O documento discute como a cibercultura e as novas tecnologias estão transformando a educação de forma cooperativa e emancipatória, promovendo o conhecimento coletivo, a autonomia do aluno e novas formas de aprendizagem baseadas na interatividade e construção compartilhada do saber.
2. CIBERCULTURA Para Pierre Lévy, o ciberespaço é um universo de informações e de seres humanos que navegam e alimentam esse universo. É a virtualização da comunicação.
3. Conhecimento Coletivo Cada indivíduo tem saberes e experiências próprias e conforme adquire novos conhecimentos a rede de comunicação onde ele está inserido, evolui com ele. O aprendizado cooperativo, estabelece novas formas de relacionamento com o saber.
4. Cibercultura e Sociedade A formação de uma Sociedade Cibercultural Permite relacionamentos em tempo real de diferentes formas e exige um comprometimento das Escolas na formação de indivíduos autônomos dispostos a solucionar e reelaborar conceitos.
5. A EDUCAÇÃO As novas tecnologias educacionais estão promovendo uma educação emancipatória. Existe uma co-autoria na disseminação do conhecimento produzido.
6. A NOVA EDUCAÇÃO Formas cooperativas de construção desse conhecimento, superam a competitividade, são solidárias, e se tornam uma alternativa de trabalho.
7.
8. O SUJEITO A interatividade faz com que o indivíduo seja autor e ator, deixando de ser um simples espectador. A comunicação entre indivíduos; entre homens e máquinas e entre usuários e serviços, elevam a condição do indivíduo a Sujeito Operativo.
9. EDUCAÇÃO – REDE A comunicação de vários sujeitos, com diferentes pontos de vista, selecionando e elegendo uma mesma trajetória é a construção coletiva de uma nova compreensão sobre determinado tema, fenômeno ou objeto.
10. NOVO PARADIGMA O HIPERTEXTO É a conexão entre documentos construídos coletivamente, permitindo a participação de escritores e leitores ativamente na elaboração dos textos. O hipertexto é uma obra com várias entradas, onde o leitor/navegador escolhe seu percurso
11. A DOCÊNCIA Os professores deixarão de ser meros disparadores de lições-padrão. Estão se convertendo em formuladores de interrogações, coordenadores de equipes de trabalhos e sistematizadores de experiências em interfaces online.
12. CONCLUSÃO Uma Pedagogia sustentada por uma nova forma de comunicação. A Cybercultura A Interatividade. Cooperação, participação e múltiplas conexões entre autores.
Notas do Editor
Paul Pierre Lévy - Judeu -Francês - Tunísia 1956. Qualquer reflexão séria sobre os sistemas de educação e formação na cibercultura deve apoiar-se numa análise prévia da mutação contemporânea da relação com o saber.
A maioria das competências adquiridas por uma pessoa no começo da sua vida profissional vão se tornar obsoletas no fim de sua carreira. Trabalhar equivale cada vez mais a aprender, transmitir saberes e produzir conhecimentos. O ciberespaço suporta tecnologias intelectuais que ampliam, exteriorizam e alteram muitas funções cognitivas humanas, como: a memória; a imaginação; a percepção; o raciocínio.
As novas tecnologias da inteligência individual e coletiva estão modificando profundamente a educação e a formação dos indivíduos. O que deve ser aprendido não está podendo mais ser planejado, nem precisamente definido de maneira antecipada.
Com o desenvolvimento da Cibercultura percebemos que a diversificação cultural ficou muito mais forte, o que possibilita à sociedade, um acesso sem fronteiras às informações, tornando a cultura algo muito mais democrático.
Ainda que as escolas e as universidades possam estar perdendo progressivamente seu monopólio de criação e transmissão do conhecimento, o sistema de ensino deve assumir uma nova missão, a de orientar os percursos individuais do saber. Desta forma as instituições estarão contribuindo para o efetivo reconhecimento do conjunto do aprendizado.
A construção do conhecimento a partir de práticas educacionais ligadas ao aprendizado colaborativo envolve três princípios importantes: a interação; a mediação; a participação ativa. O sucesso da aplicação de métodos colaborativos depende da criação de ambientes adequados para a cooperação, sejam eles presenciais ou não (Graves, 1994).
Um dos principais produtos resultantes da revolução da tecnologia da informação foi o computador. Junto com ele, a Internet, a rede que integra todos os computadores ao redor do mundo, quebrando barreiras espaço-temporais.
Um expectador é um agente ativo, quando decodifica as mensagens que recebe. Segundo Lévy, a comunicação por “mundos virtuais” é mais interativa até que a comunicação telefônica ao possibilitar hoje, uma interação com as imagens.
Hoje é evidente e tangível para todos, que o conhecimento passou definitivamente para o lado do indominável. (Lévy 1999) Ao contrário da oralidade arcaica, o carregador direto do saber não seria mais a comunidade física e sua memória carnal, mas sim o ciberespaço. Um mundo virtual onde as mais diversas comunidades descobrem e constroem seus objetos e se conhecem como coletivos inteligentes.
Atrás do grande Hipertexto está borbulhando uma multidão e suas relações. No ciberespaço, o saber não pode mais ser concebido como algo abstrato ou transcendente. Está se tornando cada vez mais evidente e até tangível em tempo real, que esse saber expressa uma população. Assim, ao contrário do que imagina uma minoria, sobre uma possível “frieza” do ciberespaço, as redes digitais interativas são potentes fatores de personalização ou encarnação do conhecimento.
A função do docente não pode mais ser só a de difundir os conhecimentos. Ele deve incentivar o aprender e pensar. O docente está se tornando um animador da inteligência coletiva. A sua atividade é principalmente o acompanhamento e o gerenciamento dos aprendizados.
O que está em jogo na cibercultura, tanto no plano da redução dos custos como no do acesso de todos à educação, não é tanto a passagem do «presencial» para a «distância» e, tampouco, da escrita e do oral tradicionais para a «multimídia». É sim a transição entre uma educação e uma formação estritamente institucionalizada (escola, universidade) e uma situação de intercâmbio generalizado dos saberes. É o ensino da sociedade por ela mesma, de reconhecimento autogerido, móvel e contextual das competências. Nesse quadro, o papel do poder público haveria de ser: 1) garantir a cada um uma formação elementar de qualidade; 2) permitir para todos um acesso aberto e gratuito a mediatecas, centros de orientação, documentação e autoformação, a pontos de entrada no ciberespaço, sem negligenciar a indispensável mediação humana do acesso ao conhecimento; 3) regular e animar uma nova economia do conhecimento, na qual cada indivíduo, cada grupo, cada organização sejam considerados como recursos potenciais de aprendizado ao serviço de percursos de formação contínuos e personalizados.