O documento discute a dependência de drogas, identificando fatores de risco como problemas psicológicos e sociais. As drogas são frequentemente usadas como "bengalas químicas" para lidar com impasses psicológicos. A dependência resulta de uma dinâmica complexa envolvendo variáveis químicas, biológicas, psicológicas e sociais.
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Dep quimica
1. Profª. Fernanda Papa de CamposProfª. Fernanda Papa de Campos
Dependência de DrogasDependência de Drogas
2.
3. Drogas e História
• O consumo de substâncias psicoativas é um
fenômeno civilizatório, ou seja, sempre existiu em
todas as culturas humanas o uso de substâncias que
alteram os estados de consciência.
• Descobrimentos arqueológicos:
– 5000 AC – vinho na região do atual Irã;
– 4000 AC – maconha (cânhamo) na China;
– 3000 AC – folhas de coca na América do Sul;
• Drogas e Movimentos Culturais:
– Surrealismo - Absinto – início Séc. XX
– Movimento Hippie – Maconha e LSD – anos
1960
4. Drogas e Mudanças Sócio-Culturais
• As características desse consumo modificaram-se
significativamente nas últimas décadas:
– colocando em risco a vida de muitas pessoas,
– sendo um dos fatores estressantes a espelhar o sistema
econômico contemporâneo e seu ciclo da sociedade de
consumo;
• As drogas lícitas e ilícitas são um dos principais
problemas de saúde pública mundial:
– As drogas, principalmente as lícitas (álcool e tabaco),
carregam os maiores índices de mortalidade, bem como os de
violência urbana e no trânsito, bem como são as primeiras
responsáveis pelo absenteísmo ao trabalho e seu custo social;
5. Drogas e Contemporaneidade
• O aumento no consumo de drogas reflete as transformações atuais
do mundo em termos de tempo-espaço, decorrente das mudanças
nas estruturas produtivas e no mercado financeiro, o que acarreta
mudanças profundas no modo de ser contemporâneo:
– Hoje a ênfase está nos valores: instantaneidade e
descartabilidade.
– Gera uma cultura do descartável, onde todas as experiências
da vida são percebidas sob essa ótica:
• Descartar valores, estilos de vida, relacionamentos, apego
a coisas, às pessoas.
6. Drogas e Contemporaneidade
• O desdobramento dessa situação é a modificação
da experiência da produção da subjetividade:
história futuro projeto de ser
Prazer imediato
Vale o “aqui e agora” vazio existencial
• Essa são as determinantes para o padrão de uso
abusivo de drogas na contemporaneidade!
7. Conceito de Drogas
O termo é utilizado para designar
todas as substâncias químicas que
alteram as funções do organismo
vivo, resultando em mudanças
fisiológicas e/ou comportamentais.
8. DROGAS - diferenças entre
Medicamento, Remédio, Droga de Abuso
MEDICAMENTO = Toda droga com utilidade terapêutica
cientificamente comprovada.
REMÉDIO = Tudo o que provoca alívio de um sinal e/ou
sintoma.
DROGA DE ABUSO = Droga utilizada com finalidade
intoxicante. Geralmente utilizada de forma descontrolada,
leva ao uso de risco ou à dependência.
O que diferencia um medicamento de um veneno é a dose em
que ele é usado!
9. Conceito Substância Psicoativas
• Toda drogaToda droga que,que, quando absorvida pelo organismo por
diferentes vias (oral, endovenosa, inalada, etc), provocam
modificações no funcionamento do Sistema Nervoso Central
(S.N.C.). Essa situação provoca mudanças no estado de
consciência e na percepção do usuário, alterando o
comportamento, o humor e/ou a cognição, uma vez que as
referidas substâncias podem atuar como depressoras,
estimulantes ou perturbadoras do S.N.C.
• Quando usadas de forma abusiva são chamadas “drogas de
abuso”.
10. Tipos de Drogas (substâncias psicoativas)
• Depressoras do SNC: drogas que inibem as funçõesdrogas que inibem as funções
psíquicas.psíquicas. Têm ação relaxante ou calmanteTêm ação relaxante ou calmante..
Exemplos: álcool, ansiolíticos (tranquilizantes),
heroína, inalantes, etc;
11. Tipos de Drogas (substâncias psicoativas)
• Estimulantes: drogas que estimulam as funções
psíquicas. Têm ação tônica, revigorante, euforizante.
Exemplos: tabaco, anfetaminas, ecstasy, cocaína,
crack, cafeína, etc;
12. Tipos de Drogas (substâncias psicoativas)
• Perturbadoras (alucinógenas): drogas que perturbam
as funções psíquicas. Têm ação confusional,
alucinógena.
Exemplos: L.S.D., maconha, chá de cogumelos, etc.
13. Drogas Lícitas e Ilícitas
• Drogas Lícitas = cujo uso é permitido legalmente =
álcool, tabaco, cafeína, inalantes, medicamentos.
Responsáveis pelo maior carga de doenças e
maior custo social entre as drogas;
• Drogas Ilícitas = cujo uso é proibido legalmente =
maconha, cocaína, crack, ecstasy, etc.
Responsáveis por significativas mudanças na
ordem social, principalmente em função do tráfico de
drogas, que é umas das principais determinantes da
violência urbana.
14. Comparação níveis de dependência entre o “I
Levantamento Domiciliar”(CEBRID, 2002) e o “II
Levantamento” (Cebrid, 2005):
Substância Dependência
Em 2001
Dependência
Em 2005
Álcool 11,2% 12,3%
Tabaco 9,0 % 10,1%
Maconha 1% 1,4 %
15. Diferenças entre uso, abuso e dependência
de substâncias psicoativas
• USO SOCIAL – uso ocasional de álcool e outras drogas,
geralmente em situações sociais; droga usada como simples
experimentação, curiosidade ou recreação;
• USO ABUSIVO (ou USO NOCIVO) – um padrão de uso de
substância psicoativa já abusivo, que está causando dano a saúde
ou à vida de relações. O dano pode ser físico (hepatite, por
exemplo), psicológico (depressão), social (problemas relacionais
na escola, família, trabalho);
• Padrão Binge
• DEPENDÊNCIA (ver critérios adiante) – 20% das pessoas que
usam abusivamente álcool e/ou outras drogas tornam-se
dependentes. Em termos de população em geral - álcool (11%) e
drogas ilícitas (1%);
16. Classificação do UsuárioClassificação do Usuário
• não usuárionão usuário
• usuário leveusuário leve
• usuário moderadousuário moderado
• usuário pesado Gravidadeusuário pesado Gravidade
17. Questão
Quais as razões que levam alguém a tornar-
se dependente de álcool ou outras drogas?
18. Critérios para dependência de
álcool e outras drogas (DSMIV)
• Um padrão mal-adaptativo de uso de substância,
levando a prejuízo ou sofrimento clinicamente
significativo, manifestado por três (ou mais) dos
seguintes critérios, ocorrendo a qualquer momento no
mesmo período de 12 meses:
1. tolerância, definida por:
(a) uma necessidade de quantidades
progressivamente maiores da substância para adquirir
a intoxicação ou efeito desejado;
(b) acentuada redução do efeito com o uso
continuado da mesma quantidade de substância;
19. Critérios para dependência de
álcool e outras drogas (DSMIV)
2. abstinência, manifestada por :
(a) síndrome de abstinência característica para cada
substância;
(b) a mesma substância (ou uma substância
estreitamente relacionada) é consumida para aliviar
ou evitar sintomas de abstinência;
3. a substância é freqüentemente consumida em maiores
quantidades ou por um período mais longo do que o
pretendido;
4. existe um desejo persistente ou esforços mal-
sucedidos no sentido de reduzir ou controlar o uso da
substância;
20. Critérios para dependência de
álcool e outras drogas (DSMIV)
5. muito tempo é gasto em atividades necessárias para a
obtenção da substância (por ex., consultas a múltiplos
médicos ou fazer longas viagens de automóvel), na
utilização da substância (por ex., fumar em grupo) ou na
recuperação dos efeitos;
6. importantes atividades sociais, ocupacionais ou
recreativas são abandonadas ou reduzidas em virtude do
uso da substância;
7. o uso da substância continua, apesar da consciência de
ter um problema físico ou psicológico persistente que
tende a ser causado ou exacerbado pela substância. É a
chamada compulsão.
22. A drogadição como fenômeno:
Variáveis
A dependência de drogas é um fenômeno composto
por um conjunto de diferentes variáveis:
Química das drogas
Especificidades do organismo
História individual Contexto social global
Personalidade Contexto social específico
Rede Sociológ
23. Quais são as determinantes do
fenômeno da dependência de drogas?
• A droga pode inicialmente ser usada como simples
experimentação, ou de forma recreativa, ou ainda
para vencer uma dificuldade psicológica simples:
soltar-se em uma festa, paquerar um(a) menino(a),
acompanhar a ação de uma pessoa próxima, incluir-
se em um grupo.
• Mas se o sujeito entra em uma dependência, gerada
por uma dinâmica psicológica de compulsão, nunca
é pela simples experimentação ou pelo simples
efeito das drogas. Na grande maioria dos casos é
para lidar com um impasse psicológico.
24. A Questão da Comorbidade
• A comorbidade ou diagnóstico duplo é a possibilidade de uma
psicopatologia vir acompanhada de outro quadro patológico, de
forma concomitante (Seibel e Toscano Jr, 2000), ou seja, é o
diagnóstico de dois ou mais transtornos psiquiátricos em um único
paciente.
• Há duas situações mais comuns envolvendo as condições diagnósticas
duplas:
– Transtorno psiquiátrico primário com subseqüente abuso de
substâncias;
– Abuso de substâncias com conseqüências psicopatológicas;
• Quadros mais comuns de comorbidade:
– esquizofrenia,
– transtornos de humor,
– transtornos de ansiedade,
– personalidade anti-social (cuidar com o exagero desse diagnóstico,
pois é necessário caracterizar o prejuízo social associado ao
consumo de substâncias);
25. Comorbidade
• A alta prevalência de comorbidades nos indica que os
impasses e sofrimentos psicológicos estão fortemente
correlacionados à dependência de drogas.
• Polêmica!!! = O transtorno psíquico é “causa ou
conseqüência” do uso de drogas?
• Pode ser ou um ou outro e, por isso, a avaliação tem de ser
criteriosamente realizada, para se fazer um diagnóstico
diferencial. Em termos práticos, deve-se realizar a
investigação da história clínica e da trajetória do padrão de
uso e de suas conseqüências, buscando verificar qual dos dois
problemas (impasse psi ou abuso de drogas) surgiu primeiro.
• Estudos tem mostrado que a predominância é a droga servir
para aliviar impasses psicológicos.
• Desdobra-se daí a teoria da droga usada como
automedicação, fortemente sustentada por pesquisas
(Pechansky e Luborsky, 2005).
26. Droga como bengala química
(automedicação)
• Sendo assim, o álcool ou outra droga serve como
bengala química para o sujeito lidar com os impasses
psicológicos resultantes de sua relação com o seu
sócio-histórico, ou mais especificamente, com a sua
rede sociológica (determinantes).
• Metaforicamente, chama-se bengala porque serve
para possibilitar alguém andar quando a perna está
quebrada, ou seja, ela oferece suporte para o sujeito
lidar com seus impasses, que são de outra ordem do
que a droga em si em mesma.
• Com isso alivia, momentaneamente, os sintomas, o
sofrimento = automedicação
27. Fatores de Risco e de Proteção
• Fatores de Risco –
Aqueles circunstâncias sociais ou pessoais que estão
associados à exposição do indivíduo a uma situação de
vulnerabilidade, ao assumir comportamentos de risco,
levando a um aumento da probabilidade do abuso de drogas.
Envolvem aspectos:
- individuais;- individuais;
- familiares;- familiares;
- escolares / trabalho;- escolares / trabalho;
- sociais;- sociais;
- relacionados à droga e sua oferta.- relacionados à droga e sua oferta.
28. Fatores de Risco e de Proteção
• Fatores de Proteção –
Os fatores de proteção são aqueles que protegem o indivíduo de
fatos que poderão fragilizá-lo física, psíquica ou socialmente,
garantindo um desenvolvimento saudável. Estes fatores reduzem,
abrandam ou eliminam as exposições aos fatores de risco, seja
reduzindo a vulnerabilidade ou aumentando a resistência aos riscos
do abuso de drogas.
Envolvem aspectos:
-- individuais;individuais;
- familiares;- familiares;
- escolares / trabalho;- escolares / trabalho;
- sociais;- sociais;
- relacionados à droga e sua oferta.- relacionados à droga e sua oferta.