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FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS – FMU
PROJETO TCC
ARTIGO CIENTÍFICO
2011
Orientador: Prof. Ms. Luciano Alves Bezerra
Orientador de Metodologia: Prof. Ms. Santiago Torrente Perez
Projeto apresentado na Disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso
como requisito básico para obtenção do grau de Bacharel em
Secretariado ExecutivoTrilíngue.
Sheila Mara Ramos de Aguiar
2
Secretariado Executivo: do Senso Comum à Ciência
Sheila Mara Ramos de Aguiar1
FMU
RESUMO
O presente artigo pretende mostrar a evolução do profissional de Secretariado
Executivo, analisar a natureza e as fontes do conhecimento, contribuir para uma
visão global e abrangente do tema em questão e verificar a relevância em propor a
teoria do conhecimento na área, para que se possa responder a perguntas do tipo
“por quê e como” e nos permita contemplar, examinar, pensar e observar para
entender a área do Secretariado. Dar continuidade aos estudos já existentes sobre o
tema, com a tentativa de desmistificar a idéia de que o Secretariado é apenas uma
área tecnicista e buscar o reconhecimento de sua intelectualidade. Com base em
pressupostos teóricos e por meio de uma pesquisa bibliográfica específicas da área,
incentivar discussões no meio acadêmico sobre o tema, gerando assim novos
estudos que possam abrandar nossas inquietudes.
Palavras-Chave: Evolução. Conhecimento. Teorização. Intelectualidade.
ABSTRACT
This article aims to show the evolution of professional Executive Secretary, to
analyze the nature and sources of knowledge, contribute to a global and
comprehensive view of the topic and check the relevance of proposing the theory of
knowledge in the area, so you can answer questions like "why and how" and allows
us to contemplate, examine, think and look to understand the area of the Secretariat.
Continue the existing studies on the subject, in an attempt to demystify the idea that
the Secretariat is just a technical area and seek recognition of their scholarship.
1
Bacharelando em Secretariado Executivo Trilíngue pelas Faculdades Metropolitanas Unidas de São Paulo -
FMUSP
3
Based on theoretical assumptions and by means of a specific literature search of the
area, encourage the academic discussions on the subject, thus generating new
studies that can mitigate our concerns.
Key Words: Evolution. Knowledge. Theorising. Intellectuality.
INTRODUÇÃO
SECRETARIADO: INÍCIO, EVOLUÇÃO E FUTURO
Nos tempos do Império Romano de Alexandre Magno, o Secretariado era exercido
por homens, conhecidos como escribas, em sua maioria, eram escravos que
também enfrentavam as batalhas. Cabia a eles registrar todos os acontecimentos,
os escritos eram feitos com uma espátula e entalhados em uma tabuinha (pequenas
placas de cera).
Segundo artigo publicado no site SINSESP – Sindicato de Secretárias de São Paulo,
na Idade Média, com a influência da igreja sobre toda a sociedade, um grupo de
escribas adotou o hábito de monges, fazendo com que, em meados do século XIV,
70% dos secretários se originassem do monastério.
A figura feminina na profissão só surgiu no tempo de Napoleão Bonaparte, ao levar
consigo uma secretária para registrar os detalhes das batalhas. Napoleão, contudo,
voltou a contratar homens para secretariá-lo após sofrer com as reclamações de sua
secretária.
Foi um executivo americano que, em 1877, após muitos ultrajes, cedeu espaço para
a primeira secretária americana. Por todo o país, houve um crescimento significativo
da presença feminina nos escritórios, que podia se observada, inclusive, na
decoração desses ambientes. Em meados de 1902, já eram em torno de 50.000
secretárias, aumento que ocorreu em virtude da mão de obra feminina ser mais
barata que a masculina. Porém, com o aumento constante da presença dessas
profissionais no mercado de trabalho, por volta de 1911, já em número suficiente,
elas se reuniram para reivindicar salários mais altos, melhores condições de trabalho
4
e outros benefícios. Essas pioneiras obtiveram resultados significativos para a
época.
Durante a Primeira Guerra Mundial, para suprir a ausência dos homens que se
alistavam ao serviço militar, elas trabalhavam como secretárias e até mesmo como
executivas, e responderam ao desafio. Por volta de 1920, já havia 1,2 milhão de
mulheres desempenhando o cargo de secretária, chegando a três milhões no início
da década de 30; nem mesmo a época da repressão impediu esse crescimento.
Seguindo a tendência da Primeira Guerra Mundial, durante a Segunda Guerra, a
procura por secretárias aumentou, tanto que, em 1940, já eram 20 milhões de
profissionais, sendo que as estatísticas da época mostravam que esse número
chegaria a 22 milhões em 1960.
Aqui no Brasil, nessa mesma época, surgiu o “Clube das Secretárias”, que algum
tempo depois se tornaria “Associação das Secretárias do Rio de Janeiro”. Após
essa, muitas outras associações foram surgindo em outros Estados e logo se sentiu
a necessidade de criar-se um órgão que as representasse em nível nacional. Em
1976, foi criada a ABES – Associação Brasileira de Entidade de Secretárias. Esses
movimentos secretariais foram crescendo e, em 20 de setembro de 1977, foi criada
a Lei no.1421/77, instituindo a data de 30 de setembro como o Dia Nacional da
Secretária.
O resultado dos movimentos, com participação ativa da ABES, foi o surgimento da
Lei nº. 6.556/78, em 5 de setembro de 1978, primeiro documento que reconhecia a
profissão de secretária; mas foi somente em 30 de setembro de 1985 que foi criada
a Lei nº. 7.377/85, em vigor até hoje, regulamentadora da profissão, tendo
significado expressiva vitória da ABES e das Associações Civis.
Desde a década de 1960, o dia a dia da secretária passou por uma grande
revolução: saiu das simples técnicas secretariais, como atender ao telefone, receber
e servir café ao visitante, datilografar, arquivar e anotar recados, e evoluiu para uma
consciência profissional e acadêmica, agregando conhecimentos específicos e
traçando um novo perfil.
5
No contexto acadêmico, estudantes de Secretariado encontrarão uma grade
curricular que poderá apresentar os seguintes assuntos: planejamento, organização,
controle, direção, empregabilidade, estrutura organizacional, consultoria, assessoria,
sistema de comunicação, elaboração de manuais, gestão estratégica, relações
humanas, marketing pessoal e profissional, entre outros.
No mundo corporativo, o profissional de Secretariado tem adquirido cada vez mais
conhecimento, suas competências se ampliam constantemente, tendo que se
remodelar a cada nova situação, nova tecnologia. Para Carvalho e Grisson (1998),
sua função exige competências técnicas e sociais, tais como:
conhecimentos de administração, planejamento, psicologia,
comunicação, liderança, marketing, finanças, informática, idiomas;
além de competências técnicas, como: capacidade de auto motivar-se;
de liderar; de relacionar-se; motivar as pessoas; resolver conflitos; de
autoconhecimento; de assumir responsabilidade; de aprender
continuamente; de ler os ruídos verbais e não verbais; aptidão para o
multiculturalismo; para relacionamentos; empatia; cooperativismo;
pontualidade e outros. (CARVALHO e GRISSON, 1998, p. 17).
OS SABERES NECESSÁRIOS
1.0 SENSO COMUM X CIÊNCIAS
1.1 Senso Comum
Segundo a Enciclopédia Livre – Wikipédia, o senso comum, na filosofia, se
caracteriza por um ato de agir e pensar, que tem raízes culturais e sociais, é um
modo do conhecimento humano. O senso comum é aprendido em nosso dia a dia, e
constitui um saber empírico, assistemático, que causa, comportamentos
preconceituosos em relação a esse saber por não ter uma história documentada.
Marilena Chaui (2000) diz que o senso comum possui algumas características
próprias: é subjetivo, ou seja, que exprime sentimentos e opiniões individuais ou de
grupos; é qualitativo, julga as coisas como grandes ou pequenas, novas ou velhas,
pesadas ou leves; generaliza, tende a reunir numa só opinião coisas e fatos julgados
semelhantes; estabelece relação de causas e efeitos. Essas características não
6
apresentam regularidade e constância, à medida que a vida vai acontecendo elas se
desenvolvem. Por ser elaborado de forma espontânea e instintiva, o grande
problema do senso comum, é centralizar-se em preconceitos com os quais
passamos a interpretar toda realidade e acontecimentos.
Para Ander-Egg (1978) o senso comum, também conhecido como conhecimento
popular, caracteriza-se por ser predominantemente:
• Superficial, isto é, conforma-se com a aparência, com aquilo que se
pode comprovar simplesmente estando junto das coisas: se expressa
por frases como “porque o vi", “porque o senti”,"porque o disseram”,
“porque todo mundo o diz";
• Sensitivo, ou seja, referente as vivências, estados de ânimo e
emoções da vida diária;
• Subjetivo, pois é o próprio sujeito que organiza suas experiências e
conhecimentos, tanto os que adquirem por vivência própria quanto os
"por ouvi dizer”;
• Assistemático, pois esta "organização" das experiências não visa a
uma sistematização das idéias, nem na forma de adquiri-las nem na
tentativa de validá-las;
• Acrítico, pois, verdadeiros ou não, a pretensão de que esses
conhecimentos o sejam não se manifesta sempre de uma forma
crítica.
Como forma de conhecimento, o senso comum pode contribuir para que a ciência
progrida, pois, a partir desse conjunto de saberes acumulados ao longo da história e
por meio do constante processo de evolução por que a humanidade passa, surge a
necessidade de pesquisar e aprofundar interpretações com o intuito de propor
soluções.
A expressão “senso comum” provavelmente foi criada pela comunidade científica
para diferenciar o cientista do cidadão comum, entretanto, segundo os próprios
cientistas, é preciso enveredar por caminhos da observação, da reflexão e da
experiência em busca do conhecimento, possibilitando maior avanço da ciência, pois
é preciso aprender a inventar soluções, abrindo portas até então fechadas. A
questão não é saber uma solução já dada, mas ser capaz de aprender novas
maneiras de sobreviver.
7
1.2 Ciência
De acordo a Enciclopédia Livre – Wikipédia a ciência é uma investigação racional,
ou estudo da natureza direcionado à descoberta da verdade, processo para avaliar o
conhecimento empírico, e um corpo organizado de conhecimentos adquiridos por
estudos e pesquisas, cabe a ela registrar o senso comum mais adequadamente.
Assim, a ciência existe para ajudar a resolver aspectos problemáticos do senso
comum, fornecendo respaldo aos questionamentos, fundamentando o
conhecimento. A aprendizagem da ciência é um processo de desenvolvimento
progressivo do senso comum. Como disse Myrdal (1969):“A ciência nada mais é que
o senso comum refinado e disciplinado.”
A ciência procura por experiências do senso comum, por pessoas que buscam
comprovar suas teorias, o homem comum protagonizando experiências que se
darão por meio de observar, argumentar e justificar.
Quaisquer pessoas, leigas ou cientistas, interessadas em qualquer atividade que
requer o pensamento e o juízo, podem interessar-se pela ciência. Porque quando
falamos em ciência às imagens que nos vêm à mente são de pessoas que inventam
coisas fantásticas, que pensam e estudam fórmulas incompreensíveis, que falam
com autoridade para quem deve ouvir e obedecer? Isso ocorre por que, segundo
Rubem Alves (1981), em A Filosofia da Ciência, a ciência se tornou inquestionável
por ter se transformado em um mito, e todo mito é perigoso, pois impede o
pensamento e constrói comportamentos. Com a expansão da ciência, a sociedade
não precisa se ver sob os traços dos “heróis” de avental branco, nem viver fascinada
pelas maravilhas do microscópio eletrônico ou do iodo radioativo. Sobre isso, Rubem
Alves disse (1981, p.12), “a ciência é uma especialização, um refinamento de
potenciais comuns a todos... é a hipertrofia de capacidades que todos têm”.
Esses potencias comuns a todos, causam satisfação no conhecer e saber próprio,
com a consciência de que o mundo em que estamos inseridos está se
transformando. Nesse sentido, parece essencial que a sociedade reconheça a
importância de se manter diante dessas mudanças com as mesmas curiosidades
quanto a qualquer novidade em sua vizinhança para que não haja dúvida da
8
amplitude e da importância dessa transformação, e conhecer o suficiente para
assegurar sua participação neste profundo e total movimento da história.
Com o movimento da história, a ciência está caminhando por campos de
conhecimento que não podem ser isolados em laboratórios, pois são conclusões de
assuntos que são impossíveis de se pensar em descobrir um mecanismo causal.
São tarefas como escriturar, governar, secretariar ou comprar que a ciência, por ser
uma atividade de ordenação, deve organizar e aplicar o rigor que lhe é inerente.
Acerca das tarefas que podem ser ordenadas pela ciência, Bronowski (1977, p.21)
diz que “... a ciência não é só racional; é também empírica...” Ser ativa é a essência
da experiência, e ciência é experiência, é uma atividade ordenada e raciocinada, por
isso é ativa. A experiência se dá por meio de tentativas de realizar qualquer ação
que teremos que fazer no mundo real, e isso quer seja no laboratório ou fora dele.
Porém, as leis da ciência mantêm-se úteis e verdadeiras e não podemos qualificá-
las como mera descrição de fatos, pois elas procuram a ordem dentro dos fatos. A
unidade interna e a coerência da ciência é que lhe dão verdade, por isso, é
imperativo e importante reconhecer o valor do trabalho dos grandes cientistas.
Portanto, não importa a diferença que separa o senso comum da ciência, ambas
estão em busca de ordem.
2.0 A EPISTEMOLOGIA E O CONHECIMENTO
2.1 Epistemologia
De origem grega, a palavra epistemologia tem origem nas seguintes raízes:
Episteme = ciência, conhecimento e Logos = discurso, teorização. É essencialmente
o estudo crítico dos princípios, das hipóteses e dos resultados das diversas ciências,
destinado a determinar sua origem lógica, seu valor e chegar a um objetivo.
(LALANDE, 1985)’.
9
Com várias designações, pode ser conceituada como uma teoria do conhecimento,
pois se preocupa em estudar a origem, os métodos e a validade do conhecimento,
atuando como “fiscalizadora da ciência”. Assim ocupa um plano central na filosofia.
As principais questões que a epistemologia estuda são: O que é o conhecimento?
Como nós o alcançamos? O que se pode conhecer? Para Nonato Jr.(2009),
o estudo da epistemologia é também um processo de
autoconhecimento, pois quando entendemos melhor como funcionam
os conhecimentos elaborados sobre a natureza, a cultura e a
sociedade; passamos a compreender melhor a nós mesmos.
Faz-se necessário entender que existem várias perspectivas, definições e conceitos
para epistemologia, sua atuação dependerá do caminho epistemológico escolhido
para o que se pretende estudar, apresentar, teorizar. Porém, isso não desvencilha a
epistemologia de algumas características das outras correntes filosóficas, pois, pela
perspectiva de interdisciplinaridade, o conhecimento se dá em conjunto.
2.2 Conhecimento
Afinal, o que é conhecimento? Para Platão (séc. IV a.C.), que é considerado um dos
fundadores da epistemologia por muitos estudiosos, o conhecimento é crença
verdadeira e justificada, em que a crença deve ser justificada, para que o
conhecimento não seja considerado falso.
Os tipos de conhecimento são o saber que, saber como e o conhecimento por
familiaridade; porém, a teoria de Platão, o saber que, conhecido também como
”conhecimento proposicional”, é o que geralmente a Epistemologia vai estudar. O
professor Carlos Pires2
explica o que é o conhecimento proposicional:
O conhecimento proposicional, como o próprio nome indica, consiste
no conhecimento de proposições. As proposições podem ser
verdadeiras ou falsas. No entanto, só podemos conhecer proposições
verdadeiras. Podemos saber que uma proposição é falsa, mas não
podemos conhecer uma proposição falsa, ou seja, podemos conhecer
a própria falsidade. Por exemplo: Sabemos que a proposição expressa
pela frase “as flores falam” é falsa, mas não podemos saber que as
flores falam. Uma proposição é falsa quando afirma algo que não
sucede, que não é o caso, que não é real. Não podemos conhecer
falsidades, pois tratando de falsidades não há “lá” nada para se
2
Carlos Pires é professor da Escola Secundária de Pinheiro e Rosa, de Faro, Portugal – www.es-pr.net/
10
conhecer. Não podemos conhecer falsidade tal como não podemos
agarrar o vazio. Não podemos saber que as flores falam, pois as flores
não falam. Uma proposição é verdadeira quando afirma que algo
sucede, que é o caso, que é real..
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Epistemologia
Referente a como o conhecimento é adquirido, consta na história da epistemologia
duas principais escolas de pensamento sobre o meio mais importante de adquirir
conhecimento, o empirismo, que, de acordo com a Enciclopédia Livre – Wikipédia é
um movimento que acredita nas experiências como únicas (ou principais)
formadoras de idéias, ou seja, que se adquire o conhecimento pelos sentidos, como
por exemplo, a visão, e os sentidos internos, como a memória, e as experiências
vividas por meio deles. Para o racionalismo, a razão é a principal fonte de
conhecimento, em que, cada uma dessas crenças pode ser aplicada em distintos
tipos de conhecimento.
Na perspectiva dessas duas principais escolas, surge a Fluência Epistemológica, em
que os estudiosos apontam para a importância do desenvolvimento da capacidade
para identificar diferentes formas de adquirir conhecimento e como utilizá-las,
respeitando a posição dos que adotam diferentes premissas epistemológicas.
Na atualidade, a complexidade das diversas áreas do conhecimento
científico provoca a existência das epistemologias, que pensam
especificamente cada um desses domínios, isto não quer dizer que
11
este tipo de epistemologia corte seus laços com a filosofia (NONATO
JR. 2009)3
.
O professor Nonato Júnior (2009) aponta ainda para a importância de iniciar uma
epistemologia em qualquer área do saber ou ciência, promovendo suporte a estas
áreas para se legitimarem social e filosoficamente, dando origem a categorias e
teorias que amparem os processos empíricos e técnicos realizados em uma
profissão.
Para isso, é necessário que haja uma compreensão epistemológica que implica em
apresentar dispositivos, estrutura simbólica e como produzir a teoria para o
entendimento do sistema de conhecimento, para que se descubra “o lugar que esta
ou aquela ciência ocupa no espaço do saber” (JAPIASSU, 1992, p.127).
Assim, percebe-se - em todas as abordagens epistemológicas
revisadas - que há necessidade de revelar muitos conhecimentos que
ficam adormecidos no fazer cotidiano de uma área de conhecimento.
Desde a elaboração das amplas estruturas de pensamento
epistemológico (BACON, 2000), proposta pela filosofia da ciência, até
a ocorrência do processo crítico propiciado em uma área por meio de
sua epistemologia crítica, entende-se a necessidade da teoria do
conhecimento. Teorizar o conhecimento permite a criação de janelas
através das quais uma determinada área do saber pode analisar as
paisagens das potências humanas, utilizando seus critérios,
paradigmas e sua peculiaridade intelectual (NONATO JR.2009, p.4)4
.
Segundo Maria José Vasconcellos5
, no século XVII, desde Descartes, houve a
divisão entre o sujeito do conhecimento, ou seja, aquele que detém o conhecimento,
e o objeto do conhecimento, aquele que será investigado, revelado e conhecido.
Assim, compete à ciência chegar ao conhecimento do objeto, e à filosofia, as
reflexões, as especulações e o estudo sobre o sujeito do conhecimento. Sobre essa
divisão entre sujeito e objeto do conhecimento Maria Vasconcelos diz que:
...desde então, a ciência tradicional, com seu paradigma de rigorosa
objetividade, não tem tido lugar para o sujeito, que deve se eclipsar
3
Raimundo Nonato Jr. Disponível em http://www.fenassec.com.br/pdf/artigos_trab_cientificos_consec_1lugar.pdf
“Por uma Teoria do Conhecimento em Secretariado”
4
Raimundo Nonato Jr. Disponível em http://www.fenassec.com.br/pdf/artigos_trab_cientificos_consec_1lugar.pdf
“Por uma Teoria do Conhecimento em Secretariado”
5
** Mestre em Psicologia, Especialista em Terapia Sistêmica de Família e de Casal. Autora dos livros “Pensamento
Sistêmico. O novo paradigma da ciência”, “Terapia Familiar Sistêmica. Bases Cibernéticas” e “Atendimento sistêmico de
Famílias e Redes Sociais” e de diversos artigos em revistas nacionais e internacionais. Terapeuta, pesquisadora.
12
para deixar falar o objeto. A ciência se desenvolveu então sem tratar
dos questionamentos sobre o sujeito, sobre sua epistemologia, sobre
seu paradigma, procurando colocar a “subjetividade do cientista entre
parênteses”. Enquanto isso, a filosofia abordava essas questões,
numa epistemologia filosófica, propondo “teorias filosóficas sobre o
observador”, ou seja, sobre o sujeito do conhecimento6
.
Maria Vasconcellos afirma que avanços recentes na ciência revelaram a
possibilidade de a própria ciência responder à pergunta epistemológica sobre a
natureza do conhecer e propor uma teoria científica sobre o sujeito do
conhecimento, ou seja, o observador. Ela cita Humberto Maturana como um dos
cientistas que se interessaram pelo observador, por isso ele trouxe o sujeito do
conhecimento para o âmbito da ciência.
A referida autora também faz menção à “Biologia do Conhecer” e cita o que
Humberto Maturana diz: "Nas interações entre os seres vivos e o meio ambiente
dentro da congruência estrutural, as perturbações do ambiente não determinam o
que acontece com o ser vivo; ao contrário é a estrutura do ser vivo que determinará
o que deverá ocorrer com ele.” (MATURANA, 2010).
Mônica Erichsen Nassif Borges7
(2003), explica a “Biologia do Conhecer” de
Humberto Maturana da seguinte maneira:
...parte da premissa de que os seres vivos são sistemas determinados
por sua estrutura, numa condição de complementaridade estrutural
entre sistema e meio. Nesse caso, o meio pode somente desencadear
uma mudança estrutural no organismo, mas não sob a forma de
interações instrutivas - informação como determinante do
conhecimento - que determinem o comportamento, mas que podem ou
não desencadear comportamentos. Essa dinâmica ocorre tanto do
meio para o organismo, quanto do organismo para o meio... A Biologia
do Conhecer, diferentemente das outras teorias cognitivas tradicionais,
considera que não se adquire conhecimento pela captação e
processamento de informação, mas conhece-se a todo instante, no
viver cotidiano. O conhecimento que se tem sobre algo é fruto da
interação congruente com este algo, em um domínio específico como
em uma empresa, uma família, um grupo de amigos. (BORGES, 2003,
p.11)
6
Extraído do Artigo de autoria de Maria José Esteves de Vasconcellos, ““Pensamento Sistêmico: uma epistemologia
científica para uma ciência novo-paradigmática”, publicado em http://www.facef.br/quartocbs/arquivos/14.pdf
7
Doutora em Ciência da Informação Professora da Escola de Ciência da Informação da UFMG
13
O trabalho desenvolvido por Humberto Maturana em laboratórios de pesquisa
biológica revela e disponibiliza por meio da ciência uma “teoria científica do
observador”, que revela como se dá o conhecimento, em que os seres vivos são
detentores de características fundamentais, ou seja, seres biológicos humanos.
A respeito dessa “teoria científica do observador”, Humberto Mariotti (1999)8
explica:
...se a vida é um processo de conhecimento, os seres vivos constroem
esse conhecimento não a partir de uma atitude passiva e sim pela
interação. Aprendem vivendo e vivem aprendendo. Essa posição,
como já vimos, é estranha a quase tudo o que nos chega por meio da
educação formal. O centro da argumentação de Maturana e Varela é
constituído por duas vertentes. A primeira, como vimos, sustenta que o
conhecimento não se limita ao processamento de informações
oriundas de um mundo anterior à experiência do observador, o qual se
apropria dele para fragmentá-lo e explorá-lo. A segunda grande linha
afirma que os seres vivos são autônomos, isto é, autoprodutores -
capazes de produzir seus próprios componentes ao interagir com o
meio: vivem no conhecimento e conhecem no viver... Maturana e
Varela mostram com abundância de exemplos e constatações, que a
subjetividade (tanto quanto a objetividade), e a qualidade (tanto quanto
a quantidade), são na verdade indispensáveis ao conhecimento e,
portanto, à ciência.
Todas as observações e estudos têm contribuído para produzir uma vasta lista de
caminhos que nos levam a compreender como adquirimos conhecimentos sobre a
ciência, filosofia, atividades humanas propostas por meio das pesquisas em
diferentes âmbitos das ciências, principalmente as ciências sociais, contribuindo na
busca das construções teóricas dos saberes, oferecendo oportunidades de reflexões
sobre o ser, o real, o existir, o observar e o conhecer.
3.0 O INTELECTUAL
Com base nessa vasta lista de caminhos que nos levam ao conhecimento, faremos
uma reflexão sobre a intelectualidade. De acordo com a Enciclopédia Livre –
Wikipédia, um intelectual é uma pessoa que usa o seu "intelecto" para estudar,
refletir ou especular acerca de ideias, de modo que este uso do seu intelecto possua
8
Médico, ensaísta e escritor. Professor e Coordenador do Centro de Desenvolvimento de Lideranças da Business School São Paulo
BSP). Conferencista nacional e internacional. Pesquisador nas áreas de complexidade pensamento sistêmico e ciência cognitiva.
Coordenador do Grupo de Estudos Contemporâneos — Complexidade, Pensamento Sistêmico e Cultura — da
Associação Palas Athena (São Paulo, Brasil).
14
uma relevância social e coletiva. Segundo Laudicéa de Souza Pinto (2006),9
é um
termo utilizado para designar “os que pensam e os que utilizam uma linguagem de
código indecifrável, etc.10
”
Porém, de acordo com a leitura de Antônio Gramsci11
(1949), que foi um estudioso
que observou o papel dos intelectuais na sociedade, todo homem que é detentor de
faculdades intelectuais e racionais é um intelectual. Afirma também que não existe
nenhuma atividade humana da qual se possa excluir de toda intervenção intelectual,
não podendo assim, separar “homo faber” do “homo sapiens”, e que,
independentemente da profissão, cada pessoa é ao seu modo “um filósofo, um
artista, um homem de gosto, participa de uma concepção de mundo, tem uma
consciente linha moral”. Ele diz que o intelectual não é o único capaz de “saber”, por
quaisquer que sejam os motivos.
O intelectual, no sentido gramsciano, é todo aquele que cumpre uma
função organizadora na sociedade e é elaborado por uma classe em
seu desenvolvimento histórico desde um tecnólogo ou um
administrador de empresas até um dirigente sindical ou partidário. Os
intelectuais tradicionais podem ser membros do clero ou academia,
por seu turno, podem tanto se vincular às classes dominadas quanto
às dominantes, adquirindo uma autonomia em relação aos interesses
imediatos das classes sociais. O chamado intelectual orgânico é
entendido como aquele que se mistura à massa levando a essa
conscientização política, ele age em meio ao povo, nas ruas, nos
partidos e sindicatos. Assim, o intelectual é tanto o acadêmico, o
jornalista, o padre, o cineasta, o ator, o locutor de rádio, o escritor
profissional, quanto o intelectual coletivo, em suma todo homem é um
intelectual em potencial. (KSTRO, 2007)12
Faz-se necessário que a concepção do intelectual tradicional seja reavaliada, com
base nas “urgências” de que surjam novas teorias, na “vontade de servir” que os
intelectuais “adormecidos” têm de expor suas proposições, analisando a relação
indivíduo/sociedade e consequentemente a relação intelectual/grupo social,
atingindo assim, talvez, a hegemonia da intelectualidade nas profissões. Hegemonia,
9
Professora do Departamento de Sociologia do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal
do Rio de janeiro.
10
Publicado em seu artigo disponível em: http://www.achegas.net/numero/onze/laudicea_pinto_11.htm
11
Foi político, cientista político, jornalista, critico literário, suas idéias notáveis foram: Filosofia da Práxis,
Hegemonia Intelectual, Intelectual Orgânico e Tradicional, Oposição Dialética entre Senso-Comum e Alta
Cultura.
12
Extraído do Artigo: Gramsci Conceitos: Intelectual,Hegemonia e Sociedade Civil. Resumido por Kmila Kstro.
15
segundo Gramsci (1978), é a capacidade de unificar por meio da ideologia e de
conservar unido um bloco social, não se restringindo ao aspecto político, mas
compreendendo um fato cultural, moral, de concepção do mundo. A hegemonia dá-
se com a conquista por meio da persuasão e do consenso, atuando também sobre o
modo de pensar e sobre as orientações ideológicas, inclusive sobre o modo de
conhecer.
Para aqueles que se perguntam sobre o seu papel e seu lugar, num país como o
Brasil, por exemplo, Laudicéia Pinto (2006) diz:
A história está “acontecendo”, e não espera pelos retardatários... Esta
relação intelectual/classe, não é uma abstração, é algo tão concreto
como um dia após o outro. E, talvez, seja esta relação o lugar que
deva o intelectual não abrir mão, independente de sua origem de
classe, e sabendo que esta trará problemas e vícios que terão que ser
resolvidos. Este lugar não é um lugar teórico, é um lugar concreto,
palpável, capaz de condicionar os instrumentos e desenvolvimento da
teoria.
4.0 Estudo de Caso: Epistemologia e Teoria do Conhecimento em Secretariado
Executivo – A Fundação das Ciências das Assessorias: Um Recorte da Evolução do
Secretariado Executivo
A evolução do conhecimento em assessoria e de seus processos históricos
demonstra que há caminhos para a instauração de uma epistemologia secretarial.
Os estudos do Professor Raimundo evidenciam os caminhos históricos do
Secretariado na escrita, na ciência, na militância política e profissional, na evolução
tecnológica, na formação social e organizacional, fazendo avançar o conhecimento
sobre a atuação do profissional de Secretariado. Essa evolução conta ainda com
vários elementos e organismos de apoio que são de suma importância para a
consolidação das Ciências das Assessorias: A FENASSEC, as associações civis,
posteriormente transformadas em sindicatos estaduais, ações como, pactos de
cooperação, acordo de cooperação internacional dos países de língua portuguesa,
conferências e densos debates internacionais sobre o conhecimento das
assessorias promovidos pelas diversas organizações existentes.
16
Nonato Jr. (2009) afirma que o desenvolvimento da história da profissão no Brasil
possibilitou a inserção do Secretariado nas universidades, bem como sua afirmação
no mundo acadêmico como área de conhecimento, sendo considerada a formação
mais completa do mundo, como destacou o jornal inglês The Guardian, em 2001:
The world’s best-trained secretaries are in Brazil, where by Law PAS
have to be registered with a government agency, and since 1985, the
title “secretary” can be achieved only after a four-year university
programme.13
A partir dessa formação acadêmica em nível de bacharelado, os cursos no país
passaram a investigar as muitas dimensões do conhecimento em Secretariado,
fazendo aos poucos as assessorias se solidificarem como área de conhecimento.
Posteriormente, com a criação das leis de regulamentação da profissão e da portaria
de enquadramento sindical, o Secretariado passou a se enquadrar como categoria
profissional diferenciada, que, segundo Almeida (2003), citado por Nonato Jr. (2009),
é a que se forma dos empregados que exercem profissões ou funções
diferenciadas por força de estatuto profissional especial ou em
consequência de condições de vida singulares.
A seguir, podemos observar a ordem cronológica das conquistas do Secretariado
que o levou a década de 1990 já com os principais documentos exigidos a uma
categoria profissional do país:
1985 – Regulamentação Profissional
1987 – Enquadramento Sindical
1987 – 1988 – Sindicatos Estaduais
1988 – Federação Nacional – FENASSEC
1989 – Código de Ética
2002 – Atualização do Secretariado na CBO e criação de outras nomenclaturas
2004 – Implantação das Diretrizes Curriculares
13
Tradução do Prof. Nonato Junior: “Os secretários com melhor formação do mundo estão no Brasil, onde por
lei o profissional deve ser registrado em agência governamental, e desde 1985, o título de “Secretário Executivo”
somente pode ser adquirido após curso universitário de quatro anos”.
17
Os anos 1990 foram marcados pela luta da afirmação das conquistas, foram
intensificados os debates profissionais em eventos específicos, acordos e
construções coletivas e o ensino superior expandiu-se, mostrando o novo lugar do
Secretariado Executivo.
Em um desses eventos, no VII Congresso Nacional de Secretariado em Manaus,
capital do Amazonas, foi aprovado um documento chamado “A Carta de Manaus”,
que tratou de diversos pontos importantes para a integração nacional da profissão.
Um dos pontos foi a unificação dos símbolos da profissão e do juramento de colação
de grau:
Simbologia do Secretariado
A pena do livro representa a história da secretária, desde o
tempo dos escribas, cuja atuação sempre esteve vinculada
ao ato de escrever. Representa o escrever secretariando e
simboliza escrevendo a própria história. A serpente
enrolada no bastão representa o Oriente, a sabedoria que pode ser usada tanto para
construir como para destruir.
Juramento para o Curso Superior e o Anel
Eu, Profissional de Secretariado Executivo, sob juramento solene, prometo:
“Exercer a profissão dentro dos princípios da ética, da integridade, da honestidade, e
da lealdade; respeitar a Constituição Federal, o Código de Ética Profissional e as
normas institucionais; buscar o aperfeiçoamento contínuo e; contribuir, com o meu
trabalho, para uma sociedade mais justa e mais humana”.
Pedra: Safira Azul, cor oficial aprovada na Plenária do VIII Consec - Congresso
Nacional de Secretariado/1992, em Manaus/AM.
A atualização do Secretariado na CBO – Classificação Brasileira de Ocupações,
levou a categoria a ter outras nomenclaturas, sendo compreendido de maneira mais
ampla no Brasil, são elas: Assessoria de Presidência, de Diretoria, Assistente,
Assessor, Auxiliar; além dos termos Executivo, Bilíngue e Trilíngue.
A CBO está dividida em Grandes Grupos (GG), o Secretariado Executivo está
classificado no Segundo Grande Grupo (GG2), que se refere ao grupo dos
Profissionais das Ciências e das Artes. A descrição das atividades do grupo, que diz
18
que suas atividades consistem em ampliar o acervo de conhecimentos científicos e
intelectuais, por meio de pesquisas; aplicar conceitos e teorias para solução de
problemas ou por meio da educação, assegurar a difusão sistemática desses
conhecimentos (Brasil 2008), nos leva a pressupor que os profissionais destas áreas
são pesquisadores e produtores de conhecimento. Nonato Jr. (2009) conclui que,
dessa forma, o Secretariado está proposto como ciência e que, a partir desse
enquadramento profissional e da estrutura profissional brasileira, o estudioso de
Secretariado em nível superior ofereça uma atuação como cientista, que investiga os
caminhos de sua profissão e de seus conceitos.
As diretrizes curriculares garantiram maior domínio de pesquisa cientifica, pois:
O curso de Secretariado Executivo deve ensejar como perfil desejado
do formado, capacitação e aptidão para compreender as questões que
envolvem sólidos domínios científicos, acadêmicos, tecnológicos e
estratégicos, específicos de seu campo de atuação, assegurando
eficaz desempenho de múltiplas funções... (Brasil, 2004)14
Demonstrar toda a evolução e conquista do Secretariado Executivo é necessário
para que se compreenda como ocorrem os conhecimentos produzidos na área de
Secretariado, o que torna fundamental a análise do conhecimento produzido nos
estudos acadêmicos e nas práticas das assessorias, em que, Nonato Jr.(2009)
afirma que surgem da Epistemologia do Secretariado Executivo. Ele afirma também
que mesmo as ciências tradicionais e as modernas foram necessárias aplicar a seu
objeto de estudo às clássicas questões filosóficas: O quê? Como? Por quê? Até
onde? Em que condições? Com que fim? Quais os limites do conhecimento? Ele
explica que a Epistemologia em Secretariado,
tem por objetivo central investigar o Secretariado enquanto área de
conhecimento, suas características, suas peculiaridades, suas filiações
históricas e teóricas, seus limites, suas potências e desafios
cognitivos, seus processos de subjetivação e relação entre
conhecimento formal e prática profissional.(NONATO JR. 2009)
14
Transcrito do Livro do Professor Nonato Jr.
19
O professor acredita que se deve procurar estabelecer uma Epistemologia
Secretarial Qualitativa, que trata de acolher formas de produção do conhecimento
específicas, por exemplo, as subjetivas.
Vejamos algumas proposições que Rey (1997) fez às Ciências Sociais em geral
citadas por Nonato Jr. que podem ser aplicadas as Ciências das Assessorias:
- Entender o caráter essencialmente interpretativo e construtivo do
conhecimento em Secretariado;
- Legitimar a história crescente da construção do conhecimento na
profissão secretarial, compreendendo as diversas fontes de
informação que convergem para a elaboração do conhecimento nesta
área;
- Trabalhar a partir de metodologias que valorizem a pluralidade
máxima do conhecimento secretarial;
- Analisar o secretariado numa perspectiva de congruência e
continuidade;
- Reconhecer, nos estudos da epistemologia secretarial, o caráter
ontológico e cognoscível da subjetividade no conhecimento das
assessorias;
- Perceber o sujeito como produtor e produto do conhecimento ao
mesmo tempo, compreendendo o cientista secretarial como unidade
complexa de saberes e possibilidades em diálogos com seu objeto de
estudo;
- Propor a epistemologia como processo permanente de caráter
aberto, a partir do qual o Secretariado possa elaborar um discurso
sobre suas práticas, técnicas e teorias, incentivando o pensamento
criativo dos pesquisadores da área (NONATO JR.2009, p.129).
Nonato Jr. afirma ser necessário um duplo entendimento sobre conceitos para que
sejam percorridos os caminhos à fundação uma área de conhecimento, são eles:
Compreender os principais conceitos já instituídos na Ciência e na
Filosofia que se relacionam com o conhecimento em geral;
Estabelecer os principais conceitos norteadores do Secretariado, por
meio de seu objeto de estudo (NONATO JR., op. cit., p.130).
Citando Foucault (1997), Nonato Jr (2009). explica que para se percorrer esses
caminhos em busca do entendimento de como funciona o sistema do conhecimento
nesta área, se faz necessário fazer uma espécie de arqueologia nos saberes em
Secretariado, assim como em outros saberes que existem na ciência, fugindo das
impressões primeiras do senso comum que estão encobertas pela falta de análise e
limitações teóricas.
20
A essas impressões, Bachelard (1992) deu o nome de “experiência primeira”, ou
seja, são as que pertencem ao domínio da opinião, são frágeis por que não foram
filtrados, ele disse:
Quando se apresenta à cultura científica, o espírito nunca é jovem. Ele
é mesmo muito velho, porque tem a idade dos seus preconceitos.
Ascender à ciência é, espiritualmente, rejuvenescer, é aceitar uma
mutação brusca que deve contradizer um passado.
Para ilustrar essas impressões do senso comum, da “experiência primeira”, o
professor Nonato Jr.(2009) cita em seu livro uma frase de um depoimento de uma
secretária de 39 anos que fez a seguinte declaração ao Jornal O Estado de São
Paulo: “Ainda existe o preconceito de achar que secretária é apenas uma doméstica
de escritório”. Essa matéria foi publicada em 1999, porém, observa-se que esse
comportamento ainda não mudou nos dias de hoje.
A generalidade imobiliza a investigação, por isso se faz necessário ultrapassar esse
primeiro obstáculo para que se chegue ao conhecimento cientifico. Nonato Jr.(2009)
diz que, para vencer esse primeiro obstáculo, citanto Bachelard (1996), que é
preciso se desvencilhar de toda impressão natural – do mundo interior como do
mundo exterior; da fantasia e do cotidiano.
Por isso, ao longo dos estudos, vimos à importância de analisar o conhecimento
produzido nas assessorias. No capítulo 5 do seu livro, Nonato Jr. (2009) descreve
como esse conhecimento se articula com outras áreas, por estarem presentes em
toda parte, desde a gestão organizacional até as práticas dos trabalhos de campo:
- Com a Administração: quando as assessorias pesquisam e
desenvolvem idéias que fazem avançar o trabalho dos gestores e das
organizações;
- Com as Ciências da Informação: ao criar novas possibilidades de
utilização dos recursos informacionais, sob o prisma do trabalho
secretarial;
- Com a Linguística e com a Comunicação: nos estudos com línguas
estrangeiras aplicadas aos negócios, comunicação gerencial e
redação de língua materna para assessores;
- Com a Filosofia: quando instaura novos campos de conhecimento a
partir de seus estudos acadêmicos, reconfigurando o espaço ético e
epistemológico das Ciências das Aplicadas nas universidades;
21
- Com as demais Ciências Humanas, Sociais e Tecnológicas: em cada
atividade acadêmica em que o papel das assessorias é divulgado para
outras áreas, havendo trocas recíprocas de experiências e
aprendizagens no contato com as ciências que se situam na fronteira
de seus interesses intelectuais. (NONATO JR. 2009, p.154)
O professor adverte para que todos os estudiosos e profissionais da área percebam
que, “o foco da demarcação do campo intelectual das Ciências da Assessoria
encontra-se em seu objeto de estudo”, conhecendo melhor o objeto de estudo,
avançando com as pesquisas e produção de teorias para que se evidencie aquilo
que as assessorias não são:
A) Sub-área de outra ciência;
B) Simples compêndio de estudos e pesquisas de base técnica;
C) Lócus de práticas domésticas e serviçais;
D) Mera instrução técnico-operacional;
E) Área de trabalho que possa se desempenhada por profissionais
sem formação ou sem foco específico;
F) Domínio desligado das práticas secretarias;
G) Ciência sem objeto de estudo definido. (NONATO JR.
op.cit.,p.155)
O recorte da evolução do Secretariado do estudo feito do livro de Nonato Jr. op.cit,
mostra maior entendimento dos fundamentos para a criação das Ciências das
Assessorias e do reconhecimento da intelectualidade desse profissional. As palavras
do professor Nonato Jr. definem nossas inquietudes:
Reduzir a potência do Secretariado às técnicas de trabalho,
confinando-o em um campo de praticismo, seria negar toda a evolução
intelectual pelo qual este conhecimento passou nas últimas décadas...
(NONATO JR. op.cit, p.136)
5.0 CONCLUSÃO
O artigo ora apresentado coloca-nos diante do desafio de instaurar mudanças nos
pensamentos e comportamentos criados pelo senso comum sobre o profissional de
Secretariado, propor soluções e aprofundar as interpretações com pesquisas para se
trilhar o caminho do reconhecimento da intelectualidade da área.
22
Como vimos, a ciência é uma área do saber que procura por experiências e
resultados empíricos, e que o saber visa não só à transformação da realidade, mas
que, o saber passa a ser adquirido pela experiência, uma aliança entre ciência e
técnica.
Segundo Bronowski (1977, p.24), “a ciência não é uma construção impessoal, não é
mais nem menos pessoal que qualquer outra forma de pensamento comunicado”.
Assim, este trabalho ora apresentado não é menos científico por ter o estilo pessoal
desta autora. Toma-se consciência de que, em alguma parte no meio de válvulas,
fórmulas e rebrilhantes provetas, há um conteúdo, uma nova cultura, permitindo
contemplar para além do nosso interesse individual, mas, há o fértil campo do
conhecimento.
Toda a evolução e conquistas mostradas até aqui revelam que há grande demanda
para que haja a elaboração de uma Teoria do Conhecimento em Secretariado, o que
trará o amadurecimento do saber das assessorias em âmbito acadêmico e um
significado muito maior pela fundação das Ciências da Assessoria. O profissional de
Secretariado tem uma vasta lista de experiências para oferecer como objeto de
estudos que servirão de caminho para fundamentar a teorização do conhecimento
da área. Apresentar suas experiências profissionais e teóricas para que a ciência
faça a ordenação das atividades e conhecimentos da área secretarial, caminhando
para o refinamento dos pensamentos do senso comum relativos à área do
Secretariado.
Se pesquisas são aplicadas em várias áreas como sociologia, ciência política, e em
disciplinas administrativas operacionais como marketing, logística, também podem
ser aplicadas no Secretariado. Esse é um dos caminhos para fomentar o diálogo
entre a epistemologia e as ações de campo do secretariado, dado que a
epistemologia pode influir no desenvolvimento da perspectiva de teorização da área.
Tentar fazer inferências válidas a partir do estudo detalhado de eventos que não são
desenvolvidos em um laboratório, mas no contexto da vida social e institucional,
valorizando assim o sujeito do conhecimento, nesse caso, o profissional de
Secretariado.
23
A teoria cientifica do observador de Maturana (2010) se adéqua perfeitamente ao
Secretariado quando afirma que os seres vivos são autoprodutores, capazes de
produzir seus próprios componentes ao interagir com o meio, “vivem no
conhecimento e conhecem o viver”, constatação indispensável ao conhecimento,
portanto, à ciência é totalmente inerente ao Secretariado.
A experiência cotidiana pode contribuir para dar visibilidade e importância aos
diversos “mundos”, as diferentes culturas e a multiplicidade dos saberes.
Não é a filosofia uma das ciências mais antigas da humanidade e que tem por
objetivo satisfazer a eterna busca do homem pela verdade? E, em sendo o homem o
objeto de estudo da ciência humana, que trata primeiramente aspectos humanos, o
que nos impede de filosofar sobre a fundação das ciências das assessorias
transformando-a numa ciência humana? Com base em todas as teorias e correntes
de pensamentos existentes, e conhecendo o universo dessa profissão, vemos a
possibilidade de teorização da área, a Epistemologia do Conhecimento em
Secretariado Executivo.
Nonato Jr. (2009) diz que “não há mais como conceber o atual domínio das
assessorias apenas como área de estudos técnicos” e que se há uma ciência que
rege o fazer e o saber da área do Secretariado, onde isso está escrito? O professor
chama essa falta de teorização sobre o conhecimento da aérea de “silêncio
epistemológico”, que, segundo ele, instaura um “vazio” em muitas relações de
identidade e legitimidade do conhecimento produzido pelo Secretariado Executivo, e
faz uma analogia interessante:
É como uma música cuja partitura ainda não foi escrita, mas que a
melodia já é cantarolada fragmentariamente, um pouco aqui, outro
acolá. A repetição constante dos fragmentos dessa melodia faz com
que a música pareça conhecida. Então, todos perguntam: Qual é
mesmo esta música? Onde está escrita para que possamos cantá-la
por completo? (NONATO JR. 2009, p.127)
A FENASSEC publicou em seu site, carta aberta da Sociedade Brasileira de
Secretriado, onde informa que, por ocasião do II ENASEC (Encontro Nacional
Acadêmico de Secretariado Executivo) realizado na Universidade de Passo Fundo
24
no dia 21.10.2011, foi fundada a Sociedade Brasileira de Secretariado (SBSEC),
com a finalidade de promover o ensino de pós-graduação e o desenvolvimento da
pesquisa cientifica em Secretariado. A meta dessa sociedade é que o Secretariado
seja reconhecido como área de conhecimento pelos órgãos de fomento de pesquisa
cientifica, incluindo o CNPq.
Com mais esse avanço, espera-se que o “vazio” do “silêncio epistemológico” do
Secretariado Executivo seja em breve preenchido.
REFERÊNCIAS
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carapinha.blogspot.com/2008/02/evoluo.html - Acesso em 06/Jun/2011
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Secretariado executivo do senso comum a ciência

  • 1. 1 FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS – FMU PROJETO TCC ARTIGO CIENTÍFICO 2011 Orientador: Prof. Ms. Luciano Alves Bezerra Orientador de Metodologia: Prof. Ms. Santiago Torrente Perez Projeto apresentado na Disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso como requisito básico para obtenção do grau de Bacharel em Secretariado ExecutivoTrilíngue. Sheila Mara Ramos de Aguiar
  • 2. 2 Secretariado Executivo: do Senso Comum à Ciência Sheila Mara Ramos de Aguiar1 FMU RESUMO O presente artigo pretende mostrar a evolução do profissional de Secretariado Executivo, analisar a natureza e as fontes do conhecimento, contribuir para uma visão global e abrangente do tema em questão e verificar a relevância em propor a teoria do conhecimento na área, para que se possa responder a perguntas do tipo “por quê e como” e nos permita contemplar, examinar, pensar e observar para entender a área do Secretariado. Dar continuidade aos estudos já existentes sobre o tema, com a tentativa de desmistificar a idéia de que o Secretariado é apenas uma área tecnicista e buscar o reconhecimento de sua intelectualidade. Com base em pressupostos teóricos e por meio de uma pesquisa bibliográfica específicas da área, incentivar discussões no meio acadêmico sobre o tema, gerando assim novos estudos que possam abrandar nossas inquietudes. Palavras-Chave: Evolução. Conhecimento. Teorização. Intelectualidade. ABSTRACT This article aims to show the evolution of professional Executive Secretary, to analyze the nature and sources of knowledge, contribute to a global and comprehensive view of the topic and check the relevance of proposing the theory of knowledge in the area, so you can answer questions like "why and how" and allows us to contemplate, examine, think and look to understand the area of the Secretariat. Continue the existing studies on the subject, in an attempt to demystify the idea that the Secretariat is just a technical area and seek recognition of their scholarship. 1 Bacharelando em Secretariado Executivo Trilíngue pelas Faculdades Metropolitanas Unidas de São Paulo - FMUSP
  • 3. 3 Based on theoretical assumptions and by means of a specific literature search of the area, encourage the academic discussions on the subject, thus generating new studies that can mitigate our concerns. Key Words: Evolution. Knowledge. Theorising. Intellectuality. INTRODUÇÃO SECRETARIADO: INÍCIO, EVOLUÇÃO E FUTURO Nos tempos do Império Romano de Alexandre Magno, o Secretariado era exercido por homens, conhecidos como escribas, em sua maioria, eram escravos que também enfrentavam as batalhas. Cabia a eles registrar todos os acontecimentos, os escritos eram feitos com uma espátula e entalhados em uma tabuinha (pequenas placas de cera). Segundo artigo publicado no site SINSESP – Sindicato de Secretárias de São Paulo, na Idade Média, com a influência da igreja sobre toda a sociedade, um grupo de escribas adotou o hábito de monges, fazendo com que, em meados do século XIV, 70% dos secretários se originassem do monastério. A figura feminina na profissão só surgiu no tempo de Napoleão Bonaparte, ao levar consigo uma secretária para registrar os detalhes das batalhas. Napoleão, contudo, voltou a contratar homens para secretariá-lo após sofrer com as reclamações de sua secretária. Foi um executivo americano que, em 1877, após muitos ultrajes, cedeu espaço para a primeira secretária americana. Por todo o país, houve um crescimento significativo da presença feminina nos escritórios, que podia se observada, inclusive, na decoração desses ambientes. Em meados de 1902, já eram em torno de 50.000 secretárias, aumento que ocorreu em virtude da mão de obra feminina ser mais barata que a masculina. Porém, com o aumento constante da presença dessas profissionais no mercado de trabalho, por volta de 1911, já em número suficiente, elas se reuniram para reivindicar salários mais altos, melhores condições de trabalho
  • 4. 4 e outros benefícios. Essas pioneiras obtiveram resultados significativos para a época. Durante a Primeira Guerra Mundial, para suprir a ausência dos homens que se alistavam ao serviço militar, elas trabalhavam como secretárias e até mesmo como executivas, e responderam ao desafio. Por volta de 1920, já havia 1,2 milhão de mulheres desempenhando o cargo de secretária, chegando a três milhões no início da década de 30; nem mesmo a época da repressão impediu esse crescimento. Seguindo a tendência da Primeira Guerra Mundial, durante a Segunda Guerra, a procura por secretárias aumentou, tanto que, em 1940, já eram 20 milhões de profissionais, sendo que as estatísticas da época mostravam que esse número chegaria a 22 milhões em 1960. Aqui no Brasil, nessa mesma época, surgiu o “Clube das Secretárias”, que algum tempo depois se tornaria “Associação das Secretárias do Rio de Janeiro”. Após essa, muitas outras associações foram surgindo em outros Estados e logo se sentiu a necessidade de criar-se um órgão que as representasse em nível nacional. Em 1976, foi criada a ABES – Associação Brasileira de Entidade de Secretárias. Esses movimentos secretariais foram crescendo e, em 20 de setembro de 1977, foi criada a Lei no.1421/77, instituindo a data de 30 de setembro como o Dia Nacional da Secretária. O resultado dos movimentos, com participação ativa da ABES, foi o surgimento da Lei nº. 6.556/78, em 5 de setembro de 1978, primeiro documento que reconhecia a profissão de secretária; mas foi somente em 30 de setembro de 1985 que foi criada a Lei nº. 7.377/85, em vigor até hoje, regulamentadora da profissão, tendo significado expressiva vitória da ABES e das Associações Civis. Desde a década de 1960, o dia a dia da secretária passou por uma grande revolução: saiu das simples técnicas secretariais, como atender ao telefone, receber e servir café ao visitante, datilografar, arquivar e anotar recados, e evoluiu para uma consciência profissional e acadêmica, agregando conhecimentos específicos e traçando um novo perfil.
  • 5. 5 No contexto acadêmico, estudantes de Secretariado encontrarão uma grade curricular que poderá apresentar os seguintes assuntos: planejamento, organização, controle, direção, empregabilidade, estrutura organizacional, consultoria, assessoria, sistema de comunicação, elaboração de manuais, gestão estratégica, relações humanas, marketing pessoal e profissional, entre outros. No mundo corporativo, o profissional de Secretariado tem adquirido cada vez mais conhecimento, suas competências se ampliam constantemente, tendo que se remodelar a cada nova situação, nova tecnologia. Para Carvalho e Grisson (1998), sua função exige competências técnicas e sociais, tais como: conhecimentos de administração, planejamento, psicologia, comunicação, liderança, marketing, finanças, informática, idiomas; além de competências técnicas, como: capacidade de auto motivar-se; de liderar; de relacionar-se; motivar as pessoas; resolver conflitos; de autoconhecimento; de assumir responsabilidade; de aprender continuamente; de ler os ruídos verbais e não verbais; aptidão para o multiculturalismo; para relacionamentos; empatia; cooperativismo; pontualidade e outros. (CARVALHO e GRISSON, 1998, p. 17). OS SABERES NECESSÁRIOS 1.0 SENSO COMUM X CIÊNCIAS 1.1 Senso Comum Segundo a Enciclopédia Livre – Wikipédia, o senso comum, na filosofia, se caracteriza por um ato de agir e pensar, que tem raízes culturais e sociais, é um modo do conhecimento humano. O senso comum é aprendido em nosso dia a dia, e constitui um saber empírico, assistemático, que causa, comportamentos preconceituosos em relação a esse saber por não ter uma história documentada. Marilena Chaui (2000) diz que o senso comum possui algumas características próprias: é subjetivo, ou seja, que exprime sentimentos e opiniões individuais ou de grupos; é qualitativo, julga as coisas como grandes ou pequenas, novas ou velhas, pesadas ou leves; generaliza, tende a reunir numa só opinião coisas e fatos julgados semelhantes; estabelece relação de causas e efeitos. Essas características não
  • 6. 6 apresentam regularidade e constância, à medida que a vida vai acontecendo elas se desenvolvem. Por ser elaborado de forma espontânea e instintiva, o grande problema do senso comum, é centralizar-se em preconceitos com os quais passamos a interpretar toda realidade e acontecimentos. Para Ander-Egg (1978) o senso comum, também conhecido como conhecimento popular, caracteriza-se por ser predominantemente: • Superficial, isto é, conforma-se com a aparência, com aquilo que se pode comprovar simplesmente estando junto das coisas: se expressa por frases como “porque o vi", “porque o senti”,"porque o disseram”, “porque todo mundo o diz"; • Sensitivo, ou seja, referente as vivências, estados de ânimo e emoções da vida diária; • Subjetivo, pois é o próprio sujeito que organiza suas experiências e conhecimentos, tanto os que adquirem por vivência própria quanto os "por ouvi dizer”; • Assistemático, pois esta "organização" das experiências não visa a uma sistematização das idéias, nem na forma de adquiri-las nem na tentativa de validá-las; • Acrítico, pois, verdadeiros ou não, a pretensão de que esses conhecimentos o sejam não se manifesta sempre de uma forma crítica. Como forma de conhecimento, o senso comum pode contribuir para que a ciência progrida, pois, a partir desse conjunto de saberes acumulados ao longo da história e por meio do constante processo de evolução por que a humanidade passa, surge a necessidade de pesquisar e aprofundar interpretações com o intuito de propor soluções. A expressão “senso comum” provavelmente foi criada pela comunidade científica para diferenciar o cientista do cidadão comum, entretanto, segundo os próprios cientistas, é preciso enveredar por caminhos da observação, da reflexão e da experiência em busca do conhecimento, possibilitando maior avanço da ciência, pois é preciso aprender a inventar soluções, abrindo portas até então fechadas. A questão não é saber uma solução já dada, mas ser capaz de aprender novas maneiras de sobreviver.
  • 7. 7 1.2 Ciência De acordo a Enciclopédia Livre – Wikipédia a ciência é uma investigação racional, ou estudo da natureza direcionado à descoberta da verdade, processo para avaliar o conhecimento empírico, e um corpo organizado de conhecimentos adquiridos por estudos e pesquisas, cabe a ela registrar o senso comum mais adequadamente. Assim, a ciência existe para ajudar a resolver aspectos problemáticos do senso comum, fornecendo respaldo aos questionamentos, fundamentando o conhecimento. A aprendizagem da ciência é um processo de desenvolvimento progressivo do senso comum. Como disse Myrdal (1969):“A ciência nada mais é que o senso comum refinado e disciplinado.” A ciência procura por experiências do senso comum, por pessoas que buscam comprovar suas teorias, o homem comum protagonizando experiências que se darão por meio de observar, argumentar e justificar. Quaisquer pessoas, leigas ou cientistas, interessadas em qualquer atividade que requer o pensamento e o juízo, podem interessar-se pela ciência. Porque quando falamos em ciência às imagens que nos vêm à mente são de pessoas que inventam coisas fantásticas, que pensam e estudam fórmulas incompreensíveis, que falam com autoridade para quem deve ouvir e obedecer? Isso ocorre por que, segundo Rubem Alves (1981), em A Filosofia da Ciência, a ciência se tornou inquestionável por ter se transformado em um mito, e todo mito é perigoso, pois impede o pensamento e constrói comportamentos. Com a expansão da ciência, a sociedade não precisa se ver sob os traços dos “heróis” de avental branco, nem viver fascinada pelas maravilhas do microscópio eletrônico ou do iodo radioativo. Sobre isso, Rubem Alves disse (1981, p.12), “a ciência é uma especialização, um refinamento de potenciais comuns a todos... é a hipertrofia de capacidades que todos têm”. Esses potencias comuns a todos, causam satisfação no conhecer e saber próprio, com a consciência de que o mundo em que estamos inseridos está se transformando. Nesse sentido, parece essencial que a sociedade reconheça a importância de se manter diante dessas mudanças com as mesmas curiosidades quanto a qualquer novidade em sua vizinhança para que não haja dúvida da
  • 8. 8 amplitude e da importância dessa transformação, e conhecer o suficiente para assegurar sua participação neste profundo e total movimento da história. Com o movimento da história, a ciência está caminhando por campos de conhecimento que não podem ser isolados em laboratórios, pois são conclusões de assuntos que são impossíveis de se pensar em descobrir um mecanismo causal. São tarefas como escriturar, governar, secretariar ou comprar que a ciência, por ser uma atividade de ordenação, deve organizar e aplicar o rigor que lhe é inerente. Acerca das tarefas que podem ser ordenadas pela ciência, Bronowski (1977, p.21) diz que “... a ciência não é só racional; é também empírica...” Ser ativa é a essência da experiência, e ciência é experiência, é uma atividade ordenada e raciocinada, por isso é ativa. A experiência se dá por meio de tentativas de realizar qualquer ação que teremos que fazer no mundo real, e isso quer seja no laboratório ou fora dele. Porém, as leis da ciência mantêm-se úteis e verdadeiras e não podemos qualificá- las como mera descrição de fatos, pois elas procuram a ordem dentro dos fatos. A unidade interna e a coerência da ciência é que lhe dão verdade, por isso, é imperativo e importante reconhecer o valor do trabalho dos grandes cientistas. Portanto, não importa a diferença que separa o senso comum da ciência, ambas estão em busca de ordem. 2.0 A EPISTEMOLOGIA E O CONHECIMENTO 2.1 Epistemologia De origem grega, a palavra epistemologia tem origem nas seguintes raízes: Episteme = ciência, conhecimento e Logos = discurso, teorização. É essencialmente o estudo crítico dos princípios, das hipóteses e dos resultados das diversas ciências, destinado a determinar sua origem lógica, seu valor e chegar a um objetivo. (LALANDE, 1985)’.
  • 9. 9 Com várias designações, pode ser conceituada como uma teoria do conhecimento, pois se preocupa em estudar a origem, os métodos e a validade do conhecimento, atuando como “fiscalizadora da ciência”. Assim ocupa um plano central na filosofia. As principais questões que a epistemologia estuda são: O que é o conhecimento? Como nós o alcançamos? O que se pode conhecer? Para Nonato Jr.(2009), o estudo da epistemologia é também um processo de autoconhecimento, pois quando entendemos melhor como funcionam os conhecimentos elaborados sobre a natureza, a cultura e a sociedade; passamos a compreender melhor a nós mesmos. Faz-se necessário entender que existem várias perspectivas, definições e conceitos para epistemologia, sua atuação dependerá do caminho epistemológico escolhido para o que se pretende estudar, apresentar, teorizar. Porém, isso não desvencilha a epistemologia de algumas características das outras correntes filosóficas, pois, pela perspectiva de interdisciplinaridade, o conhecimento se dá em conjunto. 2.2 Conhecimento Afinal, o que é conhecimento? Para Platão (séc. IV a.C.), que é considerado um dos fundadores da epistemologia por muitos estudiosos, o conhecimento é crença verdadeira e justificada, em que a crença deve ser justificada, para que o conhecimento não seja considerado falso. Os tipos de conhecimento são o saber que, saber como e o conhecimento por familiaridade; porém, a teoria de Platão, o saber que, conhecido também como ”conhecimento proposicional”, é o que geralmente a Epistemologia vai estudar. O professor Carlos Pires2 explica o que é o conhecimento proposicional: O conhecimento proposicional, como o próprio nome indica, consiste no conhecimento de proposições. As proposições podem ser verdadeiras ou falsas. No entanto, só podemos conhecer proposições verdadeiras. Podemos saber que uma proposição é falsa, mas não podemos conhecer uma proposição falsa, ou seja, podemos conhecer a própria falsidade. Por exemplo: Sabemos que a proposição expressa pela frase “as flores falam” é falsa, mas não podemos saber que as flores falam. Uma proposição é falsa quando afirma algo que não sucede, que não é o caso, que não é real. Não podemos conhecer falsidades, pois tratando de falsidades não há “lá” nada para se 2 Carlos Pires é professor da Escola Secundária de Pinheiro e Rosa, de Faro, Portugal – www.es-pr.net/
  • 10. 10 conhecer. Não podemos conhecer falsidade tal como não podemos agarrar o vazio. Não podemos saber que as flores falam, pois as flores não falam. Uma proposição é verdadeira quando afirma que algo sucede, que é o caso, que é real.. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Epistemologia Referente a como o conhecimento é adquirido, consta na história da epistemologia duas principais escolas de pensamento sobre o meio mais importante de adquirir conhecimento, o empirismo, que, de acordo com a Enciclopédia Livre – Wikipédia é um movimento que acredita nas experiências como únicas (ou principais) formadoras de idéias, ou seja, que se adquire o conhecimento pelos sentidos, como por exemplo, a visão, e os sentidos internos, como a memória, e as experiências vividas por meio deles. Para o racionalismo, a razão é a principal fonte de conhecimento, em que, cada uma dessas crenças pode ser aplicada em distintos tipos de conhecimento. Na perspectiva dessas duas principais escolas, surge a Fluência Epistemológica, em que os estudiosos apontam para a importância do desenvolvimento da capacidade para identificar diferentes formas de adquirir conhecimento e como utilizá-las, respeitando a posição dos que adotam diferentes premissas epistemológicas. Na atualidade, a complexidade das diversas áreas do conhecimento científico provoca a existência das epistemologias, que pensam especificamente cada um desses domínios, isto não quer dizer que
  • 11. 11 este tipo de epistemologia corte seus laços com a filosofia (NONATO JR. 2009)3 . O professor Nonato Júnior (2009) aponta ainda para a importância de iniciar uma epistemologia em qualquer área do saber ou ciência, promovendo suporte a estas áreas para se legitimarem social e filosoficamente, dando origem a categorias e teorias que amparem os processos empíricos e técnicos realizados em uma profissão. Para isso, é necessário que haja uma compreensão epistemológica que implica em apresentar dispositivos, estrutura simbólica e como produzir a teoria para o entendimento do sistema de conhecimento, para que se descubra “o lugar que esta ou aquela ciência ocupa no espaço do saber” (JAPIASSU, 1992, p.127). Assim, percebe-se - em todas as abordagens epistemológicas revisadas - que há necessidade de revelar muitos conhecimentos que ficam adormecidos no fazer cotidiano de uma área de conhecimento. Desde a elaboração das amplas estruturas de pensamento epistemológico (BACON, 2000), proposta pela filosofia da ciência, até a ocorrência do processo crítico propiciado em uma área por meio de sua epistemologia crítica, entende-se a necessidade da teoria do conhecimento. Teorizar o conhecimento permite a criação de janelas através das quais uma determinada área do saber pode analisar as paisagens das potências humanas, utilizando seus critérios, paradigmas e sua peculiaridade intelectual (NONATO JR.2009, p.4)4 . Segundo Maria José Vasconcellos5 , no século XVII, desde Descartes, houve a divisão entre o sujeito do conhecimento, ou seja, aquele que detém o conhecimento, e o objeto do conhecimento, aquele que será investigado, revelado e conhecido. Assim, compete à ciência chegar ao conhecimento do objeto, e à filosofia, as reflexões, as especulações e o estudo sobre o sujeito do conhecimento. Sobre essa divisão entre sujeito e objeto do conhecimento Maria Vasconcelos diz que: ...desde então, a ciência tradicional, com seu paradigma de rigorosa objetividade, não tem tido lugar para o sujeito, que deve se eclipsar 3 Raimundo Nonato Jr. Disponível em http://www.fenassec.com.br/pdf/artigos_trab_cientificos_consec_1lugar.pdf “Por uma Teoria do Conhecimento em Secretariado” 4 Raimundo Nonato Jr. Disponível em http://www.fenassec.com.br/pdf/artigos_trab_cientificos_consec_1lugar.pdf “Por uma Teoria do Conhecimento em Secretariado” 5 ** Mestre em Psicologia, Especialista em Terapia Sistêmica de Família e de Casal. Autora dos livros “Pensamento Sistêmico. O novo paradigma da ciência”, “Terapia Familiar Sistêmica. Bases Cibernéticas” e “Atendimento sistêmico de Famílias e Redes Sociais” e de diversos artigos em revistas nacionais e internacionais. Terapeuta, pesquisadora.
  • 12. 12 para deixar falar o objeto. A ciência se desenvolveu então sem tratar dos questionamentos sobre o sujeito, sobre sua epistemologia, sobre seu paradigma, procurando colocar a “subjetividade do cientista entre parênteses”. Enquanto isso, a filosofia abordava essas questões, numa epistemologia filosófica, propondo “teorias filosóficas sobre o observador”, ou seja, sobre o sujeito do conhecimento6 . Maria Vasconcellos afirma que avanços recentes na ciência revelaram a possibilidade de a própria ciência responder à pergunta epistemológica sobre a natureza do conhecer e propor uma teoria científica sobre o sujeito do conhecimento, ou seja, o observador. Ela cita Humberto Maturana como um dos cientistas que se interessaram pelo observador, por isso ele trouxe o sujeito do conhecimento para o âmbito da ciência. A referida autora também faz menção à “Biologia do Conhecer” e cita o que Humberto Maturana diz: "Nas interações entre os seres vivos e o meio ambiente dentro da congruência estrutural, as perturbações do ambiente não determinam o que acontece com o ser vivo; ao contrário é a estrutura do ser vivo que determinará o que deverá ocorrer com ele.” (MATURANA, 2010). Mônica Erichsen Nassif Borges7 (2003), explica a “Biologia do Conhecer” de Humberto Maturana da seguinte maneira: ...parte da premissa de que os seres vivos são sistemas determinados por sua estrutura, numa condição de complementaridade estrutural entre sistema e meio. Nesse caso, o meio pode somente desencadear uma mudança estrutural no organismo, mas não sob a forma de interações instrutivas - informação como determinante do conhecimento - que determinem o comportamento, mas que podem ou não desencadear comportamentos. Essa dinâmica ocorre tanto do meio para o organismo, quanto do organismo para o meio... A Biologia do Conhecer, diferentemente das outras teorias cognitivas tradicionais, considera que não se adquire conhecimento pela captação e processamento de informação, mas conhece-se a todo instante, no viver cotidiano. O conhecimento que se tem sobre algo é fruto da interação congruente com este algo, em um domínio específico como em uma empresa, uma família, um grupo de amigos. (BORGES, 2003, p.11) 6 Extraído do Artigo de autoria de Maria José Esteves de Vasconcellos, ““Pensamento Sistêmico: uma epistemologia científica para uma ciência novo-paradigmática”, publicado em http://www.facef.br/quartocbs/arquivos/14.pdf 7 Doutora em Ciência da Informação Professora da Escola de Ciência da Informação da UFMG
  • 13. 13 O trabalho desenvolvido por Humberto Maturana em laboratórios de pesquisa biológica revela e disponibiliza por meio da ciência uma “teoria científica do observador”, que revela como se dá o conhecimento, em que os seres vivos são detentores de características fundamentais, ou seja, seres biológicos humanos. A respeito dessa “teoria científica do observador”, Humberto Mariotti (1999)8 explica: ...se a vida é um processo de conhecimento, os seres vivos constroem esse conhecimento não a partir de uma atitude passiva e sim pela interação. Aprendem vivendo e vivem aprendendo. Essa posição, como já vimos, é estranha a quase tudo o que nos chega por meio da educação formal. O centro da argumentação de Maturana e Varela é constituído por duas vertentes. A primeira, como vimos, sustenta que o conhecimento não se limita ao processamento de informações oriundas de um mundo anterior à experiência do observador, o qual se apropria dele para fragmentá-lo e explorá-lo. A segunda grande linha afirma que os seres vivos são autônomos, isto é, autoprodutores - capazes de produzir seus próprios componentes ao interagir com o meio: vivem no conhecimento e conhecem no viver... Maturana e Varela mostram com abundância de exemplos e constatações, que a subjetividade (tanto quanto a objetividade), e a qualidade (tanto quanto a quantidade), são na verdade indispensáveis ao conhecimento e, portanto, à ciência. Todas as observações e estudos têm contribuído para produzir uma vasta lista de caminhos que nos levam a compreender como adquirimos conhecimentos sobre a ciência, filosofia, atividades humanas propostas por meio das pesquisas em diferentes âmbitos das ciências, principalmente as ciências sociais, contribuindo na busca das construções teóricas dos saberes, oferecendo oportunidades de reflexões sobre o ser, o real, o existir, o observar e o conhecer. 3.0 O INTELECTUAL Com base nessa vasta lista de caminhos que nos levam ao conhecimento, faremos uma reflexão sobre a intelectualidade. De acordo com a Enciclopédia Livre – Wikipédia, um intelectual é uma pessoa que usa o seu "intelecto" para estudar, refletir ou especular acerca de ideias, de modo que este uso do seu intelecto possua 8 Médico, ensaísta e escritor. Professor e Coordenador do Centro de Desenvolvimento de Lideranças da Business School São Paulo BSP). Conferencista nacional e internacional. Pesquisador nas áreas de complexidade pensamento sistêmico e ciência cognitiva. Coordenador do Grupo de Estudos Contemporâneos — Complexidade, Pensamento Sistêmico e Cultura — da Associação Palas Athena (São Paulo, Brasil).
  • 14. 14 uma relevância social e coletiva. Segundo Laudicéa de Souza Pinto (2006),9 é um termo utilizado para designar “os que pensam e os que utilizam uma linguagem de código indecifrável, etc.10 ” Porém, de acordo com a leitura de Antônio Gramsci11 (1949), que foi um estudioso que observou o papel dos intelectuais na sociedade, todo homem que é detentor de faculdades intelectuais e racionais é um intelectual. Afirma também que não existe nenhuma atividade humana da qual se possa excluir de toda intervenção intelectual, não podendo assim, separar “homo faber” do “homo sapiens”, e que, independentemente da profissão, cada pessoa é ao seu modo “um filósofo, um artista, um homem de gosto, participa de uma concepção de mundo, tem uma consciente linha moral”. Ele diz que o intelectual não é o único capaz de “saber”, por quaisquer que sejam os motivos. O intelectual, no sentido gramsciano, é todo aquele que cumpre uma função organizadora na sociedade e é elaborado por uma classe em seu desenvolvimento histórico desde um tecnólogo ou um administrador de empresas até um dirigente sindical ou partidário. Os intelectuais tradicionais podem ser membros do clero ou academia, por seu turno, podem tanto se vincular às classes dominadas quanto às dominantes, adquirindo uma autonomia em relação aos interesses imediatos das classes sociais. O chamado intelectual orgânico é entendido como aquele que se mistura à massa levando a essa conscientização política, ele age em meio ao povo, nas ruas, nos partidos e sindicatos. Assim, o intelectual é tanto o acadêmico, o jornalista, o padre, o cineasta, o ator, o locutor de rádio, o escritor profissional, quanto o intelectual coletivo, em suma todo homem é um intelectual em potencial. (KSTRO, 2007)12 Faz-se necessário que a concepção do intelectual tradicional seja reavaliada, com base nas “urgências” de que surjam novas teorias, na “vontade de servir” que os intelectuais “adormecidos” têm de expor suas proposições, analisando a relação indivíduo/sociedade e consequentemente a relação intelectual/grupo social, atingindo assim, talvez, a hegemonia da intelectualidade nas profissões. Hegemonia, 9 Professora do Departamento de Sociologia do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de janeiro. 10 Publicado em seu artigo disponível em: http://www.achegas.net/numero/onze/laudicea_pinto_11.htm 11 Foi político, cientista político, jornalista, critico literário, suas idéias notáveis foram: Filosofia da Práxis, Hegemonia Intelectual, Intelectual Orgânico e Tradicional, Oposição Dialética entre Senso-Comum e Alta Cultura. 12 Extraído do Artigo: Gramsci Conceitos: Intelectual,Hegemonia e Sociedade Civil. Resumido por Kmila Kstro.
  • 15. 15 segundo Gramsci (1978), é a capacidade de unificar por meio da ideologia e de conservar unido um bloco social, não se restringindo ao aspecto político, mas compreendendo um fato cultural, moral, de concepção do mundo. A hegemonia dá- se com a conquista por meio da persuasão e do consenso, atuando também sobre o modo de pensar e sobre as orientações ideológicas, inclusive sobre o modo de conhecer. Para aqueles que se perguntam sobre o seu papel e seu lugar, num país como o Brasil, por exemplo, Laudicéia Pinto (2006) diz: A história está “acontecendo”, e não espera pelos retardatários... Esta relação intelectual/classe, não é uma abstração, é algo tão concreto como um dia após o outro. E, talvez, seja esta relação o lugar que deva o intelectual não abrir mão, independente de sua origem de classe, e sabendo que esta trará problemas e vícios que terão que ser resolvidos. Este lugar não é um lugar teórico, é um lugar concreto, palpável, capaz de condicionar os instrumentos e desenvolvimento da teoria. 4.0 Estudo de Caso: Epistemologia e Teoria do Conhecimento em Secretariado Executivo – A Fundação das Ciências das Assessorias: Um Recorte da Evolução do Secretariado Executivo A evolução do conhecimento em assessoria e de seus processos históricos demonstra que há caminhos para a instauração de uma epistemologia secretarial. Os estudos do Professor Raimundo evidenciam os caminhos históricos do Secretariado na escrita, na ciência, na militância política e profissional, na evolução tecnológica, na formação social e organizacional, fazendo avançar o conhecimento sobre a atuação do profissional de Secretariado. Essa evolução conta ainda com vários elementos e organismos de apoio que são de suma importância para a consolidação das Ciências das Assessorias: A FENASSEC, as associações civis, posteriormente transformadas em sindicatos estaduais, ações como, pactos de cooperação, acordo de cooperação internacional dos países de língua portuguesa, conferências e densos debates internacionais sobre o conhecimento das assessorias promovidos pelas diversas organizações existentes.
  • 16. 16 Nonato Jr. (2009) afirma que o desenvolvimento da história da profissão no Brasil possibilitou a inserção do Secretariado nas universidades, bem como sua afirmação no mundo acadêmico como área de conhecimento, sendo considerada a formação mais completa do mundo, como destacou o jornal inglês The Guardian, em 2001: The world’s best-trained secretaries are in Brazil, where by Law PAS have to be registered with a government agency, and since 1985, the title “secretary” can be achieved only after a four-year university programme.13 A partir dessa formação acadêmica em nível de bacharelado, os cursos no país passaram a investigar as muitas dimensões do conhecimento em Secretariado, fazendo aos poucos as assessorias se solidificarem como área de conhecimento. Posteriormente, com a criação das leis de regulamentação da profissão e da portaria de enquadramento sindical, o Secretariado passou a se enquadrar como categoria profissional diferenciada, que, segundo Almeida (2003), citado por Nonato Jr. (2009), é a que se forma dos empregados que exercem profissões ou funções diferenciadas por força de estatuto profissional especial ou em consequência de condições de vida singulares. A seguir, podemos observar a ordem cronológica das conquistas do Secretariado que o levou a década de 1990 já com os principais documentos exigidos a uma categoria profissional do país: 1985 – Regulamentação Profissional 1987 – Enquadramento Sindical 1987 – 1988 – Sindicatos Estaduais 1988 – Federação Nacional – FENASSEC 1989 – Código de Ética 2002 – Atualização do Secretariado na CBO e criação de outras nomenclaturas 2004 – Implantação das Diretrizes Curriculares 13 Tradução do Prof. Nonato Junior: “Os secretários com melhor formação do mundo estão no Brasil, onde por lei o profissional deve ser registrado em agência governamental, e desde 1985, o título de “Secretário Executivo” somente pode ser adquirido após curso universitário de quatro anos”.
  • 17. 17 Os anos 1990 foram marcados pela luta da afirmação das conquistas, foram intensificados os debates profissionais em eventos específicos, acordos e construções coletivas e o ensino superior expandiu-se, mostrando o novo lugar do Secretariado Executivo. Em um desses eventos, no VII Congresso Nacional de Secretariado em Manaus, capital do Amazonas, foi aprovado um documento chamado “A Carta de Manaus”, que tratou de diversos pontos importantes para a integração nacional da profissão. Um dos pontos foi a unificação dos símbolos da profissão e do juramento de colação de grau: Simbologia do Secretariado A pena do livro representa a história da secretária, desde o tempo dos escribas, cuja atuação sempre esteve vinculada ao ato de escrever. Representa o escrever secretariando e simboliza escrevendo a própria história. A serpente enrolada no bastão representa o Oriente, a sabedoria que pode ser usada tanto para construir como para destruir. Juramento para o Curso Superior e o Anel Eu, Profissional de Secretariado Executivo, sob juramento solene, prometo: “Exercer a profissão dentro dos princípios da ética, da integridade, da honestidade, e da lealdade; respeitar a Constituição Federal, o Código de Ética Profissional e as normas institucionais; buscar o aperfeiçoamento contínuo e; contribuir, com o meu trabalho, para uma sociedade mais justa e mais humana”. Pedra: Safira Azul, cor oficial aprovada na Plenária do VIII Consec - Congresso Nacional de Secretariado/1992, em Manaus/AM. A atualização do Secretariado na CBO – Classificação Brasileira de Ocupações, levou a categoria a ter outras nomenclaturas, sendo compreendido de maneira mais ampla no Brasil, são elas: Assessoria de Presidência, de Diretoria, Assistente, Assessor, Auxiliar; além dos termos Executivo, Bilíngue e Trilíngue. A CBO está dividida em Grandes Grupos (GG), o Secretariado Executivo está classificado no Segundo Grande Grupo (GG2), que se refere ao grupo dos Profissionais das Ciências e das Artes. A descrição das atividades do grupo, que diz
  • 18. 18 que suas atividades consistem em ampliar o acervo de conhecimentos científicos e intelectuais, por meio de pesquisas; aplicar conceitos e teorias para solução de problemas ou por meio da educação, assegurar a difusão sistemática desses conhecimentos (Brasil 2008), nos leva a pressupor que os profissionais destas áreas são pesquisadores e produtores de conhecimento. Nonato Jr. (2009) conclui que, dessa forma, o Secretariado está proposto como ciência e que, a partir desse enquadramento profissional e da estrutura profissional brasileira, o estudioso de Secretariado em nível superior ofereça uma atuação como cientista, que investiga os caminhos de sua profissão e de seus conceitos. As diretrizes curriculares garantiram maior domínio de pesquisa cientifica, pois: O curso de Secretariado Executivo deve ensejar como perfil desejado do formado, capacitação e aptidão para compreender as questões que envolvem sólidos domínios científicos, acadêmicos, tecnológicos e estratégicos, específicos de seu campo de atuação, assegurando eficaz desempenho de múltiplas funções... (Brasil, 2004)14 Demonstrar toda a evolução e conquista do Secretariado Executivo é necessário para que se compreenda como ocorrem os conhecimentos produzidos na área de Secretariado, o que torna fundamental a análise do conhecimento produzido nos estudos acadêmicos e nas práticas das assessorias, em que, Nonato Jr.(2009) afirma que surgem da Epistemologia do Secretariado Executivo. Ele afirma também que mesmo as ciências tradicionais e as modernas foram necessárias aplicar a seu objeto de estudo às clássicas questões filosóficas: O quê? Como? Por quê? Até onde? Em que condições? Com que fim? Quais os limites do conhecimento? Ele explica que a Epistemologia em Secretariado, tem por objetivo central investigar o Secretariado enquanto área de conhecimento, suas características, suas peculiaridades, suas filiações históricas e teóricas, seus limites, suas potências e desafios cognitivos, seus processos de subjetivação e relação entre conhecimento formal e prática profissional.(NONATO JR. 2009) 14 Transcrito do Livro do Professor Nonato Jr.
  • 19. 19 O professor acredita que se deve procurar estabelecer uma Epistemologia Secretarial Qualitativa, que trata de acolher formas de produção do conhecimento específicas, por exemplo, as subjetivas. Vejamos algumas proposições que Rey (1997) fez às Ciências Sociais em geral citadas por Nonato Jr. que podem ser aplicadas as Ciências das Assessorias: - Entender o caráter essencialmente interpretativo e construtivo do conhecimento em Secretariado; - Legitimar a história crescente da construção do conhecimento na profissão secretarial, compreendendo as diversas fontes de informação que convergem para a elaboração do conhecimento nesta área; - Trabalhar a partir de metodologias que valorizem a pluralidade máxima do conhecimento secretarial; - Analisar o secretariado numa perspectiva de congruência e continuidade; - Reconhecer, nos estudos da epistemologia secretarial, o caráter ontológico e cognoscível da subjetividade no conhecimento das assessorias; - Perceber o sujeito como produtor e produto do conhecimento ao mesmo tempo, compreendendo o cientista secretarial como unidade complexa de saberes e possibilidades em diálogos com seu objeto de estudo; - Propor a epistemologia como processo permanente de caráter aberto, a partir do qual o Secretariado possa elaborar um discurso sobre suas práticas, técnicas e teorias, incentivando o pensamento criativo dos pesquisadores da área (NONATO JR.2009, p.129). Nonato Jr. afirma ser necessário um duplo entendimento sobre conceitos para que sejam percorridos os caminhos à fundação uma área de conhecimento, são eles: Compreender os principais conceitos já instituídos na Ciência e na Filosofia que se relacionam com o conhecimento em geral; Estabelecer os principais conceitos norteadores do Secretariado, por meio de seu objeto de estudo (NONATO JR., op. cit., p.130). Citando Foucault (1997), Nonato Jr (2009). explica que para se percorrer esses caminhos em busca do entendimento de como funciona o sistema do conhecimento nesta área, se faz necessário fazer uma espécie de arqueologia nos saberes em Secretariado, assim como em outros saberes que existem na ciência, fugindo das impressões primeiras do senso comum que estão encobertas pela falta de análise e limitações teóricas.
  • 20. 20 A essas impressões, Bachelard (1992) deu o nome de “experiência primeira”, ou seja, são as que pertencem ao domínio da opinião, são frágeis por que não foram filtrados, ele disse: Quando se apresenta à cultura científica, o espírito nunca é jovem. Ele é mesmo muito velho, porque tem a idade dos seus preconceitos. Ascender à ciência é, espiritualmente, rejuvenescer, é aceitar uma mutação brusca que deve contradizer um passado. Para ilustrar essas impressões do senso comum, da “experiência primeira”, o professor Nonato Jr.(2009) cita em seu livro uma frase de um depoimento de uma secretária de 39 anos que fez a seguinte declaração ao Jornal O Estado de São Paulo: “Ainda existe o preconceito de achar que secretária é apenas uma doméstica de escritório”. Essa matéria foi publicada em 1999, porém, observa-se que esse comportamento ainda não mudou nos dias de hoje. A generalidade imobiliza a investigação, por isso se faz necessário ultrapassar esse primeiro obstáculo para que se chegue ao conhecimento cientifico. Nonato Jr.(2009) diz que, para vencer esse primeiro obstáculo, citanto Bachelard (1996), que é preciso se desvencilhar de toda impressão natural – do mundo interior como do mundo exterior; da fantasia e do cotidiano. Por isso, ao longo dos estudos, vimos à importância de analisar o conhecimento produzido nas assessorias. No capítulo 5 do seu livro, Nonato Jr. (2009) descreve como esse conhecimento se articula com outras áreas, por estarem presentes em toda parte, desde a gestão organizacional até as práticas dos trabalhos de campo: - Com a Administração: quando as assessorias pesquisam e desenvolvem idéias que fazem avançar o trabalho dos gestores e das organizações; - Com as Ciências da Informação: ao criar novas possibilidades de utilização dos recursos informacionais, sob o prisma do trabalho secretarial; - Com a Linguística e com a Comunicação: nos estudos com línguas estrangeiras aplicadas aos negócios, comunicação gerencial e redação de língua materna para assessores; - Com a Filosofia: quando instaura novos campos de conhecimento a partir de seus estudos acadêmicos, reconfigurando o espaço ético e epistemológico das Ciências das Aplicadas nas universidades;
  • 21. 21 - Com as demais Ciências Humanas, Sociais e Tecnológicas: em cada atividade acadêmica em que o papel das assessorias é divulgado para outras áreas, havendo trocas recíprocas de experiências e aprendizagens no contato com as ciências que se situam na fronteira de seus interesses intelectuais. (NONATO JR. 2009, p.154) O professor adverte para que todos os estudiosos e profissionais da área percebam que, “o foco da demarcação do campo intelectual das Ciências da Assessoria encontra-se em seu objeto de estudo”, conhecendo melhor o objeto de estudo, avançando com as pesquisas e produção de teorias para que se evidencie aquilo que as assessorias não são: A) Sub-área de outra ciência; B) Simples compêndio de estudos e pesquisas de base técnica; C) Lócus de práticas domésticas e serviçais; D) Mera instrução técnico-operacional; E) Área de trabalho que possa se desempenhada por profissionais sem formação ou sem foco específico; F) Domínio desligado das práticas secretarias; G) Ciência sem objeto de estudo definido. (NONATO JR. op.cit.,p.155) O recorte da evolução do Secretariado do estudo feito do livro de Nonato Jr. op.cit, mostra maior entendimento dos fundamentos para a criação das Ciências das Assessorias e do reconhecimento da intelectualidade desse profissional. As palavras do professor Nonato Jr. definem nossas inquietudes: Reduzir a potência do Secretariado às técnicas de trabalho, confinando-o em um campo de praticismo, seria negar toda a evolução intelectual pelo qual este conhecimento passou nas últimas décadas... (NONATO JR. op.cit, p.136) 5.0 CONCLUSÃO O artigo ora apresentado coloca-nos diante do desafio de instaurar mudanças nos pensamentos e comportamentos criados pelo senso comum sobre o profissional de Secretariado, propor soluções e aprofundar as interpretações com pesquisas para se trilhar o caminho do reconhecimento da intelectualidade da área.
  • 22. 22 Como vimos, a ciência é uma área do saber que procura por experiências e resultados empíricos, e que o saber visa não só à transformação da realidade, mas que, o saber passa a ser adquirido pela experiência, uma aliança entre ciência e técnica. Segundo Bronowski (1977, p.24), “a ciência não é uma construção impessoal, não é mais nem menos pessoal que qualquer outra forma de pensamento comunicado”. Assim, este trabalho ora apresentado não é menos científico por ter o estilo pessoal desta autora. Toma-se consciência de que, em alguma parte no meio de válvulas, fórmulas e rebrilhantes provetas, há um conteúdo, uma nova cultura, permitindo contemplar para além do nosso interesse individual, mas, há o fértil campo do conhecimento. Toda a evolução e conquistas mostradas até aqui revelam que há grande demanda para que haja a elaboração de uma Teoria do Conhecimento em Secretariado, o que trará o amadurecimento do saber das assessorias em âmbito acadêmico e um significado muito maior pela fundação das Ciências da Assessoria. O profissional de Secretariado tem uma vasta lista de experiências para oferecer como objeto de estudos que servirão de caminho para fundamentar a teorização do conhecimento da área. Apresentar suas experiências profissionais e teóricas para que a ciência faça a ordenação das atividades e conhecimentos da área secretarial, caminhando para o refinamento dos pensamentos do senso comum relativos à área do Secretariado. Se pesquisas são aplicadas em várias áreas como sociologia, ciência política, e em disciplinas administrativas operacionais como marketing, logística, também podem ser aplicadas no Secretariado. Esse é um dos caminhos para fomentar o diálogo entre a epistemologia e as ações de campo do secretariado, dado que a epistemologia pode influir no desenvolvimento da perspectiva de teorização da área. Tentar fazer inferências válidas a partir do estudo detalhado de eventos que não são desenvolvidos em um laboratório, mas no contexto da vida social e institucional, valorizando assim o sujeito do conhecimento, nesse caso, o profissional de Secretariado.
  • 23. 23 A teoria cientifica do observador de Maturana (2010) se adéqua perfeitamente ao Secretariado quando afirma que os seres vivos são autoprodutores, capazes de produzir seus próprios componentes ao interagir com o meio, “vivem no conhecimento e conhecem o viver”, constatação indispensável ao conhecimento, portanto, à ciência é totalmente inerente ao Secretariado. A experiência cotidiana pode contribuir para dar visibilidade e importância aos diversos “mundos”, as diferentes culturas e a multiplicidade dos saberes. Não é a filosofia uma das ciências mais antigas da humanidade e que tem por objetivo satisfazer a eterna busca do homem pela verdade? E, em sendo o homem o objeto de estudo da ciência humana, que trata primeiramente aspectos humanos, o que nos impede de filosofar sobre a fundação das ciências das assessorias transformando-a numa ciência humana? Com base em todas as teorias e correntes de pensamentos existentes, e conhecendo o universo dessa profissão, vemos a possibilidade de teorização da área, a Epistemologia do Conhecimento em Secretariado Executivo. Nonato Jr. (2009) diz que “não há mais como conceber o atual domínio das assessorias apenas como área de estudos técnicos” e que se há uma ciência que rege o fazer e o saber da área do Secretariado, onde isso está escrito? O professor chama essa falta de teorização sobre o conhecimento da aérea de “silêncio epistemológico”, que, segundo ele, instaura um “vazio” em muitas relações de identidade e legitimidade do conhecimento produzido pelo Secretariado Executivo, e faz uma analogia interessante: É como uma música cuja partitura ainda não foi escrita, mas que a melodia já é cantarolada fragmentariamente, um pouco aqui, outro acolá. A repetição constante dos fragmentos dessa melodia faz com que a música pareça conhecida. Então, todos perguntam: Qual é mesmo esta música? Onde está escrita para que possamos cantá-la por completo? (NONATO JR. 2009, p.127) A FENASSEC publicou em seu site, carta aberta da Sociedade Brasileira de Secretriado, onde informa que, por ocasião do II ENASEC (Encontro Nacional Acadêmico de Secretariado Executivo) realizado na Universidade de Passo Fundo
  • 24. 24 no dia 21.10.2011, foi fundada a Sociedade Brasileira de Secretariado (SBSEC), com a finalidade de promover o ensino de pós-graduação e o desenvolvimento da pesquisa cientifica em Secretariado. A meta dessa sociedade é que o Secretariado seja reconhecido como área de conhecimento pelos órgãos de fomento de pesquisa cientifica, incluindo o CNPq. Com mais esse avanço, espera-se que o “vazio” do “silêncio epistemológico” do Secretariado Executivo seja em breve preenchido. REFERÊNCIAS A Evolução. A Evolução do Secretariado. Disponível em: http://marilia- carapinha.blogspot.com/2008/02/evoluo.html - Acesso em 06/Jun/2011 ALVES, Adriano. O Que é Ciência Afinal? Publicado em 16/Jun/2008. Disponível em http://www.webartigos.com – Acesso em 10/Ago/2011 ALVES, Rubens. Filosofia da Ciência. São Paulo: Editora Brasiliense 1981. ANDER-EGG, Ezequiel. Introducción a lãs técnicas de investigación social: para trabajadores sociales. 7.ed. Buenos Aires Humanitas, 1978. BORGES, Mônica Erichsen Nassif. A Aplicabilidade da Biologia do Conhecer no Âmbito da Ciência da Informação - DataGramaZero - Revista de Ciência da Informação - v.4 n.3 jun/03 ARTIGO 02. Disponível em: http://www.dgz.org.br/jun03/Art_02.htm - Acesso em 21/Ago/2011. BRONOWSKI, Jacob. O Senso Comum da Ciência. Coleção o Homem e a Ciência Vol.4. São Paulo: Editora Itatiaia – Editora da Universidade de São Paulo 1977.
  • 25. 25 BACHELARD, Gaston. Experiência Primeira. Disponível em http://pt.scribd.com/doc/6615919/Biografia-Gaston-Bachelard - Acesso em 12/Nov/2011 CASIMIRO, Lúcia. A Saga das Secretárias (os). http://www.sinsesp.com.br/artigos/historico/180-a-saga-dasos-secretariasos - Acesso em 20/Mai/2011. Ciência, O que é. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ci%C3%AAncia - Acesso em 14/Ago/2011. CARVALHO, Antonio Pires da Silva; GRISSON, Diller. Manual do secretariado executivo. 2ª ed. revisada. São Paulo: D’Livros, 1998. CAVALCANTE, Senôma Landy de Barros. História da Profissão de Secretariado. Disponível em: http://www.artigos.com/artigos/humanas/sucesso-e- motivacao/historia-da-profissao-de-secretariado-6568/artigo/- Acesso em 12/Ago/2011. CHUAÍ, Marilena. As Características do Senso Comum. Biblioteca Virtual. Disponível em: http://www.ensinandofilosofia.bem-vindo.net/node/55 - Acesso em 14/Ago/2011. DA COSTA, Francisco Renaldo. O Senso Comum e Ciência. Disponível em: http://blogfilosofiaevida.com/index.php/category/senso-comum/ - Acesso em 13/Ago/2011 Filosofia, Ensinando. Biblioteca Virtual. Disponível em: http://www.ensinandofilosofia.bem-vindo.net/node/55 - Acesso em 14/Ago/2011.
  • 26. 26 FIGUEIREDO, Vânia. E a Luta Começou. Disponível em http://www.sinsesp.com.br/artigos/historico/182-e-a-luta-comecou-extraido-do-livro- dicas-e-dogmas-de-vania-figueiredo-1987 - Acesso em 12/Ago/2011. FARACO JR. Antônio Luiz Arquetti. Ciência e Conhecimento Cientifico. Disponível em:http://www.politicacomciencia.com/universidade/mp/cienciaemetmarconielakatos. pdf Acesso em 13/Ago/2011 FERNANDES, Marcello. BARROS, Nazaré. A atitude Natural ou Senso Comum. Disponível em http://ocanto.esenviseu.net/apoio/scomum.htm - Acesso em 13/Ago/2011 FILOCREÃO, Dr. Antônio Sérgio Monteiro, MENDONÇA, Rosemberg da Silva. Pensamento Sistêmico. Disponível em http://www.ebah.com.br/content/ABAAABcD4AB/pensamento-sistemico. Acesso em 14/Nov/2011. GRAMSCI, A. Introdução à Filosofia da Práxis, Editora Antídoto, 29ª edição, Lisboa Portugal, 1978. A Formação dos Intelectuais, Editora Venda Nova Amadora, Col. 70, Nº 5, 151. Os Intelectuais e a Organização da Cultura, Editora Civilização brasileira S. A., 3ª edição, td. Carlos Nelson Coutinho, Rio de Janeiro - RJ, 1978. GRAYLING, A.C. A Epistemologia. Disponível em: http://omundodafilosofia.arteblog.com.br/451741/EPISTEMOLOGIA-OU-TEORIA- DO-CONHECIMENTO/ - Acesso em 17/Ago/2011 GOMES, Andréa Rabelo. Parceria entre o Executivo e o Profissional de Secretariado Mito ou Realidade?. Monografia disponível em:
  • 27. 27 http://pt.scribd.com/doc/208342/Parceria-entre-o-executivo-e-o-profissional-de- secretariado-Mito-ou-Realidade - Acesso em 13/Ago/2011 JAPIASSU, Hilton. Introdução ao Pensamento Epistemológico. Rio de Janeiro: Alves:1992 KSTRO, Kamila. Intelectual, Hegemonia e Sociedade Civíl. Resumo disponível em http://pt.shvoong.com/social-sciences/642429-gramsci-conceitos-intelectual- hegemonia-sociedade/ Acesso em 10/Out/2011 LAKATOS, Eva M. e MARCONI, Marina A., "Metodologia Científica", Editora Atlas S.A., São Paulo SP. 1991, p.13) LALANDE, André. Vocabulário Técnico e Crítico da Filosofia - O Dicionário de Filosofia. Editora Porto: Rés:1985 MARCONI, Marina de Andrade, LAKATOS, Eva Maria. Metodologia científica. 2º. ed. rev. amp. São Paulo: Atlas, 2000. MATURANA, Humberto. Biologia da Cognição: a teoria de Maturana e Varela e seus desdobramentos filosóficos e práticos. Disponível em: http://www.slideshare.net/gustavodrums/educao-e-transformao-humana-a-teoria-de- francisco-varela-e-humberto-maturana - Acesso em 21/Ago/2011 MARIOTTI, Humberto. A Árvore do Conhecimento – as bases biológicas da compreensão humana. Disponível em: http://www.comitepaz.org.br/Maturana5.htm - Acesso em 22/Ago/2011. MYRDAL, Gunnar. Disponível em http://www.ensinandofilosofia.bem- vindo.net/node/245 - Acesso em 10/Ago/2011.
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