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Perspectiva crítica do atendimento e
do manejo da crise em saúde mental
em emergências de hospitais gerais
Texto base:
Paulon, S. M; Alice Chaves, G. C. R.; Leite, A. L. S; Nogueira, C. S.; De Castro, D.
D.; Pereira, L. C. D. V.; Londero, M. F. P. & Trepte, R. F. (2012).O foco míope:
apontamentos sobre o cuidado à crise em saúde mental em emergências de
hospitais gerais. Revista Polis e Psique, 2 (3), 73-92
A única medida da patologia
deveria ser o sofrimento e não a
inadequação a um sistema ele
próprio patológico.
Foucault, Os Anormais, 2014
CRISE EM SAÚDE MENTAL
○ Como vimos, para Caplan (1979), a crise é “um estado em que a pessoa,
colocada diante de um obstáculo, vê-se repentinamente paralisada, pois lhe é
impossível transpor tal obstáculo com o uso de métodos costumeiros de
resolução de problemas”
○ Como tal acontecimento nos aparece?
REDE DE ATENÇÃO À CRISE
○ A intersecção do poder médico com o
disciplinar/jurídico levaram à lógica
psiquiátrica asilar  o cuidado era
restrito à exclusão;
○ Situações de crise eram vistas como
crônicas e não recebiam o que se entende
hoje como cuidado adequado;
○ A reformulação da lógica de cuidado,
traz a Rede de Atenção Psicossocial
como possibilidade territorializada,
hierarquizada e continuada  a crise é
localizada. (A mulher que chora, Picasso, 1937)
REDE DE ATENÇÃO À CRISE
○ Regulação da vida a partir dos discursos psiquiátrico e psicológico:
lógicas de cuidado em saúde mental.
Pessoa
“paciente
psiquiátrico”
Manicômio RAPS
REDE DE ATENÇÃO À CRISE
URGENCIA E EMERGENCIA
Uma emergência corresponde a um
‘processo com risco iminente de vida,
diagnosticado e tratado nas primeiras
horas após sua constatação’.
Já a urgência significa ‘um processo
agudo clínico ou cirúrgico, sem risco
de vida iminente’. Nesse caso há risco
de evolução para complicações mais
graves ou mesmo fatais, porém, não
existe um risco iminente de vida
GIGLIO-JACQUEMOT, A. Definições de urgência e emergência: critérios e
limitações. In: Urgências e emergências em saúde: perspectivas de
profissionais e usuários [online]. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2005.
Antropologia e Saúde collection, pp. 15-26. ISBN 978-85-7541-378-4.
ATENÇÃO HOSPITALAR
“Alta médica” até a
próxima queixa
Este padrão baseado na
solução de problemas e
sucesso procedimental é
reproduzível na atenção
ao sofrimento psíquico?
ATENDIMENTO EM
URGÊNCIA E EMERGÊNCIA
○ Acolhimento como postura ética e como tecnologia relacional de
escuta, construção de vínculo, garantia do acesso com
responsabilização e resolutividade dos serviços.
○ “No acolhimento, os pacientes relatam o seu problema e a partir daí é triado de
acordo com a classificação de risco”
○ “Rápido, efetivo e estabilizado”
○ Como surge esta comparação com o filme “Tempos Modernos”? A subjetividade e
o sofrimento psíquico é passível de tal repetição?
ACOLHIMENTO E
CLASSIFICAÇÃO DE RISCO
○ Até mesmo Freud, em 1909, em uma de suas conferências, aponta para a
dificuldade, que beira o desconforto, da equipe de saúde (na época restrita ao
profissional médico) em lidar com o sofrimento psíquico agudizado. Segundo ele,
por não compreender este acontecimento, os profissionais sentem-se “leigos”,
“posição nada agradável a quem tenha em alta estima o próprio saber”.
Assim, estas pessoas ficam alheias à simpatia dos profissionais e classificadas
como transgressoras às leis da ciência e como punição, são acusadas de
simulação e exagero.
○ A emergência e as intervenções ali realizadas são sempre marcadas pelo tempo:
Tempo real (cronológico) x Tempo de quem sofre x Angústia de quem cuida
SAÚDE MENTAL E
EMERGÊNCIA
SAÚDE MENTAL E
EMERGÊNCIA
Tempo real
(cronológico)
Tempo de
quem sofre
Tempo de
quem cuida
Temporalidades do cuidado
em emergência
○ Integrante da equipe multiprofissional;
○ Motivo dos atendimentos: diagnóstico de doenças crônicas, situações de crise em
saúde mental, tentativa de suicídio, morte e luto, sofrimento psíquico relacionado à
condição de adoecimento, uso de álcool e outras drogas, abandono e/ou negligência
familiar, violência sexual, etc.  espaços em que a subjetividade e o sofrimento ficam
evidentes: choro.
○ Atendimentos na perspectiva da Psicologia da Saúde.
○ A atuação na emergência hospitalar só ganha sentido se estiver inserida na Rede
de Saúde disponível no município.
○ CUIDADO: por ser integrante da equipe, facilmente a lógica do tempo e da
negação da queixa psicológica como algo passível de tratamento ali: “Se tem o IPq,
por que atendemos aqui?
○ O sintoma circula!
SEVIÇO DE PSICOLOGIA
NESTE CONTEXTO
DISCUSSÃO DE CASO
○ Claudia, 24 anos, natural e procedente de Florianópolis. Casada há 2
anos, mora no bairro Carvoeira com o marido nos fundos da casa de sua
mãe. Possui dois irmãos, um deles diagnosticado com esquizofrenia e
acompanhado pelo CAPS Ponta do Coral. Trabalha como Auxiliar de
Serviços Gerais. Claudia teve infecção urinária de repetição em 2014, mas
tratou na UBS de referência e foi advertida a usar com mais cautelas os
Equipamentos de Segurança no Trabalho. Faz uso de bebida alcóolica
diariamente.
○ Desde que ficou desempregada, passou a ter pouca fome, trocar o dia
pela noite e verbalizar sentimentos de desesperança em relação ao seu
futuro.
○ Na última semana, os familiares perceberam oscilação de humor de
grande frequência, confusão mental eventual (esquecimentos evidentes,
palavras trocadas, sentimentos e falas paranoides, etc).
○ Contudo, como todos integrantes da rede apoio de Claudia trabalham
fora, ela fica sozinha em casa a maior parte do tempo
DISCUSSÃO DE CASO
○ Percebendo seus sintomas, no sábado, Claudia decide sozinha buscar
apoio na Emergência do HU, uma vez que quer voltar a se sentir bem para
poder buscar um novo emprego.
○ No acolhimento, é recebida pela enfermeira plantonista que, escuta as
queixas de Claudia, afere sua pressão, mede a temperatura (12x80 mmHg,
36,5°C) e avisa que ela será classificada como verde. Além disso, diz que a
fila de espera está muito grande e que o atendimento não tem previsão de
horário.
○ Claudia espera por 8h o atendimento e, num dado momento, começa a
verbalizar às pessoas ao seu redor que está ouvindo algumas vozes. Grita,
agita-se na sala de espera e cai se debatendo no chão, sem convulsão.
○ A enfermeira a coloca para dentro da Emergência, que está lotada e sem
possibilidade de permanência para medicação.
○ O estagiário da medicina é solicitado para o atendimento. Faz anamnese,
acolhe a queixa de Claudia, a qual está ainda agitada e com sentimentos
persecutórios.
DISCUSSÃO DE CASO
○ Ao passar a situação para a médica plantonista, a conduta médica é de
contê-la quimicamente e chamar pelo serviço de psicologia, uma vez
que na avaliação do estagiário ela não apresentava nenhum outro
agravo “clínico/orgânico” de saúde.
○ Realizada a conduta, com Claudia já dormindo, são informados pela
enfermeira do setor que o serviço de psicologia só funciona a partir de
segunda feira e que não haveria atendimento naquele momento.
○ Deixam encaminhamento para atendimento psicológico na segunda.
○ Após acordar, Claudia segue com pensamento confuso e sintomas
paranoides com alucinações visuais e auditivas. A equipe sente-se
ameaçada e, no final do plantão, pensando na “integridade” da equipe
e dos pacientes internados na unidade, encaminham Claudia para o
IPq para emergência psiquiátrica.
○ Agora já acompanhada do marido, Claudia é atendida lá e optam por
interna-la, levando em consideração seus sintomas e histórico
familiar.
DISCUSSÃO DE CASO
○ Claudia é medicada. Muito medicada. Dorme durante todo o primeiro
dia de internação. Acorda bem, solicitando a alta. Ao sair os primeiros
exames laboratoriais, constata-se carência severa de tiamina (vitamina
B1), Síndrome de Wernicke-Korsakoff, não configurando um quadro
psiquiátrico com necessidade de internação em instituição
psiquiátrica.
○ É re-encaminhada para o HU para fazer tratamento hospitalar de
manejo de sintomas e reposição vitamínica.
○ É atendida pelo serviço de psicologia e encaminhada para
acompanhamento em psicoterapia.
QUESTÕES
○ Como foi realizado o acolhimento de Claudia? Podemos dizer que foi
um acolhimento?
○ Quais as questões fizeram com que a enfermeira classificasse Claudia
como alguém com “pouco ou nenhum risco”, ainda que ela tenha
exposto seu sofrimento psíquico com sintomas psicóticos?
○ O que é possível refletir acerca da conduta da equipe de saúde no
atendimento de Claudia na Unidade de Urgência e Emergência?
○ E o Serviço de Psicologia? Onde estava? O que poderia fazer? Como
profissional da psicologia, qual seria a função, manejo e conduta na
primeira entrada de Claudia na Unidade de Urgência e Emergência?
○ Considerando a história de Claudia, é possível separar o que é
“orgânico” e o que é “mental”?
○ Qual a função da Emergência de um Hospital Geral em casos de crise
em saúde mental?

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Atenção Psicológica em Emergência de Hospital Geral em situações de crise de saúde mental

  • 1. Perspectiva crítica do atendimento e do manejo da crise em saúde mental em emergências de hospitais gerais Texto base: Paulon, S. M; Alice Chaves, G. C. R.; Leite, A. L. S; Nogueira, C. S.; De Castro, D. D.; Pereira, L. C. D. V.; Londero, M. F. P. & Trepte, R. F. (2012).O foco míope: apontamentos sobre o cuidado à crise em saúde mental em emergências de hospitais gerais. Revista Polis e Psique, 2 (3), 73-92
  • 2. A única medida da patologia deveria ser o sofrimento e não a inadequação a um sistema ele próprio patológico. Foucault, Os Anormais, 2014
  • 3. CRISE EM SAÚDE MENTAL ○ Como vimos, para Caplan (1979), a crise é “um estado em que a pessoa, colocada diante de um obstáculo, vê-se repentinamente paralisada, pois lhe é impossível transpor tal obstáculo com o uso de métodos costumeiros de resolução de problemas” ○ Como tal acontecimento nos aparece?
  • 4. REDE DE ATENÇÃO À CRISE ○ A intersecção do poder médico com o disciplinar/jurídico levaram à lógica psiquiátrica asilar  o cuidado era restrito à exclusão; ○ Situações de crise eram vistas como crônicas e não recebiam o que se entende hoje como cuidado adequado; ○ A reformulação da lógica de cuidado, traz a Rede de Atenção Psicossocial como possibilidade territorializada, hierarquizada e continuada  a crise é localizada. (A mulher que chora, Picasso, 1937)
  • 5. REDE DE ATENÇÃO À CRISE ○ Regulação da vida a partir dos discursos psiquiátrico e psicológico: lógicas de cuidado em saúde mental. Pessoa “paciente psiquiátrico” Manicômio RAPS
  • 6. REDE DE ATENÇÃO À CRISE
  • 7. URGENCIA E EMERGENCIA Uma emergência corresponde a um ‘processo com risco iminente de vida, diagnosticado e tratado nas primeiras horas após sua constatação’. Já a urgência significa ‘um processo agudo clínico ou cirúrgico, sem risco de vida iminente’. Nesse caso há risco de evolução para complicações mais graves ou mesmo fatais, porém, não existe um risco iminente de vida GIGLIO-JACQUEMOT, A. Definições de urgência e emergência: critérios e limitações. In: Urgências e emergências em saúde: perspectivas de profissionais e usuários [online]. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2005. Antropologia e Saúde collection, pp. 15-26. ISBN 978-85-7541-378-4.
  • 8. ATENÇÃO HOSPITALAR “Alta médica” até a próxima queixa Este padrão baseado na solução de problemas e sucesso procedimental é reproduzível na atenção ao sofrimento psíquico?
  • 9. ATENDIMENTO EM URGÊNCIA E EMERGÊNCIA ○ Acolhimento como postura ética e como tecnologia relacional de escuta, construção de vínculo, garantia do acesso com responsabilização e resolutividade dos serviços.
  • 10. ○ “No acolhimento, os pacientes relatam o seu problema e a partir daí é triado de acordo com a classificação de risco” ○ “Rápido, efetivo e estabilizado” ○ Como surge esta comparação com o filme “Tempos Modernos”? A subjetividade e o sofrimento psíquico é passível de tal repetição? ACOLHIMENTO E CLASSIFICAÇÃO DE RISCO
  • 11. ○ Até mesmo Freud, em 1909, em uma de suas conferências, aponta para a dificuldade, que beira o desconforto, da equipe de saúde (na época restrita ao profissional médico) em lidar com o sofrimento psíquico agudizado. Segundo ele, por não compreender este acontecimento, os profissionais sentem-se “leigos”, “posição nada agradável a quem tenha em alta estima o próprio saber”. Assim, estas pessoas ficam alheias à simpatia dos profissionais e classificadas como transgressoras às leis da ciência e como punição, são acusadas de simulação e exagero. ○ A emergência e as intervenções ali realizadas são sempre marcadas pelo tempo: Tempo real (cronológico) x Tempo de quem sofre x Angústia de quem cuida SAÚDE MENTAL E EMERGÊNCIA
  • 12. SAÚDE MENTAL E EMERGÊNCIA Tempo real (cronológico) Tempo de quem sofre Tempo de quem cuida Temporalidades do cuidado em emergência
  • 13. ○ Integrante da equipe multiprofissional; ○ Motivo dos atendimentos: diagnóstico de doenças crônicas, situações de crise em saúde mental, tentativa de suicídio, morte e luto, sofrimento psíquico relacionado à condição de adoecimento, uso de álcool e outras drogas, abandono e/ou negligência familiar, violência sexual, etc.  espaços em que a subjetividade e o sofrimento ficam evidentes: choro. ○ Atendimentos na perspectiva da Psicologia da Saúde. ○ A atuação na emergência hospitalar só ganha sentido se estiver inserida na Rede de Saúde disponível no município. ○ CUIDADO: por ser integrante da equipe, facilmente a lógica do tempo e da negação da queixa psicológica como algo passível de tratamento ali: “Se tem o IPq, por que atendemos aqui? ○ O sintoma circula! SEVIÇO DE PSICOLOGIA NESTE CONTEXTO
  • 14. DISCUSSÃO DE CASO ○ Claudia, 24 anos, natural e procedente de Florianópolis. Casada há 2 anos, mora no bairro Carvoeira com o marido nos fundos da casa de sua mãe. Possui dois irmãos, um deles diagnosticado com esquizofrenia e acompanhado pelo CAPS Ponta do Coral. Trabalha como Auxiliar de Serviços Gerais. Claudia teve infecção urinária de repetição em 2014, mas tratou na UBS de referência e foi advertida a usar com mais cautelas os Equipamentos de Segurança no Trabalho. Faz uso de bebida alcóolica diariamente. ○ Desde que ficou desempregada, passou a ter pouca fome, trocar o dia pela noite e verbalizar sentimentos de desesperança em relação ao seu futuro. ○ Na última semana, os familiares perceberam oscilação de humor de grande frequência, confusão mental eventual (esquecimentos evidentes, palavras trocadas, sentimentos e falas paranoides, etc). ○ Contudo, como todos integrantes da rede apoio de Claudia trabalham fora, ela fica sozinha em casa a maior parte do tempo
  • 15. DISCUSSÃO DE CASO ○ Percebendo seus sintomas, no sábado, Claudia decide sozinha buscar apoio na Emergência do HU, uma vez que quer voltar a se sentir bem para poder buscar um novo emprego. ○ No acolhimento, é recebida pela enfermeira plantonista que, escuta as queixas de Claudia, afere sua pressão, mede a temperatura (12x80 mmHg, 36,5°C) e avisa que ela será classificada como verde. Além disso, diz que a fila de espera está muito grande e que o atendimento não tem previsão de horário. ○ Claudia espera por 8h o atendimento e, num dado momento, começa a verbalizar às pessoas ao seu redor que está ouvindo algumas vozes. Grita, agita-se na sala de espera e cai se debatendo no chão, sem convulsão. ○ A enfermeira a coloca para dentro da Emergência, que está lotada e sem possibilidade de permanência para medicação. ○ O estagiário da medicina é solicitado para o atendimento. Faz anamnese, acolhe a queixa de Claudia, a qual está ainda agitada e com sentimentos persecutórios.
  • 16. DISCUSSÃO DE CASO ○ Ao passar a situação para a médica plantonista, a conduta médica é de contê-la quimicamente e chamar pelo serviço de psicologia, uma vez que na avaliação do estagiário ela não apresentava nenhum outro agravo “clínico/orgânico” de saúde. ○ Realizada a conduta, com Claudia já dormindo, são informados pela enfermeira do setor que o serviço de psicologia só funciona a partir de segunda feira e que não haveria atendimento naquele momento. ○ Deixam encaminhamento para atendimento psicológico na segunda. ○ Após acordar, Claudia segue com pensamento confuso e sintomas paranoides com alucinações visuais e auditivas. A equipe sente-se ameaçada e, no final do plantão, pensando na “integridade” da equipe e dos pacientes internados na unidade, encaminham Claudia para o IPq para emergência psiquiátrica. ○ Agora já acompanhada do marido, Claudia é atendida lá e optam por interna-la, levando em consideração seus sintomas e histórico familiar.
  • 17. DISCUSSÃO DE CASO ○ Claudia é medicada. Muito medicada. Dorme durante todo o primeiro dia de internação. Acorda bem, solicitando a alta. Ao sair os primeiros exames laboratoriais, constata-se carência severa de tiamina (vitamina B1), Síndrome de Wernicke-Korsakoff, não configurando um quadro psiquiátrico com necessidade de internação em instituição psiquiátrica. ○ É re-encaminhada para o HU para fazer tratamento hospitalar de manejo de sintomas e reposição vitamínica. ○ É atendida pelo serviço de psicologia e encaminhada para acompanhamento em psicoterapia.
  • 18. QUESTÕES ○ Como foi realizado o acolhimento de Claudia? Podemos dizer que foi um acolhimento? ○ Quais as questões fizeram com que a enfermeira classificasse Claudia como alguém com “pouco ou nenhum risco”, ainda que ela tenha exposto seu sofrimento psíquico com sintomas psicóticos? ○ O que é possível refletir acerca da conduta da equipe de saúde no atendimento de Claudia na Unidade de Urgência e Emergência? ○ E o Serviço de Psicologia? Onde estava? O que poderia fazer? Como profissional da psicologia, qual seria a função, manejo e conduta na primeira entrada de Claudia na Unidade de Urgência e Emergência? ○ Considerando a história de Claudia, é possível separar o que é “orgânico” e o que é “mental”? ○ Qual a função da Emergência de um Hospital Geral em casos de crise em saúde mental?