2. Histórico
Drogas são desenvolvidas com velocidade admirável, provocando
epidemias e prometendo prazer intenso sem dano ou risco de
dependência.
Dependente Químico – portador de doença multicausal, que necessita
de intervenções em diversos níveis : familiar, medicamentoso,
psicoterápico, social.
4. Epidemiologia
Medicamentos sem prescrição/receita:
benzodiazepínicos (ansiolíticos)
tiveram uso na vida de 5,6%.
2,3% maior quando comparado a 2001.
Estimulantes (medicamentos
anorexígenos), o uso na vida aumentou
1,7% em comparação a 2001.
Uso frequente - uso em 6 ou mais vezes,
nos últimos 30 dias.
Uso pesado - uso em 20 ou mais vezes,
nos últimos 30 dias.
5. Início...
Geralmente inicia-se o uso de uma substancia por curiosidade e
pressão do grupo, de forma recreativa.
Não podemos desconsiderar que o prazer pelo uso de uma substancia
é intensa e única.
6. Conceitos.
Fissura – desejo intenso de usar a substância.
Binge – episódios de uso compulsivo.
Lapso – usa a substância dentro do contexto do tratamento, porém não
ocorre mudança nas atitudes do paciente: não segue as orientações
médicas, não evita a companhia de amigos usuários.
Recaída – após um período de abstinência e de mudança de atitude, o
paciente volta a usar a substância.
Tolerância – por processos de neuroadaptação, para se obter o efeito
desejado, a dose da substância é aumentada, ou seja, uma dose menor já
não faz efeito e para obtê-lo há um aumento da dose.
7. Início...
Uso nocivo- empregada pela CID-10 é definida como padrão de
uso de SPA que causa dano a saude, seja fisica ou mental.
Abuso- utilizado pela DSM-IV implica um padrão mal-adaptativo
de uso que leva a prejuízo ou sofrimento significativo do ponto
de vista social, legal, pessoal ou funcional, com relação com o
consumo.
8. Abuso
Uso de substâncias leva a um comprometimento ou sofrimento
clinicamente significativo.
Um ou mais dos seguintes critérios ocorrendo em 12 meses:
1. Uso recorrente resultando em fracasso nas obrigações importantes
no trabalho, escola ou casa.
2. Uso recorrente em situações que representam risco físico.
3. Problemas legais recorrentes relacionados à substância.
4. Uso continuado apesar de problemas.
9.
10. Dependência
Critério Diagnóstico: Três ou mais dos seguintes critérios tiverem sido
detalhados ou exibidos em algum momento do último ano (últimos 12
meses):
1 - Forte desejo ou senso de compulsão para consumir a substância;
2 – Dificuldades em controlar o comportamento de consumir a substância, em
termos de início, término e níveis de consumo;
3 - Estado de abstinência fisiológica, quando o uso da substância cessou ou
foi reduzido.
4 - Evidência de tolerância: doses crescentes são requeridas para alcançar
efeitos originalmente produzidos por doses mais baixas;
11. Dependência
5 –Aumento o tempo necessário para obter ou ingerir a substância ou
para se recuperar de seus efeitos;
6 – Uso continua, apesar da consciência do problema
físico/psicológico persistente que é causado ou exacerbado pela
substância.
Ex: uso continuado de cocaína apesar de uma depressão
Induzida pela cocaína.
Ingestão continuada de bebida apesar de que uma úlcera foi
agravada pelo consumo do álcool.
12.
13. Distúrbios induzidos por Drogas
Intoxicação:
Desenvolvimento de uma síndrome reversível específica
da droga causada pela ingestão recente.
Alterações de comportamento podem ser atribuídas aos
efeitos fisiológicos da droga ao SNC e manifestam-se
durante o uso ou logo após o mesmo.
Agressividade, labilidade do humor, nível de consciência,
coordenação, linguagem e anormalidade dos olhos;
14. Abstinência:
Desenvolvimento de uma alteração de comportamento
específica da droga, com alterações fisiológicas e cognitivas,
que se deve a cessação do uso intenso e prolongado de
uma droga, ou a uma redução do mesmo.
Associa-se geralmente à dependência a drogas
16. Fatores Predisponentes
Alguns fatores foram apontados como contribuindo para a pré-disposição, porém não há no
momento nenhuma teoria que explique a etiologia do problema.
Fatores Biológicos:
Genéticos – estudos apontam que a ocorrência de alcoolismo em
parentes de primeiro grau de alcoólatras pode ter uma frequência de
até 50%.
Bioquímicos – hipótese de que o álcool pode produzir substâncias no
cérebro que são responsáveis pela dependência, são formadas pela
reação de aminas biologicamente ativas (dopamina, serotonina) com o
acetaldeído (produto metabolismo do álcool).
17. Fatores Predisponentes
Fatores Socioculturais:
Aprendizado Social – família pode ser uma influência importante,
pais podem proporcionar um modelo para uso de drogas.
Como no indivíduo adulto em contextos de trabalho que
proporcionam muito tempo de lazer com os colegas e nos quais o
uso de bebida, por exemplo é valorizada para coesão do grupo.
Condicionamento – muitas drogas produzem uma experiência
agradável, que encoraja repeti-la. Se o ambiente que a droga for
consumida é um ambiente agradável condiciona o indivíduo a
procurar novamente.
18. CID
Os diagnósticos relacionados ao uso de substâncias psicoativas,
incluindo as bebidas alcoólicas, têm sempre a letra F seguida
por dois números, que vão de 10 a 19.
F10 - Transtornos mentais e comportamentais decorrentes do uso
de
Álcool;
F12 - Transtornos mentais e comportamentais decorrentes do uso
de canabinoides (maconha);
20. Alcoolista?
Não seria Alcoólatra?
ALCOÓLATRA:
Leva à condição de ser socialmente identificada popularmente como
“alcoólatra”, ou seja, quem “idolatra”, “adora”.
ALCOOLISTA: Esse termo foi proposto por alguns pesquisadores como uma
alternativa menos carregada de valoração, isto é, de estigma.
Preferível designar uma pessoa como alcoolista e saber que ela é, ao mesmo
tempo, muitas outras coisas, inclusive alguém que pode deixar de ser
dependente de álcool.
21. Álcool
Principal substância lícita responsável por abuso ou dependência.
Metabolizado principalmente pelo fígado.
Cerca de 20% de uma dose única são absorvidos imediatamente e
diretamente pela corrente sanguínea através da parede do
estômago.
22.
23. ABSTINÊNCIA
Inicia-se após 6 a 12 horas da última dose.
Dois tipos:
1. Não – Complicada – ANSIEDADE, TREMORES, TAQUICARDIA,
ALTERAÇÕES DA PRESSÃO ARTERIAL E SUDORESE.
1. TRATAMENTO:
Reposição hidroeletrolítica.
Uso de Benzodiazepínicos – Diazepam ou Lorazepam via oral.
Na maior parte das vezes o tratamento é ambulatorial.
24. Principais Quadros Clínicos
2. Complicada – HIPERTENSÃO ARTERIAL, SUDORESE, INQUIETAÇÃO,
CONVULSÕES, PRESENÇA DE TRANSTORNOS SENSORIAIS E PERCEPTIVOS.
3% podem evoluir para DELIRIUM TREMENS: perturbação da consciência,
confusão mental, alucinação de qualquer tipo, medo, ideias paranoides,
inquietação e agitação.
Dura de 3 a 5 dias com resolução gradual.
2. TRATAMENTO:
Internação Imediata e Intervenções de Emergência.
Caso não seja tratada de forma adequada pode evoluir para um quadro
amnéstico de intensa gravidade – SÍNDROME DE KORSAKOFF.
25. Principais Quadros Clínicos
Outro tipo de demência induzida por álcool, que não está
relacionada a deficiência de vitamina, incide em cerca de 9% dos
pacientes:
DÉFICIT DE MEMÓRIA combinado com AFASIA(fala), APRAXIA(marcha),
AGNOSIA(símbolos), PREJUÍZO DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS, ALTERAÇÕES DE
PERSONALIDADE, IRRITABILIDADE E LEVE TRANSTORNO AMNÉSTICO.
26. Tratamento
Naltrexona: eficaz no controle da fissura, resposta ruim na
manutenção da abstinência.
Acamprosato: eficaz em pacientes que voltam a beber.
Topiramato: anticonvulsivante, boa resposta na fissura.
Dissulfiram: mecanismo de ação é o bloqueio do álcool
desidrogenase, levando ao acúmulo de acetaldeído – substancia
extremamente tóxica, paciente tem que ser bem informado quanto
ao não uso do álcool.
27. INSTRUMENTO DE TRIAGEM PARA ABUSO OU
DEPENDÊNCIA
Servem como uma ferramenta de trabalho para facilitar a
identificação do tipo de intervenção necessária para a melhoria da
condição de saúde e qualidade de vida do usuário.
Entre os inúmeros instrumentos de triagem para o uso de álcool e
outras drogas no mundo e no Brasil, destacaremos três,
desenvolvidos com o apoio da Organização Mundial de Saúde.
CAGE
AUDIT
ASSIT
29. Como fazer a correção do CAGE:
Atribua um ponto para cada resposta positiva (sim) a cada
uma das perguntas;
Some os pontos das respostas;
Interpretação: dois pontos ou mais, ou seja, duas respostas
afirmativas ou mais indicam grande possibilidade de
dependência de álcool.
Apesar da facilidade, simplicidade e rapidez na utilização do
CAGE, ele apresenta uma importante limitação: somente os
dependentes mais graves são identificados com esse instrumento.
30. AUDIT
“teste para Identificação de Problemas Relacionados ao Uso de
Álcool”.
Avalia diversos níveis de uso de álcool, desde o não uso até a
provável dependência;
Avalia o uso de álcool nos últimos 12 meses;
Pode ser utilizado por toda a equipe de saúde ou assistência social
Pode ser utilizado em forma de entrevista ou autoaplicação (o
próprio paciente pode responder sozinho ao questionário);
Tempo de aplicação: 2 a 4 minutos;
32. COCAÍNA
Aumento no Brasil de 0,7% do consumo em 2005.
Estimulante, pode provocar sintomas psíquicos: aumento do
estado de vigília, euforia, sensação de bem estar, autoconfiança
elevada e aceleração do pensamento.
Aumento da frequência cardíaca, temperatura corporal e da
frequência respiratória, sudorese, tremor leve de
extremidades, espasmos musculares (língua e mandíbula),
tiques e midríase.
33. COCAÍNA
Complicações psiquiátricas: ideia de perseguição, ansiedade, agitação,
irritabilidade, agressividade, alucinações e confusão mental.
Forma mais usada é inalada, mas a forma em pedra CRACK, pode ser
fumada e injetada intravenosamente após diluição, assim como o pó.
Associada ao álcool tem um potencial agressivo maior sobre o coração.
Síndrome de dependência não tem tratamento especifico.
Paroxetina, Fluoxetina e a Sertralina podem reduzir os sintomas de
fissura.
34. MACONHA
Principal substancia ilícita usada no mundo – 4% da população
global entre 15 e 64 anos.
Sensação de relaxamento,
Alterações perceptivas e sensoriais – sons e cores,
Desintegração temporal – tempo parece se tornar mais lento.
Aumento do apetite.
Boca seca.
35. MACONHA
Pode causar dependência.
Reagudizar quadros psicóticos em pacientes esquizofrênicos.
Síndrome amotivacional:
Pouca capacidade de concentração,
Perda de interesse em realizações
Isolamento social
36. NICOTINA
O cigarro é responsável por cerca de 440 mil mortes anuais
(CDC, 2002).
A principal substância responsável pela dependência do tabaco é
a nicotina – age ativando receptores colinérgicos, liberando
acetilcolina, dopamina, noradrenalina e endorfina.
Altíssimo potencial de desenvolvimento de dependência.
37. NICOTINA
Abstinência:
Humor disfórico ou deprimido.
Insônia.
Irritabilidade, frustação ou raiva.
Dificuldade de concentração.
Inquietação.
Aumento do apetite ou peso.
Bradicardia
Angustia e despersonalização.
Tratamento:
Adesivos de nicotina, antidepressivo
Manejo psicoterápico.
38. Política de Redução de Danos
Um levantamento feito pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), ligada
ao Ministério da Saúde, em parceria com a Secretaria Nacional de
Políticas sobre Drogas (Senad).
Revelou que cerca de 370 mil brasileiros de todas as idades usaram
regularmente crack e(ou) similares (pasta base, merla e óxi) nas 26
capitais brasileiras e no Distrito Federal, ao longo de, pelo menos, seis
meses, em 2012.
Esses resultados ratificam a necessidade do fortalecimento da
estratégia de Redução de Danos.
39. Redução de Danos
Como pensar o trabalho preventivo ao uso do álcool por meio do
proibicionismo? Se + 80% dos jovens já experimentaram essa
droga?
A abordagem de Redução de Danos não tem como objetivo
principal fazer com que o usuário interrompa o uso da droga, ou
que o indivíduo nunca a experimente.
Sua preocupação é lidar com o modo como este consumo é
realizado, priorizando, especificamente, diminuir os possíveis
danos à saúde.
40. Redução de Danos
Trabalhar a prevenção na perspectiva da abordagem de Redução
de Danos é compreender que o melhor caminho para lidar com
o uso de drogas é construir, junto com o outro, possibilidades
de escolhas mais autênticas e livres, diminuindo
vulnerabilidades.
41. Referências
RODRIGUES, Mario et AL. Psiquiatria Básica. Porto Alegre: Artmed, 2007.
TOWNSEND, M. C. Enfermagem psiquiátrica: conceitos e cuidados. 3ª ed.
Rio de Janeiro:Guanabara Koogan, 2002.
CONSELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA DA 6ª REGIÃO. Álcool e outras Drogas.
São Paulo: CRPSP, 2011.