2. O autor e contexto
http://www.youtube.com/watch?v=8xG6qY-9clM
Jorge Huergo (1953-)
Profesor, investigador e
Director del Centro de
Comunicación y Educación de
la Universidad Nacional de La
Plata en Buenos Aires,
Argentina.
Publicou, entre outros livros,
"Hacia una genealogía de
Comunicación/Educación.
Rastreo de algunos anclajes
político-culturales“ (2005).
3. Dois pontos de vista distintos?
Com respeito ao desenvolvimento do campo,
encontram-se esboçadas neste livro ao menos duas
visões: Jorge Huergo, por exemplo, considera o espaço
de interseção entre a comunicação e a educação como
uma confluência entre diversas perspectivas teóricas
e de práticas sociais e profissionais com interesses
distintos... Outro ponto de vista considera que a interrelação comunicação/ educação é um novo campo de
conhecimento, inaugurando um novo paradigma.
Com efeito, Ismar de Oliveira Soares sustenta a
hipótese de que efetivamente o novo campo tem
autonomia e se encontra em processo de
consolidação, vendo-o como um campo, por natureza,
relacional, estruturado como processo mediático,
transdiciplinar e interdiscursivo que se materializa em
quatro áreas de intervenção social [...]
(Valderrama, Introducción, 2010)
4. Síntese da posição de Huergo
Comunicação/Educação
Comunicação/Educação
Comunicação/Educação
Comunicação e Educação encontramse em diferentes tempos e espaços,
com projetos com viés teórico-prático
diferentes. O autor tenta mapear o
que considera as tradições fundantes
e que operam ainda no campo
Comunicação/Educação
5. Campo Comunicação/Educação
• Espaço de disputa onde são atualizadas e entram
em disputa as diferentes tradições práticas,
teóricas - informadas por concepções filosóficas
sobre a educação - sobre o fenômeno de
imbricação entre a comunicação e a educação
• Espaço poroso, complexo, pois:
•
•
•
Forte papel dos meios e tecnologias na sociedade como artefatos
culturais que têm redefinido a cultura e as identidades,
Proliferação da comunicação nos espaços educativos, de modo que
o discurso midiático interpela o discurso escolar,
Interesses econômicos e políticos em restringir o espaço de discussão
da comunicação/educação aos aparatos tecnológicos (lógica econômica
e eficienta sobre a educação), elidindo dimensões culturais e políticas
6. Tradições constitutivas do campo
1. A tradição da pedagogia popular de
Freinet
2. A mecanização em Skinner – tecnologia
educativa
3. Comunicação para a libertação: Freire
4. Tradição da UNESCO
5. Pensamento de Saúl Taborda
7. A tradição da pedagogia popular de
Freinet (1896-1966)
• Pedagogia da comunicação autêntica
Favorece expressão pessoal do aluno e
da capacidade de ouvir o outro
• Técnica do “Jornal escolar” não era
apenas um instrumento didático, mas
eixo e motor do processo educativo
• Preocupação com o estudo do entorno é
ressignificada e potencializada pelo uso
de técnicas de comunicação, pois se
tornam centrais para a aquisição dos
conhecimentos
• Texto livre (“livro da vida”), autonomia
do educando vs cartilha, manual
tradicional
8. A tradição da pedagogia popular de
Freinet (1896-1966)
• Pedagogia do trabalho e da cooperação
Nº 8: Ninguém gosta de trabalhar sem objetivo, atuar como m áquina,
sujeitando-se a rotinas das quais não participa. (Invariantes pedagógicas, 1964)
• Pedagogia voltado ao comunitário e ao popular,
com a valorização das experiências da pessoas
comuns
• Proposta antiautoritária, por excelência:
Nº 4: A criança e o adulto não gostam de imposições autoritárias.
Nº 5: A criança e o adulto não gostam de disciplina rígida, quando isso
significa obedecer passivamente uma ordem externa.
Nº 27: A democracia de amanhã prepara-se pela democracia na escola.
Um regime autoritário na escola não seria capaz de formar cidadãos
democratas. (Invariantes pedagógicas, 1964)
9. Fontes filosóficas da pedagogia Freinet
• Se coloca, sem dúvida, dentre as correntes voltadas
a produção de teorias da aprendizagem, colocando
o aluno fortemente no centro do processo
educativo
• Avaliação e com frequência avaliação em grupo, do
trabalho realizado pelo(s) aluno(s)
• Centro da pedagogia no trabalho (tarefas
significativas – fazer algo com objetivo) busca
articular teoria e prática (
http://youtu.be/ZKzL4J3DpNg?t=36m12s)
10. Fontes filosóficas da pedagogia Freinet
• As fontes filosóficas de Freinet são múltiplas: Rousseau, o
vitalismo, o materialismo dialético, o diálogo com as
vertentes do pensamento pedagógico renovador. No
entanto, ele foi mais um pensador intuitivo e disposto a
aprender com a prática experimental do que um
sistematizador formal de uma filosofia
• Sua concepção irá criticar constantemente a “escolástica”
(escola tradicional), abrindo caminhos novos para uma
escola democrática pensada como espaço de conhecimento
do aluno sobre o mundo e sobre si mesmo, ressaltando-se a
questão da comunicação nesse movimento
11. A tradição da pedagogia popular de
Freinet
L’école buissonnière (“A escola
campestre”), de 1949, com
roteiro de Élise Freinet.
http://www.youtube.com/watch?v=W-y9MNzS6BE
http://www.youtube.com/watch?v=ZKzL4J3DpN
12. A mecanização em Skinner –
tecnologia educativa
• Ao contrário da proposta de Freinet, as pedagogias de
Skinner (104-1990) e derivadas dele, constituem “teorias do
ensino”, focalizando o emissor das mensagens educativas
(professor ou material didático)
• Concepção da aprendizagem remete à modelagem dos
comportamentos por meio de técnicas de reforço àqueles
que se quer ensinar (
http://www.youtube.com/watch?v=iPZdg1S1nL8&feature=youtu.b
)
• Há uma ancoragem filosófica clara, na adaptação do
positivismo para o estudo do comportamento e do indivíduo
– psicologia behaviorista (ênfase no ambiente – exterior que
molda o interior)
13. A mecanização em Skinner –
tecnologia educativa
• Ênfase na eficiência na
aprendizagem, no caráter
automotivacional, individual e
mecânico do ensino (instrução
programada)
• Proposta de “máquina de ensinar”,
http://www.youtube.com/watch?v=
ensino individualizado com auxílio de
tecnologias (importância do material
didático) - http://www.youtube.com/watch?v=l4o0flMAIZw
• Segue uma teoria linear quanto ao
processo educativo, que vai do emissor ao receptor
14. A mecanização em Skinner –
tecnologia educativa
• Segue uma teoria linear quanto ao processo
educativo, que vai do emissor ao receptor
• Influência tanto na educação tradicional quanto
na transposição desta para o ensino a distância
• É a matriz da concepção tecnicista da educação,
com forte influência no Brasil, desde o regime
militar, encontra expressão na comunicação
nomenclaturas como tecnologia educativa,
tecnologia educacional
15. A mecanização em Skinner –
tecnologia educativa - críticas
• Pedagogia “bancária”
• “forma radical como Skinner aplicou
os princípios de condicionamento
operante na instrução programada
e nas máquinas de ensinar
contribuiu para que as concepções
da aprendizagem significativa não
tenham espaços nos procedimentos
didático-pedagógicos até os dias
atuais” (Alves, 2010, p. 34-35)
http://www.youtube.com/watch?v=
• Obra tem certo pendor totalitário, negando o livrearbítrio, o simbólico e o espaço social como totalidade
16. Comunicação para a libertação: Freire
(1921-1997)
• Distinção entre “extensão” (transmissão) e
“comunicação” (diálogo), no processo
educativo – daí crítica aos meios no
processo educativo
• Politização do ato educativo, que é ao
mesmo tempo politico – “Tomada de
consciência é o ponto de partida do
processo educativo” (Pedagogia do
Oprimido); “Leitura do mundo precede a
leitura da palavra” (A impo
• Elementos filosóficos da Fenomenologia, do
Cristianismo e também do Marxismo
conformam a obra
http://www.dhnet.org.br/direito
17. Comunicação para a libertação:
Freire – fontes filosóficas
http://www.youtube.com/watch?
v=c0qEP5cIp_o&feature=youtu.be
Vídeo 2: http://www.youtube.com/watch?
v=qxnNKNPeWFM
http://www.youtube.com/watch?
v=EzPvIGEKkLA
18. Comunicação para a libertação: Freire
• Comunicação – retomando o sentido mais próprio
semanticamente do termo – é vista como relação, algo
tornado comum, partilhado, que envolve a co-participação
dos indivíduos no ato de pensar
• Nesse sentido, comunicação educativa não é transmissão
(“educação bancária”), mas sim situação social em que as
pessoas criam conhecimentos juntas, mediadas pelo mundo
• Comunicar é também transformar a realidade, daí a
dimensão política do pensamento de Freire, exigindo
engajamento dos participantes
• Comunicação dialógica é humanizadora, interativa e
horizontal, diferentemente de grande parte do que se dá nos
meios de comunicação
19. Comunicação para a libertação:
Freire – videografias
http://www.youtube.com/watc
h?v=6hcABrx70ag
http://www.youtube.com/watch?
v=d2fwljJ_6b0
20. Tradição da UNESCO
• Sistematização da comunicação
educativo ao redor dos “meios de/no
ensino”, estabelecendo tipologias dos
tipos de ensino com meios
• Uso instrumental dos meios para
melhor o ensino, “modernização
escolar”
• Ênfase na formação e/ou capacitação
de professores para o uso eficaz dos
meios – contexto de proliferação e
difusão de tecnologias
21. Tradição da UNESCO
• Informática educativa é uma expressões que
decorrem dessa pedagogia da comunicação
• Diálogo com tradição eficientista (tecnicista)
(educação com a comunicação), mas sempre teve
preocupações com “educação para a
comunicação” renova-se em reflexões críticas
voltadas à promoção da democracia e de
conhecimento críticos sobre os meios
(“alfabetização midiática”), em diálogo com os
chamados estudos culturais
22. Pensamento de Saúl Taborda:
cultura e educação
• Renovador do pensamento
pedagógico na América-Latina –
mais influente na Argentina, na
tradição “facúndica”
• Contextualização do ato educativo
• Valorização dos saberes populares
• Huergo retoma esse pensamento
sobretudo para enfatizar a ideia
de uma “estudo cultural” da
educação, do qual Taborda seria
um pioneiro
http://www.youtube.com/watc
h?v=t73kIbd2xzA
23. Modos de relacionar Comunicação e
Educação
Escola
Meios
Negação: vertente
moralista – meios como
fontes de degradação
moral e cultural
Negação com ressalvas: vertente
progressista, influência Freire
(“invasão cultural”, “dependência”,
etc.) e da Escola de Frankfurt
Meios e escola: conflito
-Escola paralela
(UNESCO)
-Cultura midiática
versus cultura escolar
Meios na escola: ênfase em uso e
interesses
-Perspectivas funcionalistas
(próximas da tradição UNESCO)
-Perspectivas críticas (articuladores
da construção curricular
24. Modos de relacionar Comunicação e
Educação
Escola
Meios
Análise semiótica: ênfase na
produção de significados
(“gramática da produção”)
incorporada nos discursos
(“sentido preferencial”)
Pedagogia da recepção: vertente
Alfabetizações pós-moderna:
ênfase em mediações
culturais
-Alfabetizações múltiplas a
partir dos meios
-“Comunidades de
resistência”
Educação em NTICs: ênfases e
correntes diversas:
latino-americano com enfoque no
receptor/processo da comunicação
-“Recepção ativa”
-“Leitura crítica” (preocupação
dialética)
-Perspectivas tecnófobas e tecnófilas
-Meio de ensino (perspectiva mais
crítica que a tradicional)
-Tecnologia educativa do ponto de
vista cognitivo
-Projetos neoconservadores
25. Desafio/proposta de Huergo
• Ultrapassar “educação para a comunicação”
(escolarização da educação) e “comunicação para a
educação” (tecnificação da educação), em prol de
um caminho, em prol de uma caminho de
aprofunde sentidos de autonomia dos sujeitos
(influência Freire e outros), procurando construir
espaços para “estudos culturais da educação” que
confrontem lógicas neoliberais
26. Próximos capítulos
• ADORNO, SEMIFORMAÇÃO E EDUCAÇÃO –
Wolfgang Leo Maar
http://www.scielo.br/pdf/es/v24n83/a08v2483.pdf
• SOBRE A ATUALIDADE DO CONCEITO DE INDÚSTRIA
CULTURAL –
Antônio Álvaro Soares Zuin
http://www.scielo.br/pdf/ccedes/v21n54/5265.pdf
Leitura opcional:
• A RECEPÇÃO DA TEORIA CRÍTICA NOS ESTUDOS DE MÍDIA BRASILEIROS Francisco Rüdiger
http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/livros/livros/livro_panoramad
acomunicacao2012_2013_vol04.pdf