam atividades com diversos níveis de complexidade e
diversidade, divisão do trabalho, estabelecimento de relações entre cada
um, na busca de se coordenar esforços para o alcance do objetivo comum
proposto, ou seja, a prestação do cuidado de Enfermagem.
11. A responsabilidade do Enfermeiro pela assistência de enfermagem aos
usuários, em todos os espaços de atenção à saúde, exige a aplicação de
competências da Administração.
A organização é uma das funções básicas da Gestão/Administração em
todas as instituições, empresas ou organizações da sociedade,
juntamente com o planejamento, coordenação, liderança e avaliação
(LORENZETTI; ORO; MATOS; GELBCKE, 2014).
12. O Processo do Cuidar é feito a partir das Teorias da Enfermagem:
• Teoria Ambiental: Florence Nightingale
• Teoria das Necessidades Básicas: Virginia Henderson
• Teoria do Autocuidado: Dorothea Orem
• Teoria da Adaptação: Sister Calista Roy
• Teoria das Relações Interpessoais: Hildegard Peplau
• Teoria Holística: Myra E. Levine
• Teoria do Modelo Conceitual do Homem: Martha Rogers
• Modelo das Necessidades Humanas Básicas: Wanda Horta Teoria
• Teoria Alcance dos Objetivos: Imogenes King
O Processo Gerencial do Cuidar
13. A partir das Teorias de Enfermagem implanta-se o Processo de
Enfermagem (PE), que é um instrumento metodológico proposto para
guiar a Sistematização da Assistência e que deve ser orientado através do
referencial de uma das Teorias da Enfermagem.
No Brasil, o referencial teórico mais utilizado é o Modelo das Necessidades
Básicas, de Wanda Horta.
A Sistematização da Assistencia de Enfermagem (SAE) organiza o
trabalho da Enfermagem quanto a método, equipe e instrumentalização.
O Processo Gerencial do Cuidar
14. O PE e a SAE melhoram a comunicação interprofissional, prevenção de
erros, omissões e repetições desnecessárias, obtendo-se com isso uma
satisfação nos resultados.
Demonstram, de modo concreto, o alcance da atividade de enfermagem
O Processo Gerencial do Cuidar
Processo de Enfermagem x Sistematização da Assistência de Enfermagem:
definições distintas, complementares e não dissociadas
15. Bases Legais para a Implantação:
• Lei n° 7.498/1986 - exercício profissional;
• Decreto n° 94.406/1987;
• Resolução Cofen 272/2002;
• Resolução Cofen 358/2009;
• Resolução Cofen 564/2017 - Código de Deontologia de Enfermagem
Lei 7498/86; Decreto lei 94406/87;
• Resol. COFEN 159/97 – Cons. de Enfermagem;
• Resol. COFEN 267/01 – Home Care;
• Resol. COFEN 272/02 – SAE;
• Resol. COFEN 358/09- SAE.
O Processo Gerencial do Cuidar
16. Benefícios do PE e da SAE
• Aprimoramento teórico e científico da profissão.
• Padroniza a linguagem comum e a documentação informações relevantes.
• Facilita a comunicação com as equipes de enfermagem e multidisciplinar.
• Individualiza, organiza e prioriza o cuidado.
• Mantém o foco no que é importante.
• Utiliza o conhecimento na tomada de decisão clínica com o suporte de
evidências científicas.
• Forma hábitos de pensamento que ajudam o profissional a obter
confiança e habilidades necessárias para pensar nas situações clínicas,
teóricas e de teste.
O Processo Gerencial do Cuidar
17. Benefícios do PE e da SAE
• Maior segurança ao paciente/cliente, através da melhoria da
qualidade da assistência e da autonomia aos profissionais de
Enfermagem.
• É uma ferramenta útil no que se refere ao registro de informações,
garantindo uma base de dados à instituição.
• Beneficia o paciente/cliente-família-comunidade, garantindo um
levantamento completo de suas necessidades reais e potenciais.
O Processo Gerencial do Cuidar
18. Benefícios do PE e da SAE
• Usa sistemas de registros eletrônicos de saúde e de apoio decisório
que auxiliam a tomada de decisão (guias e protocolos).
• Acompanha a evolução da clientela assistida.
• Implementa intervenções fundamentadas em evidências científicas
(ciência baseada em evidencias).
• Facilitam no monitoramento dos indicadores de qualidade da
assistência de Enfermagem.
O Processo Gerencial do Cuidar
19. Segundo Sanna, “A organização do conhecimento sobre Administração
em Enfermagem não pode se desconectar dos referenciais da ciência da
Administração nem tampouco se limitar à reprodução destas”.
Na dimensão gerencial do processo de trabalho da Enfermagem
identificam-se as atividades de dimensionamento de quadro de pessoal,
qualificação e aprimoramento da equipe, auditoria e monitoramento de
indicadores de Enfermagem.
O Processo de Administrar e Gerenciar
20. Dimensionamento de quadro de pessoal:
O dimensionamento de pessoal de Enfermagem “é a etapa inicial do
processo de provimento de pessoal, que tem por finalidade a previsão da
quantidade de funcionário por categoria, requerida para suprir as
necessidades de assistência de Enfermagem, direta ou indiretamente
prestada à clientela”. (Veloso Antunes; Nascimento Costa, 2003)
O Processo de Administrar e Gerenciar
21. Dimensionamento de quadro de pessoal: Premissas
Resolução Cofen nº 543/2017 atualiza e estabelece parâmetros para o
Dimensionamento do Quadro de Profissionais de Enfermagem nos
serviços/locais em que são realizadas atividades de Enfermagem.
Os Parâmetros representam normas técnicas mínimas, constituindo-se em
referências para orientar os gestores e gerentes das instituições de saúde:
• No planejamento das ações de saúde;
• Na programação das ações de saúde;
• Na priorização das ações de saúde a serem desenvolvidas.
22. Dimensionamento de quadro de pessoal
O dimensionamento do quadro de profissionais de Enfermagem deve
basear-se nas seguintes características :
I – Do serviço de saúde: missão, visão, porte, política de pessoal, recursos
materiais e financeiros; estrutura organizacional e física; tipos de serviços
e/ou programas; tecnologia e complexidade dos serviços e/ou programas;
atribuições e competências, específicas e colaborativas, dos integrantes dos
diferentes serviços e programas e requisitos mínimos estabelecidos pelo
Ministério da Saúde;
23. Dimensionamento de quadro de pessoal
II – Do serviço de Enfermagem: aspectos técnico - científicos e
administrativos:
dinâmica de funcionamento das unidades nos diferentes turnos; modelo
gerencial; modelo assistencial (Processo de Enfermagem e SAE); métodos de
trabalho; jornada de trabalho; carga horária semanal; padrões de
desempenho dos profissionais; índice de segurança técnica (IST); proporção
de profissionais de enfermagem de nível superior e de nível médio e
indicadores de qualidade gerencial e assistencial;
III – Do paciente: grau de dependência em relação à equipe.
24. Dimensionamento de quadro de pessoal
Nos diapositivos 24 a 28 (*) apresentaremos as premissas básicas para o
dimensionamento de pessoal de Enfermagem com atuação direta com o
paciente na unidade hospitalar, sendo que além destes há outros
parametros a serem seguidos, de acordo com o local de atuação da
equipe, que devem ser seguidos por obrigatoriedade legal, como por
exemplo Centro Cirurgico, Central de Esterilização, Centro Diagnóstico,
Ambulatórios, Raio X, etc.
25. Dimensionamento de quadro de pessoal
Para as Unidades Assistenciais Ininterruptas/Internação (UAI) utiliza-se o
sistema de classificação (SCP) que estabelece as categorias do cuidado:
• Paciente de cuidados mínimos (PCM): paciente estável sob o ponto de
vista clínico e de Enfermagem e autossuficiente quanto ao atendimento
das necessidades humanas básicas;
• Paciente de cuidados intermediários (PCI): paciente estável sob o ponto
de vista clínico e de Enfermagem, com parcial dependência dos
profissionais de Enfermagem para o atendimento das necessidades
humanas básicas;
26. Dimensionamento de quadro de pessoal: SCP
• Paciente de cuidados de alta dependência (PCAD): paciente crônico,
incluindo o de cuidado paliativo, estável sob o ponto de vista clínico,
porém com total dependência das ações de enfermagem para o
atendimento das necessidades humanas básicas;
• Paciente de cuidados semi-intensivos (PCSI): paciente passível de
instabilidade das funções vitais, recuperável, sem risco iminente de morte,
requerendo assistência de enfermagem e médica permanente e
especializada;
• Paciente de cuidados intensivos (PCIt): paciente grave e recuperável, com
risco iminente de morte, sujeito à instabilidade das funções vitais,
requerendo assistência de enfermagem e médica permanente e
especializada.
27. Dimensionamento de quadro de pessoal
Para efeito de cálculo, como horas de Enfermagem, por paciente, nas 24
horas:
- 4 horas de enfermagem, por paciente, no cuidado mínimo;
- 6 horas de enfermagem, por paciente, no cuidado intermediário;
- 10 horas de enfermagem, por paciente, no cuidado de alta dependência;
- 10 horas de enfermagem, por paciente, no cuidado semi-intensivo;
- 18 horas de enfermagem, por paciente, no cuidado intensivo.
28. Dimensionamento de quadro de pessoal:
O SCP (Sistema de Classificação) e as seguintes proporções mínimas:
• Para cuidado mínimo e intermediário: 33% são enfermeiros e os demais
auxiliares e/ ou técnicos de enfermagem;
• Para cuidado de alta dependência: 36% são enfermeiros e os demais
técnicos e/ou auxiliares de enfermagem;
• Para cuidado semi-intensivos: 42% são enfermeiros e os demais técnicos de
enfermagem;
• Para cuidado intensivo: 52% são enfermeiros e os demais técnicos de
enfermagem.
A distribuição de profissionais por categoria do cuidado, referido acima,
deverá seguir o grupo de pacientes que apresentar a maior carga de trabalho.
29. Dimensionamento de quadro de pessoal:
Para efeito de cálculo devem ser consideradas, além do SCP, a proporção
profissional/paciente nos diferentes turnos de trabalho
• Cuidado mínimo: 1 profissional de enfermagem para 6 pacientes
• Cuidado intermediário: 1 profissional de enfermagem para 4 pacientes
• Cuidado de alta dependência: 1 profissional de enfermagem para 2,4
• Cuidado semi-intensivo: 1 profissional de enfermagem para 2,4
• Cuidado intensivo: 1 profissional de enfermagem para 1,33
30. Qualificação da Equipe de Enfermagem
Recomenda-se que qualificação da equipe seja feita através de 2 propostas:
A Educação Permanente em Enfermagem tem como objeto de
transformação o processo de trabalho, orientado para a melhoria da
qualidade dos serviços e para a equidade no cuidado. Parte, portanto, da
reflexão sobre o que está acontecendo no serviço e sobre o que precisa ser
transformado.
A Educação Continuada visa à melhoria e a qualidade na assistência
de enfermagem para o cliente sendo para os profissionais da saúde uma
alternativa de aprendizado.
31. Qualificação da Equipe de Enfermagem
A Educação em Serviço mostra-se um instrumento imprescindível para
qualificar o atendimento do profissional de enfermagem, visto que
contribui para uma assistência comprometida, competente, respaldada
em consistentes conhecimentos teóricos.Mediante o conhecimento
adquirido pela equipe de enfermagem, percebe-se que os trabalhadores
sentem- se valorizados ao perceber que tal investimento visa seu
crescimento profissional.( Jacondino e.t al, 2010).
32. Auditoria e Indicadores de Enfermagem
A busca pela qualidade no serviço de enfermagem pode ser definida como
grau de conformidade a padrões e critérios estabelecidos, que pode ser
medida por indicadores específicos.
Os indicadores de qualidade em enfermagem (conforme ANA- American
Nurses Association) são definidos como aqueles que demonstram os
cuidados de enfermagem prestados quanto ao resultado no paciente,
através de instrumentos aperfeiçoados de mensuração e avaliação
objetiva .
O Processo de Administrar e Gerenciar
33. Auditoria e Indicadores de Enfermagem
Os resultados dos indicadores de enfermagem podem demonstrar as
condições em que a assistência de enfermagem é prestada.
O resultado dos indicadores não medem diretamente a qualidade de um
serviço, mas é a sua análise que permite uma comparação entre um fato e a
meta.
Para cada local de atuação da equipe de enfermagem é possivel mensurar a
qualidade do serviço com indicadores específicos, como por exemplo no
Centro Cirurgico, no Serviço de Hemodiálise, etc.
O Processo de Administrar e Gerenciar
34. Auditoria e Indicadores de Enfermagem
Nos diapositivos abaixo apresentamos exemplos de indicadores de
enfermagem a partir do O Manual de Enfermagem do Núcleo de Apoio a
Gestão Hospitalar (NAGEH), do CQH.
• Incidência de queda de Paciente
• Incidência de Extubação não Planejada de Cânula Endotraqueal
• Incidência de Saída Não Planejada de Sonda Oro/Nasogastroenteral
para Aporte Nutricional
• Incidência de Úlcera por Pressão
O Processo de Administrar e Gerenciar
35. Auditoria e Indicadores de Enfermagem
INDICADORES ASSISTENCIAIS:
• Incidência de Lesão de Pele
• Incidência de Erro de Medicação
• Incidência de Quase Falha Relacionada ao Processo de Administração de
Medicação
• Incidência de Flebite
• Incidência de Extravasamento de Contraste
O Processo de Administrar e Gerenciar
36. Auditoria e Indicadores de Enfermagem
INDICADORES ASSISTENCIAIS:
• Incidência de Extravasamento de Droga Antineoplásica em pacientes
ambulatoriais
• Incidência de Extravasamento de Droga Antineoplásica em Pacientes
Internados
• Incidência de Perda de Cateter Central de Inserção Periférica
• Incidência de Perda de Cateter Venoso Central
• Incidência de Instrumentais Cirúrgicos com Sujidade
O Processo de Administrar e Gerenciar
37. Auditoria e Indicadores de Enfermagem
INDICADORES DE GESTÃO:
• Horas de Assistência de Enfermagem (Unidades de Internação)
• Horas de Enfermeiro (Unidades de Internação)
• Horas de Técnicos/Auxiliares de Enfermagem (Unidades de Internação)
• Horas de Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva
• Horas de Enfermeiros em Unidades de Terapia Intensiva
O Processo de Administrar e Gerenciar
38. Auditoria e Indicadores de Enfermagem
• Horas de Técnicos e Auxiliares de Enfermagem em UTI
• Indice de Treinamento de Profissionais de Enfermagem
• Taxa de Absenteísmo de Profissionais de Enfermagem
• Taxa de Rotatividade de Profissionais de Enfermagem (Turn Over)
• Taxa de Acidente de Trabalho de Profissionais de Enfermagem
O Processo de Administrar e Gerenciar
39. Ensinar e Pesquisar
No ambiente hospitalar o serviço de enfermagem desenvolve atividades
de ensino e pesquisa por meio de parcerias com universidades, através
da cessão de campos de estagio para gradução, pós-graduação,
mestrado, doutorado e residencia em Enfermagem, além da atuação.
A importância dessas parcerias reflete-se no aprimoramento e na
qualificação da equipe de enfermagem.
O Processo de Administrar e Gerenciar
40. Acho que os sentimentos se perdem nas palavras.
Todos deveriam ser tranformados em ações.
E em ações que tragam resultados.
Florence Nightgale
41. Enfª. ARLETE FLORIO
Enfermeira formada pela PUC Campinas. Pós-graduada em: Licenciatura em
Enfermagem pela PUC Campinas; em Administração Hospitalar pelo Centro
Universitário São Camilo Gerenciamento de Enfermagem pelo Centro
Universitário São Camilo, Gestão em Serviços Públicos de Saúde pela FGV,
Gestão em Meios de Hospedagem pelo SENAC.
Experiência de Gestão: Gerente de Enfermagem no Hospital Municipal
Menino Jesus, Gerente de Serviços de Apoio Hospital Infantil Menino
Jesus/IRS Sirio Libanês, Supervisora Técnica Regional da Coordenadoria de
Saúde Centro.
INSTRUTORA