1. 1
g o v e r n o d o e s ta d o d e s ã o pa u l o
Almoxarife
e Estoquista
2. emprego
A d m i n i s t r a ç ã o
1
Almoxarife e Estoquista
3.
4. GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
Geraldo Alckmin
Governador
SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO,
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO
Márcio Luiz França Gomes
Secretário
Cláudio Valverde
Secretário-Adjunto
Maurício Juvenal
Chefe de Gabinete
Marco Antonio da Silva
Coordenador de Ensino Técnico, Tecnológico e Profissionalizante
5. Concepção do programa e elaboração de conteúdos
Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação
Coordenação do Projeto Equipe Técnica
Marco Antonio da Silva Cibele Rodrigues Silva, João Mota Jr.
e Raphael Lebsa do Prado
Fundação do Desenvolvimento Administrativo – Fundap
Gestão do processo de produção editorial
Fundação Carlos Alberto Vanzolini
CTP, Impressão e Acabamento
Imprensa Oficial do Estado de São Paulo
Wanderley Messias da Costa
Diretor Executivo
Márgara Raquel Cunha
Diretora Técnica de Formação Profissional
Coordenação Executiva do Projeto
José Lucas Cordeiro
Equipe Técnica
Elen Cristina S. K. Vaz Döppenschmitt, Fabiana de
Cássia Rodrigues e Liliane Bordignon de Souza
Textos de Referência
Dilma Fabri Marão Pichoneri, Paula Marcia Ciacco
da Silva Dias e Selma Venco
Mauro de Mesquita Spínola
Presidente da Diretoria Executiva
José Joaquim do Amaral Ferreira
Vice-presidente da Diretoria Executiva
Gestão de Tecnologias em Educação
Direção da Área
Guilherme Ary Plonski
Coordenação Executiva do Projeto
Angela Sprenger e Beatriz Scavazza
Gestão do Portal
Luis Marcio Barbosa, Luiz Carlos Gonçalves,
Sonia Akimoto e Wilder Rogério de Oliveira
Gestão de Comunicação
Ane do Valle
Gestão Editorial
Denise Blanes
Equipe de Produção
Assessoria pedagógica: Egon de Oliveira Rangel
Editorial: Airton Dantas de Araújo, Ana Paula Peicher Lisboa,
Bruno Meng, Camila Grande, Celeste Baumann,
Mainã Greeb Vicente, Olivia Frade Zambone, Priscila Risso,
Rogério Cantelli, Stella Mesquita e Tatiana F. Souza
Direitos autorais e iconografia: Ana Beatriz Freire,
Aparecido Francisco, Fernanda Catalão, José Carlos Augusto,
Larissa Polix Barbosa, Maria Magalhães de Alencastro,
Mayara Ribeiro de Souza, Priscila Garofalo, Rita De Luca,
Roberto Polacov e Sandro Carrasco
Apoio à produção: Fernanda Rezende de Queiróz,
Luiz Roberto Vital Pinto, Maria Regina Xavier de Brito,
Valéria Aranha e Vanessa Leite Rios
Diagramação e arte: Jairo Souza Design Gráfico
Agradecemos aos seguintes profissionais e instituições que colaboraram na produção deste material:
Campinense Transporte, DiCico, Fernando Henrique de Almeida Sobral, Longa Industrial Ltda., Nacco
Materials Handling Group Brasil, Pallets de Paula, SB Pallet, Sest-Senat Santo André, Somov, SSI Schaefer
e Transligue Transp. e Serv. Ltda.
6. Caro(a) Trabalhador(a)
Estamos bastante felizes com a sua participação em um dos nossos cursos do
Programa Via Rápida Emprego. Sabemos o quanto a capacitação profissional é
importante para quem busca uma oportunidade de trabalho ou pretende abrir
o seu próprio negócio.
Hoje, a falta de qualificação é uma das maiores dificuldades enfrentadas pelo
desempregado.
Até os que estão trabalhando precisam de capacitação para se manterem atualizados
ou, quem sabe, exercerem novas profissões com salários mais atraentes.
Foi pensando em você que o Governo do Estado criou o Via Rápida Emprego.
O Programa é coordenado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência,
Tecnologia e Inovação, em parceria com instituições conceituadas na área da edu-
cação profissional.
Os nossos cursos contam com um material didático especialmente criado para
facilitar o aprendizado de maneira rápida e eficiente. Com a ajuda de educadores
experientes, pretendemos formar bons profissionais para o mercado de trabalho
e excelentes cidadãos para a sociedade.
Temos certeza de que vamos lhe proporcionar muito mais que uma formação
profissional de qualidade. O curso, sem dúvida, será o seu passaporte para a
realização de sonhos ainda maiores.
Boa sorte e um ótimo curso!
Secretaria de Desenvolvimento Econômico,
Ciência, Tecnologia e Inovação
7. Caro(a) Trabalhador(a)
Você inicia agora um caminho para um novo aprendizado. A intenção neste Pro-
grama é ir além do conhecimento referente à ocupação de almoxarife e estoquista.
Essa opção está diretamente relacionada às demandas que o mundo do trabalho
coloca aos profissionais como um todo e não apenas dessa área.
Será que, no mundo de hoje, conhecer apenas o conteúdo do trabalho e as principais
técnicas seria suficiente para ser um bom profissional?
Não, pois o mundo do trabalho mudou. Saber como é possível melhorar a busca
por um novo emprego, elaborar de forma adequada o novo currículo, conhecer a
história da logística e dessa ocupação é também muito importante. Para isso, é
necessário saber muito mais do que a técnica.
O Programa Via Rápida Emprego parte do princípio de que, para iniciar sua
carreira ou aperfeiçoar aquilo que você já sabe fazer, é preciso conhecer as técnicas,
mas precisa conhecer também alguns outros aspectos para ampliar suas chances na
obtenção do um novo emprego.
As quatro primeiras Unidades apresentam o contexto do mundo do trabalho: na
Unidade 1, o que compreendemos por trabalho, seu papel na subsistência humana;
a Unidade 2 aborda as formas de organização do trabalho, uma vez que em uma
mesma empresa convivem vários tipos de organização, que foram sendo desenvol-
vidos e modificados ao longo da História; na Unidade 3, você aprofundará seus
conhecimentos sobre o que é a globalização e seus efeitos no trabalho e na produção.
Já na Unidade 4 você se aproximará das particularidades da ocupação de almoxa-
rife e estoquista indicadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego. As duas últimas
Unidades apresentam conceitos que são fundamentais para o aprendizado nessa
área: do surgimento do almoxarifado no Brasil à configuração dos estoques atuais.
Bons estudos!
8. Sumário
Unidade 1
9
O mundo do trabalho
Unidade 2
21
A organização do trabalho: taylorismo, fordismo e toyotismo
Unidade 3
43
O fenômeno da globalização
Unidade 4
55
O mercado de trabalho
Unidade 5
67
Almoxarife: tesoureiro do rei?
Unidade 6
87
Estoque: um velho conceito?
9. FICHA CATALOGRÁFICA
Tatiane Silva Massucato Arias - CRB-8/7262
São Paulo (Estado). Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência,Tecnologia e
Inovação. Via Rápida Emprego: administração: almoxarife e estoquista, v.1. São Paulo: Sdecti,
2015.
il. - - (Série Arco Ocupacional Administração)
ISBN: 978-85-8312-170-1 (Impresso)
978-85-8312-171-8 (Digital)
1. Ensino Profissionalizante 2. Administração – QualificaçãoTécnica 3. Almoxarife
e Estoquista – Mercado deTrabalho I. Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência,
Tecnologia e Inovação II.Título III. Série.
CDD: 658.787
10. Almoxarife e Estoquista 1 Arco Ocupacional Administração 9
Unidade 1
O mundo do trabalho
Para que você compreenda o sentido do seu aprendizado, é
importante iniciar sua formação por um percurso histórico
no qual você conhecerá como surgiram as funções de almo-
xarife e estoquista. Traçar esse caminho na História é rele-
vante, pois aprendemos muito sobre a atualidade a partir do
passado.
Vamos começar refletindo: Será que o termo “logística” era
comum há 20 anos? Caso você seja jovem, pergunte aos seus
pais, parentes ou vizinhos se costumavam ouvir esse termo nos
locais de trabalho, nos jornais e até mesmo entre amigos.
Para começar a compreender o que faz um profissional na área
de logística, é fundamental conhecer o cenário em que ela
surgiu e se desenvolveu. Para tanto, nesta Unidade, vamos
voltar no tempo e recuperar como o mundo do trabalho foi,
gradualmente, sendo alterado, e passou a necessitar de novas
funções que respondessem a contento às novas demandas de
produção.
Trabalho sem a exploração do homem
pelo homem?
Como você imagina o trabalho e a vida das pessoas antes de
surgirem as máquinas? Como era a sociedade sem elas? Sempre
existiu salário? Sempre existiu o lucro? No tempo em que as
máquinas ainda não tinham sido inventadas, como a população
trabalhava e se sustentava?
Observe as pinturas do artista francês Jean-François Millet
(1814-1875), que retratam a vida no campo, e tente responder
a essas questões.
12. Almoxarife e Estoquista 1 Arco Ocupacional Administração 11
Desde as primeiras civilizações de que se tem notícia,
o ser humano habitou o campo. As pessoas se ocupa-
vam da agricultura, para produzir alimentos para seu
próprio consumo, cultivando a terra e criando também
animais para sobreviver com o que produziam. O ex-
cedente, ou seja, o que sobrava dos alimentos destinados
para sustento próprio, era trocado com outros campo-
neses por produtos de que não dispunham.
Dessa forma, um dava leite em troca do trigo, outro
a carne pelas frutas e legumes e assim por diante.
Acontecia o escambo, ou seja, uma troca entre as fa-
mílias, cada uma delas preocupada com sua sobrevi-
vência. Os poucos excedentes eram utilizados para
serem trocados por outros produtos agrícolas ou outras
mercadorias.
A vida no campo era orientada pelos tempos da natu-
reza: as estações do ano indicavam a melhor hora para
plantar e colher; as marés, o momento para pescar etc.
O tempo era usado para cuidar das necessidades da
sobrevivência, mas controlado pelos próprios campo-
neses.
Nesse período predominava, portanto, o conceito de
trabalho, que é diferente do conceito de emprego.
Com o tempo, contudo, a formação de um mercado de
consumo nas cidades e do comércio de produtos invadiu
a vida cotidiana, dando lugar à exploração do homem
pelo homem e tornando as condições de vida e de sobre-
vivência no campo mais difíceis. Os proprietários de
terras passaram a cultivar e a criar seus rebanhos de forma
mais intensa e a comercializar a produção excedente, ou
seja, aquela que sobrava depois de separar a parte desti-
nada ao sustento próprio.
Naquela época, as pessoas que não possuíam pequenos
pedaços de terra ou o direito a utilizá-las para cultivo,
ou não dominavam ofícios – aquelas que não eram mar-
Trabalho: Atividade realiza-
da por seres humanos que,
na transformação da natu-
reza, utiliza esforço físico
e mental para a produção e,
dessa forma, permite a so-
brevivência.
Emprego: Relação firmada
entre o proprietário dos meios
de produção – dono das fer-
ramentas, terras, máquinas
etc. – e o trabalhador. Nesse
contrato, o empregador com-
pra a força de trabalho, ou
seja, paga um salário pelo
trabalho realizado.
Fonte: São Paulo (Estado).
Secretaria de Desenvolvimento
Econômico, Ciência, Tecnologia
e Inovação (Sdecti). Sociologia:
caderno do estudante.
Ensino Médio. São Paulo:
Sdecti, 2015. v. 1.
13. 12 Arco Ocupacional Administração Almoxarife e Estoquista 1
ceneiros, ferreiros, artesãos, soldados etc. – formavam a
maioria da população e essas pessoas eram obrigadas a
trabalhar para outras e obter em troca apenas alimento
e uma instalação que servisse de moradia.
Fonte: SÃO PAULO (Estado). Secretaria de
Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e
Inovação (Sdecti). Sociologia: caderno do estudante. Ensino
Médio. São Paulo: Sdecti, 2015. v 1.
Revolução industrial e sociedade
O fenômeno denominado revolução é um momento na
História em que mudanças profundas ocorrem em várias
esferas da sociedade, que envolvem a vida cotidiana, a
política, a economia, a cultura e as relações sociais. Por-
tanto, ao se falar de Revolução Industrial é importante
considerar que, nessa época, não foi apenas o trabalho
que mudou, mas sim um conjunto de situações e relações
na sociedade.
O fenômeno da Revolução Industrial ocorreu a partir
do século XVIII (18) na Inglaterra, região rica em carvão
mineral e ferro. Ela alterou profundamente o mundo,
ocasionando grandes transformações no modo de pro-
dução das mercadorias e no estilo de vida da população.
Uma das principais modificações foi o uso do carvão
para movimentar máquinas, que deu origem às máquinas
a vapor. Tal fenômeno criou e revigorou a indústria têx-
til. Começaram, assim, a surgir empregos em maior
proporção nas cidades, provocando a migração de pes-
soas do campo em direção a elas em busca de trabalho.
Em consequência, a produção agrícola declinou, ao mes-
mo tempo que aumentou a necessidade de abastecer as
cidades. A agricultura, que até então era de subsistência,
passou a ser uma atividade comercial, uma vez que pro-
curava justamente gerar cada vez mais excedentes para
serem comercializados nas cidades.
Com frequência, associamos a
palavra revolução a algum
acontecimento muito conturbado.
Pense em situações nas quais você
emprega essa palavra no dia a dia. É
comum que ela seja utilizada para
expressar a confusão de um dia de
mudança, de enchentes, de greve nos
transportes etc.
17. 16 Arco Ocupacional Administração Almoxarife e Estoquista 1
A Grã-Bretanha é uma ilha da Europa que abriga a Inglaterra, a Escócia e o País de Gales.
O Reino Unido é um agrupamento político que congrega os países da Grã-Bretanha mais
a Irlanda do Norte. As relações entre Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte
com o Reino Unido são semelhantes às que definem os governos federalistas: há um poder
soberano central e autonomia relativa nas unidades constituintes. Já a Escócia tem um
autogoverno limitado, submetido ao Parlamento britânico.
Reginaldo Nasser, coordenador do curso de Relações Internacionais da Pontifícia Universi-
dade Católica de São Paulo.
VICHESSI, Beatriz; MERCATELLI, Veridiana. Qual é a diferença entre Inglaterra, Grã-Bretanha e Reino Unido?
Nova Escola. Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/geografia/fundamentos/geografia-diferenca-
inglaterra-gra-bretanha-reino-unido-450810.shtml. Acesso em: 23 abr. 2015.
Da manufatura à mecanização da produção
A palavra manufatura, originária do latim, é composta por manu, mão, e factura,
feitio − a produção feita com as próprias mãos. A composição da palavra, ou seja,
sua etimologia, refere-se à fabricação manual de produtos, portanto, sem o uso de
máquinas e sim de ferramentas. Com o tempo, o termo passou a ser empregado
com sentido mais amplo referindo-se também à fabricação de qualquer produto
feito pela indústria com a utilização de máquinas.
É importante compreender que a manufatura na época da Revolução Industrial teve
como principal característica a divisão social do trabalho, ou seja, a especialização
do trabalhador em apenas uma parte da produção de mercadorias. Por exemplo:
um operário pregava a roda e fazia só isso durante todo o dia de trabalho. Por essa
razão, o trabalho era chamado de especializado.
A invenção da máquina a vapor permitiu às indústrias um salto significativo na pro-
dução, pois o trabalho feito anteriormente de maneira artesanal era lento e heterogêneo.
Se eu moldo o barro para fazer um jarro, o próximo que fizer poderá ser semelhante,
mas nunca ficará idêntico ao primeiro. As máquinas, contudo, oferecem a possibili-
dade de tornar os produtos homogêneos. Além disso, o tempo de produção torna-se
mais curto. Sendo assim, o proprietário passa a produzir mais, vender mais, lucrar
mais e necessitar de menos trabalhadores, provocando demissões.
20. Almoxarife e Estoquista 1 Arco Ocupacional Administração 19
2. Agora, respondam às seguintes questões:
a) Vocês consideram que as máquinas eram responsáveis por não haver emprego
para todos? Por quê?
b) Quebrar máquinas era um ato contra os equipamentos? Por quê?
21. 20 Arco Ocupacional Administração Almoxarife e Estoquista 1
c) Existem semelhanças entre o trabalho daquela época e o de hoje? Quais?
3. Organizem uma apresentação criativa, sobre o que discutiram, para os demais
colegas.
Fonte: SÃO PAULO (Estado). Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e
Inovação (Sdecti). Sociologia: caderno do estudante. Ensino Médio. São Paulo: Sdecti, 2015. v. 1.
22. Almoxarife e Estoquista 1 Arco Ocupacional Administração 21
Unidade 2
A organização do
trabalho: taylorismo,
fordismo e toyotismo
Esta Unidade é destinada ao estudo das formas de organização
do trabalho no século XX (20). Conhecer as características de
cada uma delas é importante, pois lhe permitirá identificar como
o trabalho se organiza na logística, bem como proporcionará o
planejamento de novas formas de realizar tarefas e de lidar com
imprevistos.
Pense em alguma atividade que você costuma executar em casa:
higienizar o banheiro, consertar a porta do armário, cozinhar
etc. Talvez, mesmo inconscientemente, você se organize para
fazer essas tarefas: calcula o tempo que levará para fazê-las; ve-
rifica se tem todas as ferramentas para um conserto ou os pro-
dutos para a limpeza; e faz uma lista para não esquecer nada nas
compras. Depois, você avalia o resultado: se o armário ficou
bom, se a limpeza ficou adequada e assim por diante.
Se você considerar o trabalho realizado nas indústrias, no co-
mércio e no setor de serviços, verá que algumas situações são
muito semelhantes. Mas, na empresa, a organização é estudada
minuciosamente para que cada tarefa seja feita em menos tem-
po. Essa foi a lógica arquitetada no início do século XX (20)
por Frederick Winslow Taylor (1856-1915), cujo pensamento
ficou conhecido em todo o mundo como taylorismo.
Como pensava Taylor no início do século
XX (20)?
Taylor acreditava que os operários “faziam cera” no trabalho,
conforme a própria expressão utilizada por ele, escondendo dos
patrões como realizavam cada atividade e sendo contrários a
produzir diariamente tanto quanto fosse possível.
23. 22 Arco Ocupacional Administração Almoxarife e Estoquista 1
Ele também achava que os sindicatos tinham uma visão
equivocada do processo produtivo, pois queriam que os
operários trabalhassem menos e em melhores condições.
Como solução para esse caso, desenvolveu o que chamou
de “organização científica do trabalho”.
Como era essa organização?
Taylor observou o trabalho dos carregadores de barras
de ferro, operários em grande parte provenientes dos
países da Europa que se encontravam em situação eco-
nômica difícil.
Havia 75 carregadores e cada barra pesava 45 quilogra-
mas. Cada homem, antes do taylorismo, carregava 12,5
toneladas de ferro por dia trabalhado. Com a organização
taylorista do trabalho, cada carregador passou a trans-
portar 47 toneladas em um dia de trabalho.
Antes do
taylorismo
Com o
taylorismo
Número de carregadores 75 75
Toneladas transportadas
por dia (1 tonelada =
1 000 quilogramas)
12,5 47
Como Taylor conseguiu aumentar a produtividade?
• Segundo ele, na organização do trabalho alguns tra-
balhadores planejam e outros executam o trabalho, ou
seja, ele compreendia que certos trabalhadores eram
destinados a pensar e outros a executar. Por isso, havia
a divisão entre os que pensavam como carregar as bar-
ras e os que só utilizavam a força física.
• Com base na observação do trabalho, Taylor propôs
o controle do tempo e dos movimentos, isto é: ele
sabia, por meio da observação do trabalho e cronome-
trando cada ação, que um movimento era feito em “x”
segundos e outro em “y” segundos. A intenção de
Taylor era que o empregador tivesse controle sobre
Produtividade: Resultado da
divisão da produção física ob-
tida numa unidade de tempo
(hora, dia, ano) por um dos
fatores empregados na pro-
dução (trabalho, terra, capital).
Em termos globais, a produ-
tividade expressa a utilização
eficiente dos recursos produ-
tivos, tendo em vista alcançar
a máxima produção na me-
nor unidade de tempo e com
os menores custos.
SANDRONI, Paulo. Dicionário de
economia do século XXI. 8. ed.
revista e ampliada. Rio de Janeiro:
Editora Record, 2014, p. 694.
24. Almoxarife e Estoquista 1 Arco Ocupacional Administração 23
todo o processo de trabalho e, assim, nessa visão, os empregados não poderiam
mais fazer “cera”.
• O trabalhador precisava obedecer aos comandos, inicialmente pensados por Taylor,
sobre o momento e o tempo exatos de se mover, sempre com a vigilância e a su-
pervisão constantes das chefias.
Taylor, no entanto, considerou que nem todo carregador poderia executar seu mé-
todo e, assim, incluiu mais um item em sua lista de procedimentos para obter a
produção pretendida: a seleção científica do trabalhador, acompanhada do devido
treinamento para realizar a tarefa tal como esperada por quem a planejou.
Ele observou o comportamento dos carregadores, pois, em sua concepção, não seria
qualquer operário que se submeteria às exigências. Pesquisou o passado, o caráter, os
hábitos e, principalmente, as pretensões de cada trabalhador. Finalmente, ele encontrou
um imigrante holandês cujos hábitos lhe pareceram adequados. Este estava construin-
do, ele mesmo, a casa para morar com sua família. Fazia isso pela manhã; corria para
o trabalho, onde carregava barras de ferro; e, ao voltar para casa, continuava a constru-
ção. Todos diziam que esse operário era muito econômico. Esse trabalhador reuniu as
“qualidades” que Taylor desejava e recebeu o nome de Schmidt.
Atividade 1
Schmidt e Taylor
1. Leia, a seguir, o diálogo entre Taylor e Schmidt, o trabalhador que ele pretendia
selecionar. Esse diálogo foi retirado do livro Princípios de administração científi-
ca, que teve sua primeira edição publicada em 1911.
— Schmidt, você é um operário classificado?
— Não sei bem o que o senhor quer dizer.
— Desejo saber se você é ou não um operário classificado.
25. 24 Arco Ocupacional Administração Almoxarife e Estoquista 1
— Ainda não o entendi.
— Venha cá. Você vai responder às minhas perguntas. Quero saber
se você é um operário classificado, ou um desses pobres diabos que
andam por aí. Quero saber se você deseja ganhar $ 1,85 dólar por dia,
ou se está satisfeito com $ 1,15 dólar que estão ganhando todos esses
tontos aí.
— Se quero ganhar $ 1,85 dólar por dia? Isto é que quer dizer um
operário classificado? Então, sou um operário classificado.
— Ora, você me irrita. Naturalmente que deseja ganhar $ 1,85 por dia;
todos o desejam. Você sabe perfeitamente que isso não é bastante
para fazer um operário classificado. Por favor, procure responder às
minhas perguntas e não me faça perder tempo. Venha comigo. Vê
esta pilha de barras de ferro?
— Sim.
— Vê este vagão?
— Sim.
— Muito bem. Se você é um operário classificado, carregará todas
estas barras para o vagão, amanhã, por $ 1,85 dólar. Agora, então,
pense e responda à minha pergunta. Diga se é ou não um operário
classificado.
— Bem, vou ganhar $ 1,85 dólar para pôr todas estas barras de ferro
no vagão, amanhã?
— Sim; naturalmente, você receberá $ 1,85 dólar para carregar uma
pilha, como esta, todos os dias, durante o ano todo. Isto é que é um
operário classificado e você o sabe tão bem como eu.
— Bem, tudo entendido. Devo carregar as barras para o vagão, ama-
nhã, por $ 1,85 dólar e nos dias seguintes, não é assim?
— Isso mesmo.
26. Almoxarife e Estoquista 1 Arco Ocupacional Administração 25
— Assim, então, sou um operário classificado.
— Devagar. Você sabe, tão bem quanto eu, que um operário classifi-
cado deve fazer exatamente o que se lhe disser desde manhã à noite.
Conhece você aquele homem ali?
— Não, nunca o vi.
— Bem, se você é um operário classificado deve fazer exatamente o
que este homem lhe mandar, de manhã à noite. Quando ele disser
para levantar a barra e andar, você se levanta e anda, e quando ele
mandar sentar, você senta e descansa. Você procederá assim durante
o dia todo. E, mais ainda, sem reclamações. Um operário classificado
faz justamente o que se lhe manda e não reclama. Entendeu? Quan-
do este homem mandar você andar, você anda; quando disser que se
sente, você deverá sentar-se e não fazer qualquer observação. Final-
mente, você vem trabalhar aqui amanhã e saberá, antes do anoitecer,
se é verdadeiramente um operário classificado ou não.
TAYLOR, Frederick Winslow. Princípios de administração científica.
São Paulo: Atlas, 1990. p. 45-6.
2. Agora, responda às questões a seguir.
a) Qual é sua opinião sobre a entrevista feita por Taylor? O que lhe pareceu conve-
niente? E o que lhe pareceu inconveniente?
Conveniente
27. 26 Arco Ocupacional Administração Almoxarife e Estoquista 1
Inconveniente
b) Como são as entrevistas de emprego na atualidade? São diferentes da feita por
Taylor no momento da “promoção” de Schmidt? Por quê?
c) O que você achou das características valorizadas por Taylor (que constam do
texto Como era essa organização?) para encontrar o operário para a tarefa a ser
executada?
Foi dessa forma que Taylor conseguiu praticamente quadruplicar a produtividade
no trabalho. Leia a seguir a opinião de Taylor sobre Schmidt, mesmo sendo ele o
operário ideal para o aumento da produção.
28. Almoxarife e Estoquista 1 Arco Ocupacional Administração 27
Ora, o único homem entre oito, capaz de fazer o trabalho, não tinha em
nenhum sentido característica de superioridade sobre os outros. Apenas
era um homem tipo bovino – espécime difícil de encontrar e, assim, muito
valorizado. Era tão estúpido quanto incapaz de realizar a maior parte dos
trabalhos pesados. A seleção, então, não consistiu em achar homens ex-
traordinários, mas simplesmente em escolher entre homens comuns os
poucos especialmente apropriados para o tipo de trabalho em vista.
TAYLOR, Frederick Winslow. Princípios de administração científica.
São Paulo: Atlas, 1990, p. 54-5.
Operário “tipo bovino”?
Para Taylor, portanto, era natural que alguns mandassem e outros obedecessem, e
os mandados deveriam ser do “tipo bovino”, o que, em outras palavras, significava
que o operário não deveria refletir sobre a organização do trabalho.
Tendo em vista que o objetivo de Taylor era aumentar a produtividade e os lucros
das empresas, faltava para ele, ainda, aperfeiçoar seu método. Era necessário reduzir
a quantidade de trabalhadores.
Em outra experiência que realizou, ele conseguiu reduzir o número de trabalhado-
res e o custo do carregamento diário, conforme você pode observar na tabela a seguir.
Antigo sistema Com o taylorismo
Número de trabalhadores 400 a 600 140
Média de toneladas por dia/homem 16 59
Remuneração $ 1,15 $ 1,88
Custo do carregamento/tonelada $ 0,072 $ 0,033
Fonte: TAYLOR, Frederick Winslow. Princípios de administração científica. São Paulo: Atlas, 1990.
29. 28 Arco Ocupacional Administração Almoxarife e Estoquista 1
Atividade 2
Taylorismo hoje?
Como você pôde observar, o fenômeno da redução de pessoal não é novo, pois esse
é um dos motores que sustenta o capitalismo. Em outras palavras, um dos pilares
para a acumulação de capital é a diminuição de custos. As atividades a seguir o
ajudarão a refletir sobre a atualidade deste assunto.
1. Em grupo, discutam:
a) Quais são, na opinião do grupo, os aspectos mais importantes na lógica de tra-
balho elaborada por Taylor?
b) Existe taylorismo hoje? Em quais situações o grupo observa a existência do
taylorismo na atualidade? Em quais ocupações vocês identificam esse modo de
organização do trabalho?
2. Escolham uma ocupação com a qual tenham contato ou experiência. Reflitam:
33. 32 Arco Ocupacional Administração Almoxarife e Estoquista 1
A despeito do tom bem-humorado do filme, não se pode negar que as condições
de trabalho eram tais como as apresentadas. O trabalhador perdia mais uma vez
o controle sobre a tarefa que executava: a esteira rolante determinava o tempo em
que cada uma delas deveria ser realizada. Os locais eram inseguros e insalubres,
ou seja, o ruído e a poeira faziam mal à saúde dos operários.
Um século depois, mesmo com o avanço da tecnologia, o ritmo, a intensificação
do trabalho e a pressão por produtividade ainda são aspectos nocivos à saúde do
trabalhador. Portanto, é preciso ficar atento aos abusos que acontecem em nome
do aumento da produtividade.
Além disso, as condições insalubres de trabalho ainda permanecem em muitos locais.
Atividade 3
Retratos do trabalho fabril
1. Observe o mural pintado pelo artista mexicano Diego Rivera.
Diego Rivera (1886-1957) foi um pintor mexicano cuja especialidade era a pintura de grandes murais.
Contava, por exemplo, a história de um povo, pois acreditava que esse tipo de pintura permitia gravar na
memória aspectos que são ocultados ou esquecidos ao longo do tempo. É reconhecido como artista
comprometido com a luta por uma sociedade mais justa. Você poderá fazer uma visita virtual ao Museu
Diego Rivera pelo site disponível em: http://www.diegorivera.com. Acesso em: 23 abr. 2015.
35. 34 Arco Ocupacional Administração Almoxarife e Estoquista 1
Nesse mural, Rivera retrata as condições de trabalho na indústria automobilís-
tica. O artista observou o dia a dia dos operários e buscou mostrar alguns deles
em certas etapas da produção.
2. Em grupo, analisem a obra e discutam:
a) Quais foram os detalhes que mais chamaram a atenção do grupo? Por quê?
b) Como eram as condições de trabalho na fábrica retratada por Rivera?
c) Com base no mural, como vocês imaginam que deveria ser o ambiente de trabalho?
O sentido do trabalho
Como foi estudado, o fordismo nasceu nos Estados Unidos da América (EUA),
motivado pelos mesmos princípios de Taylor.
Os operários, no entanto, percebiam que cada vez mais executavam um trabalho
mecanizado e sem qualificação. Com isso, eles passaram a optar por outras ativida-
des que ainda garantissem maior envolvimento com o trabalho.
Ford, percebendo a dificuldade em contratar funcionários, lançou o seguinte plano:
• ofereceu salário de 5 dólares por dia (antes o pagamento era de 2,50 dólares);
• estabeleceu jornada diária de oito horas de trabalho.
No entanto, esse plano não era para todos. Assim como Taylor havia aplicado
uma “seleção científica do trabalhador”, as novas condições de Ford eram apenas
para os homens que tivessem certos hábitos esperados pela empresa: não consu-
missem bebidas alcoólicas, provassem que tinham boa conduta e destinassem o
salário totalmente à família.
40. Almoxarife e Estoquista 1 Arco Ocupacional Administração 39
• a cor verde significa que a produção está fluindo bem;
• a cor amarela (ou laranja) significa que é preciso ficar atento à cadência da produção;
• a cor vermelha significa que a situação está crítica.
As cores são utilizadas quando:
• a produção precisa de um componente;
• o abastecedor do setor dirige-se com uma caixa vazia do componente e cartão
kanban para o setor que produz o componente;
• o cartão é colocado no quadro de cartões do setor de produção;
• o setor finaliza a produção, e o cartão de requisição é retirado e enviado com o
componente para o setor requisitante;
• o produto ou a caixa do produto, e o kanban devem movimentar-se pela fábrica
como um par, isto é, não podem circular caixas sem kanban e kanban sem caixas.
Os pilares do toyotismo são:
• Just-in-time (JIT) (fala-se “djãs tin taime”): significa, literalmente, “no momen-
to exato”. Trata-se de uma técnica de organização do espaço-tempo nas empresas.
Seu objetivo é tornar a produção e a distribuição de mercadorias mais dinâmicas.
Nesse processo, a produção ocorre de acordo com a demanda e as empresas não
acumulam estoque.
Fonte: SÃO PAULO (Estado). Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia
(Sdect). Educação de Jovens e Adultos (EJA) – Mundo do Trabalho. Geografia, História e
Trabalho: 8º ano/3º termo do Ensino Fundamental. São Paulo: Sdect, 2013.
• Autonomação: mais conhecido como Controle de Qualidade Total. É assim
chamado porque se exige que haja um controle de qualidade autônomo. Essa
estratégia elimina a supervisão do trabalho e das peças produzidas, por exemplo.
Parece simples e lógico, mas é preciso compreender em que isso resulta: cada um
é responsável pelo que deve ser feito e pressupõe-se que haja um trabalho em
equipe. Se alguém está com dificuldades, o colega o ajuda. Uma fábrica de auto-
móveis no Brasil chegou a gravar um código na peça fabricada que indicava quem
era o operário que a havia feito. Se a peça apresentasse problema, o funcionário
seria diretamente responsabilizado.
• Kanban: é o sistema de informações que alimenta a produção e a entrega. Com
o uso de cartões coloridos, cada cor indica uma situação. Por meio desse método,
fabrica-se na quantidade e no tempo certos (ou just-in-time) e, ainda, evitam-se
desperdícios.
41. 40 Arco Ocupacional Administração Almoxarife e Estoquista 1
Veja as principais diferenças:
Fordismo Toyotismo
• Produção em série de um mesmo produto
• Produção de muitos modelos em pequenas
quantidades
• Produção conforme a demanda
• Grandes estoques de produtos
• Estoque empurrado
• Estoque mínimo; só se produz o que é
vendido
• Estoque puxado
• Especialização: um homem opera uma
máquina
• Produção em linha
• Polivalência: um homem opera várias
máquinas
• Produção em célula
Essa nova organização do trabalho resultou na diminuição do tempo de fabricação de,
por exemplo, um automóvel: eram necessárias 19 horas para produção de um veículo no
Japão, enquanto, na Europa, a produção ainda demorava 36 horas. Por volta de 2010, em
uma determinada fábrica de automóveis no Brasil, eram produzidos 34 carros por hora.
Fonte: SÃO PAULO (Estado). Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia
(Sdect). Educação de Jovens e Adultos (EJA) – Mundo do Trabalho. Geografia, História e
Trabalho: 9º ano/4º termo do Ensino Fundamental. São Paulo: Sdect, 2013.
Esse conjunto de mudanças, que em países como Estados Unidos, França, Alema-
nha e Japão aconteceu com mais intensidade nos anos 1980, chegou com força ao
Brasil na década de 1990. Pelas características históricas e políticas do País, que
concede amplos benefícios ao capital privado, as mudanças aconteceram de forma
mais intensa para as empresas, movidas pela busca da redução de custo e do aumen-
to da competitividade. A corda rompeu-se do lado dos trabalhadores, que foram
demitidos em massa.
Se a ordem era a redução de custos, as empresas adotaram também a terceirização
de várias etapas da produção. Com o modelo toyotista, as empresas passaram a se
concentrar apenas em sua atividade principal, terceirizando todas as outras seções
e serviços, como veremos no próximo tópico.
A terceirização
Outra forma de trabalho em que os trabalhadores têm perdido seus direitos surgiu
há alguns anos e ganhou força especialmente nas últimas décadas. Trata-se da
terceirização, na qual o trabalho é formal, mas há perda significativa de direitos.
42. Almoxarife e Estoquista 1 Arco Ocupacional Administração 41
Por exemplo: os bancários. Essa categoria profissional, graças à sua organização e à
ação dos sindicatos, conquistou direitos que vão além do que consta na Consolida-
ção das Leis do Trabalho (CLT). Entre eles, estão: a participação na determinação
do valor do vale-refeição, o benefício do seguro-saúde, a existência de um piso sa-
larial da categoria etc. Por essas e outras razões, os bancos, a partir da década de
1990, passaram a terceirizar serviços e, por consequência, demitir bancários.
Você deve estar pensando: Mas alguém vai continuar fazendo o mesmo serviço? Sim,
vai. No entanto, as empresas que passam a prestar serviços aos bancos vão contratar
pessoal com salários menores e, como não são bancários, não possuem os mesmos
direitos que os demais trabalhadores da categoria conquistaram. Assim, o serviço
prestado pode ser mais barato e, com isso, os bancos conseguem reduzir seus custos.
Fonte: SÃO PAULO (Estado). Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia
(Sdect). Educação de Jovens e Adultos (EJA) – Mundo do Trabalho. Geografia, História e
Trabalho: 6º ano/1º termo do Ensino Fundamental. São Paulo: Sdect, 2011.
Atividade 4
As formas de organização do trabalho
Na atividade 2, você e o grupo analisaram o taylorismo e discutiram seus principais
aspectos. Vamos agora conversar sobre os aspectos do toyotismo. Individualmente,
responda:
1. Quais são as características do toyotismo?
2. O que é terceirização?
44. Almoxarife e Estoquista 1 Arco Ocupacional Administração 43
Unidade 3
O fenômeno da
globalização
Você estudou até aqui as formas de organização do trabalho,
que se alteram no decorrer da História, mas guardam entre si
algumas características.
Se o toyotismo se impôs, a partir dos anos 1980, como uma
nova forma de organizar o trabalho, é importante destacar,
entretanto, que essa forma de organização não se instalou em
todo tipo de produção. Mas sua “filosofia” foi rapidamente
incorporada pelas empresas, em parte, em razão da globalização.
Empregue a chamada “técnica do cochicho”: converse com o
colega ao seu lado e troquem ideias sobre o que compreendem
por globalização. Em seguida, apresentem suas considerações
à classe.
As crises dos anos 1970
A partir dos anos 1970, o mundo passou por muitas mudanças,
reforçadas pela rápida industrialização em alguns dos países
então em desenvolvimento, como o Brasil. Além disso, houve
a concentração de capitais e o aumento da capacidade tecnoló-
gica nos países desenvolvidos, que abrigavam as matrizes das
principais indústrias, as quais instalaram suas filiais por todo o
planeta e, dessa forma, as economias se internacionalizaram
cada vez mais.
Apesar desse crescimento econômico e industrial, ainda no fim
dos anos 1960 surgiram as primeiras evidências de crise nos
Estados Unidos, país com maior concentração de investimentos,
capacidade de inovação, expansão e consumo. Para garantir sua
superioridade no cenário internacional, esse país despendeu
muitos recursos.
46. Almoxarife e Estoquista 1 Arco Ocupacional Administração 45
distribuição era monopolizado por empresas estadunidenses e europeias que
atuavam no Oriente Médio, as quais sempre contaram com grande poder na Opep.
Parte das empresas que exploravam petróleo em muitos países dessa região não
eram nacionais. Assim, o aumento do preço do barril foi bom, por exemplo, para
empresas petroleiras internacionais que lá operavam. Mesmo na atualidade, com
a atuação da Opep, empresas internacionais mantêm relações estreitas com go-
vernos de países da região, influenciando na definição do preço do barril.
A globalização
Você estudou que, a partir dos anos 1970, a economia e a política passaram por
rápidas e profundas mudanças que contribuíram para o processo de globalização.
Esse termo indica uma integração intensa dos mercados – ou seja, das relações in-
ternacionais –, dos meios de comunicação e dos transportes, principalmente em
razão dos avanços tecnológicos da segunda metade do século XX (20) em diante.
A globalização pode ser compreendida por vários ângulos, entre eles o econômi-
co. Esse fenômeno tem como características fundamentais as mudanças tecnoló-
gicas e a sua distribuição desigual por todo o mundo, os novos processos de
produção nas indústrias e um forte aumento na exportação e importação
de mercadorias, bem como um intenso fluxo de produtos e de capitais (dinheiro)
pelo mundo.
Contudo, é importante entender que a globalização não é um fenômeno simples-
mente econômico. Ela afeta questões políticas, sociais e, sobretudo, a produção.
No que se refere à produção, as grandes corporações multinacionais passaram a
procurar países ou regiões onde os custos de produção total (de determinado pro-
duto) ou parcial (de partes ou componentes) fossem inferiores aos dos locais em que
estavam até então instaladas. Desse modo, elas obtiveram custos finais inferiores e,
como resultado, maior competitividade ou maiores lucros.
Esta prática, denominada offshoring, permite, assim, que um determinado produto
seja composto por componentes produzidos em países diferentes, que apresentem o
menor custo de produção para certa peça ou componente específico e que sejam
reunidos e montados em outro país, onde a montagem seja mais barata. Todo esse
processo depende, naturalmente, do fato de que os custos logísticos na movimen-
tação desses componentes – por exemplo, de transporte, de armazenamento etc. –
sejam inferiores à diferença de custos de produção entre um país e outro.
48. Almoxarife e Estoquista 1 Arco Ocupacional Administração 47
A internet, por exemplo, revolucionou a maneira de trocar e divulgar informações,
facilitando o trabalho. De maneira geral, as pessoas têm cada vez mais acesso à
internet, mesmo sem ter conexão em casa, pois podem utilizá-la nos centros insta-
lados pelas prefeituras ou governos estaduais, em lan houses e outros estabelecimen-
tos, além da disponibilidade por telefones celulares.
Atividade 1
Aspectos tecnológicos da globalização
No mundo atual, a rápida difusão da informação proporcionada pelo avanço tec-
nológico permite que acontecimentos ocorridos em diferentes partes do planeta
sejam transmitidos em tempo real, como o ataque às torres gêmeas nos EUA, em
2001, o tsunami na Tailândia, em 2004, e o terremoto no Haiti, em 2010.
Pensando nisso, com base no texto apresentado anteriormente e no que você já es-
tudou, responda às questões a seguir.
1. De que forma você acha que esses avanços tecnológicos encurtaram distâncias e
tempo? Por quê?
2. Quais repercussões você acredita que esses avanços trouxeram para as relações
mundiais?
49. 48 Arco Ocupacional Administração Almoxarife e Estoquista 1
3. Você considera que a globalização e o maior acesso à informática permitiram às
pessoas, atualmente, serem mais bem informadas? Por quê?
4. Será que todas as pessoas realmente têm acesso a todas as informações que cir-
culam nos meios de comunicação? Justifique.
5. Você já escutou a expressão “sociedade da informação”? Em sua opinião, como
ela pode ser entendida no contexto da globalização e das mudanças tecnológicas
que marcaram o mundo nas últimas décadas?
As empresas na globalização
A crescente concorrência e a consequente necessidade de reduzir custos levaram as
empresas a ampliar seu leque de atuação em diferentes continentes, partindo, sobre-
tudo, para os países subdesenvolvidos. Eles comumente oferecem mais facilidades
para instalação, como a concessão de incentivos fiscais e o favorecimento para obten-
ção de terrenos para implantação de fábricas; e para a contratação de trabalhadores
com baixo custo de mão de obra, geralmente decorrente de altos índices de desem-
prego e baixa qualificação profissional dos trabalhadores.
50. Almoxarife e Estoquista 1 Arco Ocupacional Administração 49
Além disso, essas empresas também investem em inovação e tecnologia, financian-
do centros de pesquisa localizados nos países desenvolvidos, com laboratórios e
universidades envolvidos nessas atividades. Esses países são os que mais investem
em educação. Ao mesmo tempo que esse avanço tecnológico possibilita às empresas
maior concentração de riquezas, também provoca a redução do número de empre-
gados que nelas trabalham.
As grandes corporações, além de controlar a produção de bens de alta tecnologia
(como computadores, equipamentos de telecomunicação, aviões, remédios, vacinas
etc.), dominam os mercados, os fornecedores para suas indústrias, as patentes e a
inovação.
Assim, os países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento ficam dependentes dessas
grandes corporações no que diz respeito aos investimentos e à importação de pro-
dutos e serviços. Além disso, tais produtos, quando importados, são mais caros do
que os exportados, e, quando produzidos localmente, implicam remessas de lucros
e pagamentos de licenças de produção às matrizes no exterior, em ambas as situações
desfavorecendo a economia dos países subdesenvolvidos frente à dos países ricos.
A globalização financeira na América Latina
Mas a globalização não se limita à indústria e ao comércio. A globalização finan-
ceira é um fenômeno importante que vem ocorrendo com maior intensidade desde
as últimas décadas do século XX (20) e se caracteriza pela circulação de capital
entre os países, ou seja, pelos fluxos internacionais de capital. De início concentra-
dos especialmente nos países desenvolvidos, esses fluxos se intensificaram e expan-
diram-se para todo o planeta, tornando-se o principal motor da economia mundial.
Veja que essa lógica mundial afeta os países em desenvolvimento, como o Brasil,
que têm investido em obras de infraestrutura e de transporte. Esse tipo de investi-
mento fornece melhores condições para as transações comerciais de importação e
de exportação.
Por um lado, isso aconteceu graças aos avanços tecnológicos na área de telecomu-
nicações, que permitiram aos investidores aplicar recursos em empresas do mundo
todo sem sair de seus países de origem. Além disso, transformações no sistema fi-
nanceiro mundial promoveram alterações nas regras que permitiram que valores
circulassem em meio digital, pois, anteriormente, a transferência de dinheiro de um
país para outro era realizada, principalmente, em espécie. Ainda assim, a maior
parte dos investimentos continuou partindo de grandes companhias e instituições
financeiras sediadas nos países desenvolvidos.
51. 50 Arco Ocupacional Administração Almoxarife e Estoquista 1
Por outro lado, a expansão dos fluxos de capital se deu em virtude dos investimentos
estrangeiros em determinados países de economia periférica que passaram a ser de-
finidos no âmbito mundial como países emergentes, em função dos interesses desses
investidores internacionais. Na América Latina da década de 1990, por exemplo, o
Fundo Monetário Internacional (FMI) firmou acordos econômicos com os governos
do Brasil, da Argentina e do México, nações então com altas dívidas e com políticas
econômicas que previam a abertura de suas economias ao capital estrangeiro.
Em um primeiro momento, no entanto, os investimentos diretos nesses países
restringiram-se majoritariamente a aplicações em bolsas de valores (investimentos
especulativos), que ofereciam oportunidades de lucro no curto prazo. Os benefícios
desse tipo de negociação ficavam, sobretudo, para os países desenvolvidos, que, além
de lucrar, vendiam suas ações ao menor sinal de instabilidade econômica, causando
danos financeiros importantes às nações emergentes.
Do ponto de vista dos países emergentes, esse quadro se alterou quando foram
criadas condições para atrair investimentos produtivos dos países desenvolvidos,
como a implantação de filiais de empresas multinacionais, a compra de empresas
nacionais e a privatização de setores estratégicos. No final do século XX (20), o
Brasil optou por privatizar empresas dos setores de mineração e, principalmente,
toda a infraestrutura de geração e distribuição de energia elétrica, telecomunicações
e transportes; o setor financeiro também se abriu ao mercado internacional, inclu-
sive com a privatização de bancos. Para isso, o País flexibilizou as regras para receber
em seu território companhias estrangeiras, cobrando delas menos impostos e ofere-
cendo-lhes ainda outras vantagens financeiras, a exemplo da possibilidade de pagar
salários menores que aqueles vigentes em seus países de origem.
No entanto, para garantir sua competitividade em escala mundial, parte dessas
empresas multinacionais instituiu políticas que levaram ao crescimento da flexibi-
lização das relações de trabalho, fosse pelo aumento do trabalho informal, fosse pela
expansão da terceirização, soluções que oferecem menores custos às empresas e
menos benefícios aos trabalhadores.
A população dos países que fizeram tal opção política vivenciou a ampliação da
precariedade dos vínculos trabalhistas, maior instabilidade nos empregos e crescente
vulnerabilidade social diante das mudanças econômicas e políticas internacionais.
Aumentou também a pobreza, em razão da redução de investimentos sociais e do
fechamento de fábricas nacionais incapazes de concorrer com os produtos importados.
Fonte: SÃO PAULO (Estado). Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia
(Sdect). Educação de Jovens e Adultos (EJA) – Mundo do Trabalho. Geografia, História e
Trabalho: 8º ano/3º termo do Ensino Fundamental. São Paulo: Sdect, 2013.
53. 52 Arco Ocupacional Administração Almoxarife e Estoquista 1
3. Em grupo, discutam, seguindo o roteiro:
a) O que é globalização?
b) A frase lida e a charge observada estabelecem relação com o fenômeno da globa-
lização? Por quê?
c) A globalização alterou o modo de vida das pessoas? Por quê?
d) E no trabalho, quais foram, na opinião do grupo, os efeitos causados pela globa-
lização?
e) Recupere as respostas sobre a globalização que você elaborou ao iniciar esta
Unidade. Observe: Ela foi alterada após o estudo do tema? Debata com seus
colegas a respeito.
Atividade 3
Assim é...se lhe parece
Vamos finalizar esta Unidade realizando uma reflexão com base na ilustração de
Nelson Leirner sobre a globalização, que você verá na próxima página.
55. 54 Arco Ocupacional Administração Almoxarife e Estoquista 1
1. Observe os detalhes em cada continente.
2. Qual legenda você daria para essa ilustração?
3. Escreva uma redação inspirando-se na ilustração e com base no que estudou na
Unidade. Não se esqueça de dar um título ao texto.
56. Almoxarife e Estoquista 1 Arco Ocupacional Administração 55
Unidade 4
O mercado de trabalho
Quando se fala em almoxarifado e estoque, o que vem à sua
mente? É possível que você pense em quais são os papéis que os
trabalhadores dessa área desempenham, no que é necessário co-
nhecer para desempenhar a ocupação de almoxarife e estoquista,
em como se dá a organização das mercadorias, se as funções
exercidas por esse profissional se alteram, de um local para outro,
conforme o tipo de empregador, entre outras questões.
Para começar a refletir sobre o assunto, nesta Unidade você
conhecerá quem são os possíveis empregadores desse profissio-
nal no mercado de trabalho.
As áreas de atuação
Vamos pensar sobre os empregadores. A Classificação Brasilei-
ra de Ocupações (CBO) apresenta um resumo no qual estão
registradas mais de 2 mil ocupações que existem no País, assim
como dados sobre a qualificação necessária para o desempenho
de cada uma, as atividades que compõem o trabalho desses
profissionais etc. Caso você não a conheça, procure visitar o site
do Ministério do Trabalho e Emprego, pois as informações
oferecidas são muito úteis.
Se você fizer uma pesquisa na CBO, verá que os tipos de em-
pregador ou locais de trabalho para um almoxarife e estoquista
podem estar presentes em:
• diversas empresas industriais;
• no comércio;
• no setor de serviços.
Apesar de ser mais comum as grandes empresas oferecerem vagas
nessa área, não se pode desconsiderar que pequenas e médias
empresas também se beneficiam dos conhecimentos desses pro-
fissionais. É grande a chance de que o trabalho desenvolvido seja
58. Almoxarife e Estoquista 1 Arco Ocupacional Administração 57
A CBO é atualizada de tempos em tempos, principal-
mente porque o trabalho se altera com frequência e,
assim, novas profissões e ocupações vão sendo criadas.
Por exemplo, no passado não existiam profissionais da
área de informática, pois eles foram surgindo com o de-
senvolvimento tecnológico.
No caso das ocupações de almoxarife e estoquista, o
documento do Ministério indica que elas requerem En-
sino Médio completo e curso básico de qualificação.
Veja que a função de almoxarife, assim como as demais
ocupações, possui um código, e são várias as denomina-
ções que ela pode ter:
4141-05 - Almoxarife
Auxiliar de almoxarifado, Conferente de mercadoria, Controlador de
almoxarifado, Encarregado de estoque, Encarregado de expedição,
Estoquista.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Classi-
ficação Brasileira de Ocupações (CBO). Disponível
em: http://www.mtecbo.gov.br/. Acesso em: 23
abr. 2015.
A CBO informa que os profissionais que atuam nessa
área devem:
• recepcionar, conferir e armazenar produtos e materiais;
• verificar notas fiscais;
• descarregar produtos;
• encaminhar materiais para armazenagem;
• conferir quantidades;
• checar códigos de barra e unidade de venda do pro-
duto; entre outras.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Classificação
Brasileira de Ocupações (CBO). Disponível em: http://
www.mtecbo.gov.br/. Acesso em: 23 abr. 2015.
Você sabia?
A descrição de cada ocu-
pação da CBO é feita pe-
los próprios profissionais
da área.
Dessa forma, há a garan-
tia de que as informa-
ções foram dadas por
pessoas do ramo e que,
portanto, conhecem bem
sua ocupação.
Você pode conhecer esse
documento na íntegra
acessando o site em casa
ou no laboratório de in-
formática. Disponível em:
http://www.mtecbo.gov.
br. Acesso em: 23 abr.
2015.
59. 58 Arco Ocupacional Administração Almoxarife e Estoquista 1
De forma resumida, a CBO indica como requisitos para esses profissionais:
Almoxarife e estoquista
Formação/qualificação
profissional
Atitudes pessoais Atividades profissionais
Ensino Médio completo
Qualificação básica
Ser:
Organizado
Criativo
Dinâmico
Concentrado
Classificar itens
Armazenar, conforme
características do produto
Pesar produtos quando
necessário
Fonte: BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Classificação Brasileira de Ocupações
(CBO). Disponível em: http://www.mtecbo.gov.br/. Acesso em: 23 abr. 2015.
Antes de realizar a Atividade 1, leia as dicas a seguir para estudar melhor.
Muita gente pensa que estudar é apenas uma questão de memorizar informações, que é um dom, uma
atividade que todos nascem sabendo, que não precisa ser ensinada. Mas isso é um engano. O estudo é
uma ação que requer técnica, e, portanto, exige um “saber fazer” que se aprende facilmente.
Quando você tem de se preparar para fazer alguma prova ou concurso, ou decide ler para aprofundar-se
em algum tema, é preciso realizar uma série de ações que envolvem diferentes formas de estudo. É
necessário verificar e comparar anotações sobre o tema que está sendo estudado; buscar causas e con-
sequências dos fatos, escrever textos, como roteiros, relatórios, resumos, comentários; ler e construir
tabelas e gráficos; fazer pesquisas; participar eventualmente de debates e de mostras culturais.
Todas essas formas de estudo, muito comuns no universo escolar, devem ser ensinadas e praticadas.
Pode-se dizer que estudar, na escola, exige técnica e disciplina. Ter disciplina, ao contrário do que muitos
pensam, ajuda a criar e recriar ideias em vez de apenas memorizá-las e repeti-las. Estudar textos não é
repetir o que os outros dizem.
Mas como fazer então? Vamos ver maneiras de estudar os textos que lemos, para aprender com eles,
começando por distinguir tema de título.
Tema e título
Você já parou para pensar que tema e título são coisas diferentes? Que quando se pergunta “qual é o
tema do texto?”, não se está perguntando qual é o título dele?
Para que fique mais clara a diferença, você deve saber que tema: é o assunto sobre o qual o texto vai tratar;
é a ideia que será desenvolvida no texto; é a resposta que damos à pergunta: “De que trata este texto?”.
Já o título é um rótulo, um emblema, proposto pelo autor do texto. O título, apesar de se relacionar ao
que é tratado no texto, não é propriamente o assunto, mas o que pode despertar no leitor a vontade de
ler o texto. É uma frase geralmente curta, colocada no início; é uma referência ao que será abordado no
texto; procura ser instigante, para atrair os leitores e, na maioria das vezes, não contém um verbo.
Leitores grifam ou sublinham trechos de um texto por vários motivos. Para marcar o que chama a aten-
ção ou o que consideram interessante, para destacar trechos relacionados a um objetivo específico de
leitura, como encontrar uma informação, uma definição, um conjunto de argumentos ou conceitos. As
razões para grifar podem variar, mas há algumas dicas que você pode colocar em prática sempre que for
necessário grifar ou sublinhar um texto. As dicas são as seguintes:
60. Almoxarife e Estoquista 1 Arco Ocupacional Administração 59
Atividade 1
Conhecendo o mercado de trabalho
1. Com base nas recomendações de estudo feitas no quadro apresentado, leia o
texto a seguir.
2. Sublinhe ou anote as palavras que não conhece para depois procurá-las no dicionário.
3. Em um segundo momento, volte para a leitura e, grifando, destaque as ideias
que considera mais importantes no texto.
Almoxarifado: Qual a sua Importância na Empresa?
O almoxarifado é o local responsável pela guarda de materiais, de
forma organizada e sincronizada para que os produtos sejam dispo-
nibilizados com agilidade sempre que solicitados. Este local, geral-
• Antes de grifar, é fundamental ler o texto inteiro pelo menos uma vez. Quando você conhece o texto,
fica mais fácil perceber como ele está organizado e o que precisa destacar de acordo com os objetivos
de sua leitura.
• Grife apenas o essencial, de preferência ideias completas. Mas evite grifar parágrafos inteiros, pois o
grifo perde sua função se o texto está todo marcado.
• Há parágrafos que têm a função de retomar ideias já apresentadas; outros apresentam exemplos.
Nesses casos (ou quando há alguma repetição) não é necessário grifar as ideias, mesmo que tenham
sido apresentadas de um jeito diferente.
• É possível também grifar ou sublinhar apenas palavras-chave, ou seja, termos importantes. Mas nesse
caso convém escrever na margem do texto as ideias completas que as palavras marcadas representam.
Sentar-se para ler textos das diferentes disciplinas, para aprimorar os conhecimentos ou buscar informa-
ções pode se tornar uma maneira prazerosa de fazer descobertas. Conhecendo e principalmente prati-
cando alguns procedimentos de estudo, você poderá interagir mais com os textos que lê e aprender
muito com eles.
Fonte: SÃO PAULO (Estado). Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e
Tecnologia (Sdect). Educação de Jovens e Adultos (EJA) – Mundo do Trabalho.
Arte, Inglês e Língua Portuguesa: 7º ano/2º termo do Ensino Fundamental. São Paulo: Sdect, 2012.
61. 60 Arco Ocupacional Administração Almoxarife e Estoquista 1
mente na maioria das empresas, é responsável por boa parte do in-
vestimento financeiro. Quando se pensa em almoxarifado, imagina-se
um local grande e cheio de objetos, com gente treinada e capacitada
executando tarefas integradas e seguras. Mas, nem sempre essa é a
realidade. Muitas vezes, o Almoxarifado transforma-se num local onde
as coisas e as pessoas se perdem, sem sequer dar conta do mal que
estão fazendo a si e à organização.
Lopes, Souza e Moraes (2006) destacam que o almoxarifado é o local
responsável pelo recebimento, armazenagem, expedição e distribuição
dos materiais. Pode ser um local coberto ou não, com condições climá-
ticas controláveis ou não, com alto nível de segurança ou não, tudo
dependendo do tipo de material a ser acondicionado e das normas ne-
cessárias para o correto acondicionamento, localização e movimentação.
A função maior do almoxarifado é manter uma empresa sempre abas-
tecida de seus bens de consumo, ou seja, fornecer de forma contínua
e sem interrupção materiais e matérias-primas para as diversas uni-
dades produtivas e administrativas da empresa.
Todos nós somos capazes de avaliar os transtornos que as questões
políticas trazem para o setor de compras, que é quem dá “oxigênio”
ao almoxarifado. No entanto, não podemos deixar de estabelecer uma
conduta capaz de defender, mesmo que minimamente, a questão de
suprir as unidades daquilo que necessitam.
Para que um almoxarifado funcione de forma confiável é necessário
que exista acurácia, que é um substantivo, sinônimo de qualidade e
confiabilidade da informação, cujo adjetivo “acurado” significa feito
ou tratado com muito cuidado. Para a logística o mesmo possui o
seguinte significado: “Grau de ausência de erro ou grau de conformi-
dade com o padrão”. Manter corretas as informações sobre saldos em
estoque é um dos grandes desafios mais ainda quando buscamos
trabalhar com níveis enxutos e com elevadas frequências de acessos,
isto é, mais e mais recebimentos e apanhes, isto aumenta o risco da
imprecisão nos registros das respectivas transações.
A correta gestão de um almoxarifado implica na aplicação de métodos
modernos de gestão de estoques no almoxarifado que podem auxiliar
63. 62 Arco Ocupacional Administração Almoxarife e Estoquista 1
1. Observe a escultura O pensador, do artista francês Auguste Rodin (1840-1917).
Essa escultura é feita em bronze e é famosa em todo o mundo. Repare nas formas
do homem, em como os músculos aparecem. Ele está relaxado ou tenso? Qual é
o sentimento que a obra transmite para você?
2. Agora, você será “o pensador” ou “a pensadora”. Segue um roteiro de perguntas
que ajudará a organizar as ideias sobre você.
a) Quem sou eu?
b) Como eu acho que sou? Como eu me vejo?
c) Quais são as minhas principais qualidades?
d) O que dizem as pessoas quando me elogiam?
e) O que eu faço que todos gostam?
64. Almoxarife e Estoquista 1 Arco Ocupacional Administração 63
Atividade 3
A balança da vida
Vamos trocar ideias com cinco colegas. Cada um se apresenta aos demais, contan-
do as respostas que deu ao roteiro da atividade anterior. A ideia aqui é uma conver-
sa franca, pois todos temos qualidades e defeitos. O importante é o respeito mútuo
entre colegas. Como será sua balança? Por isso, vamos contar ao grupo quem somos
e ouvir quem eles são. Atente às histórias dos colegas: conhecer o que as pessoas
pensam nos ajuda a entender melhor quem somos!
1. O exercício é vasculhar as memórias. Pense nelas relacionando-as com aspectos
dessa ocupação que você começa a aprender. Por exemplo: “Eu gostava de guar-
dar as compras do mercado para os meus pais”. Esse é um exemplo de um lado
seu importante para o profissional do almoxarifado ou estoquista: a organização
de produtos e o hábito do planejamento.
No quadro a seguir, liste lembranças que indicam características pessoais que podem
servir ao trabalho na área, ao lado do ano em que aconteceu cada um dos fatos,
conforme exemplo:
Quadro 1: Lembranças
Ano Fato importante
1975 Eu organizava os produtos a serem comercializados na feira
2. Agora que você se lembrou de diversos fatos da sua vida, indique experiências
profissionais relacionadas à área: podem ser cursos que já fez, coisas que gosta de
65. 64 Arco Ocupacional Administração Almoxarife e Estoquista 1
fazer (mesmo que não ganhe dinheiro ou cobre por elas), algo que faça bem, ou
que as pessoas achem que você faz bem. Veja, novamente, um exemplo na pri-
meira linha do quadro.
Quadro 2: Minhas experiências de vida vinculadas à estocagem
Experiência O que precisei fazer?
O que foi fácil nessa
experiência?
O que foi difícil
nessa experiência?
Organizar a mudança
de um vizinho
Ao preencher esses quadros, você foi percebendo que já fez muita coisa nessa área e
que, também, sabe fazer bem várias outras.
Atividade 4
Atividades na área de almoxarifado e estoquista
Depois de realizado o balanço de vida e de conhecimentos, vamos aprofundar essa
discussão sobre o que é preciso saber para atuar na área de logística.
66. Almoxarife e Estoquista 1 Arco Ocupacional Administração 65
Etapa 2
1. Em um grupo de cinco pessoas, discutam sobre o que
vocês acham que um profissional da área deve saber
fazer. Procurem organizar as ideias de forma a com-
pletar as seguintes frases:
a) Um almoxarife ou estoquista deve saber...
b) Um almoxarife ou estoquista precisa usar...
c) Um almoxarife ou estoquista necessita cuidar...
d) Um profissional que atue no almoxarifado ou no es-
toque deve...
2. Agora que você discutiu com o grupo sobre o que o
profissional de almoxarifado e estoque deve saber, é
hora de pensar sobre o que você sabe. Relacione os
itens que elencaram e analise: O que você sabe fazer
bem, relativamente bem, ou ainda não teve a oportu-
nidade de aprender? Vá marcando um “x” na coluna
apropriada. Veja um exemplo na primeira linha da
tabela da página seguinte.
Agora que você já refletiu sobre
suas características pessoais e
profissionais, é importante que
organize seus documentos e seus
certificados para começar a
organizar seu currículo.
67. 66 Arco Ocupacional Administração Almoxarife e Estoquista 1
Item Faço bem Relativamente bem Não sei fazer
Organizar listas de
compras
X
69. 68 Arco Ocupacional Administração Almoxarife e Estoquista 1
além de serem escritas em português de Portugal, tiveram sua grafia modificada ao
longo da história. Lembre-se, também, de destacar as palavras que desconhece e
procurá-las no dicionário.
[...] Mas independentemente da sorte das armas, o esforço de guerra
tinha que ser pago. As Cortes de Évora de 1475 haviam dado autori-
zação para a Coroa obter do reino um financiamento (três pididos, na
linguagem do tempo). O rei pediu muito; até os privilegiados pagaram,
o que só acontecia em circunstâncias excepcionais. [...]
Quando D. Afonso V regressou da sua patética viagem a França, já não
havia um real. Se o reino fosse atacado não podia defender-se. Uma
vez mais, havia que convocar Cortes e pedir dinheiro ao Reino. [...]
Costa Lobo publica um documento (Outorga pelas Côrtes de 1478 de
um pedido de sessenta contos de reaes para a defensão do Reino,
Côrtes, Maço 2.°, n.° 19) que é expressivo no que toca às duras ne-
gociações que por certo decorreram, ao carácter excepcional do pe-
dido e às cedências a que o rei e o príncipe foram constrangidos: 1
– no imposto entrariam não apenas os contribuintes habituais, mas
também “todollos priuiligiados vassallos caualeiros e fidallguos posto
que de mym tenham teemças de dez mil reaees pera baixo”; 2 – a
‘experiência’ não era para repetir (“eu e o dicto prinçepe meu filho
ouuessemos de prometer como loguo prometeemos per nossa fé
reall e mamdamos aos que de nos descemderem sob pena de nossa
beemçam e malldiçam que nunca requereremos em alguum teempo
semelhante seruiço por trebuto nem emposiçam...”) [...] Iria Gonçalves
descreve os aspectos essenciais do processo de cobrança: prazos para
a conclusão, quem ficava isento, quais os funcionários responsáveis.
A autora explica que, em cada unidade média ou grande (vila, cidade
ou almoxarifado), deviam ser nomeados quatro oficiais: um lançador,
70. Almoxarife e Estoquista 1 Arco Ocupacional Administração 69
um recebedor, um escrivão e um escrivão do povo;
este último, como a designação sugere, era de eleição
local, pertencendo os três primeiros, em princípio,
ao almoxarifado régio da zona.
COELHO, Maria Helena da C.; DUARTE, Luís Miguel.
A fiscalidade em exercício: o pedido dos 60 milhões
no almoxarifado de Loulé. Revista da Faculdade de
Letras: História. v. 13, 1996, p. 206. Disponível em:
http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/2161.pdf.
Acesso em: 23 abr. 2015.
1. Responda:
a) Qual é a ideia principal do texto?
b) O que era o almoxarife nesse período?
O almoxarife no Brasil
Leia os trechos a seguir sobre a história do almoxarife no
Brasil.
Você sabia?
A palavra almoxarifado,
derivada de “almoxarife”,
tem sua origem em uma
palavra árabe (al-muxarif)
que significa “nobre”,
“honrado”, “tesoureiro”.
71. 70 Arco Ocupacional Administração Almoxarife e Estoquista 1
Também no Brasil o almoxarife era a pessoa encarregada do recebimento dos tri-
butos à Coroa Portuguesa. Mas aqui havia uma repartição que os englobava, a
Provedoria da Fazenda Real. O provedor era seu superior e era também o titular de
outros serviços, como alfândega, além da contadoria e da tesouraria. Por essa razão,
os almoxarifes não tinham no país a mesma importância que tinham no reino de
Portugal; além disso, inicialmente eram ligados aos feitores, os quais administravam
os trabalhadores que atuavam na extração do pau-brasil e nas operações de carga e
descarga de mercadorias em navios.
Mais adiante, no século XVII (17) se separariam dos feitores e, a partir dessa época,
seu trabalho se restringiria à arrecadação e guarda de valores e de outros bens. No
século XVIII (18) tornaram-se os administradores dos Armazéns Reais.
Existem registros da época que indicam a existência de diversos almoxarifados:
• o de São Vicente, provavelmente instalado em 1532 (fonte: AZEVEDO MAR-
QUES, Apontamentos Históricos, Geográficos, Biográficos, Estatísticos e Noti-
ciosos da Província de São Paulo, 2:326);
• o da Vila do Espírito Santo, em 1534 (fonte: OLIVEIRA, História do Espírito
Santo, 38);
• o de Bertioga, em 1550 (fonte: DHBN, 35:165);
• da Torre de São Sebastião de Itaparica, em 1690 (fonte: ABN, 75:310);
• de Itamaracá, em 1714 (fonte: CMBN, 3:478 e 508);
• de Fernando de Noronha, em 1749 (fonte: ABN, 28:473);
• do Juízo da Provedoria da Vila de Itu, em 1756 (fonte: RIHGB/AHU/SP, 5:194).
Fonte: BRASIL. Receita Federal. Almoxarifados. Disponível em: http://www.receita.fazenda.
gov.br/Memoria/administracao/reparticoes/colonia/almoxarifados.asp. Acesso em: 23 abr. 2015.
Se você tiver a curiosidade de conhecer mais sobre esse assunto, acesse o site da Receita Federal,
onde você poderá conhecer um pouco da história dos impostos no país, que mostram os ciclos da
economia, como o do pau-brasil, do ouro, da borracha etc. Saberá, por exemplo, que a atividade fiscal,
a cobrança de tributos, iniciou-se decorridas apenas três décadas da chegada dos portugueses à
América, em 1534, quando foram criadas as Provedorias da Fazenda Real. Mas que antes, ainda, em
1503, um enviado da Coroa Portuguesa veio para criar uma feitoria da Fazenda Real: era necessário
organizar o envio do pau-brasil para Portugal.
Fonte: BRASIL. Receita Federal. Disponível em: http://www.receita.fazenda.gov.br/. Acesso em: 23 abr. 2015.