SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 28
Baixar para ler offline
Evaluation of the application of the method of activity-based-costing (ABC) in agricultural
production of grain: cropos temporary.
Sampoaio, A. L. M; Akahoshi, W. B; Lima, E. M.
Custos e @gronegócio on line - v. 7, n. 3 – Set/Dec - 2011. ISSN 1808-2882
www.custoseagronegocioonline.com.br
133
Evaluation of the application of the method of activity-based costing (ABC)
in agricultural production of grain : crops temporary
Reception of originals: 12/16/2011
Release for publication: 03/27/2012
Anderson Luis Mota Sampaio
Mestrando em Agronegócios pela Universidade Federal da Grande Dourados-UFGD
Instituição: Universidade Federal da Grande Dourados – UFGD
Endereço: Rodovia Dourados-Itahum KM 12 – Caixa Postal 322
Dourados/MS. CEP: 79800-000
E-mail: andersonsampaio@ufgd.edu.br
Wesley Batista Akahoshi
Mestrando em Agronegócios pela Universidade Federal da Grande Dourados-UFGD
Instituição: Universidade Federal da Grande Dourados – UFGD
Endereço: Rodovia Dourados-Itahum KM 12 – Caixa Postal 322
Dourados/MS. CEP: 79800-000
E-mail: wesleyakahoshi@ufgd.edu.br
Emanoel Marcos Lima
Doutor em Controladoria e Contabilidade pela Universidade de São Paulo-USP
Instituição: Universidade Federal da Grande Dourados – UFGD
Endereço: Rodovia Dourados-Itahum KM 12 – Caixa Postal 322
Dourados/MS. CEP: 79800-000
E-mail: emanoellima@ufgd.edu.br
Abstract
Given the highly competitive environment in which the Agribusiness is inserted, there is a
growing need for professional management of rural properties, which requires the use of
methods that assist decision making. In this context, it is noticed that cost management is an
essential tool for the administration of rural enterprises. However, most of the methods and
models of existing management aims to meet the needs of industrial, commercial and service
providers typically urban. Therefore, the purpose of this paper is to present, based on an
exploratory research through literature review, a critical analysis of the application of the
method of activity-based costing (ABC) in agricultural production of grain, using the
traditional method of absorption as a basis for comparison. The article takes into
consideration the factors specific to agricultural activity seeking to do the necessary
adjustments to the applicability of the methods presented costs. In this way, we conclude that
the use of traditional methods such as absorption, can be more functional in agricultural
production of grain, considering the temporary cultures than the ABC method.
keywords: Cost Management. Agriculture. Costing method.
Evaluation of the application of the method of activity-based-costing (ABC) in agricultural
production of grain: cropos temporary.
Sampoaio, A. L. M; Akahoshi, W. B; Lima, E. M.
Custos e @gronegócio on line - v. 7, n. 3 – Set/Dec - 2011. ISSN 1808-2882
www.custoseagronegocioonline.com.br
134
1. Introdução
O mundo contemporâneo, globalizado e competitivo, revela a todos os segmentos de
mercado a necessidade de constantes transformações com vistas à superação dos impactos das
inovações tecnológicas em consonância com as novas exigências dos consumidores. No meio
rural não é diferente, e o que pode ser percebido, é que boa parte dos produtores rurais não
estão preparados para enfrentar esta nova realidade. Muitos agricultores, mesmo aqueles que
já se encontram em um estágio de produção cuja destinação principal é o mercado,
desenvolvem as suas atividades tendo em mente, as antigas técnicas de organização e
produção para a subsistência, quando a venda surge em decorrência das sobras do consumo
direto e/ou permutas por produtos não produzidos na propriedade. Segundo Crepaldi (2005)
na maioria das propriedades rurais os gestores não possuem condições para discernir os
resultados obtidos, os custos de cada plantio, bem como verificar quais seriam os mais
rentáveis. Muitas vezes, o produtor não consegue, por exemplo, segregar o dinheiro que
obteve com a venda do milho e o proveniente da venda do leite.
Torna-se vital a compreensão deste novo ambiente de negócios, por parte dos
produtores rurais, que precisam urgentemente reavaliar as suas posições, assumindo
definitivamente a sua nova função dentro da atividade. Ou seja, a função de “administrador
rural”, administrador este que tem sob sua responsabilidade gerir uma empresa, e não apenas
uma propriedade rural que produz sem a pretensão de gerar renda, ou melhor, lucro aos seus
proprietários.
O principal papel do administrador rural é planejar, controlar, decidir e avaliar os
resultados, visando à maximização dos lucros, à permanente motivação, ao bem
estar social de seus empregados e à satisfação de seus clientes e da comunidade. O
conjunto de ações de decidir O QUE, QUANDO e COMO produzir, controlar o
andamento dos trabalhos e avaliar os resultados constitui o campo de ação do
administrador rural (SANTOS; MARION; SEGATTI, 2009, p. 8).
Esse processo de gestão das empresas rurais está exigindo, dos produtores rurais,
muito mais do que apenas conhecer às técnicas de produção. Torna-se importante o
desenvolvimento e a implementação de técnicas de gestão que priorizem a informação e o
controle dos resultados. Segundo Miranda (2011) a agricultura passou por uma crise na
década de 1990, muita gente ficou no meio do caminho e só sobreviveu quem adotou métodos
de gestão profissional no campo. Através desses acontecimentos houve uma melhora na
exploração dos recursos, com a finalidade de obtenção de forma ágil e segura do retorno dos
investimentos, associado a isso, agregou-se melhores produtos e serviços para os
Evaluation of the application of the method of activity-based-costing (ABC) in agricultural
production of grain: cropos temporary.
Sampoaio, A. L. M; Akahoshi, W. B; Lima, E. M.
Custos e @gronegócio on line - v. 7, n. 3 – Set/Dec - 2011. ISSN 1808-2882
www.custoseagronegocioonline.com.br
135
consumidores, diante de um mercado que exige cada vez mais qualidade dos produtos. Nesta
perspectiva, surge a gestão de custos como uma alternativa competitiva para a empresa rural.
Callado e Callado (2004) contribuem salientando que é importante reconhecer a relevância da
gestão de custos com vistas à otimização dos limitados recursos disponíveis em qualquer
atividade.
No entendimento de Eyerkaufer, Costa e Faria (2007) a contabilidade de custos tem
uma importância cada vez maior, à medida que há a necessidade de decisões mais acertadas,
diante de mercados competitivos, mantendo margens de lucro positivas. As mudanças nos
negócios desencadeadas pela competição global e pelas inovações tecnológicas provocaram
mudanças significativas, quanto à utilização de informações mais relevantes, relacionadas aos
custos e desempenhos de atividades, processos, produtos, serviços e clientes. Valle e Aloe
(1981) destacam a importância da contabilidade de custos nas empresas rurais, afirmando que
a contabilidade de custos registra e controla as operações técnico-agrícolas para determinação
dos custos e resultados de produção agrícola, zootécnica e agroindustrial. (VALLE;ALOE,
apud CALLADO; CALLADO, 2008).
Neste contexto, percebe-se que a gestão de custos é um instrumento imprescindível
para a administração das empresas rurais. Mas, será que os conceitos e métodos tradicionais
de custos que foram desenvolvidos tendo como “pano de fundo” à indústria, podem ser
aplicados naturalmente na realidade da atividade rural?
Com o intuito de responder esta questão, o presente estudo tem como objetivo,
apresentar uma analise crítica da aplicação do método de custeio baseado em atividades
(ABC) na produção agrícola de grãos, utilizando como base de comparação, o método
tradicional de custeio por absorção.
O desenvolvimento do presente estudo envolveu a realização de uma pesquisa exploratória, através de
levantamento bibliográfico. Os dados foram coletados através de pesquisas em livros, artigos científicos,
periódicos, revistas, documentos de sites oficiais e pesquisas na Web.
2. Atividade Agrícola
No Brasil a agricultura possui grande importância representando uma das principais
forças da economia nacional, bem como um dos responsáveis pelo bom desempenho da
balança comercial do país. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada -
CEPEA-ESALQ-USP (2011), os negócios envolvendo o seguimento agrícola (insumos,
Evaluation of the application of the method of activity-based-costing (ABC) in agricultural
production of grain: cropos temporary.
Sampoaio, A. L. M; Akahoshi, W. B; Lima, E. M.
Custos e @gronegócio on line - v. 7, n. 3 – Set/Dec - 2011. ISSN 1808-2882
www.custoseagronegocioonline.com.br
136
agricultura, indústria e distribuição) movimentaram no ano de 2010, recursos financeiros que
somados totalizam R$ 578,39 bilhões de reais, representando uma participação de 15,74% do
produto interno bruto nacional-PIB (Calculado pelo CEPEA, com o apoio financeiro da
Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil-CNA).
Segundo Santos, Marion e Segatti (2009, p. 13) “a agricultura é definida como a arte
de cultivar a terra. Arte essa decorrente da ação do homem sobre o processo produtivo à
procura da satisfação de suas necessidades básicas”. Crepaldi (2005, p. 23) complementa
definindo que, “a agricultura representa toda a atividade de exploração da terra, seja ela o
cultivo de lavouras e florestas ou a criação de animais, com vistas à obtenção de produtos que
venham a satisfazer ás necessidades humanas”.
Para efeitos contábeis de alocação e controle dos gastos de produção, a atividade
agrícola subdividiu-se respeitando as principais características inerentes a cada cultura. Neste
caso, fora utilizado como parâmetro para esta segregação, o tempo de vida produtiva, ou seja,
a quantidade de colheitas que são permitidas pelas culturas até o momento do replantio. Para
Santos, Marion e Segatti (2009), o ciclo da cultura é a principal característica genealógica da
planta é o tempo de vida produtiva a contar do momento do plantio até a última colheita
comercial. Sendo assim, as classificações provenientes da divisão com base no ciclo de vida
de cada cultura são: cultura temporária e cultura permanente.
Marion (2010) define como culturas temporárias, aquelas sujeitas ao replantio após
cada colheita, possuem período de vida curto e também são conhecidas como cultura anual,
exemplos: soja, milho, arroz entre outros. As culturas permanentes permanecem vinculadas ao
solo e possibilitam mais de uma colheita, exemplos: citricultura (laranja, limão...),
cafeicultura, silvicultura entre outros. Crepaldi (2005, p. 94) enfatiza que “é importante fazer
a distinção entre as culturas permanentes e temporárias, para classificar os custos
corretamente, registrando e controlando as operações técnicas com o fim de apurar os
resultados da produção”. Faz-se importante salientar que o estudo proposto utilizará como
base para o desenvolvimento da pesquisa o processo produtivo das culturas temporárias, neste
caso específico, na produção de grãos.
Neste contexto, a utilização dos métodos de apuração e controle de custos na
agricultura deve considerar as particularidades deste seguimento. Na visão de Ribeiro (2004)
dentre essas particularidades aparecem: o crescimento natural da produção que deverá ser de
alguma forma avaliado e considerado na apuração dos custos; a atividade se desenvolve a céu
aberto, muitas vezes em grandes extensões de terra; está vulnerável a mudanças climáticas;
Evaluation of the application of the method of activity-based-costing (ABC) in agricultural
production of grain: cropos temporary.
Sampoaio, A. L. M; Akahoshi, W. B; Lima, E. M.
Custos e @gronegócio on line - v. 7, n. 3 – Set/Dec - 2011. ISSN 1808-2882
www.custoseagronegocioonline.com.br
137
não é contínua durante o ano; entre outros. A relação custo/benefício para se manter controles
mais complexos em busca de informações mais precisas deve ser sempre considerada, por
outro lado a necessidade de controles, por mais simples que pareçam ser torna-se fator
imprescindível em se tratando de valorização dos estoques agrícolas.
3. Gestão da Propriedade Rural
Nos últimos anos, o agronegócio tem passado por inúmeras transformações,
principalmente no que tange ao mercado e a tecnologia. A globalização tem se apresentado
para todos os seguimentos produtivos, e no agronegócio não poderia ser diferente, fato
evidenciado também por Binotto (2005, p. 107):
As mudanças estruturais ocorridas no agronegócios nos últimos anos têm
evidenciado a necessidade de novas formas de gerenciamento, e os agricultores
estão atuando num contexto de negócios que se estende muito além da porteira. Esse
cenário exerce crescente pressão para que eles façam frente aos desafios com
atitudes qualificadas, conhecimento e habilidades para serem capazes de reconhecer
o potencial das ameaças ambientais e a viabilidade que está presente em cada
atividade; portanto, a atividade é muito mais do que um meio de vida, é um negócio
que precisa ser sustentável.
O mercado competitivo e a evolução tecnológica, tem exigido muito daqueles que são
responsáveis pela tomada de decisão, sejam estas nas atividades “antes da porteira”, “dentro
da porteira” ou “após a porteira”.
Segundo Araújo (2010), as atividades “antes da porteira” são compostas basicamente
pelos fornecedores de insumos, como: máquinas, implementos, defensivos, fertilizantes,
sementes, tecnologia, financimentos, entre outros. “Dentro da porteira” significa dentro das
fazendas, desde as atividades iniciais de preparação para o comerço da produção até a
obtenção dos produtos agropecuários in natura prontos para a comercialização. “Depois da
porteira” são constituídos basicamente pelas etapas de agroindustrialização e distribuição dos
produtos agropecuários até atingir os consumidores, envolvendo diferentes tipos de agentes
econômicos, como comércio, agroindústrias, prestadores de serviços, governos e outros.
Especificamente, o foco da análise se dará nas atividades “dentro da porteira” (na
fazenda), ou seja, nas empresas rurais que, na visão de Marion (2010, p. 2): “(...) são aquelas
que exploram a capacidade produtiva do solo por meio do cultivo da terra, da criação de
animais e da transformação de determinados produtos agrícolas”. Muitos são os desafios
enfrentados neste seguimento, principalmente no tocante a gestão da atividade. O momento
atual é de transformação, onde os produtores e/ou proprietários, precisam estar atentos às
Evaluation of the application of the method of activity-based-costing (ABC) in agricultural
production of grain: cropos temporary.
Sampoaio, A. L. M; Akahoshi, W. B; Lima, E. M.
Custos e @gronegócio on line - v. 7, n. 3 – Set/Dec - 2011. ISSN 1808-2882
www.custoseagronegocioonline.com.br
138
diversas nuances que influenciam o seu negócio, como por exemplo, o mercado, as
potencialidades da região, logística, agregação de valor, bem como os custos de produção.
No passado, a produção agropecuária estava estruturada de forma a atender
principalmente as necessidades de subsistência, bem diferente do que se vive hoje, onde o
foco da produção está voltada ao mercado, e este influenciará as decisões de QUANDO,
COMO e O QUE PRODUZIR. Para Santos, Marion e Segatti (2009) este é um momento de
transição que exigirá mudanças na gestão dos negócios, principalmente deixando a tradicional
postura de fazendeiro para a de empresários rural.
Segundo Perez Jr., Pestana e Franco (1997, p. 12): “O termo gestão deriva do latim
gestione e significa gerir, gerência, administração. Administrar é planejar, organizar, dirigir e
controlar recursos, visando atingir determinado objetivo”.
Assim como em qualquer atividade, a gestão das propriedades rurais deverá ter como
objetivo o retorno dos investimentos em conjunto com uma maior rentabilidade. Na atividade
agropecuária isso se torna mais difícil, afinal trata-se de um seguimento que é influenciado
tanto por fatores econômicos, quanto por fatores específicos como as intempéries da natureza
(problemas climáticos), instabilidade de preços influenciados principalmente pelos períodos
de safra e entressafra, entre outros.
É através da utilização de instrumentos gerenciais que será possível planejar, controlar
e tomar decisões, além disso, fazer as comparações dos resultados de cada período. De acordo
com Figueiredo e Caggiano (2006, p. 43) o “Planejamento é a mais básica de todas as funções
gerenciais (...) planejamento pode ser definido como o processo de reflexão que precede a
ação e é dirigido para tomada de decisão agora com vistas no futuro”.
Todas as atividades rurais, por menores que sejam, requerem um controle eficiente,
uma vez que os impactos das decisões administrativas são fundamentais para uma boa gestão
(CREPALDI, 2005). Neste contexto, o “administrador rural” deve ter consciência da sua
importância neste processo, o que deverá motivar uma constante profissionalização, com
vistas na qualidade da gestão, bem como, na prosperidade do negócio. Segundo Crepaldi
(2005) conhecer as condições de mercado e dos recursos naturais disponíveis dá ao produtor
rural os elementos básicos necessários para o desenvolvimento e continuidade da sua
atividade. Cabe a ele decidir o que, quanto e como produzir, controlar a ação após iniciar a
atividade e, por ultimo, avaliar os resultados alcançados e compará-los com os previstos
inicialmente.
Evaluation of the application of the method of activity-based-costing (ABC) in agricultural
production of grain: cropos temporary.
Sampoaio, A. L. M; Akahoshi, W. B; Lima, E. M.
Custos e @gronegócio on line - v. 7, n. 3 – Set/Dec - 2011. ISSN 1808-2882
www.custoseagronegocioonline.com.br
139
Nesta perspectiva, a continuidade e o desenvolvimento das atividades rurais,
principalmente nas pequenas propriedades, são manifestados pela necessidade de
profissionalização do homem do campo, bem como da empresa rural. Para Eyerkaufer, Costa
e Faria (2007, p. 203) “como no meio empresarial, no meio rural existe a mesma necessidade
de mais informações da contabilidade, e isso faz com que ocorra um movimento de
profissionalização das empresas rurais”.
Cabe ao produtor/gestor a incumbência de adaptar-se a esta nova realidade, atrelado a
isso a necessidade de constantes atualizações e a busca de informações que possam auxiliá-lo
a enfrentar e superar as dificuldades que estão surgindo através deste novo cenário. Para
Martin et. al. (1994, p.1):
A utilização de estimativas de custos de produção na administração de empresas
agrícolas tem assumido importância crescente, quer na análise da eficiência da
produção de determinada atividade, quer na análise de processos específicos de
produção, os quais indicam o sucesso de determinada empresa no seu esforço de
produzir. Ao mesmo tempo, à medida que a agricultura vem se tornando cada vez
mais competitiva e com a redução da intervenção governamental no setor, o custo de
produção transforma-se num importante instrumento do processo de decisão.
A gestão de custos insere-se neste processo e assume uma posição de destaque,
potencializando/subsidiando a tomada de decisão do administrador rural, por meio das
técnicas de apuração e controle de custos. De acordo com Martins (2003, p. 21), “(...) a
contabilidade de custos tem duas funções relevantes: o auxílio ao controle e a ajuda às
tomadas de decisões”.
4. Abordagem Tradicional de Custos
Com o advento da Revolução Industrial, no decorrer do século XVIII, o processo de
gestão empresarial passou a exigir da área contábil, a implementação de novas técnicas para a
apuração dos resultados. A contabilidade geral, que até então, atendia as necessidades
empresariais (basicamente comerciais), não estava preparada para adaptar-se a esta nova
realidade, onde os estoques não eram mais registrados e avaliados, tendo como base, apenas o
valor de aquisição das mercadorias. A partir deste momento, a tarefa de mensurar estoques
revestiu-se de uma complexidade jamais vista, afinal, sua composição passou a ser o resultado
da soma dos denominados fatores de produção (matéria-prima, mão de obra, desgaste das
máquinas e etc.), provenientes do processo produtivo.
Evaluation of the application of the method of activity-based-costing (ABC) in agricultural
production of grain: cropos temporary.
Sampoaio, A. L. M; Akahoshi, W. B; Lima, E. M.
Custos e @gronegócio on line - v. 7, n. 3 – Set/Dec - 2011. ISSN 1808-2882
www.custoseagronegocioonline.com.br
140
Nesta perspectiva, surgi a contabilidade de custos com a finalidade de mensurar
estoques, bem como, ser um instrumento administrativo capaz de gerar informações visando à
tomada de decisão. De acordo com Crepaldi (2004, p. 13) “a contabilidade de custos é uma
técnica utilizada para identificar, mensurar e informar os custos dos produtos e/ou serviços.
Ela tem a função de gerar informações precisas e rápidas para a administração, para a tomada
de decisões”. Martins (2003, p. 21) complementa esta visão salientando que:
A preocupação primeira dos Contadores, Auditores e Fiscais foi a de fazer da
Contabilidade de Custos uma forma de resolver seus problemas de mensuração
monetária dos estoques e do resultado, não a de fazer dela um instrumento de
administração. Por essa não-utilização de todo o seu potencial no campo gerencial,
deixou a Contabilidade de Custos de ter uma evolução mais acentuada por um longo
tempo. Devido ao crescimento das empresas, com o consequênte aumento das
distância entre administrador e ativos e pessoas administradas, passou a
Contabilidade de Custos a ser encarada como uma eficiente forma de auxílio no
desempenho dessa nova missão, a gerencial.
Assim, o que pode ser percebido é que a contabilidade de custos possui uma
vocação/vinculação gerencial muito forte. Ou seja, seus objetivos transcendem a ideia de ser
este, um ramo da contabilidade responsável, única e exclusivamente pela apuração dos custos
de produção, ou melhor, instrumento para a avaliação dos estoques. Segundo Perez Jr.,
Oliveira e Costa, (2010) a contabilidade de custos tem por objetivos:
• Apuração do custo dos produtos e dos departamentos;
• Atendimento de exigências contábeis;
• Atendimento de exigências fiscais;
• Controle dos custos de produção;
• Melhoria de processos e eliminação de desperdícios;
• Auxílio na tomada de decisão;
• Otimização dos resultados.
Entender a importância da gestão de custos dentro do contexto empresarial é uma
tarefa complexa, para tanto, o primeiro passo é conhecer o significado do termo “custos”. Para
Bruni e Famá (2010) diversos podem ser os conceitos e/ou definições associados ao processo
de formação e análise de custos. De modo geral, custos podem ser definidos como “Gasto
relativo a bem ou serviço utilizado na produção de outros bens e serviços. O custo é um gasto,
só que reconhecido como tal, isto é, como custo, no momento da utilização dos fatores de
produção (bens e serviços), para a fabricação de um produto ou execução de um serviço”
(MARTINS 2003, p. 25), a exemplo, salários (pessoal produção), insumos (utilizados no
processo de produção), e etc.
Evaluation of the application of the method of activity-based-costing (ABC) in agricultural
production of grain: cropos temporary.
Sampoaio, A. L. M; Akahoshi, W. B; Lima, E. M.
Custos e @gronegócio on line - v. 7, n. 3 – Set/Dec - 2011. ISSN 1808-2882
www.custoseagronegocioonline.com.br
141
Além da definição do termo “custos”, bem como da “contabilidade de custos”, para
efeito desta pesquisa e tendo em vista o processo de apuração e controle dos custos de
produção, faz-se necessário definir o entendimento sobre outras terminologias que, por vezes
são aplicadas de forma equivocada, são elas: despesa e gasto.
De acordo com Bruni e Famá (2010, p. 23) “despesas correspondem à bem ou serviço
consumido direta ou indiretamente para a obtenção da receita. Não estão associadas à
produção de um produto ou serviço”. Como exemplos de despesas pode-se citar: salários
(pessoal administrativo); energia elétrica (consumida no escritório), e etc.
Segundo Martins (2003, p. 24), o termo gasto refere-se a “compra de um produto ou
serviço qualquer, que gera sacrifício financeiro para a entidade (desembolso), sacrifício esse
representado por entrega ou promessa de entrega de ativos (normalmente dinheiro)”. Crepaldi
(2005, p. 97) contribui salientando, que “gasto é um termo genérico que pode representar
tanto um custo como uma despesa”.
Entender estas terminologias aplicando-as de forma correta na apuração dos custos da
produção proporcionará aos gestores informações fundamentais para as analises e
interpretações dos resultados, o que auxiliará sobremaneira o processo de tomada de decisões.
Para Crepaldi (2005, p. 98) “a distinção mais difícil e mais importante é entre custos e
despesas. Se um gasto é considerado despesa, ele afeta diretamente o resultado do exercício.
Se considerado custo, só afetará o resultado a parcela do gasto que corresponder aos produtos
vendidos”.
Além da separação entre custos e despesas, para atender os objetivos e interesses
específicos das metodologias de apuração de custos da produção, bem como dos resultados de
cada período, a contabilidade de custos poderá classificá-los de diferentes formas, entre elas,
diretos, indiretos, fixos e variáveis.
Para Bomfim e Passarelli (2008, p. 53), “custos diretos são aqueles que podemos
identificar como pertencendo a este ou aquele produto, pois há como mensurar quanto
pertence a cada um, de forma objetiva e direta”. Segundo o autor, esse mesmo conceito
aplica-se também ao grupo de despesas.
Conforme afirma Bertó e Beulke (2005, p. 23), os custos e despesas indiretas “dão
sustentação ao funcionamento das atividades. Apresentam como característica, em geral, a
impossibilidade de ser medidos, identificados, quantificados diretamente em cada unidade
comercializada”. Esses gastos não oferecem nenhuma condição de medidas para a alocação,
Evaluation of the application of the method of activity-based-costing (ABC) in agricultural
production of grain: cropos temporary.
Sampoaio, A. L. M; Akahoshi, W. B; Lima, E. M.
Custos e @gronegócio on line - v. 7, n. 3 – Set/Dec - 2011. ISSN 1808-2882
www.custoseagronegocioonline.com.br
142
sendo necessária, a utilização de algum critério de rateio ou o uso de estimativas, que são
subjetivas e por vezes arbitrárias.
Desta forma, a principal característica que irá distinguir os gastos entre diretos e
indiretos, será a sua relação/associação com o produto. Ou seja, os diretos podem ser
associados diretamente aos produtos/serviços, enquanto no caso dos indiretos não são
possíveis esta associação. No entanto, existem custos que são diretos, mas pela dificuldade de
controle e apropriação são alocados como indiretos. Segundo Martins (2003), alguns custos
possuem características especiais, neste caso, mesmo podendo ser alocados diretamente, dada
a sua irrelevância, verifica-se não valer a pena esse trabalho, muitas vezes a relação “custo-
benefício” é desfavorável para itens de pequena importância.
No entender de Perez Jr, Oliveira e Costa (2010), custos fixos são os custos, que
permanecem constantes dentro de determinada capacidade instalada e independem do volume
de produção, ou seja, uma alteração no volume de produção não altera o valor total do custo.
As despesas fixas, são as despesas que permanecem constantes dentro de determinada faixa
de atividades geradoras de receita, que independem do volume de vendas, ou de prestação de
serviços, ou seja, uma alteração no volume de receitas não altera o valor total da despesa.
Na visão de Bruni e Famá (2010) os custos variáveis são aqueles, cujo seu valor total
altera-se diretamente em função das atividades da empresa. Ou seja, quanto maior for à
atividade produtiva da empresa, maiores serão os custos variáveis. As despesas variáveis
variam de acordo com as vendas. Sendo assim, a principal característica que irá distinguir os
gastos fixos e variáveis, será a sua relação/associação com as oscilações da atividade.
A figura 1 ilustra de forma resumida, os conceitos, definições e classificações que
foram abordados nesta seção.
Evaluation of the application of the method of activity-based-costing (ABC) in agricultural
production of grain: cropos temporary.
Sampoaio, A. L. M; Akahoshi, W. B; Lima, E. M.
Custos e @gronegócio on line - v. 7, n. 3 – Set/Dec - 2011. ISSN 1808-2882
www.custoseagronegocioonline.com.br
143
4.1. Métodos de custeio
Dadas às terminologias referentes à contabilidade de custos, para tentar atingir a seus
objetivos é necessária à correta alocação dos custos, o que segundo Hofer, Souza e Robles Jr
(2007), não é uma tarefa fácil, já que, alguns custos incidem diretamente ao produto/serviço
que se produz ou realiza, entretanto, existem outros que não podem ser atribuídos diretamente
ao produto/serviço, estes são os custos indiretos e que, da mesma forma que os custos diretos,
também devem ser alocados a fim de estabelecer o custo total do produto/serviço.
Dessa forma, surgiu à necessidade da criação de formas para realizar essa alocação de
custos, assim, desenvolveram-se alguns métodos de custeio. Segundo Faria e Costa (2005, p.
237) apud Eyerkaufer, Costa e Faria (2007, p. 204):
Os métodos de custeio estão relacionados à forma de atribuição dos custos aos
produtos/serviços ou outros objetos, tais como: clientes, regiões, canais de
distribuição etc. São adotados visando a orientar o tomador de decisões na escolha
da melhor alternativa para a solução de um problema, e se necessário, efetivar ações
corretivas, em caso de resultados não planejados.
Portanto, no sentido de atingir o objetivo proposto neste trabalho, faz-se necessário a
abordagem de dois métodos de custeio, um considerado como um método tradicional de
Evaluation of the application of the method of activity-based-costing (ABC) in agricultural
production of grain: cropos temporary.
Sampoaio, A. L. M; Akahoshi, W. B; Lima, E. M.
Custos e @gronegócio on line - v. 7, n. 3 – Set/Dec - 2011. ISSN 1808-2882
www.custoseagronegocioonline.com.br
144
custos e o outro mais contemporâneo e que tem sido foco de discussões em congressos e
encontros da área de contabilidade de custos, sendo estes respectivamente o Custeio por
Absorção e o Custeio Baseado em Atividades (ABC).
4.2. Custeio por absorção
Conforme Eyerkaufer, Costa e Faria (2007), o custeio por absorção é um dos métodos
mais utilizados, consistindo na apropriação de todos os gastos ligados a produção de bens ou
serviços, podendo ser eles diretos ou indiretos, fixos ou variáveis. Segundo Bonfim e
Passarelli (2008), quando a empresa custeia os produtos fabricados, atribuindo a eles os
custos variáveis e os custos fixos, esta se utiliza do método de custeio por absorção. Neste
método, os custos fixos serão atribuídos ao produto em forma de rateios. Já Martins (2003,
p.37) diz que o Custeio por Absorção “consiste na apropriação de todos os custos de produção
aos bens elaborados, e só os de produção; todos os gastos relativos ao esforço de produção
são distribuídos para todos os produtos ou serviços feitos”.
A Figura 2 demonstra graficamente, como acontece à alocação dos custos na
metodologia tradicional, chamando a atenção para a forma como os custos indiretos são
inseridos aos custos de produção:
Figura 2 – Custo de produção segundo a metodologia tradicional
Fonte: SILVA (1999) apud HOFER, SOUZA e ROBLES JR (2007, p. 6).
Evaluation of the application of the method of activity-based-costing (ABC) in agricultural
production of grain: cropos temporary.
Sampoaio, A. L. M; Akahoshi, W. B; Lima, E. M.
Custos e @gronegócio on line - v. 7, n. 3 – Set/Dec - 2011. ISSN 1808-2882
www.custoseagronegocioonline.com.br
145
Pode-se notar na Figura 2, que os custos indiretos são alocados ao custo de produção
através de uma base de rateio, de forma direta aos custos de produção, ou seja, diretamente ao
produto, havendo apenas um rateio preliminar, neste caso sem a utilização de uma
departamentalização, que segundo Segala e Silva (2007) consistem em dividir a fábrica em
departamentos ou centro de custos, e esses custos, antes de serem atribuídos aos produtos, são
atribuídos a esses departamentos ou centro de custos e só depois aos produtos/serviços.
Devido à utilização do rateio para a alocação dos custos indiretos, o método de custeio
por absorção pode ser em muitos casos arbitrário, ou seja, não é atribuído o custo real ao
produto/serviço, utilizando-se bases de rateio como hora máquina, hora de mão de obra
(quando considerada indireta), entre outros. Conforme Bomfim e Passarelli (2008, p.61) “por
mais objetivos que pretendam ser os critérios de rateio, sempre apresentarão um forte
componente arbitrário, que distorce os resultados apurados por produto e dificulta (quando
não desorienta) as decisões da gerência”.
Entretanto, este método, segundo Eyerkaufer, Costa e Faria (2007, p. 204), “é o único
aceito pela legislação fiscal no Brasil para fins de valorização de estoques, e tem sua
operacionalização conceituada de longo prazo, no qual variações de lucro, de custo e de
volume têm de ser convenientemente harmonizadas”. Martins (2003, p. 38), contribui com um
esclarecimento sobre o método de custeio por absorção e sua importância na contabilidade da
empresa:
Não é um principio contábil propriamente dito, mas uma metodologia decorrente
deles, nascida com a própria Contabilidade de Custos. Outros critérios diferentes
têm surgido através do tempo, mas este é ainda o adotado pela Contabilidade
Financeira; portanto, válido tanto para fins de Balanço Patrimonial e Demonstração
de Resultados como também, na maioria dos países, para Balanço e Lucros Fiscais.
Dessa forma, observa-se que o método de Custeio por Absorção é importante e muito
utilizado, mesmo com suas limitações de informações de âmbito mais gerencial (voltadas à
tomada de decisão) e também da necessidade de rateios para atribuir os custos indiretos no
custeio do produto/serviço.
4.3. Custeio Baseado em Atividades
O método de custeio Activity-Based Costing ou Custeio Baseado em Atividades,
conhecido também como ABC, foi desenvolvido por Robert S. Kaplan e Robin Cooper, com
o objetivo de “reduzir sensivelmente as distorções provocadas pela atribuição arbitrária dos
Evaluation of the application of the method of activity-based-costing (ABC) in agricultural
production of grain: cropos temporary.
Sampoaio, A. L. M; Akahoshi, W. B; Lima, E. M.
Custos e @gronegócio on line - v. 7, n. 3 – Set/Dec - 2011. ISSN 1808-2882
www.custoseagronegocioonline.com.br
146
custos indiretos” (MARTINS, 2003, p. 87). Outra justificativa de sua criação é que “(...) os
métodos de custeios utilizados distorciam os custos dos produtos (...)” (EYERKAUFER;
COSTA; FARIA, 2007, p. 205).
O Custeio ABC é segundo Leone e Leone (2010) bastante burocrático por ser muito
detalhado, por isso não é unânime sua aceitação ou utilização, mas de qualquer forma, tem
sido o método de custeio mais focado em congressos, encontros, livros, entre outros meios
que discutem o tema “custos”.
Segundo Barbosa (2004, p. 37) “a ideia básica deste método é tomar os custos das
várias atividades da empresa e entender o seu comportamento, encontrando bases que
representam as relações entre os produtos e essas atividades”. Sendo este método baseado nas
atividades, cabe “primeiramente identificar os custos e as despesas por atividades e, depois,
alocar as atividades aos produtos que são seus portadores finais. Com isso se diz que os custos
dos produtos ficam mais exatos” (LEONE; LEONE, 2010, p. 37). Martins (2003) contribui
enfatizando que, a utilidade do ABC não se limita ao custeio de produtos. Ele é acima de
tudo, um poderoso instrumento a ser utilizado na gestão de custos.
Vários são os autores que tratam sobre o conceito do ABC, mas basicamente todos
podem ser resumidos como a alocação dos custos indiretos nas atividades realizadas pela
empresa, com a finalidade de produzir ou realizar um produto ou serviço, ou seja, o
produto/serviço é a conseqüência das atividades que a empresa realiza:
No método de custeio baseado em atividades, ou ABC, assume-se, como
pressuposto, que os recursos de uma empresa são consumidos por suas atividades e
não pelos produtos que ela fabrica. Os produtos surgem como consequência das
atividades consideradas estritamente necessárias para fabricá-los e/ou comercializá-
los, e como forma de se entender as necessidades, expectativas e anseios de clientes
(NAKAGAWA, 1994, p. 39 apud LEONE; LEONE, 2010, p. 253).
Considerando estes conceitos, o método ABC, tem seu foco inicial não no produto,
mas, nas atividades que são necessárias para a produção desse produto ou prestação dos
serviços. O custo deste, será a soma dos custos das atividades que foram envolvidas em sua
produção ou realização, tendo ao final o seu custo total. Assim, diferentemente do método de
custeio por absorção que, se utiliza de critérios de rateio para alocação dos custos indiretos, no
método ABC, desenvolve-se um processo de rastreamento destes custos. A diferença está em
sua alocação, que não é inserida diretamente ao produto/serviço, mas nas atividades
envolvidas na execução do processo, e só depois, alocadas aos produtos/serviços. Dessa
forma, pode-se perceber que o ABC surge como uma solução para o problema da alocação
Evaluation of the application of the method of activity-based-costing (ABC) in agricultural
production of grain: cropos temporary.
Sampoaio, A. L. M; Akahoshi, W. B; Lima, E. M.
Custos e @gronegócio on line - v. 7, n. 3 – Set/Dec - 2011. ISSN 1808-2882
www.custoseagronegocioonline.com.br
147
dos custos indiretos, que são considerados a parte mais delicada do processo de apuração dos
custos dos produtos/serviços.
Neste contexto, cabe salientar que, o método ABC utiliza-se, neste processo de
rastreamento dos custos, os denominados direcionadores de recursos e de atividades, os quais
segundo Hofer, Souza e Robles Jr (2007, p. 7) “possibilitam uma análise mais coerente da
rentabilidade de cada item, produzido pela mesma fábrica, apoiada em decisões estratégicas”.
Estes direcionadores de custos são os fatores que causam alterações no custo das atividades
que estão relacionadas à produção, para Di Domenico e Lima (1995, p. 4) “são os
direcionadores de custos que originam as atividades. Portanto, determinar corretamente os
direcionadores é essencial”.
A Figura 3, demonstra a lógica de funcionamento do método de custeio baseado em
atividades, que direcionam os custos não ao produto/serviço, mas, para as atividades que,
posteriormente transferem os seus gastos aos produtos.
Figura 3 – Direcionadores de Recursos de Atividade – Metodologia ABC.
Fonte: SILVA (1999) apud HOFER, SOUZA e ROBLES JR (2007, p. 8)
Evaluation of the application of the method of activity-based-costing (ABC) in agricultural
production of grain: cropos temporary.
Sampoaio, A. L. M; Akahoshi, W. B; Lima, E. M.
Custos e @gronegócio on line - v. 7, n. 3 – Set/Dec - 2011. ISSN 1808-2882
www.custoseagronegocioonline.com.br
148
5. Estudos Empíricos sobre a Aplicação do Custeio Baseado em Atividades
Algumas pesquisas no Brasil foram desenvolvidas procurando demonstrar a aplicação
do método de custeio Baseado em Atividades (ABC) na agricultura.
• Oliveira, Queiroz e Niveiroz (2011) desenvolveram um estudo com o objetivo de
identificar o custo do preparo do solo (plantio da soja) quando da aplicação do
método de custeio Baseado em Atividades - ABC, buscando especificamente
identificar as atividades envolvidas responsáveis pelo consumo dos recursos,
reconhecer os direcionadores de custos para o rastreamento dos custos dos recursos
consumidos e por fim, medir o custo de cada atividade envolvida no processo. Neste
artigo foi utilizado o tipo de pesquisa descritiva, através do método de estudo de
caso conduzido num talhão de uma fazenda da região de Rondonópolis, MT. Os
resultados encontrados apontam que com a aplicação do Custeio Baseado em
Atividades (ABC) foi possível ao agricultor identificar as atividades executadas para
a produção de soja, como as envolvidas no preparo do solo, bem como calcular o
custo de cada atividade proporcionando acuracidade dos dados e possibilitando um
melhor processo de tomadas de decisões.
• Macohon e Beuren (2009) desenvolveram um estudo, com o objetivo de descrever a
aplicação de um sistema de gestão de custos baseado em atividades no âmbito de
uma pequena propriedade rural produtora de feijão, soja e milho. Trata-se de uma
pesquisa exploratória, realizada por meio de um estudo de caso, com dados
coletados através de visitas in loco, privilegiando a abordagem quantitativa. Os
resultados indicaram que a aplicação do custeio ABC em uma pequena propriedade
rural, embora aqui restrita a um estudo de caso e, por isso, não se pode generalizar as
conclusões, o modelo é viável enquanto sistema de gestão de custos.
• Di Domenico e Lima (1995) descreveram a implantação piloto de um sistema de
custos baseado em atividades em uma fazenda de citrus, da empresa Sucocítrico
Cutrale Ltda. Procuraram abordar algumas características específicas da gestão do
ambiente agrícola, propondo soluções para os problemas encontrados através da
utilização do custeio ABC como ferramenta gerencial. As soluções propostas
evidenciaram que, o custeio baseado em atividades, embora tenha surgido como
ferramenta para o gerenciamento dos custos em ambientes industriais e de serviços,
Evaluation of the application of the method of activity-based-costing (ABC) in agricultural
production of grain: cropos temporary.
Sampoaio, A. L. M; Akahoshi, W. B; Lima, E. M.
Custos e @gronegócio on line - v. 7, n. 3 – Set/Dec - 2011. ISSN 1808-2882
www.custoseagronegocioonline.com.br
149
mostrou sua aplicabilidade na área de agricultura, melhorando significativamente a
gestão dos custos no ambiente agrícola.
6. Aplicabilidade da Gestão de Custos na Atividade Agrícola
Na atividade agrícola, assim como, em qualquer outra atividade rural ou empresarial
além das porteiras da propriedade, a gestão de custos através dos seus instrumentos de
apuração e controle dos resultados adquire status de “carro-chefe”. Somados aos
conhecimentos técnicos (produção) já existentes, adquiridos pelos produtores de forma
empírica após anos de trabalho na atividade potencializam e profissionalizam a tomada de
decisão do gestor/empresário rural em um ambiente de negócios, que se torna a cada dia mais
competitivo.
Um sistema de contabilidade de custos é construído e implantado para atingir
finalidades específicas dentro de um modelo gerencial e de uma estrutura
organizacional, que podem estar relacionadas com o fornecimento de dados de
custos para a medição dos lucros, determinação da rentabilidade e avaliação do
patrimônio, identificar métodos e procedimentos para o controle das operações e
atividades executadas, de modo a prover informações sobre custos para a tomada de
decisões e de planejamento através de processos analíticos. (CALLADO;
CALLADO, 2004, p. 3)
É imprescindível para qualquer gestor conhecer o custo “real de produção”, não
apenas com o intuito de apurar a rentabilidade, ou melhor, lucro após a venda, mas
principalmente, por permitir uma avaliação do processo produtivo como um todo, o que
poderá oportunizar, por exemplo, políticas de redução de custos e economia de tempo. Desta
forma, será possível a visualização dos resultados inerentes a atividade produtiva, bem como a
identificação dos gargalos existentes o que facilitará a prática de ações corretivas,
fortalecendo e maximizando os resultados da propriedade.
No entanto, é importante salientar que as técnicas da contabilidade de custos
empregadas em todos os seguimentos produtivos foram, em geral, concebidas para atender a
uma demanda da atividade industrial. A contabilidade de custos segundo Crepaldi (2004, p.
14), “surgiu da contabilidade geral, justamente pela necessidade de se ter um controle maior
sobre os valores a serem atribuídos aos estoques dos produtos na indústria”. Neste contexto, a
utilização dos métodos de apuração e controle de custos na agricultura deverá ser precedida
do desenvolvimento/implementação de adequações que levem em consideração as
particularidades deste seguimento. Na visão de Barbosa (2004), devido às peculiaridades
apresentadas nos processos produtivos, o levantamento e entendimento dos custos
Evaluation of the application of the method of activity-based-costing (ABC) in agricultural
production of grain: cropos temporary.
Sampoaio, A. L. M; Akahoshi, W. B; Lima, E. M.
Custos e @gronegócio on line - v. 7, n. 3 – Set/Dec - 2011. ISSN 1808-2882
www.custoseagronegocioonline.com.br
150
agropecuários exigem atenção diferenciada. Di Domenico e Lima (1995, p. 10), contribuem
enfatizando que:
Uma característica particular da área agrícola é sazonalidade da ocorrência das
atividades. Como as pulverizações, fertilizações, roçagens e outras atividades são
executadas em função de algumas variáveis, como as infestações de pragas e os
índices pluviométricos, não há execução de todas as atividades durante o ano todo,
nem capacidade de se prever com precisão quando elas vão ocorrer. Percebe-se,
dessa forma, que um sistema de gestão de custos para a área agrícola não pode ser o
mesmo que é utilizado nos ambientes industriais, onde os processos de fabricação se
repetem, nos vários meses do ano.
Essas particularidades ratificam as dúvidas existentes quanto à aplicabilidade, na
produção agrícola, dos conceitos desta contabilidade de custos, que fora desenvolvida com o
intuito de atender “inicialmente”, as demandas advindas das empresas industriais. Neste
contexto, pode-se fazer uma reflexão utilizando, por exemplo, o conceito de custo direto
apresentado por alguns autores como: Bomfim e Passarelli (2008, p. 53) “custos diretos são
aqueles que podemos identificar como pertencendo a este ou aquele produto, pois há como
mensurar quanto pertence a cada um, de forma objetiva e direta”; Santos, Marion e Segatti
(2009, p. 33) “custos diretos são os identificados com precisão no produto acabado, através de
um sistema e um método de medição, e cujo valor é relevante”; Crepaldi (2005, p. 99):
Custos diretos são aqueles que podem ser diretamente (sem rateio) apropriados aos
produtos agrícolas, bastando existir uma medida de consumo (quilos, horas de mão
de obra ou de máquina, quantidade de força consumida etc.) De modo geral,
identificam-se aos produtos agrícolas e variam proporcionalmente á quantidade
produzida.
Com base nestas definições, surgem questões como: será que, em se tratando de
produção agrícola, é possível a identificação dos custos diretos com precisão ao produto final?
No que tange ao produto final, é possível afirmar que os custos diretos variam
proporcionalmente á quantidade produzida?
Na produção industrial os materiais e/ou demais fatores de produção podem ser
identificados com um produto final específico, por exemplo, a utilização de 1 metro de
madeira terá como resultado final, ou melhor, produto final, uma cadeira. Já, no caso da
produção agrícola, estes materiais e/ou insumos, a exemplo: as sementes que serão utilizadas
no processo de produção vão dar origem a um produto final que sofrerá a influência de outros
fatores específicos da produção agrícola. Ou seja, as intempéries da natureza (problemas
climáticos), as infestações de pragas e etc., que poderão interferir diretamente na quantidade
produzida. Neste caso, não seria possível, por exemplo, afirmar que existe uma relação direta
entre os gastos incorridos na produção, versus, quantidade produzida, ou até mesmo, que cada
semente, ou muda plantada dará origem a uma quantidade específica de produtos finais.
Evaluation of the application of the method of activity-based-costing (ABC) in agricultural
production of grain: cropos temporary.
Sampoaio, A. L. M; Akahoshi, W. B; Lima, E. M.
Custos e @gronegócio on line - v. 7, n. 3 – Set/Dec - 2011. ISSN 1808-2882
www.custoseagronegocioonline.com.br
151
É importante salientar que, de forma alguma existe aqui a pretensão de desqualificar
os conceitos sobre custo direto apresentados por estes renomados autores. Mas sim, fomentar
a discussão sobre a eminente necessidade de desenvolvimento de conceitos/definições,
relacionados à área de custos adaptados as realidades da produção agrícola.
Além destas adaptações, outro fator que merece destaque no que tange as dificuldades
relacionadas à prática da gestão de custos na atividade agrícola, e que pode interferir no uso
adequado deste instrumento de gestão refere-se ao baixo nível de instrução do produtor/gestor
rural.
De acordo com Tenório (2011), a educação é um dos maiores problemas para a
evolução do agronegócio brasileiro. Segundo o autor, com base nos dados do Censo
Agropecuário de 2006, elaborados pelo IBGE, cerca de 870 mil proprietários de
estabelecimentos agropecuários não sabem ler e escrever, o que não é pouco considerando o
total de 3,9 milhões de estabelecimentos agropecuários que existem no país, segundo a mesma
pesquisa. Pudell (2006) complementa salientando que, talvez um dos fatores que influenciam
para que os produtores não desenvolvam práticas de gestão na sua propriedade possa ser
atribuído ao baixo nível de escolaridade, isso pode estar dificultando ao produtor o processo
de atualização e percepção das novas tendências que vem ocorrendo no setor.
Neste sentido, percebe-se que o nível de instrução/escolaridade deste gestor rural
poderá intervir no processo de implantação, e até mesmo, controle da gestão de custos no
estabelecimento rural, afinal, segundo Callado e Callado (2008, p. 85) “a apuração de custos
no agronegócio apresenta uma de suas maiores dificuldades de implantação e
desenvolvimento devido à necessidade de rigor no controle dos seus elementos de forma a
obter uma correta apropriação dos custos de cada produto”. Além disso, de acordo com
Ribeiro (2004) as atividades agrícolas são exercidas das mais variadas formas, desde o cultivo
caseiro para a própria subsistência até os grandes complexos, na grande maioria das vezes não
utilizam adequadamente os meios de apuração de custos de seus produtos, tendo em vista que,
a apropriação da parcela dos diversos custos que compõem o produto final é tarefa difícil e
complexa.
Para que se possa discorrer sobre a aplicabilidade no ambiente agrícola, do método de
apropriação de custos denominado custeio baseado em atividades (a partir daqui será tratada
como, ABC), bem como compará-lo com custeio por absorção foi elaborada a Tabela 1 que
ilustra um exemplo com os principais componentes de custos necessários para a produção de
soja e milho. Na elaboração desta tabela foram utilizadas como parâmetro as informações
Evaluation of the application of the method of activity-based-costing (ABC) in agricultural
production of grain: cropos temporary.
Sampoaio, A. L. M; Akahoshi, W. B; Lima, E. M.
Custos e @gronegócio on line - v. 7, n. 3 – Set/Dec - 2011. ISSN 1808-2882
www.custoseagronegocioonline.com.br
152
contidas nos comunicados técnicos 160/2010 e 163/2011, publicados pela Embrapa
Agropecuária Oeste, cujos conteúdos apresentam os cálculos estimativos de custos de
produção para as culturas de soja e milho, relativo ao período de safra 2010/2011 para o
estado de Mato Grosso do Sul. Considerando que, as análises desta pesquisa possuem um
foco qualitativo foram suprimidos todos os valores relativos aos itens que compõem a referida
tabela.
Ao analisar os dados da Tabela 1, pode-se observar que, a estrutura utilizada para
composição e determinação dos custos de cada produto espelha-se nas premissas do método
tradicional de custeio por absorção sem departamentalização. Ou seja, quando os custos são
identificados e apropriados aos produtos sem qualquer relação com uma estrutura
departamental. Tendo em vista que, os objetivos desta pesquisa estão direcionados para a
análise da aplicabilidade do método de custeio ABC na atividade agrícola foi elaborada a
Tabela 2, que ilustra um exemplo simplificado do processo de apropriação de custos por esta
metodologia.
Evaluation of the application of the method of activity-based-costing (ABC) in agricultural
production of grain: cropos temporary.
Sampoaio, A. L. M; Akahoshi, W. B; Lima, E. M.
Custos e @gronegócio on line - v. 7, n. 3 – Set/Dec - 2011. ISSN 1808-2882
www.custoseagronegocioonline.com.br
153
Conforme pode ser observado, a Tabela 2 apresenta a estrutura e requisitos básicos do
método ABC, ou seja:
• recursos/custos incorridos - necessários para o desenvolvimento das atividades
(mão-de-obra, maquinários, insumos e etc.);
• atividades efetuadas – que absorvem os recursos/custos incorridos, através da
utilização dos direcionadores de recursos (hora-homem, hora-máquina, quantidade de
insumos e etc.);
• produtos produzidos - que absorvem os custos das atividades necessárias para sua
produção, através da utilização dos direcionadores de atividade (horas necessárias para
preparo do solo, horas necessárias para plantio e etc.).
Como já mencionado, o modelo ABC foi concebido tendo em vista a necessidade de
reduzir as distorções provocadas pelo rateio arbitrário dos custos indiretos, que segundo
Martins (2003), com os avanços tecnológicos e a crescente complexidade dos sistemas de
produção, estão aumentando continuamente, tanto em valores absolutos quanto em termos
relativos.
Este enfoque fomenta uma indagação, no tocante a alocação dos custos indiretos, será
que a implantação do custeio baseado em atividades (ABC) na produção agrícola,
proporcionará diferenças significativas em comparação com o custeio por absorção?
Com o intuito de responder ou talvez encontrar uma justificativa para esta questão,
considere, por exemplo, que uma empresa agrícola produtora de grãos (milho, soja, trigo, e
Evaluation of the application of the method of activity-based-costing (ABC) in agricultural
production of grain: cropos temporary.
Sampoaio, A. L. M; Akahoshi, W. B; Lima, E. M.
Custos e @gronegócio on line - v. 7, n. 3 – Set/Dec - 2011. ISSN 1808-2882
www.custoseagronegocioonline.com.br
154
etc.), cuja estrutura/componentes do custo seja semelhante aos modelos apresentados nas
Tabelas 1 e 2, esteja efetuando a apuração dos custos de produção do período.
Inicialmente, deve-se ponderar que, a apuração dos custos de produção deverá
observar às particularidades inerentes a atividade agrícola. Ou seja, na agricultura,
diferentemente da indústria, a produção não ocorre em uma linha de produção ou em um
ambiente fechado, onde produtos e/ou modelos diferentes são produzidos utilizando-se uma
mesma estrutura (máquinas, energia, mão-de-obra, e etc.) em um “mesmo período”. Crepaldi
(2005, p. 28) contribui salientando que:
No setor agrícola, normalmente, não existe um fluxo contínuo de produção, como na
indústria e uma tarefa pode também não depender de outra. As atividades estão
dispersas por toda a empresa, podendo ocorrer em locais distantes um do outro. Não
há relação, por exemplo, entre o trabalho executado por uma equipe que reforma as
cercas da propriedade com outra que faz “a limpeza” das pastagens.
Mesmo que esta propriedade rural esteja desenvolvendo, por exemplo, o processo de
semeadura de duas, três ou mais culturas em um “mesmo período”, este trabalho será
executado separadamente. O maquinário utilizado neste processo (trator, semeadeira, e etc.),
assim como, a mão de obra empregada não poderá fazer ao mesmo tempo o plantio da soja,
do milho e do trigo, neste caso, mesmo que a propriedade possua apenas um conjunto de
maquinários, cada processo de plantio ocorrerá ao seu tempo, permitindo assim, o
planilhamento/identificação dos custos relativos a cada operação. Neste sentido, o que pode
ser observado, em linhas gerais, é que na agricultura as ocorrências de custos indiretos são
imensamente menores, quando comparados com a indústria.
Essas particularidades da atividade agrícola reforçam ainda mais a utilização do
método de custeio por absorção. Afinal, segundo Bomfim e Passarelli (2008) em comparação
com os sistemas de custeio tradicionais, o ABC pode não ser conveniente a todas as empresas,
sendo a sua aplicação particularmente recomendável às empresas, cujos gastos indiretos
representam parcela significativa dos gastos totais, que produzem em um mesmo
estabelecimento, produtos e/ou serviços muito diversos no que se refere aos volumes de
produção ou processo produtivo e que trabalham com clientela diversificada em termos de
volume de encomendas, de especificações especiais e de serviços adicionais. Sendo assim,
pode-se perceber que, em se tratando da alocação/apuração dos custos indiretos, a utilização
do método ABC em comparação com o custeio por absorção não oferecerá resultados
significativos.
Desta forma, o produtor/gestor rural poderá optar por efetuar a alocação dos custos nos
moldes da Tabela 1, ou seja, através do método de custeio por absorção, neste caso, sem
Evaluation of the application of the method of activity-based-costing (ABC) in agricultural
production of grain: cropos temporary.
Sampoaio, A. L. M; Akahoshi, W. B; Lima, E. M.
Custos e @gronegócio on line - v. 7, n. 3 – Set/Dec - 2011. ISSN 1808-2882
www.custoseagronegocioonline.com.br
155
departamentalização. Ou se preferir, utilizando-se da departamentalização potencializando
assim, o enfoque gerencial necessário para o processo de tomada de decisão.
Nesta perspectiva, poderá, por exemplo, segregar os gastos por tipo de operação
agrícola que, na visão de Santos, Marion e Segatti (2009, p. 13), “são as fases necessárias do
processo produtivo, de acordo com o tipo de cultura”. Onde a alocação dos custos, poderá ser
efetuada através da utilização dos coeficientes técnicos que, segundo Santos, Marion e Segatti
(2009 p. 15) “são índices que determinam o tempo necessário para realizar certa operação,
(...) expressa em hora-homem, hora máquina, quantidade de insumos consumidos etc. Quando
se trata de materiais, os índices são expressos em unidades, ou seja, quilos, litros, metros,
plantas por hectare etc.”. A Tabela 3 ilustra um exemplo simplificado do processo de
apropriação de custos por esta metodologia.
Evaluation of the application of the method of activity-based-costing (ABC) in agricultural
production of grain: cropos temporary.
Sampoaio, A. L. M; Akahoshi, W. B; Lima, E. M.
Custos e @gronegócio on line - v. 7, n. 3 – Set/Dec - 2011. ISSN 1808-2882
www.custoseagronegocioonline.com.br
156
A análise da Tabela 3 permite observar que, os coeficientes técnicos, utilizados para a
alocação dos custos nesta metodologia, assemelham-se aos direcionadores utilizados pelo
método de custeio baseado em atividade (ABC), exemplificado na Tabela 2. Ou seja, mesmo
que a empresa rural não opte pela utilização do método ABC, os critérios/índices utilizados
para apropriação desses custos poderão ser naturalmente utilizados por outra metodologia de
apuração do custo agrícola de produção.
Analisando por outro prisma, o método ABC, enquanto, origem de informações para o
auxílio à tomada de decisão é indiscutivelmente um importante instrumento gerencial de
controle e análise da estrutura de custos da propriedade. Afinal, segundo Crepaldi (2005) ele
permitirá uma análise de custos através das atividades. Cada atividade descreve o que a
empresa faz e quanto de recursos ela utiliza para produzir seus produtos. O ABC identifica as
atividades desenvolvidas e determina o custo e desempenho. Além disso, demonstra a relação
existente entre recursos consumidos (o que foi gasto), atividades executadas (onde foi gasto) e
objetos de custos (para que foi gasto). No entanto, cabe salientar, que o método de custeio por
absorção com a utilização da departamentalização possui plenas condições, dependendo da
sua estruturação, de atender aos anseios gerenciais do administrador rural.
7. Considerações Finais
O objetivo do estudo foi realizar a análise crítica da utilização/aplicação do sistema de
custeio por atividade (ABC) como instrumento para a gestão de custos da propriedade rural,
com foco na produção agrícola de grãos. Dessa forma, foi realizando a comparação com o
método tradicional de custeio por absorção e buscando responder a seguinte indagação: no
tocante a alocação dos custos indiretos, será que a implantação do custeio baseado em
atividades na produção agrícola, proporcionará diferenças significativas em comparação com
o custeio por absorção?
Neste caso, o que se concluiu é que, não há a necessidade de utilização do método
ABC, levando em consideração fatores como, o nível de detalhamento e complexidade do
método. Além disso, o método ABC é um instrumento utilizado com o intuito de minimizar
as distorções referentes aos custos e despesas indiretas, o que pelo ponto de vista apresentado,
ocorre em poucos momentos, não sendo dessa forma, uma vantagem significativa nesse
contexto.
Evaluation of the application of the method of activity-based-costing (ABC) in agricultural
production of grain: cropos temporary.
Sampoaio, A. L. M; Akahoshi, W. B; Lima, E. M.
Custos e @gronegócio on line - v. 7, n. 3 – Set/Dec - 2011. ISSN 1808-2882
www.custoseagronegocioonline.com.br
157
Como foi visto, os métodos e modelos de gestão de custos devem, em geral, ser
adaptados para a utilização em uma propriedade rural, já que o foco destes é a indústria, e
diante disso, o método ABC não é uma exceção, sendo essa adaptação outro fator muito
importante, e que também deve ser considerado diante do perfil do produtor rural, que em
geral possui baixo nível de escolaridade e instrução. Sendo assim, o método tradicional de
custeio por absorção é mais simples, menos detalhado e cumpre satisfatoriamente o papel da
gestão de custos mediante o contexto apresentado.
É importante esclarecer que, este estudo não buscou esgotar por completo esse extenso
e polêmico assunto deixando aberto o caminho para novas pesquisas, utilizando outras
metodologias e conceitos da contabilidade de custos, ou mesmo, a utilização dessa pesquisa
para a aplicação em estudos de casos.
8. Referências
ARAÚJO, Massilon J. Fundamentos de Agronegócios. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
BARBOSA, Emerson Schineider. Proposta de sistemática para avaliação e controle de custos
em propriedades rurais: o caso de uma empresa de criação de gado. 2004. 102 p. Dissertação
(Mestrado em Engenharia de Produção), Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS), Rio Grande do Sul, 2004.
BERTÓ, Dalvio José; BEULKE, Rolando. Gestão de Custos. São Paulo: Saraiva, 2005.
BINOTTO, Erlaine. Criação de conhecimento em propriedades rurais no Rio Grande do Sul,
Brasil e em Queensland, Austrália. Tese de Doutorado (Mestrado em Agronegócios),
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Rio Grande do Sul, 2005.
BOMFIM, Eunir de Amorim; PASSARELLI, João. Custos e formação de preços. 5. ed. São
Paulo: IOB, 2008.
BRUNI, Adriano Leal; FAMÁ, Rubens. Gestão de custos e formação de preços: com
aplicações na calculadora HP 12C e Excel. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
Evaluation of the application of the method of activity-based-costing (ABC) in agricultural
production of grain: cropos temporary.
Sampoaio, A. L. M; Akahoshi, W. B; Lima, E. M.
Custos e @gronegócio on line - v. 7, n. 3 – Set/Dec - 2011. ISSN 1808-2882
www.custoseagronegocioonline.com.br
158
CALLADO, Antonio André Cunha; CALLADO, Aldo Leonardo Cunha. Custos: um desafio
para a gestão do agronegócio. 2004. Disponível em: http://www.biblioteca.sebrae.com.br/bds/
bds.nsf/69a5e2bb919eaf2e832574b0004bda60/7dc55898743cf66483256f6b00617007/$FILE/
NT000A2306.pdf. Acesso em: 20 jan. 2011.
CALLADO Antônio André Cunha; CALLADO, Aldo Leonardo Cunha. Gestão de Custos no
Agronegócio. IN: CALLADO, Antônio André Cunha (Org.). Agronegócio. 2. ed. São Paulo:
Atlas, 2008. p. 84-102.
CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA (CEPEA-ESALQ-
USP). PIB Agro CEPEA-USP/CNA. Disponível em: http://www.cepea.esalq.usp.br/pib/
Acesso em: 30 jul 2011.
CREPALDI, Silvio Aparecido. Curso básico de contabilidade de custos. 3. ed. São Paulo:
Atlas, 2004.
CREPALDI, Silvio Aparecido. Contabilidade rural: uma abordagem decisorial. 3. ed. São
Paulo: Atlas, 2005.
DI DOMENICO, Gino Beminzon; LIMA, Paulo Corrêa. Gestão de custos baseada em
atividades em um ambiente agrícola. In. Congresso Brasileiro de Gestão Estratégica de
Custos, II, 1995, Campinas. Anais...Campinas, 1995.
EYERKAUFER, Marino Luiz; COSTA Adilson; FARIA, Ana Cristina de. Métodos de
custeio por absorção e variável na ovinocultura de corte: estudo de caso em uma cabanha.
Organizações Rurais & Agroindustriais, Lavras, v. 9, n. 2, p. 202-215, 2007.
FIGUEIREDO, Sandra; CAGGIANO, Paulo Cesar. Controladoria: Teoria e Pratica. 3. ed.
São Paulo: Atlas, 2006.
Evaluation of the application of the method of activity-based-costing (ABC) in agricultural
production of grain: cropos temporary.
Sampoaio, A. L. M; Akahoshi, W. B; Lima, E. M.
Custos e @gronegócio on line - v. 7, n. 3 – Set/Dec - 2011. ISSN 1808-2882
www.custoseagronegocioonline.com.br
159
HOFER, Elza. SOUZA, José Antonio de. ROBLES JR, Antonio. Gestão estratégica de custos
na cadeia de valor do leite e derivados. Custos e @gronegócio on line - v. 3 – Edição Especial
– Maio – 2007.
LEONE, George Sebastião Guerra. LEONE, Rodrigo José Guerra. Curso de contabilidade de
custos. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
MACOHON, Edson Roberto; BEUREN, Ilse Maria. Aplicação do custeio baseado em
atividades em uma pequena propriedade rural. Revista de Contabilidade da UFBA, Salvador-
BA, v. 3, n. 2, p. 21-35, 2009.
MARION, José Carlos. Contabilidade Rural. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
MARTIN, Nelson Batista et al. Custos: sistema de custos de produção agrícola. Revista
Informações Econômicas, São Paulo, v. 24, n. 9, p. 1, set. 1994.
MARTINS, Eliseu. Contabilidade de custos. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
MIRANDA, Patrícia. Contabilidade: fator de desenvolvimento do agronegócio. Disponível
em: http://www.paginarural.com.br/artigo/938/contabilidade-fator-de-desenvolvimento-do-
agronegocio Acesso em: 30 julho 2011.
OLIVEIRA, Josemar Ribeiro; QUEIROZ, Percival Ferreira; NIVEIROS, Sofia Inês.
Custeamento Baseado nas Atividades aplicado no preparo do solo para plantio de soja na
região sul de Mato Grosso. In. Congresso Brasileiro de Custos, XVIII, 2011, Rio de Janeiro.
Anais...Rio de Janeiro, 2011.
PEREZ JR, José Hernandez; OLIVEIRA, Luis Martins; COSTA, Rogério Guedes. Gestão
Estratégica de Custos. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
PEREZ JR, José Hernandez; PESTANA, Armando Oliveira; FRANCO, Sérgio Paulo Cintra.
Controladoria de Gestão: Teoria e Prática. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1997.
Evaluation of the application of the method of activity-based-costing (ABC) in agricultural
production of grain: cropos temporary.
Sampoaio, A. L. M; Akahoshi, W. B; Lima, E. M.
Custos e @gronegócio on line - v. 7, n. 3 – Set/Dec - 2011. ISSN 1808-2882
www.custoseagronegocioonline.com.br
160
PUDELL, Valmir. Análise da gestão da pequena propriedade rural: o caso dos produtores de
leite da região do grande Santa Rosa-RS. 2006. 84 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia
de Produção) PPGEP, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Rio Grande do Sul,
2006.
RIBEIRO, Otília Denise Jesus. Adequação dos custos da atividade agrícola. Revista
Eletrônica de Contabilidade Curso de Ciências Contábeis UFSM, Santa Maria, v. 1, n. 1, p.
209-225, 2004.
RICHETTI, Alceu. Comunicado Técnico 160: estimativa do custo de produção de soja no
sistema plantio direto, safra 2010/2011, para Mato Grosso do Sul. Embrapa Agropecuária
Oeste. Dourados/MS, 2010.
RICHETTI, Alceu; CECCON, Gessi. Comunicado Técnico 163: estimativa do custo de
produção de milho safrinha 2011, em cultivo solteiro e consorciado com brachiaria
ruziziensis, em Mato Grosso do Sul. Embrapa Agropecuária Oeste. Dourados/MS, 2011.
SANTOS, Gilberto José dos; MARION, José Carlos; SEGATTI, Sonia. Administração de
custos preços na agropecuária. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
SEGALA, Cristiane Zucchi Sopelsa; SILVA, Ivanir Techio da. A apuração dos custos na
produção de leite em uma propriedade rural do município de Irani – SC. Custos e
@gronegócio on line - v. 3, n. 1 - Jan/Jun - 2007.
TENÓRIO, Roberto. Ambiente econômico promovido pelo agronegócio favorece avanço
social de regiões carentes, mas evolução depende de mais educação no campo. Revista
Desafios do Desenvolvimento. Instituto de Pesquisa Aplicada. Brasília: IPEA, 2011. n. 64. p.
48-56.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Políticas Agrícolas
Políticas AgrícolasPolíticas Agrícolas
Políticas AgrícolasGeagra UFG
 
APRESENTAÇÃO O QUE É ECONOMIA SOLIDÁRIA
APRESENTAÇÃO O QUE É ECONOMIA SOLIDÁRIAAPRESENTAÇÃO O QUE É ECONOMIA SOLIDÁRIA
APRESENTAÇÃO O QUE É ECONOMIA SOLIDÁRIAINSTITUTO VOZ POPULAR
 
Unidade I Aula:Bases para uma Sociologia Urbana
Unidade I  Aula:Bases para uma Sociologia UrbanaUnidade I  Aula:Bases para uma Sociologia Urbana
Unidade I Aula:Bases para uma Sociologia UrbanaCleide Magáli dos Santos
 
Cooperativismo e Associativismo.pdf
Cooperativismo e Associativismo.pdfCooperativismo e Associativismo.pdf
Cooperativismo e Associativismo.pdfAdm.Geisiane Soares
 
INTRODUÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS
INTRODUÇÃO AOS DIREITOS HUMANOSINTRODUÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS
INTRODUÇÃO AOS DIREITOS HUMANOSIsabela Espíndola
 
Evolução da agricultura aula 3
Evolução da agricultura aula 3Evolução da agricultura aula 3
Evolução da agricultura aula 3UERGS
 
Organização da produção industrial
Organização da produção industrial Organização da produção industrial
Organização da produção industrial Rodrigo Giacomelli
 
Aula politicas publicas na agricultura familiar
Aula politicas publicas na agricultura familiarAula politicas publicas na agricultura familiar
Aula politicas publicas na agricultura familiarCris Godoy
 
A Condição do Vulnerável na Sociedade Contemporânea
A Condição do Vulnerável na Sociedade ContemporâneaA Condição do Vulnerável na Sociedade Contemporânea
A Condição do Vulnerável na Sociedade ContemporâneaReinaldo Bulgarelli
 
Multiculturalismo e a sociologia
Multiculturalismo e a sociologiaMulticulturalismo e a sociologia
Multiculturalismo e a sociologiaLeonardo de Barros
 
Aula Tipos de Empreendedores
Aula Tipos de EmpreendedoresAula Tipos de Empreendedores
Aula Tipos de EmpreendedoresRafael Gonçalves
 

Mais procurados (20)

Políticas Agrícolas
Políticas AgrícolasPolíticas Agrícolas
Políticas Agrícolas
 
Trabalho e Sociedade
Trabalho e SociedadeTrabalho e Sociedade
Trabalho e Sociedade
 
APRESENTAÇÃO O QUE É ECONOMIA SOLIDÁRIA
APRESENTAÇÃO O QUE É ECONOMIA SOLIDÁRIAAPRESENTAÇÃO O QUE É ECONOMIA SOLIDÁRIA
APRESENTAÇÃO O QUE É ECONOMIA SOLIDÁRIA
 
Bauman Sociedade de Consumo
Bauman Sociedade de ConsumoBauman Sociedade de Consumo
Bauman Sociedade de Consumo
 
Economia solidaria
Economia solidaria Economia solidaria
Economia solidaria
 
Unidade I Aula:Bases para uma Sociologia Urbana
Unidade I  Aula:Bases para uma Sociologia UrbanaUnidade I  Aula:Bases para uma Sociologia Urbana
Unidade I Aula:Bases para uma Sociologia Urbana
 
Cooperativismo e Associativismo.pdf
Cooperativismo e Associativismo.pdfCooperativismo e Associativismo.pdf
Cooperativismo e Associativismo.pdf
 
Raizes do brasil
Raizes do brasilRaizes do brasil
Raizes do brasil
 
Cultura de Paz
Cultura de PazCultura de Paz
Cultura de Paz
 
INTRODUÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS
INTRODUÇÃO AOS DIREITOS HUMANOSINTRODUÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS
INTRODUÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS
 
Extensão rural
Extensão ruralExtensão rural
Extensão rural
 
Evolução da agricultura aula 3
Evolução da agricultura aula 3Evolução da agricultura aula 3
Evolução da agricultura aula 3
 
Agricultura familiar
Agricultura familiarAgricultura familiar
Agricultura familiar
 
Organização da produção industrial
Organização da produção industrial Organização da produção industrial
Organização da produção industrial
 
Aula politicas publicas na agricultura familiar
Aula politicas publicas na agricultura familiarAula politicas publicas na agricultura familiar
Aula politicas publicas na agricultura familiar
 
Os fluxos migratórios
Os fluxos migratóriosOs fluxos migratórios
Os fluxos migratórios
 
A Condição do Vulnerável na Sociedade Contemporânea
A Condição do Vulnerável na Sociedade ContemporâneaA Condição do Vulnerável na Sociedade Contemporânea
A Condição do Vulnerável na Sociedade Contemporânea
 
Multiculturalismo e a sociologia
Multiculturalismo e a sociologiaMulticulturalismo e a sociologia
Multiculturalismo e a sociologia
 
Uberização
UberizaçãoUberização
Uberização
 
Aula Tipos de Empreendedores
Aula Tipos de EmpreendedoresAula Tipos de Empreendedores
Aula Tipos de Empreendedores
 

Destaque

Teoria da produção
Teoria da produçãoTeoria da produção
Teoria da produçãoCleber Renan
 
Respostas mankiw - capítulo 1 (superior)
Respostas mankiw  - capítulo 1 (superior)Respostas mankiw  - capítulo 1 (superior)
Respostas mankiw - capítulo 1 (superior)Luciano Pires
 
Respostas mankiw - capítulo 4 (superior)
Respostas mankiw  - capítulo 4 (superior)Respostas mankiw  - capítulo 4 (superior)
Respostas mankiw - capítulo 4 (superior)Luciano Pires
 
As forças de oferta e demanda dos mercados (técnico)
As forças de oferta e demanda dos mercados (técnico)As forças de oferta e demanda dos mercados (técnico)
As forças de oferta e demanda dos mercados (técnico)Luciano Pires
 
Economia aula 3 – a elasticidade e suas aplicações
Economia   aula 3 – a elasticidade e suas aplicaçõesEconomia   aula 3 – a elasticidade e suas aplicações
Economia aula 3 – a elasticidade e suas aplicaçõesFelipe Leo
 
Contabilidade Rural - IOB e-Store
Contabilidade Rural - IOB e-StoreContabilidade Rural - IOB e-Store
Contabilidade Rural - IOB e-StoreIOB News
 
Apostila contabilidade rural
Apostila contabilidade ruralApostila contabilidade rural
Apostila contabilidade ruraladmcontabil
 
Apostila de administração rural
Apostila de administração ruralApostila de administração rural
Apostila de administração ruralLuiz Oliveira
 
Manejo Ecologico Do Solo
Manejo Ecologico Do SoloManejo Ecologico Do Solo
Manejo Ecologico Do SoloMarcelo Venturi
 

Destaque (11)

Teoria da produção
Teoria da produçãoTeoria da produção
Teoria da produção
 
Elasticidade preco da Oferta e Demanda
Elasticidade preco da Oferta e DemandaElasticidade preco da Oferta e Demanda
Elasticidade preco da Oferta e Demanda
 
Estudo da Administração Agrícola
Estudo da Administração AgrícolaEstudo da Administração Agrícola
Estudo da Administração Agrícola
 
Respostas mankiw - capítulo 1 (superior)
Respostas mankiw  - capítulo 1 (superior)Respostas mankiw  - capítulo 1 (superior)
Respostas mankiw - capítulo 1 (superior)
 
Respostas mankiw - capítulo 4 (superior)
Respostas mankiw  - capítulo 4 (superior)Respostas mankiw  - capítulo 4 (superior)
Respostas mankiw - capítulo 4 (superior)
 
As forças de oferta e demanda dos mercados (técnico)
As forças de oferta e demanda dos mercados (técnico)As forças de oferta e demanda dos mercados (técnico)
As forças de oferta e demanda dos mercados (técnico)
 
Economia aula 3 – a elasticidade e suas aplicações
Economia   aula 3 – a elasticidade e suas aplicaçõesEconomia   aula 3 – a elasticidade e suas aplicações
Economia aula 3 – a elasticidade e suas aplicações
 
Contabilidade Rural - IOB e-Store
Contabilidade Rural - IOB e-StoreContabilidade Rural - IOB e-Store
Contabilidade Rural - IOB e-Store
 
Apostila contabilidade rural
Apostila contabilidade ruralApostila contabilidade rural
Apostila contabilidade rural
 
Apostila de administração rural
Apostila de administração ruralApostila de administração rural
Apostila de administração rural
 
Manejo Ecologico Do Solo
Manejo Ecologico Do SoloManejo Ecologico Do Solo
Manejo Ecologico Do Solo
 

Semelhante a Administração de custos na agropecuária

Custos e Formação de preços de produtos Agrícolas
Custos e Formação de preços de produtos AgrícolasCustos e Formação de preços de produtos Agrícolas
Custos e Formação de preços de produtos AgrícolasGeraldo Cabral
 
Análise-de-custos-na-produção-de-grãos-em-uma-propriedade-rural-de-Tapeja...
Análise-de-custos-na-produção-de-grãos-em-uma-propriedade-rural-de-Tapeja...Análise-de-custos-na-produção-de-grãos-em-uma-propriedade-rural-de-Tapeja...
Análise-de-custos-na-produção-de-grãos-em-uma-propriedade-rural-de-Tapeja...Luciana Pieniz
 
Apostila mdulo xxii juliano
Apostila mdulo xxii  julianoApostila mdulo xxii  juliano
Apostila mdulo xxii julianoWilliam_Avila
 
A IMPORTANCIA DA ADMINISTRAÇÃO NO AGRONEGOCIO
A IMPORTANCIA DA ADMINISTRAÇÃO NO AGRONEGOCIOA IMPORTANCIA DA ADMINISTRAÇÃO NO AGRONEGOCIO
A IMPORTANCIA DA ADMINISTRAÇÃO NO AGRONEGOCIOPauloRoberto895836
 
Youblisher.com 1127496-cana mix-edi_o_82
Youblisher.com 1127496-cana mix-edi_o_82Youblisher.com 1127496-cana mix-edi_o_82
Youblisher.com 1127496-cana mix-edi_o_82Lela Gomes
 
Viabilidade econômica do abacaxi no centro oeste paulista
Viabilidade econômica do abacaxi no centro oeste paulistaViabilidade econômica do abacaxi no centro oeste paulista
Viabilidade econômica do abacaxi no centro oeste paulistaRural Pecuária
 
Custo producao
Custo producaoCusto producao
Custo producaomvezzone
 
AGROINDÚSTRIA FAMILIAR RURAL - ENTRAVES
AGROINDÚSTRIA FAMILIAR RURAL - ENTRAVESAGROINDÚSTRIA FAMILIAR RURAL - ENTRAVES
AGROINDÚSTRIA FAMILIAR RURAL - ENTRAVESCarima Atiyel
 
Projecto de investigação luís cary cordovil
Projecto de investigação   luís cary cordovilProjecto de investigação   luís cary cordovil
Projecto de investigação luís cary cordovilLuís Cary Cordovil
 
Teste e Exame economia de agricultura e
Teste e  Exame economia de agricultura eTeste e  Exame economia de agricultura e
Teste e Exame economia de agricultura eCustdioArajoMiquitai
 
A EvoluçãO Dos Custos De ProduçãO De Café Nas Principais RegiõEs Produtoras D...
A EvoluçãO Dos Custos De ProduçãO De Café Nas Principais RegiõEs Produtoras D...A EvoluçãO Dos Custos De ProduçãO De Café Nas Principais RegiõEs Produtoras D...
A EvoluçãO Dos Custos De ProduçãO De Café Nas Principais RegiõEs Produtoras D...educesar_muz
 
A EvoluçãO Dos Custos De ProduçãO De Café Nas Principais RegiõEs Produtoras D...
A EvoluçãO Dos Custos De ProduçãO De Café Nas Principais RegiõEs Produtoras D...A EvoluçãO Dos Custos De ProduçãO De Café Nas Principais RegiõEs Produtoras D...
A EvoluçãO Dos Custos De ProduçãO De Café Nas Principais RegiõEs Produtoras D...educesar_muz
 
Pet desafios agronegócio_2016.05.30
Pet desafios agronegócio_2016.05.30Pet desafios agronegócio_2016.05.30
Pet desafios agronegócio_2016.05.30equipeagroplus
 
Agricultura de Precisão I pdf Portugues.pdf
Agricultura de Precisão I pdf Portugues.pdfAgricultura de Precisão I pdf Portugues.pdf
Agricultura de Precisão I pdf Portugues.pdfSandroPereiraDosSant2
 
27 de Abril - Agrishow
27 de Abril - Agrishow27 de Abril - Agrishow
27 de Abril - AgrishowACIDADE ON
 
Ganho de rentabilidade em minifábrica processadora de castanha de caju median...
Ganho de rentabilidade em minifábrica processadora de castanha de caju median...Ganho de rentabilidade em minifábrica processadora de castanha de caju median...
Ganho de rentabilidade em minifábrica processadora de castanha de caju median...Pedro Felizardo Adeodato de Paula Pessoa
 
A CONTABILIDADE AMBIENTAL CONTRIBUINDO PARA A GESTÃO DAS COOPERATIVAS DE SALV...
A CONTABILIDADE AMBIENTAL CONTRIBUINDO PARA A GESTÃO DAS COOPERATIVAS DE SALV...A CONTABILIDADE AMBIENTAL CONTRIBUINDO PARA A GESTÃO DAS COOPERATIVAS DE SALV...
A CONTABILIDADE AMBIENTAL CONTRIBUINDO PARA A GESTÃO DAS COOPERATIVAS DE SALV...Jessyca Santos S.N. Simões
 
Agricultura familiar na economia: Brasil e Rio Grande do Sul
Agricultura familiar na economia: Brasil e Rio Grande do SulAgricultura familiar na economia: Brasil e Rio Grande do Sul
Agricultura familiar na economia: Brasil e Rio Grande do Suliicabrasil
 

Semelhante a Administração de custos na agropecuária (20)

Custos e Formação de preços de produtos Agrícolas
Custos e Formação de preços de produtos AgrícolasCustos e Formação de preços de produtos Agrícolas
Custos e Formação de preços de produtos Agrícolas
 
Análise-de-custos-na-produção-de-grãos-em-uma-propriedade-rural-de-Tapeja...
Análise-de-custos-na-produção-de-grãos-em-uma-propriedade-rural-de-Tapeja...Análise-de-custos-na-produção-de-grãos-em-uma-propriedade-rural-de-Tapeja...
Análise-de-custos-na-produção-de-grãos-em-uma-propriedade-rural-de-Tapeja...
 
Apostila mdulo xxii juliano
Apostila mdulo xxii  julianoApostila mdulo xxii  juliano
Apostila mdulo xxii juliano
 
A IMPORTANCIA DA ADMINISTRAÇÃO NO AGRONEGOCIO
A IMPORTANCIA DA ADMINISTRAÇÃO NO AGRONEGOCIOA IMPORTANCIA DA ADMINISTRAÇÃO NO AGRONEGOCIO
A IMPORTANCIA DA ADMINISTRAÇÃO NO AGRONEGOCIO
 
Youblisher.com 1127496-cana mix-edi_o_82
Youblisher.com 1127496-cana mix-edi_o_82Youblisher.com 1127496-cana mix-edi_o_82
Youblisher.com 1127496-cana mix-edi_o_82
 
Viabilidade econômica do abacaxi no centro oeste paulista
Viabilidade econômica do abacaxi no centro oeste paulistaViabilidade econômica do abacaxi no centro oeste paulista
Viabilidade econômica do abacaxi no centro oeste paulista
 
Custo producao
Custo producaoCusto producao
Custo producao
 
AGROINDÚSTRIA FAMILIAR RURAL - ENTRAVES
AGROINDÚSTRIA FAMILIAR RURAL - ENTRAVESAGROINDÚSTRIA FAMILIAR RURAL - ENTRAVES
AGROINDÚSTRIA FAMILIAR RURAL - ENTRAVES
 
Projecto de investigação luís cary cordovil
Projecto de investigação   luís cary cordovilProjecto de investigação   luís cary cordovil
Projecto de investigação luís cary cordovil
 
Teste e Exame economia de agricultura e
Teste e  Exame economia de agricultura eTeste e  Exame economia de agricultura e
Teste e Exame economia de agricultura e
 
A EvoluçãO Dos Custos De ProduçãO De Café Nas Principais RegiõEs Produtoras D...
A EvoluçãO Dos Custos De ProduçãO De Café Nas Principais RegiõEs Produtoras D...A EvoluçãO Dos Custos De ProduçãO De Café Nas Principais RegiõEs Produtoras D...
A EvoluçãO Dos Custos De ProduçãO De Café Nas Principais RegiõEs Produtoras D...
 
A EvoluçãO Dos Custos De ProduçãO De Café Nas Principais RegiõEs Produtoras D...
A EvoluçãO Dos Custos De ProduçãO De Café Nas Principais RegiõEs Produtoras D...A EvoluçãO Dos Custos De ProduçãO De Café Nas Principais RegiõEs Produtoras D...
A EvoluçãO Dos Custos De ProduçãO De Café Nas Principais RegiõEs Produtoras D...
 
Clipping cnc 06022017 versão de impressão
Clipping cnc 06022017   versão de impressãoClipping cnc 06022017   versão de impressão
Clipping cnc 06022017 versão de impressão
 
Pet desafios agronegócio_2016.05.30
Pet desafios agronegócio_2016.05.30Pet desafios agronegócio_2016.05.30
Pet desafios agronegócio_2016.05.30
 
Agricultura de Precisão I pdf Portugues.pdf
Agricultura de Precisão I pdf Portugues.pdfAgricultura de Precisão I pdf Portugues.pdf
Agricultura de Precisão I pdf Portugues.pdf
 
27 de Abril - Agrishow
27 de Abril - Agrishow27 de Abril - Agrishow
27 de Abril - Agrishow
 
Clipping cnc 19022015 versão de impressão
Clipping cnc 19022015   versão de impressãoClipping cnc 19022015   versão de impressão
Clipping cnc 19022015 versão de impressão
 
Ganho de rentabilidade em minifábrica processadora de castanha de caju median...
Ganho de rentabilidade em minifábrica processadora de castanha de caju median...Ganho de rentabilidade em minifábrica processadora de castanha de caju median...
Ganho de rentabilidade em minifábrica processadora de castanha de caju median...
 
A CONTABILIDADE AMBIENTAL CONTRIBUINDO PARA A GESTÃO DAS COOPERATIVAS DE SALV...
A CONTABILIDADE AMBIENTAL CONTRIBUINDO PARA A GESTÃO DAS COOPERATIVAS DE SALV...A CONTABILIDADE AMBIENTAL CONTRIBUINDO PARA A GESTÃO DAS COOPERATIVAS DE SALV...
A CONTABILIDADE AMBIENTAL CONTRIBUINDO PARA A GESTÃO DAS COOPERATIVAS DE SALV...
 
Agricultura familiar na economia: Brasil e Rio Grande do Sul
Agricultura familiar na economia: Brasil e Rio Grande do SulAgricultura familiar na economia: Brasil e Rio Grande do Sul
Agricultura familiar na economia: Brasil e Rio Grande do Sul
 

Último

Conferência SC 2024 | De vilão a herói: como o frete vai salvar as suas vendas
Conferência SC 2024 |  De vilão a herói: como o frete vai salvar as suas vendasConferência SC 2024 |  De vilão a herói: como o frete vai salvar as suas vendas
Conferência SC 2024 | De vilão a herói: como o frete vai salvar as suas vendasE-Commerce Brasil
 
Conferência SC 24 | Social commerce e recursos interativos: como aplicar no s...
Conferência SC 24 | Social commerce e recursos interativos: como aplicar no s...Conferência SC 24 | Social commerce e recursos interativos: como aplicar no s...
Conferência SC 24 | Social commerce e recursos interativos: como aplicar no s...E-Commerce Brasil
 
Ética NO AMBIENTE DE TRABALHO, fundamentosdas relações.pdf
Ética NO AMBIENTE DE TRABALHO,  fundamentosdas relações.pdfÉtica NO AMBIENTE DE TRABALHO,  fundamentosdas relações.pdf
Ética NO AMBIENTE DE TRABALHO, fundamentosdas relações.pdfInsttLcioEvangelista
 
Analise Ergonomica FisioPrev aula de ergonomia
Analise Ergonomica FisioPrev aula de ergonomiaAnalise Ergonomica FisioPrev aula de ergonomia
Analise Ergonomica FisioPrev aula de ergonomiaGabrielPasquinelli1
 
Questionárionnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn
QuestionárionnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnQuestionárionnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn
QuestionárionnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnGustavo144776
 
Conferência SC 24 | Estratégias de precificação para múltiplos canais de venda
Conferência SC 24 | Estratégias de precificação para múltiplos canais de vendaConferência SC 24 | Estratégias de precificação para múltiplos canais de venda
Conferência SC 24 | Estratégias de precificação para múltiplos canais de vendaE-Commerce Brasil
 
Conferência SC 24 | Estratégias omnicanal: transformando a logística em exper...
Conferência SC 24 | Estratégias omnicanal: transformando a logística em exper...Conferência SC 24 | Estratégias omnicanal: transformando a logística em exper...
Conferência SC 24 | Estratégias omnicanal: transformando a logística em exper...E-Commerce Brasil
 
66ssssssssssssssssssssssssssssss4434.pptx
66ssssssssssssssssssssssssssssss4434.pptx66ssssssssssssssssssssssssssssss4434.pptx
66ssssssssssssssssssssssssssssss4434.pptxLEANDROSPANHOL1
 
Conferência SC 2024 | Tendências e oportunidades de vender mais em 2024
Conferência SC 2024 | Tendências e oportunidades de vender mais em 2024Conferência SC 2024 | Tendências e oportunidades de vender mais em 2024
Conferência SC 2024 | Tendências e oportunidades de vender mais em 2024E-Commerce Brasil
 
Introdução à Multimídia e seus aspectos.pdf
Introdução à Multimídia e seus aspectos.pdfIntrodução à Multimídia e seus aspectos.pdf
Introdução à Multimídia e seus aspectos.pdfVivianeVivicka
 
Conferência SC 24 | Data Analytics e IA: o futuro do e-commerce?
Conferência SC 24 | Data Analytics e IA: o futuro do e-commerce?Conferência SC 24 | Data Analytics e IA: o futuro do e-commerce?
Conferência SC 24 | Data Analytics e IA: o futuro do e-commerce?E-Commerce Brasil
 
Conferência SC 24 | Estratégias de precificação: loja própria e marketplace
Conferência SC 24 | Estratégias de precificação: loja própria e marketplaceConferência SC 24 | Estratégias de precificação: loja própria e marketplace
Conferência SC 24 | Estratégias de precificação: loja própria e marketplaceE-Commerce Brasil
 
Conferência SC 24 | Gestão logística para redução de custos e fidelização
Conferência SC 24 | Gestão logística para redução de custos e fidelizaçãoConferência SC 24 | Gestão logística para redução de custos e fidelização
Conferência SC 24 | Gestão logística para redução de custos e fidelizaçãoE-Commerce Brasil
 
Conferência SC 24 | A força da geolocalização impulsionada em ADS e Fullcomme...
Conferência SC 24 | A força da geolocalização impulsionada em ADS e Fullcomme...Conferência SC 24 | A força da geolocalização impulsionada em ADS e Fullcomme...
Conferência SC 24 | A força da geolocalização impulsionada em ADS e Fullcomme...E-Commerce Brasil
 
Conferência SC 24 | O custo real de uma operação
Conferência SC 24 | O custo real de uma operaçãoConferência SC 24 | O custo real de uma operação
Conferência SC 24 | O custo real de uma operaçãoE-Commerce Brasil
 
EP GRUPO - Mídia Kit 2024 - conexão de marcas e personagens
EP GRUPO - Mídia Kit 2024 - conexão de marcas e personagensEP GRUPO - Mídia Kit 2024 - conexão de marcas e personagens
EP GRUPO - Mídia Kit 2024 - conexão de marcas e personagensLuizPauloFerreira11
 
Conferência SC 24 | Omnichannel: uma cultura ou apenas um recurso comercial?
Conferência SC 24 | Omnichannel: uma cultura ou apenas um recurso comercial?Conferência SC 24 | Omnichannel: uma cultura ou apenas um recurso comercial?
Conferência SC 24 | Omnichannel: uma cultura ou apenas um recurso comercial?E-Commerce Brasil
 
Conferência SC 24 | Inteligência artificial no checkout: como a automatização...
Conferência SC 24 | Inteligência artificial no checkout: como a automatização...Conferência SC 24 | Inteligência artificial no checkout: como a automatização...
Conferência SC 24 | Inteligência artificial no checkout: como a automatização...E-Commerce Brasil
 
Conferência SC 24 | Otimize sua logística reversa com opções OOH (out of home)
Conferência SC 24 | Otimize sua logística reversa com opções OOH (out of home)Conferência SC 24 | Otimize sua logística reversa com opções OOH (out of home)
Conferência SC 24 | Otimize sua logística reversa com opções OOH (out of home)E-Commerce Brasil
 
Conferência SC 24 | Estratégias de diversificação de investimento em mídias d...
Conferência SC 24 | Estratégias de diversificação de investimento em mídias d...Conferência SC 24 | Estratégias de diversificação de investimento em mídias d...
Conferência SC 24 | Estratégias de diversificação de investimento em mídias d...E-Commerce Brasil
 

Último (20)

Conferência SC 2024 | De vilão a herói: como o frete vai salvar as suas vendas
Conferência SC 2024 |  De vilão a herói: como o frete vai salvar as suas vendasConferência SC 2024 |  De vilão a herói: como o frete vai salvar as suas vendas
Conferência SC 2024 | De vilão a herói: como o frete vai salvar as suas vendas
 
Conferência SC 24 | Social commerce e recursos interativos: como aplicar no s...
Conferência SC 24 | Social commerce e recursos interativos: como aplicar no s...Conferência SC 24 | Social commerce e recursos interativos: como aplicar no s...
Conferência SC 24 | Social commerce e recursos interativos: como aplicar no s...
 
Ética NO AMBIENTE DE TRABALHO, fundamentosdas relações.pdf
Ética NO AMBIENTE DE TRABALHO,  fundamentosdas relações.pdfÉtica NO AMBIENTE DE TRABALHO,  fundamentosdas relações.pdf
Ética NO AMBIENTE DE TRABALHO, fundamentosdas relações.pdf
 
Analise Ergonomica FisioPrev aula de ergonomia
Analise Ergonomica FisioPrev aula de ergonomiaAnalise Ergonomica FisioPrev aula de ergonomia
Analise Ergonomica FisioPrev aula de ergonomia
 
Questionárionnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn
QuestionárionnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnQuestionárionnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn
Questionárionnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn
 
Conferência SC 24 | Estratégias de precificação para múltiplos canais de venda
Conferência SC 24 | Estratégias de precificação para múltiplos canais de vendaConferência SC 24 | Estratégias de precificação para múltiplos canais de venda
Conferência SC 24 | Estratégias de precificação para múltiplos canais de venda
 
Conferência SC 24 | Estratégias omnicanal: transformando a logística em exper...
Conferência SC 24 | Estratégias omnicanal: transformando a logística em exper...Conferência SC 24 | Estratégias omnicanal: transformando a logística em exper...
Conferência SC 24 | Estratégias omnicanal: transformando a logística em exper...
 
66ssssssssssssssssssssssssssssss4434.pptx
66ssssssssssssssssssssssssssssss4434.pptx66ssssssssssssssssssssssssssssss4434.pptx
66ssssssssssssssssssssssssssssss4434.pptx
 
Conferência SC 2024 | Tendências e oportunidades de vender mais em 2024
Conferência SC 2024 | Tendências e oportunidades de vender mais em 2024Conferência SC 2024 | Tendências e oportunidades de vender mais em 2024
Conferência SC 2024 | Tendências e oportunidades de vender mais em 2024
 
Introdução à Multimídia e seus aspectos.pdf
Introdução à Multimídia e seus aspectos.pdfIntrodução à Multimídia e seus aspectos.pdf
Introdução à Multimídia e seus aspectos.pdf
 
Conferência SC 24 | Data Analytics e IA: o futuro do e-commerce?
Conferência SC 24 | Data Analytics e IA: o futuro do e-commerce?Conferência SC 24 | Data Analytics e IA: o futuro do e-commerce?
Conferência SC 24 | Data Analytics e IA: o futuro do e-commerce?
 
Conferência SC 24 | Estratégias de precificação: loja própria e marketplace
Conferência SC 24 | Estratégias de precificação: loja própria e marketplaceConferência SC 24 | Estratégias de precificação: loja própria e marketplace
Conferência SC 24 | Estratégias de precificação: loja própria e marketplace
 
Conferência SC 24 | Gestão logística para redução de custos e fidelização
Conferência SC 24 | Gestão logística para redução de custos e fidelizaçãoConferência SC 24 | Gestão logística para redução de custos e fidelização
Conferência SC 24 | Gestão logística para redução de custos e fidelização
 
Conferência SC 24 | A força da geolocalização impulsionada em ADS e Fullcomme...
Conferência SC 24 | A força da geolocalização impulsionada em ADS e Fullcomme...Conferência SC 24 | A força da geolocalização impulsionada em ADS e Fullcomme...
Conferência SC 24 | A força da geolocalização impulsionada em ADS e Fullcomme...
 
Conferência SC 24 | O custo real de uma operação
Conferência SC 24 | O custo real de uma operaçãoConferência SC 24 | O custo real de uma operação
Conferência SC 24 | O custo real de uma operação
 
EP GRUPO - Mídia Kit 2024 - conexão de marcas e personagens
EP GRUPO - Mídia Kit 2024 - conexão de marcas e personagensEP GRUPO - Mídia Kit 2024 - conexão de marcas e personagens
EP GRUPO - Mídia Kit 2024 - conexão de marcas e personagens
 
Conferência SC 24 | Omnichannel: uma cultura ou apenas um recurso comercial?
Conferência SC 24 | Omnichannel: uma cultura ou apenas um recurso comercial?Conferência SC 24 | Omnichannel: uma cultura ou apenas um recurso comercial?
Conferência SC 24 | Omnichannel: uma cultura ou apenas um recurso comercial?
 
Conferência SC 24 | Inteligência artificial no checkout: como a automatização...
Conferência SC 24 | Inteligência artificial no checkout: como a automatização...Conferência SC 24 | Inteligência artificial no checkout: como a automatização...
Conferência SC 24 | Inteligência artificial no checkout: como a automatização...
 
Conferência SC 24 | Otimize sua logística reversa com opções OOH (out of home)
Conferência SC 24 | Otimize sua logística reversa com opções OOH (out of home)Conferência SC 24 | Otimize sua logística reversa com opções OOH (out of home)
Conferência SC 24 | Otimize sua logística reversa com opções OOH (out of home)
 
Conferência SC 24 | Estratégias de diversificação de investimento em mídias d...
Conferência SC 24 | Estratégias de diversificação de investimento em mídias d...Conferência SC 24 | Estratégias de diversificação de investimento em mídias d...
Conferência SC 24 | Estratégias de diversificação de investimento em mídias d...
 

Administração de custos na agropecuária

  • 1. Evaluation of the application of the method of activity-based-costing (ABC) in agricultural production of grain: cropos temporary. Sampoaio, A. L. M; Akahoshi, W. B; Lima, E. M. Custos e @gronegócio on line - v. 7, n. 3 – Set/Dec - 2011. ISSN 1808-2882 www.custoseagronegocioonline.com.br 133 Evaluation of the application of the method of activity-based costing (ABC) in agricultural production of grain : crops temporary Reception of originals: 12/16/2011 Release for publication: 03/27/2012 Anderson Luis Mota Sampaio Mestrando em Agronegócios pela Universidade Federal da Grande Dourados-UFGD Instituição: Universidade Federal da Grande Dourados – UFGD Endereço: Rodovia Dourados-Itahum KM 12 – Caixa Postal 322 Dourados/MS. CEP: 79800-000 E-mail: andersonsampaio@ufgd.edu.br Wesley Batista Akahoshi Mestrando em Agronegócios pela Universidade Federal da Grande Dourados-UFGD Instituição: Universidade Federal da Grande Dourados – UFGD Endereço: Rodovia Dourados-Itahum KM 12 – Caixa Postal 322 Dourados/MS. CEP: 79800-000 E-mail: wesleyakahoshi@ufgd.edu.br Emanoel Marcos Lima Doutor em Controladoria e Contabilidade pela Universidade de São Paulo-USP Instituição: Universidade Federal da Grande Dourados – UFGD Endereço: Rodovia Dourados-Itahum KM 12 – Caixa Postal 322 Dourados/MS. CEP: 79800-000 E-mail: emanoellima@ufgd.edu.br Abstract Given the highly competitive environment in which the Agribusiness is inserted, there is a growing need for professional management of rural properties, which requires the use of methods that assist decision making. In this context, it is noticed that cost management is an essential tool for the administration of rural enterprises. However, most of the methods and models of existing management aims to meet the needs of industrial, commercial and service providers typically urban. Therefore, the purpose of this paper is to present, based on an exploratory research through literature review, a critical analysis of the application of the method of activity-based costing (ABC) in agricultural production of grain, using the traditional method of absorption as a basis for comparison. The article takes into consideration the factors specific to agricultural activity seeking to do the necessary adjustments to the applicability of the methods presented costs. In this way, we conclude that the use of traditional methods such as absorption, can be more functional in agricultural production of grain, considering the temporary cultures than the ABC method. keywords: Cost Management. Agriculture. Costing method.
  • 2. Evaluation of the application of the method of activity-based-costing (ABC) in agricultural production of grain: cropos temporary. Sampoaio, A. L. M; Akahoshi, W. B; Lima, E. M. Custos e @gronegócio on line - v. 7, n. 3 – Set/Dec - 2011. ISSN 1808-2882 www.custoseagronegocioonline.com.br 134 1. Introdução O mundo contemporâneo, globalizado e competitivo, revela a todos os segmentos de mercado a necessidade de constantes transformações com vistas à superação dos impactos das inovações tecnológicas em consonância com as novas exigências dos consumidores. No meio rural não é diferente, e o que pode ser percebido, é que boa parte dos produtores rurais não estão preparados para enfrentar esta nova realidade. Muitos agricultores, mesmo aqueles que já se encontram em um estágio de produção cuja destinação principal é o mercado, desenvolvem as suas atividades tendo em mente, as antigas técnicas de organização e produção para a subsistência, quando a venda surge em decorrência das sobras do consumo direto e/ou permutas por produtos não produzidos na propriedade. Segundo Crepaldi (2005) na maioria das propriedades rurais os gestores não possuem condições para discernir os resultados obtidos, os custos de cada plantio, bem como verificar quais seriam os mais rentáveis. Muitas vezes, o produtor não consegue, por exemplo, segregar o dinheiro que obteve com a venda do milho e o proveniente da venda do leite. Torna-se vital a compreensão deste novo ambiente de negócios, por parte dos produtores rurais, que precisam urgentemente reavaliar as suas posições, assumindo definitivamente a sua nova função dentro da atividade. Ou seja, a função de “administrador rural”, administrador este que tem sob sua responsabilidade gerir uma empresa, e não apenas uma propriedade rural que produz sem a pretensão de gerar renda, ou melhor, lucro aos seus proprietários. O principal papel do administrador rural é planejar, controlar, decidir e avaliar os resultados, visando à maximização dos lucros, à permanente motivação, ao bem estar social de seus empregados e à satisfação de seus clientes e da comunidade. O conjunto de ações de decidir O QUE, QUANDO e COMO produzir, controlar o andamento dos trabalhos e avaliar os resultados constitui o campo de ação do administrador rural (SANTOS; MARION; SEGATTI, 2009, p. 8). Esse processo de gestão das empresas rurais está exigindo, dos produtores rurais, muito mais do que apenas conhecer às técnicas de produção. Torna-se importante o desenvolvimento e a implementação de técnicas de gestão que priorizem a informação e o controle dos resultados. Segundo Miranda (2011) a agricultura passou por uma crise na década de 1990, muita gente ficou no meio do caminho e só sobreviveu quem adotou métodos de gestão profissional no campo. Através desses acontecimentos houve uma melhora na exploração dos recursos, com a finalidade de obtenção de forma ágil e segura do retorno dos investimentos, associado a isso, agregou-se melhores produtos e serviços para os
  • 3. Evaluation of the application of the method of activity-based-costing (ABC) in agricultural production of grain: cropos temporary. Sampoaio, A. L. M; Akahoshi, W. B; Lima, E. M. Custos e @gronegócio on line - v. 7, n. 3 – Set/Dec - 2011. ISSN 1808-2882 www.custoseagronegocioonline.com.br 135 consumidores, diante de um mercado que exige cada vez mais qualidade dos produtos. Nesta perspectiva, surge a gestão de custos como uma alternativa competitiva para a empresa rural. Callado e Callado (2004) contribuem salientando que é importante reconhecer a relevância da gestão de custos com vistas à otimização dos limitados recursos disponíveis em qualquer atividade. No entendimento de Eyerkaufer, Costa e Faria (2007) a contabilidade de custos tem uma importância cada vez maior, à medida que há a necessidade de decisões mais acertadas, diante de mercados competitivos, mantendo margens de lucro positivas. As mudanças nos negócios desencadeadas pela competição global e pelas inovações tecnológicas provocaram mudanças significativas, quanto à utilização de informações mais relevantes, relacionadas aos custos e desempenhos de atividades, processos, produtos, serviços e clientes. Valle e Aloe (1981) destacam a importância da contabilidade de custos nas empresas rurais, afirmando que a contabilidade de custos registra e controla as operações técnico-agrícolas para determinação dos custos e resultados de produção agrícola, zootécnica e agroindustrial. (VALLE;ALOE, apud CALLADO; CALLADO, 2008). Neste contexto, percebe-se que a gestão de custos é um instrumento imprescindível para a administração das empresas rurais. Mas, será que os conceitos e métodos tradicionais de custos que foram desenvolvidos tendo como “pano de fundo” à indústria, podem ser aplicados naturalmente na realidade da atividade rural? Com o intuito de responder esta questão, o presente estudo tem como objetivo, apresentar uma analise crítica da aplicação do método de custeio baseado em atividades (ABC) na produção agrícola de grãos, utilizando como base de comparação, o método tradicional de custeio por absorção. O desenvolvimento do presente estudo envolveu a realização de uma pesquisa exploratória, através de levantamento bibliográfico. Os dados foram coletados através de pesquisas em livros, artigos científicos, periódicos, revistas, documentos de sites oficiais e pesquisas na Web. 2. Atividade Agrícola No Brasil a agricultura possui grande importância representando uma das principais forças da economia nacional, bem como um dos responsáveis pelo bom desempenho da balança comercial do país. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - CEPEA-ESALQ-USP (2011), os negócios envolvendo o seguimento agrícola (insumos,
  • 4. Evaluation of the application of the method of activity-based-costing (ABC) in agricultural production of grain: cropos temporary. Sampoaio, A. L. M; Akahoshi, W. B; Lima, E. M. Custos e @gronegócio on line - v. 7, n. 3 – Set/Dec - 2011. ISSN 1808-2882 www.custoseagronegocioonline.com.br 136 agricultura, indústria e distribuição) movimentaram no ano de 2010, recursos financeiros que somados totalizam R$ 578,39 bilhões de reais, representando uma participação de 15,74% do produto interno bruto nacional-PIB (Calculado pelo CEPEA, com o apoio financeiro da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil-CNA). Segundo Santos, Marion e Segatti (2009, p. 13) “a agricultura é definida como a arte de cultivar a terra. Arte essa decorrente da ação do homem sobre o processo produtivo à procura da satisfação de suas necessidades básicas”. Crepaldi (2005, p. 23) complementa definindo que, “a agricultura representa toda a atividade de exploração da terra, seja ela o cultivo de lavouras e florestas ou a criação de animais, com vistas à obtenção de produtos que venham a satisfazer ás necessidades humanas”. Para efeitos contábeis de alocação e controle dos gastos de produção, a atividade agrícola subdividiu-se respeitando as principais características inerentes a cada cultura. Neste caso, fora utilizado como parâmetro para esta segregação, o tempo de vida produtiva, ou seja, a quantidade de colheitas que são permitidas pelas culturas até o momento do replantio. Para Santos, Marion e Segatti (2009), o ciclo da cultura é a principal característica genealógica da planta é o tempo de vida produtiva a contar do momento do plantio até a última colheita comercial. Sendo assim, as classificações provenientes da divisão com base no ciclo de vida de cada cultura são: cultura temporária e cultura permanente. Marion (2010) define como culturas temporárias, aquelas sujeitas ao replantio após cada colheita, possuem período de vida curto e também são conhecidas como cultura anual, exemplos: soja, milho, arroz entre outros. As culturas permanentes permanecem vinculadas ao solo e possibilitam mais de uma colheita, exemplos: citricultura (laranja, limão...), cafeicultura, silvicultura entre outros. Crepaldi (2005, p. 94) enfatiza que “é importante fazer a distinção entre as culturas permanentes e temporárias, para classificar os custos corretamente, registrando e controlando as operações técnicas com o fim de apurar os resultados da produção”. Faz-se importante salientar que o estudo proposto utilizará como base para o desenvolvimento da pesquisa o processo produtivo das culturas temporárias, neste caso específico, na produção de grãos. Neste contexto, a utilização dos métodos de apuração e controle de custos na agricultura deve considerar as particularidades deste seguimento. Na visão de Ribeiro (2004) dentre essas particularidades aparecem: o crescimento natural da produção que deverá ser de alguma forma avaliado e considerado na apuração dos custos; a atividade se desenvolve a céu aberto, muitas vezes em grandes extensões de terra; está vulnerável a mudanças climáticas;
  • 5. Evaluation of the application of the method of activity-based-costing (ABC) in agricultural production of grain: cropos temporary. Sampoaio, A. L. M; Akahoshi, W. B; Lima, E. M. Custos e @gronegócio on line - v. 7, n. 3 – Set/Dec - 2011. ISSN 1808-2882 www.custoseagronegocioonline.com.br 137 não é contínua durante o ano; entre outros. A relação custo/benefício para se manter controles mais complexos em busca de informações mais precisas deve ser sempre considerada, por outro lado a necessidade de controles, por mais simples que pareçam ser torna-se fator imprescindível em se tratando de valorização dos estoques agrícolas. 3. Gestão da Propriedade Rural Nos últimos anos, o agronegócio tem passado por inúmeras transformações, principalmente no que tange ao mercado e a tecnologia. A globalização tem se apresentado para todos os seguimentos produtivos, e no agronegócio não poderia ser diferente, fato evidenciado também por Binotto (2005, p. 107): As mudanças estruturais ocorridas no agronegócios nos últimos anos têm evidenciado a necessidade de novas formas de gerenciamento, e os agricultores estão atuando num contexto de negócios que se estende muito além da porteira. Esse cenário exerce crescente pressão para que eles façam frente aos desafios com atitudes qualificadas, conhecimento e habilidades para serem capazes de reconhecer o potencial das ameaças ambientais e a viabilidade que está presente em cada atividade; portanto, a atividade é muito mais do que um meio de vida, é um negócio que precisa ser sustentável. O mercado competitivo e a evolução tecnológica, tem exigido muito daqueles que são responsáveis pela tomada de decisão, sejam estas nas atividades “antes da porteira”, “dentro da porteira” ou “após a porteira”. Segundo Araújo (2010), as atividades “antes da porteira” são compostas basicamente pelos fornecedores de insumos, como: máquinas, implementos, defensivos, fertilizantes, sementes, tecnologia, financimentos, entre outros. “Dentro da porteira” significa dentro das fazendas, desde as atividades iniciais de preparação para o comerço da produção até a obtenção dos produtos agropecuários in natura prontos para a comercialização. “Depois da porteira” são constituídos basicamente pelas etapas de agroindustrialização e distribuição dos produtos agropecuários até atingir os consumidores, envolvendo diferentes tipos de agentes econômicos, como comércio, agroindústrias, prestadores de serviços, governos e outros. Especificamente, o foco da análise se dará nas atividades “dentro da porteira” (na fazenda), ou seja, nas empresas rurais que, na visão de Marion (2010, p. 2): “(...) são aquelas que exploram a capacidade produtiva do solo por meio do cultivo da terra, da criação de animais e da transformação de determinados produtos agrícolas”. Muitos são os desafios enfrentados neste seguimento, principalmente no tocante a gestão da atividade. O momento atual é de transformação, onde os produtores e/ou proprietários, precisam estar atentos às
  • 6. Evaluation of the application of the method of activity-based-costing (ABC) in agricultural production of grain: cropos temporary. Sampoaio, A. L. M; Akahoshi, W. B; Lima, E. M. Custos e @gronegócio on line - v. 7, n. 3 – Set/Dec - 2011. ISSN 1808-2882 www.custoseagronegocioonline.com.br 138 diversas nuances que influenciam o seu negócio, como por exemplo, o mercado, as potencialidades da região, logística, agregação de valor, bem como os custos de produção. No passado, a produção agropecuária estava estruturada de forma a atender principalmente as necessidades de subsistência, bem diferente do que se vive hoje, onde o foco da produção está voltada ao mercado, e este influenciará as decisões de QUANDO, COMO e O QUE PRODUZIR. Para Santos, Marion e Segatti (2009) este é um momento de transição que exigirá mudanças na gestão dos negócios, principalmente deixando a tradicional postura de fazendeiro para a de empresários rural. Segundo Perez Jr., Pestana e Franco (1997, p. 12): “O termo gestão deriva do latim gestione e significa gerir, gerência, administração. Administrar é planejar, organizar, dirigir e controlar recursos, visando atingir determinado objetivo”. Assim como em qualquer atividade, a gestão das propriedades rurais deverá ter como objetivo o retorno dos investimentos em conjunto com uma maior rentabilidade. Na atividade agropecuária isso se torna mais difícil, afinal trata-se de um seguimento que é influenciado tanto por fatores econômicos, quanto por fatores específicos como as intempéries da natureza (problemas climáticos), instabilidade de preços influenciados principalmente pelos períodos de safra e entressafra, entre outros. É através da utilização de instrumentos gerenciais que será possível planejar, controlar e tomar decisões, além disso, fazer as comparações dos resultados de cada período. De acordo com Figueiredo e Caggiano (2006, p. 43) o “Planejamento é a mais básica de todas as funções gerenciais (...) planejamento pode ser definido como o processo de reflexão que precede a ação e é dirigido para tomada de decisão agora com vistas no futuro”. Todas as atividades rurais, por menores que sejam, requerem um controle eficiente, uma vez que os impactos das decisões administrativas são fundamentais para uma boa gestão (CREPALDI, 2005). Neste contexto, o “administrador rural” deve ter consciência da sua importância neste processo, o que deverá motivar uma constante profissionalização, com vistas na qualidade da gestão, bem como, na prosperidade do negócio. Segundo Crepaldi (2005) conhecer as condições de mercado e dos recursos naturais disponíveis dá ao produtor rural os elementos básicos necessários para o desenvolvimento e continuidade da sua atividade. Cabe a ele decidir o que, quanto e como produzir, controlar a ação após iniciar a atividade e, por ultimo, avaliar os resultados alcançados e compará-los com os previstos inicialmente.
  • 7. Evaluation of the application of the method of activity-based-costing (ABC) in agricultural production of grain: cropos temporary. Sampoaio, A. L. M; Akahoshi, W. B; Lima, E. M. Custos e @gronegócio on line - v. 7, n. 3 – Set/Dec - 2011. ISSN 1808-2882 www.custoseagronegocioonline.com.br 139 Nesta perspectiva, a continuidade e o desenvolvimento das atividades rurais, principalmente nas pequenas propriedades, são manifestados pela necessidade de profissionalização do homem do campo, bem como da empresa rural. Para Eyerkaufer, Costa e Faria (2007, p. 203) “como no meio empresarial, no meio rural existe a mesma necessidade de mais informações da contabilidade, e isso faz com que ocorra um movimento de profissionalização das empresas rurais”. Cabe ao produtor/gestor a incumbência de adaptar-se a esta nova realidade, atrelado a isso a necessidade de constantes atualizações e a busca de informações que possam auxiliá-lo a enfrentar e superar as dificuldades que estão surgindo através deste novo cenário. Para Martin et. al. (1994, p.1): A utilização de estimativas de custos de produção na administração de empresas agrícolas tem assumido importância crescente, quer na análise da eficiência da produção de determinada atividade, quer na análise de processos específicos de produção, os quais indicam o sucesso de determinada empresa no seu esforço de produzir. Ao mesmo tempo, à medida que a agricultura vem se tornando cada vez mais competitiva e com a redução da intervenção governamental no setor, o custo de produção transforma-se num importante instrumento do processo de decisão. A gestão de custos insere-se neste processo e assume uma posição de destaque, potencializando/subsidiando a tomada de decisão do administrador rural, por meio das técnicas de apuração e controle de custos. De acordo com Martins (2003, p. 21), “(...) a contabilidade de custos tem duas funções relevantes: o auxílio ao controle e a ajuda às tomadas de decisões”. 4. Abordagem Tradicional de Custos Com o advento da Revolução Industrial, no decorrer do século XVIII, o processo de gestão empresarial passou a exigir da área contábil, a implementação de novas técnicas para a apuração dos resultados. A contabilidade geral, que até então, atendia as necessidades empresariais (basicamente comerciais), não estava preparada para adaptar-se a esta nova realidade, onde os estoques não eram mais registrados e avaliados, tendo como base, apenas o valor de aquisição das mercadorias. A partir deste momento, a tarefa de mensurar estoques revestiu-se de uma complexidade jamais vista, afinal, sua composição passou a ser o resultado da soma dos denominados fatores de produção (matéria-prima, mão de obra, desgaste das máquinas e etc.), provenientes do processo produtivo.
  • 8. Evaluation of the application of the method of activity-based-costing (ABC) in agricultural production of grain: cropos temporary. Sampoaio, A. L. M; Akahoshi, W. B; Lima, E. M. Custos e @gronegócio on line - v. 7, n. 3 – Set/Dec - 2011. ISSN 1808-2882 www.custoseagronegocioonline.com.br 140 Nesta perspectiva, surgi a contabilidade de custos com a finalidade de mensurar estoques, bem como, ser um instrumento administrativo capaz de gerar informações visando à tomada de decisão. De acordo com Crepaldi (2004, p. 13) “a contabilidade de custos é uma técnica utilizada para identificar, mensurar e informar os custos dos produtos e/ou serviços. Ela tem a função de gerar informações precisas e rápidas para a administração, para a tomada de decisões”. Martins (2003, p. 21) complementa esta visão salientando que: A preocupação primeira dos Contadores, Auditores e Fiscais foi a de fazer da Contabilidade de Custos uma forma de resolver seus problemas de mensuração monetária dos estoques e do resultado, não a de fazer dela um instrumento de administração. Por essa não-utilização de todo o seu potencial no campo gerencial, deixou a Contabilidade de Custos de ter uma evolução mais acentuada por um longo tempo. Devido ao crescimento das empresas, com o consequênte aumento das distância entre administrador e ativos e pessoas administradas, passou a Contabilidade de Custos a ser encarada como uma eficiente forma de auxílio no desempenho dessa nova missão, a gerencial. Assim, o que pode ser percebido é que a contabilidade de custos possui uma vocação/vinculação gerencial muito forte. Ou seja, seus objetivos transcendem a ideia de ser este, um ramo da contabilidade responsável, única e exclusivamente pela apuração dos custos de produção, ou melhor, instrumento para a avaliação dos estoques. Segundo Perez Jr., Oliveira e Costa, (2010) a contabilidade de custos tem por objetivos: • Apuração do custo dos produtos e dos departamentos; • Atendimento de exigências contábeis; • Atendimento de exigências fiscais; • Controle dos custos de produção; • Melhoria de processos e eliminação de desperdícios; • Auxílio na tomada de decisão; • Otimização dos resultados. Entender a importância da gestão de custos dentro do contexto empresarial é uma tarefa complexa, para tanto, o primeiro passo é conhecer o significado do termo “custos”. Para Bruni e Famá (2010) diversos podem ser os conceitos e/ou definições associados ao processo de formação e análise de custos. De modo geral, custos podem ser definidos como “Gasto relativo a bem ou serviço utilizado na produção de outros bens e serviços. O custo é um gasto, só que reconhecido como tal, isto é, como custo, no momento da utilização dos fatores de produção (bens e serviços), para a fabricação de um produto ou execução de um serviço” (MARTINS 2003, p. 25), a exemplo, salários (pessoal produção), insumos (utilizados no processo de produção), e etc.
  • 9. Evaluation of the application of the method of activity-based-costing (ABC) in agricultural production of grain: cropos temporary. Sampoaio, A. L. M; Akahoshi, W. B; Lima, E. M. Custos e @gronegócio on line - v. 7, n. 3 – Set/Dec - 2011. ISSN 1808-2882 www.custoseagronegocioonline.com.br 141 Além da definição do termo “custos”, bem como da “contabilidade de custos”, para efeito desta pesquisa e tendo em vista o processo de apuração e controle dos custos de produção, faz-se necessário definir o entendimento sobre outras terminologias que, por vezes são aplicadas de forma equivocada, são elas: despesa e gasto. De acordo com Bruni e Famá (2010, p. 23) “despesas correspondem à bem ou serviço consumido direta ou indiretamente para a obtenção da receita. Não estão associadas à produção de um produto ou serviço”. Como exemplos de despesas pode-se citar: salários (pessoal administrativo); energia elétrica (consumida no escritório), e etc. Segundo Martins (2003, p. 24), o termo gasto refere-se a “compra de um produto ou serviço qualquer, que gera sacrifício financeiro para a entidade (desembolso), sacrifício esse representado por entrega ou promessa de entrega de ativos (normalmente dinheiro)”. Crepaldi (2005, p. 97) contribui salientando, que “gasto é um termo genérico que pode representar tanto um custo como uma despesa”. Entender estas terminologias aplicando-as de forma correta na apuração dos custos da produção proporcionará aos gestores informações fundamentais para as analises e interpretações dos resultados, o que auxiliará sobremaneira o processo de tomada de decisões. Para Crepaldi (2005, p. 98) “a distinção mais difícil e mais importante é entre custos e despesas. Se um gasto é considerado despesa, ele afeta diretamente o resultado do exercício. Se considerado custo, só afetará o resultado a parcela do gasto que corresponder aos produtos vendidos”. Além da separação entre custos e despesas, para atender os objetivos e interesses específicos das metodologias de apuração de custos da produção, bem como dos resultados de cada período, a contabilidade de custos poderá classificá-los de diferentes formas, entre elas, diretos, indiretos, fixos e variáveis. Para Bomfim e Passarelli (2008, p. 53), “custos diretos são aqueles que podemos identificar como pertencendo a este ou aquele produto, pois há como mensurar quanto pertence a cada um, de forma objetiva e direta”. Segundo o autor, esse mesmo conceito aplica-se também ao grupo de despesas. Conforme afirma Bertó e Beulke (2005, p. 23), os custos e despesas indiretas “dão sustentação ao funcionamento das atividades. Apresentam como característica, em geral, a impossibilidade de ser medidos, identificados, quantificados diretamente em cada unidade comercializada”. Esses gastos não oferecem nenhuma condição de medidas para a alocação,
  • 10. Evaluation of the application of the method of activity-based-costing (ABC) in agricultural production of grain: cropos temporary. Sampoaio, A. L. M; Akahoshi, W. B; Lima, E. M. Custos e @gronegócio on line - v. 7, n. 3 – Set/Dec - 2011. ISSN 1808-2882 www.custoseagronegocioonline.com.br 142 sendo necessária, a utilização de algum critério de rateio ou o uso de estimativas, que são subjetivas e por vezes arbitrárias. Desta forma, a principal característica que irá distinguir os gastos entre diretos e indiretos, será a sua relação/associação com o produto. Ou seja, os diretos podem ser associados diretamente aos produtos/serviços, enquanto no caso dos indiretos não são possíveis esta associação. No entanto, existem custos que são diretos, mas pela dificuldade de controle e apropriação são alocados como indiretos. Segundo Martins (2003), alguns custos possuem características especiais, neste caso, mesmo podendo ser alocados diretamente, dada a sua irrelevância, verifica-se não valer a pena esse trabalho, muitas vezes a relação “custo- benefício” é desfavorável para itens de pequena importância. No entender de Perez Jr, Oliveira e Costa (2010), custos fixos são os custos, que permanecem constantes dentro de determinada capacidade instalada e independem do volume de produção, ou seja, uma alteração no volume de produção não altera o valor total do custo. As despesas fixas, são as despesas que permanecem constantes dentro de determinada faixa de atividades geradoras de receita, que independem do volume de vendas, ou de prestação de serviços, ou seja, uma alteração no volume de receitas não altera o valor total da despesa. Na visão de Bruni e Famá (2010) os custos variáveis são aqueles, cujo seu valor total altera-se diretamente em função das atividades da empresa. Ou seja, quanto maior for à atividade produtiva da empresa, maiores serão os custos variáveis. As despesas variáveis variam de acordo com as vendas. Sendo assim, a principal característica que irá distinguir os gastos fixos e variáveis, será a sua relação/associação com as oscilações da atividade. A figura 1 ilustra de forma resumida, os conceitos, definições e classificações que foram abordados nesta seção.
  • 11. Evaluation of the application of the method of activity-based-costing (ABC) in agricultural production of grain: cropos temporary. Sampoaio, A. L. M; Akahoshi, W. B; Lima, E. M. Custos e @gronegócio on line - v. 7, n. 3 – Set/Dec - 2011. ISSN 1808-2882 www.custoseagronegocioonline.com.br 143 4.1. Métodos de custeio Dadas às terminologias referentes à contabilidade de custos, para tentar atingir a seus objetivos é necessária à correta alocação dos custos, o que segundo Hofer, Souza e Robles Jr (2007), não é uma tarefa fácil, já que, alguns custos incidem diretamente ao produto/serviço que se produz ou realiza, entretanto, existem outros que não podem ser atribuídos diretamente ao produto/serviço, estes são os custos indiretos e que, da mesma forma que os custos diretos, também devem ser alocados a fim de estabelecer o custo total do produto/serviço. Dessa forma, surgiu à necessidade da criação de formas para realizar essa alocação de custos, assim, desenvolveram-se alguns métodos de custeio. Segundo Faria e Costa (2005, p. 237) apud Eyerkaufer, Costa e Faria (2007, p. 204): Os métodos de custeio estão relacionados à forma de atribuição dos custos aos produtos/serviços ou outros objetos, tais como: clientes, regiões, canais de distribuição etc. São adotados visando a orientar o tomador de decisões na escolha da melhor alternativa para a solução de um problema, e se necessário, efetivar ações corretivas, em caso de resultados não planejados. Portanto, no sentido de atingir o objetivo proposto neste trabalho, faz-se necessário a abordagem de dois métodos de custeio, um considerado como um método tradicional de
  • 12. Evaluation of the application of the method of activity-based-costing (ABC) in agricultural production of grain: cropos temporary. Sampoaio, A. L. M; Akahoshi, W. B; Lima, E. M. Custos e @gronegócio on line - v. 7, n. 3 – Set/Dec - 2011. ISSN 1808-2882 www.custoseagronegocioonline.com.br 144 custos e o outro mais contemporâneo e que tem sido foco de discussões em congressos e encontros da área de contabilidade de custos, sendo estes respectivamente o Custeio por Absorção e o Custeio Baseado em Atividades (ABC). 4.2. Custeio por absorção Conforme Eyerkaufer, Costa e Faria (2007), o custeio por absorção é um dos métodos mais utilizados, consistindo na apropriação de todos os gastos ligados a produção de bens ou serviços, podendo ser eles diretos ou indiretos, fixos ou variáveis. Segundo Bonfim e Passarelli (2008), quando a empresa custeia os produtos fabricados, atribuindo a eles os custos variáveis e os custos fixos, esta se utiliza do método de custeio por absorção. Neste método, os custos fixos serão atribuídos ao produto em forma de rateios. Já Martins (2003, p.37) diz que o Custeio por Absorção “consiste na apropriação de todos os custos de produção aos bens elaborados, e só os de produção; todos os gastos relativos ao esforço de produção são distribuídos para todos os produtos ou serviços feitos”. A Figura 2 demonstra graficamente, como acontece à alocação dos custos na metodologia tradicional, chamando a atenção para a forma como os custos indiretos são inseridos aos custos de produção: Figura 2 – Custo de produção segundo a metodologia tradicional Fonte: SILVA (1999) apud HOFER, SOUZA e ROBLES JR (2007, p. 6).
  • 13. Evaluation of the application of the method of activity-based-costing (ABC) in agricultural production of grain: cropos temporary. Sampoaio, A. L. M; Akahoshi, W. B; Lima, E. M. Custos e @gronegócio on line - v. 7, n. 3 – Set/Dec - 2011. ISSN 1808-2882 www.custoseagronegocioonline.com.br 145 Pode-se notar na Figura 2, que os custos indiretos são alocados ao custo de produção através de uma base de rateio, de forma direta aos custos de produção, ou seja, diretamente ao produto, havendo apenas um rateio preliminar, neste caso sem a utilização de uma departamentalização, que segundo Segala e Silva (2007) consistem em dividir a fábrica em departamentos ou centro de custos, e esses custos, antes de serem atribuídos aos produtos, são atribuídos a esses departamentos ou centro de custos e só depois aos produtos/serviços. Devido à utilização do rateio para a alocação dos custos indiretos, o método de custeio por absorção pode ser em muitos casos arbitrário, ou seja, não é atribuído o custo real ao produto/serviço, utilizando-se bases de rateio como hora máquina, hora de mão de obra (quando considerada indireta), entre outros. Conforme Bomfim e Passarelli (2008, p.61) “por mais objetivos que pretendam ser os critérios de rateio, sempre apresentarão um forte componente arbitrário, que distorce os resultados apurados por produto e dificulta (quando não desorienta) as decisões da gerência”. Entretanto, este método, segundo Eyerkaufer, Costa e Faria (2007, p. 204), “é o único aceito pela legislação fiscal no Brasil para fins de valorização de estoques, e tem sua operacionalização conceituada de longo prazo, no qual variações de lucro, de custo e de volume têm de ser convenientemente harmonizadas”. Martins (2003, p. 38), contribui com um esclarecimento sobre o método de custeio por absorção e sua importância na contabilidade da empresa: Não é um principio contábil propriamente dito, mas uma metodologia decorrente deles, nascida com a própria Contabilidade de Custos. Outros critérios diferentes têm surgido através do tempo, mas este é ainda o adotado pela Contabilidade Financeira; portanto, válido tanto para fins de Balanço Patrimonial e Demonstração de Resultados como também, na maioria dos países, para Balanço e Lucros Fiscais. Dessa forma, observa-se que o método de Custeio por Absorção é importante e muito utilizado, mesmo com suas limitações de informações de âmbito mais gerencial (voltadas à tomada de decisão) e também da necessidade de rateios para atribuir os custos indiretos no custeio do produto/serviço. 4.3. Custeio Baseado em Atividades O método de custeio Activity-Based Costing ou Custeio Baseado em Atividades, conhecido também como ABC, foi desenvolvido por Robert S. Kaplan e Robin Cooper, com o objetivo de “reduzir sensivelmente as distorções provocadas pela atribuição arbitrária dos
  • 14. Evaluation of the application of the method of activity-based-costing (ABC) in agricultural production of grain: cropos temporary. Sampoaio, A. L. M; Akahoshi, W. B; Lima, E. M. Custos e @gronegócio on line - v. 7, n. 3 – Set/Dec - 2011. ISSN 1808-2882 www.custoseagronegocioonline.com.br 146 custos indiretos” (MARTINS, 2003, p. 87). Outra justificativa de sua criação é que “(...) os métodos de custeios utilizados distorciam os custos dos produtos (...)” (EYERKAUFER; COSTA; FARIA, 2007, p. 205). O Custeio ABC é segundo Leone e Leone (2010) bastante burocrático por ser muito detalhado, por isso não é unânime sua aceitação ou utilização, mas de qualquer forma, tem sido o método de custeio mais focado em congressos, encontros, livros, entre outros meios que discutem o tema “custos”. Segundo Barbosa (2004, p. 37) “a ideia básica deste método é tomar os custos das várias atividades da empresa e entender o seu comportamento, encontrando bases que representam as relações entre os produtos e essas atividades”. Sendo este método baseado nas atividades, cabe “primeiramente identificar os custos e as despesas por atividades e, depois, alocar as atividades aos produtos que são seus portadores finais. Com isso se diz que os custos dos produtos ficam mais exatos” (LEONE; LEONE, 2010, p. 37). Martins (2003) contribui enfatizando que, a utilidade do ABC não se limita ao custeio de produtos. Ele é acima de tudo, um poderoso instrumento a ser utilizado na gestão de custos. Vários são os autores que tratam sobre o conceito do ABC, mas basicamente todos podem ser resumidos como a alocação dos custos indiretos nas atividades realizadas pela empresa, com a finalidade de produzir ou realizar um produto ou serviço, ou seja, o produto/serviço é a conseqüência das atividades que a empresa realiza: No método de custeio baseado em atividades, ou ABC, assume-se, como pressuposto, que os recursos de uma empresa são consumidos por suas atividades e não pelos produtos que ela fabrica. Os produtos surgem como consequência das atividades consideradas estritamente necessárias para fabricá-los e/ou comercializá- los, e como forma de se entender as necessidades, expectativas e anseios de clientes (NAKAGAWA, 1994, p. 39 apud LEONE; LEONE, 2010, p. 253). Considerando estes conceitos, o método ABC, tem seu foco inicial não no produto, mas, nas atividades que são necessárias para a produção desse produto ou prestação dos serviços. O custo deste, será a soma dos custos das atividades que foram envolvidas em sua produção ou realização, tendo ao final o seu custo total. Assim, diferentemente do método de custeio por absorção que, se utiliza de critérios de rateio para alocação dos custos indiretos, no método ABC, desenvolve-se um processo de rastreamento destes custos. A diferença está em sua alocação, que não é inserida diretamente ao produto/serviço, mas nas atividades envolvidas na execução do processo, e só depois, alocadas aos produtos/serviços. Dessa forma, pode-se perceber que o ABC surge como uma solução para o problema da alocação
  • 15. Evaluation of the application of the method of activity-based-costing (ABC) in agricultural production of grain: cropos temporary. Sampoaio, A. L. M; Akahoshi, W. B; Lima, E. M. Custos e @gronegócio on line - v. 7, n. 3 – Set/Dec - 2011. ISSN 1808-2882 www.custoseagronegocioonline.com.br 147 dos custos indiretos, que são considerados a parte mais delicada do processo de apuração dos custos dos produtos/serviços. Neste contexto, cabe salientar que, o método ABC utiliza-se, neste processo de rastreamento dos custos, os denominados direcionadores de recursos e de atividades, os quais segundo Hofer, Souza e Robles Jr (2007, p. 7) “possibilitam uma análise mais coerente da rentabilidade de cada item, produzido pela mesma fábrica, apoiada em decisões estratégicas”. Estes direcionadores de custos são os fatores que causam alterações no custo das atividades que estão relacionadas à produção, para Di Domenico e Lima (1995, p. 4) “são os direcionadores de custos que originam as atividades. Portanto, determinar corretamente os direcionadores é essencial”. A Figura 3, demonstra a lógica de funcionamento do método de custeio baseado em atividades, que direcionam os custos não ao produto/serviço, mas, para as atividades que, posteriormente transferem os seus gastos aos produtos. Figura 3 – Direcionadores de Recursos de Atividade – Metodologia ABC. Fonte: SILVA (1999) apud HOFER, SOUZA e ROBLES JR (2007, p. 8)
  • 16. Evaluation of the application of the method of activity-based-costing (ABC) in agricultural production of grain: cropos temporary. Sampoaio, A. L. M; Akahoshi, W. B; Lima, E. M. Custos e @gronegócio on line - v. 7, n. 3 – Set/Dec - 2011. ISSN 1808-2882 www.custoseagronegocioonline.com.br 148 5. Estudos Empíricos sobre a Aplicação do Custeio Baseado em Atividades Algumas pesquisas no Brasil foram desenvolvidas procurando demonstrar a aplicação do método de custeio Baseado em Atividades (ABC) na agricultura. • Oliveira, Queiroz e Niveiroz (2011) desenvolveram um estudo com o objetivo de identificar o custo do preparo do solo (plantio da soja) quando da aplicação do método de custeio Baseado em Atividades - ABC, buscando especificamente identificar as atividades envolvidas responsáveis pelo consumo dos recursos, reconhecer os direcionadores de custos para o rastreamento dos custos dos recursos consumidos e por fim, medir o custo de cada atividade envolvida no processo. Neste artigo foi utilizado o tipo de pesquisa descritiva, através do método de estudo de caso conduzido num talhão de uma fazenda da região de Rondonópolis, MT. Os resultados encontrados apontam que com a aplicação do Custeio Baseado em Atividades (ABC) foi possível ao agricultor identificar as atividades executadas para a produção de soja, como as envolvidas no preparo do solo, bem como calcular o custo de cada atividade proporcionando acuracidade dos dados e possibilitando um melhor processo de tomadas de decisões. • Macohon e Beuren (2009) desenvolveram um estudo, com o objetivo de descrever a aplicação de um sistema de gestão de custos baseado em atividades no âmbito de uma pequena propriedade rural produtora de feijão, soja e milho. Trata-se de uma pesquisa exploratória, realizada por meio de um estudo de caso, com dados coletados através de visitas in loco, privilegiando a abordagem quantitativa. Os resultados indicaram que a aplicação do custeio ABC em uma pequena propriedade rural, embora aqui restrita a um estudo de caso e, por isso, não se pode generalizar as conclusões, o modelo é viável enquanto sistema de gestão de custos. • Di Domenico e Lima (1995) descreveram a implantação piloto de um sistema de custos baseado em atividades em uma fazenda de citrus, da empresa Sucocítrico Cutrale Ltda. Procuraram abordar algumas características específicas da gestão do ambiente agrícola, propondo soluções para os problemas encontrados através da utilização do custeio ABC como ferramenta gerencial. As soluções propostas evidenciaram que, o custeio baseado em atividades, embora tenha surgido como ferramenta para o gerenciamento dos custos em ambientes industriais e de serviços,
  • 17. Evaluation of the application of the method of activity-based-costing (ABC) in agricultural production of grain: cropos temporary. Sampoaio, A. L. M; Akahoshi, W. B; Lima, E. M. Custos e @gronegócio on line - v. 7, n. 3 – Set/Dec - 2011. ISSN 1808-2882 www.custoseagronegocioonline.com.br 149 mostrou sua aplicabilidade na área de agricultura, melhorando significativamente a gestão dos custos no ambiente agrícola. 6. Aplicabilidade da Gestão de Custos na Atividade Agrícola Na atividade agrícola, assim como, em qualquer outra atividade rural ou empresarial além das porteiras da propriedade, a gestão de custos através dos seus instrumentos de apuração e controle dos resultados adquire status de “carro-chefe”. Somados aos conhecimentos técnicos (produção) já existentes, adquiridos pelos produtores de forma empírica após anos de trabalho na atividade potencializam e profissionalizam a tomada de decisão do gestor/empresário rural em um ambiente de negócios, que se torna a cada dia mais competitivo. Um sistema de contabilidade de custos é construído e implantado para atingir finalidades específicas dentro de um modelo gerencial e de uma estrutura organizacional, que podem estar relacionadas com o fornecimento de dados de custos para a medição dos lucros, determinação da rentabilidade e avaliação do patrimônio, identificar métodos e procedimentos para o controle das operações e atividades executadas, de modo a prover informações sobre custos para a tomada de decisões e de planejamento através de processos analíticos. (CALLADO; CALLADO, 2004, p. 3) É imprescindível para qualquer gestor conhecer o custo “real de produção”, não apenas com o intuito de apurar a rentabilidade, ou melhor, lucro após a venda, mas principalmente, por permitir uma avaliação do processo produtivo como um todo, o que poderá oportunizar, por exemplo, políticas de redução de custos e economia de tempo. Desta forma, será possível a visualização dos resultados inerentes a atividade produtiva, bem como a identificação dos gargalos existentes o que facilitará a prática de ações corretivas, fortalecendo e maximizando os resultados da propriedade. No entanto, é importante salientar que as técnicas da contabilidade de custos empregadas em todos os seguimentos produtivos foram, em geral, concebidas para atender a uma demanda da atividade industrial. A contabilidade de custos segundo Crepaldi (2004, p. 14), “surgiu da contabilidade geral, justamente pela necessidade de se ter um controle maior sobre os valores a serem atribuídos aos estoques dos produtos na indústria”. Neste contexto, a utilização dos métodos de apuração e controle de custos na agricultura deverá ser precedida do desenvolvimento/implementação de adequações que levem em consideração as particularidades deste seguimento. Na visão de Barbosa (2004), devido às peculiaridades apresentadas nos processos produtivos, o levantamento e entendimento dos custos
  • 18. Evaluation of the application of the method of activity-based-costing (ABC) in agricultural production of grain: cropos temporary. Sampoaio, A. L. M; Akahoshi, W. B; Lima, E. M. Custos e @gronegócio on line - v. 7, n. 3 – Set/Dec - 2011. ISSN 1808-2882 www.custoseagronegocioonline.com.br 150 agropecuários exigem atenção diferenciada. Di Domenico e Lima (1995, p. 10), contribuem enfatizando que: Uma característica particular da área agrícola é sazonalidade da ocorrência das atividades. Como as pulverizações, fertilizações, roçagens e outras atividades são executadas em função de algumas variáveis, como as infestações de pragas e os índices pluviométricos, não há execução de todas as atividades durante o ano todo, nem capacidade de se prever com precisão quando elas vão ocorrer. Percebe-se, dessa forma, que um sistema de gestão de custos para a área agrícola não pode ser o mesmo que é utilizado nos ambientes industriais, onde os processos de fabricação se repetem, nos vários meses do ano. Essas particularidades ratificam as dúvidas existentes quanto à aplicabilidade, na produção agrícola, dos conceitos desta contabilidade de custos, que fora desenvolvida com o intuito de atender “inicialmente”, as demandas advindas das empresas industriais. Neste contexto, pode-se fazer uma reflexão utilizando, por exemplo, o conceito de custo direto apresentado por alguns autores como: Bomfim e Passarelli (2008, p. 53) “custos diretos são aqueles que podemos identificar como pertencendo a este ou aquele produto, pois há como mensurar quanto pertence a cada um, de forma objetiva e direta”; Santos, Marion e Segatti (2009, p. 33) “custos diretos são os identificados com precisão no produto acabado, através de um sistema e um método de medição, e cujo valor é relevante”; Crepaldi (2005, p. 99): Custos diretos são aqueles que podem ser diretamente (sem rateio) apropriados aos produtos agrícolas, bastando existir uma medida de consumo (quilos, horas de mão de obra ou de máquina, quantidade de força consumida etc.) De modo geral, identificam-se aos produtos agrícolas e variam proporcionalmente á quantidade produzida. Com base nestas definições, surgem questões como: será que, em se tratando de produção agrícola, é possível a identificação dos custos diretos com precisão ao produto final? No que tange ao produto final, é possível afirmar que os custos diretos variam proporcionalmente á quantidade produzida? Na produção industrial os materiais e/ou demais fatores de produção podem ser identificados com um produto final específico, por exemplo, a utilização de 1 metro de madeira terá como resultado final, ou melhor, produto final, uma cadeira. Já, no caso da produção agrícola, estes materiais e/ou insumos, a exemplo: as sementes que serão utilizadas no processo de produção vão dar origem a um produto final que sofrerá a influência de outros fatores específicos da produção agrícola. Ou seja, as intempéries da natureza (problemas climáticos), as infestações de pragas e etc., que poderão interferir diretamente na quantidade produzida. Neste caso, não seria possível, por exemplo, afirmar que existe uma relação direta entre os gastos incorridos na produção, versus, quantidade produzida, ou até mesmo, que cada semente, ou muda plantada dará origem a uma quantidade específica de produtos finais.
  • 19. Evaluation of the application of the method of activity-based-costing (ABC) in agricultural production of grain: cropos temporary. Sampoaio, A. L. M; Akahoshi, W. B; Lima, E. M. Custos e @gronegócio on line - v. 7, n. 3 – Set/Dec - 2011. ISSN 1808-2882 www.custoseagronegocioonline.com.br 151 É importante salientar que, de forma alguma existe aqui a pretensão de desqualificar os conceitos sobre custo direto apresentados por estes renomados autores. Mas sim, fomentar a discussão sobre a eminente necessidade de desenvolvimento de conceitos/definições, relacionados à área de custos adaptados as realidades da produção agrícola. Além destas adaptações, outro fator que merece destaque no que tange as dificuldades relacionadas à prática da gestão de custos na atividade agrícola, e que pode interferir no uso adequado deste instrumento de gestão refere-se ao baixo nível de instrução do produtor/gestor rural. De acordo com Tenório (2011), a educação é um dos maiores problemas para a evolução do agronegócio brasileiro. Segundo o autor, com base nos dados do Censo Agropecuário de 2006, elaborados pelo IBGE, cerca de 870 mil proprietários de estabelecimentos agropecuários não sabem ler e escrever, o que não é pouco considerando o total de 3,9 milhões de estabelecimentos agropecuários que existem no país, segundo a mesma pesquisa. Pudell (2006) complementa salientando que, talvez um dos fatores que influenciam para que os produtores não desenvolvam práticas de gestão na sua propriedade possa ser atribuído ao baixo nível de escolaridade, isso pode estar dificultando ao produtor o processo de atualização e percepção das novas tendências que vem ocorrendo no setor. Neste sentido, percebe-se que o nível de instrução/escolaridade deste gestor rural poderá intervir no processo de implantação, e até mesmo, controle da gestão de custos no estabelecimento rural, afinal, segundo Callado e Callado (2008, p. 85) “a apuração de custos no agronegócio apresenta uma de suas maiores dificuldades de implantação e desenvolvimento devido à necessidade de rigor no controle dos seus elementos de forma a obter uma correta apropriação dos custos de cada produto”. Além disso, de acordo com Ribeiro (2004) as atividades agrícolas são exercidas das mais variadas formas, desde o cultivo caseiro para a própria subsistência até os grandes complexos, na grande maioria das vezes não utilizam adequadamente os meios de apuração de custos de seus produtos, tendo em vista que, a apropriação da parcela dos diversos custos que compõem o produto final é tarefa difícil e complexa. Para que se possa discorrer sobre a aplicabilidade no ambiente agrícola, do método de apropriação de custos denominado custeio baseado em atividades (a partir daqui será tratada como, ABC), bem como compará-lo com custeio por absorção foi elaborada a Tabela 1 que ilustra um exemplo com os principais componentes de custos necessários para a produção de soja e milho. Na elaboração desta tabela foram utilizadas como parâmetro as informações
  • 20. Evaluation of the application of the method of activity-based-costing (ABC) in agricultural production of grain: cropos temporary. Sampoaio, A. L. M; Akahoshi, W. B; Lima, E. M. Custos e @gronegócio on line - v. 7, n. 3 – Set/Dec - 2011. ISSN 1808-2882 www.custoseagronegocioonline.com.br 152 contidas nos comunicados técnicos 160/2010 e 163/2011, publicados pela Embrapa Agropecuária Oeste, cujos conteúdos apresentam os cálculos estimativos de custos de produção para as culturas de soja e milho, relativo ao período de safra 2010/2011 para o estado de Mato Grosso do Sul. Considerando que, as análises desta pesquisa possuem um foco qualitativo foram suprimidos todos os valores relativos aos itens que compõem a referida tabela. Ao analisar os dados da Tabela 1, pode-se observar que, a estrutura utilizada para composição e determinação dos custos de cada produto espelha-se nas premissas do método tradicional de custeio por absorção sem departamentalização. Ou seja, quando os custos são identificados e apropriados aos produtos sem qualquer relação com uma estrutura departamental. Tendo em vista que, os objetivos desta pesquisa estão direcionados para a análise da aplicabilidade do método de custeio ABC na atividade agrícola foi elaborada a Tabela 2, que ilustra um exemplo simplificado do processo de apropriação de custos por esta metodologia.
  • 21. Evaluation of the application of the method of activity-based-costing (ABC) in agricultural production of grain: cropos temporary. Sampoaio, A. L. M; Akahoshi, W. B; Lima, E. M. Custos e @gronegócio on line - v. 7, n. 3 – Set/Dec - 2011. ISSN 1808-2882 www.custoseagronegocioonline.com.br 153 Conforme pode ser observado, a Tabela 2 apresenta a estrutura e requisitos básicos do método ABC, ou seja: • recursos/custos incorridos - necessários para o desenvolvimento das atividades (mão-de-obra, maquinários, insumos e etc.); • atividades efetuadas – que absorvem os recursos/custos incorridos, através da utilização dos direcionadores de recursos (hora-homem, hora-máquina, quantidade de insumos e etc.); • produtos produzidos - que absorvem os custos das atividades necessárias para sua produção, através da utilização dos direcionadores de atividade (horas necessárias para preparo do solo, horas necessárias para plantio e etc.). Como já mencionado, o modelo ABC foi concebido tendo em vista a necessidade de reduzir as distorções provocadas pelo rateio arbitrário dos custos indiretos, que segundo Martins (2003), com os avanços tecnológicos e a crescente complexidade dos sistemas de produção, estão aumentando continuamente, tanto em valores absolutos quanto em termos relativos. Este enfoque fomenta uma indagação, no tocante a alocação dos custos indiretos, será que a implantação do custeio baseado em atividades (ABC) na produção agrícola, proporcionará diferenças significativas em comparação com o custeio por absorção? Com o intuito de responder ou talvez encontrar uma justificativa para esta questão, considere, por exemplo, que uma empresa agrícola produtora de grãos (milho, soja, trigo, e
  • 22. Evaluation of the application of the method of activity-based-costing (ABC) in agricultural production of grain: cropos temporary. Sampoaio, A. L. M; Akahoshi, W. B; Lima, E. M. Custos e @gronegócio on line - v. 7, n. 3 – Set/Dec - 2011. ISSN 1808-2882 www.custoseagronegocioonline.com.br 154 etc.), cuja estrutura/componentes do custo seja semelhante aos modelos apresentados nas Tabelas 1 e 2, esteja efetuando a apuração dos custos de produção do período. Inicialmente, deve-se ponderar que, a apuração dos custos de produção deverá observar às particularidades inerentes a atividade agrícola. Ou seja, na agricultura, diferentemente da indústria, a produção não ocorre em uma linha de produção ou em um ambiente fechado, onde produtos e/ou modelos diferentes são produzidos utilizando-se uma mesma estrutura (máquinas, energia, mão-de-obra, e etc.) em um “mesmo período”. Crepaldi (2005, p. 28) contribui salientando que: No setor agrícola, normalmente, não existe um fluxo contínuo de produção, como na indústria e uma tarefa pode também não depender de outra. As atividades estão dispersas por toda a empresa, podendo ocorrer em locais distantes um do outro. Não há relação, por exemplo, entre o trabalho executado por uma equipe que reforma as cercas da propriedade com outra que faz “a limpeza” das pastagens. Mesmo que esta propriedade rural esteja desenvolvendo, por exemplo, o processo de semeadura de duas, três ou mais culturas em um “mesmo período”, este trabalho será executado separadamente. O maquinário utilizado neste processo (trator, semeadeira, e etc.), assim como, a mão de obra empregada não poderá fazer ao mesmo tempo o plantio da soja, do milho e do trigo, neste caso, mesmo que a propriedade possua apenas um conjunto de maquinários, cada processo de plantio ocorrerá ao seu tempo, permitindo assim, o planilhamento/identificação dos custos relativos a cada operação. Neste sentido, o que pode ser observado, em linhas gerais, é que na agricultura as ocorrências de custos indiretos são imensamente menores, quando comparados com a indústria. Essas particularidades da atividade agrícola reforçam ainda mais a utilização do método de custeio por absorção. Afinal, segundo Bomfim e Passarelli (2008) em comparação com os sistemas de custeio tradicionais, o ABC pode não ser conveniente a todas as empresas, sendo a sua aplicação particularmente recomendável às empresas, cujos gastos indiretos representam parcela significativa dos gastos totais, que produzem em um mesmo estabelecimento, produtos e/ou serviços muito diversos no que se refere aos volumes de produção ou processo produtivo e que trabalham com clientela diversificada em termos de volume de encomendas, de especificações especiais e de serviços adicionais. Sendo assim, pode-se perceber que, em se tratando da alocação/apuração dos custos indiretos, a utilização do método ABC em comparação com o custeio por absorção não oferecerá resultados significativos. Desta forma, o produtor/gestor rural poderá optar por efetuar a alocação dos custos nos moldes da Tabela 1, ou seja, através do método de custeio por absorção, neste caso, sem
  • 23. Evaluation of the application of the method of activity-based-costing (ABC) in agricultural production of grain: cropos temporary. Sampoaio, A. L. M; Akahoshi, W. B; Lima, E. M. Custos e @gronegócio on line - v. 7, n. 3 – Set/Dec - 2011. ISSN 1808-2882 www.custoseagronegocioonline.com.br 155 departamentalização. Ou se preferir, utilizando-se da departamentalização potencializando assim, o enfoque gerencial necessário para o processo de tomada de decisão. Nesta perspectiva, poderá, por exemplo, segregar os gastos por tipo de operação agrícola que, na visão de Santos, Marion e Segatti (2009, p. 13), “são as fases necessárias do processo produtivo, de acordo com o tipo de cultura”. Onde a alocação dos custos, poderá ser efetuada através da utilização dos coeficientes técnicos que, segundo Santos, Marion e Segatti (2009 p. 15) “são índices que determinam o tempo necessário para realizar certa operação, (...) expressa em hora-homem, hora máquina, quantidade de insumos consumidos etc. Quando se trata de materiais, os índices são expressos em unidades, ou seja, quilos, litros, metros, plantas por hectare etc.”. A Tabela 3 ilustra um exemplo simplificado do processo de apropriação de custos por esta metodologia.
  • 24. Evaluation of the application of the method of activity-based-costing (ABC) in agricultural production of grain: cropos temporary. Sampoaio, A. L. M; Akahoshi, W. B; Lima, E. M. Custos e @gronegócio on line - v. 7, n. 3 – Set/Dec - 2011. ISSN 1808-2882 www.custoseagronegocioonline.com.br 156 A análise da Tabela 3 permite observar que, os coeficientes técnicos, utilizados para a alocação dos custos nesta metodologia, assemelham-se aos direcionadores utilizados pelo método de custeio baseado em atividade (ABC), exemplificado na Tabela 2. Ou seja, mesmo que a empresa rural não opte pela utilização do método ABC, os critérios/índices utilizados para apropriação desses custos poderão ser naturalmente utilizados por outra metodologia de apuração do custo agrícola de produção. Analisando por outro prisma, o método ABC, enquanto, origem de informações para o auxílio à tomada de decisão é indiscutivelmente um importante instrumento gerencial de controle e análise da estrutura de custos da propriedade. Afinal, segundo Crepaldi (2005) ele permitirá uma análise de custos através das atividades. Cada atividade descreve o que a empresa faz e quanto de recursos ela utiliza para produzir seus produtos. O ABC identifica as atividades desenvolvidas e determina o custo e desempenho. Além disso, demonstra a relação existente entre recursos consumidos (o que foi gasto), atividades executadas (onde foi gasto) e objetos de custos (para que foi gasto). No entanto, cabe salientar, que o método de custeio por absorção com a utilização da departamentalização possui plenas condições, dependendo da sua estruturação, de atender aos anseios gerenciais do administrador rural. 7. Considerações Finais O objetivo do estudo foi realizar a análise crítica da utilização/aplicação do sistema de custeio por atividade (ABC) como instrumento para a gestão de custos da propriedade rural, com foco na produção agrícola de grãos. Dessa forma, foi realizando a comparação com o método tradicional de custeio por absorção e buscando responder a seguinte indagação: no tocante a alocação dos custos indiretos, será que a implantação do custeio baseado em atividades na produção agrícola, proporcionará diferenças significativas em comparação com o custeio por absorção? Neste caso, o que se concluiu é que, não há a necessidade de utilização do método ABC, levando em consideração fatores como, o nível de detalhamento e complexidade do método. Além disso, o método ABC é um instrumento utilizado com o intuito de minimizar as distorções referentes aos custos e despesas indiretas, o que pelo ponto de vista apresentado, ocorre em poucos momentos, não sendo dessa forma, uma vantagem significativa nesse contexto.
  • 25. Evaluation of the application of the method of activity-based-costing (ABC) in agricultural production of grain: cropos temporary. Sampoaio, A. L. M; Akahoshi, W. B; Lima, E. M. Custos e @gronegócio on line - v. 7, n. 3 – Set/Dec - 2011. ISSN 1808-2882 www.custoseagronegocioonline.com.br 157 Como foi visto, os métodos e modelos de gestão de custos devem, em geral, ser adaptados para a utilização em uma propriedade rural, já que o foco destes é a indústria, e diante disso, o método ABC não é uma exceção, sendo essa adaptação outro fator muito importante, e que também deve ser considerado diante do perfil do produtor rural, que em geral possui baixo nível de escolaridade e instrução. Sendo assim, o método tradicional de custeio por absorção é mais simples, menos detalhado e cumpre satisfatoriamente o papel da gestão de custos mediante o contexto apresentado. É importante esclarecer que, este estudo não buscou esgotar por completo esse extenso e polêmico assunto deixando aberto o caminho para novas pesquisas, utilizando outras metodologias e conceitos da contabilidade de custos, ou mesmo, a utilização dessa pesquisa para a aplicação em estudos de casos. 8. Referências ARAÚJO, Massilon J. Fundamentos de Agronegócios. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2010. BARBOSA, Emerson Schineider. Proposta de sistemática para avaliação e controle de custos em propriedades rurais: o caso de uma empresa de criação de gado. 2004. 102 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Rio Grande do Sul, 2004. BERTÓ, Dalvio José; BEULKE, Rolando. Gestão de Custos. São Paulo: Saraiva, 2005. BINOTTO, Erlaine. Criação de conhecimento em propriedades rurais no Rio Grande do Sul, Brasil e em Queensland, Austrália. Tese de Doutorado (Mestrado em Agronegócios), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Rio Grande do Sul, 2005. BOMFIM, Eunir de Amorim; PASSARELLI, João. Custos e formação de preços. 5. ed. São Paulo: IOB, 2008. BRUNI, Adriano Leal; FAMÁ, Rubens. Gestão de custos e formação de preços: com aplicações na calculadora HP 12C e Excel. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
  • 26. Evaluation of the application of the method of activity-based-costing (ABC) in agricultural production of grain: cropos temporary. Sampoaio, A. L. M; Akahoshi, W. B; Lima, E. M. Custos e @gronegócio on line - v. 7, n. 3 – Set/Dec - 2011. ISSN 1808-2882 www.custoseagronegocioonline.com.br 158 CALLADO, Antonio André Cunha; CALLADO, Aldo Leonardo Cunha. Custos: um desafio para a gestão do agronegócio. 2004. Disponível em: http://www.biblioteca.sebrae.com.br/bds/ bds.nsf/69a5e2bb919eaf2e832574b0004bda60/7dc55898743cf66483256f6b00617007/$FILE/ NT000A2306.pdf. Acesso em: 20 jan. 2011. CALLADO Antônio André Cunha; CALLADO, Aldo Leonardo Cunha. Gestão de Custos no Agronegócio. IN: CALLADO, Antônio André Cunha (Org.). Agronegócio. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2008. p. 84-102. CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA (CEPEA-ESALQ- USP). PIB Agro CEPEA-USP/CNA. Disponível em: http://www.cepea.esalq.usp.br/pib/ Acesso em: 30 jul 2011. CREPALDI, Silvio Aparecido. Curso básico de contabilidade de custos. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2004. CREPALDI, Silvio Aparecido. Contabilidade rural: uma abordagem decisorial. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2005. DI DOMENICO, Gino Beminzon; LIMA, Paulo Corrêa. Gestão de custos baseada em atividades em um ambiente agrícola. In. Congresso Brasileiro de Gestão Estratégica de Custos, II, 1995, Campinas. Anais...Campinas, 1995. EYERKAUFER, Marino Luiz; COSTA Adilson; FARIA, Ana Cristina de. Métodos de custeio por absorção e variável na ovinocultura de corte: estudo de caso em uma cabanha. Organizações Rurais & Agroindustriais, Lavras, v. 9, n. 2, p. 202-215, 2007. FIGUEIREDO, Sandra; CAGGIANO, Paulo Cesar. Controladoria: Teoria e Pratica. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2006.
  • 27. Evaluation of the application of the method of activity-based-costing (ABC) in agricultural production of grain: cropos temporary. Sampoaio, A. L. M; Akahoshi, W. B; Lima, E. M. Custos e @gronegócio on line - v. 7, n. 3 – Set/Dec - 2011. ISSN 1808-2882 www.custoseagronegocioonline.com.br 159 HOFER, Elza. SOUZA, José Antonio de. ROBLES JR, Antonio. Gestão estratégica de custos na cadeia de valor do leite e derivados. Custos e @gronegócio on line - v. 3 – Edição Especial – Maio – 2007. LEONE, George Sebastião Guerra. LEONE, Rodrigo José Guerra. Curso de contabilidade de custos. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2010. MACOHON, Edson Roberto; BEUREN, Ilse Maria. Aplicação do custeio baseado em atividades em uma pequena propriedade rural. Revista de Contabilidade da UFBA, Salvador- BA, v. 3, n. 2, p. 21-35, 2009. MARION, José Carlos. Contabilidade Rural. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2010. MARTIN, Nelson Batista et al. Custos: sistema de custos de produção agrícola. Revista Informações Econômicas, São Paulo, v. 24, n. 9, p. 1, set. 1994. MARTINS, Eliseu. Contabilidade de custos. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2003. MIRANDA, Patrícia. Contabilidade: fator de desenvolvimento do agronegócio. Disponível em: http://www.paginarural.com.br/artigo/938/contabilidade-fator-de-desenvolvimento-do- agronegocio Acesso em: 30 julho 2011. OLIVEIRA, Josemar Ribeiro; QUEIROZ, Percival Ferreira; NIVEIROS, Sofia Inês. Custeamento Baseado nas Atividades aplicado no preparo do solo para plantio de soja na região sul de Mato Grosso. In. Congresso Brasileiro de Custos, XVIII, 2011, Rio de Janeiro. Anais...Rio de Janeiro, 2011. PEREZ JR, José Hernandez; OLIVEIRA, Luis Martins; COSTA, Rogério Guedes. Gestão Estratégica de Custos. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2010. PEREZ JR, José Hernandez; PESTANA, Armando Oliveira; FRANCO, Sérgio Paulo Cintra. Controladoria de Gestão: Teoria e Prática. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1997.
  • 28. Evaluation of the application of the method of activity-based-costing (ABC) in agricultural production of grain: cropos temporary. Sampoaio, A. L. M; Akahoshi, W. B; Lima, E. M. Custos e @gronegócio on line - v. 7, n. 3 – Set/Dec - 2011. ISSN 1808-2882 www.custoseagronegocioonline.com.br 160 PUDELL, Valmir. Análise da gestão da pequena propriedade rural: o caso dos produtores de leite da região do grande Santa Rosa-RS. 2006. 84 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) PPGEP, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Rio Grande do Sul, 2006. RIBEIRO, Otília Denise Jesus. Adequação dos custos da atividade agrícola. Revista Eletrônica de Contabilidade Curso de Ciências Contábeis UFSM, Santa Maria, v. 1, n. 1, p. 209-225, 2004. RICHETTI, Alceu. Comunicado Técnico 160: estimativa do custo de produção de soja no sistema plantio direto, safra 2010/2011, para Mato Grosso do Sul. Embrapa Agropecuária Oeste. Dourados/MS, 2010. RICHETTI, Alceu; CECCON, Gessi. Comunicado Técnico 163: estimativa do custo de produção de milho safrinha 2011, em cultivo solteiro e consorciado com brachiaria ruziziensis, em Mato Grosso do Sul. Embrapa Agropecuária Oeste. Dourados/MS, 2011. SANTOS, Gilberto José dos; MARION, José Carlos; SEGATTI, Sonia. Administração de custos preços na agropecuária. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2009. SEGALA, Cristiane Zucchi Sopelsa; SILVA, Ivanir Techio da. A apuração dos custos na produção de leite em uma propriedade rural do município de Irani – SC. Custos e @gronegócio on line - v. 3, n. 1 - Jan/Jun - 2007. TENÓRIO, Roberto. Ambiente econômico promovido pelo agronegócio favorece avanço social de regiões carentes, mas evolução depende de mais educação no campo. Revista Desafios do Desenvolvimento. Instituto de Pesquisa Aplicada. Brasília: IPEA, 2011. n. 64. p. 48-56.