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APOSTILA DE FILOSOFIA
C O M P O N E N T E C U R R I C U L A R :
F I L O S O F I A
Organização:
Prof. Esp. Francisco Vasconcelos Silva Júnior
O que é Filosofia?
Capítulo
1
Equivoco: Inter-
pretação incorre-
ta; engano por
má interpretação
Pense um pouco e responda:
1. Você saberia dizer o que é
Filosofia?
2. O que seria ter uma Atitude
Filosófica?
Muitos filósofos dedicaram boa
parte da vida tentando responder
o seria a filosofia? No entanto,
uma definição fechada, específica
e precisa do termo Filosofia é im-
praticável, pois qualquer formula-
ção poderia induzir a erros ou a
equívocos.
A palavra Filosofia é a junção de
dois termos gregos: filos ou philia
– que significa
amor fraterno,
amizade – e sofia
ou sophia, que
significa sabedo-
ria. Assim, o senti-
do etimológico da
palavra Filosofia
seria amor à sa-
bedoria ou amor
pelo saber.
Desse modo,
filósofo não é aquele que detém o
saber, e sim aquele que ama e
busca a sabedoria, que tem amiza-
de e desejo pelo saber. No entan-
to, a Filosofia não é apenas a pura
razão, ela é a procura da verdade.
A filosofia não é um conjunto de
conhecimentos, mas para além
disso. Ela nos leva a uma inquieta-
ção, uma atitude ou um posiciona-
mento diante da vida e do mundo.
Essa inquietude conduz a uma sé-
rie de indagações e reflexões e
também à não aceitação do ób-
vio. A tudo isso, chamamos de
atitude filosófica.
Engana-se aquele que pensa
não haver espaço para a filoso-
fia no cotidiano. Nosso dia a dia
é permeado de questões filosó-
ficas, desde a mais simples até
as mais complexas. Um exem-
plo disso, são os debates sobre
a pena de morte, o levantamen-
to de questões sobre o desma-
tamento e questões relaciona-
das com os direitos humanos,
tudo isso passa pelo espaço
filosófico.
A indagação filosó-
fica geralmente
parte de bases
simples, funda-
mentos básicos
que, por vezes,
são intocados por
parecerem óbvios
demais. Na filoso-
fia, o Indagador
que agora passa a
ser chamado de Filósofo, deve
manter uma postura crítica.
O indagar, a atitude crítica, a
reflexão crítica, levam o ser que
os pratica a uma outra condi-
ção. As redescobertas feitas po-
dem gerar o agradável espanto
do novo, como também deses-
tabilizar o individuo em todas as
suas certezas.
Indagação: Ato
ou efeito de per-
guntar, investi-
gar, pesquisar.
¹in CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 1995
É por isso que a filosofia nem
sempre teve boa aceitação em
alguns países ou entre algumas
pessoas mais conservadoras. Seu
compromisso em estimular o pen-
samento crítico e dar a oportuni-
dade de que cada um tire suas
próprias conclusões sobre as situ-
ações de sua
vida, da políti-
ca, da socieda-
de, sobre as
outras pessoas,
pode incomo-
dar àqueles
que não têm
interesse em
deixar o pensamento livre e crítico
ganhar espaços em nossa socie-
dade.
Alguns importantes pensadores
e escritores, dentre eles Rubem
Alves, afirma que devemos ter es-
pírito de criança para que possa-
mos exercer nossa plena capaci-
dade filosófica, isso porque a cri-
ança busca saber coisas novas e
se espanta diante do novo. O ado-
lescente, público alvo do ensino
médio também é curioso e essa
curiosidade é elemento funda-
mental para a filosofia.
Na introdução da obra Mundo
de Sophia, o escritor Jostein Gaar-
der, disse: " A capacidade de nos
surpreendermos é a única coisa
de que precisamos para
nos tornarmos bons filó-
sofos (...). E agora tens
que te decidir, Sofia: és
uma criança que ainda
não se habituou ao mun-
do? Ou és uma filósofa
que pode jurar que isso
nunca lhe acontecerá?
...Não quero que tu per-
tenças à categoria dos
apáticos e dos indiferen-
tes. Quero que vivas a tua vida de
forma consciente."
Assim podemos afirmar que a
atitude filosófica seria a “decisão
de não aceitar como naturais, ób-
vias e evidentes as coisas, as ide-
ais, os fatos, as situações, os va-
lores, os comportamentos de nos-
sa existências cotidiana; jamais
aceita-los sem antes havê-los in-
vestigados e compreendido”.²
A historia em quadrinhos com a personagem Mafalda, do cartunista argentino Quino. Ao questionar o mundo,
Mafalda se aproxima da atitude filosófica.
As inquietações de Mafalda põem os adultos para pensar.
²in CHAUÍ, Marilena. Iniciação a Filosofia. 2010. p17.
PERGUNTAS DO HOMEM COMUM PERGUNTAS DE UM FILÓSOFO
Que horas são? O que é o tempo?
Ele está sonhando? O que é o sonho?
As flores são bonitas O que é o belo?
Você está mentindo? O que é a verdade? O que é o erro? O
que é a mentira?
Fazer perguntas como as citadas acima diz respeito à atitude da filo-
sofia. Com estas perguntas o filosofo busca investigar conceitos, abor-
dando-os de forma crítica e reflexiva.
O
Pensador
-
Rodin/
1902
-
Bronze
e
Mármore
4in GAARDER, Jositein. O Mundo de Sofia. Adaptado
Exercitando o que aprendeu
1. Afinal o que é filosofia?
2. Você acredita que a Filosofia pode mudar a vida das pessoas?
3. Qual o significado da palavra filosofia?
4. O que é a atitude filosófica?
5. Quais as características da atitude filosófica?
6. Porque nem sempre a filosofia é aceita entre as pessoas?
7. Dê exemplos de perguntas filosóficas
LEITURA COMPLEMENTAR
“Nós, [homem comum] que vivemos aqui, somos os bichi-
nhos microscópicos que
vivem na base dos pêlos do coelho. Mas os filósofos ten-
tam subir da base para a ponta dos finos pêlos, a fim de po-
der olhar bem dentro dos olhos do grande mágico.³”
No livro O Mundo de Sofia, Jostein Gaarder expõe uma si-
tuação figurativa para explicar o que é ser filósofo e o que o
diferencia do “homem comum”. Para tanto, ele nos trás o
exemplo de um mágico que retira de sua cartola um coelho
que simboliza o mundo. Nos pelos desse coelho existem
“bichinhos microscópicos”, alguns residem na base dos pe-
los, são os homens comuns, ou seja, pessoas que estão cos-
tumadas com o mundo em que vivem, estão na escuridão da
base dos pelos, não se perguntam sobre o mundo e estão
acomodadas no conforto da pelagem do coelho, aceitando,
assim, as coisas como são. Elas não se questionam, portan-
to, por que as coisas não são diferentes do que se apresen-
tam a elas, tendo como verdades, principalmente, o que ve-
em e o que ouvem.
O filósofo, por sua vez, sobe da base para as pontas dos
pelos do coelho em busca da iluminação do conhecimento
que lhe permite questionar o mundo em que vive, ou seja, a
filosofia existe para fazer questionamento que os “homens
comuns” não fazem.
Capítulo
2
O Nascimento da Filosofia
A filosofia, como a entendemos
hoje, tem seu início no século VI
a.C., na Grécia Antiga. O nascimen-
to da filosofia pode ser entendido
como o surgimento de uma nova
ordem do pensamento, comple-
mentar ao mito, que era a forma de
pensar dos gregos. Uma visão de
mundo que se formou de um con-
junto de narrativas contadas de ge-
ração a ge-
ração por
séculos e
que trans-
mitiam aos
jovens a
experiência
dos an-
ciãos. Essa
passagem
no entanto,
ocorreu durante um longo processo
histórico. Poderia ter surgido em
qualquer lugar, mas naquele mo-
mento da história diversas coisas
ocorriam para que ali fosse seu co-
meço.
A Grécia Antiga vivia um momen-
to de auge de sua cultura. O comér-
cio com outros povos trouxe conhe-
cimento. A produção artística era
muito ativa. Havia os jogos olímpi-
cos. A linguagem, moeda e tecnolo-
gia (de arquitetura e militar) tam-
bém marcaram esse período.
Os primeiros pensadores a se-
rem chamados de filósofos foram
Tales, Pitágoras, Heráclito e Xe-
nófanes que, na época, concen-
travam seus esforços em tentar
responder racionalmente às
questões da realidade humana.
Numa época em que pratica-
mente tudo era explicado atra-
vés da mitologia e da ação dos
deuses, esses pensadores bus-
cavam, em pensamentos lógi-
cos e racionais, explicar qual a
fundamentação e a utilidade
dos valores morais na socieda-
de da época. Também queriam
identificar as características do
conhecimento puro, as origens
das coisas e dos fatos e outras
indagações que surgiam confor-
me o caminhar intelectual da
época. Numa época em
que praticamen-
te.
H i s t o r i c a -
mente, a Filoso-
fia como conhe-
cimento se inici-
ou com Tales de
Mileto, o primei-
ro filosofo oci-
dental que bus-
cou explicar a
existência por
meio de um
principio único.
Tales de Mileto (624 a 546 a.C)
Considerado o primeiro Filosofo
Grego, afirmava que a origem de
todas as coisas era a água.
2.1. Condições históricas para o
surgimento da Filosofia
A filosofia não surgiu de uma
dia para o outro, o pensamento
filosófico é resultado de um pro-
cesso gestado ao longo dos tem-
pos.
Vejamos agora alguns dos fato-
res que contribuíram para o surgi-
mento da filosofia.
Invenção do calendário – Os
gregos aprende-
ram que era
possível contar
o tempo das es-
tações do ano,
definindo quan-
do e de que for-
ma aconteciam
as mudanças do
clima e do dia,
notando que o
tempo passava por transforma-
ções espontaneamente e não por
intervenções divinas.
Invenção da moeda – Os gre-
gos aprenderam a arte de
negociar, não mais se efe-
tuava a venda de uma mer-
cadoria aceitando como
pagamento a troca por mer-
cadoria semelhante, o paga-
mento tornou-se monetário, ou
seja, a moeda substituiu o poder
de troca.
Surgimento da vida urbana – O
desenvolvimento da cidade trouxe
aos gregos uma situação financei-
ra mais igualitária, o prestígio soci-
al que antes era benefício de ape-
nas algumas famílias diminuiu,
assim como o prestígio que deti-
nham. As artes ganharam patroci-
nadores, estimulando assim o sur-
gimento de novos artistas.
Invenção da escrita alfabética –
O uso do alfabeto fez com que os
gregos se expressassem de forma
mais clara, colaborando para
que suas ideias fossem me-
lhor compreendidas e difundi-
das pelo mundo afora, levan-
do a sabedoria as pessoas.
Invenção da política – Com a
invenção da politica surgiram
novas fontes de informação, a
lei passou a abranger muitas
outras coisas e chegou até as
pessoas, criou-se uma área
pública vol-
tada para
discursos e
debates, lo-
cal no qual
os gregos
debatiam e
propagavam
suas ideias
a respeito
da política. A política estimula um discurso que
procura ser público, ensinado,
transmitido, comunicado e discutido.
LEITURA COMPLEMENTAR
A filosofia nasceu do espanto
Certo dia um menino chamado Saber abriu os olhos e viu que a
Terra era um pequeno planeta, perdido na imensidão do caos.
O pequeno filósofo passou, então, a contemplar os pequenos
seres que Deus havia criado com tanta paixão. E admirando-se,
então, das coisas estranhas à sua volta, começou a formular as
mais variadas perguntas:
-Por que os astros se movimentam?
-O que é o ser?
-Quem é o homem?
-Qual o sentido da vida?
Ao nos concentrarmos nas perguntas formuladas pelo pequeno
sábio, vemos que não podem ser respondidas cientificamente, o
que as tornam perguntas irrespondíveis.
Portanto, o estado de admiração diante das novas e que o pe-
queno sábio não consegue compreender, chamamos aquilo de es-
panto.
O espanto, pois, é o inicio do filosofar. E o filósofo, por sua vez, é
um perito na arte de espantar-se.
A filosofia nasceu da admiração dos gregos diante daquilo que
não compreendiam.
E porquê o espanto? Porque é este sentimento de admiração,
que o Homem experimenta ao confrontar-se com as coisas e os
acontecimentos, que determina o aparecimento de interrogações.
Do espanto nasce a interrogação, característica essencial da atitu-
de filosófica. Possuidor de espírito critico, o filosofo é assaltado
pela dúvida, pois sabe que o habitual e o que pensa conhecer, po-
de não ser mais do que uma ilusão. É por isso que o que a muitos
de nós parece óbvio continua a ser problemático para o filósofo,
continua a espantá-lo e a dar origem a questões que se renovam
constantemente.
Exercitando o que aprendeu
1. Onde e quando surgiu a Filosofia?
2. O que tentavam responder os primeiros filósofos?
3. Quais fatores contribuíram para o surgimento da filosofia?
4. Quais perguntas fizeram os primeiros filósofos?
5. Quem foi o primeiro filósofo a ver a filosofia como uma forma de conhecimen-
to?
6. Qual o principio de todas as coisas segundo Tales de Mileto?
7. Como a invenção da politica influenciou o surgimento da Filosofia?
Mito e Filosofia
Capítulo
3
Cena do filme Como Treinar o seu Dragão
Antes da Filosofia, todas as
coisas eram explicadas por meio
da crença em seres e forças so-
brenaturais que agiam sobre o
mundo, governando os aconteci-
mentos e o destino dos homens.
Os povos primitivos acreditavam
que as doen-
ças, a morte,
os fenômenos
naturais depen-
diam da vonta-
de dos deuses.
P r o c u r a v a m
por isso agir de
modo a não
lhes provocar a
ira para não
serem por eles
castigados.
Um mito é uma narrativa sobre
a origem de alguma coisa (origem
dos astros, dos homens, das
plantas, dos animais, do bem e
do mal, da morte, etc). O mito
narra as origens das coisas por
meio de forças sobrenaturais. Ele
narra como seres sobrenaturais
fizeram a realidade começar a
existir.
A palavra mito é grega e signifi-
ca contar, narrar algo para al-
guém que reconhece o proferidor
do discurso como autoridade so-
bre aquilo que foi dito.
O mito surge a partir da ne-
cessidade de explicação sobre a
origem e a forma das coisas, suas
funções e finalidade, os poderes
do divino sobre a natureza e os
homens. Ele vem em forma de
narrativa, cria-
da por um nar-
rador que pos-
sua credibilida-
de diante da
sociedade, po-
der de lideran-
ça e domínio da
linguagem con-
vincente, e que,
acima de tudo,
“jogue para a
boca do mito” o
que gostaria de
impor, mas
adequando a estrutura do mito de
uma forma que tranquilize os âni-
mos e responda às necessidades
do coletivo.
Assim, Homero e Hesíodo são
considerados os educadores da
Grécia por excelência, pois por se-
rem tidos como portadores de
uma verdade fundamental sobre a
origem do universo, das leis etc.
Como já foi visto no capitulo
anterior somente a partir de deter-
minadas condições que o modelo
mítico foi sendo questionado e
substituído por uma forma de pen-
sar que exigia outros critérios para
a confecção de argumentos.
3.1. Diferença entre mito e Filoso-
fia
O mito é um relato que oferece
uma explicação definitiva; o mito
não precisa de justificativa. Ao
contrário, é o mito
que justifica uma
sociedade, uma
cultura, um costu-
me, como vimos
acima.
Da maneira como
é elaborado, o
mito não é para
ser criticado ou
discutido. Da
mesma forma, ele
não precisa ser
apresentado atra-
vés de argumen-
tações – ele simplesmente é co-
municado à comunidade por
aqueles que se consideram os
arautos das Musas ou dos Deu-
ses.
A filosofia é uma narrativa que
não oferece uma explicação defi-
nitiva, já que a discussão é própria
da filosofia. Existem sistemas filo-
sóficos que pretendiam oferecer
uma explicação definitiva da reali-
dade.
Outro aspecto é que a filosofia
sempre precisa se justificar. O pró-
prio ato de filo-
sofar já implica
a apresentação
de uma justifica-
tiva daquilo que
vai ser dito. Por
ser um processo
baseado na ex-
periência e/ou
no raciocínio
lógico, a filosofia
sempre está su-
jeita a criticas.
Assim Mito e Filosofia, se com-
plementam entre si, haja vista que
um sempre sucede o outro de for-
ma cíclica no decorrer do tempo.
PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE MITO E FILOSOFIA
MITO FILOSOFIA
- Fixa a narrativa no passado - Se preocupa em explicar como e
porque, no passado, no presente e
no futuro
- Narra a origem através de genea-
logias e rivalidades ou alianças
entre forças divinas sobrenaturais
e personalizadas (Urano, Ponto e
Gaia);
- Explica a produção natural das coi-
sas por elementos e causas naturais
e impessoais (céu, mar e terra).
- Não se importa com contradi-
ções, com o fabuloso e o incom-
preensível; a autoridade é posta
na confiança religiosa no narra-
- Não admite contradições, fabula-
ção e coisas incompreensíveis; exige
explicação coerente, lógica e racio-
nal; autoridade: vem da razão
Mito da caixa de pandora
A visão mitológica dos Gregos
Capítulo
4
Os gregos como já se foi menciona-
do nos capítulos anteriores buscavam
explicar a origem das coisas, através
de historias fantasiosas e que geral-
mente trazia nessas explicações seres
divinos e com poderes sobrenaturais.
Para os gregos a
ideia de algum ser,
dono de uma inteli-
gência superior cri-
ar o mundo parece
natural porque se
nós, com a nossa
inteligência, pode-
mos criar coisas e
se não fomos nós
que criamos o mun-
do ele deve ter sido
criado por um ser dotado de uma inte-
ligência superior à nossa. Foi dessas
indagações que apareceram os mitos
da criação.
Os gregos tinham uma visão mito-
lógica para explicar a origem do mun-
do e do homem. Para eles, todas as
coisas aparentemente inexplicáveis
eram sobrenaturais e decorrentes da
ação dos DEUSES.
Isso mesmo deuses, pois o povo
grego assim como a maioria dos povos
antigos eram politeístas, mas diferen-
te dos outros povos os deuses gregos
tinham características humanas, tanto
na forma física como no comporta-
mento e nos sentimentos, tinham qua-
lidades humanas, mas também ti-
nham defeitos, sentiam ciúmes, inve-
ja, raiva e as mais diversas emoções.
Embora dotado de sentimentos, pai-
xões humanas, ao
contrario dos ho-
mens, porem tinham
poderes sobrenatu-
rais, eram imortais e
permaneciam eterna-
mente jovens.
De acordo com os
historiadores, para os
gregos os deuses vi-
viam na montanha
mais alta da Grécia, o
Monte Olimpo, lá era a morada dos
deuses, acreditava-se que no alto do
monte eles se reuniam, comiam, bebi-
am, cantavam, dançavam e se diverti-
am.
4.1. Mitologia Grega
A mitologia grega é uma das mais
geniais e belas concepções huma-
na. Os gregos, com sua fantasia,
povoaram o céu, a terra e os mares
com suas divindades e com seres e
acontecimentos
mágicos. Ela se
apresenta como
uma possibilidade,
riquíssima, de expli-
car e experimentar
o mundo. Superan-
do o tempo e resis-
tindo a racionalida-
de ela é muito pre-
sente na vida do
homem contempo-
râneo: alimentou a
literatura, o teatro,
as artes visuais através dos sécu-
los.
Os gregos cultuavam uma série
de deuses, além de heróis ou se-
mideus. Relatando a vida desses
deuses e heróis e se u envolvimen-
to com os ho-
mens, os gregos
criaram uma
rica mitologia,
isto é um con-
junto de lendas
e crenças que,
de modo simbó-
lico fornecem
explicações pa-
ra a realidade
universal. Inte-
gra a mitologia
grega grade numero de relatos ma-
ravilhosos e de lendas que inspira-
ram e ainda inspiram diversas
obras artísticas ocidentais.
Assim os gregos cultuavam os
deuses, onde cada um tinha um
atributo especifico. Os mais famo-
sos deuses gregos eram: Zeus, o
mais poderoso, o deus dos deuses,
era o senhor os céus; He-
ra, esposa de Zeus, con-
siderada a
protetora do
casamento;
Demeter, a
deusa da
agricultura;
Poseidon, o
senhor dos
mares; Afrodi-
te, Deusa do
amor sensu-
al; Atena, deusa da sa-
bedoria; Ares, deus da
guerra; Apolo, deus da
adivinhação, da verda-
de e da música e da medicina; Ar-
têmis, Deusa da caça e protetora
da vida selvagem. Hefáistos, deus
do fogo e dos metais; Dionísio,
deus do vinho e da embriaguez.
Fora os deuses, os gregos acredi-
tavam que nas origens de suas
historia viveram pessoas nascida
da união de um deus com um
mortal, os semideus, que foram
responsáveis por feitos e ações
extraordinárias. Dentre os mais
famosos estão: Teseu, Hercules,
Prometeu e Perseu.
Capítulo
5
O mito no mundo atual
Não podemos negar que o mito
ainda está presente em nossa
sociedade basta prestarmos
atenção nos contos
populares, no folclo-
re, e na vida diária
do ser humano, a
partir dessa reflexão
percebemos que ao
proferir certas pala-
vras míticas: casa,
lar, amor, pai, mãe,
paz, liberdade, mor-
te, o homem as com
valores que são mo-
delos universais, existentes na
natureza inconsciente e primitiva
de todos nós.
Em nossa sociedade, as estru-
turas míticas estão fortemente
presentes
nas ima-
gens e nos
comporta-
m e n t o s
que são
impostos
às pesso-
as através
da mídia.
Um exemplo são os personagens
das histórias em quadrinhos que
trazem presentes em seus dese-
nhos e em seus diálogos os he-
róis mitológicos ou folclóricos.
Nos desenhos animados e nos
quadrinhos, algumas figuras cha-
mam a atenção das crianças. São
os super-heróis, que es-
timulam o desejo e os
anseios que existem no
nosso inconsciente.
Mas não só os super-
heróis dos filmes e qua-
drinhos que podem ser
considerados mitos. Al-
gumas pes-
soas de car-
ne e osso
t o rn a m - s e
ídolos de uma gera-
ção e são também
tratadas como verda-
deiros mitos. Em nos-
sa sociedade como
em qualquer outra,
existem valores que
que se deseja que
todos possuam. Esses valores
podem ser a bondade, a honesti-
dade, a coragem a inteligência. E
algumas pessoas encarnam tão
bem esse valores
que se tornam
modelos de com-
portamento para
todos, é como se
fossem verdadei-
ros heróis.
5.1. A permanência do mito
Se a pergunta inicial era se ain-
da existe mito no mundo de hoje,
podemos afirmar com toda a cer-
teza que sim, ele existe, por meio
das crenças, temores e desejos,
mas o mito não tem tanto poder
quanto tinha antigamente, pois
com o pensamento crítico racional
o indivíduo é capaz de encontrar
explicações mais lógicas para os
acontecimentos.
Os mitos de hoje
podem ser divi-
didos em mitos
autênticos e em
mitos fabricados
pelos meios de
comunicação de
massa e pela
mídia.
Atualmente per-
sistem os mitos autênticos que
são derivados das mesmas neces-
sidades de propiciar o bem e afas-
tar o mal e são exemplares, fazem
parte da vida e podem ser vividos
por todos os indivíduos de uma
comunidade. Os exemplos mais
comuns em nossa sociedade são:
Ano-novo, Baile de 15 anos, Casa-
mento, entre outros. Hoje na soci-
edade são criados mitos de ma-
neira que possam ser entendidos
por todos sem maiores esforços
reflexivos, pois assim não há ne-
cessidade de criticar ou questioná-
los. Analisando as manifestações
coletivas do cotidiano do brasilei-
ro, percebe-se componentes míti-
cos no carnaval e no futebol, am-
bos manifestações do imaginário
nacional e da expansão de forças
inconscientes.
Portanto podemos afirmar que o
mito não se reduz a simples len-
das, mas faz parte da vida huma-
na desde seus primórdios e ainda
persiste no nosso cotidiano como
uma das experiências possíveis do
existir humano, expressas por
meio das
c r e n ç a s ,
dos temo-
res e dos
desejos.
No en-
tanto o mi-
to não apa-
rece com
mesma for-
ça que anti-
gament e,
porque o
exercício da critica racional nos
permite validá-los ou negá-los
quando nos desumanizam.
Capítulo
6
Imaginação, Fantasia e Filosofia
De origem no latim imagina-
tióne, que significa imagem, a
imaginação é a representação da
realidade ou dos objetos e não a
coisa em si.
A imaginação enquanto produ-
ção de representações pressupõe
uma atividade do espírito. É a ca-
pacidade de criar imagens men-
tais e poder pensar além da pró-
pria realidade, inovando-a
A imaginação permite ao ser
humano conceber um mundo
imaginário. É assim uma imagina-
ção produtora e que pode enri-
quecer o nosso espírito, já que é
a representação de uma realida-
de ausente, mas que permite a
existência da liberdade do espíri-
to.
Na corrente inspirada por Des-
cartes e Espinosa, a imaginação
tem como função produzir a apa-
rência e produz erros no espírito.
Segundo Descartes, é necessário
romper com a aparência ilusória
das coisas que nos surgem pelas
imagens.
Por outro lado, Kant fez da ima-
ginação transcendental a condi-
ção primeira de todos os pensa-
mentos, isto porque considerou
que a imaginação é a faculdade
das imagens e, como tal, pode
intervir na sensação onde a ima-
gem se produz e na memória on-
de se repro-
duz. Por últi-
mo, segundo
Bachelard, a
imaginação
é a faculda-
de de inven-
ção e de re-
novação.
O homem
é um ser
imaginário,
pois ele é capaz de inventar o no-
vo a partir de sua imaginação cri-
adora.
6.1. A Imaginação criadora e re-
produtora
A tradição filosófica sempre deu
prioridade à imaginação reproduto-
ra, considerada como um resíduo
do objeto percebido
que permanece retido
em nossa consciência.
A imagem seria um ras-
tro ou um vestígio dei-
xado pela percepção. A
imaginação reprodutora
é aquela que reproduz
imagens anteriormente
percebidas. Apesar de
utilizar nossas experiên-
cias adquiridas a imagi-
nação reprodutora não
se situa no tempo, pois
é capaz de reproduzir imagens rela-
tiva ao passado, a o presente ao
futuro.
Por exemplo, se neste momento
você fechar os olhos, poderá imagi-
nar a sala de aula, as carteiras os
colegas que estão com você ou se-
ja imagem seria a coisa atual per-
cebida quando ausente. Seria uma
percepção enfraquecida, que, asso-
ciada a outras, formaria as ideias
no pensa-
mento.
Quando a
imaginação
reprodutora
chega a fazer
parte de nos-
sas relações
cotidianas,
nos faz acre-
ditar na pre-
sença do ob-
jeto represen-
tado, como
acontece nas
alucinações e nos sonhos.
Mas o que seria a imaginação
criadora?
O homem é o único que tem a
capacidade de reassentar objetos
pelo pensamento, por isso só ele é
capaz de usar a imaginação criado-
ra.
A imaginação criadora, é a que
inventa ou cria algo novo nas artes,
nas ciências, nas técnicas e na Filo-
sofia. Aqui, combinam-se elementos
afetivos, intelectuais e culturais que
preparam as con-
dições para que
algo novo seja
criado e que só
existia, primeiro,
como imagem
futura ou como
p o s s i b i l i d a d e
aberta. A imagi-
nação criadora
pede auxílio à
percepção, à me-
mória, às ideias existentes, à imagi-
nação reprodutora e evocadora pa-
ra cumprir-se como criação ou in-
venção.
Ela é pois uma maneira complexa
de se apresentar a atividade consci-
ente, combinando assim, certos ele-
mentos que são armazenados pela
imaginação reprodutora, com os
quais realiza sínteses imaginativas
inteiramente nova.
Quando a criança representa ob-
jetos pelo
p e n s a -
m e n t o ,
ela cria
um mun-
do de fan-
tasia. O
homem é
um ser eu
vive sem-
pre imagi-
n a n d o ,
por isso,
vive sem-
pre crian-
do fantasias.
Capítulo
7
O homem é a medida de todas as coisas
Mas o que é o homem? O que o
diferencia dos outros seres? Esta
problemática surge basicamente a
partir de três fatores: o homem é
capaz de observar os fenômenos
que o envolvem; sente-se ameaça-
do de extinção por alguns destes
fenômenos; questiona-se sobre o
aparente absurdo do própria exis-
tência.
Então, o que é o homem? O ho-
mem é o único ser capaz de fazer
perguntas. Todos os demais seres
não se colocam este problema. Es-
tão submetidos às leis e fenôme-
nos e não tem a capacidade de se
perguntar por sua essência ou pe-
las razões de sua existência.
O homem pergunta pelo seu pró-
prio ser. Quer compreender e ter
consciência de si. Mas identifica
também sua incapacidade de se
compreender de modo total. Seu
conhecimento sobre si é limitado e
parcial. No entanto está inquieto,
deve expor para si mesmo as ra-
zões de seu existir.
7.1 O homem é um ser que pen-
sa!
O homem é o único ser que pen-
sa, deseja e se comunica. Sendo
pois um ser racional ele é capaz de
construir o mundo e fazer história
uma vez que o é dono da razão e
da inteligência, ele se apossa da
cultura fazendo com que a lingua-
gem se torne o seu único meio de
chegar a qualquer objetivo por ele
desejado, aliás, é até justo afirmar
que o homem é a própria
linguagem. Pois, uma vez
que ele planeja qualquer
objetivo a alcançar ele
usa da própria linguagem
para desenvolver esse
plano, que passa pela
inteligência, a atividade
de desenvolver esse pla-
no, e que vai dar razão
ao desenvolvimento de
seu próprio plano.
Por meio do pensa-
mento o homem é capaz
de voar para lugares dis-
tantes ou planejar um futuro me-
lhor, a partir dos erros e acertos do
presente.
Assim, diferentemente dos ou-
tros animais os homens não são
apenas seres biológicos produzidos
pela natureza. Os homens são tam-
bém seres culturais que modificam
o estado de natureza, isto é, o mo-
do de ser, a condição natural das
coisas, definida pela natureza.
Capítulo
8
Linguagem e comunicação
Alguns estudiosos entendem
que o fator determinante da tran-
sição natureza-cultura é a lingua-
gem. Trata-se de uma corrente
que entende o ser humano funda-
mentalmente
como um ser
linguístico.
Para entender-
mos melhor
observemos o
exemplo do
a n t r o p ól o g o
Claude Lévi
Strauss:
Suponhamos que num planeta
desconhecido encontremos seres
vivos que fabricam utensílios. Is-
so não nos dará a certeza de que
eles se incluem na ordem huma-
na. Imaginemos, agora, esbarrar-
mos com seres vivos que possu-
am uma linguagem que, por mais
diferente que seja da nossa, pos-
sa ser traduzida para nossa lin-
guagem - seres, portanto, com os
quais poderíamos nos comunicar.
Estaríamos, então, na ordem da
cultura e não mais da natureza1.
Assim, segundo esse antropó-
logo, o que teria distanciado defi-
nitivamente o homem da ordem
comum dos animais - animal que
ele também é e nunca deixará de
ser - e permitido a sua entrada no
universo da cultura seria o desen-
volvimento da linguagem e da
comunicação.
De fato, a linguagem constitui
uma das dimensões mais impor-
tantes da cultura. É pela lingua-
gem, por exemplo, que os pais
comunicam aos filhos não ape-
nas suas experiências pessoais,
mas algo mais amplo: as experi-
ências acumula-
das e comparti-
lhadas pela socie-
dade. De modo
inverso, é tam-
bém por meio da
linguagem que o
c onhec i m ent o
individual de ca-
da pessoa pode
incorporar-se ao
patrimônio social.
A linguagem
animal em comparação com a
linguagem humana é bastante
limitada, porque está associada
unicamente aos instintos de so-
brevivência. Se fossemos tradu-
zir o significado dessas expres-
sões linguísticas provavelmente
elas equivaleriam apenas a ex-
pressões do tipo: “vamos”,
“foge”, “cuidado!” ou algo seme-
lhante. A linguagem humana é
muito mais complexa porque há
algo de especifico nela, que é a
utilização de elementos abstra-
tos.
1LÉVI-STRAUSS, Claude. Culture et langage. Apud CUVILLIER, Arnoud.
Sociologia da cultura, p. 2.)
Observe atentamente a tirinha abaixo:
Em sua opinião houve uma comunicação?
Homem, natureza e cultura
Capítulo
9
Quando falamos em “natureza”,
atualmente, pensamos logo na reali-
dade exterior, no meio ambiente em
que nascemos e vivemos, e que mar-
camos tão fortemente com nossa pre-
sença, nossas técnicas, esse mundo
natural no qual construímos nossas
cidades, que cortamos com nossas
estradas, e cuja
existência acredi-
tamos estar amea-
çada, por causa
de nossa atitude
predatória com
relação a ele.
No entanto, a
natureza pode ser
compreendida de
maneira mais am-
pla, ou seja, abar-
cando mais do
que esse “lugar”
o u e s s a
“exterioridade”
que recebemos de
presente quando
nascemos. É muito importante perce-
bermos que, na verdade, os termos
natureza e natural referem-se àquilo
que nos é dado (ou imposto), não só
externa, mas também internamente,
como determinações que nos definem
e que não podemos alterar ou que,
para serem alteradas exigem muita
inventividade ou técnica.
O homem é um ser que se distin-
gue dos demais por transformar a na-
tureza, criando para si uma "segunda
natureza", a cultura.
No passado remoto da humanida-
de, a natureza era sentida como uma
potência superior à
qual os homens
estavam submeti-
dos. Os fenômenos
naturais eram com-
preendidos como
"fenômenos sagra-
dos", que revela-
vam uma intenção,
uma razão. Ora
eram vistos como
recompensa ou pu-
nição divina pelos
atos humanos, ora
eram percebidos
como a própria ma-
nifestação dos
deuses, que con-
versavam diretamente com os ho-
mens. Era uma natureza encantada.
8.1 A Cultura
Os homens não são apenas seres
biológicos produzidos pela natureza.
Os homens são também seres cultu-
rais que modificam o estado de natu-
reza, isto é, o modo de ser, a condição
natural das coisas, definida pela natu-
reza.
Na Grécia antiga o termo cultura
adquiriu um significado todas especial
ligada à formação individual do cida-
dão. Correspondia a chamada Paideia,
processo pelo qual o homem realizava
o que os gregos consideravam a sua
verdadeira natureza, isto é desenvol-
ver a o conhecimento de si e do mun-
do e a consciência da vida em socie-
dade.
O mundo que resulta do pensar e do
agir humano não pode ser chamado de
natural, pois se encontra modificado por
nós. Portanto as diferenças entre ser hu-
mano e animal não são apenas de
grau, porque, enquanto o animal per-
manece mergulhado na natureza,
nós somos capazes de transformá-
las em cultura.
Podemos definir cultura como um
amplo conjunto de conceitos, símbo-
los, valores e atitudes que modelam
uma sociedade. Nesse sentido, todas
as sociedades humanas, da pré-
história aos dias atuais, possuem
cultura. E cada cultura tem seus pró-
prios valores e sua própria identida-
de. De uma maneira mais filosófica
podemos afirmar que a cultura é a
reposta oferecida pelos grupos humanos
ao desafio da existência.
Portanto, dada a infinita possibilidade
humana de simbolizar, as culturas são
múltiplas. Variam as formas de pensar,
de agir, de valorar; são diferentes as ex-
pressões artísticas e os modos de inte-
pretação do mundo, tais como com o mi-
to, o senso comum, a filosofia ou a ciên-
cia. Vale lembrar que a ação cultural é
coletiva, por ser exercida
como tarefa social.
A cultura é portanto uma
processo que caracteriza o
ser humano como ser de
mutação, de projeto que
se faz à medida que trans-
cende, que ultrapassa a
própria experiência.
Cultura e cotidiano1
Capítulo
9
Pensemos agora sobre a vida cotidi-
ana de cada pessoa e sua relação
com o universo cultural de que ela
participa.
Sabemos que a cultura abrange um
conjunto de conceitos, valores e atitu-
des que modelam uma comunidade.
Assim, podemos dizer que toda pes-
soa vive sob a influencia de diversas
culturas, e não
só de uma, pois
participa de dis-
tintos grupos so-
ciais, e cada um
deles lhe impri-
me a sua marca
cultural.
Vejamos um
exemplo: um bra-
sileiro que tem
uma família fre-
quenta uma igreja e trabalha numa
empresa, recebe influência de pelo
menos quatro fontes culturais - a cul-
tura popular brasileira; a
cultura familiar, basica-
mente transmitida por
seus pais e avós; a cultura
de seu grupo religioso; e a
cultura organizacional de-
senvolvida em seu local de
trabalho.
Cada universo cultural de
que uma pessoa participa influi de for-
ma específica em sua maneira de pen-
sar, sentir e agir, ou seja, em sua for-
ma de ser no dia-a-dia.
Então, se por um lado a cultura é
uma criação coletiva dos grupos hu-
manos através do tempo, por outro
lado cada pessoa também é, em gran-
de medida, uma criação diária e cons-
tante da cultura em
que vivemos, desde
o instante do nosso
nascimento. No en-
tanto, quase não
percebemos isso,
pois a cultura à qual
pertencemos é prati-
camente invisível
para nós em nosso
cotidiano.
9.1 Cultura em nossa vida diária
Em geral, vivemos dentro de nossa
cultura num fluir contínuo, como se o
nosso modo de ser fosse igual para
todas as pessoas e as diversas coisas
do mundo fossem sempre assim como
as experimentamos. Ilustremos me-
lhor essa ideia: Somos como um peixe
que nasceu dentro de um aquário e
toma esse ambiente como sendo o
mundo. Esse estado habitual de nos-
1Adaptado de: COTRIM, Gilberto. Fundamentos da Filosofia. 16ª Edição. São Paulo: Saraiva, 2006.
sas vidas se vê confrontado, por
exemplo, quando viajamos para fora
do nosso país.
Nesse instante, ocorre um estra-
nhamento em relação a esses elemen-
tos culturais que estão fora de nós,
quebrando a invisibilidade da nossa
própria cultura. Mas depois que volta-
mos ao nosso cotidia-
no, nossa cultura se
toma "invisível' de
novo para nós. Por-
tanto, de modo geral,
só temos consciência
da nossa própria cul-
tura quando somos
confrontados com
outra.
Na cultura em ge-
ral ocorre algo seme-
lhante: a pessoa per-
cebe e aprende do
grupo cultural do qual participa, por
imitação e de forma quase inconscien-
te, boa parte de como deve pensar e
agir nas mínimas coisas - o que é boni-
to ou feio, o que é adequado ou inade-
quado, o que é possível ou impossível,
como é a vida, como são as pessoas,
que coisas são importantes, etc. Isso
ocorre primeiro dentro de sua família
e, depois, no contato com a vizinhan-
ça, na escola em que estuda, na igreja
que frequenta, na empresa em que
trabalha.
Essa assimilação cultural ocorre de
forma tão "transparente" que quem
assimila ou aprende não percebe que
está aprendendo algo com alguém ou
uma situação. E aqueles que lhe
transmitem esses ensina-
mentos nem sempre se dão
conta de que lhe estão
transmitindo a sua maneira
de ser e viver, o seu modelo
de mundo, o seu "filtro" da
realidade.
Assim, de modo geral, vive-
mos nossa própria cultura
sem vê-la e, muitas vezes,
sem questioná-la.
O problema dessa invisibili-
dade cultural é que muitas
pessoas não compartilham
a mesma maneira de ver e viver as
coisas e por conta disso podem acre-
ditar em uma verdade absoluta, fazen-
do com que desprezem e menospre-
zem outros grupos culturais.
Acreditamos que a filosofia pode
ser um bom apoio nesse processo de
transformação cultural, pois filosofar é
promover uma reflexão profunda so-
bre a natureza e o ser humano, anali-
sando o que fazemos, senti-
mos, pensamos e manifes-
tamos.
Aprender a filosofar contri-
bui para a compreensão do
mundo e nos impulsiona a
desempenhar um papel
mais consciente e ativo den-
tro dele.
Cultura e valores sociais
Capítulo
10
Toda sociedade humana é determi-
nada por certos valores
culturais. Por isso em to-
das as sociedades exis-
tem regras. Essas regras
expressam certos valores
que são de fundamental
importância para o nosso
convívio em sociedade.
Por exemplo, a
regra não roubar
expressa o valor
que devemos
dar ao objeto do
outro: a regra
não matar expressa o valor
que devemos dar a vida hu-
mana. .Percebemos então
que as regras sociais estão
ligadas diretamente a valores
culturais.
10.1 Onde aprendemos os valores?
Não podemos nos esquecer que as
regras e valores são transmitidos aos
adolescentes pelas instituições soci-
ais. E que eles não só aprendem es-
ses valores como também, podem cri-
ticá-los, rejeitá-los ou substituí-los por
outros.
Em casa, nas escola, na igreja e em
todos os grupos que podemos partici-
par é consenso a ideia de que não de-
vemos matar ou roubar.
Os valores estão presentes na nos-
sa vida diária. Na verdade, nenhum
ser humano pode viver numa socieda-
de de forma plena sem que se siga as
normas e as regras criadas
pela sociedade.
10.2 Somos todos diferen-
tes?
Apesar das diferenças, étni-
cas, religiosas e de riqueza,
podemos afirmar que somos
todos iguais, pois pertence-
mos à raça humana. Porem
ao andar pelas ruas da nos-
sa cidade percebemos que
as pessoas não são tão
iguais as-
sim, e que
essa dife-
rença que é
notada são
basicamen-
te as dife-
renças físi-
cas. Claro que na sociedade existem
outras diferenças, mas a que a marca
profundamente é a diferença de po-
der.
Observe atentamente o cartum criado pelo cartunista argentino Quino, autor da
Mafalda, que desiludido com o rumo deste século no que diz respeito a valores e
educação, deixou impresso o seu sentimento.
Contato Humano
Contato Humano
Contato Humano
Pernas
Deus
O próximo a quem amar
Cérebro Ideais, Moral e Honestidade
É importante que desde pequeno aprenda
como é tudo.
Filosofia e pensamento
Capítulo
11
Na Antiguidade, dizia-se que “O pen-
samento é o passeio da alma”, pois
este era considerado uma atividade
na qual saímos de nós mesmos sem
sairmos de nosso interior. Em nosso
cotidiano, usamos as palavras pensar
e pensamento em sentidos variados,
podendo se constituir em uma ativida-
de solitária, invisí-
vel para nós e que
precisa ser proferi-
da para ser com-
partilhada, ou tam-
bém se traduzir
em sinais corpo-
rais e visíveis.
Há várias manei-
ras de se interpre-
tar o pensar, que
pode ser visto co-
mo preocupação,
cisma ou dúvida;
pode ser sinônimo
de deliberação e
de decisão, como
algo que resulta
numa ação; pode se referir a algo que
se pode ou não querer, uma forma de
atenção e concentração; pode repre-
sentar uma determinada ideia que,
definindo algum assunto, foi publica-
mente anunciada; ou pode ainda, con-
forme mencionado por Descartes na
frase “Penso, logo existo”, indicar a
própria essência da natureza humana.
Podemos inclusive supor que há
bons e maus pensamentos.
Pensar é, portanto, suspender o jul-
gamento até se formar uma ideia ou
opinião, comparar os pontos de vista,
avaliar, julgando seu valor e se essa
ideia é verdadeira ou falsa, justa ou
injusta, examiná-las, ponderando os
pontos de vista para escolher um de-
les e equilibrar, encontrando um meio-
termo entre extremos ou opiniões
opostas.
Podemos chegar à conclusão de
que o pensamento é uma atividade
pela qual a consciência ou a inteligên-
cia coloca algo diante de si para aten-
tamente considerar, avaliar, pesar,
equilibrar, reunir, compreender, esco-
lher, entender e ler por dentro.
O pensamento, portanto, exprime
nossa existência como seres racionais
e capazes de conhecimento abstrato e
intelectual, e manifesta sua própria
capacidade para dar a si mesmo leis,
normas, regras e princípios para al-
cançar a verdade de alguma coisa.
Quando pensamos, pomos em movi-
mento o que nos vem da percepção,
da imaginação, da memória, compre-
endemos o sentido das palavras, en-
cadeamos e articulamos significações,
sendo algumas vin-
das de nossa expe-
riência sensível,
outras de nosso
raciocínio e outras
formadas pelas
relações entre idei-
as anteriores.
11.1 Pensamen-
to e Linguagem1
Sem as palavras não teríamos como
expressar nossos pensamentos, sem
a linguagem não seriamos racionais.
O filosofo grego Platão dizia que o
pensamento é um diálogo silencioso
da alma consigo mesma. De acordo
com o entendimento de Platão as pa-
lavras seria apenas instrumentos do
pensar. Elas seriam uteis apenas para
comunicação. Só no momento de di-
zer oque se pensa é que utilizaríamos
a linguagem.
Os filósofos argumentam que a lin-
guagem é parte essencial do pensa-
mento, ou seja, o pensamento é, des-
de o seu nascimento, um ato linguísti-
co oque quer dizer que é com a lingua-
gem que pensamos sem a linguagem
não haveria pensamento.
Por meio da linguagem podemos
entender melhor o que somos capazes
e porque somos tão diferentes dos
animais. A invenção da linguagem foi
determinante para que o homem “se
descobrisse” como ser racional.
11.2 Pensamento e Filosofia
O homem filosofa isto é, pensa so-
bre o pensar. Ele tem consciência do
caráter, do valor, das possibilidades e
dos limites de seus conhecimentos. A
filosofia consiste num pensar que se
volta sobre si mesmo, sendo, portan-
to, por meio dela que o homem se re-
conhece como homem.
Quando dizemos que a filosofia é
um pensar sobre o pensar, que ela é
conhecimento do conhecimento, esta-
mos falando de uma qualidade especi-
fica da filosofia. A filosofia é uma for-
ma de conhecimento que tem um con-
teúdo, um método e
objetivos distintos das
ciências.
Nesse sentido afirma-
mos que a filosofia é
um conhecimento do
conhecimento, um pen-
sar sobre o pensar.
1adaptado do livro Nonato Nogueira
O conhecimento de si mesmo
Capítulo
12
Por meio de perguntas Sócrates
questionava as pessoas em praça pú-
blica e ali discutia os mais diversos
assuntos: O que é o bem? O que é a
justiça? O que é a virtude? Toda sua
filosofia estava a serviço do conheci-
mento do homem e de sua vida moral.
Seu espiritualismo afirmava-se no
“conheça-te a ti mesmo”. Essa mensa-
gem estava escrita no tem-
plo de Apolo. O conheci-
mento de si mesmo impli-
cava o conhecimento de
nossas ações, de nossos
desejos e de nossa vida
moral. Para ele, a sabedo-
ria consistia em vencer a si
mesmo e a ignorância em
ser vencido por si mesmo.
Sua indagação principal
era sobre “a justa vida” e o
“viver bem”. Uma vez lhe
perguntaram qual lhe pare-
cia a melhor tarefa para o homem. Ele
sem rodeios respondeu: viver bem.
Mas viver bem para Sócrates não era
viver dos prazeres e da ociosidade,
mas viver da
contemplação
do conhecimen-
to e do cuidado
de si. Por toda
parte Sócrates
ia persuadindo a
todos, jovens e
velhos, a não se
preoc uparem
exclusivamente,
e nem tão ar-
d e n t e m e n t e ,
com o corpo, a
beleza e a rique-
za.
Dizia que devemos nos preocupar
mais com a alma para que ela seja
quanto possível melhor. Ele identifica-
va a virtude com o conhecimento. Afir-
ma que ninguém faz o mal porque
quer, mas por ignorância. Ninguém
erra voluntariamente. Somente o igno-
rante não é virtuoso. Todo homem
que conhece o bem é virtuoso. Ser
virtuoso para Sócrates é conhecer as
causas e o fim das ações permitindo
uma vida moral e virtuosa em dire-
ção a ideia de
bem. Por isso, ele
defendia a ideia
de que a melhor
forma de se viver
era cultivando o
próprio desenvol-
vimento ao invés
de buscar os pra-
zeres e os bens
materiais.
É necessário se
conhecer melhor para ser feliz.
“Conheça-te a ti mesmo”, essa frase
emblemática é o fundamento de toda
felicidade aqui na terra. Sócrates
aconselhava seus discípulos a se au-
toconhecerem, pois somente assim
as pessoas sairiam da caverna, das
trevas de seus espíritos para alcan-
çarem a luz, a verdade e a felicidade.
Quando nos conhecemos dificilmente
agimos por impulso, dificilmente so-
mos domina-
dos por nos-
sas paixões,
mais resolvi-
dos e deter-
minados so-
mos em nos-
sos objeti-
vos. Conhe-
cer a si mes-
mo significa-
va que deve-
mos nos ocu-
par menos com as coisas desse mun-
do, como riquezas, fama e poder, e
nos preocuparmos mais com o culti-
vo de si, cultivando o conhecimento
para contemplar o bem, o belo e a
verdade.
12.1 Como ter acesso a verdade
Para se ter acesso à verdade, con-
tudo, não é um ato puramente inte-
lectual. Ela exige, por vezes, determi-
nadas renúncias e purificações, das
quais Sócrates é um exemplo.
Sócrates dizia ter recebido a missão
de exortar os atenienses, fossem eles
velhos ou jovens, a deixarem de cui-
dar das coisas, passando a cuidar de
si mesmos. Tal atitude o fez dedicar-
se inteiramente à filosofia e à prática
dialógica (uma forma especial de diá-
logo, denominada maiêutica) por
meio da qual ele fazia com que seu
interlocutor percebesse as inconsis-
tências de seu discurso e se autocorri-
gisse.
A atitude de Sócrates questionava
os valores da sociedade ateniense,
razão pela qual seus inimigos o leva-
ram ao tribunal, onde foi julgado e
condenado à morte. Sua morte, po-
rém, não impediu que a questão do
cuidado de si se tornasse um tema
central na filosofia durante mais de
mil anos - e chegasse a influenciar
alguns filósofos modernos e contem-
porâneos.
A questão central do cuidado de si é
que jamais se tem acesso à verdade
sem uma experiência de purificação,
de meditação, de exame de consciên-
cia - enfim, através de determinados
exercícios espiritu-
ais capazes de
transfigurar nosso
próprio ser.
Dito de outro mo-
do, o estado de
iluminação, de
descoberta da ver-
dade, não é pro-
duto do estudo,
mas de uma práti-
ca acompanhada
de reflexão constante sobre minhas
ações, atitudes - e de como posso mo-
dificá-las para me tornar uma pessoa
melhor. É como se a vida fosse uma
obra de arte em que nós vamos nos
moldando, nos aperfeiçoando no de-
correr da existência.
Percepção e Realidade
Capítulo
13
Em Filosofia, Realidade é o estado
das coisas como elas realmente exis-
tem, ao invés de como eles podem
aparecer ou pode ser pensado para
ser. Em uma definição mais ampla, a
realidade inclui tudo o que é e tem
sido, ou não é observável ou compre-
ensível.
A percepção é o processo de acu-
mulação de informações sensoriais do
ambiente.
Nossa percepção não identifica o
mundo exterior como ele é na realida-
de, e sim como as
transformações,
efetuadas pelos
nossos órgãos dos
sentidos nos permi-
tem reconhecê-lo.
Assim é que trans-
formamos fótons
em imagens, vibra-
ções em sons e ruí-
dos e reações químicas em cheiros e
gostos específicos. Na verdade, o uni-
verso é incolor, inodoro, insípido e si-
lencioso, excluindo-se a possibilidade
que temos de percebê-lo de outra for-
ma.
13.1 Platão e Aristóteles: O dilema
da Razão vs. os Sentidos
“Aristóteles nos chama a atenção
para o fato de que não existe nada na
consciência que já não tenha sido ex-
perimentado antes pelos sentidos.
Platão poderia ter dito que não existe
nada na natureza que não tivesse
existido antes no mundo das ideias”¹.
Estes dois grandes filósofos gre-
gos, e também amigos, travaram uma
batalha de pensamentos para desven-
dar justamente a origem dos mesmos.
Enquanto um propunha a razão como
artefato para se alcançar a realidade,
o outro denominava os sentidos como
meios para se experimentá-la.
Platão (427-347 a.C), discípulo de
Sócrates, elegeu a “ideia” como a ori-
gem de todos os conceitos que temos
em mente. Essa “ideia”, entretanto,
não vem com um sentido de “eureka,
tive uma ideia”, e sim como a respon-
sável por inserir em nós, enquanto
nossa mente ainda habita um outro
mundo, o reconhecimento das formas
que vemos aqui onde vivemos atual-
mente, chamado por Platão de
“mundo sensível”.
Por outro lado, Aristóteles (384-322
a.C.), discípulo do próprio Platão, dis-
cordou do “inatismo” das ideias pro-
postas por seu mestre. Para ele, tudo
que existe é o que conseguimos cap-
tar por nossos sentidos, e através da
apropriação das imagens captadas
podemos denominar e formar ideias
do que vemos. Assim, para Aristóteles,
a formação de nossos pensamentos
se dá através do Empirismo, e não de
uma Reminiscência, como propôs Pla-
tão ao defender o Inatismo.
¹Jostein Gaarder, em O mundo de Sofia.

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  • 1. APOSTILA DE FILOSOFIA C O M P O N E N T E C U R R I C U L A R : F I L O S O F I A Organização: Prof. Esp. Francisco Vasconcelos Silva Júnior
  • 2. O que é Filosofia? Capítulo 1 Equivoco: Inter- pretação incorre- ta; engano por má interpretação Pense um pouco e responda: 1. Você saberia dizer o que é Filosofia? 2. O que seria ter uma Atitude Filosófica? Muitos filósofos dedicaram boa parte da vida tentando responder o seria a filosofia? No entanto, uma definição fechada, específica e precisa do termo Filosofia é im- praticável, pois qualquer formula- ção poderia induzir a erros ou a equívocos. A palavra Filosofia é a junção de dois termos gregos: filos ou philia – que significa amor fraterno, amizade – e sofia ou sophia, que significa sabedo- ria. Assim, o senti- do etimológico da palavra Filosofia seria amor à sa- bedoria ou amor pelo saber. Desse modo, filósofo não é aquele que detém o saber, e sim aquele que ama e busca a sabedoria, que tem amiza- de e desejo pelo saber. No entan- to, a Filosofia não é apenas a pura razão, ela é a procura da verdade. A filosofia não é um conjunto de conhecimentos, mas para além disso. Ela nos leva a uma inquieta- ção, uma atitude ou um posiciona- mento diante da vida e do mundo. Essa inquietude conduz a uma sé- rie de indagações e reflexões e também à não aceitação do ób- vio. A tudo isso, chamamos de atitude filosófica. Engana-se aquele que pensa não haver espaço para a filoso- fia no cotidiano. Nosso dia a dia é permeado de questões filosó- ficas, desde a mais simples até as mais complexas. Um exem- plo disso, são os debates sobre a pena de morte, o levantamen- to de questões sobre o desma- tamento e questões relaciona- das com os direitos humanos, tudo isso passa pelo espaço filosófico. A indagação filosó- fica geralmente parte de bases simples, funda- mentos básicos que, por vezes, são intocados por parecerem óbvios demais. Na filoso- fia, o Indagador que agora passa a ser chamado de Filósofo, deve manter uma postura crítica. O indagar, a atitude crítica, a reflexão crítica, levam o ser que os pratica a uma outra condi- ção. As redescobertas feitas po- dem gerar o agradável espanto do novo, como também deses- tabilizar o individuo em todas as suas certezas. Indagação: Ato ou efeito de per- guntar, investi- gar, pesquisar. ¹in CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 1995
  • 3. É por isso que a filosofia nem sempre teve boa aceitação em alguns países ou entre algumas pessoas mais conservadoras. Seu compromisso em estimular o pen- samento crítico e dar a oportuni- dade de que cada um tire suas próprias conclusões sobre as situ- ações de sua vida, da políti- ca, da socieda- de, sobre as outras pessoas, pode incomo- dar àqueles que não têm interesse em deixar o pensamento livre e crítico ganhar espaços em nossa socie- dade. Alguns importantes pensadores e escritores, dentre eles Rubem Alves, afirma que devemos ter es- pírito de criança para que possa- mos exercer nossa plena capaci- dade filosófica, isso porque a cri- ança busca saber coisas novas e se espanta diante do novo. O ado- lescente, público alvo do ensino médio também é curioso e essa curiosidade é elemento funda- mental para a filosofia. Na introdução da obra Mundo de Sophia, o escritor Jostein Gaar- der, disse: " A capacidade de nos surpreendermos é a única coisa de que precisamos para nos tornarmos bons filó- sofos (...). E agora tens que te decidir, Sofia: és uma criança que ainda não se habituou ao mun- do? Ou és uma filósofa que pode jurar que isso nunca lhe acontecerá? ...Não quero que tu per- tenças à categoria dos apáticos e dos indiferen- tes. Quero que vivas a tua vida de forma consciente." Assim podemos afirmar que a atitude filosófica seria a “decisão de não aceitar como naturais, ób- vias e evidentes as coisas, as ide- ais, os fatos, as situações, os va- lores, os comportamentos de nos- sa existências cotidiana; jamais aceita-los sem antes havê-los in- vestigados e compreendido”.² A historia em quadrinhos com a personagem Mafalda, do cartunista argentino Quino. Ao questionar o mundo, Mafalda se aproxima da atitude filosófica. As inquietações de Mafalda põem os adultos para pensar. ²in CHAUÍ, Marilena. Iniciação a Filosofia. 2010. p17. PERGUNTAS DO HOMEM COMUM PERGUNTAS DE UM FILÓSOFO Que horas são? O que é o tempo? Ele está sonhando? O que é o sonho? As flores são bonitas O que é o belo? Você está mentindo? O que é a verdade? O que é o erro? O que é a mentira? Fazer perguntas como as citadas acima diz respeito à atitude da filo- sofia. Com estas perguntas o filosofo busca investigar conceitos, abor- dando-os de forma crítica e reflexiva. O Pensador - Rodin/ 1902 - Bronze e Mármore
  • 4. 4in GAARDER, Jositein. O Mundo de Sofia. Adaptado Exercitando o que aprendeu 1. Afinal o que é filosofia? 2. Você acredita que a Filosofia pode mudar a vida das pessoas? 3. Qual o significado da palavra filosofia? 4. O que é a atitude filosófica? 5. Quais as características da atitude filosófica? 6. Porque nem sempre a filosofia é aceita entre as pessoas? 7. Dê exemplos de perguntas filosóficas LEITURA COMPLEMENTAR “Nós, [homem comum] que vivemos aqui, somos os bichi- nhos microscópicos que vivem na base dos pêlos do coelho. Mas os filósofos ten- tam subir da base para a ponta dos finos pêlos, a fim de po- der olhar bem dentro dos olhos do grande mágico.³” No livro O Mundo de Sofia, Jostein Gaarder expõe uma si- tuação figurativa para explicar o que é ser filósofo e o que o diferencia do “homem comum”. Para tanto, ele nos trás o exemplo de um mágico que retira de sua cartola um coelho que simboliza o mundo. Nos pelos desse coelho existem “bichinhos microscópicos”, alguns residem na base dos pe- los, são os homens comuns, ou seja, pessoas que estão cos- tumadas com o mundo em que vivem, estão na escuridão da base dos pelos, não se perguntam sobre o mundo e estão acomodadas no conforto da pelagem do coelho, aceitando, assim, as coisas como são. Elas não se questionam, portan- to, por que as coisas não são diferentes do que se apresen- tam a elas, tendo como verdades, principalmente, o que ve- em e o que ouvem. O filósofo, por sua vez, sobe da base para as pontas dos pelos do coelho em busca da iluminação do conhecimento que lhe permite questionar o mundo em que vive, ou seja, a filosofia existe para fazer questionamento que os “homens comuns” não fazem.
  • 5. Capítulo 2 O Nascimento da Filosofia A filosofia, como a entendemos hoje, tem seu início no século VI a.C., na Grécia Antiga. O nascimen- to da filosofia pode ser entendido como o surgimento de uma nova ordem do pensamento, comple- mentar ao mito, que era a forma de pensar dos gregos. Uma visão de mundo que se formou de um con- junto de narrativas contadas de ge- ração a ge- ração por séculos e que trans- mitiam aos jovens a experiência dos an- ciãos. Essa passagem no entanto, ocorreu durante um longo processo histórico. Poderia ter surgido em qualquer lugar, mas naquele mo- mento da história diversas coisas ocorriam para que ali fosse seu co- meço. A Grécia Antiga vivia um momen- to de auge de sua cultura. O comér- cio com outros povos trouxe conhe- cimento. A produção artística era muito ativa. Havia os jogos olímpi- cos. A linguagem, moeda e tecnolo- gia (de arquitetura e militar) tam- bém marcaram esse período. Os primeiros pensadores a se- rem chamados de filósofos foram Tales, Pitágoras, Heráclito e Xe- nófanes que, na época, concen- travam seus esforços em tentar responder racionalmente às questões da realidade humana. Numa época em que pratica- mente tudo era explicado atra- vés da mitologia e da ação dos deuses, esses pensadores bus- cavam, em pensamentos lógi- cos e racionais, explicar qual a fundamentação e a utilidade dos valores morais na socieda- de da época. Também queriam identificar as características do conhecimento puro, as origens das coisas e dos fatos e outras indagações que surgiam confor- me o caminhar intelectual da época. Numa época em que praticamen- te. H i s t o r i c a - mente, a Filoso- fia como conhe- cimento se inici- ou com Tales de Mileto, o primei- ro filosofo oci- dental que bus- cou explicar a existência por meio de um principio único. Tales de Mileto (624 a 546 a.C) Considerado o primeiro Filosofo Grego, afirmava que a origem de todas as coisas era a água.
  • 6. 2.1. Condições históricas para o surgimento da Filosofia A filosofia não surgiu de uma dia para o outro, o pensamento filosófico é resultado de um pro- cesso gestado ao longo dos tem- pos. Vejamos agora alguns dos fato- res que contribuíram para o surgi- mento da filosofia. Invenção do calendário – Os gregos aprende- ram que era possível contar o tempo das es- tações do ano, definindo quan- do e de que for- ma aconteciam as mudanças do clima e do dia, notando que o tempo passava por transforma- ções espontaneamente e não por intervenções divinas. Invenção da moeda – Os gre- gos aprenderam a arte de negociar, não mais se efe- tuava a venda de uma mer- cadoria aceitando como pagamento a troca por mer- cadoria semelhante, o paga- mento tornou-se monetário, ou seja, a moeda substituiu o poder de troca. Surgimento da vida urbana – O desenvolvimento da cidade trouxe aos gregos uma situação financei- ra mais igualitária, o prestígio soci- al que antes era benefício de ape- nas algumas famílias diminuiu, assim como o prestígio que deti- nham. As artes ganharam patroci- nadores, estimulando assim o sur- gimento de novos artistas. Invenção da escrita alfabética – O uso do alfabeto fez com que os gregos se expressassem de forma mais clara, colaborando para que suas ideias fossem me- lhor compreendidas e difundi- das pelo mundo afora, levan- do a sabedoria as pessoas. Invenção da política – Com a invenção da politica surgiram novas fontes de informação, a lei passou a abranger muitas outras coisas e chegou até as pessoas, criou-se uma área pública vol- tada para discursos e debates, lo- cal no qual os gregos debatiam e propagavam suas ideias a respeito da política. A política estimula um discurso que procura ser público, ensinado, transmitido, comunicado e discutido.
  • 7. LEITURA COMPLEMENTAR A filosofia nasceu do espanto Certo dia um menino chamado Saber abriu os olhos e viu que a Terra era um pequeno planeta, perdido na imensidão do caos. O pequeno filósofo passou, então, a contemplar os pequenos seres que Deus havia criado com tanta paixão. E admirando-se, então, das coisas estranhas à sua volta, começou a formular as mais variadas perguntas: -Por que os astros se movimentam? -O que é o ser? -Quem é o homem? -Qual o sentido da vida? Ao nos concentrarmos nas perguntas formuladas pelo pequeno sábio, vemos que não podem ser respondidas cientificamente, o que as tornam perguntas irrespondíveis. Portanto, o estado de admiração diante das novas e que o pe- queno sábio não consegue compreender, chamamos aquilo de es- panto. O espanto, pois, é o inicio do filosofar. E o filósofo, por sua vez, é um perito na arte de espantar-se. A filosofia nasceu da admiração dos gregos diante daquilo que não compreendiam. E porquê o espanto? Porque é este sentimento de admiração, que o Homem experimenta ao confrontar-se com as coisas e os acontecimentos, que determina o aparecimento de interrogações. Do espanto nasce a interrogação, característica essencial da atitu- de filosófica. Possuidor de espírito critico, o filosofo é assaltado pela dúvida, pois sabe que o habitual e o que pensa conhecer, po- de não ser mais do que uma ilusão. É por isso que o que a muitos de nós parece óbvio continua a ser problemático para o filósofo, continua a espantá-lo e a dar origem a questões que se renovam constantemente. Exercitando o que aprendeu 1. Onde e quando surgiu a Filosofia? 2. O que tentavam responder os primeiros filósofos? 3. Quais fatores contribuíram para o surgimento da filosofia? 4. Quais perguntas fizeram os primeiros filósofos? 5. Quem foi o primeiro filósofo a ver a filosofia como uma forma de conhecimen- to? 6. Qual o principio de todas as coisas segundo Tales de Mileto? 7. Como a invenção da politica influenciou o surgimento da Filosofia?
  • 8. Mito e Filosofia Capítulo 3 Cena do filme Como Treinar o seu Dragão Antes da Filosofia, todas as coisas eram explicadas por meio da crença em seres e forças so- brenaturais que agiam sobre o mundo, governando os aconteci- mentos e o destino dos homens. Os povos primitivos acreditavam que as doen- ças, a morte, os fenômenos naturais depen- diam da vonta- de dos deuses. P r o c u r a v a m por isso agir de modo a não lhes provocar a ira para não serem por eles castigados. Um mito é uma narrativa sobre a origem de alguma coisa (origem dos astros, dos homens, das plantas, dos animais, do bem e do mal, da morte, etc). O mito narra as origens das coisas por meio de forças sobrenaturais. Ele narra como seres sobrenaturais fizeram a realidade começar a existir. A palavra mito é grega e signifi- ca contar, narrar algo para al- guém que reconhece o proferidor do discurso como autoridade so- bre aquilo que foi dito. O mito surge a partir da ne- cessidade de explicação sobre a origem e a forma das coisas, suas funções e finalidade, os poderes do divino sobre a natureza e os homens. Ele vem em forma de narrativa, cria- da por um nar- rador que pos- sua credibilida- de diante da sociedade, po- der de lideran- ça e domínio da linguagem con- vincente, e que, acima de tudo, “jogue para a boca do mito” o que gostaria de impor, mas adequando a estrutura do mito de uma forma que tranquilize os âni- mos e responda às necessidades do coletivo. Assim, Homero e Hesíodo são considerados os educadores da Grécia por excelência, pois por se- rem tidos como portadores de uma verdade fundamental sobre a origem do universo, das leis etc. Como já foi visto no capitulo anterior somente a partir de deter- minadas condições que o modelo mítico foi sendo questionado e substituído por uma forma de pen- sar que exigia outros critérios para a confecção de argumentos.
  • 9. 3.1. Diferença entre mito e Filoso- fia O mito é um relato que oferece uma explicação definitiva; o mito não precisa de justificativa. Ao contrário, é o mito que justifica uma sociedade, uma cultura, um costu- me, como vimos acima. Da maneira como é elaborado, o mito não é para ser criticado ou discutido. Da mesma forma, ele não precisa ser apresentado atra- vés de argumen- tações – ele simplesmente é co- municado à comunidade por aqueles que se consideram os arautos das Musas ou dos Deu- ses. A filosofia é uma narrativa que não oferece uma explicação defi- nitiva, já que a discussão é própria da filosofia. Existem sistemas filo- sóficos que pretendiam oferecer uma explicação definitiva da reali- dade. Outro aspecto é que a filosofia sempre precisa se justificar. O pró- prio ato de filo- sofar já implica a apresentação de uma justifica- tiva daquilo que vai ser dito. Por ser um processo baseado na ex- periência e/ou no raciocínio lógico, a filosofia sempre está su- jeita a criticas. Assim Mito e Filosofia, se com- plementam entre si, haja vista que um sempre sucede o outro de for- ma cíclica no decorrer do tempo. PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE MITO E FILOSOFIA MITO FILOSOFIA - Fixa a narrativa no passado - Se preocupa em explicar como e porque, no passado, no presente e no futuro - Narra a origem através de genea- logias e rivalidades ou alianças entre forças divinas sobrenaturais e personalizadas (Urano, Ponto e Gaia); - Explica a produção natural das coi- sas por elementos e causas naturais e impessoais (céu, mar e terra). - Não se importa com contradi- ções, com o fabuloso e o incom- preensível; a autoridade é posta na confiança religiosa no narra- - Não admite contradições, fabula- ção e coisas incompreensíveis; exige explicação coerente, lógica e racio- nal; autoridade: vem da razão Mito da caixa de pandora
  • 10. A visão mitológica dos Gregos Capítulo 4 Os gregos como já se foi menciona- do nos capítulos anteriores buscavam explicar a origem das coisas, através de historias fantasiosas e que geral- mente trazia nessas explicações seres divinos e com poderes sobrenaturais. Para os gregos a ideia de algum ser, dono de uma inteli- gência superior cri- ar o mundo parece natural porque se nós, com a nossa inteligência, pode- mos criar coisas e se não fomos nós que criamos o mun- do ele deve ter sido criado por um ser dotado de uma inte- ligência superior à nossa. Foi dessas indagações que apareceram os mitos da criação. Os gregos tinham uma visão mito- lógica para explicar a origem do mun- do e do homem. Para eles, todas as coisas aparentemente inexplicáveis eram sobrenaturais e decorrentes da ação dos DEUSES. Isso mesmo deuses, pois o povo grego assim como a maioria dos povos antigos eram politeístas, mas diferen- te dos outros povos os deuses gregos tinham características humanas, tanto na forma física como no comporta- mento e nos sentimentos, tinham qua- lidades humanas, mas também ti- nham defeitos, sentiam ciúmes, inve- ja, raiva e as mais diversas emoções. Embora dotado de sentimentos, pai- xões humanas, ao contrario dos ho- mens, porem tinham poderes sobrenatu- rais, eram imortais e permaneciam eterna- mente jovens. De acordo com os historiadores, para os gregos os deuses vi- viam na montanha mais alta da Grécia, o Monte Olimpo, lá era a morada dos deuses, acreditava-se que no alto do monte eles se reuniam, comiam, bebi- am, cantavam, dançavam e se diverti- am.
  • 11. 4.1. Mitologia Grega A mitologia grega é uma das mais geniais e belas concepções huma- na. Os gregos, com sua fantasia, povoaram o céu, a terra e os mares com suas divindades e com seres e acontecimentos mágicos. Ela se apresenta como uma possibilidade, riquíssima, de expli- car e experimentar o mundo. Superan- do o tempo e resis- tindo a racionalida- de ela é muito pre- sente na vida do homem contempo- râneo: alimentou a literatura, o teatro, as artes visuais através dos sécu- los. Os gregos cultuavam uma série de deuses, além de heróis ou se- mideus. Relatando a vida desses deuses e heróis e se u envolvimen- to com os ho- mens, os gregos criaram uma rica mitologia, isto é um con- junto de lendas e crenças que, de modo simbó- lico fornecem explicações pa- ra a realidade universal. Inte- gra a mitologia grega grade numero de relatos ma- ravilhosos e de lendas que inspira- ram e ainda inspiram diversas obras artísticas ocidentais. Assim os gregos cultuavam os deuses, onde cada um tinha um atributo especifico. Os mais famo- sos deuses gregos eram: Zeus, o mais poderoso, o deus dos deuses, era o senhor os céus; He- ra, esposa de Zeus, con- siderada a protetora do casamento; Demeter, a deusa da agricultura; Poseidon, o senhor dos mares; Afrodi- te, Deusa do amor sensu- al; Atena, deusa da sa- bedoria; Ares, deus da guerra; Apolo, deus da adivinhação, da verda- de e da música e da medicina; Ar- têmis, Deusa da caça e protetora da vida selvagem. Hefáistos, deus do fogo e dos metais; Dionísio, deus do vinho e da embriaguez. Fora os deuses, os gregos acredi- tavam que nas origens de suas historia viveram pessoas nascida da união de um deus com um mortal, os semideus, que foram responsáveis por feitos e ações extraordinárias. Dentre os mais famosos estão: Teseu, Hercules, Prometeu e Perseu.
  • 12. Capítulo 5 O mito no mundo atual Não podemos negar que o mito ainda está presente em nossa sociedade basta prestarmos atenção nos contos populares, no folclo- re, e na vida diária do ser humano, a partir dessa reflexão percebemos que ao proferir certas pala- vras míticas: casa, lar, amor, pai, mãe, paz, liberdade, mor- te, o homem as com valores que são mo- delos universais, existentes na natureza inconsciente e primitiva de todos nós. Em nossa sociedade, as estru- turas míticas estão fortemente presentes nas ima- gens e nos comporta- m e n t o s que são impostos às pesso- as através da mídia. Um exemplo são os personagens das histórias em quadrinhos que trazem presentes em seus dese- nhos e em seus diálogos os he- róis mitológicos ou folclóricos. Nos desenhos animados e nos quadrinhos, algumas figuras cha- mam a atenção das crianças. São os super-heróis, que es- timulam o desejo e os anseios que existem no nosso inconsciente. Mas não só os super- heróis dos filmes e qua- drinhos que podem ser considerados mitos. Al- gumas pes- soas de car- ne e osso t o rn a m - s e ídolos de uma gera- ção e são também tratadas como verda- deiros mitos. Em nos- sa sociedade como em qualquer outra, existem valores que que se deseja que todos possuam. Esses valores podem ser a bondade, a honesti- dade, a coragem a inteligência. E algumas pessoas encarnam tão bem esse valores que se tornam modelos de com- portamento para todos, é como se fossem verdadei- ros heróis.
  • 13. 5.1. A permanência do mito Se a pergunta inicial era se ain- da existe mito no mundo de hoje, podemos afirmar com toda a cer- teza que sim, ele existe, por meio das crenças, temores e desejos, mas o mito não tem tanto poder quanto tinha antigamente, pois com o pensamento crítico racional o indivíduo é capaz de encontrar explicações mais lógicas para os acontecimentos. Os mitos de hoje podem ser divi- didos em mitos autênticos e em mitos fabricados pelos meios de comunicação de massa e pela mídia. Atualmente per- sistem os mitos autênticos que são derivados das mesmas neces- sidades de propiciar o bem e afas- tar o mal e são exemplares, fazem parte da vida e podem ser vividos por todos os indivíduos de uma comunidade. Os exemplos mais comuns em nossa sociedade são: Ano-novo, Baile de 15 anos, Casa- mento, entre outros. Hoje na soci- edade são criados mitos de ma- neira que possam ser entendidos por todos sem maiores esforços reflexivos, pois assim não há ne- cessidade de criticar ou questioná- los. Analisando as manifestações coletivas do cotidiano do brasilei- ro, percebe-se componentes míti- cos no carnaval e no futebol, am- bos manifestações do imaginário nacional e da expansão de forças inconscientes. Portanto podemos afirmar que o mito não se reduz a simples len- das, mas faz parte da vida huma- na desde seus primórdios e ainda persiste no nosso cotidiano como uma das experiências possíveis do existir humano, expressas por meio das c r e n ç a s , dos temo- res e dos desejos. No en- tanto o mi- to não apa- rece com mesma for- ça que anti- gament e, porque o exercício da critica racional nos permite validá-los ou negá-los quando nos desumanizam.
  • 14. Capítulo 6 Imaginação, Fantasia e Filosofia De origem no latim imagina- tióne, que significa imagem, a imaginação é a representação da realidade ou dos objetos e não a coisa em si. A imaginação enquanto produ- ção de representações pressupõe uma atividade do espírito. É a ca- pacidade de criar imagens men- tais e poder pensar além da pró- pria realidade, inovando-a A imaginação permite ao ser humano conceber um mundo imaginário. É assim uma imagina- ção produtora e que pode enri- quecer o nosso espírito, já que é a representação de uma realida- de ausente, mas que permite a existência da liberdade do espíri- to. Na corrente inspirada por Des- cartes e Espinosa, a imaginação tem como função produzir a apa- rência e produz erros no espírito. Segundo Descartes, é necessário romper com a aparência ilusória das coisas que nos surgem pelas imagens. Por outro lado, Kant fez da ima- ginação transcendental a condi- ção primeira de todos os pensa- mentos, isto porque considerou que a imaginação é a faculdade das imagens e, como tal, pode intervir na sensação onde a ima- gem se produz e na memória on- de se repro- duz. Por últi- mo, segundo Bachelard, a imaginação é a faculda- de de inven- ção e de re- novação. O homem é um ser imaginário, pois ele é capaz de inventar o no- vo a partir de sua imaginação cri- adora.
  • 15. 6.1. A Imaginação criadora e re- produtora A tradição filosófica sempre deu prioridade à imaginação reproduto- ra, considerada como um resíduo do objeto percebido que permanece retido em nossa consciência. A imagem seria um ras- tro ou um vestígio dei- xado pela percepção. A imaginação reprodutora é aquela que reproduz imagens anteriormente percebidas. Apesar de utilizar nossas experiên- cias adquiridas a imagi- nação reprodutora não se situa no tempo, pois é capaz de reproduzir imagens rela- tiva ao passado, a o presente ao futuro. Por exemplo, se neste momento você fechar os olhos, poderá imagi- nar a sala de aula, as carteiras os colegas que estão com você ou se- ja imagem seria a coisa atual per- cebida quando ausente. Seria uma percepção enfraquecida, que, asso- ciada a outras, formaria as ideias no pensa- mento. Quando a imaginação reprodutora chega a fazer parte de nos- sas relações cotidianas, nos faz acre- ditar na pre- sença do ob- jeto represen- tado, como acontece nas alucinações e nos sonhos. Mas o que seria a imaginação criadora? O homem é o único que tem a capacidade de reassentar objetos pelo pensamento, por isso só ele é capaz de usar a imaginação criado- ra. A imaginação criadora, é a que inventa ou cria algo novo nas artes, nas ciências, nas técnicas e na Filo- sofia. Aqui, combinam-se elementos afetivos, intelectuais e culturais que preparam as con- dições para que algo novo seja criado e que só existia, primeiro, como imagem futura ou como p o s s i b i l i d a d e aberta. A imagi- nação criadora pede auxílio à percepção, à me- mória, às ideias existentes, à imagi- nação reprodutora e evocadora pa- ra cumprir-se como criação ou in- venção. Ela é pois uma maneira complexa de se apresentar a atividade consci- ente, combinando assim, certos ele- mentos que são armazenados pela imaginação reprodutora, com os quais realiza sínteses imaginativas inteiramente nova. Quando a criança representa ob- jetos pelo p e n s a - m e n t o , ela cria um mun- do de fan- tasia. O homem é um ser eu vive sem- pre imagi- n a n d o , por isso, vive sem- pre crian- do fantasias.
  • 16. Capítulo 7 O homem é a medida de todas as coisas Mas o que é o homem? O que o diferencia dos outros seres? Esta problemática surge basicamente a partir de três fatores: o homem é capaz de observar os fenômenos que o envolvem; sente-se ameaça- do de extinção por alguns destes fenômenos; questiona-se sobre o aparente absurdo do própria exis- tência. Então, o que é o homem? O ho- mem é o único ser capaz de fazer perguntas. Todos os demais seres não se colocam este problema. Es- tão submetidos às leis e fenôme- nos e não tem a capacidade de se perguntar por sua essência ou pe- las razões de sua existência. O homem pergunta pelo seu pró- prio ser. Quer compreender e ter consciência de si. Mas identifica também sua incapacidade de se compreender de modo total. Seu conhecimento sobre si é limitado e parcial. No entanto está inquieto, deve expor para si mesmo as ra- zões de seu existir. 7.1 O homem é um ser que pen- sa! O homem é o único ser que pen- sa, deseja e se comunica. Sendo pois um ser racional ele é capaz de construir o mundo e fazer história uma vez que o é dono da razão e da inteligência, ele se apossa da cultura fazendo com que a lingua- gem se torne o seu único meio de chegar a qualquer objetivo por ele desejado, aliás, é até justo afirmar que o homem é a própria linguagem. Pois, uma vez que ele planeja qualquer objetivo a alcançar ele usa da própria linguagem para desenvolver esse plano, que passa pela inteligência, a atividade de desenvolver esse pla- no, e que vai dar razão ao desenvolvimento de seu próprio plano. Por meio do pensa- mento o homem é capaz de voar para lugares dis- tantes ou planejar um futuro me- lhor, a partir dos erros e acertos do presente. Assim, diferentemente dos ou- tros animais os homens não são apenas seres biológicos produzidos pela natureza. Os homens são tam- bém seres culturais que modificam o estado de natureza, isto é, o mo- do de ser, a condição natural das coisas, definida pela natureza.
  • 17. Capítulo 8 Linguagem e comunicação Alguns estudiosos entendem que o fator determinante da tran- sição natureza-cultura é a lingua- gem. Trata-se de uma corrente que entende o ser humano funda- mentalmente como um ser linguístico. Para entender- mos melhor observemos o exemplo do a n t r o p ól o g o Claude Lévi Strauss: Suponhamos que num planeta desconhecido encontremos seres vivos que fabricam utensílios. Is- so não nos dará a certeza de que eles se incluem na ordem huma- na. Imaginemos, agora, esbarrar- mos com seres vivos que possu- am uma linguagem que, por mais diferente que seja da nossa, pos- sa ser traduzida para nossa lin- guagem - seres, portanto, com os quais poderíamos nos comunicar. Estaríamos, então, na ordem da cultura e não mais da natureza1. Assim, segundo esse antropó- logo, o que teria distanciado defi- nitivamente o homem da ordem comum dos animais - animal que ele também é e nunca deixará de ser - e permitido a sua entrada no universo da cultura seria o desen- volvimento da linguagem e da comunicação. De fato, a linguagem constitui uma das dimensões mais impor- tantes da cultura. É pela lingua- gem, por exemplo, que os pais comunicam aos filhos não ape- nas suas experiências pessoais, mas algo mais amplo: as experi- ências acumula- das e comparti- lhadas pela socie- dade. De modo inverso, é tam- bém por meio da linguagem que o c onhec i m ent o individual de ca- da pessoa pode incorporar-se ao patrimônio social. A linguagem animal em comparação com a linguagem humana é bastante limitada, porque está associada unicamente aos instintos de so- brevivência. Se fossemos tradu- zir o significado dessas expres- sões linguísticas provavelmente elas equivaleriam apenas a ex- pressões do tipo: “vamos”, “foge”, “cuidado!” ou algo seme- lhante. A linguagem humana é muito mais complexa porque há algo de especifico nela, que é a utilização de elementos abstra- tos. 1LÉVI-STRAUSS, Claude. Culture et langage. Apud CUVILLIER, Arnoud. Sociologia da cultura, p. 2.)
  • 18. Observe atentamente a tirinha abaixo: Em sua opinião houve uma comunicação?
  • 19. Homem, natureza e cultura Capítulo 9 Quando falamos em “natureza”, atualmente, pensamos logo na reali- dade exterior, no meio ambiente em que nascemos e vivemos, e que mar- camos tão fortemente com nossa pre- sença, nossas técnicas, esse mundo natural no qual construímos nossas cidades, que cortamos com nossas estradas, e cuja existência acredi- tamos estar amea- çada, por causa de nossa atitude predatória com relação a ele. No entanto, a natureza pode ser compreendida de maneira mais am- pla, ou seja, abar- cando mais do que esse “lugar” o u e s s a “exterioridade” que recebemos de presente quando nascemos. É muito importante perce- bermos que, na verdade, os termos natureza e natural referem-se àquilo que nos é dado (ou imposto), não só externa, mas também internamente, como determinações que nos definem e que não podemos alterar ou que, para serem alteradas exigem muita inventividade ou técnica. O homem é um ser que se distin- gue dos demais por transformar a na- tureza, criando para si uma "segunda natureza", a cultura. No passado remoto da humanida- de, a natureza era sentida como uma potência superior à qual os homens estavam submeti- dos. Os fenômenos naturais eram com- preendidos como "fenômenos sagra- dos", que revela- vam uma intenção, uma razão. Ora eram vistos como recompensa ou pu- nição divina pelos atos humanos, ora eram percebidos como a própria ma- nifestação dos deuses, que con- versavam diretamente com os ho- mens. Era uma natureza encantada. 8.1 A Cultura Os homens não são apenas seres biológicos produzidos pela natureza. Os homens são também seres cultu-
  • 20. rais que modificam o estado de natu- reza, isto é, o modo de ser, a condição natural das coisas, definida pela natu- reza. Na Grécia antiga o termo cultura adquiriu um significado todas especial ligada à formação individual do cida- dão. Correspondia a chamada Paideia, processo pelo qual o homem realizava o que os gregos consideravam a sua verdadeira natureza, isto é desenvol- ver a o conhecimento de si e do mun- do e a consciência da vida em socie- dade. O mundo que resulta do pensar e do agir humano não pode ser chamado de natural, pois se encontra modificado por nós. Portanto as diferenças entre ser hu- mano e animal não são apenas de grau, porque, enquanto o animal per- manece mergulhado na natureza, nós somos capazes de transformá- las em cultura. Podemos definir cultura como um amplo conjunto de conceitos, símbo- los, valores e atitudes que modelam uma sociedade. Nesse sentido, todas as sociedades humanas, da pré- história aos dias atuais, possuem cultura. E cada cultura tem seus pró- prios valores e sua própria identida- de. De uma maneira mais filosófica podemos afirmar que a cultura é a reposta oferecida pelos grupos humanos ao desafio da existência. Portanto, dada a infinita possibilidade humana de simbolizar, as culturas são múltiplas. Variam as formas de pensar, de agir, de valorar; são diferentes as ex- pressões artísticas e os modos de inte- pretação do mundo, tais como com o mi- to, o senso comum, a filosofia ou a ciên- cia. Vale lembrar que a ação cultural é coletiva, por ser exercida como tarefa social. A cultura é portanto uma processo que caracteriza o ser humano como ser de mutação, de projeto que se faz à medida que trans- cende, que ultrapassa a própria experiência.
  • 21. Cultura e cotidiano1 Capítulo 9 Pensemos agora sobre a vida cotidi- ana de cada pessoa e sua relação com o universo cultural de que ela participa. Sabemos que a cultura abrange um conjunto de conceitos, valores e atitu- des que modelam uma comunidade. Assim, podemos dizer que toda pes- soa vive sob a influencia de diversas culturas, e não só de uma, pois participa de dis- tintos grupos so- ciais, e cada um deles lhe impri- me a sua marca cultural. Vejamos um exemplo: um bra- sileiro que tem uma família fre- quenta uma igreja e trabalha numa empresa, recebe influência de pelo menos quatro fontes culturais - a cul- tura popular brasileira; a cultura familiar, basica- mente transmitida por seus pais e avós; a cultura de seu grupo religioso; e a cultura organizacional de- senvolvida em seu local de trabalho. Cada universo cultural de que uma pessoa participa influi de for- ma específica em sua maneira de pen- sar, sentir e agir, ou seja, em sua for- ma de ser no dia-a-dia. Então, se por um lado a cultura é uma criação coletiva dos grupos hu- manos através do tempo, por outro lado cada pessoa também é, em gran- de medida, uma criação diária e cons- tante da cultura em que vivemos, desde o instante do nosso nascimento. No en- tanto, quase não percebemos isso, pois a cultura à qual pertencemos é prati- camente invisível para nós em nosso cotidiano. 9.1 Cultura em nossa vida diária Em geral, vivemos dentro de nossa cultura num fluir contínuo, como se o nosso modo de ser fosse igual para todas as pessoas e as diversas coisas do mundo fossem sempre assim como as experimentamos. Ilustremos me- lhor essa ideia: Somos como um peixe que nasceu dentro de um aquário e toma esse ambiente como sendo o mundo. Esse estado habitual de nos- 1Adaptado de: COTRIM, Gilberto. Fundamentos da Filosofia. 16ª Edição. São Paulo: Saraiva, 2006.
  • 22. sas vidas se vê confrontado, por exemplo, quando viajamos para fora do nosso país. Nesse instante, ocorre um estra- nhamento em relação a esses elemen- tos culturais que estão fora de nós, quebrando a invisibilidade da nossa própria cultura. Mas depois que volta- mos ao nosso cotidia- no, nossa cultura se toma "invisível' de novo para nós. Por- tanto, de modo geral, só temos consciência da nossa própria cul- tura quando somos confrontados com outra. Na cultura em ge- ral ocorre algo seme- lhante: a pessoa per- cebe e aprende do grupo cultural do qual participa, por imitação e de forma quase inconscien- te, boa parte de como deve pensar e agir nas mínimas coisas - o que é boni- to ou feio, o que é adequado ou inade- quado, o que é possível ou impossível, como é a vida, como são as pessoas, que coisas são importantes, etc. Isso ocorre primeiro dentro de sua família e, depois, no contato com a vizinhan- ça, na escola em que estuda, na igreja que frequenta, na empresa em que trabalha. Essa assimilação cultural ocorre de forma tão "transparente" que quem assimila ou aprende não percebe que está aprendendo algo com alguém ou uma situação. E aqueles que lhe transmitem esses ensina- mentos nem sempre se dão conta de que lhe estão transmitindo a sua maneira de ser e viver, o seu modelo de mundo, o seu "filtro" da realidade. Assim, de modo geral, vive- mos nossa própria cultura sem vê-la e, muitas vezes, sem questioná-la. O problema dessa invisibili- dade cultural é que muitas pessoas não compartilham a mesma maneira de ver e viver as coisas e por conta disso podem acre- ditar em uma verdade absoluta, fazen- do com que desprezem e menospre- zem outros grupos culturais. Acreditamos que a filosofia pode ser um bom apoio nesse processo de transformação cultural, pois filosofar é promover uma reflexão profunda so- bre a natureza e o ser humano, anali- sando o que fazemos, senti- mos, pensamos e manifes- tamos. Aprender a filosofar contri- bui para a compreensão do mundo e nos impulsiona a desempenhar um papel mais consciente e ativo den- tro dele.
  • 23. Cultura e valores sociais Capítulo 10 Toda sociedade humana é determi- nada por certos valores culturais. Por isso em to- das as sociedades exis- tem regras. Essas regras expressam certos valores que são de fundamental importância para o nosso convívio em sociedade. Por exemplo, a regra não roubar expressa o valor que devemos dar ao objeto do outro: a regra não matar expressa o valor que devemos dar a vida hu- mana. .Percebemos então que as regras sociais estão ligadas diretamente a valores culturais. 10.1 Onde aprendemos os valores? Não podemos nos esquecer que as regras e valores são transmitidos aos adolescentes pelas instituições soci- ais. E que eles não só aprendem es- ses valores como também, podem cri- ticá-los, rejeitá-los ou substituí-los por outros. Em casa, nas escola, na igreja e em todos os grupos que podemos partici- par é consenso a ideia de que não de- vemos matar ou roubar. Os valores estão presentes na nos- sa vida diária. Na verdade, nenhum ser humano pode viver numa socieda- de de forma plena sem que se siga as normas e as regras criadas pela sociedade. 10.2 Somos todos diferen- tes? Apesar das diferenças, étni- cas, religiosas e de riqueza, podemos afirmar que somos todos iguais, pois pertence- mos à raça humana. Porem ao andar pelas ruas da nos- sa cidade percebemos que as pessoas não são tão iguais as- sim, e que essa dife- rença que é notada são basicamen- te as dife- renças físi- cas. Claro que na sociedade existem outras diferenças, mas a que a marca profundamente é a diferença de po- der.
  • 24. Observe atentamente o cartum criado pelo cartunista argentino Quino, autor da Mafalda, que desiludido com o rumo deste século no que diz respeito a valores e educação, deixou impresso o seu sentimento. Contato Humano Contato Humano Contato Humano Pernas Deus O próximo a quem amar Cérebro Ideais, Moral e Honestidade É importante que desde pequeno aprenda como é tudo.
  • 25. Filosofia e pensamento Capítulo 11 Na Antiguidade, dizia-se que “O pen- samento é o passeio da alma”, pois este era considerado uma atividade na qual saímos de nós mesmos sem sairmos de nosso interior. Em nosso cotidiano, usamos as palavras pensar e pensamento em sentidos variados, podendo se constituir em uma ativida- de solitária, invisí- vel para nós e que precisa ser proferi- da para ser com- partilhada, ou tam- bém se traduzir em sinais corpo- rais e visíveis. Há várias manei- ras de se interpre- tar o pensar, que pode ser visto co- mo preocupação, cisma ou dúvida; pode ser sinônimo de deliberação e de decisão, como algo que resulta numa ação; pode se referir a algo que se pode ou não querer, uma forma de atenção e concentração; pode repre- sentar uma determinada ideia que, definindo algum assunto, foi publica- mente anunciada; ou pode ainda, con- forme mencionado por Descartes na frase “Penso, logo existo”, indicar a própria essência da natureza humana. Podemos inclusive supor que há bons e maus pensamentos. Pensar é, portanto, suspender o jul- gamento até se formar uma ideia ou opinião, comparar os pontos de vista, avaliar, julgando seu valor e se essa ideia é verdadeira ou falsa, justa ou injusta, examiná-las, ponderando os pontos de vista para escolher um de- les e equilibrar, encontrando um meio- termo entre extremos ou opiniões opostas. Podemos chegar à conclusão de que o pensamento é uma atividade pela qual a consciência ou a inteligên- cia coloca algo diante de si para aten- tamente considerar, avaliar, pesar, equilibrar, reunir, compreender, esco- lher, entender e ler por dentro. O pensamento, portanto, exprime nossa existência como seres racionais e capazes de conhecimento abstrato e intelectual, e manifesta sua própria capacidade para dar a si mesmo leis, normas, regras e princípios para al-
  • 26. cançar a verdade de alguma coisa. Quando pensamos, pomos em movi- mento o que nos vem da percepção, da imaginação, da memória, compre- endemos o sentido das palavras, en- cadeamos e articulamos significações, sendo algumas vin- das de nossa expe- riência sensível, outras de nosso raciocínio e outras formadas pelas relações entre idei- as anteriores. 11.1 Pensamen- to e Linguagem1 Sem as palavras não teríamos como expressar nossos pensamentos, sem a linguagem não seriamos racionais. O filosofo grego Platão dizia que o pensamento é um diálogo silencioso da alma consigo mesma. De acordo com o entendimento de Platão as pa- lavras seria apenas instrumentos do pensar. Elas seriam uteis apenas para comunicação. Só no momento de di- zer oque se pensa é que utilizaríamos a linguagem. Os filósofos argumentam que a lin- guagem é parte essencial do pensa- mento, ou seja, o pensamento é, des- de o seu nascimento, um ato linguísti- co oque quer dizer que é com a lingua- gem que pensamos sem a linguagem não haveria pensamento. Por meio da linguagem podemos entender melhor o que somos capazes e porque somos tão diferentes dos animais. A invenção da linguagem foi determinante para que o homem “se descobrisse” como ser racional. 11.2 Pensamento e Filosofia O homem filosofa isto é, pensa so- bre o pensar. Ele tem consciência do caráter, do valor, das possibilidades e dos limites de seus conhecimentos. A filosofia consiste num pensar que se volta sobre si mesmo, sendo, portan- to, por meio dela que o homem se re- conhece como homem. Quando dizemos que a filosofia é um pensar sobre o pensar, que ela é conhecimento do conhecimento, esta- mos falando de uma qualidade especi- fica da filosofia. A filosofia é uma for- ma de conhecimento que tem um con- teúdo, um método e objetivos distintos das ciências. Nesse sentido afirma- mos que a filosofia é um conhecimento do conhecimento, um pen- sar sobre o pensar. 1adaptado do livro Nonato Nogueira
  • 27. O conhecimento de si mesmo Capítulo 12 Por meio de perguntas Sócrates questionava as pessoas em praça pú- blica e ali discutia os mais diversos assuntos: O que é o bem? O que é a justiça? O que é a virtude? Toda sua filosofia estava a serviço do conheci- mento do homem e de sua vida moral. Seu espiritualismo afirmava-se no “conheça-te a ti mesmo”. Essa mensa- gem estava escrita no tem- plo de Apolo. O conheci- mento de si mesmo impli- cava o conhecimento de nossas ações, de nossos desejos e de nossa vida moral. Para ele, a sabedo- ria consistia em vencer a si mesmo e a ignorância em ser vencido por si mesmo. Sua indagação principal era sobre “a justa vida” e o “viver bem”. Uma vez lhe perguntaram qual lhe pare- cia a melhor tarefa para o homem. Ele sem rodeios respondeu: viver bem. Mas viver bem para Sócrates não era viver dos prazeres e da ociosidade, mas viver da contemplação do conhecimen- to e do cuidado de si. Por toda parte Sócrates ia persuadindo a todos, jovens e velhos, a não se preoc uparem exclusivamente, e nem tão ar- d e n t e m e n t e , com o corpo, a beleza e a rique- za. Dizia que devemos nos preocupar mais com a alma para que ela seja quanto possível melhor. Ele identifica- va a virtude com o conhecimento. Afir- ma que ninguém faz o mal porque quer, mas por ignorância. Ninguém erra voluntariamente. Somente o igno-
  • 28. rante não é virtuoso. Todo homem que conhece o bem é virtuoso. Ser virtuoso para Sócrates é conhecer as causas e o fim das ações permitindo uma vida moral e virtuosa em dire- ção a ideia de bem. Por isso, ele defendia a ideia de que a melhor forma de se viver era cultivando o próprio desenvol- vimento ao invés de buscar os pra- zeres e os bens materiais. É necessário se conhecer melhor para ser feliz. “Conheça-te a ti mesmo”, essa frase emblemática é o fundamento de toda felicidade aqui na terra. Sócrates aconselhava seus discípulos a se au- toconhecerem, pois somente assim as pessoas sairiam da caverna, das trevas de seus espíritos para alcan- çarem a luz, a verdade e a felicidade. Quando nos conhecemos dificilmente agimos por impulso, dificilmente so- mos domina- dos por nos- sas paixões, mais resolvi- dos e deter- minados so- mos em nos- sos objeti- vos. Conhe- cer a si mes- mo significa- va que deve- mos nos ocu- par menos com as coisas desse mun- do, como riquezas, fama e poder, e nos preocuparmos mais com o culti- vo de si, cultivando o conhecimento para contemplar o bem, o belo e a verdade. 12.1 Como ter acesso a verdade Para se ter acesso à verdade, con- tudo, não é um ato puramente inte- lectual. Ela exige, por vezes, determi- nadas renúncias e purificações, das quais Sócrates é um exemplo. Sócrates dizia ter recebido a missão de exortar os atenienses, fossem eles velhos ou jovens, a deixarem de cui- dar das coisas, passando a cuidar de si mesmos. Tal atitude o fez dedicar- se inteiramente à filosofia e à prática dialógica (uma forma especial de diá- logo, denominada maiêutica) por meio da qual ele fazia com que seu interlocutor percebesse as inconsis- tências de seu discurso e se autocorri- gisse. A atitude de Sócrates questionava os valores da sociedade ateniense, razão pela qual seus inimigos o leva- ram ao tribunal, onde foi julgado e condenado à morte. Sua morte, po- rém, não impediu que a questão do cuidado de si se tornasse um tema central na filosofia durante mais de mil anos - e chegasse a influenciar alguns filósofos modernos e contem- porâneos. A questão central do cuidado de si é que jamais se tem acesso à verdade sem uma experiência de purificação, de meditação, de exame de consciên- cia - enfim, através de determinados exercícios espiritu- ais capazes de transfigurar nosso próprio ser. Dito de outro mo- do, o estado de iluminação, de descoberta da ver- dade, não é pro- duto do estudo, mas de uma práti- ca acompanhada de reflexão constante sobre minhas ações, atitudes - e de como posso mo- dificá-las para me tornar uma pessoa melhor. É como se a vida fosse uma obra de arte em que nós vamos nos moldando, nos aperfeiçoando no de- correr da existência.
  • 29. Percepção e Realidade Capítulo 13 Em Filosofia, Realidade é o estado das coisas como elas realmente exis- tem, ao invés de como eles podem aparecer ou pode ser pensado para ser. Em uma definição mais ampla, a realidade inclui tudo o que é e tem sido, ou não é observável ou compre- ensível. A percepção é o processo de acu- mulação de informações sensoriais do ambiente. Nossa percepção não identifica o mundo exterior como ele é na realida- de, e sim como as transformações, efetuadas pelos nossos órgãos dos sentidos nos permi- tem reconhecê-lo. Assim é que trans- formamos fótons em imagens, vibra- ções em sons e ruí- dos e reações químicas em cheiros e gostos específicos. Na verdade, o uni- verso é incolor, inodoro, insípido e si- lencioso, excluindo-se a possibilidade que temos de percebê-lo de outra for- ma. 13.1 Platão e Aristóteles: O dilema da Razão vs. os Sentidos “Aristóteles nos chama a atenção para o fato de que não existe nada na consciência que já não tenha sido ex- perimentado antes pelos sentidos. Platão poderia ter dito que não existe nada na natureza que não tivesse existido antes no mundo das ideias”¹. Estes dois grandes filósofos gre- gos, e também amigos, travaram uma batalha de pensamentos para desven- dar justamente a origem dos mesmos. Enquanto um propunha a razão como artefato para se alcançar a realidade, o outro denominava os sentidos como meios para se experimentá-la. Platão (427-347 a.C), discípulo de Sócrates, elegeu a “ideia” como a ori- gem de todos os conceitos que temos em mente. Essa “ideia”, entretanto, não vem com um sentido de “eureka, tive uma ideia”, e sim como a respon- sável por inserir em nós, enquanto nossa mente ainda habita um outro mundo, o reconhecimento das formas que vemos aqui onde vivemos atual- mente, chamado por Platão de “mundo sensível”. Por outro lado, Aristóteles (384-322 a.C.), discípulo do próprio Platão, dis- cordou do “inatismo” das ideias pro- postas por seu mestre. Para ele, tudo que existe é o que conseguimos cap- tar por nossos sentidos, e através da apropriação das imagens captadas podemos denominar e formar ideias do que vemos. Assim, para Aristóteles, a formação de nossos pensamentos se dá através do Empirismo, e não de uma Reminiscência, como propôs Pla- tão ao defender o Inatismo. ¹Jostein Gaarder, em O mundo de Sofia.