1. 7. POLÍTICAS DE PROMOÇÃO
DO DESENVOLVIMENTO
REGIONAL
1º Ciclo em Ciências Empresariais
Docente: Anderson Galvão (arg@estg.ipp.pt)
DESENVOLVIMENTO REGIONAL
2. 2
POLÍTICAS DE PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO
REGIONAL
Pressupostos:
• As Políticas de Desenvolvimento Regional (PODR) remetem apenas para políticas públicas.
• As PODR estão essencialmente associadas a falhas de mercado, cuja intervenção vai no sentido de
atingir o ótimo social, não atingíveis pelo somatório das decisões dos agentes privados.
3. 3
Tipo de PODR
Objetivo e natureza do papel supletivo
em relação ao mercado
Paradigma - Referência
Políticas de incentivo à
mobilidade de fatores,
particularmente de capital
e de organização
• Superar efeitos da segmentação de
mercados
• Remover obstáculos à livre circulação de
fatores
• Princípio de nivelamento tendencial dos
mercados e da mobilidade reequilibradora
dos fatores em contexto de espaço
homogéneo
• A abundância/escassez relativas dos fatores
comandam a sua remuneração relativa e a
sua mobilidade.
Políticas de promoção de
bem estar material e
imaterial de territórios
• Discriminação social positiva de territórios
regulando e corrigindo insuficiências e
lacunas de mercado em matéria de bem
estar material e imaterial
• Estado-providência ou Estado-Social para os
territórios
• A equidade como valor intrínseco do
desenvolvimento regional
Políticas de mobilização e
valorização do potencial
endógeno
• Remover círculos viciosos e bloqueios à
mobilização e valorização de recursos
• Viabilização de externalidades de procura
• Desenvolvimento sustentado e abordagem
“bottom-up”
• Desenvolvimento endógeno
Tipologias de PODR, falhas de mercado e paradigmas de referência
4. 4
Tipo de PODR
Objetivo e natureza do papel supletivo
em relação ao mercado
Paradigma - Referência
Políticas de promoção e
valorização de
externalidades da
competitividade
empresarial
• Intervir no ambiente externo competitivo
das empresas
• Economias de aglomeração e conhecimento
implícito
• O meio (inovador) como ativo económico
intangível
Políticas de promoção da
competitividade territorial
• Dotação de infraestruturas produtivas
• Atratividade e conectividade
• Valorização das massas críticas de
aglomeração urbana
• Modelo das vantagens competitivas ajustado
ao território
Políticas de
robustecimento da
espessura institucional
• Proporcionar supletivamente capacidade
de iniciativa
• Learning Regions = Regiões aprendentes
Tipologias de PODR, falhas de mercado e paradigmas de referência
5. 5
POLÍTICAS DE PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO
REGIONAL
Políticas de incentivos à mobilidade dos fatores:
• Configura-se como uma intervenção corretora e reguladora das regiões, e pressupõe o deslocamento
das regiões em que são mais abundantes para as que apresentam escassez.
• Atua no sentido de diminuir o custo de capital e do investimento, incentivando-o a deslocar-se para as
regiões com menor abundância relativa deste fator.
• Podem ser complementadas por ações infraestruturais de suporte e de acolhimento à captação de
investimento exógeno aos territórios.
• A prática de incentivo à mobilidade do fator trabalho, especialmente de trabalho mais qualificado, é
menos frequente, mas remete-se para o mesmo tipo de políticas.
6. 6
POLÍTICAS DE PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO
REGIONAL
Políticas de promoção do bem-estar territorializado:
• Constituem uma extensão ao território do Estado Social ou Estado Providência.
• Estruturam-se em torno de políticas sociais dirigidas às regiões mais desfavorecidas e carenciadas em
matéria de necessidades básicas.
• Concebidas com o objetivo de reduzir as assimetrias regionais em termos de necessidades básicas,
estas políticas alargam o conceito de “públicos alvo” ao de “regiões alvo”, dirigindo os esforços no
sentido de satisfação de necessidades básicas em função do grau de assimetrias inter-regionais
existentes.
7. 7
POLÍTICAS DE PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO
REGIONAL
Políticas de mobilização e valorização do potencial endógeno das regiões:
• Correspondem às Políticas do tipo “bottom-up”.
• Tendência para encontrar alternativas para a não mobilidade do capital, ainda que positivamente
discriminado com incentivos fiscais e financeiros à sua mobilidade.
• Podem assumir variantes mais ou menos tributárias do conceito de equidade, na medida em que
respeitem mais ou menos o critério das vantagens comparativas e a necessidade de valorização
externa dos recursos endógenos mobilizados e a valorizar.
• Assentam, sobretudo, numa perspetiva compreensiva e dinâmica do processo de desenvolvimento
das regiões.
8. 8
POLÍTICAS DE PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO
REGIONAL
Políticas de promoção e valorização de externalidades da competitividade empresarial:
• Organizam-se em torno da aplicação do conceito de externalidades (economias externas) à
problemática regional e territorial em geral.
• Atua no sentido de promover o ambiente externo dinâmico das empresas e da sua competitividade.
• Representa uma importante fonte de externalidades da atividade empresarial.
• Porém, o papel destas políticas na promoção deste ambiente favorável, favorecendo e contrariando,
respetivamente, externalidades positivas e negativas, é condicionado pela existência de diferentes
modelos de articulação entre a empresa e o território.
9. 9
POLÍTICAS DE PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO
REGIONAL
Políticas de promoção e valorização de externalidades da competitividade empresarial: (cont.)
• Portanto, este tipo de PORD não se aplica generalizadamente a todas as situações.
Modelos de relação empresa - território em Portugal
• Grupos empresariais fortemente internacionalizados sem prosseguir qualquer estratégia territorializada
no país;
• PMEs inseridas de modo “clusterizado” em sistemas produtivos locais bem marcados ou em distritos
industriais;
• PMEs (ou mesmo grandes empresas) inseridas em territórios deprimidos carenciados de massa crítica
relevante de espírito empresarial;
• Empresas de serviços de base eminentemente urbana;
• Empresas ligadas à exploração e valorização de recursos naturais, com territorialização marcada pela
localização do recurso.
10. 10
POLÍTICAS DE PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO
REGIONAL
Políticas de promoção e valorização de externalidades da competitividade empresarial: (cont.)
• As PODR orientadas para a promoção de externalidades empresariais têm o seu campo
preferencial de aplicação no segundo dos casos apresentados*, sendo limitada e mesmo remota a sua
ação nos restantes casos.
*PMEs inseridas de modo “clusterizado” em sistemas produtivos locais bem marcados ou em distritos industriais
• O último dos casos considerados* pode constituir objeto preferencial das PODR em áreas
deprimidas, pois a maximização do valor acrescentado em torno da transformação de matérias
primas locais depende frequentemente da incorporação de funções e serviços, regra geral,
inexistentes nos territórios de localização natural dessas empresas.
*Empresas ligadas à exploração e valorização de recursos naturais, com territorialização marcada pela localização do
recurso.
11. 11
POLÍTICAS DE PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO
REGIONAL
Políticas de promoção da competitividade territorial:
• A promoção de externalidades e competitividade empresarial por vezes confunde-se, uma vez que a
concentração de empresas num dado território é também fonte de externalidades e competitividade.
=> Ou seja, a concentração de empresas competitivas num dado território tenderá a transformá-lo em
território também competitivo e um território dotado de externalidades positivas tenderá
simultaneamente a favorecer a competitividade das empresas nele implantados, promovendo assim a
sua própria competitividade.
12. 12
POLÍTICAS DE PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO
REGIONAL
Políticas de promoção da competitividade territorial:
• Território competitivo: é aquele que, mediante combinações pertinentes de recursos, incluindo o
conhecimento e a organização, adquire um estatuto de inimitabilidade face a outros territórios durante
um período suficientemente longo para sustentar uma estratégia de desenvolvimento.
• A procura da inimitabilidade sustentada para um território não se resume na atração de empresas
competitivas, pode dizer respeito, por exemplo, à atração de recursos qualificados, de instituições
reguladoras em domínios chave, de procura turística, de criação cultural e artística, de lazer, etc.
13. 13
POLÍTICAS DE PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO
REGIONAL
Políticas de robustecimento da “institutional thickness” (espessura institucional) das regiões:
• A convergência económica real deve ser promovida em simultâneo com aumentos sustentados de
produtividade-competitividade, pelo que a competitividade e coesão não podem ser dissociadas.
• A coesão territorial depende da própria qualidade da “governance” territorial e dos níveis de capital
social e da confiança existentes numa dada região ou território.
• A capacidade de combinar equilibradamente a coesão, eficiência, e os direitos, é acumulável mediante
processos de aprendizagem social e institucional. Daí poder falar-se em “Learning Regions”, ou seja,
regiões que acumulam experiência, conhecimento, saber-fazer para a diferenciação competitiva, seja
ela a da inovação tecnológica, a do lazer, da valorização dos recursos naturais e da paisagem, etc..
• Existe a possibilidade de políticas direcionadas para o robustecimento da “Institutional Thickness”
podendo estas revestir a forma de apoio direto ao quadro institucional, à sua diversidade, à sua
sustentação, ao seu apetrechamento técnico.
14. 14
POLÍTICAS DE PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO
REGIONAL
Políticas de desenvolvimento local:
• Local: geralmente associamos “local” à ideia de proximidade geográfica, a um espaço mais pequeno
que o “regional”, da dimensão de um concelho ou de um pequeno conjunto de concelhos e, de alguma
forma, coincidindo com uma determinada “bacia de emprego” ou com uma área de forte inter-relação
territorial entre empresas e dentro da qual ocorrem deslocações regulares casa-trabalho de um grande
número de pessoas.
• Desenvolvimento local: refere-se a processos de melhoria das condições de vida das pessoas e das
famílias que são específicos de pequenos territórios.
15. 15
POLÍTICAS DE PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO
REGIONAL
Políticas de desenvolvimento local:
Normalmente associado ao processo de desenvolvimento local estão políticas do tipo “bottom-up”
(desenvolvimento a partir de baixo ou de dentro), apesar de o espaço também se poder desenvolver a
partir de impulsos vindos “de cima” ou “de fora”, como acontece quando o processo de crescimento é
liderado por agentes económicos (públicos ou privados) de âmbito espacial supralocal (por exemplo,
quando se localiza no território uma grande empresa ou uma grande infraestrutura pública).
• Desenvolvimento “top-down”: processo de desenvolvimento é desencadeado por agentes externos
ao território (agentes de fora).
• Desenvolvimento “bottom-up”: processo de desenvolvimento é desencadeado por agentes internos
ao território (agentes de dentro).
16. 16
POLÍTICAS DE PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO
REGIONAL
Agentes no processo de desenvolvimento local:
• Administrações públicas
• Empreendedores e empresas
• Associações e agências de desenvolvimento
17. 17
DESENVOLVIMENTO REGIONAL TRANSFRONTEIRIÇO
Desenvolvimento regional transfronteiriço:
Fronteira: linha que marca o limite de um estado, ou região
Regiões de fronteira: áreas junto à linha de fronteira
Regiões fronteiriças: áreas contíguas à linha de fronteira de dois ou mais estados por ela separados.
• Fronteiras constituem, regra geral, um “muro” à livre circulação de pessoas e bens, criando
importantes disfunções espaciais, o qual pode ser mais ou menos permeável e permitir uma maior ou
menor circulação em ambos os sentidos.
18. 18
DESENVOLVIMENTO REGIONAL TRANSFRONTEIRIÇO
Desenvolvimento regional transfronteiriço:
Existem 3 tipos de fronteiras:
• Naturais – delimitadas por montanhas ou rios
• Históricas – que dividem politicamente uma zona de desenvolvimento económico sem obstáculos
• Marítimas
As fronteiras apresentam 3 caraterísticas comuns:
1. Provocam disparidades artificiais na remuneração dos fatores produtivos;
2. São fatores de distorção de polarização urbana desfavorável para os centros menos importantes;
3. São lugar de contacto repentino e abruto entre duas estruturas institucionais heterogéneas.
19. 19
DESENVOLVIMENTO REGIONAL TRANSFRONTEIRIÇO
1 - Fronteiras e o caso da U.E.
Do ponto de vista relacional, no que se refere aos tipos de fronteiras, especificamente às fronteiras
históricas, destaca-se o caso particular da abolição das fronteiras legais entre os Estados-Membros da U.E.
Consequências da abolição legal das fronteiras:
• Desativação dos pontos de fronteira, provocando a nível local, uma considerável redução do emprego
direto e indireto e, como resultado, uma diminuição nas atividades comerciais;
• Reforçaram-se as condições para a cooperação entre populações, empresários, instituições de ensino
e investigação de ambos os países vizinhos.
• Efetivamente, a abolição legal das fronteiras entre os Estados-Membros da U.E. em nada esbateu
outras tantas fronteiras reais que constituem importantes obstáculos à cooperação e ao
desenvolvimento transfronteiriço.
20. 20
DESENVOLVIMENTO REGIONAL TRANSFRONTEIRIÇO
2 - Fronteiras e obstáculos à cooperação transfronteiriça:
1. Fronteiras psicológicas e os contra-poderes (funcionam como principais barreiras à mobilidade de
recursos e de bens e serviços)
A abolição das fronteiras legais entre Estados Membros da U.E. desencadearam movimentos políticos ou
grupos de opinião, que procuram mobilizar a população (contra a abolição de fronteiras e a favor da criação
do Mercado Interno e da União Económica e Monetária) ou pressões de grupos económicos, que criam
barreiras não tarifárias com o argumento de proteger os setores chave.
21. 21
DESENVOLVIMENTO REGIONAL TRANSFRONTEIRIÇO
2. Fronteiras Económicas e Sociais
As condicionantes económicas e sociais à mobilidade transfronteiriça podem ser abordadas considerando
os seguintes pontos:
a) diferentes níveis de desenvolvimento marcam o sentido da mobilidade. No entanto pode aparecer
uma espécie de contracorrente quando se verifiquem importantes desequilíbrios intersectoriais.;
b) a mobilidade dos fatores pode encontrar alguns entraves, nomeadamente dificuldades relativas à
língua e à cultura, problemas relacionados com a habitação, relações de amizade e relações
familiares, diferentes legislações laborais e diferentes sistemas de proteção social;
c) a deficiente circulação de informação e a falta de diálogo entre empresários e sindicatos de ambos os
lados da fronteira pode estar na origem do surgimento de situações de conflito entre trabalhadores.
d) (…)
22. 22
DESENVOLVIMENTO REGIONAL TRANSFRONTEIRIÇO
3. Fronteiras institucionais
Normalmente as questões institucionais colocam-se a dois níveis: ao nível transfronteiriço e ao nível interno
(isto é, cada lado da fronteira). No caso da cooperação transfronteiriça entre Portugal e Espanha pode-se
considerar como principais obstáculos:
a) A atual centralização política e administrativa especialmente em Portugal;
b) O quase monopólio da Administração Central em matéria de relações exteriores;
c) A divergência na repartição de competências de um lado e de outro da fronteira;
d) A inexistência de estruturas institucionais vocacionadas e com experiência para a cooperação
fronteiriça.
23. 23
DESENVOLVIMENTO REGIONAL TRANSFRONTEIRIÇO
4. Fronteiras culturais e linguísticas
A cultura e a língua são os elementos mais marcantes da identidade de uma nação.
Conhecer as raízes culturais e o sistema de valores de ambos os lados da fronteira é o caminho a seguir
para atenuar os conflitos de interesses e aceitar formas diferentes de encarar a realidade sociocultural.
24. 24
DESENVOLVIMENTO REGIONAL TRANSFRONTEIRIÇO
5. Obstáculos de ordem orçamental
Uma das grandes barreiras à implementação de programas de cooperação transfronteiriça é constituída
pelas limitações orçamentais. Por um lado, os apoios concedidos pela U.E. são insuficientes, por outro
lado, a ausência de orçamentos próprios e conjuntos dos países envolvidos nessa cooperação compromete
seriamente a eficácia de qualquer programa de cooperação. => Solução: Criação de um orçamento
transfronteiriço, comum aos países separados pela mesma fronteira e geridos por uma Comissão
Transfronteiriça criada para o efeito e com poderes para tal.
25. 25
DESENVOLVIMENTO REGIONAL TRANSFRONTEIRIÇO
6. Outros obstáculos à cooperação transfronteiriça
No caso da cooperação transfronteiriça entre Portugal e Espanha outros obstáculos podem ser
considerados:
a) Níveis e ritmos de desenvolvimento desiguais;
b) Fragilidade das relações entre organizações empresariais;
c) Problemas de integração no mercado de trabalho;
d) Não aproveitamento conjunto de recursos complementares existentes de um e de outro lado da
fronteira;
e) Relação comercial entre ambas as zonas realiza-se com produtos dos mesmos ramos produtivos,
ainda que cada uma tenha uma certa especialização em termos de exportação.