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DISSERTAÇÃO
ARGUMENTATIVA
REDAÇÃO ENEM
PROFª. LILIAN REGINA GOBBI BACHI
2
COMO É A
PROVA DE
REDAÇÃO
DO ENEM?
candidato deverá defender uma tese – uma
opinião a respeito do tema proposto –, apoia-
da em argumentos consistentes, estrutura-
dos com coerência e coesão, formando uma
unidade textual. O candidato também deverá
elaborar uma proposta de intervenção social
para o problema apresentado no desenvolvi-
mento do texto que respeite os direitos hu-
manos.
A prova de redação do Enem requer que o
candidato produza um texto em prosa, re-
digido de acordo com a modalidade escrita
formal da língua portuguesa, do tipo disser-
tativo-argumentativo, sobre um tema que
pode ser de ordem social, científica, cultural
ou política. A banca avaliará as competências
que o aluno deve ter desenvolvido durante
os anos de escolaridade. Nessa redação, o
AFINAL, O QUE É UMA
DISSERTAÇÃO
ARGUMENTATIVA?
A Dissertação Argumentativa é o tipo de
texto que demonstra, por meio de argumen-
tação, a assertividade de uma ideia ou de
uma tese. É mais do que uma simples ex-
posição de ideias; por isso, o aluno não deve
elaborar um texto de caráter apenas expos-
itivo, devendo assumir claramente um ponto
de vista. O texto dissertativo-argumentativo
se organiza na defesa de um ponto de vista
sobre determinado assunto. É fundamentado
com argumentos, para influenciar a opinião
do leitor, com o propósito de convencê-lo de
que a ideia defendida está correta. É preci-
so, portanto, expor e explicar as ideias. Daí a
sua dupla natureza: é argumentativo porque
3
defende uma tese, uma opinião, e é disserta-
tivo porque se utiliza de explicações para jus-
tificá-la. O objetivo desse texto é, em última
análise, convencer o leitor de que o ponto de
vista em relação à tese apresentada é acer-
tado e relevante. Para tanto, quem escreve
mobiliza informações, fatos e opiniões, à luz
de um raciocínio coerente e consistente.
O que será considerado na
correção da sua redação?
A planilha de correção do Enem atribui nota
de 0 a 1000 (zero a mil) pontos à Redação
e leva em consideração algumas competên-
cias que dizem respeito ao conhecimento
desenvolvido pelos alunos ao longo de sua
escolaridade. São cinco as competências
analisadas pela banca e cada uma delas têm
valor de 0 a 200 (zero a duzentos) pontos:
COMPETÊNCIA 1: o aluno deve demonstrar
domínio da modalidade escrita formal da lín-
gua portuguesa. Esse campo avaliativo leva
em consideração se o candidato tem domínio
das regras de ortografia, de acentuação grá-
fica e de pontuação. Além disso, é avaliado
o conhecimento de construção sintática do
aluno e o uso da linguagem formal, isto é, a
ausência de uso de registro informal (como
gírias) e/ou de marcas de oralidade e a escol-
ha vocabular realizada no momento da escri-
ta, ou seja, o emprego de vocabulário preciso,
o que significa que as palavras selecionadas
devem ser usadas em seu sentido correto e
são apropriadas para o texto.
COMPETÊNCIA 2: é necessário que o aluno
compreenda a proposta de redação e aplique
conceitos das várias áreas de conhecimento
para desenvolver o tema, dentro dos limites
estruturais do texto dissertativo-argumen-
tativo em prosa. Nesse campo de avaliação,
a banca corretora considera a capacidade
do aluno de desenvolver a leitura dos textos
de apoio e do comando de produção e com-
preender o recorte temático delimitado pela
proposta. No entanto, espera-se que o aluno
não fique preso apenas às ideias apresenta-
das nos textos motivadores, mas as amplie a
partir de seu conhecimento prévio. É preci-
so estar atento para desenvolver com apro-
fundamento a temática e não apenas tan-
genciá-la, ou seja, partir de uma abordagem
parcial baseada somente no assunto mais
amplo a que o tema está vinculado, deixando
em segundo plano a discussão em torno do
eixo temático objetivamente proposto.
COMPETÊNCIA 3: o candidato deve sele-
cionar, relacionar, organizar e interpretar in-
formações, fatos, opiniões e argumentos em
defesa de um ponto de vista/tese. Assim, é
importante que o candidato apresente, clara-
mente, uma ideia a ser defendida e os argu-
mentos que justifiquem a posição assumida
em relação à temática da proposta. A com-
petência 3 avalia a inteligibilidade do texto
e a coerência entre as ideias apresentadas,
então o aluno precisa apresentar uma visão
sistêmica quanto à organização textual. Para
isso, é preciso que o texto obedeça à uma es-
trutura que apresente na introdução o tema,
o enfoque temático e a tese; desenvolvi-
mento que aponte estratégias argumentati-
vas que defendam a tese apontada; e con-
clusão com a retomada da tese, reforço dos
argumentos e proposta de intervenção para
os problemas apontados ao longo do texto.
COMPETÊNCIA 4: é fundamental ao can-
didato demonstrar conhecimento dos me-
canismos linguísticos necessários para a
construção da argumentação. Nesse campo,
serão avaliados os aspectos formais do tex-
to, isto é, os elementos que garantem coesão
textual e que estabelecem uma conexão en-
tre os parágrafos. Assim, o aluno deve fazer
uso de mecanismos coesivos (preposições,
conjunções, advérbios, locuções, pronomes
de referenciação) que além de “amarrarem”
uma ideia à outra estabeleçam relação de
sentido entre elas: de igualdade, de adversi-
4
traga uma problematização do tema, que
ao longo do texto seja ampliada pelos argu-
mentos. Na proposta de intervenção, o aluno
deve apontar medida(s) coerente(s) com aq-
uilo que foi discutido em sua argumentação.
É necessário sinalizar uma ação concreta,
isto é: o que fazer, como fazer, quem deve ser
o agente, de onde sairão os recursos para vi-
abilizar a proposta e quais os efeitos que se
espera da ação.
dade, de causa-consequência, de conclusão,
etc. É importante que o aluno construa
parágrafos escritos em períodos compostos,
para que a leitura do texto tenha fluidez e
para que evite falhas de coesão.
COMPETÊNCIA 5: a prova de redação ex-
ige a elaboração de uma proposta de inter-
venção para o problema abordado que res-
peite os direitos humanos. Nesse sentido,
é preciso que a tese apontada inicialmente
Quadro com níveis de desempenho que serão avaliados em cada competência:
NOTA COMPETÊNCIA 1 COMPETÊNCIA 2 COMPETÊNCIA 3 COMPETÊNCIA 4 COMPETÊNCIA 5
200
PONTOS
Demonstra exce-
lente domínio da
modalidade escrita
formal da língua
portuguesa e de
escolha de registro.
Desvios gramaticais
ou de convenções
da escrita serão
aceitos somente
como excepcionali-
dade e quando não
c a r a c t e r i z a r e m
reincidência.
Desenvolve o tema
por meio de argu-
mentação consis-
tente, a partir de
um repertório
s o c i o c u l t u r a l
produtivo e apre-
senta excelente
domínio do texto
dissertativo-argu-
mentativo.
Elabora muito bem
proposta de inter-
venção, detalhada,
relacionada ao
tema e articulada à
discussão desen-
volvida no texto.
160
PONTOS
Demonstra bom
domínio da modali-
dade escrita formal
da língua portugue-
sa e de escolha de
registro, com
poucos desvios
gramaticais e de
convenções da
escrita.
Desenvolve o tema
por meio de argu-
mentação consis-
tente e apresenta
bom domínio do
texto dissertativo-
-argumentativo,
com proposição,
argumentação e
conclusão.
Apresenta infor-
mações, fatos e
opiniões relacio-
nados ao tema, de
forma organizada,
com indícios de
autoria, em defesa
de um ponto de
vista.
Elabora bem
proposta de inter-
venção relacionada
ao tema e articula-
da à discussão
desenvolvida no
texto.
120
PONTOS
Demonstra domínio
mediano da modali-
dade escrita formal
da língua portugue-
sa e de escolha de
registro, com alguns
desvios gramaticais
e de convenções da
escrita.
Desenvolve o tema
por meio de argu-
mentação previsí-
vel e apresenta
domínio mediano
do texto dissertati-
vo-argumentativo,
com proposição,
argumentação e
conclusão.
Apresenta infor-
mações, fatos e
opiniões relacio-
nados ao tema,
limitados aos
argumentos dos
textos motivado-
res e pouco orga-
nizados, em
defesa de um
ponto de vista.
Elabora, de forma
mediana, proposta
de intervenção
relacionada ao
tema e articulada à
discussão desen-
volvida no texto.
5
80
PONTOS
Apresenta infor-
mações, fatos e
opiniões relacio-
nados ao tema,
mas desorganiza-
dos ou contraditó-
rios e limitados
aos argumentos
dos textos moti-
vadores, em
defesa de um
ponto de vista.
40
PONTOS
Apresenta o
assunto, tangen-
ciando o tema, ou
demonstra domínio
precário do texto
dissertativo-argu-
mentativo, com
traços constantes
de outros tipos
textuais.
Apresenta infor-
mações, fatos e
opiniões pouco
relacionados ao
tema ou incoeren-
tes e sem defesa
de um ponto de
vista.
Articula as partes
do texto de forma
precária.
Apresenta propos-
ta de intervenção
vaga, precária ou
relacionada apenas
ao assunto.
0
PONTOS
Demonstra desco-
nhecimento da
modalidade escrita
formal da língua
portuguesa.
Fuga ao tema/não
atendimento à
estrutura disserta-
tivo-argumentati-
va. Nestes casos a
redação recebe
nota 0 (zero) e é
anulada.
Apresenta infor-
mações, fatos e
opiniões não rela-
cionados ao tema
e sem defesa de
um ponto de vista.
Não articula as
informações.
Não apresenta
proposta de inter-
venção ou apre-
senta proposta não
relacionada ao
tema ou ao assun-
to.
Quais elementos podem fazer seu texto ser desclassifi-
cado, ou seja, receber nota 0 (zero)?
Fiqueatento(a)!
→ Fuga total ao tema, ou seja, se nem mesmo
o assunto mais geral da proposta for aborda-
do. ATENÇÃO: Não basta apenas usar uma
palavra ou apontar o tema no título, ele deve
ser discutido ao longo do texto.
→ Não obediência à estrutura do texto dis-
sertativo-argumentativo, o texto deve ter in-
trodução, desenvolvimento e conclusão, mas
além disso deve apresentar tema, enfoque
temático, tese, argumentos, comprovações e
proposta de intervenção e não fazer uso de
1ª pessoa do singular e nem de interlocuções
com o leitor, pois estes dois últimos elemen-
tos não fazem parte da tipologia textual ex-
igida.
→ Extensão com menos de 7 linhas, pois este
é o mínimo proposto pela banca.
→ Cópia integral de texto(s) motivador(es) da
Proposta de Redação e/ou de texto(s) mo-
tivador(es) apresentado(s) no Caderno de
Questões ou ainda de outros textos que alu-
no tenha decorado e caracterizam plágio.
6
→ Impropérios, desenhos e outras formas
propositais de anulação (tais como números
ou sinais gráficos fora do texto).
→ Parte deliberadamente desconectada do
tema proposto, como letra de músicas, re-
ceitas, etc.
→ Assinatura, nome, apelido ou rubrica fora
do local devidamente designado para a assi-
natura do participante.
→ Texto predominantemente em língua es-
trangeira.
→ Folha de redação em branco, mesmo que
haja texto escrito na folha de rascunho.
ESTRUTURA TEXTUAL: COMO ORGANI-
ZAR A DISSERTAÇÃO ARGUMENTATIVA?
Como já dissemos antes, a dissertação argu-
mentativa é composta de três partes muito
importantes: introdução, desenvolvimento e
conclusão. Há diferentes formas de constru-
ir e organizar cada uma dessas partes e isso
vai depender diretamente da proposta de
produção da redação. Vejamos:
A introdução de todo texto dissertativo-ar-
gumentativo deve apresentar três elemen-
tos básicos: tema + enfoque temático + tese.
O tema é o assunto mais geral da proposta,
já o enfoque temático diz respeito ao recorte
que será realizado dentro do tema proposto;
e a tese representa o ponto de vista/ a opin-
ião do aluno a respeito de determinado tema.
Veja o exemplo:
Proposta: As consequências da diminuição
da maioridade penal no Brasil.
Nesta proposta, temos como tema geral
a “maioridade penal”, é sobre ela que o alu-
no deverá discutir, no entanto o enfoque
temático deste texto deve girar em torno das
“consequências”, isto é, dentro desse tema a
discussão será sobre as consequências que
a diminuição da maioridade penal pode traz-
er para o Brasil. Diante disso, é necessário
que o candidato assuma um posicionamento
sobre aquilo que ele acredita serem as con-
sequências dessa medida, por exemplo: a
medida agrava o problema de superlotação
nos presídios e não contribui com a resso-
cialização do detento. Assim, todo o desen-
volvimento argumentativo do aluno deve es-
tar pautado exatamente nesses dois pontos
apresentados na tese.
A apresentação do tema, por sua vez, pode
se dar de diferentes maneiras. É possível
que o aluno use: modos de intertextualidade
com filmes, livros, poemas, músicas, séries
e outros; contextualização histórica; dados
estatísticos ou pesquisas; notícias; citações
de pessoas especializadas no assunto;
pequenas narrativas ilustrativas; compara-
ções entre fatos, situações, épocas ou lu
ares distintos; definições.
Veja os exemplos que seguem:
Intertextualidade:
No livro 1984 de George Orwell, é retratado um futuro
distópico em que um Estado totalitário controla e ma-
nipula toda forma de registro histórico e contemporâ-
neo, a fim de moldar a opinião pública a favor dos gov-
ernantes. Nesse sentido, a narrativa foca na trajetória
de Winston, um funcionário do contraditório Ministério
da Verdade que diariamente analisa e altera notícias
e conteúdos midiáticos para favorecer a imagem do
Partido e formar a população através de tal ótica.
Redação de Lucas Felpi (Enem 2018)
Contexto histórico:
No Brasil, o início do processo de educação de surdos
remonta ao Segundo Reinado. No entanto, esse ato
não se configurou como inclusivo, já que se caracter-
izou pelo estabelecimento de um “apartheid” educa-
INTRODUÇÃO
1
7
trabalho, no início da noite. Antes mesmo de chegar ao
ponto em que tomaria o ônibus é surpreendida por um
grupo de jovens que se dirigem a ela com adjetivos
pejorativos e em poucos minutos a tiram do caminho
e a violam. Histórias como essa ilustram as capas de
jornais e denunciam a violência contra as mulheres di-
ariamente. Ação que tem forte ligação com a cultura
patriarcal e com a falta de efetividade da lei.
Redação cedida por Luiz Gustavo Soares
Comparação:
Na antiga Esparta, crianças com deficiência eram as-
sassinadas, pois não poderiam ser guerreiras, profis-
são mais valorizada na época. Na contemporaneidade,
tal barbárie não ocorre mais, porém há grandes dificul-
dades para garantir aos deficientes – em especial os
surdos – o acesso à educação, devido ao preconceito
ainda existente na sociedade e à falta de atenção do
Estado à questão.
Redação de Mariana Camelier Mascarenhas (Enem
2017)
Definição:
Se o conceito censitário de publicidade entende o
uso de recursos estilísticos da linguagem, a exemplo
da metáfora e das frases de efeito, como atrativo na
vendagem de produtos, a manipulação de instrumen-
tos a serviço da propaganda infantil produz efeitos que
dão margem mais visível ao consumo desnecessário.
Com base nisso, estabelecem-se propostas de de-
bate social acerca do limite de conteúdos designados
a comerciais televisivos que se dirigem a tal público.
Redação de José Querino de Macêdo Neto (Enem
2014)
cional, ou seja, uma escola exclusiva para tal público,
segregando-o dos que seriam considerados “normais”
pela população.
Redação de Marcus Vinícius (Enem 2017)
Dados estatísticos:
A violência contra a mulher no Brasil tem apresenta-
do aumentos significativos nas últimas décadas. De
acordo com o Mapa da Violência de 2012, o número de
mortes por essa causa aumentou em 230% no perío-
do de 1980 a 2010. Além da física, o balanço de 2014
relatou cerca de 48% de outros tipos de violência con-
tra a mulher, dentre esses a psicológica. Nesse âm-
bito, pode-se analisar que essa problemática persiste
por ter raízes históricas e ideológicas.
Redação de Amanda Carvalho Maia Castro (Enem
2015)
Notícia:
A pouco mais de uma semana, jornais como o ‘The
NewYork Times’ e o ‘The Guardian’ divulgaram notícias
a respeito do desmatamento na Amazônia, um prob-
lema que aumenta a cada ano e deixa o mundo todo
em estado de alerta. Ao que tudo indica, o pulmão
mundial tem recebido a atenção de inúmeros países
com exceção do Brasil, que ao invés de proteger suas
florestas vem a degradando com uma velocidade ab-
surda. Diante de todos os olhares que se voltam para
a Amazônia, é preciso pensar em estratégias que a
mantenham viva.
Redação cedida por Maria Luiza Brito
Citação:
Sob a perspectiva filosófica de São Tomás de Aquino,
todos os indivíduos de uma sociedade democrática
possuem a mesma importância, além dos mesmos
direitos e deveres. No entanto, percebe-se que, no
Brasil, os deficientes auditivos compõem um gru-
po altamente desfavorecido no tocante ao processo
de formação educacional, visto que o país enfrenta
uma série de desafios para atender a essa demanda.
Nesse contexto, torna-se evidente a carência de es-
trutura especializada no acompanhamento desse pú-
blico, bem como a compreensão deturpada da função
social deste.
Redação de Alan de Castro Nabor (Enem 2017)
Narrativa ilustrativa:
Uma mulher caminha sozinha pela rua após sair de seu
8
PROPOSTA DE
ATIVIDADE 1
A partir do comando de produção que segue, desenvolva o parágrafo de introdução para sua
dissertação. Escolha uma das formas que vimos acima que melhor apresente o tema proposto,
delimite qual é o enfoque temático de seu texto e assuma o posicionamento (tese) que defend-
erá ao longo de seus argumentos. Com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua
formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua
portuguesa sobre o tema “As causas da violência obstetrícia no Brasil”.
9
DESENVOLVIMENTO
2
da revista Carta Capital, em 2018, menos de
15% dos detentos do país tinham acesso à
educação e a cursos profissionalizantes, fa-
tores essenciais para sua ressocialização.
Diante disso, após sair da cadeia, sem per-
spectiva e com o estigma de ex-presidiário
essas pessoas tendem a voltarem ao mundo
do crime.
Os parágrafos de desenvolvimento da dis-
sertação argumentativa devem defender o
posicionamento apresentado pelo aluno na
tese. Assim, o candidato deve reunir infor-
mações que constituam sua argumentação
no sentido de convencer o leitor de que sua
opinião é válida. É preciso analisar de forma
aprofundada os pontos propostos, a ideia é
que o aluno responda “por que defende de-
terminada opinião?”.
Além disso, é necessário que o aluno com-
prove, por meio de estratégias argumenta-
tivas, que seu argumento tem fundamen-
tação. As estratégias argumentativas são
elementos que sustentam o posicionamento
do aluno e podem ser: exemplos, dados es-
tatísticos, citação de autoridade, notícias,
alusões históricas, comparações, etc.
No exemplo que vimos anteriormente, “As
consequênciasdadiminuiçãodamaioridade
penal no Brasil”, uma das possibilidades de
tese é a que a medida não contribui com a
ressocialização do detento. A partir dessa
opinião, o aluno deve analisar porque não
contribui e comprovar isso. Veja o parágrafo
de desenvolvimento desse argumento:
Inicialmente, é necessário considerar que o
sistema prisional brasileiro não contribui para
que, após cumprir a pena, o detento possa
ser reinserido na sociedade, visto que não há
estrutura para recuperá-lo, e isso é extrema-
mente grave quando se considera que jovens
de 16 anos podem fazer parte da população
carcerária. Isso porque, segundo publicação
10
PROPOSTA DE
ATIVIDADE 2
Com base no parágrafo de introdução que você já desenvolveu na atividade anterior e na tese
apresentada nele, redija um parágrafo de desenvolvimento que defenda sua opinião. Reúna in-
formações que contribuam para sua argumentação e selecione uma estratégia argumentativa
capaz de comprovar o que você afirma.
11
CONCLUSÃO
3
os problemas apresentados.
Além disso, a proposta de intervenção apre-
sentada pelo aluno deve respeitar os Direitos
Humanos. Mas afinal, o que prevê os Direitos
Humanos? “Os direitos humanos são todos
direitos e liberdades básicas, considerados
fundamentais para dignidade. São direitos
humanos básicos: direito à vida, à liberdade
de expressão de opinião e de religião, direito
à saúde, à educação e ao trabalho”. A Consti-
tuição Federal de 1988, no artigo 5º, define
quais são os direitos e garantias fundamen-
tais dos cidadãos. Veja alguns:
• Igualdade de direitos e deveres entre mul-
heres e homens;
• proibição de tortura e tratamento desuma-
no;
• liberdade de pensamento, de crença e de
religião;
• proibição de censura;
• proteção da intimidade, vida privada, honra
e imagem;
• sigilo telefônico e de correspondências;
• liberdade de escolha de profissão;
• liberdade de locomoção dentro do país;
• direito de propriedade e de herança;
• acesso garantido à justiça;
• racismo, tortura e tráfico de drogas são
crimes inafiançáveis;
• proibição de pena de morte;
• nenhum brasileiro pode ser extraditado.
O parágrafo de conclusão da Redação do
Enem é muito importante, nele o aluno deve
reforçar sua tese e apresentar uma proposta
de intervenção para o(s) problema(s) apre-
sentado(s) ao longo do texto. Essa proposta
não precisa necessariamente ser original e
inédita. Ela pode envolver medidas já propos-
tas no passado ou ampliar ações já adotadas
(como aumentar o valor de multas, por exem-
plo). O importante é que essa proposta seja
apresentada e responda a cinco questões:
1) O que fazer? O aluno deve apresentar qual
medida ou quais medidas devem ser tom-
ada(s) para amenizar o problema.
2) Como fazer? É importante detalhar a
proposta de intervenção, ou seja, apresen-
tar ao leitor mecanismos pelos quais as
ações podem ser colocadas em prática.
3) Quem será o agente? O candidato deve es-
tabelecer quem irá implementar a propos-
ta: a família, a comunidade, secretarias
municipais ou estaduais de saúde, de edu-
cação, o Ministério da Educação e Cultura,
um dos governos (federal, estadual ou mu-
nicipal), as escolas da Educação Básica, as
universidades, organizações governamen-
tais, instituições privadas.
4) Quais os investimentos? O aluno deve
definir quais serão os investimentos, se-
jam eles financeiros, de mão-de-obra, de
recursos naturais entre outros e de onde
esses recursos sairão (de impostos, de
parcerias, de doações, etc.).
5) Quais são os resultados que se espera?
É necessário prever em que nível ou em
quais níveis a ação irá amenizar ou resolver
12
A seguir, há alguns exemplos de trechos de redações de participantes do Enem 2017 que ob-
tiveram nota 0 (zero) na Competência 5, por ferirem os direitos humanos:
“Este grupo tem que ir para escolas especiais, tirando assim o contato dele com a sociedade”.
“Surdos devem ter apenas o ensino básico, devem ser aposentados, não podem ter direito de
estudar em uma universidade, não são pessoas normais, não podem trabalhar”.
“A melhor decisão a ser tomada é o sacrifício logo após a descoberta da ‘maldição’, evitando o
sofrimento de todas as partes e mantendo a sociedade no rumo da evolução”.
PROPOSTA DE
ATIVIDADE 3
Com base nos parágrafos de introdução e de argumentação que você já desenvolveu nas ativ-
idades anteriores, redija um parágrafo de conclusão que aponte ao menos uma medida de in-
tervenção para o(s) problema(s) apresentado(s). Responda as cinco questões que fazem parte
da intervenção.
13
NÃO EXISTE REDAÇÃO
SEM PLANEJAMENTO
TEXTUAL
mente, o que significa que a progressão tex-
tual deve ser fluente e articulada com o pro-
jeto do texto. É preciso tomar cuidado para
não apresentar informações, fatos e opiniões
soltos no texto, sem desenvolvimento e sem
articulação com as outras ideias apresenta-
das. Veja o exemplo:
Com base no texto de apoio e em seus con-
hecimentos e reflexões, redija um texto dis-
sertativo-argumentativo em modalidade
escrita formal da língua portuguesa sobre o
tema “Os efeitos da eletroconvulsoterapia
para a sociedade” apresentando proposta
de intervenção que respeite os direitos hu-
manos. Selecione, organize e relacione, de
forma coerente e coesa, argumentos e fatos
para a defesa do seu ponto de vista.
Antes de começar a escrever um texto, é
necessário planejá-lo e para isso o candida-
to deve ler com atenção os textos de apoio,
selecionar neles informações que possam
contribuir para o desenvolvimento de sua
introdução, de seus argumentos e para sua
proposta de intervenção. Além disso, é pre-
ciso o aluno fazer um levantamento de tudo
aquilo que sabe sobre o tema proposto e
depois selecionar as ideias que forem perti-
nentes para a defesa do seu ponto de vista,
procurando organizá-las em uma estrutura
coerente para usá-las no desenvolvimento
do seu texto.
Na organização das ideias selecionadas para
serem abordadas em seu texto, o aluno deve
procurar definir uma ordem que possibilite
ao leitor acompanhar o seu raciocínio facil-
Documento que dá aval a tratamentos com choques elétri-
cos gera receio de retrocesso, e especialistas divergem sobre
eficácia da terapia
O trabalho de Nise da Silveira se tornou
conhecido pelo grande público após o lança-
mento do filme Nise: O coração da loucura,
em 2016. Na trama, Glória Pires interpreta a
psiquiatra que idealizou, entre os anos 1940
e 1950, uma terapia alternativa para distúr-
bios mentais: em vez dos choques elétricos,
usados com frequência, ela estimulou a arte
entre os seus “clientes” – como gostava de
chamar aqueles atendidos por ela.
Única mulher formada em uma turma
de 150 psiquiatras, Nise se tornou pioneira
de um movimento que ganhou corpo no fim
dos anos 1970: a reforma psiquiátrica bra-
sileira. O movimento redirecionou o foco do
atendimento de saúde mental no país e é, até
hoje, referência internacional. Integrada às
diretrizes do Ministério da Saúde em 2001, a
nova política propôs a substituição dos an-
tigos manicômios por uma rede territorial de
serviços que visa à reinserção do indivíduo
na sociedade, em vez da internação.
O modelo brasileiro se tornou referên-
cia internacional. Em 2009, o Brasil foi con-
vidado pela Organização Mundial da Saúde
(OMS) para compor um grupo internacional
14
que desenvolveria uma estratégia mundial
de tratamento de pacientes com distúrbios
mentais e abuso de drogas.
Nos últimos dias, um documento pub-
licado no site do Ministério da Saúde des-
pertou o receio de um retrocesso na política
construída pelo país nas últimas décadas. Ta-
manha a polêmica, o texto foi retirado do ar. O
ministro Luiz Henrique Mandetta veio depois
afirmar que o documento está em discussão
e poderá ter alguns tópicos alterados.
A “nota técnica” apresentava propos-
tas de modificações nas diretrizes da Política
Nacional de Saúde Mental. Entre os pontos
de maior controvérsia consta a proposta de
financiamento, por parte do ministério, de
aparelhos de eletroconvulsoterapia (ECT),
voltados “para o tratamento de pacientes
que apresentam determinados transtornos
mentais graves e refratários a outras abord-
agens terapêuticas”.
Nas redes sociais, a informação circu-
lou como se o governo estivesse reinserindo
o tratamento com choques elétricos – rejeit-
ados por Nise no meio do século passado –
no atendimento de saúde mental no país. A
DW Brasil ouviu dois especialistas em torno
da discussão para entender o que está em
jogo.
Após as mudanças implementadas
pela reforma psiquiátrica, a ECT passou a ser
oferecida somente em alguns hospitais es-
taduais e universitários, além da rede privada.
De acordo com regras estabelecidas pelo
Ministério da Saúde, o tratamento só deve
ser utilizado em casos muito específicos,
como situações de risco iminente de suicídio,
catatonia e síndrome neuroléptica maligna.
O órgão também exige algumas
condições para sua realização, que deve
ocorrer em ambiente hospitalar. Entre as ex-
igências estão a presença de um anestesis-
ta e o monitoramento do paciente durante o
procedimento.
O Instituto de Psiquiatria da Universi-
dade Federal do Rio de Janeiro (Ipub-UFRJ)
é um dos 13 locais onde a ECT é utilizada na
rede pública brasileira. Sua diretora, a médica
Maria Tavares, defende a disponibilização do
tratamento na rede pública, respeitadas as
devidas exigências.
“É um método que salva vidas, pelo qual
as pessoas pagam caro no sistema privado.
Uma aplicação custa mais de mil reais. Nesse
sentido, é uma injustiça não oferecê-lo para
a população mais pobre”, diz.
“Infelizmente, a gente ainda não con-
segue selecionar um circuito específico para
a descarga nos neurotransmissores. Se você
tem um paciente com quadro de tentativas
de suicídio, não dá tempo de o medicamento
agir. Com três sessões de ECT, esses impul-
sos cessam”, argumenta.
Já na visão do psiquiatra Paulo Amar-
ante, uma das principais referências do mov-
imento brasileiro de reforma psiquiátrica, não
há evidências científicas suficientes sobre
os efeitos colaterais do uso da ECT. Ele teme
ainda um mau uso desse instrumento, uma
vez que costumava ser utilizado como “casti-
go” a alguns pacientes no passado.
“O mecanismo de ação da ECT não é
conhecido. Há dezenas de teorias, mas nen-
huma é consensual. Só o que se sabe é que
o tratamento provoca convulsão, uma grave
agressão ao sistema nervoso”, afirma Ama-
rante, pesquisador do Laboratório de Estu-
dos e Pesquisas em Saúde Mental e Atenção
Psicossocial (Laps) da Fiocruz e presidente
de honra da Associação Brasileira de Saúde
Mental (Abrasme).
“A sensação de letargia ou torpor gera-
da pela convulsão provoca uma melhora do
quadro de agitação, mas a psicose não se re-
duz a isso. Portanto, em hipótese alguma, é
um tratamento para ela”, defende.
[...] “Hoje, temos estudos mostrando
que o tempo de internação no Centro de
Atenção Psicossocial (Caps) é muito menor
do que no hospital psiquiátrico e também
em comparação com os hospitais gerais. Na
favela da Rocinha, o número de internações
praticamente zerou com a instalação de uma
Clínica da Família e um Caps. Com essa es-
trutura, o atendimento é capilarizado e se
aproxima das pessoas”, explica Tavares.
15
Amarante lembra que casos extremos,
como os dos pacientes tratados com ECT,
não podem direcionar uma política públi-
ca. Ele considera injustificável priorizar o fi-
nanciamento de um tratamento periférico
no atendimento de saúde mental, enquanto
faltam itens básicos na rede, como medica-
mentos e materiais clínicos.
Fonte: https://www.cartacapital.com.br/saude/
eletrochoque-terapia-necessaria-ou-retrocesso/
PLANEJAMENTO
TEXTUAL
te, pesquisador do Laboratório de Estudos
e Pesquisas em Saúde Mental e Atenção
Psicossocial (Laps) da Fiocruz e presiden-
te de honra da Associação Brasileira de
Saúde Mental (Abrasme) não há evidências
científicas.
• O SUS não possui recursos para saúde
básica, segundo reportagem do GLOBO,
só o estado do Rio de Janeiro deve R$ 6,2
bilhões a fornecedores e prestadores de
serviço da saúde. Em todo o país, segun-
do o Ministério Público, menos de 12% do
orçamento são aplicados na saúde pública.
• Austregésilo Carrano, autor do livro Canto
dos Malditos, passou pela terapia com elet-
rochoques nos anos de 1970 e defende o
fim desse tratamento, o autor relata em sua
obra não acreditar que “essa terapia do ter-
ror traga qualquer efeito positivo”.
• Pesquisas feitas nos Estados Unidos com
seis antidepressivos (entre eles o Prozac
e o Seroxat) revelaram que eles surtiram
efeito em menos da metade dos indivíduos
que os tomaram.
INTERVENÇÃO:
• Aumento dos Caps.
• Maior investimento na eletroconvulsotera-
pia.
• Maior investimento na contratação de
profissionais da área e disponibilização de
medicamentos.
• Uso das artes como forma de tratamento.
INTRODUÇÃO:
• Nise da Silveira idealizou, entre os anos
1940 e 1950, uma terapia alternativa para
distúrbios mentais.
• O tratamento com eletrochoque surgiu em
Roma nos anos de 1938.
• Foi usado como arma de tortura durante a
Ditadura Militar.
• É um método que utiliza o estímulo elétrico
para gerar uma convulsão que constitui o
elemento terapêutico.
• Filmes: “Nise: O coração da loucura” e “O bi-
cho de sete cabeças”.
ARGUMENTOS:
• Risco de retrocesso.
• Só deve ser usado em casos específicos.
• Não há evidências científicas sobre os
efeitos colaterais.
• É um tratamento caro / investimento alto.
• Falta de investimento público / os aparelhos
são antigos e por isso geram maiores riscos
aos pacientes.
• É um tratamento mais rápido do que o “con-
vencional”.
• Substitui o uso de antidepressivos e anti-
convulsivantes.
COMPROVAÇÕES:
• De acordo com o psiquiatra Paulo Amaran-
16
PROPOSTA DE
ATIVIDADE 4
A partir do comando de produção dado, da leitura do texto motivador e do planejamento tex-
tual, redija, com no mínimo 7 e no máximo 30 linhas um texto dissertativo-argumentativo que
contemple o que foi proposto.
17
DICA PARA FAZER
UMA BOA REDAÇÃO
ATENÇÃO À ESCRITA
Evite o uso do gerúndio e a repetição do “que”. Tome
cuidado com clichês, lugares comuns e frases feitas.
Tenha atenção às redundâncias e ao uso de vírgulas.
Verifique a concordância nominal e verbal (pergunte
sempre quem é o sujeito do verbo).
CLAREZA
Pense sempre que o corretor não pode “adivinhar” o
que você quis dizer, então não deixe nada subenten-
dido. Seja claro na construção de seus argumentos.
COERÊNCIA
A coerência entre todas as partes do texto é fator pri-
mordial para a boa escrita. É necessário que as partes
formem um todo. Estabeleça uma ordem para que as
ideias se completem e formem o corpo textual.
ÊNFASE
Use expressões argumentativas, como advérbios e
adjetivos, para chamar a atenção para sua opinião.
Retome sua tese por meio dos argumentos ao longo
do texto e na conclusão reforce sua opinião sobre o
tema.
LEIA E RELEIA
também os textos das outras disciplinas (língua por-
tuguesa, conhecimentos gerais, etc.), pois eles podem
ter informações que ajudem a pensar sobre o tema.
Só depois faça seu planejamento textual e escreva
sua redação. Responda às questões das outras dis-
ciplinas e separe um tempo para voltar ao seu texto,
relê-lo e só então passá-lo a limpo na folha definitiva.
Verifique se os períodos não ficaram longos, ambíguos
ou subentendidos. Veja se você não repetiu palavras e
ideias. À medida que você relê o texto, essas falhas
aparecem, inclusive erros de ortografia e acentuação.
Não se preocupe em passar sua redação na folha
definitiva assim que terminar de escrever o rascun-
ho. Primeiro, leia com atenção os textos de apoio, leia
OBJETIVIDADE
Não tente colocar no texto todas as informações que
tem sobre o tema. Selecione as ideias centrais e não
as repita. Faça uso da economia linguística. Concen-
tre-se no que é realmente necessário para o texto.
SIMPLICIDADE
Prefira usar palavras conhecidas e adequadas, evite
termos técnicos, estrangeirismos e jargões. Seja dire-
to e objetivo na construção dos períodos.
UNIDADE
Mantenha sempre o encadeamento entre as ideias e
os parágrafos de seu texto. Trace um planejamento e
o siga do começo ao fim do texto. Tome cuidado para
não se perder e fugir do assunto.
18
PROPOSTA DE
ATIVIDADE 5
Doutor Advogado e Doutor Médico:
até quando?
Eliane Brum
Sei muito bem que a língua, como coisa
viva que é, só muda quando mudam as pessoas,
as relações entre elas e a forma como lidam com
o mundo. Exerço, porém, um pequeno ato quixo-
tesco no meu uso pessoal da língua: esforço-me
para jamais usar a palavra “doutor” antes do nome
de um médico ou de um advogado. Travo minha
pequena batalha com a consciência de que a lín-
gua nada tem de inocente. Se usamos as pala-
vras para embates profundos no campo das ide-
ias, é também na própria escolha delas, no corpo
das palavras em si, que se expressam relações de
poder, de abuso e de submissão. Cada vocábulo
de um idioma carrega uma teia de sentidos que
vai se alterando ao longo da História, alteran-
do-se no próprio fazer-se do homem na História.
E, no meu modo de ver o mundo, “doutor” é uma
praga persistente que fala muito sobre o Brasil.
Assim, minha recusa ao “doutor” é um ato
político. Um ato de resistência cotidiana, exercido
de forma solitária na esperança de que um dia os
bons dicionários digam algo assim, ao final das
várias acepções do verbete “doutor”: “arcaísmo:
no passado, era usado pelos mais pobres para
tratar os mais ricos e também para marcar a su-
perioridade de médicos e advogados, mas, com
a queda da desigualdade socioeconômica e a
ampliação dos direitos do cidadão, essa acepção
caiu em desuso”.
Historicamente, o “doutor” se entranhou na
sociedade brasileira como uma forma de tratar
os superiores na hierarquia socioeconômica – e
também como expressão de racismo. Ou como a
forma de os mais pobres tratarem os mais ricos,
de os que não puderam estudar tratarem os que
puderam, dos que nunca tiveram privilégios tra-
tarem aqueles que sempre os tiveram. O “doutor”
não se estabeleceu na língua portuguesa como
uma palavra inocente, mas como um fosso, ao
expressar no idioma uma diferença vivida na con-
cretude do cotidiano que deveria ter nos enverg-
onhado desde sempre.
A resposta para a atualidade do “doutor”
pode estar na evidência de que, se a sociedade
brasileira mudou bastante, também mudou pou-
co. A resposta pode ser encontrada na enorme
desigualdade que persiste até hoje. E na forma
como essas relações desiguais moldam a vida
cotidiana.
O “doutor” médico e o “doutor” advogado,
juiz, promotor, delegado têm cada um suas cau-
sas e particularidades na história das mentali-
dades e dos costumes. Em comum, têm algo sig-
nificativo: a autoridade sobre os corpos. Um pela
lei, o outro pela medicina, eles normatizam a vida
de todos os outros. Não apenas como represen-
tantes de um poder que pertence à instituição e
não a eles, mas que a transcende para encarnar
na própria pessoa que usa o título.
Se olharmos a partir das relações de mer-
cado e de consumo, a medicina e o direito são os
únicos espaços em que o cliente, ao entrar pela
porta do escritório ou do consultório, em geral
já está automaticamente numa posição de sub-
missão. Em ambos os casos, o cliente não tem
razão, nem sabe o que é melhor para ele. Seja
como vítima de uma violação da lei ou como autor
de uma violação da lei, o cliente é sujeito passivo
diante do advogado, promotor, juiz, delegado. E,
como “paciente” diante do médico, deixa de ser
pessoa para tornar-se objeto de intervenção.
19
A partir da leitura do texto motivador e com
base nos conhecimentos construídos ao
longo de sua formação, redija um texto dis-
sertativo-argumentativo em modalidade
escrita formal da língua portuguesa sobre o
tema “O uso da expressão doutor no Brasil”,
apresentando proposta de intervenção que
respeite os direitos humanos. Selecione, or-
ganize e relacione, de forma coerente e coe-
sa, argumentos e fatos para defesa de seu
ponto de vista. Não ultrapasse 30 linhas.
Num país no qual o acesso à Justiça e o
acesso à Saúde são deficientes, como o Brasil,
é previsível que tanto o título de “doutor” per-
maneça atual e vigoroso quanto o que ele repre-
senta também como viés de classe.
Texto adaptado de: Revista Época, 10 set.
2012. Disponível em: <http://revistaepoca.
globo.com/ Sociedade/eliane-brum/no-
ticia/2012/09/doutor-advogado-e-dou-
tor-medico-ate-quando.html>.
20
PROPOSTA DE
ATIVIDADE 5
O Poder do NÃO: Aprenda Como Dizer
Não Muda Sua Vida
A dificuldade de dizer “não” está cada vez
mais evidente no mundo moderno. Nos trein-
amentos que faço na Pandora – Evolução Con-
sciente, vejo muitas pessoas que prejudicam
suas vidas, fazem somente vontades de outras
pessoas ou vivem sempre infelizes e em busca
de felicidade externa somente pelo fato de não
dizerem “não” para outras pessoas.
Mas por que temos tal dificuldade? Quais
são os sentimentos que nos fazem sempre agra-
dar aos outros, buscar suas felicidades, fingirmos
estar felizes, mas sempre nos prejudicarmos para
isso e deixarmos nossas vidas em segundo pla-
no?
Ser difícil dizer “não” não vem do “não”. Vem
de outros contextos internos que todo ser huma-
no tem, mas prefere buscar isso no externo e no
agrado a outras pessoas, no que os olhos veem,
ao invés de alinhar isso internamente. Nesse arti-
go, falaremos quais os “antídotos” para uma vida
equilibrada e de “nãos” com consciência, que não
prejudiquem a você ou a outras pessoas ao seu
redor.
O “não” pode ser positivo. Em primeiro lugar,
é importante entender que o “não” nem sempre
significa “negação”. A palavra “não” demonstra a
impossibilidade ou improbabilidade de se realizar
ou aceitar algo. Mas podemos entender que, se
esse “algo” que não aceitamos é na verdade uma
coisa que nos prejudicaria ou que faríamos sem
dar nosso potencial máximo, então estamos fa-
zendo um bem para nós ou para a pessoa que
nos pediu. O “não” nos dá um limite. Coloca bar-
reiras do que somos capazes e não capazes de
fazer. Ou melhor: o que queremos e não quere-
mos fazer. É impossível viver uma vida comum
fazendo tudo o que aparece em nossa frente,
sem ficarmos cansados ou nos prejudicarmos
por isso. Portanto, entenda que o “não” também
depende da conotação que você dá a ele, e ele
pode inclusive ser uma palavra positiva em deter-
minadas situações.
As 3 necessidades básicas do Ser
Humano.
Todo Ser Humano tem 3 necessidades
básicas de fábrica:
01. Ser amado e respeitado.
02. Ser ouvido na essência.
03. Ter o direito de errar.
Essas necessidades causam algu-
mas “ilusões” em nossas vidas, de termos
apegos e vontades de sempre agradar aos
outros para sermos agradados. Buscamos
essas necessidades fora de nós, e esse é um
grande motivo para termos dificuldade de
dizer não. Achamos que ao dizer não, estar-
emos negando um contato com uma pessoa,
estaremos deixando ela chateada ou então
distanciando ela de nós. Mas essas também
são ilusões que nós mesmos criamos.
Se todo Ser Humano quer ser “amado e
respeitado”, ao dizer “não” nas situações que
nos prejudicam, estamos criando respeito
por nós mesmos. E aí o equilíbrio começa a
ser interno, pois a nossa capacidade de nos
agradar e de estarmos em paz aumenta. In-
clusive nossa autoestima aumenta!
Com isso, percebemos que o “não”
pode ser poderoso também se começarmos
a usá-lo de maneira positiva, para agradar-
21
Essas campanhas precisam ser feitas para
que atitudes assim continuem sendo toma-
das”, conto a estudante Isadora Oliveira Lima.
Fonte: http://g1.globo.com/jornal-nacio-
nal/noticia/2018/02/nao-e-nao-cam-
panha-contra-assedio-no-carnaval-
ganha-ruas.html
mos a nós mesmos e equilibrar nossa vida
dentro e fora de nós.[...]
http://www.queroevoluir.com.
br/o-poder-do-nao/
‘Não é não’: campanha contra assédio
no carnaval ganha as ruas
Uma campanha contra o assédio gan-
hou as ruas nas maiores cidades do país du-
rante o carnaval. Tem muito amor na folia. Os
namorados vão juntos para a avenida. Um
outro casal se conheceu há dois anos, no
carnaval, e não teve assédio. “A diferença é
que pediu, antes de encostar, né?”, conta a
jovem.
Mas nem sempre é assim. “Aquelas
cantadas muito sem graça e agressivas,
puxa, pega no cabelo”, reclama a estudante
Larissa Oliveira. No meio da multidão, fica
difícil se livrar das investidas desrespeitosas.
O que para uns é brincadeira, para outros, é
assédio. Mas, para todo mundo, fica bem fácil
saber qual é o limite. “Depois do não, o resto é
assédio. Então, pronto”, afirma o jovem.
Isso mesmo. Não é não. Em Belo Hori-
zonte, o recado está em decalques no corpo
das foliãs. “A partir do momento que você me
toca sem consentimento, a partir do momen-
to que você me puxa, você está me desres-
peitando”, diz a professora Andréa Santana.
Em São Paulo, também: a campanha
contra o assédio está no braço, nas roupas.
“Eu acho que isso empodera mais a mulher
na possiblidade de reclamar, de falar. Eu acho
que dá a sensação de que a gente vai ser
mais ouvida”, diz a jovem.
Assédio pode ser considerado um
crime e até dar cadeia. “Chegam querendo
beijar, passando a mão. E a gente não está
aqui para isso. Ou está. Depende da gente
decidir isso, não é mesmo?”, declara a educa-
dora física Ariana Ferreira.
A palavra-chave é respeito. No Rio de
Janeiro, a Isadora viu que tem jeito. “Teve
uma pessoa que chegou em mim e eu falei:
‘Não, eu não quero’. E ele falou: ‘Tudo bem.
Não é não. Prazer te conhecer’, e foi embora.
22
A partir da leitura do texto motivador e com base nos conhecimentos construídos ao longo de
sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da lín-
gua portuguesa sobre o tema : “Campanhas como a “Não é não” fazem com que as pessoas
se sintam mais seguras?”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos
humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para
defesa de seu ponto de vista. Não ultrapasse 30 linhas.
23
Referências:
https://blogdoenem.com.br/redacao_enem_
nota_1000/
http://download.inep.gov.br/educacao_ba-
sica/enem/guia_participante/2018/manu-
al_de_redacao_do_enem_2018.pdf
https://umaauladiferente.webnode.com/re-
da%C3%A7%C3%A3o/

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  • 2. 2 COMO É A PROVA DE REDAÇÃO DO ENEM? candidato deverá defender uma tese – uma opinião a respeito do tema proposto –, apoia- da em argumentos consistentes, estrutura- dos com coerência e coesão, formando uma unidade textual. O candidato também deverá elaborar uma proposta de intervenção social para o problema apresentado no desenvolvi- mento do texto que respeite os direitos hu- manos. A prova de redação do Enem requer que o candidato produza um texto em prosa, re- digido de acordo com a modalidade escrita formal da língua portuguesa, do tipo disser- tativo-argumentativo, sobre um tema que pode ser de ordem social, científica, cultural ou política. A banca avaliará as competências que o aluno deve ter desenvolvido durante os anos de escolaridade. Nessa redação, o AFINAL, O QUE É UMA DISSERTAÇÃO ARGUMENTATIVA? A Dissertação Argumentativa é o tipo de texto que demonstra, por meio de argumen- tação, a assertividade de uma ideia ou de uma tese. É mais do que uma simples ex- posição de ideias; por isso, o aluno não deve elaborar um texto de caráter apenas expos- itivo, devendo assumir claramente um ponto de vista. O texto dissertativo-argumentativo se organiza na defesa de um ponto de vista sobre determinado assunto. É fundamentado com argumentos, para influenciar a opinião do leitor, com o propósito de convencê-lo de que a ideia defendida está correta. É preci- so, portanto, expor e explicar as ideias. Daí a sua dupla natureza: é argumentativo porque
  • 3. 3 defende uma tese, uma opinião, e é disserta- tivo porque se utiliza de explicações para jus- tificá-la. O objetivo desse texto é, em última análise, convencer o leitor de que o ponto de vista em relação à tese apresentada é acer- tado e relevante. Para tanto, quem escreve mobiliza informações, fatos e opiniões, à luz de um raciocínio coerente e consistente. O que será considerado na correção da sua redação? A planilha de correção do Enem atribui nota de 0 a 1000 (zero a mil) pontos à Redação e leva em consideração algumas competên- cias que dizem respeito ao conhecimento desenvolvido pelos alunos ao longo de sua escolaridade. São cinco as competências analisadas pela banca e cada uma delas têm valor de 0 a 200 (zero a duzentos) pontos: COMPETÊNCIA 1: o aluno deve demonstrar domínio da modalidade escrita formal da lín- gua portuguesa. Esse campo avaliativo leva em consideração se o candidato tem domínio das regras de ortografia, de acentuação grá- fica e de pontuação. Além disso, é avaliado o conhecimento de construção sintática do aluno e o uso da linguagem formal, isto é, a ausência de uso de registro informal (como gírias) e/ou de marcas de oralidade e a escol- ha vocabular realizada no momento da escri- ta, ou seja, o emprego de vocabulário preciso, o que significa que as palavras selecionadas devem ser usadas em seu sentido correto e são apropriadas para o texto. COMPETÊNCIA 2: é necessário que o aluno compreenda a proposta de redação e aplique conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumen- tativo em prosa. Nesse campo de avaliação, a banca corretora considera a capacidade do aluno de desenvolver a leitura dos textos de apoio e do comando de produção e com- preender o recorte temático delimitado pela proposta. No entanto, espera-se que o aluno não fique preso apenas às ideias apresenta- das nos textos motivadores, mas as amplie a partir de seu conhecimento prévio. É preci- so estar atento para desenvolver com apro- fundamento a temática e não apenas tan- genciá-la, ou seja, partir de uma abordagem parcial baseada somente no assunto mais amplo a que o tema está vinculado, deixando em segundo plano a discussão em torno do eixo temático objetivamente proposto. COMPETÊNCIA 3: o candidato deve sele- cionar, relacionar, organizar e interpretar in- formações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista/tese. Assim, é importante que o candidato apresente, clara- mente, uma ideia a ser defendida e os argu- mentos que justifiquem a posição assumida em relação à temática da proposta. A com- petência 3 avalia a inteligibilidade do texto e a coerência entre as ideias apresentadas, então o aluno precisa apresentar uma visão sistêmica quanto à organização textual. Para isso, é preciso que o texto obedeça à uma es- trutura que apresente na introdução o tema, o enfoque temático e a tese; desenvolvi- mento que aponte estratégias argumentati- vas que defendam a tese apontada; e con- clusão com a retomada da tese, reforço dos argumentos e proposta de intervenção para os problemas apontados ao longo do texto. COMPETÊNCIA 4: é fundamental ao can- didato demonstrar conhecimento dos me- canismos linguísticos necessários para a construção da argumentação. Nesse campo, serão avaliados os aspectos formais do tex- to, isto é, os elementos que garantem coesão textual e que estabelecem uma conexão en- tre os parágrafos. Assim, o aluno deve fazer uso de mecanismos coesivos (preposições, conjunções, advérbios, locuções, pronomes de referenciação) que além de “amarrarem” uma ideia à outra estabeleçam relação de sentido entre elas: de igualdade, de adversi-
  • 4. 4 traga uma problematização do tema, que ao longo do texto seja ampliada pelos argu- mentos. Na proposta de intervenção, o aluno deve apontar medida(s) coerente(s) com aq- uilo que foi discutido em sua argumentação. É necessário sinalizar uma ação concreta, isto é: o que fazer, como fazer, quem deve ser o agente, de onde sairão os recursos para vi- abilizar a proposta e quais os efeitos que se espera da ação. dade, de causa-consequência, de conclusão, etc. É importante que o aluno construa parágrafos escritos em períodos compostos, para que a leitura do texto tenha fluidez e para que evite falhas de coesão. COMPETÊNCIA 5: a prova de redação ex- ige a elaboração de uma proposta de inter- venção para o problema abordado que res- peite os direitos humanos. Nesse sentido, é preciso que a tese apontada inicialmente Quadro com níveis de desempenho que serão avaliados em cada competência: NOTA COMPETÊNCIA 1 COMPETÊNCIA 2 COMPETÊNCIA 3 COMPETÊNCIA 4 COMPETÊNCIA 5 200 PONTOS Demonstra exce- lente domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa e de escolha de registro. Desvios gramaticais ou de convenções da escrita serão aceitos somente como excepcionali- dade e quando não c a r a c t e r i z a r e m reincidência. Desenvolve o tema por meio de argu- mentação consis- tente, a partir de um repertório s o c i o c u l t u r a l produtivo e apre- senta excelente domínio do texto dissertativo-argu- mentativo. Elabora muito bem proposta de inter- venção, detalhada, relacionada ao tema e articulada à discussão desen- volvida no texto. 160 PONTOS Demonstra bom domínio da modali- dade escrita formal da língua portugue- sa e de escolha de registro, com poucos desvios gramaticais e de convenções da escrita. Desenvolve o tema por meio de argu- mentação consis- tente e apresenta bom domínio do texto dissertativo- -argumentativo, com proposição, argumentação e conclusão. Apresenta infor- mações, fatos e opiniões relacio- nados ao tema, de forma organizada, com indícios de autoria, em defesa de um ponto de vista. Elabora bem proposta de inter- venção relacionada ao tema e articula- da à discussão desenvolvida no texto. 120 PONTOS Demonstra domínio mediano da modali- dade escrita formal da língua portugue- sa e de escolha de registro, com alguns desvios gramaticais e de convenções da escrita. Desenvolve o tema por meio de argu- mentação previsí- vel e apresenta domínio mediano do texto dissertati- vo-argumentativo, com proposição, argumentação e conclusão. Apresenta infor- mações, fatos e opiniões relacio- nados ao tema, limitados aos argumentos dos textos motivado- res e pouco orga- nizados, em defesa de um ponto de vista. Elabora, de forma mediana, proposta de intervenção relacionada ao tema e articulada à discussão desen- volvida no texto.
  • 5. 5 80 PONTOS Apresenta infor- mações, fatos e opiniões relacio- nados ao tema, mas desorganiza- dos ou contraditó- rios e limitados aos argumentos dos textos moti- vadores, em defesa de um ponto de vista. 40 PONTOS Apresenta o assunto, tangen- ciando o tema, ou demonstra domínio precário do texto dissertativo-argu- mentativo, com traços constantes de outros tipos textuais. Apresenta infor- mações, fatos e opiniões pouco relacionados ao tema ou incoeren- tes e sem defesa de um ponto de vista. Articula as partes do texto de forma precária. Apresenta propos- ta de intervenção vaga, precária ou relacionada apenas ao assunto. 0 PONTOS Demonstra desco- nhecimento da modalidade escrita formal da língua portuguesa. Fuga ao tema/não atendimento à estrutura disserta- tivo-argumentati- va. Nestes casos a redação recebe nota 0 (zero) e é anulada. Apresenta infor- mações, fatos e opiniões não rela- cionados ao tema e sem defesa de um ponto de vista. Não articula as informações. Não apresenta proposta de inter- venção ou apre- senta proposta não relacionada ao tema ou ao assun- to. Quais elementos podem fazer seu texto ser desclassifi- cado, ou seja, receber nota 0 (zero)? Fiqueatento(a)! → Fuga total ao tema, ou seja, se nem mesmo o assunto mais geral da proposta for aborda- do. ATENÇÃO: Não basta apenas usar uma palavra ou apontar o tema no título, ele deve ser discutido ao longo do texto. → Não obediência à estrutura do texto dis- sertativo-argumentativo, o texto deve ter in- trodução, desenvolvimento e conclusão, mas além disso deve apresentar tema, enfoque temático, tese, argumentos, comprovações e proposta de intervenção e não fazer uso de 1ª pessoa do singular e nem de interlocuções com o leitor, pois estes dois últimos elemen- tos não fazem parte da tipologia textual ex- igida. → Extensão com menos de 7 linhas, pois este é o mínimo proposto pela banca. → Cópia integral de texto(s) motivador(es) da Proposta de Redação e/ou de texto(s) mo- tivador(es) apresentado(s) no Caderno de Questões ou ainda de outros textos que alu- no tenha decorado e caracterizam plágio.
  • 6. 6 → Impropérios, desenhos e outras formas propositais de anulação (tais como números ou sinais gráficos fora do texto). → Parte deliberadamente desconectada do tema proposto, como letra de músicas, re- ceitas, etc. → Assinatura, nome, apelido ou rubrica fora do local devidamente designado para a assi- natura do participante. → Texto predominantemente em língua es- trangeira. → Folha de redação em branco, mesmo que haja texto escrito na folha de rascunho. ESTRUTURA TEXTUAL: COMO ORGANI- ZAR A DISSERTAÇÃO ARGUMENTATIVA? Como já dissemos antes, a dissertação argu- mentativa é composta de três partes muito importantes: introdução, desenvolvimento e conclusão. Há diferentes formas de constru- ir e organizar cada uma dessas partes e isso vai depender diretamente da proposta de produção da redação. Vejamos: A introdução de todo texto dissertativo-ar- gumentativo deve apresentar três elemen- tos básicos: tema + enfoque temático + tese. O tema é o assunto mais geral da proposta, já o enfoque temático diz respeito ao recorte que será realizado dentro do tema proposto; e a tese representa o ponto de vista/ a opin- ião do aluno a respeito de determinado tema. Veja o exemplo: Proposta: As consequências da diminuição da maioridade penal no Brasil. Nesta proposta, temos como tema geral a “maioridade penal”, é sobre ela que o alu- no deverá discutir, no entanto o enfoque temático deste texto deve girar em torno das “consequências”, isto é, dentro desse tema a discussão será sobre as consequências que a diminuição da maioridade penal pode traz- er para o Brasil. Diante disso, é necessário que o candidato assuma um posicionamento sobre aquilo que ele acredita serem as con- sequências dessa medida, por exemplo: a medida agrava o problema de superlotação nos presídios e não contribui com a resso- cialização do detento. Assim, todo o desen- volvimento argumentativo do aluno deve es- tar pautado exatamente nesses dois pontos apresentados na tese. A apresentação do tema, por sua vez, pode se dar de diferentes maneiras. É possível que o aluno use: modos de intertextualidade com filmes, livros, poemas, músicas, séries e outros; contextualização histórica; dados estatísticos ou pesquisas; notícias; citações de pessoas especializadas no assunto; pequenas narrativas ilustrativas; compara- ções entre fatos, situações, épocas ou lu ares distintos; definições. Veja os exemplos que seguem: Intertextualidade: No livro 1984 de George Orwell, é retratado um futuro distópico em que um Estado totalitário controla e ma- nipula toda forma de registro histórico e contemporâ- neo, a fim de moldar a opinião pública a favor dos gov- ernantes. Nesse sentido, a narrativa foca na trajetória de Winston, um funcionário do contraditório Ministério da Verdade que diariamente analisa e altera notícias e conteúdos midiáticos para favorecer a imagem do Partido e formar a população através de tal ótica. Redação de Lucas Felpi (Enem 2018) Contexto histórico: No Brasil, o início do processo de educação de surdos remonta ao Segundo Reinado. No entanto, esse ato não se configurou como inclusivo, já que se caracter- izou pelo estabelecimento de um “apartheid” educa- INTRODUÇÃO 1
  • 7. 7 trabalho, no início da noite. Antes mesmo de chegar ao ponto em que tomaria o ônibus é surpreendida por um grupo de jovens que se dirigem a ela com adjetivos pejorativos e em poucos minutos a tiram do caminho e a violam. Histórias como essa ilustram as capas de jornais e denunciam a violência contra as mulheres di- ariamente. Ação que tem forte ligação com a cultura patriarcal e com a falta de efetividade da lei. Redação cedida por Luiz Gustavo Soares Comparação: Na antiga Esparta, crianças com deficiência eram as- sassinadas, pois não poderiam ser guerreiras, profis- são mais valorizada na época. Na contemporaneidade, tal barbárie não ocorre mais, porém há grandes dificul- dades para garantir aos deficientes – em especial os surdos – o acesso à educação, devido ao preconceito ainda existente na sociedade e à falta de atenção do Estado à questão. Redação de Mariana Camelier Mascarenhas (Enem 2017) Definição: Se o conceito censitário de publicidade entende o uso de recursos estilísticos da linguagem, a exemplo da metáfora e das frases de efeito, como atrativo na vendagem de produtos, a manipulação de instrumen- tos a serviço da propaganda infantil produz efeitos que dão margem mais visível ao consumo desnecessário. Com base nisso, estabelecem-se propostas de de- bate social acerca do limite de conteúdos designados a comerciais televisivos que se dirigem a tal público. Redação de José Querino de Macêdo Neto (Enem 2014) cional, ou seja, uma escola exclusiva para tal público, segregando-o dos que seriam considerados “normais” pela população. Redação de Marcus Vinícius (Enem 2017) Dados estatísticos: A violência contra a mulher no Brasil tem apresenta- do aumentos significativos nas últimas décadas. De acordo com o Mapa da Violência de 2012, o número de mortes por essa causa aumentou em 230% no perío- do de 1980 a 2010. Além da física, o balanço de 2014 relatou cerca de 48% de outros tipos de violência con- tra a mulher, dentre esses a psicológica. Nesse âm- bito, pode-se analisar que essa problemática persiste por ter raízes históricas e ideológicas. Redação de Amanda Carvalho Maia Castro (Enem 2015) Notícia: A pouco mais de uma semana, jornais como o ‘The NewYork Times’ e o ‘The Guardian’ divulgaram notícias a respeito do desmatamento na Amazônia, um prob- lema que aumenta a cada ano e deixa o mundo todo em estado de alerta. Ao que tudo indica, o pulmão mundial tem recebido a atenção de inúmeros países com exceção do Brasil, que ao invés de proteger suas florestas vem a degradando com uma velocidade ab- surda. Diante de todos os olhares que se voltam para a Amazônia, é preciso pensar em estratégias que a mantenham viva. Redação cedida por Maria Luiza Brito Citação: Sob a perspectiva filosófica de São Tomás de Aquino, todos os indivíduos de uma sociedade democrática possuem a mesma importância, além dos mesmos direitos e deveres. No entanto, percebe-se que, no Brasil, os deficientes auditivos compõem um gru- po altamente desfavorecido no tocante ao processo de formação educacional, visto que o país enfrenta uma série de desafios para atender a essa demanda. Nesse contexto, torna-se evidente a carência de es- trutura especializada no acompanhamento desse pú- blico, bem como a compreensão deturpada da função social deste. Redação de Alan de Castro Nabor (Enem 2017) Narrativa ilustrativa: Uma mulher caminha sozinha pela rua após sair de seu
  • 8. 8 PROPOSTA DE ATIVIDADE 1 A partir do comando de produção que segue, desenvolva o parágrafo de introdução para sua dissertação. Escolha uma das formas que vimos acima que melhor apresente o tema proposto, delimite qual é o enfoque temático de seu texto e assuma o posicionamento (tese) que defend- erá ao longo de seus argumentos. Com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “As causas da violência obstetrícia no Brasil”.
  • 9. 9 DESENVOLVIMENTO 2 da revista Carta Capital, em 2018, menos de 15% dos detentos do país tinham acesso à educação e a cursos profissionalizantes, fa- tores essenciais para sua ressocialização. Diante disso, após sair da cadeia, sem per- spectiva e com o estigma de ex-presidiário essas pessoas tendem a voltarem ao mundo do crime. Os parágrafos de desenvolvimento da dis- sertação argumentativa devem defender o posicionamento apresentado pelo aluno na tese. Assim, o candidato deve reunir infor- mações que constituam sua argumentação no sentido de convencer o leitor de que sua opinião é válida. É preciso analisar de forma aprofundada os pontos propostos, a ideia é que o aluno responda “por que defende de- terminada opinião?”. Além disso, é necessário que o aluno com- prove, por meio de estratégias argumenta- tivas, que seu argumento tem fundamen- tação. As estratégias argumentativas são elementos que sustentam o posicionamento do aluno e podem ser: exemplos, dados es- tatísticos, citação de autoridade, notícias, alusões históricas, comparações, etc. No exemplo que vimos anteriormente, “As consequênciasdadiminuiçãodamaioridade penal no Brasil”, uma das possibilidades de tese é a que a medida não contribui com a ressocialização do detento. A partir dessa opinião, o aluno deve analisar porque não contribui e comprovar isso. Veja o parágrafo de desenvolvimento desse argumento: Inicialmente, é necessário considerar que o sistema prisional brasileiro não contribui para que, após cumprir a pena, o detento possa ser reinserido na sociedade, visto que não há estrutura para recuperá-lo, e isso é extrema- mente grave quando se considera que jovens de 16 anos podem fazer parte da população carcerária. Isso porque, segundo publicação
  • 10. 10 PROPOSTA DE ATIVIDADE 2 Com base no parágrafo de introdução que você já desenvolveu na atividade anterior e na tese apresentada nele, redija um parágrafo de desenvolvimento que defenda sua opinião. Reúna in- formações que contribuam para sua argumentação e selecione uma estratégia argumentativa capaz de comprovar o que você afirma.
  • 11. 11 CONCLUSÃO 3 os problemas apresentados. Além disso, a proposta de intervenção apre- sentada pelo aluno deve respeitar os Direitos Humanos. Mas afinal, o que prevê os Direitos Humanos? “Os direitos humanos são todos direitos e liberdades básicas, considerados fundamentais para dignidade. São direitos humanos básicos: direito à vida, à liberdade de expressão de opinião e de religião, direito à saúde, à educação e ao trabalho”. A Consti- tuição Federal de 1988, no artigo 5º, define quais são os direitos e garantias fundamen- tais dos cidadãos. Veja alguns: • Igualdade de direitos e deveres entre mul- heres e homens; • proibição de tortura e tratamento desuma- no; • liberdade de pensamento, de crença e de religião; • proibição de censura; • proteção da intimidade, vida privada, honra e imagem; • sigilo telefônico e de correspondências; • liberdade de escolha de profissão; • liberdade de locomoção dentro do país; • direito de propriedade e de herança; • acesso garantido à justiça; • racismo, tortura e tráfico de drogas são crimes inafiançáveis; • proibição de pena de morte; • nenhum brasileiro pode ser extraditado. O parágrafo de conclusão da Redação do Enem é muito importante, nele o aluno deve reforçar sua tese e apresentar uma proposta de intervenção para o(s) problema(s) apre- sentado(s) ao longo do texto. Essa proposta não precisa necessariamente ser original e inédita. Ela pode envolver medidas já propos- tas no passado ou ampliar ações já adotadas (como aumentar o valor de multas, por exem- plo). O importante é que essa proposta seja apresentada e responda a cinco questões: 1) O que fazer? O aluno deve apresentar qual medida ou quais medidas devem ser tom- ada(s) para amenizar o problema. 2) Como fazer? É importante detalhar a proposta de intervenção, ou seja, apresen- tar ao leitor mecanismos pelos quais as ações podem ser colocadas em prática. 3) Quem será o agente? O candidato deve es- tabelecer quem irá implementar a propos- ta: a família, a comunidade, secretarias municipais ou estaduais de saúde, de edu- cação, o Ministério da Educação e Cultura, um dos governos (federal, estadual ou mu- nicipal), as escolas da Educação Básica, as universidades, organizações governamen- tais, instituições privadas. 4) Quais os investimentos? O aluno deve definir quais serão os investimentos, se- jam eles financeiros, de mão-de-obra, de recursos naturais entre outros e de onde esses recursos sairão (de impostos, de parcerias, de doações, etc.). 5) Quais são os resultados que se espera? É necessário prever em que nível ou em quais níveis a ação irá amenizar ou resolver
  • 12. 12 A seguir, há alguns exemplos de trechos de redações de participantes do Enem 2017 que ob- tiveram nota 0 (zero) na Competência 5, por ferirem os direitos humanos: “Este grupo tem que ir para escolas especiais, tirando assim o contato dele com a sociedade”. “Surdos devem ter apenas o ensino básico, devem ser aposentados, não podem ter direito de estudar em uma universidade, não são pessoas normais, não podem trabalhar”. “A melhor decisão a ser tomada é o sacrifício logo após a descoberta da ‘maldição’, evitando o sofrimento de todas as partes e mantendo a sociedade no rumo da evolução”. PROPOSTA DE ATIVIDADE 3 Com base nos parágrafos de introdução e de argumentação que você já desenvolveu nas ativ- idades anteriores, redija um parágrafo de conclusão que aponte ao menos uma medida de in- tervenção para o(s) problema(s) apresentado(s). Responda as cinco questões que fazem parte da intervenção.
  • 13. 13 NÃO EXISTE REDAÇÃO SEM PLANEJAMENTO TEXTUAL mente, o que significa que a progressão tex- tual deve ser fluente e articulada com o pro- jeto do texto. É preciso tomar cuidado para não apresentar informações, fatos e opiniões soltos no texto, sem desenvolvimento e sem articulação com as outras ideias apresenta- das. Veja o exemplo: Com base no texto de apoio e em seus con- hecimentos e reflexões, redija um texto dis- sertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “Os efeitos da eletroconvulsoterapia para a sociedade” apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos hu- manos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para a defesa do seu ponto de vista. Antes de começar a escrever um texto, é necessário planejá-lo e para isso o candida- to deve ler com atenção os textos de apoio, selecionar neles informações que possam contribuir para o desenvolvimento de sua introdução, de seus argumentos e para sua proposta de intervenção. Além disso, é pre- ciso o aluno fazer um levantamento de tudo aquilo que sabe sobre o tema proposto e depois selecionar as ideias que forem perti- nentes para a defesa do seu ponto de vista, procurando organizá-las em uma estrutura coerente para usá-las no desenvolvimento do seu texto. Na organização das ideias selecionadas para serem abordadas em seu texto, o aluno deve procurar definir uma ordem que possibilite ao leitor acompanhar o seu raciocínio facil- Documento que dá aval a tratamentos com choques elétri- cos gera receio de retrocesso, e especialistas divergem sobre eficácia da terapia O trabalho de Nise da Silveira se tornou conhecido pelo grande público após o lança- mento do filme Nise: O coração da loucura, em 2016. Na trama, Glória Pires interpreta a psiquiatra que idealizou, entre os anos 1940 e 1950, uma terapia alternativa para distúr- bios mentais: em vez dos choques elétricos, usados com frequência, ela estimulou a arte entre os seus “clientes” – como gostava de chamar aqueles atendidos por ela. Única mulher formada em uma turma de 150 psiquiatras, Nise se tornou pioneira de um movimento que ganhou corpo no fim dos anos 1970: a reforma psiquiátrica bra- sileira. O movimento redirecionou o foco do atendimento de saúde mental no país e é, até hoje, referência internacional. Integrada às diretrizes do Ministério da Saúde em 2001, a nova política propôs a substituição dos an- tigos manicômios por uma rede territorial de serviços que visa à reinserção do indivíduo na sociedade, em vez da internação. O modelo brasileiro se tornou referên- cia internacional. Em 2009, o Brasil foi con- vidado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para compor um grupo internacional
  • 14. 14 que desenvolveria uma estratégia mundial de tratamento de pacientes com distúrbios mentais e abuso de drogas. Nos últimos dias, um documento pub- licado no site do Ministério da Saúde des- pertou o receio de um retrocesso na política construída pelo país nas últimas décadas. Ta- manha a polêmica, o texto foi retirado do ar. O ministro Luiz Henrique Mandetta veio depois afirmar que o documento está em discussão e poderá ter alguns tópicos alterados. A “nota técnica” apresentava propos- tas de modificações nas diretrizes da Política Nacional de Saúde Mental. Entre os pontos de maior controvérsia consta a proposta de financiamento, por parte do ministério, de aparelhos de eletroconvulsoterapia (ECT), voltados “para o tratamento de pacientes que apresentam determinados transtornos mentais graves e refratários a outras abord- agens terapêuticas”. Nas redes sociais, a informação circu- lou como se o governo estivesse reinserindo o tratamento com choques elétricos – rejeit- ados por Nise no meio do século passado – no atendimento de saúde mental no país. A DW Brasil ouviu dois especialistas em torno da discussão para entender o que está em jogo. Após as mudanças implementadas pela reforma psiquiátrica, a ECT passou a ser oferecida somente em alguns hospitais es- taduais e universitários, além da rede privada. De acordo com regras estabelecidas pelo Ministério da Saúde, o tratamento só deve ser utilizado em casos muito específicos, como situações de risco iminente de suicídio, catatonia e síndrome neuroléptica maligna. O órgão também exige algumas condições para sua realização, que deve ocorrer em ambiente hospitalar. Entre as ex- igências estão a presença de um anestesis- ta e o monitoramento do paciente durante o procedimento. O Instituto de Psiquiatria da Universi- dade Federal do Rio de Janeiro (Ipub-UFRJ) é um dos 13 locais onde a ECT é utilizada na rede pública brasileira. Sua diretora, a médica Maria Tavares, defende a disponibilização do tratamento na rede pública, respeitadas as devidas exigências. “É um método que salva vidas, pelo qual as pessoas pagam caro no sistema privado. Uma aplicação custa mais de mil reais. Nesse sentido, é uma injustiça não oferecê-lo para a população mais pobre”, diz. “Infelizmente, a gente ainda não con- segue selecionar um circuito específico para a descarga nos neurotransmissores. Se você tem um paciente com quadro de tentativas de suicídio, não dá tempo de o medicamento agir. Com três sessões de ECT, esses impul- sos cessam”, argumenta. Já na visão do psiquiatra Paulo Amar- ante, uma das principais referências do mov- imento brasileiro de reforma psiquiátrica, não há evidências científicas suficientes sobre os efeitos colaterais do uso da ECT. Ele teme ainda um mau uso desse instrumento, uma vez que costumava ser utilizado como “casti- go” a alguns pacientes no passado. “O mecanismo de ação da ECT não é conhecido. Há dezenas de teorias, mas nen- huma é consensual. Só o que se sabe é que o tratamento provoca convulsão, uma grave agressão ao sistema nervoso”, afirma Ama- rante, pesquisador do Laboratório de Estu- dos e Pesquisas em Saúde Mental e Atenção Psicossocial (Laps) da Fiocruz e presidente de honra da Associação Brasileira de Saúde Mental (Abrasme). “A sensação de letargia ou torpor gera- da pela convulsão provoca uma melhora do quadro de agitação, mas a psicose não se re- duz a isso. Portanto, em hipótese alguma, é um tratamento para ela”, defende. [...] “Hoje, temos estudos mostrando que o tempo de internação no Centro de Atenção Psicossocial (Caps) é muito menor do que no hospital psiquiátrico e também em comparação com os hospitais gerais. Na favela da Rocinha, o número de internações praticamente zerou com a instalação de uma Clínica da Família e um Caps. Com essa es- trutura, o atendimento é capilarizado e se aproxima das pessoas”, explica Tavares.
  • 15. 15 Amarante lembra que casos extremos, como os dos pacientes tratados com ECT, não podem direcionar uma política públi- ca. Ele considera injustificável priorizar o fi- nanciamento de um tratamento periférico no atendimento de saúde mental, enquanto faltam itens básicos na rede, como medica- mentos e materiais clínicos. Fonte: https://www.cartacapital.com.br/saude/ eletrochoque-terapia-necessaria-ou-retrocesso/ PLANEJAMENTO TEXTUAL te, pesquisador do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Saúde Mental e Atenção Psicossocial (Laps) da Fiocruz e presiden- te de honra da Associação Brasileira de Saúde Mental (Abrasme) não há evidências científicas. • O SUS não possui recursos para saúde básica, segundo reportagem do GLOBO, só o estado do Rio de Janeiro deve R$ 6,2 bilhões a fornecedores e prestadores de serviço da saúde. Em todo o país, segun- do o Ministério Público, menos de 12% do orçamento são aplicados na saúde pública. • Austregésilo Carrano, autor do livro Canto dos Malditos, passou pela terapia com elet- rochoques nos anos de 1970 e defende o fim desse tratamento, o autor relata em sua obra não acreditar que “essa terapia do ter- ror traga qualquer efeito positivo”. • Pesquisas feitas nos Estados Unidos com seis antidepressivos (entre eles o Prozac e o Seroxat) revelaram que eles surtiram efeito em menos da metade dos indivíduos que os tomaram. INTERVENÇÃO: • Aumento dos Caps. • Maior investimento na eletroconvulsotera- pia. • Maior investimento na contratação de profissionais da área e disponibilização de medicamentos. • Uso das artes como forma de tratamento. INTRODUÇÃO: • Nise da Silveira idealizou, entre os anos 1940 e 1950, uma terapia alternativa para distúrbios mentais. • O tratamento com eletrochoque surgiu em Roma nos anos de 1938. • Foi usado como arma de tortura durante a Ditadura Militar. • É um método que utiliza o estímulo elétrico para gerar uma convulsão que constitui o elemento terapêutico. • Filmes: “Nise: O coração da loucura” e “O bi- cho de sete cabeças”. ARGUMENTOS: • Risco de retrocesso. • Só deve ser usado em casos específicos. • Não há evidências científicas sobre os efeitos colaterais. • É um tratamento caro / investimento alto. • Falta de investimento público / os aparelhos são antigos e por isso geram maiores riscos aos pacientes. • É um tratamento mais rápido do que o “con- vencional”. • Substitui o uso de antidepressivos e anti- convulsivantes. COMPROVAÇÕES: • De acordo com o psiquiatra Paulo Amaran-
  • 16. 16 PROPOSTA DE ATIVIDADE 4 A partir do comando de produção dado, da leitura do texto motivador e do planejamento tex- tual, redija, com no mínimo 7 e no máximo 30 linhas um texto dissertativo-argumentativo que contemple o que foi proposto.
  • 17. 17 DICA PARA FAZER UMA BOA REDAÇÃO ATENÇÃO À ESCRITA Evite o uso do gerúndio e a repetição do “que”. Tome cuidado com clichês, lugares comuns e frases feitas. Tenha atenção às redundâncias e ao uso de vírgulas. Verifique a concordância nominal e verbal (pergunte sempre quem é o sujeito do verbo). CLAREZA Pense sempre que o corretor não pode “adivinhar” o que você quis dizer, então não deixe nada subenten- dido. Seja claro na construção de seus argumentos. COERÊNCIA A coerência entre todas as partes do texto é fator pri- mordial para a boa escrita. É necessário que as partes formem um todo. Estabeleça uma ordem para que as ideias se completem e formem o corpo textual. ÊNFASE Use expressões argumentativas, como advérbios e adjetivos, para chamar a atenção para sua opinião. Retome sua tese por meio dos argumentos ao longo do texto e na conclusão reforce sua opinião sobre o tema. LEIA E RELEIA também os textos das outras disciplinas (língua por- tuguesa, conhecimentos gerais, etc.), pois eles podem ter informações que ajudem a pensar sobre o tema. Só depois faça seu planejamento textual e escreva sua redação. Responda às questões das outras dis- ciplinas e separe um tempo para voltar ao seu texto, relê-lo e só então passá-lo a limpo na folha definitiva. Verifique se os períodos não ficaram longos, ambíguos ou subentendidos. Veja se você não repetiu palavras e ideias. À medida que você relê o texto, essas falhas aparecem, inclusive erros de ortografia e acentuação. Não se preocupe em passar sua redação na folha definitiva assim que terminar de escrever o rascun- ho. Primeiro, leia com atenção os textos de apoio, leia OBJETIVIDADE Não tente colocar no texto todas as informações que tem sobre o tema. Selecione as ideias centrais e não as repita. Faça uso da economia linguística. Concen- tre-se no que é realmente necessário para o texto. SIMPLICIDADE Prefira usar palavras conhecidas e adequadas, evite termos técnicos, estrangeirismos e jargões. Seja dire- to e objetivo na construção dos períodos. UNIDADE Mantenha sempre o encadeamento entre as ideias e os parágrafos de seu texto. Trace um planejamento e o siga do começo ao fim do texto. Tome cuidado para não se perder e fugir do assunto.
  • 18. 18 PROPOSTA DE ATIVIDADE 5 Doutor Advogado e Doutor Médico: até quando? Eliane Brum Sei muito bem que a língua, como coisa viva que é, só muda quando mudam as pessoas, as relações entre elas e a forma como lidam com o mundo. Exerço, porém, um pequeno ato quixo- tesco no meu uso pessoal da língua: esforço-me para jamais usar a palavra “doutor” antes do nome de um médico ou de um advogado. Travo minha pequena batalha com a consciência de que a lín- gua nada tem de inocente. Se usamos as pala- vras para embates profundos no campo das ide- ias, é também na própria escolha delas, no corpo das palavras em si, que se expressam relações de poder, de abuso e de submissão. Cada vocábulo de um idioma carrega uma teia de sentidos que vai se alterando ao longo da História, alteran- do-se no próprio fazer-se do homem na História. E, no meu modo de ver o mundo, “doutor” é uma praga persistente que fala muito sobre o Brasil. Assim, minha recusa ao “doutor” é um ato político. Um ato de resistência cotidiana, exercido de forma solitária na esperança de que um dia os bons dicionários digam algo assim, ao final das várias acepções do verbete “doutor”: “arcaísmo: no passado, era usado pelos mais pobres para tratar os mais ricos e também para marcar a su- perioridade de médicos e advogados, mas, com a queda da desigualdade socioeconômica e a ampliação dos direitos do cidadão, essa acepção caiu em desuso”. Historicamente, o “doutor” se entranhou na sociedade brasileira como uma forma de tratar os superiores na hierarquia socioeconômica – e também como expressão de racismo. Ou como a forma de os mais pobres tratarem os mais ricos, de os que não puderam estudar tratarem os que puderam, dos que nunca tiveram privilégios tra- tarem aqueles que sempre os tiveram. O “doutor” não se estabeleceu na língua portuguesa como uma palavra inocente, mas como um fosso, ao expressar no idioma uma diferença vivida na con- cretude do cotidiano que deveria ter nos enverg- onhado desde sempre. A resposta para a atualidade do “doutor” pode estar na evidência de que, se a sociedade brasileira mudou bastante, também mudou pou- co. A resposta pode ser encontrada na enorme desigualdade que persiste até hoje. E na forma como essas relações desiguais moldam a vida cotidiana. O “doutor” médico e o “doutor” advogado, juiz, promotor, delegado têm cada um suas cau- sas e particularidades na história das mentali- dades e dos costumes. Em comum, têm algo sig- nificativo: a autoridade sobre os corpos. Um pela lei, o outro pela medicina, eles normatizam a vida de todos os outros. Não apenas como represen- tantes de um poder que pertence à instituição e não a eles, mas que a transcende para encarnar na própria pessoa que usa o título. Se olharmos a partir das relações de mer- cado e de consumo, a medicina e o direito são os únicos espaços em que o cliente, ao entrar pela porta do escritório ou do consultório, em geral já está automaticamente numa posição de sub- missão. Em ambos os casos, o cliente não tem razão, nem sabe o que é melhor para ele. Seja como vítima de uma violação da lei ou como autor de uma violação da lei, o cliente é sujeito passivo diante do advogado, promotor, juiz, delegado. E, como “paciente” diante do médico, deixa de ser pessoa para tornar-se objeto de intervenção.
  • 19. 19 A partir da leitura do texto motivador e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dis- sertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “O uso da expressão doutor no Brasil”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, or- ganize e relacione, de forma coerente e coe- sa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. Não ultrapasse 30 linhas. Num país no qual o acesso à Justiça e o acesso à Saúde são deficientes, como o Brasil, é previsível que tanto o título de “doutor” per- maneça atual e vigoroso quanto o que ele repre- senta também como viés de classe. Texto adaptado de: Revista Época, 10 set. 2012. Disponível em: <http://revistaepoca. globo.com/ Sociedade/eliane-brum/no- ticia/2012/09/doutor-advogado-e-dou- tor-medico-ate-quando.html>.
  • 20. 20 PROPOSTA DE ATIVIDADE 5 O Poder do NÃO: Aprenda Como Dizer Não Muda Sua Vida A dificuldade de dizer “não” está cada vez mais evidente no mundo moderno. Nos trein- amentos que faço na Pandora – Evolução Con- sciente, vejo muitas pessoas que prejudicam suas vidas, fazem somente vontades de outras pessoas ou vivem sempre infelizes e em busca de felicidade externa somente pelo fato de não dizerem “não” para outras pessoas. Mas por que temos tal dificuldade? Quais são os sentimentos que nos fazem sempre agra- dar aos outros, buscar suas felicidades, fingirmos estar felizes, mas sempre nos prejudicarmos para isso e deixarmos nossas vidas em segundo pla- no? Ser difícil dizer “não” não vem do “não”. Vem de outros contextos internos que todo ser huma- no tem, mas prefere buscar isso no externo e no agrado a outras pessoas, no que os olhos veem, ao invés de alinhar isso internamente. Nesse arti- go, falaremos quais os “antídotos” para uma vida equilibrada e de “nãos” com consciência, que não prejudiquem a você ou a outras pessoas ao seu redor. O “não” pode ser positivo. Em primeiro lugar, é importante entender que o “não” nem sempre significa “negação”. A palavra “não” demonstra a impossibilidade ou improbabilidade de se realizar ou aceitar algo. Mas podemos entender que, se esse “algo” que não aceitamos é na verdade uma coisa que nos prejudicaria ou que faríamos sem dar nosso potencial máximo, então estamos fa- zendo um bem para nós ou para a pessoa que nos pediu. O “não” nos dá um limite. Coloca bar- reiras do que somos capazes e não capazes de fazer. Ou melhor: o que queremos e não quere- mos fazer. É impossível viver uma vida comum fazendo tudo o que aparece em nossa frente, sem ficarmos cansados ou nos prejudicarmos por isso. Portanto, entenda que o “não” também depende da conotação que você dá a ele, e ele pode inclusive ser uma palavra positiva em deter- minadas situações. As 3 necessidades básicas do Ser Humano. Todo Ser Humano tem 3 necessidades básicas de fábrica: 01. Ser amado e respeitado. 02. Ser ouvido na essência. 03. Ter o direito de errar. Essas necessidades causam algu- mas “ilusões” em nossas vidas, de termos apegos e vontades de sempre agradar aos outros para sermos agradados. Buscamos essas necessidades fora de nós, e esse é um grande motivo para termos dificuldade de dizer não. Achamos que ao dizer não, estar- emos negando um contato com uma pessoa, estaremos deixando ela chateada ou então distanciando ela de nós. Mas essas também são ilusões que nós mesmos criamos. Se todo Ser Humano quer ser “amado e respeitado”, ao dizer “não” nas situações que nos prejudicam, estamos criando respeito por nós mesmos. E aí o equilíbrio começa a ser interno, pois a nossa capacidade de nos agradar e de estarmos em paz aumenta. In- clusive nossa autoestima aumenta! Com isso, percebemos que o “não” pode ser poderoso também se começarmos a usá-lo de maneira positiva, para agradar-
  • 21. 21 Essas campanhas precisam ser feitas para que atitudes assim continuem sendo toma- das”, conto a estudante Isadora Oliveira Lima. Fonte: http://g1.globo.com/jornal-nacio- nal/noticia/2018/02/nao-e-nao-cam- panha-contra-assedio-no-carnaval- ganha-ruas.html mos a nós mesmos e equilibrar nossa vida dentro e fora de nós.[...] http://www.queroevoluir.com. br/o-poder-do-nao/ ‘Não é não’: campanha contra assédio no carnaval ganha as ruas Uma campanha contra o assédio gan- hou as ruas nas maiores cidades do país du- rante o carnaval. Tem muito amor na folia. Os namorados vão juntos para a avenida. Um outro casal se conheceu há dois anos, no carnaval, e não teve assédio. “A diferença é que pediu, antes de encostar, né?”, conta a jovem. Mas nem sempre é assim. “Aquelas cantadas muito sem graça e agressivas, puxa, pega no cabelo”, reclama a estudante Larissa Oliveira. No meio da multidão, fica difícil se livrar das investidas desrespeitosas. O que para uns é brincadeira, para outros, é assédio. Mas, para todo mundo, fica bem fácil saber qual é o limite. “Depois do não, o resto é assédio. Então, pronto”, afirma o jovem. Isso mesmo. Não é não. Em Belo Hori- zonte, o recado está em decalques no corpo das foliãs. “A partir do momento que você me toca sem consentimento, a partir do momen- to que você me puxa, você está me desres- peitando”, diz a professora Andréa Santana. Em São Paulo, também: a campanha contra o assédio está no braço, nas roupas. “Eu acho que isso empodera mais a mulher na possiblidade de reclamar, de falar. Eu acho que dá a sensação de que a gente vai ser mais ouvida”, diz a jovem. Assédio pode ser considerado um crime e até dar cadeia. “Chegam querendo beijar, passando a mão. E a gente não está aqui para isso. Ou está. Depende da gente decidir isso, não é mesmo?”, declara a educa- dora física Ariana Ferreira. A palavra-chave é respeito. No Rio de Janeiro, a Isadora viu que tem jeito. “Teve uma pessoa que chegou em mim e eu falei: ‘Não, eu não quero’. E ele falou: ‘Tudo bem. Não é não. Prazer te conhecer’, e foi embora.
  • 22. 22 A partir da leitura do texto motivador e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da lín- gua portuguesa sobre o tema : “Campanhas como a “Não é não” fazem com que as pessoas se sintam mais seguras?”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. Não ultrapasse 30 linhas.