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Carolina Adamopoulos, nº5 11ºF
                                                               2010-2011

                            A Voz Humana
 No dicionário: “ produção de sons emitidos, no homem, pela laringe com o ar
que sai dos pulmões, que é a voz humana; certos sons ou ruídos especiais e
característicos produzidos por linguagem (...)”

 Portanto, a voz é completamente humana, devido à forma e significado
humanos que nós, Homens, lhe damos.
 Formalmente humana devido aos movimentos humanos: os movimentos dos
lábios, maxilares, dentes, língua, cordas vocais, laringe, pulmões, etc., que
unidos resultam em sons articulados por inteiro, e não há animal se não nós,
Homens, que o faça desta maneira.
 Quanto ao seu significado, completamente humano porque é desta voz que
comunicamos, e é desta comunicação que provém a linguagem humana. E é
desta linguagem que provêm os idiomas, e por isso, de certa maneira, as
culturas. É desta voz que provém o cantar que, embora seja uma consideração
estética sobre a voz, não é mais nem menos voz que outras vozes, com outros
tons ou entoações. Aliás, o cantar é considerado mais voz e mais linguagem
que muitas outras vozes e linguagens, por ser o cantar o maior e mais
soberano instrumento musical de todos, e como a música é a linguagem
universal, o cantar devia ser também a voz universal.
 O significado da voz é também caracteristicamente humano devido à sua
emoção; a emoção de rir, chorar, sussurrar, gemer, gritar, que não passa de
um tipo de linguagem emotivo vocal. Estas vozes alteram também consoante
os contextos (disposição, ambiente...).
 É da voz também que aparece a escrita (primeiro a voz, falada e articulada, e
só depois a escrita). Por exemplo, a maioria dos gregos filósofos da
antiguidade clássica, embora fossem hábeis no uso da voz e da linguagem,
não sabiam escrever. A escrita surge no apogeu da linguagem humana, como
maneira de guardar materialmente a memória de alguma voz.
 Até na ausência da voz, há uma voz. Aquela voz silenciosa dos nossos
pensamentos; a voz com que nós antecipamos e preparamos o que vamos
dizer. A voz mais profunda que há em nós, no sentido de ser a voz que é
verdadeiramente nossa; a voz que, embora não seja a nossa voz “material”, é a
nossa voz interior, que nos conhece mais que todas as outras vozes. De vez
em quando essa voz trespassa para o que dizemos; quando dizemos
espontaneamente e com amor por exemplo, essa voz ouve-se (quem nós
queremos verdadeiramente que ouça, ouve). Uma prova disto, penso eu, é o
facto de a nossa voz “material” verdadeira não ser a que nós próprios ouvimos
(ou talvez seja), uma vez que quando a ouvimos gravada, ou pedimos a
alguém que a descreva, não coincide.
 Outra perspectiva da voz é a ausência dela: o silêncio. Sobre isto, gostava
apenas de pensar na ideia da peça de Jean Cocteau, “A Voz Humana”. Trata-
se de uma mulher (há versões com um homem) que está sozinha, a conversar
por telefone durante toda a peça. No fim, percebe-se que todos os
telefonemas que faz são para ninguém, trespassando então a sua solidão para
o público, e a ideia de que a sua própria voz lhe faz companhia.
Embora não seja a versão que conheço, deixo referência do trailer de uma
adaptação da peça (versão portuguesa) contemporânea:

http://www.youtube.com/watch?v=WL9NGvy935o

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A Voz Humana

  • 1. Carolina Adamopoulos, nº5 11ºF 2010-2011 A Voz Humana No dicionário: “ produção de sons emitidos, no homem, pela laringe com o ar que sai dos pulmões, que é a voz humana; certos sons ou ruídos especiais e característicos produzidos por linguagem (...)” Portanto, a voz é completamente humana, devido à forma e significado humanos que nós, Homens, lhe damos. Formalmente humana devido aos movimentos humanos: os movimentos dos lábios, maxilares, dentes, língua, cordas vocais, laringe, pulmões, etc., que unidos resultam em sons articulados por inteiro, e não há animal se não nós, Homens, que o faça desta maneira. Quanto ao seu significado, completamente humano porque é desta voz que comunicamos, e é desta comunicação que provém a linguagem humana. E é desta linguagem que provêm os idiomas, e por isso, de certa maneira, as culturas. É desta voz que provém o cantar que, embora seja uma consideração estética sobre a voz, não é mais nem menos voz que outras vozes, com outros tons ou entoações. Aliás, o cantar é considerado mais voz e mais linguagem que muitas outras vozes e linguagens, por ser o cantar o maior e mais soberano instrumento musical de todos, e como a música é a linguagem universal, o cantar devia ser também a voz universal. O significado da voz é também caracteristicamente humano devido à sua emoção; a emoção de rir, chorar, sussurrar, gemer, gritar, que não passa de um tipo de linguagem emotivo vocal. Estas vozes alteram também consoante os contextos (disposição, ambiente...). É da voz também que aparece a escrita (primeiro a voz, falada e articulada, e só depois a escrita). Por exemplo, a maioria dos gregos filósofos da antiguidade clássica, embora fossem hábeis no uso da voz e da linguagem, não sabiam escrever. A escrita surge no apogeu da linguagem humana, como maneira de guardar materialmente a memória de alguma voz. Até na ausência da voz, há uma voz. Aquela voz silenciosa dos nossos pensamentos; a voz com que nós antecipamos e preparamos o que vamos dizer. A voz mais profunda que há em nós, no sentido de ser a voz que é verdadeiramente nossa; a voz que, embora não seja a nossa voz “material”, é a nossa voz interior, que nos conhece mais que todas as outras vozes. De vez em quando essa voz trespassa para o que dizemos; quando dizemos espontaneamente e com amor por exemplo, essa voz ouve-se (quem nós queremos verdadeiramente que ouça, ouve). Uma prova disto, penso eu, é o facto de a nossa voz “material” verdadeira não ser a que nós próprios ouvimos (ou talvez seja), uma vez que quando a ouvimos gravada, ou pedimos a alguém que a descreva, não coincide. Outra perspectiva da voz é a ausência dela: o silêncio. Sobre isto, gostava apenas de pensar na ideia da peça de Jean Cocteau, “A Voz Humana”. Trata- se de uma mulher (há versões com um homem) que está sozinha, a conversar por telefone durante toda a peça. No fim, percebe-se que todos os telefonemas que faz são para ninguém, trespassando então a sua solidão para o público, e a ideia de que a sua própria voz lhe faz companhia.
  • 2. Embora não seja a versão que conheço, deixo referência do trailer de uma adaptação da peça (versão portuguesa) contemporânea: http://www.youtube.com/watch?v=WL9NGvy935o