O governo de Minas Gerais está planejando o atendimento ambulatorial às vítimas da tragédia em uma creche em Janaúba com a ajuda de uma equipe de especialistas de Santa Maria, Rio Grande do Sul. A equipe irá treinar profissionais locais usando protocolos desenvolvidos após um incêndio fatal em uma boate em 2013. O estado mobilizou rapidamente recursos de saúde para tratar as vítimas da tragédia em Janaúba.
Governo MG garante atendimento a vítimas após tragédia em creche de Janaúba
1. Governo do Estado garante atendimento às
vítimas de Janaúba após a tragédia
Qui 19 outubro
Passadas as fases de urgência e emergência e de internação hospitalar, agora é o momento do
Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), planejar e
executar as ações de atendimento ambulatorial às vítimas da tragédia ocorrida numa creche em
Janaúba, no último dia 5 de outubro.
Para tanto, a SES-MG recebeu, esta semana, o apoio de uma equipe multidisciplinar, formada por
médicos, fisioterapeutas e enfermeiros, vinda de Santa Maria, do estado do Rio Grande do Sul.
Essa mesma equipe atendeu às vítimas de queimaduras e intoxicação por inalação de fumaça
durante incêndio da boate Kiss, tragédia ocorrida em 27 de janeiro de 2013, em Santa Maria,
quando cerca de 240 pessoas morreram e 680 ficaram feridas.
Experiência
O Subsecretário de Políticas e Ações de Saúde da SES-MG, Homero Souza Filho, explica que o
objetivo em trazer a equipe gaúcha foi treinar os profissionais do Centro Estadual de Atenção
Especializada (Ceae) e de toda a Atenção Primária de Janaúba, de acordo com o protocolo de
Santa Maria, documento com diretrizes de atendimento às vítimas da boate Kiss, que orienta sobre
tratamento de vítimas de queimadura e de intoxicação por inalação de fumaça de incêndio.
Para o secretário de Estado de Saúde, Sávio Souza Cruz, a experiência trazida pela equipe é
fundamental para que a SES-MG, juntamente com o município de Janaúba, dê continuidade à
assistência às vítimas de Janaúba nos próximos anos.
“Depois que a SES-MG prestou os atendimentos mais complexos de urgência e emergência,
transferiu os pacientes para os hospitais de referência em queimados, em Belo Horizonte e Montes
Claros, tudo com o apoio do governador Fernando Pimentel, agora, é o momento de planejarmos e
oferecermos assistência às vítimas e aos seus familiares para os próximos anos. A equipe que
assistiu às vítimas da boate Kiss, em Santa Maria, pode nos orientar muito nesse trabalho, trazendo
sua experiência”, afirmou Souza Cruz.
Nesse sentido, acrescentou a gerente de Atenção à Saúde do Hospital Universitário de Santa
Maria, Sueli Guerra: "encontramos o município de Janaúba e a Secretaria de Estado de Saúde com
um entrosamento muito respeitoso, muito afinado. Os questionamentos de ambos, nessa terceira
fase de atendimento às vítimas referem-se à 'Como elas chegarão? Com quais necessidades? Do
que precisamos para recebê-las?' É isso que estamos fazendo aqui, orientando-os nessas
respostas, com base na nossa experiência na tragédia da boate Kiss."
Essa terceira fase do tratamento, o atendimento ambulatorial das vítimas, deverá focar o tratamento
das queimaduras e intoxicação por inalação da fumaça do incêndio, conforme explicou Sueli
Guerra.
2. Agilidade no atendimento
"Verificamos que a primeira abordagem, mesmo com as dificuldades restritas ao atendimento à
criança, que sempre é uma área muito mais especializada, foi muito efetiva. O Sistema Único de
Saúde (SUS) funcionou, deu o suporte básico e avançado necessário para que essas crianças
chegassem a um local adequado para receber o tratamento intensivo. Todo o apoio do Estado foi
percebido como uma resposta altamente positiva pela nossa equipe”, destacou Sueli.
“O apoio que o Estado nos deu, desde o primeiro momento, com a presença em Janaúba desde o
dia da tragédia, tem sido fundamental. E, agora, a equipe de Santa Maria vem acrescentar, trazendo
todo o seu conhecimento para que possamos dar os primeiros passos no tratamento dos pacientes
de intoxicação por inalação de fumaça com mais segurança”, afirmou a secretária Municipal de
Saúde de Janaúba, Cecília Freitas.
Articulação entre os hospitais
O Governo de Minas Gerais, por meio da SES-MG, tomou uma série de medidas para disponibilizar
leitos nos hospitais estaduais para não deixar as vítimas desassistidas, de acordo com a
subsecretária de Regulação em Saúde, Wandha Karine dos Santos.
“Foram disponibilizados mais leitos no hospital João XXIII, em Belo Horizonte, para receber as
vítimas de queimadura e uma enfermaria para receber as crianças foi montada em poucas horas.
Os pacientes infantis que já estavam no João XXIII - em situação estável e com condições de
transferência -, no Centro Geral de Pediatria, foram transferidos para outros hospitais pediátricos
para que o Centro recebesse exclusivamente as vítimas de Janaúba”, explicou Wandha.
O fluxo do João XXIII, ainda segundo a subsecretária, também foi desviado, para evitar a
superlotação e deixar os leitos disponíveis para as vítimas da tragédia. O mesmo aconteceu com o
Odilon Behrens, referência em traumas, que teve o seu fluxo alterado. Tais ações só foram
possíveis graças a uma articulação entre as centrais de regulação do Estado e do município de
Belo Horizonte.
Em Montes Claros, a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pediátrica da Santa Casa, hospital
também referência em vítimas de queimaduras, a exemplo do que aconteceu em Belo Horizonte,
teve seu fluxo desviado para os demais hospitais infantis da região, a fim de disponibilizar leitos
para as vítimas. "O Estado agiu muito rápido. A ação articulada das instituições envolvidas fez a
diferença no atendimento às vítimas", concluiu Wandha.