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A CONSTRUÇÃO
DA
IDENTIDADE DO MÉDICO
INTRODUÇÃO
A DIMENSÃO SIMBÓLICA
E A
SUBJETIVIDADE
NOS SERES HUMANOS
A Construção dialógica da Subjetividade:
os reflexos, as imagens e a linguagem
 Os determinantes biológicos da subjetividade
 Consciência, cognição e emoção.
 A Construção do eu
a experiência de dependência.
o estágio do espelho (reconhecer-se na imagem
refletida).
o inacabamento e a impermanência
 O componente simbólico na constituição da
subjetividade:
contexto social e identidade
linguagem e identidade
A Língua
 A língua é produzida em um contexto conflitivo, e está
sendo permanentemente transformada por seus
diferentes usos;
a língua determina identidades, valores e memórias;
a fala, o uso pessoal da língua, será sempre e
permanentemente condicionada pela língua;
o diálogo interno, (a reflexão sobre si mesmo e a
avaliação que alguem se faz sobre a sua própria
essência e valor) também será condicionada pelos
recursos da língua.
Berger,P e Luckman. A construção social da realidade. Petrópolis, Vozes,
1985
Constituição dos enunciados
 O que está sendo dito (enunciado) implica;
no contexto: delimita a modalidade da relação;
na interlocução; a relação como um confronto;
na polifonia: a presença na memória de vozes que
participaram de outros diálogos;
na polissemia: a presença de outros significados
dados aos enunciados proferidos no diálogo.
“As palavras são tecidas a partir de uma multidão de fios
ideológicos que servem de trama a todas as relações
sociais em todos os domínios…” Bakhtin, M. Arte y
responsabilidad in Estetica de la creación verbal Madrid
Ed.Veinteuno 1985
Consequências dos enunciados
 A existência de um diálogo implica em que há:
a participação dos interlocutores em uma
experiência de construção de sentido: (dar
significado a uma interação);
uma negociação permanente acerca de qual
linguagem será aceita para produzir/definir a
experiência pela qual passaram;
 Em um diálogo, os interlocutores revelam suas
opiniões sobre as circunstâncias e/ou os outros, a
partir de seus ângulos de visão;
confrontos e transformações podem gerar efeitos
radicais e duradouros na identidade e na saúde.
Linguagem e identidade
 O componente simbólico na constituição da
subjetividade - falar e ser falado;
a única realidade cuja consciência é indubitável é a
realidade da vida cotidiana;
 Não temos identidade fixa; no entanto, precisamos de
um nome, uma "ficção" e, principalmente, da interação
com o outro (sujeito) para sustentar nossa identidade
mutável.
“a linguagem marca as coordenadas de minha vida na
sociedade e enche esta vida de objetos dotados de
significação”
Berger, P e Luckman. A construção social da realidade.
Petrópolis, Vozes, 1985
A CONSTRUÇÃO
DA
IDENTIDADE DO MÉDICO
O ESTRESSE E OS
PROFISSIONAIS DE SAÚDE
A MEDICINA, OS MÉDICOS E AS
CIÊNCIAS
CONCEITO BÁSICO
Quando o espírito humano tem acesso
à ciência ele nunca é jovem. Na
verdade é muito velho: tem a idade de
seus preconceitos
Gaston Bachelard
CONCEITO BÁSICO
Todos os animais pensam
mas o homem é o único animal
que pensa que não é animal
Blaise Pascal
“The body is both a representation and a
reality, a manifestation of life, and life itself,
what we are, and something we have, that
through which we live and in which we live: it is
raw material, tool and crucible. The body has a
language with which it responds to life, and is
itself a language constituted by the language it
carries, which speaks through us and ultimately
speaks us.”
PRIMEIRA UNIDADE
INTRODUÇÃO
O CONCEITO DE ESTRESSE
A História da Febre Puerperal
O Estresse e os profissionais de saúde
A Medicina, os Médicos e as Ciências
 Grande número de mulheres internadas no Primeiro Serviço da
Maternidade do Hospital Geral de Viena contraía, após o parto,
uma doença grave, muitas vezes fatal.
 Dados – parturientes internadas no Primeiro ServiçoPrimeiro Serviço que
morreram da doença
Em 1844 - 8,2% (260 das 3.157)
Em 1845 - 6,8%
Em 1846 - 11,4%
 Nos mesmos anos e no mesmo hospital – os números de
falecimentos no Segundo ServiçoSegundo Serviço do mesmo hospital foram:
Em 1844 – 2,3%
Em 1845 - 2,0%
Em 1846 - 2,7%
O número de parturientes atendidos nos doisO número de parturientes atendidos nos dois
serviços era aproximadamente o mesmoserviços era aproximadamente o mesmo
Explicações da época
A febre puerperal seria devida a “influências
epidêmicas” descritas como alterações “cósmico-
telúrico-atmosféricas”; os “miasmas disseminados”.
A mortalidade era devida ao excesso de
parturientes no Primeiro Serviço, e por danos
causados pelo exame grosseiro realizado pelos
estudantes de medicina: treinados em obstetrícia
apenas no Primeiro Serviço.
 Exames e partos realizados por médicos homens:
(no Primeiro Serviço) eram constrangedores para
as pacientes;
(no Segundo Serviço o parto era realizado por
parteiras).
 Local dos serviços no Hospital: (o padre que dava
a extrema unção passava por todas as
enfermarias do Primeiro Serviço, assustando as
pacientes, o que não ocorria no Segundo
Serviço).
Explicações da épocaExplicações da época
Raciocínio e metodologia
 Rejeitou as explicações incompatíveis com fatos estabelecidos.
 Testou as explicações com experimentos.
 Formulou e testou hipóteses.
 Apresentou suas conclusões.
Perguntou-se
 Como estas influências poderiam afetar o Primeiro Serviço e
poupar o Segundo ?
 E como explicar esta febre que grassava apenas no hospital
(não haviam casos em Viena ou nos arredores) ?
Concluiu
 Uma epidemia genuína (Colera Morbus) não teria estas
características (seletividade).
Semmelweiss: Ignaz Philipp,
(1818 - 1865), Médico Húngaro.
Semmelweiss
Observou e argumentou
 Parturientes que residiam longe do Hospital, e que pariram
antes de serem admitidas no Primeiro Serviço, tinham índices
menores de falecimento por Febre Puerperal.
 Os danos causados pelo parto eram mais extensos do que os
que poderiam ser causados por um exame grosseiro e, quando
o número de estudantes foi reduzido à metade e os exames
reduzidos ao mínimo, a mortalidade declinou.
 As parteiras (que atendiam as parturientes no Segundo
Serviço) examinavam suas pacientes quase da mesma
maneira, mas sem os efeitos nocivos.
Semmelweiss
Experimentou (sem obter resultados)
Mudar o percurso do padre.
Mudar a posição das parturientes no leito.
Constatou
Em 1847 um médico faleceu com os mesmos
sintomas das parturientes, depois de ferir-se com
o bisturi utilizado em uma autópsia.
Formulou a (primeira) hipótese
A “matéria cadavérica” era a causadora da
infecção; os médicos e estudantes disseminavam-
na por não realizarem a assepsia necessária.
Semmelweiss
A hipótese explicava as diferenças entre os
serviços:
 Não eram realizadas autópsias pelas parteiras no
Segundo Serviço, nem nos partos que ocorriam na rua).
 Porque a febre acometia apenas os récem-nascidos
cujas mães tinham contraído a doença no trabalho de
parto.
Testou a primeira hipótese
 Destruição química do material infeccioso aderido às
mãos (obrigou os médicos e estudantes a lavarem as
mãos com cal clorada antes de efetuarem qualquer
exame).
Semmelweiss
Resultado
 A mortalidade pela febre decresceu (em 1848 caiu a
1,27% no Primeiro Serviço enquanto que no Segundo
Serviço os índices eram de 1,33%).
Aprimorou a hipótese
 Ao examinar uma paciente com um câncer cervical
purulento (após ter desinfectado as mãos), não julgou
necessário repetir a desinfecção:
infectou as parturientes que examinou
posteriormente.Concluiu que a febre também podia ser transmitida
por “matéria pútrida retirada de um organismo vivo”.
Semmelweiss
Semmelweiss resistiu a divulgar o seu trabalho,
limitando-se a proferir poucas conferências e seu
trabalho só foi publicado em 1861, 14 anos após a
sua descoberta.
Semmelweiss
 Os médicos, mais velhos e influentes, não deram
atenção e credibilidade à doutrina de Semmelweis,
menosprezando seu trabalho, apesar das evidências.
 Seu livro "Die Ätiologie, der Begriff und die
Prophylaxis des Kindbettfiebers” (“A Etiologia, a
compreensão e a profilaxia da Febre Puerperal”) foi
muito criticado  porque o pensamento médico
preponderante ainda acreditava nas antigas
concepções acerca da causa da enfermidade.
Semmelweiss
 Esta rejeição levou Semmelweiss a atacar as
autoridades que se opunham ao seu ensino
(foi apenas uma nova geração que fez com que a
assepsia fosse adotada nos hospitais).
 Semmelweis foi exonerado de seu cargo, teve uma
crise nervosa e faleceu em uma instituição para
doentes mentais, com uma infecção semelhante à
febre puerperal.
Tópicos para Discussão
Quem era Semmelweiss ?
Qualquer um de nós ?Qualquer um de nós ?
Quem eram os médicos que o expulsaram ?Quem eram os médicos que o expulsaram ?
Qualquer um de nós ?Qualquer um de nós ?
A CONSTRUÇÃO
DA
IDENTIDADE DO MÉDICO
A MEDICINA, OS MÉDICOSA MEDICINA, OS MÉDICOS
EE
AS CIÊNCIASAS CIÊNCIAS
A MEDICINA E AS CIÊNCIAS
 A Medicina é um campo de aplicação de inúmeras
ciências.
 Estas ciências têm histórias e dinâmicas diferentes (sua
evolução, seus conflitos e divergências): Diferem na
metodologia e nos critérios para admitir o que se pensa
ser a verdade.
 As descobertas científicas são testadas, aprimoradas,
criticadas, ou descartadas.
 Em muitos casos, aquilo que é tido como verdadeiro é
mais tarde considerado apenas uma visão parcial e por
vezes ingênua de uma realidade mais complexa.
e, em alguns casos, o que se tinha por verdadeiro
era um erro, fruto de uma perspectiva que não
abrangia alguma característica essencial do que
estava sendo pesquisado.
A Medicina e os Médicos
 Não costuma haver, na formação médica, espaço para
estudo e reflexão sobre a natureza dos fatores que
condicionam e determinam os conhecimentos
científicos.
 A Medicina, enquanto atividade profisional, submete o
médico a toda uma série de injunções, entre outras:
a opinião de outros profissionais,
as linhas de atuação preconizadas por associações
científicas e por regulamentos governamentais,
a influência de e artigos de revistas e a propaganda
de laboratórios farmacêuticos.
Paradoxos da posição do Médico
 Lida com o conhecimento científico e com sua
experiência.
 O que aceita e o que rejeita?
 Por quais razões?
 O médico é, quase sempre, apenas um usuário de um
tipo de saber cujos fundamentos e limites não lhe são
ensinados.
e tem, pelo menos no Brasil, muita dificuldade em
atualizar-se nos conceitos fundamentais das ciências
das quais a Medicina se sustenta.
Corre o risco de ser obrigado a preencher as lacunas
de sua formação com noções oriundas de saberes não
científicos (geralmente destituídos de fundamentos
consistentes), que podem dar margem a atitudes de
natureza antiética e preconceituosa.
Saber, Poder e Identidade
• Um profissional, que depende do saber para o exercício
de sua profissão, estabelece umaestabelece uma relaçãorelação entre o queentre o que
sabe e sua identidade.sabe e sua identidade.
• Situações que abalem o seu sistema de referências
e/ou que questionem o seu saber podem gerar crisescrises
de identidadede identidade e nem sempre a solução é alicerçada em
critérios éticos e/ou científicos.
Quais podem ser as consequências ?
Exemplo: A controvérsia entre os intervencionistas e osExemplo: A controvérsia entre os intervencionistas e os
naturalistas em obstetrícianaturalistas em obstetrícia
 A morte trágica da princesa Charlotte, a única filha de George IV,
rei da Inglaterra, ilustra os perigos de deixar as coisas por conta
da natureza. Em 1817, com 21 anos, a princesa entrou em
trabalho de parto de seu primeiro filho.
 O trabalho de parto teve início mais de duas semanas antes da
data esperada e durou 50 horas. O bebê (um feto
macrossômico), nasceu morto, a placenta foi removida com
dificuldade e, seis horas depois, Charlotte faleceu.
 Os forceps estavam à disposição mas nunca foram utilizados (e,
na verdade, talvez não tivessem ajudado).
 No entanto, o obstetra, Sir Richard Croft, foi muitoNo entanto, o obstetra, Sir Richard Croft, foi muito
criticado e suicidou-se alguns dias depois.criticado e suicidou-se alguns dias depois.
Quais podem ser as consequências ?
 Em cada um de nósEm cada um de nós
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A construção da identidade médica

  • 1. A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DO MÉDICO INTRODUÇÃO A DIMENSÃO SIMBÓLICA E A SUBJETIVIDADE NOS SERES HUMANOS
  • 2. A Construção dialógica da Subjetividade: os reflexos, as imagens e a linguagem  Os determinantes biológicos da subjetividade  Consciência, cognição e emoção.  A Construção do eu a experiência de dependência. o estágio do espelho (reconhecer-se na imagem refletida). o inacabamento e a impermanência  O componente simbólico na constituição da subjetividade: contexto social e identidade linguagem e identidade
  • 3. A Língua  A língua é produzida em um contexto conflitivo, e está sendo permanentemente transformada por seus diferentes usos; a língua determina identidades, valores e memórias; a fala, o uso pessoal da língua, será sempre e permanentemente condicionada pela língua; o diálogo interno, (a reflexão sobre si mesmo e a avaliação que alguem se faz sobre a sua própria essência e valor) também será condicionada pelos recursos da língua. Berger,P e Luckman. A construção social da realidade. Petrópolis, Vozes, 1985
  • 4. Constituição dos enunciados  O que está sendo dito (enunciado) implica; no contexto: delimita a modalidade da relação; na interlocução; a relação como um confronto; na polifonia: a presença na memória de vozes que participaram de outros diálogos; na polissemia: a presença de outros significados dados aos enunciados proferidos no diálogo. “As palavras são tecidas a partir de uma multidão de fios ideológicos que servem de trama a todas as relações sociais em todos os domínios…” Bakhtin, M. Arte y responsabilidad in Estetica de la creación verbal Madrid Ed.Veinteuno 1985
  • 5. Consequências dos enunciados  A existência de um diálogo implica em que há: a participação dos interlocutores em uma experiência de construção de sentido: (dar significado a uma interação); uma negociação permanente acerca de qual linguagem será aceita para produzir/definir a experiência pela qual passaram;  Em um diálogo, os interlocutores revelam suas opiniões sobre as circunstâncias e/ou os outros, a partir de seus ângulos de visão; confrontos e transformações podem gerar efeitos radicais e duradouros na identidade e na saúde.
  • 6. Linguagem e identidade  O componente simbólico na constituição da subjetividade - falar e ser falado; a única realidade cuja consciência é indubitável é a realidade da vida cotidiana;  Não temos identidade fixa; no entanto, precisamos de um nome, uma "ficção" e, principalmente, da interação com o outro (sujeito) para sustentar nossa identidade mutável. “a linguagem marca as coordenadas de minha vida na sociedade e enche esta vida de objetos dotados de significação” Berger, P e Luckman. A construção social da realidade. Petrópolis, Vozes, 1985
  • 7. A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DO MÉDICO O ESTRESSE E OS PROFISSIONAIS DE SAÚDE A MEDICINA, OS MÉDICOS E AS CIÊNCIAS
  • 8. CONCEITO BÁSICO Quando o espírito humano tem acesso à ciência ele nunca é jovem. Na verdade é muito velho: tem a idade de seus preconceitos Gaston Bachelard
  • 9. CONCEITO BÁSICO Todos os animais pensam mas o homem é o único animal que pensa que não é animal Blaise Pascal
  • 10. “The body is both a representation and a reality, a manifestation of life, and life itself, what we are, and something we have, that through which we live and in which we live: it is raw material, tool and crucible. The body has a language with which it responds to life, and is itself a language constituted by the language it carries, which speaks through us and ultimately speaks us.”
  • 11. PRIMEIRA UNIDADE INTRODUÇÃO O CONCEITO DE ESTRESSE A História da Febre Puerperal O Estresse e os profissionais de saúde A Medicina, os Médicos e as Ciências
  • 12.  Grande número de mulheres internadas no Primeiro Serviço da Maternidade do Hospital Geral de Viena contraía, após o parto, uma doença grave, muitas vezes fatal.  Dados – parturientes internadas no Primeiro ServiçoPrimeiro Serviço que morreram da doença Em 1844 - 8,2% (260 das 3.157) Em 1845 - 6,8% Em 1846 - 11,4%  Nos mesmos anos e no mesmo hospital – os números de falecimentos no Segundo ServiçoSegundo Serviço do mesmo hospital foram: Em 1844 – 2,3% Em 1845 - 2,0% Em 1846 - 2,7% O número de parturientes atendidos nos doisO número de parturientes atendidos nos dois serviços era aproximadamente o mesmoserviços era aproximadamente o mesmo
  • 13. Explicações da época A febre puerperal seria devida a “influências epidêmicas” descritas como alterações “cósmico- telúrico-atmosféricas”; os “miasmas disseminados”. A mortalidade era devida ao excesso de parturientes no Primeiro Serviço, e por danos causados pelo exame grosseiro realizado pelos estudantes de medicina: treinados em obstetrícia apenas no Primeiro Serviço.
  • 14.  Exames e partos realizados por médicos homens: (no Primeiro Serviço) eram constrangedores para as pacientes; (no Segundo Serviço o parto era realizado por parteiras).  Local dos serviços no Hospital: (o padre que dava a extrema unção passava por todas as enfermarias do Primeiro Serviço, assustando as pacientes, o que não ocorria no Segundo Serviço). Explicações da épocaExplicações da época
  • 15. Raciocínio e metodologia  Rejeitou as explicações incompatíveis com fatos estabelecidos.  Testou as explicações com experimentos.  Formulou e testou hipóteses.  Apresentou suas conclusões. Perguntou-se  Como estas influências poderiam afetar o Primeiro Serviço e poupar o Segundo ?  E como explicar esta febre que grassava apenas no hospital (não haviam casos em Viena ou nos arredores) ? Concluiu  Uma epidemia genuína (Colera Morbus) não teria estas características (seletividade). Semmelweiss: Ignaz Philipp, (1818 - 1865), Médico Húngaro.
  • 16. Semmelweiss Observou e argumentou  Parturientes que residiam longe do Hospital, e que pariram antes de serem admitidas no Primeiro Serviço, tinham índices menores de falecimento por Febre Puerperal.  Os danos causados pelo parto eram mais extensos do que os que poderiam ser causados por um exame grosseiro e, quando o número de estudantes foi reduzido à metade e os exames reduzidos ao mínimo, a mortalidade declinou.  As parteiras (que atendiam as parturientes no Segundo Serviço) examinavam suas pacientes quase da mesma maneira, mas sem os efeitos nocivos.
  • 17. Semmelweiss Experimentou (sem obter resultados) Mudar o percurso do padre. Mudar a posição das parturientes no leito. Constatou Em 1847 um médico faleceu com os mesmos sintomas das parturientes, depois de ferir-se com o bisturi utilizado em uma autópsia. Formulou a (primeira) hipótese A “matéria cadavérica” era a causadora da infecção; os médicos e estudantes disseminavam- na por não realizarem a assepsia necessária.
  • 18. Semmelweiss A hipótese explicava as diferenças entre os serviços:  Não eram realizadas autópsias pelas parteiras no Segundo Serviço, nem nos partos que ocorriam na rua).  Porque a febre acometia apenas os récem-nascidos cujas mães tinham contraído a doença no trabalho de parto. Testou a primeira hipótese  Destruição química do material infeccioso aderido às mãos (obrigou os médicos e estudantes a lavarem as mãos com cal clorada antes de efetuarem qualquer exame).
  • 19. Semmelweiss Resultado  A mortalidade pela febre decresceu (em 1848 caiu a 1,27% no Primeiro Serviço enquanto que no Segundo Serviço os índices eram de 1,33%). Aprimorou a hipótese  Ao examinar uma paciente com um câncer cervical purulento (após ter desinfectado as mãos), não julgou necessário repetir a desinfecção: infectou as parturientes que examinou posteriormente.Concluiu que a febre também podia ser transmitida por “matéria pútrida retirada de um organismo vivo”.
  • 20. Semmelweiss Semmelweiss resistiu a divulgar o seu trabalho, limitando-se a proferir poucas conferências e seu trabalho só foi publicado em 1861, 14 anos após a sua descoberta.
  • 21. Semmelweiss  Os médicos, mais velhos e influentes, não deram atenção e credibilidade à doutrina de Semmelweis, menosprezando seu trabalho, apesar das evidências.  Seu livro "Die Ätiologie, der Begriff und die Prophylaxis des Kindbettfiebers” (“A Etiologia, a compreensão e a profilaxia da Febre Puerperal”) foi muito criticado  porque o pensamento médico preponderante ainda acreditava nas antigas concepções acerca da causa da enfermidade.
  • 22. Semmelweiss  Esta rejeição levou Semmelweiss a atacar as autoridades que se opunham ao seu ensino (foi apenas uma nova geração que fez com que a assepsia fosse adotada nos hospitais).  Semmelweis foi exonerado de seu cargo, teve uma crise nervosa e faleceu em uma instituição para doentes mentais, com uma infecção semelhante à febre puerperal.
  • 23. Tópicos para Discussão Quem era Semmelweiss ? Qualquer um de nós ?Qualquer um de nós ? Quem eram os médicos que o expulsaram ?Quem eram os médicos que o expulsaram ? Qualquer um de nós ?Qualquer um de nós ?
  • 24. A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DO MÉDICO A MEDICINA, OS MÉDICOSA MEDICINA, OS MÉDICOS EE AS CIÊNCIASAS CIÊNCIAS
  • 25. A MEDICINA E AS CIÊNCIAS  A Medicina é um campo de aplicação de inúmeras ciências.  Estas ciências têm histórias e dinâmicas diferentes (sua evolução, seus conflitos e divergências): Diferem na metodologia e nos critérios para admitir o que se pensa ser a verdade.  As descobertas científicas são testadas, aprimoradas, criticadas, ou descartadas.  Em muitos casos, aquilo que é tido como verdadeiro é mais tarde considerado apenas uma visão parcial e por vezes ingênua de uma realidade mais complexa. e, em alguns casos, o que se tinha por verdadeiro era um erro, fruto de uma perspectiva que não abrangia alguma característica essencial do que estava sendo pesquisado.
  • 26. A Medicina e os Médicos  Não costuma haver, na formação médica, espaço para estudo e reflexão sobre a natureza dos fatores que condicionam e determinam os conhecimentos científicos.  A Medicina, enquanto atividade profisional, submete o médico a toda uma série de injunções, entre outras: a opinião de outros profissionais, as linhas de atuação preconizadas por associações científicas e por regulamentos governamentais, a influência de e artigos de revistas e a propaganda de laboratórios farmacêuticos.
  • 27. Paradoxos da posição do Médico  Lida com o conhecimento científico e com sua experiência.  O que aceita e o que rejeita?  Por quais razões?  O médico é, quase sempre, apenas um usuário de um tipo de saber cujos fundamentos e limites não lhe são ensinados. e tem, pelo menos no Brasil, muita dificuldade em atualizar-se nos conceitos fundamentais das ciências das quais a Medicina se sustenta. Corre o risco de ser obrigado a preencher as lacunas de sua formação com noções oriundas de saberes não científicos (geralmente destituídos de fundamentos consistentes), que podem dar margem a atitudes de natureza antiética e preconceituosa.
  • 28. Saber, Poder e Identidade • Um profissional, que depende do saber para o exercício de sua profissão, estabelece umaestabelece uma relaçãorelação entre o queentre o que sabe e sua identidade.sabe e sua identidade. • Situações que abalem o seu sistema de referências e/ou que questionem o seu saber podem gerar crisescrises de identidadede identidade e nem sempre a solução é alicerçada em critérios éticos e/ou científicos.
  • 29. Quais podem ser as consequências ? Exemplo: A controvérsia entre os intervencionistas e osExemplo: A controvérsia entre os intervencionistas e os naturalistas em obstetrícianaturalistas em obstetrícia  A morte trágica da princesa Charlotte, a única filha de George IV, rei da Inglaterra, ilustra os perigos de deixar as coisas por conta da natureza. Em 1817, com 21 anos, a princesa entrou em trabalho de parto de seu primeiro filho.  O trabalho de parto teve início mais de duas semanas antes da data esperada e durou 50 horas. O bebê (um feto macrossômico), nasceu morto, a placenta foi removida com dificuldade e, seis horas depois, Charlotte faleceu.  Os forceps estavam à disposição mas nunca foram utilizados (e, na verdade, talvez não tivessem ajudado).  No entanto, o obstetra, Sir Richard Croft, foi muitoNo entanto, o obstetra, Sir Richard Croft, foi muito criticado e suicidou-se alguns dias depois.criticado e suicidou-se alguns dias depois.
  • 30. Quais podem ser as consequências ?  Em cada um de nósEm cada um de nós Quando nossa profissão nos exigeQuando nossa profissão nos exige • SaberSaber • FazerFazer • Saber fazerSaber fazer  Em que (e em quem) confiamos?Em que (e em quem) confiamos?  E o quanto nos custa?E o quanto nos custa?