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BIOGRAFIA E CONTEXTO
HISTÓRICO
ÉMILE
DÜRKHEIM
(1858 – 1917)
BIOGRAFIA E CONTEXTO
HISTÓRICOFoi um sociólogo, antropólogo, cientista
político, psicólogo social e filósofo francês.
Formalmente, tornou a sociologia uma ciência e,
com Karl Marx e Max Weber, é comumente citado como
o principal arquiteto da ciência social moderna e pai da
sociologia.
BIOGRAFIA E CONTEXTO
HISTÓRICONasceu em 15 de abril de 1858 em Épinal,
em Lorena/França, vindo de uma longa linhagem de
devotos judeus franceses. Seu pai, avô e bisavô tinham
sido rabinos. Começou sua educação em uma escola
rabínica, mas, em uma idade precoce, decidiu não
seguir os passos de sua família e mudou de escola.
BIOGRAFIA E CONTEXTO
HISTÓRICODürkheim entrou na École Normale Supérieure (ENS)
em 1879. A classe em que entrou naquele ano foi uma
das mais brilhantes do século XIX. Seus colegas de
classe, tais como Jean Jaurès e Henri Bergson, viriam a
se tornar grandes figuras da história intelectual da
França.
BIOGRAFIA E CONTEXTO
HISTÓRICOObteve seu agrégation em filosofia em 1882. De 1882 a
1887, ensinou filosofia em várias escolas provinciais. Em
1885, decidiu sair para a Alemanha, onde, por dois anos,
estudou sociologia em Marburgo, Berlim e Leipzig. Em
1886, como parte de sua tese de doutorado, havia
terminado o rascunho de seu livro “A Divisão das Tarefas
na Sociedade”.
BIOGRAFIA E CONTEXTO
HISTÓRICOSeus artigos ganharam reconhecimento na França, e
recebeu uma nomeação como docente na Universidade
de Bordeaux em 1887, onde estava a ensinar o primeiro
curso de ciências sociais da universidade.
BIOGRAFIA E CONTEXTO
HISTÓRICODurkheim foi nomeado professor da primeira cadeira de
Ciências Sociais, associada à educação, na
Universidade de Bordeaux.
Em 1892, publicou Da Divisão do Trabalho Social, sua
tese de doutorado.
BIOGRAFIA E CONTEXTO
HISTÓRICOEm 1896 fundou a revista “L’Année Sociologique”,
quando reuniu um eminente grupo de estudiosos.
Em 1902, foi convidado para lecionar Sociologia e
Pedagogia na Sorbonne, onde permaneceu até sua
morte (1917).
DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL
O PROBLEMA
A divisão do trabalho não date de ontem, foi só no fim
do século passado que as sociedades começaram a
tomar consciência dessa lei [...]. Sem dúvida, [...] vários
pensadores perceberam sua importância; mas foi Adam
Smith o primeiro a tentar teorizá-la. (p.2)
DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL
O PROBLEMA
Mas a divisão do trabalho não é específica do mundo
econômico: podemos observar sua influência crescente
nas regiões mais diferentes da sociedade. As funções
políticas, administrativas, judiciárias especializam-se
cada vez mais. O mesmo ocorre com as funções
artísticas e cientificas. (p. 3)
DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL
O PROBLEMA
Para saber o que é objetivamente a divisão do trabalho,
não basta desenvolver o conteúdo da ideia que dela
temos, mas é preciso tratá-la como um fato objetivo,
observar, comparar, e veremos que o resultado dessas
observações muitas vezes difere daquele que o sentido
íntimo nos sugere. (p. 9)
DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL
MÉTODO PARA DETERMINAR ESSA FUNÇÃO
A palavra FUNÇÃO é empregada de duas maneiras
bastante diferentes. (p. 14)
1. Sistema de movimentos vitais.
2. Relação de correspondência que existe entre esses
movimentos e algumas necessidades do organismo.
1. BOMBEAR;
2. BOMBEAR SANGUE OXIGENADO
PROVENIENTE DOS PULMÕES PARA TODO O
CORPO E DIRECIONAR O SANGUE
DESOXIGENADO ATÉ OS PULMÕES, ONDE
DEVE SER ENRIQUECIDO COM OXIGÊNIO
DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL
MÉTODO PARA DETERMINAR ESSA FUNÇÃO
Perguntar-se qual é a FUNÇÃO da divisão do trabalho
é, portanto, procurar a que necessidade ela
corresponde; quando tivermos resolvido essa questão,
poderemos ver se essa necessidade é da mesma
natureza que aquelas a que correspondem outras
regras de conduta cujo caráter moral não e discutido. (p.
14)
1. PRODUZIR MAIS EM MENOR TEMPO;
2. ????????????????
DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL
MÉTODO PARA DETERMINAR ESSA FUNÇÃO
Nada, a primeira vista, parece tão fácil como determinar
o papel da divisão do trabalho. Acaso seus esforços não
são conhecidos de todos? Por aumentar ao mesmo
tempo a força produtiva e a habilidade do trabalhador,
ela é condição necessária do desenvolvimento
intelectual e material das sociedades; é a fonte da
civilização. (p. 15)
DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL
MÉTODO PARA DETERMINAR ESSA FUNÇÃO
Por outro lado, como se presta de bom grado à
civilização um valor absoluto, sequer se pensa em
procurar outra função para a divisão do trabalho. (p. 15)
DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL
MÉTODO PARA DETERMINAR ESSA FUNÇÃO
De fato, o número médio de suicídios, dos crimes de
toda sorte, pode servir para assinalar a altura da
imoralidade numa sociedade dada. Ora, se fizermos
essa experiência, ela não será favorável a civilização,
pois o número desses fenômenos mórbidos parece
crescer a medida que as artes, as ciências e a indústria
progridem. (p. 15)
DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL
MÉTODO PARA DETERMINAR ESSA FUNÇÃO
Se a divisão do trabalho não cumpre outro papel, ela
não só não tem caráter moral, como não se percebe
que razão possa ter. [...] Assim, tudo nos convida a
procurar outra função para a divisão do trabalho. Alguns
fatos da observação corrente vão nos colocar no
caminho da solução. (p. 19)
DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL
MÉTODO PARA DETERMINAR ESSA FUNÇÃO
Todo o mundo sabe que gostamos de quem conosco se
parece, de quem pensa e sente como nós. Mas o
fenômeno contrário não e menos frequentemente
encontrado. (p. 20)
DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL
MÉTODO PARA DETERMINAR ESSA FUNÇÃO
O que prova essa oposição das doutrinas é que ambas
as amizades existem na natureza. A dessemelhança,
como a semelhança, pode ser uma causa de atração
mútua. (p. 20)
DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL
MÉTODO PARA DETERMINAR ESSA FUNÇÃO
Não temos prazer algum em encontrar em outro uma
natureza simplesmente diferente da nossa. Os pródigos
não buscam a companhia dos avarentos, nem os
caracteres retos e francos a dos hipócritas e sonsos; os
espíritos amáveis e doces não sentem nenhum gosto
pelos temperamentos duros e mal-intencionados. (p. 20)
DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL
MÉTODO PARA DETERMINAR ESSA FUNÇÃO
Logo, só as diferenças de certo gênero tendem assim
uma para a outra; são as que, em vez de se opor e se
excluir, se completam mutuamente. (p. 20 e 21)
DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL
MÉTODO PARA DETERMINAR ESSA FUNÇÃO
Por mais ricamente dotados que sejamos, sempre nos
falta alguma coisa, e os melhores dentre nós tem o
sentimento de sua insuficiência. É por isso que
procuramos, em nossos amigos, as qualidades que nos
faltam, porque unindo-nos a eles participamos de certa
forma da sua natureza e nos sentimos, então, menos
incompletos. (p. 21)
DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL
MÉTODO PARA DETERMINAR ESSA FUNÇÃO
Somos levados, assim, a considerar a divisão do
trabalho sob um novo aspecto. Nesse caso, de fato, os
serviços econômicos que ela pode prestar são pouca
coisa em comparação com o efeito moral que ela
produz, E SUA VERDADEIRA FUNÇÃO É CRIAR
ENTRE DUAS OU VÁRIAS PESSOAS UM
SENTIMENTO DE SOLIDARIEDADE. (p. 21)
1. PRODUZIR MAIS EM MENOR TEMPO;
2. CRIAR ENTRE DUAS OU VÁRIAS
PESSOAS UM SENTIMENTO DE
SOLIDARIEDADE
DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL
MÉTODO PARA DETERMINAR ESSA FUNÇÃO
[...] É a repartição contínua dos diferentes trabalhos
humanos que constitui principalmente a solidariedade
social e que se torna a causa elementar da extensão e
da complicação crescente do organismo social. (p. 21)
DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL
SOLIDARIEDADE MECÂNICA E ORGÂNICA
SOLIDARIEDADE MECÂNICA E ORGÂNICA
Em sua obra, Durkheim demonstra que a sociedade
modela o comportamento social do homem no processo
da evolução social, passando de uma solidariedade
mecânica, para uma solidariedade orgânica.
SOLIDARIEDADE MECÂNICA
A solidariedade mecânica caracteriza-se pelo “conjunto
das crenças e dos sentimentos comuns à média dos
membros de uma mesma sociedade” que “forma um
sistema determinado que tem vida própria; podemos
chama-Io de consciência coletiva ou comum.” (p. 50)
COLETIVOINDIVIDUAL
Este tipo de solidariedade predominava nas sociedades
pré-capitalistas, onde os indivíduos permanecem em
geral independentes e autônomos em relação à divisão
do trabalho social.
SOLIDARIEDADE MECÂNICA
Nas sociedades de solidariedade mecânica, o direito é
repressivo, apresentando uma punição por meio dos
costumes, já que o crime representa uma ruptura com
os elos de solidariedade. O criminoso no caso, age
contra a sociedade e sua punição é proporcional ao
delito.
SOLIDARIEDADE MECÂNICA
Já a solidariedade orgânica é fruto das diferenças
sociais, há que são essas diferenças que unem os
indivíduos pela necessidade de troca de serviços e pela
sua interdependência, ou seja, é um mecanismo de
integração social.
SOLIDARIEDADE ORGÂNICA
Vemos, portanto, que a solidariedade orgânica
prevalece nas sociedades complexas de tipo
capitalistas, onde, através da acelerada divisão social
do trabalho, os indivíduos se tornam interdependentes e
suas funções são vitais para o funcionamento do
sistema social.
SOLIDARIEDADE ORGÂNICA
Neste tipo de solidariedade a consciência coletiva se
afrouxa, dando espaço à consciência individual que
expressa o que temos de pessoal e distinto.
COLETIVOINDIVIDUAL
SOLIDARIEDADE ORGÂNICA
O direito predominante na solidariedade orgânica seria
os restitutivo, que implica no restabelecimento das
relações perturbadas, sob sua forma normal.
SOLIDARIEDADE ORGÂNICA
A especialização de funções e o grande
desenvolvimento das atividades econômicas levaram a
uma acentuação da consciência individual. A acentuada
especialização de atividades faz com que o indivíduo
oriente seus atos, segundo suas próprias intenções,
deixando de lado os valores coletivos.
SOLIDARIEDADE ORGÂNICA
Desta forma, o individualismo exacerbado leva a
sociedade à perda de uma moral orientadora e
disciplinadora dos comportamentos.
SOLIDARIEDADE ORGÂNICA
MORAL COLETIVA
MORAL MORAL MORAL MORAL MORAL MORAL MORAL
O EXEMPLO DOS MÉDICOS
SOLIDARIEDADE MECÂNICA x ORGÂNICA
CONCORRÊNCIA DIRETA - SEM DIVISÃO
DO TRABALHO OU
ESPECIALIZAÇÃO
INTEGRAÇÃO - COM DIVISÃO DO TRABALHO E
ESPECIALIZAÇÃO
DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL
PREPONDERÂNCIA PROGRESSIVA DA SOLIDARIEDADE
ORGÂNICA E SUAS CONSEQUÊNCIAS
É, pois, uma lei da história a de que a solidariedade
mecânica, [...] perde terreno progressivamente e que a
solidariedade orgânica se torna pouco a pouco
preponderante. (p. 157)
DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL
PREPONDERÂNCIA PROGRESSIVA DA SOLIDARIEDADE
ORGÂNICA E SUAS CONSEQUÊNCIAS
1. A SOCIEDADE DEPENDEM DAS PARTES E DOS
INDIVÍDUOS QUE A COMPÕE;
2. CONSCIÊNCIA INDIVIDUAL DIRECIONADA À FUNÇÃO;
3. FUNÇÃO CADA VEZ MAIS ESPECIALIZADA;
4. DIVISÃO SOCIAL DO TRABALHO;
5. MECANICA DE PUNIÇÃO MEDIATO;
6. DIREITO RESTITUITIVO;
7. DESENVOLVIMENTO APRIMORADO;
8. SOCIEDADES COMPLEXAS / INDUSTRIAIS;
9. CORPO HUMANO – CADA ÓRGÃO TEM SUA FUNÇÃO;
SOLIDARIEDADE CONTRATUAL DE
SPENCER
Neste capítulo, Dürkheim desenvolve a concepção
conhecida como “as bases não-contratuais do contrato”,
ao refutar as ideias de Herbert Spencer sobre o tipo de
solidariedade predominante nas sociedades industriais
e na cooperação advinda da troca fundada nos
interesses individuais.
Na visão dos utilitaristas, a solidariedade orgânica seria
exclusivamente CONTRATUAL, seria livre de toda a
regulamentação. Entretanto, para Dürkheim, tal
solidariedade seria instável: “O que manifesta a
extensão da ação social é a extensão do aparelho
jurídico”. É necessário, portanto, uma regulamentação
complexa, um aparelho jurídico.
SOLIDARIEDADE CONTRATUAL DE
SPENCER
O controle social sobre os contratos era cada vez maior,
contudo, para Dürkheim, “O contrato não basta por si,
mas só é possível graças a uma regulamentação que é
de origem social.” (p. 203)
SOLIDARIEDADE CONTRATUAL DE
SPENCER
Para Dürkheim, a inconstância dos interesses
individuais não produziria mais do que associações
efêmeras, instáveis, o que não garantiria a estabilidade
e a unidade da sociedade.
SOLIDARIEDADE CONTRATUAL DE
SPENCER
Dürkheim acreditava em uma sociedade em que os
indivíduos fossem guiados por um sistema de valores e
normas, isto é, por uma moral, que os encorajasse e os
convidasse a se satisfazerem com sua posição no
sistema de divisão do trabalho. Ele assimila sociedade e
organização, sociedade e organismo: “O papel da
solidariedade não é suprimir a concorrência, mas
modera-la.”
SOLIDARIEDADE CONTRATUAL DE
SPENCER
A que causas se devem os progressos da divisão do
trabalho? Sem dúvida, não seria o caso de encontrar
uma fórmula única capaz de explicar todas as
modalidades possíveis da divisão do trabalho.
Semelhante fórmula não existe. Cada caso particular
depende de causas particulares que só podem ser
determinadas por um exame especial. (p. 223)
DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL
AS CAUSAS E AS CONDIÇÕES
Segundo a teoria mais difundida, ela não teria outra
origem além do desejo que tem o homem de aumentar
sem cessar sua felicidade. Sabe-se, de fato, que quanto
mais o trabalho se divide, mais seu rendimento é
elevado. Os recursos que põe a nossa disposição são
mais abundantes; também são de melhor qualidade. (p.
224)
DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL
AS CAUSAS E AS CONDIÇÕES
Mas é de fato verdade que a felicidade do indivíduo
aumenta a medida que o homem progride? Nada é mais
duvidoso. (p. 233) não se pode afirmar nada com
certeza; no entanto, parece que a felicidade é outra
coisa que uma soma de prazeres. (p. 235)
DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL
AS CAUSAS E AS CONDIÇÕES
DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL
AS CAUSAS E AS CONDIÇÕES
No entanto, por mais reais que sejam essas variações
do prazer, elas não podem representar o papel que lhes
é atribuído. O mesmo acontece nas regiões rurais dos
povos civilizados. Nelas, a divisão do trabalho só
progride lentamente, e o gosto pela mudança é sentido
com pouquíssima intensidade. Ora, a influência do
tempo sobre os prazeres é sempre a mesma. Portanto,
não é ela que determina esse desenvolvimento. (p.
247)
DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL
AS CAUSAS E AS CONDIÇÕES
Numa palavra, não se pode admitir que o progresso
seja apenas um efeito do tédio. [...] É impossível que a
humanidade se tenha imposto tanto esforço unicamente
para poder variar um pouco seus prazeres e conservar-
lhes seu frescor original.
DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL
AS CAUSAS E AS CONDIÇÕES
É, portanto, em algumas variações do meio social que
devemos procurar a causa que explica os progressos da
divisão do trabalho. (p. 251) O CRESCIMENTO e
ADENSAMENTO das sociedades podem ser analisados
como causa determinante.
DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL
AS CAUSAS E AS CONDIÇÕES
A divisão do trabalho varia na razão direta do volume e
da densidade das sociedades, e, se esta progride de
uma maneira contínua no curso do desenvolvimento
social, é porque as sociedades se tornam regularmente
mais densas e, em geral, mais volumosas. (p. 258)
VOLUME X DENSIDADE
DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL
AS CAUSAS E AS CONDIÇÕES
Se o trabalho se divide mais a medida que as
sociedades se tornam mais volumosas e mais densas,
não é porque; nelas, as circunstâncias externas sejam
mais variadas, mas porque a luta pela vida e mais
ardente. (p. 263)
SOBREVIVÊN
CIA
DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL
AS CAUSAS E AS CONDIÇÕES
Darwin observou com propriedade que a concorrência
entre dois organismos é tanto mais viva quanta mais
eles são análogos. Tendo as mesmas necessidades e
perseguindo os mesmos objetivos, encontram-se por
toda parte em rivalidade. (p. 263)
DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL
AS CAUSAS E AS CONDIÇÕES
Os homens são sujeitos a mesma lei. Numa mesma
cidade, as profissões diferentes podem coexistir sem
serem obrigadas a se prejudicar reciprocamente, porque
elas perseguem objetivos diferentes. (p. 264)
DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL
CONSEQUÊNCIAS DO QUE PRECEDE
O que precede permite-nos compreender melhor a
maneira como a divisão do trabalho funciona em nossa
sociedade. Desse ponto de vista, a divisão do trabalho
social se distingue da divisão do trabalho fisiológico por
uma característica essencial. No organismo, cada célula
tem seu papel definido e não pode muda-lo. Na
sociedade, as tarefas nunca foram repartidas de uma
maneira tão imutável. (p. 339)
AS FORMAS ANORMAIS – A DIVISÃO DO
TRABALHO
Dürkheim identifica três formas anormais de divisão do
trabalho:
1) Divisão do trabalho anômica;
2) Divisão do trabalho forçada;
3) Divisão do trabalho organizacionalmente inadequada
e descoordenada.
É a perda do sentido de dependência das outras áreas,
quando o homem foca-se somente em sua
especificidade e perde a noção do todo, ignorando os
outros atores sociais.
AS FORMAS ANORMAIS – A DIVISÃO DO
TRABALHO ANÔMICA
Logo, o restabelecimento do bom funcionamento social
só seria possível através de "corporações capazes de
cumprir com a autoridade moral estabelecendo regras
de conduta sobre os indivíduos". Assim a divisão do
trabalho assumiria o seu caráter moral ampliando a
coesão na sociedade moderna.
AS FORMAS ANORMAIS – A DIVISÃO DO
TRABALHO ANÔMICA
AS FORMAS ANORMAIS – A DIVISÃO DO
TRABALHO FORÇADA
Na seção do Livro III intitulada de “Divisão Forçada do
Trabalho”, temos um Dürkheim preocupado com as
consequências sociais e emocionais das desigualdades
externas e estruturais. Estas comprometem a
solidariedade orgânica de diversos modos, segundo o
sociólogo.
AS FORMAS ANORMAIS – A DIVISÃO DO
TRABALHO FORÇADA
Em outras palavras, não pode haver ricos e pobres de
nascimento sem que haja contratos injustos. A
existência de desigualdades de casta e de classe
arruína, portanto, o caráter “espontâneo” do trabalho e a
constituição meritocrática das funções profissionais.
AS FORMAS ANORMAIS – A DIVISÃO DO
TRABALHO FORÇADA
A divisão forçada do trabalho [s]ó se produz […] quando
é o efeito de uma coerção externa. Ao mesmo tempo
que a especialização se torna maior, as revoltas se
tornam mais frequentes. […] É bem sabido que, desde
então, a guerra tornou-se mais violenta.
AS FORMAS ANORMAIS – A DIVISÃO DO
TRABALHO DESCOORDENADA
Acontece com frequência, numa empresa comercial,
industrial ou outra, que as funções sejam distribuídas de
tal sorte que não proporcionam matéria suficiente para a
atividade dos indivíduos.
AS FORMAS ANORMAIS – A DIVISÃO DO
TRABALHO DESCOORDENADA
De fato, sabe-se que, numa administração em que cada
empregado não tem com que se ocupar o suficiente, os
movimentos se ajustam mal entre si, as operações se
fazem sem conjunto, numa palavra, a solidariedade se
afrouxa, a incoerência e a desordem aparecem.
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DÜRKHEIMDürkheim considera que os conflitos e as desordens da
sociedade moderna são sintomas deste estado de
anomia e ainda que, a Religião, o Estado e a família têm
sido pouco eficazes no controle moral desta sociedade.
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DÜRKHEIMPara este sociólogo, a anomia que desestabilizou a
sociedade, necessita da criação de uma nova moral,
condizente com os valores da sociedade industrial
emergente.
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Karl Marx (1818-1883), desenvolveu uma corrente de
pensamento da teoria social moderna: o materialismo
histórico. Foi identificando a forma como os homens
produzem seus meios de vida que Marx chegou à
conclusão que estes estabelecem relações sociais
baseadas nas condições materiais de sua existência.
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Para Marx, a lei fundamental de transformação de uma
sociedade está vinculada ao desenvolvimento de suas
forças produtivas, que em determinado estágio de
desenvolvimento, chegam ao seu limite entrando em
contradição com as relações de produção que as
desenvolveram. A expressão desta contradição entre as
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classes.
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Desta forma, Marx vê as relações sociais na sociedade
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Se, na década de 1960, os primeiros sociólogos do
trabalho lutaram simbolicamente por formar um campo
singular e uma audiência acadêmica para acolher a
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cada vez mais extra-acadêmica cujos interesses
gravitam em torno das políticas públicas e,
consequentemente, do poder de Estado.
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A vitória eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002,
parece ter coroado esse novo ciclo de
profissionalização, com a entrega do Ministério do
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das pessoas vêm sendo afetadas. Se a flexibilidade do
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externas à produção, se desenvolvem e como elas
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HISTÓRICO
ÉMILE
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  • 2. BIOGRAFIA E CONTEXTO HISTÓRICOFoi um sociólogo, antropólogo, cientista político, psicólogo social e filósofo francês. Formalmente, tornou a sociologia uma ciência e, com Karl Marx e Max Weber, é comumente citado como o principal arquiteto da ciência social moderna e pai da sociologia.
  • 3. BIOGRAFIA E CONTEXTO HISTÓRICONasceu em 15 de abril de 1858 em Épinal, em Lorena/França, vindo de uma longa linhagem de devotos judeus franceses. Seu pai, avô e bisavô tinham sido rabinos. Começou sua educação em uma escola rabínica, mas, em uma idade precoce, decidiu não seguir os passos de sua família e mudou de escola.
  • 4. BIOGRAFIA E CONTEXTO HISTÓRICODürkheim entrou na École Normale Supérieure (ENS) em 1879. A classe em que entrou naquele ano foi uma das mais brilhantes do século XIX. Seus colegas de classe, tais como Jean Jaurès e Henri Bergson, viriam a se tornar grandes figuras da história intelectual da França.
  • 5. BIOGRAFIA E CONTEXTO HISTÓRICOObteve seu agrégation em filosofia em 1882. De 1882 a 1887, ensinou filosofia em várias escolas provinciais. Em 1885, decidiu sair para a Alemanha, onde, por dois anos, estudou sociologia em Marburgo, Berlim e Leipzig. Em 1886, como parte de sua tese de doutorado, havia terminado o rascunho de seu livro “A Divisão das Tarefas na Sociedade”.
  • 6. BIOGRAFIA E CONTEXTO HISTÓRICOSeus artigos ganharam reconhecimento na França, e recebeu uma nomeação como docente na Universidade de Bordeaux em 1887, onde estava a ensinar o primeiro curso de ciências sociais da universidade.
  • 7. BIOGRAFIA E CONTEXTO HISTÓRICODurkheim foi nomeado professor da primeira cadeira de Ciências Sociais, associada à educação, na Universidade de Bordeaux. Em 1892, publicou Da Divisão do Trabalho Social, sua tese de doutorado.
  • 8. BIOGRAFIA E CONTEXTO HISTÓRICOEm 1896 fundou a revista “L’Année Sociologique”, quando reuniu um eminente grupo de estudiosos. Em 1902, foi convidado para lecionar Sociologia e Pedagogia na Sorbonne, onde permaneceu até sua morte (1917).
  • 9. DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL O PROBLEMA A divisão do trabalho não date de ontem, foi só no fim do século passado que as sociedades começaram a tomar consciência dessa lei [...]. Sem dúvida, [...] vários pensadores perceberam sua importância; mas foi Adam Smith o primeiro a tentar teorizá-la. (p.2)
  • 10. DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL O PROBLEMA Mas a divisão do trabalho não é específica do mundo econômico: podemos observar sua influência crescente nas regiões mais diferentes da sociedade. As funções políticas, administrativas, judiciárias especializam-se cada vez mais. O mesmo ocorre com as funções artísticas e cientificas. (p. 3)
  • 11. DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL O PROBLEMA Para saber o que é objetivamente a divisão do trabalho, não basta desenvolver o conteúdo da ideia que dela temos, mas é preciso tratá-la como um fato objetivo, observar, comparar, e veremos que o resultado dessas observações muitas vezes difere daquele que o sentido íntimo nos sugere. (p. 9)
  • 12. DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL MÉTODO PARA DETERMINAR ESSA FUNÇÃO A palavra FUNÇÃO é empregada de duas maneiras bastante diferentes. (p. 14) 1. Sistema de movimentos vitais. 2. Relação de correspondência que existe entre esses movimentos e algumas necessidades do organismo. 1. BOMBEAR; 2. BOMBEAR SANGUE OXIGENADO PROVENIENTE DOS PULMÕES PARA TODO O CORPO E DIRECIONAR O SANGUE DESOXIGENADO ATÉ OS PULMÕES, ONDE DEVE SER ENRIQUECIDO COM OXIGÊNIO
  • 13. DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL MÉTODO PARA DETERMINAR ESSA FUNÇÃO Perguntar-se qual é a FUNÇÃO da divisão do trabalho é, portanto, procurar a que necessidade ela corresponde; quando tivermos resolvido essa questão, poderemos ver se essa necessidade é da mesma natureza que aquelas a que correspondem outras regras de conduta cujo caráter moral não e discutido. (p. 14) 1. PRODUZIR MAIS EM MENOR TEMPO; 2. ????????????????
  • 14. DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL MÉTODO PARA DETERMINAR ESSA FUNÇÃO Nada, a primeira vista, parece tão fácil como determinar o papel da divisão do trabalho. Acaso seus esforços não são conhecidos de todos? Por aumentar ao mesmo tempo a força produtiva e a habilidade do trabalhador, ela é condição necessária do desenvolvimento intelectual e material das sociedades; é a fonte da civilização. (p. 15)
  • 15. DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL MÉTODO PARA DETERMINAR ESSA FUNÇÃO Por outro lado, como se presta de bom grado à civilização um valor absoluto, sequer se pensa em procurar outra função para a divisão do trabalho. (p. 15)
  • 16. DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL MÉTODO PARA DETERMINAR ESSA FUNÇÃO De fato, o número médio de suicídios, dos crimes de toda sorte, pode servir para assinalar a altura da imoralidade numa sociedade dada. Ora, se fizermos essa experiência, ela não será favorável a civilização, pois o número desses fenômenos mórbidos parece crescer a medida que as artes, as ciências e a indústria progridem. (p. 15)
  • 17. DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL MÉTODO PARA DETERMINAR ESSA FUNÇÃO Se a divisão do trabalho não cumpre outro papel, ela não só não tem caráter moral, como não se percebe que razão possa ter. [...] Assim, tudo nos convida a procurar outra função para a divisão do trabalho. Alguns fatos da observação corrente vão nos colocar no caminho da solução. (p. 19)
  • 18. DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL MÉTODO PARA DETERMINAR ESSA FUNÇÃO Todo o mundo sabe que gostamos de quem conosco se parece, de quem pensa e sente como nós. Mas o fenômeno contrário não e menos frequentemente encontrado. (p. 20)
  • 19. DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL MÉTODO PARA DETERMINAR ESSA FUNÇÃO O que prova essa oposição das doutrinas é que ambas as amizades existem na natureza. A dessemelhança, como a semelhança, pode ser uma causa de atração mútua. (p. 20)
  • 20. DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL MÉTODO PARA DETERMINAR ESSA FUNÇÃO Não temos prazer algum em encontrar em outro uma natureza simplesmente diferente da nossa. Os pródigos não buscam a companhia dos avarentos, nem os caracteres retos e francos a dos hipócritas e sonsos; os espíritos amáveis e doces não sentem nenhum gosto pelos temperamentos duros e mal-intencionados. (p. 20)
  • 21. DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL MÉTODO PARA DETERMINAR ESSA FUNÇÃO Logo, só as diferenças de certo gênero tendem assim uma para a outra; são as que, em vez de se opor e se excluir, se completam mutuamente. (p. 20 e 21)
  • 22. DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL MÉTODO PARA DETERMINAR ESSA FUNÇÃO Por mais ricamente dotados que sejamos, sempre nos falta alguma coisa, e os melhores dentre nós tem o sentimento de sua insuficiência. É por isso que procuramos, em nossos amigos, as qualidades que nos faltam, porque unindo-nos a eles participamos de certa forma da sua natureza e nos sentimos, então, menos incompletos. (p. 21)
  • 23. DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL MÉTODO PARA DETERMINAR ESSA FUNÇÃO Somos levados, assim, a considerar a divisão do trabalho sob um novo aspecto. Nesse caso, de fato, os serviços econômicos que ela pode prestar são pouca coisa em comparação com o efeito moral que ela produz, E SUA VERDADEIRA FUNÇÃO É CRIAR ENTRE DUAS OU VÁRIAS PESSOAS UM SENTIMENTO DE SOLIDARIEDADE. (p. 21) 1. PRODUZIR MAIS EM MENOR TEMPO; 2. CRIAR ENTRE DUAS OU VÁRIAS PESSOAS UM SENTIMENTO DE SOLIDARIEDADE
  • 24. DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL MÉTODO PARA DETERMINAR ESSA FUNÇÃO [...] É a repartição contínua dos diferentes trabalhos humanos que constitui principalmente a solidariedade social e que se torna a causa elementar da extensão e da complicação crescente do organismo social. (p. 21)
  • 25. DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL SOLIDARIEDADE MECÂNICA E ORGÂNICA
  • 26. SOLIDARIEDADE MECÂNICA E ORGÂNICA Em sua obra, Durkheim demonstra que a sociedade modela o comportamento social do homem no processo da evolução social, passando de uma solidariedade mecânica, para uma solidariedade orgânica.
  • 27. SOLIDARIEDADE MECÂNICA A solidariedade mecânica caracteriza-se pelo “conjunto das crenças e dos sentimentos comuns à média dos membros de uma mesma sociedade” que “forma um sistema determinado que tem vida própria; podemos chama-Io de consciência coletiva ou comum.” (p. 50) COLETIVOINDIVIDUAL
  • 28. Este tipo de solidariedade predominava nas sociedades pré-capitalistas, onde os indivíduos permanecem em geral independentes e autônomos em relação à divisão do trabalho social. SOLIDARIEDADE MECÂNICA
  • 29. Nas sociedades de solidariedade mecânica, o direito é repressivo, apresentando uma punição por meio dos costumes, já que o crime representa uma ruptura com os elos de solidariedade. O criminoso no caso, age contra a sociedade e sua punição é proporcional ao delito. SOLIDARIEDADE MECÂNICA
  • 30. Já a solidariedade orgânica é fruto das diferenças sociais, há que são essas diferenças que unem os indivíduos pela necessidade de troca de serviços e pela sua interdependência, ou seja, é um mecanismo de integração social. SOLIDARIEDADE ORGÂNICA
  • 31. Vemos, portanto, que a solidariedade orgânica prevalece nas sociedades complexas de tipo capitalistas, onde, através da acelerada divisão social do trabalho, os indivíduos se tornam interdependentes e suas funções são vitais para o funcionamento do sistema social. SOLIDARIEDADE ORGÂNICA
  • 32. Neste tipo de solidariedade a consciência coletiva se afrouxa, dando espaço à consciência individual que expressa o que temos de pessoal e distinto. COLETIVOINDIVIDUAL SOLIDARIEDADE ORGÂNICA
  • 33. O direito predominante na solidariedade orgânica seria os restitutivo, que implica no restabelecimento das relações perturbadas, sob sua forma normal. SOLIDARIEDADE ORGÂNICA
  • 34. A especialização de funções e o grande desenvolvimento das atividades econômicas levaram a uma acentuação da consciência individual. A acentuada especialização de atividades faz com que o indivíduo oriente seus atos, segundo suas próprias intenções, deixando de lado os valores coletivos. SOLIDARIEDADE ORGÂNICA
  • 35. Desta forma, o individualismo exacerbado leva a sociedade à perda de uma moral orientadora e disciplinadora dos comportamentos. SOLIDARIEDADE ORGÂNICA MORAL COLETIVA MORAL MORAL MORAL MORAL MORAL MORAL MORAL
  • 36. O EXEMPLO DOS MÉDICOS SOLIDARIEDADE MECÂNICA x ORGÂNICA CONCORRÊNCIA DIRETA - SEM DIVISÃO DO TRABALHO OU ESPECIALIZAÇÃO INTEGRAÇÃO - COM DIVISÃO DO TRABALHO E ESPECIALIZAÇÃO
  • 37. DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL PREPONDERÂNCIA PROGRESSIVA DA SOLIDARIEDADE ORGÂNICA E SUAS CONSEQUÊNCIAS É, pois, uma lei da história a de que a solidariedade mecânica, [...] perde terreno progressivamente e que a solidariedade orgânica se torna pouco a pouco preponderante. (p. 157)
  • 38. DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL PREPONDERÂNCIA PROGRESSIVA DA SOLIDARIEDADE ORGÂNICA E SUAS CONSEQUÊNCIAS 1. A SOCIEDADE DEPENDEM DAS PARTES E DOS INDIVÍDUOS QUE A COMPÕE; 2. CONSCIÊNCIA INDIVIDUAL DIRECIONADA À FUNÇÃO; 3. FUNÇÃO CADA VEZ MAIS ESPECIALIZADA; 4. DIVISÃO SOCIAL DO TRABALHO; 5. MECANICA DE PUNIÇÃO MEDIATO; 6. DIREITO RESTITUITIVO; 7. DESENVOLVIMENTO APRIMORADO; 8. SOCIEDADES COMPLEXAS / INDUSTRIAIS; 9. CORPO HUMANO – CADA ÓRGÃO TEM SUA FUNÇÃO;
  • 39. SOLIDARIEDADE CONTRATUAL DE SPENCER Neste capítulo, Dürkheim desenvolve a concepção conhecida como “as bases não-contratuais do contrato”, ao refutar as ideias de Herbert Spencer sobre o tipo de solidariedade predominante nas sociedades industriais e na cooperação advinda da troca fundada nos interesses individuais.
  • 40. Na visão dos utilitaristas, a solidariedade orgânica seria exclusivamente CONTRATUAL, seria livre de toda a regulamentação. Entretanto, para Dürkheim, tal solidariedade seria instável: “O que manifesta a extensão da ação social é a extensão do aparelho jurídico”. É necessário, portanto, uma regulamentação complexa, um aparelho jurídico. SOLIDARIEDADE CONTRATUAL DE SPENCER
  • 41. O controle social sobre os contratos era cada vez maior, contudo, para Dürkheim, “O contrato não basta por si, mas só é possível graças a uma regulamentação que é de origem social.” (p. 203) SOLIDARIEDADE CONTRATUAL DE SPENCER
  • 42. Para Dürkheim, a inconstância dos interesses individuais não produziria mais do que associações efêmeras, instáveis, o que não garantiria a estabilidade e a unidade da sociedade. SOLIDARIEDADE CONTRATUAL DE SPENCER
  • 43. Dürkheim acreditava em uma sociedade em que os indivíduos fossem guiados por um sistema de valores e normas, isto é, por uma moral, que os encorajasse e os convidasse a se satisfazerem com sua posição no sistema de divisão do trabalho. Ele assimila sociedade e organização, sociedade e organismo: “O papel da solidariedade não é suprimir a concorrência, mas modera-la.” SOLIDARIEDADE CONTRATUAL DE SPENCER
  • 44. A que causas se devem os progressos da divisão do trabalho? Sem dúvida, não seria o caso de encontrar uma fórmula única capaz de explicar todas as modalidades possíveis da divisão do trabalho. Semelhante fórmula não existe. Cada caso particular depende de causas particulares que só podem ser determinadas por um exame especial. (p. 223) DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL AS CAUSAS E AS CONDIÇÕES
  • 45. Segundo a teoria mais difundida, ela não teria outra origem além do desejo que tem o homem de aumentar sem cessar sua felicidade. Sabe-se, de fato, que quanto mais o trabalho se divide, mais seu rendimento é elevado. Os recursos que põe a nossa disposição são mais abundantes; também são de melhor qualidade. (p. 224) DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL AS CAUSAS E AS CONDIÇÕES
  • 46. Mas é de fato verdade que a felicidade do indivíduo aumenta a medida que o homem progride? Nada é mais duvidoso. (p. 233) não se pode afirmar nada com certeza; no entanto, parece que a felicidade é outra coisa que uma soma de prazeres. (p. 235) DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL AS CAUSAS E AS CONDIÇÕES
  • 47. DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL AS CAUSAS E AS CONDIÇÕES No entanto, por mais reais que sejam essas variações do prazer, elas não podem representar o papel que lhes é atribuído. O mesmo acontece nas regiões rurais dos povos civilizados. Nelas, a divisão do trabalho só progride lentamente, e o gosto pela mudança é sentido com pouquíssima intensidade. Ora, a influência do tempo sobre os prazeres é sempre a mesma. Portanto, não é ela que determina esse desenvolvimento. (p. 247)
  • 48. DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL AS CAUSAS E AS CONDIÇÕES Numa palavra, não se pode admitir que o progresso seja apenas um efeito do tédio. [...] É impossível que a humanidade se tenha imposto tanto esforço unicamente para poder variar um pouco seus prazeres e conservar- lhes seu frescor original.
  • 49. DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL AS CAUSAS E AS CONDIÇÕES É, portanto, em algumas variações do meio social que devemos procurar a causa que explica os progressos da divisão do trabalho. (p. 251) O CRESCIMENTO e ADENSAMENTO das sociedades podem ser analisados como causa determinante.
  • 50. DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL AS CAUSAS E AS CONDIÇÕES A divisão do trabalho varia na razão direta do volume e da densidade das sociedades, e, se esta progride de uma maneira contínua no curso do desenvolvimento social, é porque as sociedades se tornam regularmente mais densas e, em geral, mais volumosas. (p. 258) VOLUME X DENSIDADE
  • 51. DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL AS CAUSAS E AS CONDIÇÕES Se o trabalho se divide mais a medida que as sociedades se tornam mais volumosas e mais densas, não é porque; nelas, as circunstâncias externas sejam mais variadas, mas porque a luta pela vida e mais ardente. (p. 263) SOBREVIVÊN CIA
  • 52. DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL AS CAUSAS E AS CONDIÇÕES Darwin observou com propriedade que a concorrência entre dois organismos é tanto mais viva quanta mais eles são análogos. Tendo as mesmas necessidades e perseguindo os mesmos objetivos, encontram-se por toda parte em rivalidade. (p. 263)
  • 53. DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL AS CAUSAS E AS CONDIÇÕES Os homens são sujeitos a mesma lei. Numa mesma cidade, as profissões diferentes podem coexistir sem serem obrigadas a se prejudicar reciprocamente, porque elas perseguem objetivos diferentes. (p. 264)
  • 54. DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL CONSEQUÊNCIAS DO QUE PRECEDE O que precede permite-nos compreender melhor a maneira como a divisão do trabalho funciona em nossa sociedade. Desse ponto de vista, a divisão do trabalho social se distingue da divisão do trabalho fisiológico por uma característica essencial. No organismo, cada célula tem seu papel definido e não pode muda-lo. Na sociedade, as tarefas nunca foram repartidas de uma maneira tão imutável. (p. 339)
  • 55. AS FORMAS ANORMAIS – A DIVISÃO DO TRABALHO Dürkheim identifica três formas anormais de divisão do trabalho: 1) Divisão do trabalho anômica; 2) Divisão do trabalho forçada; 3) Divisão do trabalho organizacionalmente inadequada e descoordenada.
  • 56. É a perda do sentido de dependência das outras áreas, quando o homem foca-se somente em sua especificidade e perde a noção do todo, ignorando os outros atores sociais. AS FORMAS ANORMAIS – A DIVISÃO DO TRABALHO ANÔMICA
  • 57. Logo, o restabelecimento do bom funcionamento social só seria possível através de "corporações capazes de cumprir com a autoridade moral estabelecendo regras de conduta sobre os indivíduos". Assim a divisão do trabalho assumiria o seu caráter moral ampliando a coesão na sociedade moderna. AS FORMAS ANORMAIS – A DIVISÃO DO TRABALHO ANÔMICA
  • 58. AS FORMAS ANORMAIS – A DIVISÃO DO TRABALHO FORÇADA Na seção do Livro III intitulada de “Divisão Forçada do Trabalho”, temos um Dürkheim preocupado com as consequências sociais e emocionais das desigualdades externas e estruturais. Estas comprometem a solidariedade orgânica de diversos modos, segundo o sociólogo.
  • 59. AS FORMAS ANORMAIS – A DIVISÃO DO TRABALHO FORÇADA Em outras palavras, não pode haver ricos e pobres de nascimento sem que haja contratos injustos. A existência de desigualdades de casta e de classe arruína, portanto, o caráter “espontâneo” do trabalho e a constituição meritocrática das funções profissionais.
  • 60. AS FORMAS ANORMAIS – A DIVISÃO DO TRABALHO FORÇADA A divisão forçada do trabalho [s]ó se produz […] quando é o efeito de uma coerção externa. Ao mesmo tempo que a especialização se torna maior, as revoltas se tornam mais frequentes. […] É bem sabido que, desde então, a guerra tornou-se mais violenta.
  • 61. AS FORMAS ANORMAIS – A DIVISÃO DO TRABALHO DESCOORDENADA Acontece com frequência, numa empresa comercial, industrial ou outra, que as funções sejam distribuídas de tal sorte que não proporcionam matéria suficiente para a atividade dos indivíduos.
  • 62. AS FORMAS ANORMAIS – A DIVISÃO DO TRABALHO DESCOORDENADA De fato, sabe-se que, numa administração em que cada empregado não tem com que se ocupar o suficiente, os movimentos se ajustam mal entre si, as operações se fazem sem conjunto, numa palavra, a solidariedade se afrouxa, a incoerência e a desordem aparecem.
  • 64. ARTIGOS - UMA ANÁLISE COMPARATIVA DAS TEORIAS DE KARL MARX E EMILE DÜRKHEIMDürkheim considera que os conflitos e as desordens da sociedade moderna são sintomas deste estado de anomia e ainda que, a Religião, o Estado e a família têm sido pouco eficazes no controle moral desta sociedade.
  • 65. ARTIGOS - UMA ANÁLISE COMPARATIVA DAS TEORIAS DE KARL MARX E EMILE DÜRKHEIMPara este sociólogo, a anomia que desestabilizou a sociedade, necessita da criação de uma nova moral, condizente com os valores da sociedade industrial emergente. NOVA MORAL
  • 66. Karl Marx (1818-1883), desenvolveu uma corrente de pensamento da teoria social moderna: o materialismo histórico. Foi identificando a forma como os homens produzem seus meios de vida que Marx chegou à conclusão que estes estabelecem relações sociais baseadas nas condições materiais de sua existência. ARTIGOS - UMA ANÁLISE COMPARATIVA DAS TEORIAS DE KARL MARX E EMILE DÜRKHEIM
  • 67. Para Marx, a lei fundamental de transformação de uma sociedade está vinculada ao desenvolvimento de suas forças produtivas, que em determinado estágio de desenvolvimento, chegam ao seu limite entrando em contradição com as relações de produção que as desenvolveram. A expressão desta contradição entre as forças produtivas e as relações de produção é a luta de classes. ARTIGOS - UMA ANÁLISE COMPARATIVA DAS TEORIAS DE KARL MARX E EMILE DÜRKHEIM
  • 68. Desta forma, Marx vê as relações sociais na sociedade moderna, como negativas, por serem a principal causa da desigualdade social entre os homens. Para Marx, “a história de toda sociedade até hoje é a história da luta entre classes”. ARTIGOS - UMA ANÁLISE COMPARATIVA DAS TEORIAS DE KARL MARX E EMILE DÜRKHEIM
  • 69. Para Marx, o modo de produção da vida material que condiciona o desenvolvimento da vida social, política e intelectual em geral. Para Dürkheim a sociedade se sobrepõe ao indivíduo e lhe impõe suas regras e condutas morais. ARTIGOS - UMA ANÁLISE COMPARATIVA DAS TEORIAS DE KARL MARX E EMILE DÜRKHEIM
  • 70. Se para Dürkheim a divisão social do trabalho gera solidariedade, para Marx, a divisão do trabalho, expressa os meios de segmentação da sociedade. ARTIGOS - UMA ANÁLISE COMPARATIVA DAS TEORIAS DE KARL MARX E EMILE DÜRKHEIM
  • 71. Para Dürkheim a divisão social do trabalho, irá ocupar o lugar da Igreja, do Estado e das demais instituições sociais, na função de integrar o indivíduo ao corpo social, promovendo a coesão na sociedade, levando-a ao progresso. ARTIGOS - UMA ANÁLISE COMPARATIVA DAS TEORIAS DE KARL MARX E EMILE DÜRKHEIM NOVA MORAL
  • 72. Para Marx, a divisão do trabalho, gera uma relação de exploração da classe burguesa sobre o proletariado, promovendo a sua alienação, por meio da propriedade privada dos meios de produção. ARTIGOS - UMA ANÁLISE COMPARATIVA DAS TEORIAS DE KARL MARX E EMILE DÜRKHEIM
  • 73. A análise da relação entre a sociologia do trabalho e o sindicalismo no Brasil deixa claro que ela experimenta um movimento quase pendular: da crítica teórico- metodológica ao engajamento social dos estudos sobre o trabalho da década de 1950, a sociologia do trabalho brasileira emerge, nos anos 1960, marcada por um primeiro ciclo de profissionalização. ARTIGOS - O PÊNDULO OSCILANTE
  • 74. Se, na década de 1960, os primeiros sociólogos do trabalho lutaram simbolicamente por formar um campo singular e uma audiência acadêmica para acolher a sociologia do trabalho nascente [...], a partir dos anos 1990, a direção muda no sentido de uma audiência cada vez mais extra-acadêmica cujos interesses gravitam em torno das políticas públicas e, consequentemente, do poder de Estado. ARTIGOS - O PÊNDULO OSCILANTE
  • 75. A vitória eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002, parece ter coroado esse novo ciclo de profissionalização, com a entrega do Ministério do Trabalho brasileiro para o controle da CUT e, posteriormente, da Força Sindical. Segundo Lula, o movimento sindical teria esse “cordão umbilical preso ao Ministério do Trabalho” (NAP.PT-SP, 1981, p. 66). ARTIGOS - O PÊNDULO OSCILANTE
  • 76. O mundo do trabalho é apenas uma das dimensões de um amplo espectro de transformações radicais que afeta nossas vidas e que está a desafiar a nossa imaginação sociológica. ARTIGOS - SOCIOLOGIA E TRABALHO: MUTAÇÕES, ENCONTROS E DESENCONTROS.
  • 77. Desde a sua constituição como uma subárea da Sociologia, a Sociologia do Trabalho incorporou o ponto de vista então predominante entre os intérpretes das sociedades modernas de que a economia formava uma esfera central e socialmente diferenciada do conjunto da vida social. ARTIGOS - SOCIOLOGIA E TRABALHO: MUTAÇÕES, ENCONTROS E DESENCONTROS. ECONOMIA VIDA SOCIAL
  • 78. Em que pese a grande variedade de abordagens que buscam salientar a importância das relações de gênero na organização do trabalho, todas elas, de uma forma ou de outra, procuram mostrar a influência dos valores da cultura mais ampla sobre a organização e a experiência no mundo do trabalho. ARTIGOS - SOCIOLOGIA E TRABALHO: MUTAÇÕES, ENCONTROS E DESENCONTROS.
  • 79. O cenário produtivo com o qual nos defrontamos hoje revela fortes sinais de que a produção em massa de produtos industriais padronizados, empregando milhares de trabalhadores, pode ser considerada coisa do passado ARTIGOS - SOCIOLOGIA E TRABALHO: MUTAÇÕES, ENCONTROS E DESENCONTROS.
  • 80. Os empregados das indústrias estão, cada vez mais, produzindo bens especializados em fábricas que empregam consideravelmente menos funcionários e utilizam de forma crescente tecnologias altamente informatizadas. ARTIGOS - SOCIOLOGIA E TRABALHO: MUTAÇÕES, ENCONTROS E DESENCONTROS.
  • 81. Diante desse quadro, a Sociologia deve enfrentar uma nova agenda de questões. A primeira delas é a de como situar as alterações que ora ocorrem no mundo do trabalho em um quadro mais geral de mudanças sociais na família, na cultura e na política. ARTIGOS - SOCIOLOGIA E TRABALHO: MUTAÇÕES, ENCONTROS E DESENCONTROS.
  • 82. A segunda refere-se à maneira pela qual as identidades das pessoas vêm sendo afetadas. Se a flexibilidade do trabalho requer identidades menos atadas, [...] que identidades ou comunidades imaginárias, internas ou externas à produção, se desenvolvem e como elas moldam as percepções e as chances que se tem no mercado? ARTIGOS - SOCIOLOGIA E TRABALHO: MUTAÇÕES, ENCONTROS E DESENCONTROS.
  • 83. A terceira questão que se coloca é: que funções o sindicalismo irá assumir em um contexto em que contratos de trabalho são cada vez mais negociados individualmente, as relações entre os empregados são mais amorfas e em que não há mais uma clara correspondência entre o trabalho e o espaço da empresa? ARTIGOS - SOCIOLOGIA E TRABALHO: MUTAÇÕES, ENCONTROS E DESENCONTROS.
  • 84. E, finalmente, que impactos a constante perda de direitos sociais e trabalhistas terá sobre a política, a cidadania e a democracia? ARTIGOS - SOCIOLOGIA E TRABALHO: MUTAÇÕES, ENCONTROS E DESENCONTROS.
  • 86. FIM MARCOS VINÍCIUS DE MATTOS EMERICK

Notas do Editor

  1. CICERO 106 a. c. diálogos sobre a amizade