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O gênero da crônica revisto e ampliado


Apresentação:


        O contínuo deslizamento e atravessamento entre mídias e linguagens tem
representado um severo desafio tanto ao pensamento crítico quanto aos próprios
realizadores e produtores contemporâneos. A dificuldade de responder às provocações
lançadas por esse novo contexto é em grande parte determinada pela profusão de
linguagens híbridas que impedem uma definição segura que durante tanto tempo pautou
a teoria estética.
        A existência de uma Central de Produção Multimídia (CPM) dentro da Escola de
Comunicação da UFRJ representa uma tentativa de encarar frontalmente esses desafios,
e, mais do que isso, tirar proveito das provocações propostas para estimular um rico
exercício estético capaz de articular pesquisa, reflexão e experimentação. O projeto “O
gênero da crônica revisto e ampliado” surge em absoluta consonância com essa
perspectiva de trabalho da Central de Produção Multimídia. Integrando o registro
escrito (que abarca a produção literária e as mídias impressas) ao audiovisual (que
atravessa o cinema, a televisão e a propaganda), o projeto pretende alcançar as novas
mídias e as tecnologias virtuais. O gênero da crônica será nosso guia nesse percurso em
que o exercício inventivo e a prática da produção estética proporcionarão um melhor
entendimento dos elementos e signos que perpassam o contexto multimídia.
        A escolha da crônica como recorte para tratar de temas tão candentes e preciosos
ao pensamento contemporâneo pode ser explicada pela etimologia do termo, cujo
radical denuncia sua matéria: “cronos”, o tempo. Tempo enquanto marca e enquanto
passagem, enquanto duração e decurso, enquanto fluxo e memória.
        Gênero que se difunde a partir daquela que um dia foi uma nova mídia de grande
impacto, a mídia impressa, a crônica logrou invadir a seara de uma austera arte
consolidada como a literatura. Hoje, permeia de maneira subjacente todas as novas
linguagens, estando presente tanto nos mais banais sites de fofoca quanto nos mais
sofisticados experimentos da arte contemporânea. Em todas as esferas, a crônica surge
hoje incorpora de maneira naturalizada elementos, dados e mecanismos das linguagens
escrita, imagética e sonora. O projeto “O gênero da crônica revisto e ampliado”
propõe o estranhamento e a desmontagem desses mecanismos híbridos naturalizados
como primeiro passo para a elaboração consciente e criativa de obras artísticas e
culturais que possam reincorporar esses mecanismos em outra chave. Mais do que isso
o projeto viabilizará a publicização dessas obras e reflexões para que essa discussão
viva e fundamental possa se apresentar “revista e ampliada”.


1. OBJETIVO GERAL

Partindo de uma reflexão sobre a interação entre diferentes mídias e a hibridização de
linguagens, desenvolver um site e uma série de filmes e textos resultantes da
experiência criativa provocada pelo encontro entre o código textual e a linguagem
audiovisual.


1.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS


- Analisar criticamente referências narrativas no gênero da crônica tanto na literatura
quanto no cinema.


- Discutir mecanismos narrativos presentes na crônica. Estabelecer distinções entre os
mecanismos no campo textual e no audiovisual.


- Produzir uma série de oito textos no formato de crônicas, enfocando um candente tema
contemporâneo que estabeleça um diálogo com a tradição da crônica.


- A partir da mesma temática dos textos, realizar dois filmes de curta metragem dentro
dos parâmetros narrativos da crônica.


- Sobre o mesmo tema, planejar e produzir uma obra de arte híbrida, um produto
estético que articule elementos textuais e audiovisuais.


- Elaborar um blog que abrigue e divulgue o material desenvolvido ao longo do projeto.


- Difundir os filmes realizados pelo projeto em festivais de cinema no Brasil e no
exterior.
- Disponibilizar o material produzido para professores de literatura do ensino médio e
fundamental.




2. PLANO DE ATIVIDADES


2.1 PRIMEIRA ETAPA


- Leitura de crônicas e exibição de filmes que dialogaram com o gênero textual da
crônica.
- Discussão sobre as diferentes características da crônica nos campos audiovisual e
textual.
- Análise dos mecanismos narrativos presentes em cada uma das linguagens:
linearidade, progressão temporal, paralelismo e simultaneidade, raccord, panorâmicas,
aproximação em zoom, cortes, transições, contrastes, etc.
- Reflexão sobre a presença difusa da crônica nas novas mídias. Reconhecimento do
aspecto híbrido das linguagens contemporâneas, suas intenções e suas conseqüências
estéticas.


2.2 SEGUNDA ETAPA: Cada um no seu quadrado


- Eleição do tema que norteará todo o processo criativo do projeto.
- Divisão dos alunos em dois grupos. Um primeiro será encarregado da elaboração no
registro escrito de 08 crônicas sobre o tema proposto. Outro estará responsável pela
produção de dois filmes de curta metragem sobre o mesmo tema, também dialogando
com o gênero da crônica.
- Leitura dos textos e projeção dos filmes.
- Discussão sobre os pontos de encontro e de divergência no uso dos dois códigos
narrativos para a realização das crônicas.


2.3 TERCEIRA ETAPA: Tudo junto e misturado.
- Formação de duplas que combinem um membro originário de cada um dos grupos da
etapa anterior.
- A partir do mesmo recorte temático proposto inicialmente, cada dupla deverá criar um
produto híbrido, uma obra que articule organicamente elementos das linguagens escrita,
visual e sonora.




QUARTA ETAPA


- Elaboração de um blog para publicação dos textos e exibição dos filmes realizados na
segunda etapa do projeto e para a divulgação das obras que combinam texto, imagem e
som.
- Inscrição dos filmes e obras realizados pelo projeto em festivais e mostras no Brasil e
no exterior.
- Disponibilização do material produzido para professores do ensino fundamental,
médio e superior.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


AUMONT, Jacques, MARIE, Michel. Análisis del film. Barcelona: Paidos, 1990.

AUMONT, Jacques. et al. A estética do filme. Campinas: Papirus, 1995.

AVELLAR, José Carlos. O chão da palavra. Rio de Janeiro: Rocco, 2007.


BARTHES, O rumor da língua. São Paulo: Martins fontes, 2004.


BARTHES, Roland et. al. Análise estrutural da narrativa. Petrópolis: Vozes, 1971


BAZIN, André. O cinema: ensaios. São Paulo: Brasiliense, 1991.

BONITZER, Pascal, CARRIÈRE, Jean-Claude. Prática do Roteiro Cinematográfico.
  JSN, 1996.

BORDWELL, David. Narration in the fiction film. Madison: Wiscosin press, 1985.

BROWNE, Nick. The rhetoric of film narration. Ann Arbor: UMI, 1982.

FIGUEIREDO. Vera Lúcia Follain de. Narrativas migrantes: literatura, roteiro e
cinema. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio: 7Letras, 2010.
GENETTE, Gérard. Narrative Discourse: an essay in method. Cornell University Press,
  1980.

NAREMORE, James (org.). Film adaptation. New Brunswick: Rutger university press,
  2000.

PELLEGRINI, Tânia et al. Literatura, cinema e televisão. São Paulo: Editora
Senac São Paulo: Instituo Itaú Cultural, 2003.


SARAIVA, Leandro e CANNITO, Newton. Manual de Roteiro. São Paulo:
Conrad Livros, 2004.


SCHOLLAMMER, Karl Erik. Além do visível. Rio de Janeiro, 7Letras, 2007.
______________________; OLINTO, H.K. Literatura e Mídia. Rio de Janeiro:
EdPUC/Loyola, 2002.


STAM, Robert. A literatura através do cinema. Belo Horizonte: Editora UFMG,
2008.


REFERÊNCIAS FILMOGRÁFICAS


Close Up (Irã, 1990). Dir: Abbas Kiarostami
Crônica de um verão. (França, 1960) Dir: Jean Rouch e Edgar Morin.
Filme socialismo (França, 2010). Dir: Jean-Luc Godard
Ilha das Flores (Brasil, 1989). Dir: Jorge Furtado
JLG por JLG - Auto-retrato de Dezembro (França, 1995). Dir: Jean-Luc Godard
Meu tio da américa (França, 1980). Dir: Alain Resnais

O céu sobre os ombros (Brasil, 2010). Dir: Sergio Borges
Sem fôlego (EUA, 1995). Dir: Wayne Wang e Paul Auster

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A cronica entre a literatura e o audiovisual

  • 1. O gênero da crônica revisto e ampliado Apresentação: O contínuo deslizamento e atravessamento entre mídias e linguagens tem representado um severo desafio tanto ao pensamento crítico quanto aos próprios realizadores e produtores contemporâneos. A dificuldade de responder às provocações lançadas por esse novo contexto é em grande parte determinada pela profusão de linguagens híbridas que impedem uma definição segura que durante tanto tempo pautou a teoria estética. A existência de uma Central de Produção Multimídia (CPM) dentro da Escola de Comunicação da UFRJ representa uma tentativa de encarar frontalmente esses desafios, e, mais do que isso, tirar proveito das provocações propostas para estimular um rico exercício estético capaz de articular pesquisa, reflexão e experimentação. O projeto “O gênero da crônica revisto e ampliado” surge em absoluta consonância com essa perspectiva de trabalho da Central de Produção Multimídia. Integrando o registro escrito (que abarca a produção literária e as mídias impressas) ao audiovisual (que atravessa o cinema, a televisão e a propaganda), o projeto pretende alcançar as novas mídias e as tecnologias virtuais. O gênero da crônica será nosso guia nesse percurso em que o exercício inventivo e a prática da produção estética proporcionarão um melhor entendimento dos elementos e signos que perpassam o contexto multimídia. A escolha da crônica como recorte para tratar de temas tão candentes e preciosos ao pensamento contemporâneo pode ser explicada pela etimologia do termo, cujo radical denuncia sua matéria: “cronos”, o tempo. Tempo enquanto marca e enquanto passagem, enquanto duração e decurso, enquanto fluxo e memória. Gênero que se difunde a partir daquela que um dia foi uma nova mídia de grande impacto, a mídia impressa, a crônica logrou invadir a seara de uma austera arte consolidada como a literatura. Hoje, permeia de maneira subjacente todas as novas linguagens, estando presente tanto nos mais banais sites de fofoca quanto nos mais sofisticados experimentos da arte contemporânea. Em todas as esferas, a crônica surge hoje incorpora de maneira naturalizada elementos, dados e mecanismos das linguagens escrita, imagética e sonora. O projeto “O gênero da crônica revisto e ampliado” propõe o estranhamento e a desmontagem desses mecanismos híbridos naturalizados
  • 2. como primeiro passo para a elaboração consciente e criativa de obras artísticas e culturais que possam reincorporar esses mecanismos em outra chave. Mais do que isso o projeto viabilizará a publicização dessas obras e reflexões para que essa discussão viva e fundamental possa se apresentar “revista e ampliada”. 1. OBJETIVO GERAL Partindo de uma reflexão sobre a interação entre diferentes mídias e a hibridização de linguagens, desenvolver um site e uma série de filmes e textos resultantes da experiência criativa provocada pelo encontro entre o código textual e a linguagem audiovisual. 1.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS - Analisar criticamente referências narrativas no gênero da crônica tanto na literatura quanto no cinema. - Discutir mecanismos narrativos presentes na crônica. Estabelecer distinções entre os mecanismos no campo textual e no audiovisual. - Produzir uma série de oito textos no formato de crônicas, enfocando um candente tema contemporâneo que estabeleça um diálogo com a tradição da crônica. - A partir da mesma temática dos textos, realizar dois filmes de curta metragem dentro dos parâmetros narrativos da crônica. - Sobre o mesmo tema, planejar e produzir uma obra de arte híbrida, um produto estético que articule elementos textuais e audiovisuais. - Elaborar um blog que abrigue e divulgue o material desenvolvido ao longo do projeto. - Difundir os filmes realizados pelo projeto em festivais de cinema no Brasil e no exterior.
  • 3. - Disponibilizar o material produzido para professores de literatura do ensino médio e fundamental. 2. PLANO DE ATIVIDADES 2.1 PRIMEIRA ETAPA - Leitura de crônicas e exibição de filmes que dialogaram com o gênero textual da crônica. - Discussão sobre as diferentes características da crônica nos campos audiovisual e textual. - Análise dos mecanismos narrativos presentes em cada uma das linguagens: linearidade, progressão temporal, paralelismo e simultaneidade, raccord, panorâmicas, aproximação em zoom, cortes, transições, contrastes, etc. - Reflexão sobre a presença difusa da crônica nas novas mídias. Reconhecimento do aspecto híbrido das linguagens contemporâneas, suas intenções e suas conseqüências estéticas. 2.2 SEGUNDA ETAPA: Cada um no seu quadrado - Eleição do tema que norteará todo o processo criativo do projeto. - Divisão dos alunos em dois grupos. Um primeiro será encarregado da elaboração no registro escrito de 08 crônicas sobre o tema proposto. Outro estará responsável pela produção de dois filmes de curta metragem sobre o mesmo tema, também dialogando com o gênero da crônica. - Leitura dos textos e projeção dos filmes. - Discussão sobre os pontos de encontro e de divergência no uso dos dois códigos narrativos para a realização das crônicas. 2.3 TERCEIRA ETAPA: Tudo junto e misturado.
  • 4. - Formação de duplas que combinem um membro originário de cada um dos grupos da etapa anterior. - A partir do mesmo recorte temático proposto inicialmente, cada dupla deverá criar um produto híbrido, uma obra que articule organicamente elementos das linguagens escrita, visual e sonora. QUARTA ETAPA - Elaboração de um blog para publicação dos textos e exibição dos filmes realizados na segunda etapa do projeto e para a divulgação das obras que combinam texto, imagem e som. - Inscrição dos filmes e obras realizados pelo projeto em festivais e mostras no Brasil e no exterior. - Disponibilização do material produzido para professores do ensino fundamental, médio e superior.
  • 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AUMONT, Jacques, MARIE, Michel. Análisis del film. Barcelona: Paidos, 1990. AUMONT, Jacques. et al. A estética do filme. Campinas: Papirus, 1995. AVELLAR, José Carlos. O chão da palavra. Rio de Janeiro: Rocco, 2007. BARTHES, O rumor da língua. São Paulo: Martins fontes, 2004. BARTHES, Roland et. al. Análise estrutural da narrativa. Petrópolis: Vozes, 1971 BAZIN, André. O cinema: ensaios. São Paulo: Brasiliense, 1991. BONITZER, Pascal, CARRIÈRE, Jean-Claude. Prática do Roteiro Cinematográfico. JSN, 1996. BORDWELL, David. Narration in the fiction film. Madison: Wiscosin press, 1985. BROWNE, Nick. The rhetoric of film narration. Ann Arbor: UMI, 1982. FIGUEIREDO. Vera Lúcia Follain de. Narrativas migrantes: literatura, roteiro e cinema. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio: 7Letras, 2010. GENETTE, Gérard. Narrative Discourse: an essay in method. Cornell University Press, 1980. NAREMORE, James (org.). Film adaptation. New Brunswick: Rutger university press, 2000. PELLEGRINI, Tânia et al. Literatura, cinema e televisão. São Paulo: Editora Senac São Paulo: Instituo Itaú Cultural, 2003. SARAIVA, Leandro e CANNITO, Newton. Manual de Roteiro. São Paulo: Conrad Livros, 2004. SCHOLLAMMER, Karl Erik. Além do visível. Rio de Janeiro, 7Letras, 2007.
  • 6. ______________________; OLINTO, H.K. Literatura e Mídia. Rio de Janeiro: EdPUC/Loyola, 2002. STAM, Robert. A literatura através do cinema. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2008. REFERÊNCIAS FILMOGRÁFICAS Close Up (Irã, 1990). Dir: Abbas Kiarostami Crônica de um verão. (França, 1960) Dir: Jean Rouch e Edgar Morin. Filme socialismo (França, 2010). Dir: Jean-Luc Godard Ilha das Flores (Brasil, 1989). Dir: Jorge Furtado JLG por JLG - Auto-retrato de Dezembro (França, 1995). Dir: Jean-Luc Godard Meu tio da américa (França, 1980). Dir: Alain Resnais O céu sobre os ombros (Brasil, 2010). Dir: Sergio Borges Sem fôlego (EUA, 1995). Dir: Wayne Wang e Paul Auster