Este estudo identificou o perfil e nível de satisfação de uma equipe de enfermagem que trabalha na Central de Material Esterilizado de um hospital em Curitiba. A maioria dos trabalhadores são adultos maduros com menos de 3 anos de experiência na unidade e consideram seu trabalho extremamente importante, apesar de sentirem falta de reconhecimento por outros profissionais do hospital.
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PERFIL E SATISFAÇÃO NO TRABALHO DE UMA EQUIPE DE
ENFERMAGEM NA CENTRAL DE MATERIAL ESTERILIZADO
Marilize Sonntag Okoinski1
, Walderes Aparecida Filus2
RESUMO
Objetivo: Identificar o perfil e a satisfação do trabalhador de enfermagem que atua na Central de Material
Esterilizado.
Métodos: Pesquisa quantitativa, desenvolvida em um Hospital de alta complexidade, localizado na região
Central de Curitiba. A população foi constituída por 13 colaboradores, técnicas e auxiliares de enfermagem
atuantes na Central de Material Esterilizado. Os profissionais foram convidados a participar da pesquisa,
seguido da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Todos receberam o questionário no
início do plantão, o qual foi recolhido ao término da aplicação e posteriormente analisado.
Resultados: Este estudo nos mostrou uma população em plena fase de produção e com grande capacidade de
qualificação. Os dados apontam que os trabalhadores atuantes na CME, 75%, estão há menos de 3 anos nesta
unidade, sendo que 91,67% dos profissionais atribuem importância máxima ao seu trabalho. Muitos
trabalhadores (50%) referiam à necessidade dessa unidade ser valorizada pelos demais colaboradores do
hospital. Foi identificado também que 75% dos profissionais não têm interesse em deixar de trabalhar na
CME.
Conclusão: Os trabalhadores que fizeram parte desta pesquisa são, na sua maioria, adultos maduros que
consideram o seu trabalho de importância máxima, satisfeitos nas funções desenvolvidas e que apontaram o
pouco reconhecimento do seu trabalho por outros profissionais da instituição, ficando a sugestão de trabalhos
que divulgue e conscientize a importância que esta unidade possui dentro do serviço hospitalar.
Palavras-chave: Enfermagem, satisfação no emprego, trabalho.
ABSTRACT
Objective: To identify the profile and work satisfaction of the nursing staff at the Sterilized Material Centre.
Methods: quantitative research, carried out at a high-complexity hospital located in the central region of
Curitiba/Parana State, Brazil. The population entailed 13 employees, nursing assistants and aides working at
the Sterilized Material Centre. The professionals were invited to participate in the study and later signed the
Informed Consent Form. The questionnaire was delivered at the beginning of the shift, collected at the end of
it and later analyzed.
Results: This study showed a population in its full production phase, and with great capacity of qualification.
The data indicate that 75% of the workers from the SMC are less than 3 years in this sector and among them,
91.67% attach utmost importance to their work, but 50% of workers reported the need of the sector to be
valued by other employees of the hospital. It was also identified that 75% of the professionals have no interest
in leaving the SMC.
Conclusion: The employees that took part in this research are mostly mature adults who see the importance
of their work, are satisfied with the tasks they develop and pointed out the little recognition of their work by
other professionals in the institution, suggesting that educational work should be carried out in order to
disclose and be recognized the importance of this sector within the hospital.
Keywords: Nursing, job satisfaction , work
_________________________________________________________________________
1. Graduanda do Curso de Enfermagem da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná.
2. Especialista em Administração Hospitalar. Docente do Curso de Enfermagem, da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da
Universidade Tuiuti do Paraná. UTP - Campus: Prof. Sydnei Lima Santos (Barigüi), Rua Sydnei A. Rangel Santos, 238, Cep.: 82.010-
330 Curitiba – Paraná. E-Mail: silus@terra.com.br.
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INTRODUÇÃO
A Central de Material Esterilizado (CME) tem grande importância dentro de um
serviço hospitalar, visto que prioriza a limpeza, desinfecção e esterilização de materiais.
Cabe a ela, a guarda de materiais e a distribuição deles para as unidades de origem. Deve
ser de fácil localização, ou seja, em área de fácil acesso a todos que necessitam deste
serviço, como Centro Cirúrgico (CC) Geral ou Obstétrico (CO), Unidades de Terapia
Intensiva (UTIs), Pronto Socorro (PO),Pronto Atendimento (PA), Ambulatórios,
Hemodinâmica e outros.
Nos ensinamentos de Santos (2003), é compreendido como uma unidade específica,
com serviço próprio, independente do centro cirúrgico, com o objetivo de cuidar de todo o
material inerente à instituição; material cirúrgico ou não.
Porém, nem sempre foi assim, conforme estudos publicados por Silva (1998),
algumas décadas atrás, os materiais eram processados e esterilizados nas próprias unidades
de permanência dos pacientes, sem muita preocupação com o preparo do pessoal para
trabalhar com processamento e esterilização e os trabalhadores não eram fixos nesta função
porque a prioridade era assistência ao cliente. Com a complexidade dos procedimentos e
surgimento de muitos novos materiais e formas de processamento e esterilização essa
atividade, passou a ser centralizada, em uma unidade.
Segundo Silva (1995), os trabalhadores de enfermagem encaminhados para
trabalhar nessa unidade eram os considerados não aptos a trabalhar na assistência direta ao
paciente, os próximos à aposentadoria, os com problemas de saúde, com problemas de
relacionamento com os colegas entre outros fatores, caracterizando desvalorização de
trabalhadores desta unidade.
Pela história do surgimento da unidade central de material esterilizado e o processo
de trabalho que passa a ser lidar com material e não com assistência direta ao paciente,
verifica-se uma maior dificuldade para se conseguir trabalhadores de enfermagem
interessados nessa atividade que envolve o reprocessamento de artigos médicos
hospitalares.
Silva (1998) enfatiza que a grande evolução tecnológica, onde frequentemente
novos tipos de materiais, com "design" e matéria prima diferentes que demandam
processamentos especiais; embalagens diferenciadas para os inúmeros equipamentos de
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esterilização, mais sofisticados e complexos , requerem maior conhecimentos e preparo dos
trabalhadores de enfermagem.
Hoje, para construção, reformas ou adaptações, nos estabelecimento de saúde
devem atender a RDC nº50 da ANVISA, de 21 de fevereiro de 2002, com mudança no
texto pela RDC nº 307, de 14 de novembro de 2002, que dispõe sobre o Regulamento
Técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de
estabelecimentos assistências de saúde. Para a CME cada atividade define um ambiente
obrigatório, quantidade, dimensões mínimas e instalações necessárias (SOBECC, 2009).
O trabalho na CME pode ser comparado ao de uma indústria, pela necessidade de
uma grande demanda na produtividade e processamento de materiais. No entanto, percebe-
se pouca atenção dispensada aos trabalhadores no que tange à motivação e satisfação
pessoal no trabalho. Muitas vezes, o grande e contínuo volume de trabalho resulta em
descontentamento nos seguintes aspectos: treinamento precário, desvalorização do serviço,
distanciamento do cuidado direto ao paciente. (SILVA, 1999).
Para Oliveira, Albuquerque e Rocha (1998), o serviço na CME deve ser prestado
com qualidade e quantidade, e para isto deve ter uma Enfermeira(o) que tenha capacitação,
responsabilidade e dinamismo para trabalhar com sua equipe. Deve ter senso crítico na
contratação dos funcionários, capacitados com conhecimento técnico e específico. A
Enfermeira responsável deve organizar educação permanente para a equipe, abordando
temas pertinentes ao serviço, para manter os funcionários atualizados.
Conforme Spector ( 2003), a Satisfação no Trabalho “é uma variável de atitude que
reflete como uma pessoa se sente com relação ao trabalho de forma geral e em seus vários
aspectos”.
Carvalho et.al (2006) compreendem que satisfação no trabalho é o quanto as
pessoas gostam do seu trabalho, sendo causas de realização dos funcionários e das
organizações. Os mesmos autores realizaram estudo avaliando satisfação no trabalho em
relação ao líder direto. O resultado obtido foi que o líder ao criar estratégias para que os
colaboradores, acaba motivando-os, tendo-os sempre satisfeitos com o trabalho e, como
consequência, haverá retorno financeiro à organização .
Para West e Lisboa (2001), um trabalhador insatisfeito pode influenciar
negativamente toda uma equipe em sua área de trabalho. É função do enfermeiro(a), líder
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da equipe, atentar para que esta insatisfação não venha prejudicar as atividades e o
desenvolvimento do pessoal.
O líder deve ser um enfermeiro que tenha plena condição de assumir uma equipe
com segurança, competência, atitude e organização. Estas qualidades transmitem aos
funcionários confiança e conseqüente satisfação dos mesmos. (KURCGANT, 1991).
Para Kwasnicka (1995), o líder é tido como uma pessoa capaz de influenciar outras
em seu ambiente de trabalho, ou em qualquer outra atividade. Para o mesmo autor, liderar é
saber lidar com mudanças dentro de uma organização. As alterações que ocorrem dentro de
uma instituição demandam sempre uma liderança eficaz.
Poucos são os estudos publicados sobre a satisfação e qualificação dos
trabalhadores que atuam na CME. Por não trabalhar diretamente com a assistência prestada
ao paciente, esses trabalhadores referem ser poucos valorizados dentro do seu serviço.
Portanto, o presente estudo pretende avaliar o perfil e a satisfação dos trabalhadores
que laboram na CME.
OBJETIVO
Identificar o perfil e a satisfação do trabalhador de enfermagem que atua na Central
de Material Esterilizado.
MÉTODOS
A pesquisa foi realizada na CME de um Hospital de Alta Complexidade, com 150
leitos, localizado na região central de Curitiba.
Para realização desta pesquisa, optou-se pelo estudo de natureza quantitativa.
Segundo Oliveira (1998), a pesquisa quantitativa tem como a característica principal
análise de dados, através da construção de gráficos e tabelas, com o intuito de garantir um
resultado mais preciso. Os dados foram coletados com aplicação de um questionário
elaborado por West e Lisboa (2001).
Os participantes convidados para esta pesquisa foram 13 profissionais da equipe de
enfermagem, sendo elas técnicas e auxiliares, sendo que uma funcionária não se habilitou a
participar. O principal quesito para o preenchimento do questionário foi pertencer ao corpo
de enfermagem e ser funcionário da CME.
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O projeto passou por apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
Tuiuti do Paraná; após a aprovação e autorização da gerência de enfermagem do hospital
iniciou-se a coleta de dados do dia 20/03/09 a 01/04/09.
Aos participantes foi apresentado e explicado sobre o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (TCLE). O questionário foi entregue no início do plantão, e recolhido
no fim do expediente, o instrumento continha a identificação e caracterização da
população: idade, tempo de trabalho na CME, tempo de trabalho na área de enfermagem e
questões relacionadas à satisfação do trabalhador.
Após a coleta dos dados, estes foram apresentados na forma de gráficos, analisados
e discutidos comparando com trabalhos que abordam o assunto.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para analisar os resultados obtidos na pesquisa, optou-se pela formulação de
gráficos nas questões de múltipla escolha. A questão aberta foi analisada de acordo com as
respostas mais citadas. A amostra correspondeu a 92,31% da população investigada.
Analisando o gráfico 1 referente à caracterização da população quanto à idade, pode
–se verificar que o trabalhador que labora na CME, apresenta na sua maioria idade superior
a 36 anos, sendo acima de 45 anos (41,66%); de 36 a 44 anos (41,66%) e apenas (16,7%)
com idade de 26 a 35 anos.
Na pesquisa realizada por West e Lisboa (2001), a população é constituída
majoritariamente com a faixa etária de idade entre 26 a 35 anos, logo após vem à população
com idade entre 36 a 44 anos, e por último prevalecem a população com mais de 45 anos.
Diante do exposto, verificamos uma diferença significante de idade entre as
populações estudadas, visto que neste setor estudado, a população é constituída de adultos
maduros e na pesquisa de West e Lisboa a idade predominante foi de adultos jovens, ou
seja, os de idade entre 26 a 35 anos.
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Gráfico 1- Caracterização da população quanto à idade. Curitiba, 2009.
36 a 44 anos
41,66%
26 a 35 anos
16,7%Acima de 45
anos
41,66%
26 a 35 anos
36 a 44 anos
Acima de 45 anos
O gráfico 2 nos mostra que a maioria dos trabalhadores que laboram na CME tem
menos de 3 anos de trabalho nesta unidade. Apenas 25% têm mais de 3 anos de trabalho na
CME, já no estudo realizado por West e Lisboa (2001), o que prevaleceu foi a presença de
profissionais com menos de 5 anos de trabalho na CME, com a minoria da população que
afirmou possuir mais de 11 anos de experiência nesta área.
Gráfico 2 - Caracterização da população quanto ao tempo de trabalho na CME. Curitiba,
2009.
Mais de 3
anos
25%
Menos de 3
anos
75%
Mais de 3 anos
Menos de 3 anos
O gráfico 3 nos mostra que 50% da população estudada são técnicas de
enfermagem, outras 50% são auxiliares. O registro em carteira equivale à função
desenvolvida, ou seja, 50% são registrados como Técnicas de Enfermagem e os outros 50%
como Auxiliares de Enfermagem. Sabemos que em muitos serviços existem profissionais
que embora sejam técnicos de enfermagem atuam como auxiliares de enfermagem.
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Gráfico 3 - Função desenvolvida e Registro em Carteira Técnico/ Auxiliar. Curitiba, 2009.
Função desenvolvida e registro em carteira
Técnica de
Enfermagem
50%
Auxiliar de
Enfermagem
50%
Técnica de
Enfermagem
Auxiliar de
Enfermagem
De acordo com o gráfico 4, os fatores que mais facilitam o trabalho são em primeiro
lugar o ambiente agradável com 21,42%, seguidos de bom relacionamento interpessoal
com (19,05%), atuação da chefia com (16,7%), autonomia no trabalho e espírito
colaborativo da equipe com (14,28%), e com (11,90%) a divisão de tarefas, ou seja, acham
que a divisão de tarefas não são suficientes para suprir a necessidade do setor. O fator
menos referido foi à reciclagem na área (2,38%), evidenciando a sua necessidade no
trabalho. Nesta pesquisa, o relacionamento interpessoal e a autonomia foram apontados em
2º e 4º lugar, respectivamente. Nos ensinamentos de Santos e Filho (1995), o bom
relacionamento interpessoal e a autonomia no trabalho têm sido apontados como
importantes fatores necessários para a satisfação no trabalho.
No estudo realizado por West e Lisboa (2001), prevaleceu o espírito colaborativo
da equipe e o bom relacionamento interpessoal, e em terceiro lugar ficou o ambiente
agradável, ao contrário desta pesquisa onde o ambiente agradável prevaleceu.
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Gráfico 4 - Fatores que facilitam o desempenho das atividades diárias na CME. Curitiba,
2009.
14,28
14,28
16,7
11,9
2,38
21,42
19,05
Ambiente agradável
Bom relacionamento
interpessoal
Atuação da chefia
Autonomia no trabalho
Espirito colaborativo da equipe
Divisão das tarefas
Reciclagem na área
Segundo o gráfico 5, 91,67% consideram a sua rotina profissional com interesse
máximo, e 8,33% acham que o trabalho desempenhado possui média importância.
Na medida em que o trabalho é visto como importante para o trabalhador, este
representa um caminho na realização profissional e na satisfação (SANTOS e
FILHO,1995).
Na pesquisa realizada por West Lisboa (2001), encontramos uma população que
considera sua rotina profissional com máxima e de muito valor. Respectivamente, neste
estudo, foi possível encontrar profissionais que consideram sua rotina profissional com
máxima e média importância.
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Gráfico – 5 Distribuição do grau de importância conferido pelos colaboradores do CME
ao trabalho desempenhado. Curitiba, 2009.
000
91,67
8,33
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Nenhuma
importância
Pouca Média Muita
importância
Importância
máxima
Conforme o gráfico 6, 58,3% da população declararam encontrar-se plenamente
satisfeitos; 33,4% parcialmente satisfeito e 8,3% insatisfeito.
Já na pesquisa realizada por West e Lisboa (2001), verificamos que nenhum
profissional relatou encontrar-se insatisfeito, ao fim de cada plantão. A prevalência foi de
profissionais parcialmente satisfeitos (57%), ao contrário do que se encontrou nesta
pesquisa, onde a maioria relatou estar plenamente satisfeita.
De acordo com Sant'Anna e Antunes (1996), entende-se por satisfação o
estado em que o trabalhador se sente satisfeito. Um profissional que esteja insatisfeito com
o trabalho pode influenciar negativamente o clima organizacional, fazendo com que os
companheiros de trabalho adotam uma postura semelhante.
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Gráfico 6 – Distribuição do grau de satisfação apresentado pelos trabalhadores ao final
de cada plantão. Curitiba, 2009.
58,3
33,4
8,3
0
10
20
30
40
50
60
Plenamente
satisfeito
Parcialmente
satisfeita
Insatisfeito
Segundo o gráfico 7, 83,3% dos entrevistados afirmaram que os recursos materiais e
o espaço físico não são adequados para o desempenho de sua função. E apenas 16,7%
afirmaram que o espaço físico e os recursos materiais são adequados para o
desenvolvimento de sua função.
De acordo com Salzano, Silva e Watanabe (1990), tem se observado nos hospitais
brasileiros, com algumas exceções, instalações físicas, recursos materiais e humanos não
estão de acordo com as necessidades do setor e isso pode ser um gerador de insatisfação no
trabalho.
Gráfico 7- Distribuição quanto o espaço físico da unidade e os recursos materiais
adequados para o desempenho da função. Curitiba, 2009.
Não
83,3%
Sim
16,7%
Sim
Não
11. Perfil e satisfação no trabalho de uma equipe ... – pp. 66-80
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Segundo o gráfico 8, 58,3% dos colaboradores consideram a relação com o colega
de trabalho bom, 25% regular e 16,7% consideram a relação ótima.
Segundo Santos e Filho (1995), a relação do pessoal de enfermagem é marcada por
dificuldades de relacionamento, proveniente de vários fatores, como a divisão social do
trabalho.
Esta pesquisa nos mostrou que a maioria dos participantes considera o
relacionamento dos funcionários bom ou ótimo, o que contradiz a opinião de Santos e Filho
(1995) quando afirma haver dificuldades de relacionamento entre o pessoal de
enfermagem.
Gráfico 8 - Distribuição da opinião quanto à relação interequipe. Curitiba, 2009.
Bom
58,3%
Ótimo
16,7%
Regular
25%
Ótimo
Bom
Regular
De acordo com o gráfico 9, 75% dos colaboradores não têm interesse em trabalhar
em outro setor, já 25% têm interesse em trabalhar em outro setor.
Ao contrário da afirmação de Silva (1998) de que os trabalhadores de enfermagem
raramente optam por trabalhar na CME, e que este é um local desprezado por eles, grande
parte dos colaboradores envolvidos nesta pesquisa não tem interesse em atuar em outro
setor do hospital.
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Gráfico 9- Distribuição quanto ao interesse em trabalhar em outra unidade. Curitiba,
2009.
Não
75%
Sim
25%
Sim
Não
Entre os comentários mais citados pelos colaboradores gráfico 10, destacamos a
necessidade de maior reconhecimento da unidade. Para Silva (1998), o trabalho envolvido
na CME é de vital importância para a prestação dos cuidados aos pacientes, uma vez que os
materiais utilizados nos procedimentos devem estar esterilizados, e em condições seguras
para o seu uso.
O segundo item, mais votado, foi a melhoria no espaço físico. Conforme já
mencionado por Salzano, Silva e Watanabe (1990), alguns hospitais não possuem
instalações físicas adequadas para o desempenho das atividades. Desde 2002, a construção,
reformas ou adaptações dos estabelecimentos de saúde devem atender à RDC nº50 da
ANVISA, de 21 de fevereiro de 2002 .
Os demais comentários foram mencionados apenas uma vez, como pode ser
verificado no gráfico 10.
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Gráfico 10-Comentários e sugestões citadas pelos colaboradores entrevistados. Curitiba,
2009.
12,5%
25%
50%
12,5%
Necessidade de maior
reconhecimento do setor
Melhoria do espaço físico
Necessidade de mais
união entre os
funcionários
Está ótimo em termos de
organização e união da
equipe
Este estudo nos apresentou uma população com idade madura, em plena fase de
produção exercendo suas atividades, na maioria com menos de 3 anos. Os dados obtidos
divergem dos achados de Silva (1999) que em sua pesquisa, final dos anos 90, o Centro de
Material apresentava-se como “destino final” do trabalhador, próximo da aposentadoria.
Na análise estatística dos dados, referentes aos fatores que facilitam o desempenho
das atividades diárias na CME, o que predominou foi o ambiente agradável seguido do bom
relacionamento interpessoal. No que nos ensina Sant, Anna e Antunes (1996), as condições
ambientais não são suficientes para induzir um estado de motivação, de disposição ou
vontade de trabalhar, uma combinação do ambiente de trabalho e do conteúdo do trabalho
que compõem as forças, um sem o outro é ineficaz. Para que os fatores de satisfação
tenham efeito desejado sobre o desempenho, é preciso que o trabalho ofereça um grau de
desafio para o trabalhador.
Em relação ao grau de satisfação apontada pelos trabalhadores, encontramos uma
população que afirma estar plenamente satisfeita. De acordo com Santos e Filho (1995), as
pesquisas sobre satisfação no trabalho demonstram que não é fácil apontar fatores capazes
de influir no comportamento das pessoas, e é complexo compreender e intervir para que
ocorra mudança de atitude.
Em analogia à pesquisa realizada por West e Lisboa (2001), encontramos uma
população com características semelhantes.
14. Perfil e satisfação no trabalho de uma equipe ... – pp. 66-80
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CONCLUSÃO
O estudo apresentou uma equipe de trabalhadores de enfermagem em idade madura
que considera seu trabalho de importância máxima, com a maior parte da equipe satisfeita
com suas funções desempenhadas, sendo poucas as trabalhadoras com intenção de sair
deste unidade de trabalho.
Apesar de apontarem satisfação no trabalho, os participantes desta pesquisa
apontaram que o central de material esterilizada é pouco reconhecida e valorizada pelos
profissionais de outras partes integrantes do hospital, ficando como sugestão trabalhos
educativos de divulgação da importância do trabalho desempenhado pele equipe de
enfermagem dessa unidade.
Outro fator bastante apontado foi à melhoria no espaço físico. Para que se possa ter
um trabalho com qualidade é necessário investir na planta física da unidade,
proporcionando aos trabalhadores condições adequadas para realização de suas atividades
diárias. Deve contar, portanto, com a enfermeira responsável do setor, para que comunique
as suas instâncias, a respeito da necessidade da melhoria do espaço físico.
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